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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fratura exposta e Princípios de fixação externa Introdução As fraturas expostas implicam em comunicação entre o meio ambiente externo e a fratura e têm sido definidas como uma lesão de partes moles, complicada por um osso quebrado. A melhor compreensão da fratura exposta, das técnicas de fixação das fraturas, dos cuidados de partes moles e do tratamento antimicrobiano tem resultado em redução da morbidade e da mortalidade associadas. As fraturas expostas habitualmente ocorrem como resultado de um trauma direto de alta energia, por acidentes automobilísticos ou quedas de altura. Objetivos e Avaliação Redução da morbimortalidade. Compreensão completa da lesão. Plano de tratamento. Resultado depende: Experiência, habilidade, cooperação, equipamento especializado. Fratura exposta: na maioria das vezes está relacionada a trauma de alta energia (forte o suficiente para lesar diversos tecidos até chegar ao osso). Antes de avaliar detalhadamente as fraturas expostas, as lesões que colocam a vida em risco deverão ser diagnosticadas e tratadas conforme os princípios do ATLS. Após a avaliação inicial, o ferimento deverá ser coberto com curativo estéril para realização dos exames complementares (radiografias). Observar se há indícios de fratura exposta (dor, edema, sangramento) Retirada das contaminações grosseiras (ex: areia, terra, folhas, ferrugem) por meio da lavagem com soro (pode tirar foto dessa lesão) Cobrir com um curativo até que se tenha certeza de que é uma fratura exposta Encaminhar a radiografia Evidenciou-se fratura exposta, deve ser feita a classificação de Gustilo e Anderson. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Preceitos básicos do tratamento Prevenir infecção. Estabilização da fratura. Cobertura de partes moles. 4 componentes Fratura. Dano de partes moles. Contaminação. Dano vascular. Classificação de Gustilo e Anderson O prognóstico relativo às fraturas expostas será determinado principalmente pelo volume de tecidos moles desvitalizados causados pela lesão e pelo nível e tipo da contaminação bacteriana. Avaliar: Extensão da ferida, contaminação e tipo de fratura (complexa ou simples). Classificar sempre pelo pior critério (ex: ferida com menos de 1cm, limpa, porém com lesão vascular é tipo III C). Quando o acidente ocorrer em ambiente rural ou com a utilização de arma de fogo já é considerada uma ferida contaminada, não sendo classificada, portanto, em tipo I e nem em tipo II. As fraturas expostas são divididas em três tipos, em ordem ascendente de gravidade, com base no dano de tecidos moles e o nível de contaminação. As lesões do tipo I são ocasionadas por traumatismos de baixa energia e têm normalmente menos de 1 cm de comprimento, baixa contaminação bacteriana e padrão da fratura simples. As lesões do tipo II têm mais que 1 cm de comprimento, maior lesão de partes moles, moderado nível de contaminação e padrão de fratura simples. As lesões do tipo III decorrem de traumas de alta energia, maiores que 10 cm, extensa desvitalização dos músculos, grande contaminação da ferida. As do tipo III são subdivididas em: III A lesões dos tecidos moles, mas em condições de cobertura óssea; III B a desvitalização ou a perda de tecidos irá exigir retalho de pele ou de tecidos para recobrir o osso, tendão ou feixe neurovasculares; III C lesão vascular que necessite de reconstrução vascular para salvar a extremidade lesionada. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tipo I Tipo III A Tipo III B ou C Tipo II VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Manejo inicial FLUXO DE MANEJO: ATLS Retirar os contaminantes grosseiros Limpeza superficial Tirar foto Alinhar o membro da melhor forma possível Fechamento com curativo estéril ATB e Vacina antitetânica (profilaxia antitetânica) Radiografia Classificação da fratura Centro cirúrgico. Desbridamento e irrigação do ferimento: o objetivo é remover material estranho, tecidos desvitalizados e reduzir a carga bacteriana. A irrigação tradicional é feita com 10 litros de soro fisiológico. Alinhamento do membro Cobertura estéril VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Antibiótico e antitetânica (SN) - O uso de antibiótico sistêmico precoce é muito importante. A administração profilática não deve ultrapassar 72 horas. Limpeza e estabilização óssea: - Fixador interno (placa) até III A. - III B e IIIC fixador externos. Caso clínico 1 Paciente relata colisão de automóvel vs moto, com dor e ferimento cortocontuso em joelho e perna esquerdos. Nega comorbidades e alergias. HD: fratura exposta de ossos da perna esquerda. Classificação de Gustilo e Anderson: III A. AO 22B1, Schartzker 2, AO 4F1B. Exame físico ortopédico: boa perfusão periférica, sem déficit neurovascular, amplitude de movimento reduzido, ferimento cortocontuso de aproximadamente 20 cm em joelho esquerdo, sem sangramento ativo, ferimento cortocontuso de aproximadamente 3 cm sem sangramento ativo em região anterior de perna esquerda. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Conduta: internação, controle de danos e programação cirúrgica. Caso clínico 2 Paciente sofreu trauma em hálux direito durante jogo de futebol hoje. Nega alergia. Sem comorbidades. Exame físico ortopédico: sem déficit neurovascular, boa perfusão periférica, sem sinais de síndrome compartimental, ferimento cortocontuso com sangramento ativo I em hálux direito. HD: fratura exposta de falange distal de hálux direito. Classificação de Gustilo e Anderson II Conduta: internação ao centro cirúrgico para controle de danos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Caso clínico 3 Paciente sofreu acidente moto vs moto hoje. Nega alergias. Sem comorbidades. Exame físico ortopédico: sem déficit neurovascular, boa perfusão periférica, sem sinais de síndrome compartimental, ferimento cortocontuso com sangramento ativo e exposição óssea em perna direita e ferimento cortocontuso com sangramento ativo em tornozelo esquerdo. Hipótese diagnóstica: fratura exposta de ossos da perna direita e esquerda. Classificação de Gustilo e Anderson: III A. Conduta: internação ao centro cirúrgico para controle de danos.
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