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PATOLOGIAS-CONGENITAS (1)

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CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
Cardiopatia Congênita é qualquer anormalidade estrutural ou funcional do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação, quando se forma este órgão no bebê. Ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca, mesmo que descoberto anos mais tarde. 
Estamos abordando doenças que atingem cerca de 1% das crianças nascidas vivas. São problemas na estrutura e/ou na função cardiocirculatória do coração, presentes antes mesmo do nascimento.
A maioria das cardiopatias congênitas são diagnosticadas e tratadas ainda na infância, ou até mesmo logo após o nascimento. Com o advento do ecocardiograma fetal, muitas são diagnosticadas ainda na fase intra-útero.
Permite também a programação de uma intervenção logo após o parto nas cardiopatias que podem levar a óbito precocemente.
O diagnóstico pré-parto tem auxiliando na diminuição da mortalidade dos recém-nascidos com cardiopatias graves. No entanto, há casos em que a doença é identificada apenas na vida adulta. 
Apesar dos avanços no tratamento, ainda existem doenças congênitas que levam ao óbito.
Causas das Cardiopatias Congênitas
Existem várias causas para as principais cardiopatias congênitas. Entre elas, medicamentos, radiação, patologias como rubéola e vírus Cosakie B, e intenções de abortos. Fatores genéticos e fatores maternos, que incluem as doenças crônicas como a diabetes ou a fenilcetonúria mal controladas, também se destacam. Além disso, consumo de álcool, exposição a toxinas ambientais e infecções também podem aumentar consideravelmente a probabilidade de uma anomalia cardíaca.
As cardiopatias congênitas podem provocar ou não cianose (coloração azul-arroxeada da pele, leitos ungueais ou das mucosas) 
São classificadas em cianóticas e acianóticas.
Cardiopatias Acianóticas
A característica mais evidente das cardiopatias acianóticas que cursam com fluxo aumentado no pulmão é o cansaço fácil e episódios de pneumonia de repetição. Já a coarctação da aorta tem como principal característica a hipertensão arterial.
As cardiopatias congênitas acianóticas são as mais frequentes. Entre elas, estão:
· Comunicação Interventricular (CIV)
· Comunicação Interatrial (CIA)
· Persistência do Canal Arterial (PCA)
· Coarctação de Aorta (CoAo)
Ventrículo com dupla saída
Fonte: Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica, Croti et al., 2008. 1ª edição. Editora Roca.
Comunicação interatrial
Fonte: Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica, Croti et al., 2008. 1ª edição. Editora Roca.
Cardiopatias Cianóticas A característica mais evidente das cardiopatias cianóticas é a tonalidade azulada dos lábios e da pele. Trata-se de um sinal claro de que não há oxigênio suficiente no sangue. A forma mais comum da doença é conhecida como tetralogia de Fallot.
Muitos casos são leves e podem ser tratados com cirurgia e medicamentos. Problemas mais graves podem necessitar de um transplante de coração para evitar complicações fatais.
Nas cardiopatias não corrigidas, o aumento do volume sanguíneo e o consequente aumento do retorno venoso, associados à diminuição da resistência vascular periférica, provocam um aumento do shunt D-E, com o aumento também da cianose.
Entre elas, estão:
· Tetralogia de Fallot
· Transposição das Grandes Artérias
· Atresia Tricúspide
· Anomalia de Ebstein
· Defeitos do septo atrioventricular (DSAV)
Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas
Em geral, as cardiopatias congênitas são identificadas por sinais percebidos pelos pais e pelo médico pediatra. Entre eles, pele de coloração arroxeada, choro constante e/ou cansaço ao mamar. O pediatra tem condições de identificar problemas como sopro, frequência cardíaca alterada, assimetria de pulsos, hipertensão arterial. Diante destes achados,  se indica o acompanhamento com um cardiopediatra.
Após o diagnóstico clínico, exames como eletrocardiograma, raio x de tórax e ecocardiograma podem ser necessários. Eles podem confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de cardiopatia congênita. Servirão como base também para indicar a melhor conduta de tratamento.
Em alguns casos, pode ser necessária ainda a realização de exames mais complexos. Entre eles, cateterismo cardíaco, angiotomografia e ressonância magnética. Estes exames colaboram com a definição do tipo de tratamento necessário.
 
Principais Cardiopatias Congênitas na Infância:
Canal Arterial Persistente
O Canal arterial é um vaso sanguíneo presente antes do nascimento, entre a artéria aorta (principal artéria do corpo) e a artéria pulmonar. Este vaso usualmente se fecha pouco depois do nascimento, quando a criança começa a respirar. Se isto não acontece, se denomina canal arterial persistente, e pode ocasionar problemas de saúde, posteriormente.
Na maioria dos casos, pode ser fechado usando medicação. Se ainda persistir, a medicina apresenta dois tipos de tratamento:
· O primeiro é um procedimento endovascular, realizado em uma sala de hemodinâmica, com uso de Raio X. Consiste na inserção de um cateter em uma artéria na perna e que avança até o coração. Lá é então colocada uma pequena mola metálica (ou outro dispositivo) dentro do canal que precisa ser fechado, corrigindo assim o problema.
· O segundo método, consiste na realização de um procedimento cirúrgico. Através de uma pequena incisão na lateral esquerda do tórax, se consegue fechar o canal com uma ligadura, usando um fio especial ou um clipe metálico.
Coarctação de Aorta
Esta patologia ocorre quando um segmento da artéria aorta estreita muito, dificultando a passagem do sangue para a parte inferior do corpo. Com o tempo, essa patologia pode ocasionar um problema de hipertensão arterial importante.
A correção cirúrgica é feita retirando o segmento comprometido e suturando as bordas do tecido sadio. Se o segmento é muito longo, é possível ampliar as bordas com o uso da artéria subclávia com “telhado”.
Outra possibilidade de tratamento mais recente é o tratamento endovascular. Realizado numa sala de hemodinâmica com auxílio de Raio X, permite que através de um cateter possa ser insuflado um balão dentro da artéria, melhorando o estreitamento. Inclusive, pode ser colocada uma armação metálica expansível, chamada de stent.
Comunicação Interatrial
Esta malformação no coração permite a passagem de sangue entre os átrios direito e esquerdo. Assim, sobrecarrega o trabalho dos pulmões, com volume e pressões excessivos. O tratamento da comunicação interatrial pode ser cirúrgico, abordando o coração e fechando o defeito com um patch ou parche ancorado com sutura. Também pode ser endovascular, numa sala de hemodinâmica com uso de Raio X, inserindo um cateter na perna através do qual se chega até o coração e onde se coloca um dispositivo parecido com um pequeno guarda-chuva, que se ancora no defeito e o fecha.
Comunicação Interventricular
Esta malformação no coração permite a passagem do sangue entre os ventrículos direito e esquerdo, com sobrecarga importante de pressão e volume no pulmão. Estes defeitos podem ser pequenos e se fecharem espontaneamente até o primeiro ano de vida. Caso isso não aconteça, podem precisar de tratamento.
O tratamento pode ser cirúrgico, fechando a passagem entre os ventrículos com um patch de pericárdio ancorado com sutura ou, em alguns casos de anatomia favorável, fechados por via endovascular com dispositivos específicos.
Quando não tratada, a comunicação interventricular pode ocasionar insuficiência cardíaca, endocardite e hipertensão pulmonar.
Tetralogia de Fallot
Esta malformação se deve a um posicionamento anormal do septo interventricular e que ocasiona uma dificuldade de fluxo de sangue aos pulmões, uma mistura do sangue dentro do coração e, finalmente, provoca na criança uma coloração azul conhecida como cianoses.
A correção cirúrgica inclui o fechamento da comunicação interventricular e a melhora do fluxo do sangue pela artéria pulmonar. O procedimento cirúrgico para a correção da Tetralogia de Fallot é geralmenterealizado entre os 6 meses e o primeiro ano de vida da criança.
Este procedimento consiste na colocação de um tubo entre a artéria aorta e a artéria pulmonar, para levar sangue ao pulmão e melhorar a oxigenação.
Transposição de Grandes Artérias
Em um coração normal, a artéria aorta se origina do lado esquerdo do coração e a artéria pulmonar do lado direito. Nesta malformação, estas artérias se originam nos lados opostos.
A cirurgia de correção é realizada logo após o nascimento. O procedimento mais utilizado é o Switch Arterial, desenvolvido por um brasileiro, Dr. Adib Jatene. Neste procedimento, a artéria pulmonar é reconectada ao ventrículo direito, e a artéria aorta, com as coronárias, ao ventrículo esquerdo, reconstruindo a anatomia normal do coração.
Principais Cardiopatias Congênitas na Idade Adulta
Comunicação Interatrial
É a cardiopatia congênita mais frequente nos adultos. De anatomia similar à apresentada nas crianças, podem ser tratadas com procedimentos endovasculares ou cirúrgicos, dependendo do tipo de comunicação e do comprometimento cardio-pulmonar.
Coarctação de Aorta
Na idade adulta, devido à perda de elasticidade das artérias, calcificação e comorbilidades dos pacientes, costuma-se dar preferência aos tratamentos endovasculares e correções cirúrgicas com interposição de tubos anastomosados aos segmentos sadios.
Anomalia de Ebstein
Nesta malformação, a válvula tricúspide do átrio direito se encontra implantada parcialmente dentro do ventrículo direito. Essa anomalia diminui o tamanho e a função deste ventrículo. O tratamento é cirúrgico e indicado para pacientes com muito comprometimento hemodinâmico. A cirurgia preserva a válvula e a coloca no lugar anatômico correto.
Tetralogia de Fallot
Em pacientes tratados na infância e que desenvolvem incompetência da válvula pulmonar, se realiza a troca valvar por uma bioprótese.
	
Transposição dos grandes vasos
Fonte: Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica, Croti et al., 2008. 1ª edição. Editora Roca.
	 
	
Fonte: https://seucardio.com.br/principais-cardiopatias-congenitas/	
Fonte imagens: Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica, Croti et al., 2008. 1ª edição. Editora Roca.

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