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Bretton Woods

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16/03/2022 12:33 Bretton Woods
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02664/index.html#imprimir 1/41
Bretton Woods
Prof. Livio Ribeiro
Descrição
Apresentação do Bretton Woods, sistema monetário internacional em vigor desde o fim da Segunda Guerra
Mundial até o início da década de 1970. Discussão sobre suas principais características e seus
mecanismos de ajuste, bem como sobre os contextos históricos que possibilitaram seu advento e posterior
abandono.
Propósito
Compreender um dos principais sistemas monetários já usados na história, parte básica da formação de
economistas e historiadores.
Objetivos
Módulo 1
Acordos de Bretton Woods
Descrever o surgimento e o funcionamento do sistema de Bretton Woods.
Módulo 2
16/03/2022 12:33 Bretton Woods
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ódu o 
Sistema de Bretton Woods
Descrever as pressões e os desequilíbrios inerentes ao sistema e as dificuldades para sua manutenção.
Iniciada em 1939, a Segunda Guerra Mundial durou cerca de seis anos e terminou apenas em 1945. A
partir dos anos de 1943 e 1944, tornava-se cada vez mais claro que os países aliados (liderados por
Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França) derrotariam os países do eixo (a Alemanha, a
Itália e o Japão). Os países do eixo perdiam território, especialmente na Europa, e não tinham mais
condições de enfrentar os Estados Unidos e a União Soviética, potências militares que haviam
entrado mais tarde na guerra.
Diante da perspectiva de um cenário vitorioso para os aliados, os países ocidentais já planejavam
como seria o sistema monetário internacional no pós-guerra. Dessa vez, os governos não pareciam
dispostos a incorrer nos mesmos erros cometidos nos anos posteriores à Primeira Guerra Mundial,
nos quais não houve uma coordenação para retorno da conversibilidade do ouro, tampouco uma
organização de um sistema monetário internacional que fosse funcional para as condições
econômicas da época.
A falta de cooperação para a adoção do padrão ouro no período entreguerras impossibilitou o
funcionamento estável de um sistema que, em determinado momento, tornou-se insustentável.
Estados Unidos e Reino Unido não queriam que isso ocorresse novamente.
Os acordos de Bretton Woods foram assinados justamente com a intenção de promover essa
cooperação e garantir um funcionamento organizado do sistema monetário internacional após o fim
da Segunda Guerra Mundial. Wood foi o primeiro sistema monetário internacional completamente
negociado por seus principais participantes. Nesse sentido, é importante notar que, assim como
qualquer negociação internacional, a distribuição de poder e a consequente capacidade de barganha
de cada país signatário impactaram diretamente as diretrizes do acordo.
As três décadas que sucederam o fim da guerra (os anos de 1950, 1960 e 1970) foram marcadas por
taxas de crescimento econômico bastante altas e poucas vezes vistas. Essa boa performance de
crescimento da produção, no entanto, não estava livre de crises econômicas, desequilíbrios externos
e novas pressões sobre a manutenção da conversibilidade das moedas.
Para muitos, a performance macroeconômica vivenciada no período está diretamente relacionada às
diretrizes propostas em Bretton Woods. Aliada à cooperação para solucionar os problemas de
balanço de pagamentos, a estabilidade cambial permitiu uma expansão sem precedentes do
Introdução
16/03/2022 12:33 Bretton Woods
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1 - Acordos de Bretton Woods
comércio internacional. A rápida integração comercial teria sido o principal vetor de crescimento
econômico do período.
No entanto, outros especialistas argumentam que o sistema de Bretton Woods foi tão disfuncional
quanto o do padrão ouro durante o período entreguerras. Para eles, a estabilidade econômica e a
facilidade de ajuste de desequilíbrios no balanço de pagamentos foram apenas consequência de um
período de robusto crescimento econômico cujo otimismo afastava temores e movimentos
desestabilizadores. Além disso, argumentam que, tendo em vista os controles dos fluxos de capitais
vigentes à época, o crescimento do investimento estrangeiro ocorreu apesar de o sistema de Bretton
Woods estar em vigor - e não em decorrência dele.
Diante de visões tão opostas acerca de benefícios e custos de um sistema que marcou época, é
conveniente apontar em detalhes sua ascensão, seu funcionamento e sua eventual derrocada. No
módulo 1, apresentaremos o contexto no qual o sistema de Bretton Woods surgiu e as negociações
que serviram de base para os acordos, bem como seu funcionamento. No módulo 2, abordaremos os
principais vetores de desequilíbrio que levaram ao fim do sistema de Bretton Woods e as instituições,
bem como as lições, que permaneceram mesmo após o seu abandono.
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Ao �nal deste módulo, esperamos que você descreva o surgimento e o
funcionamento do sistema de Bretton Woods.
Trilema de Mundell-Fleming: relembrando
Antes de apresentar em detalhes a ascensão e o funcionamento do sistema de Bretton Woods, é
conveniente discutir as possibilidades de decisão e as limitações que formuladores de política econômica
enfrentam na prática.
Para compreender melhor o funcionamento dos diferentes regimes monetários que podem ser adotados por
um país (ou conjunto de países), é importante apresentar um conceito conhecido como Trilema de Mundell-
Fleming (ou trilema monetário da economia aberta). Ao entender esse trilema, torna-se mais fácil observar
as diferenças entre os sistemas e as vantagens e desvantagens inerentes a cada um deles.
Três características principais definem e diferenciam os sistemas monetários:

O regime cambial adotado

A dinâmica de �uxos de capital

A condução da política monetária
Existe um trilema monetário do qual os formuladores de política não podem escapar quando buscam
escolher a melhor combinação de características para determinada moeda. O Trilema de Mundell-Fleming
relaciona o regime de câmbio fixo, a livre mobilidade de capital e a autonomia da política monetária,
demonstrando que essas três características não podem coexistir em um mesmo sistema monetário:
apenas duas delas podem valer a cada momento.
Ou seja, se duas dessas características estão presentes, a característica
restante não é alcançável.
Considere o triângulo de impossibilidades apresentado a seguir.
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Veja de forma detalhada cada um dos regimes a seguir:
Considere inicialmente um regime monetário A. Nesse regime, a taxa de câmbio entre diferentes
moedas é fixa e existe livre circulação de capital entre os países, ou seja, não há controles sobre os
fluxos de capital.
Um país que adota um sistema monetário desse tipo não tem autonomia sobre sua política
monetária. Isso ocorre, porque, para conservar uma taxa de câmbio fixa, é necessário manter os
fluxos de entrada e saída de capital relativamente constantes, ou seja, um balanço de pagamentos
equilibrado.
Se o sistema apresenta livre mobilidade de capital, a única forma de controlar esses fluxos é
modificar a taxa de juros a fim de atrair mais (ou menos) capital para manter o balanço de
pagamentos equilibrado (e, consequentemente, uma taxa de câmbio fixa). Sendo assim, não é
possível utilizar a taxa de juros como forma de política monetária para expandir ou contrair a
demanda. A taxa de juros se torna apenas um instrumento de reequilíbrio das contas externas.
O padrão ouro é um exemplo real de um regime monetário que apresenta taxas de câmbio fixas e
livre circulação de capital. Nos anos de padrão ouro, os países definiam suas taxas de juros de
acordo com a necessidade de reequilíbrio do balanço de pagamentos, sem considerar o estado da
atividadeeconômica.
Um regime monetário do tipo B também é chamado de regime de câmbio flexível. Nesse sistema, os
países operam com livre circulação de capitais e autonomia da política monetária, mas a taxa de
câmbio é flutuante.
Regime monetário A 
Regime monetário B 
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A livre circulação de capital tipicamente torna o câmbio uma variável volátil. Ao exercer autonomia
sobre sua política monetária, utilizando a taxa de juros para controlar a atividade econômica em vez
de usá-la para controlar o balanço de pagamentos, chega-se a uma taxa de câmbio flutuante. Nesse
caso, é a própria flutuação da taxa de câmbio que reequilibra as contas externas em situações de
desequilíbrio.
Em um regime monetário do tipo C, a taxa de câmbio é fixa, mas sua manutenção não está
associada à taxa de juros, e sim aos controles sobre os fluxos de capital. Nesse sistema, o governo
mantém autonomia para utilizar a taxa de juros para fazer política monetária, porém defende a
manutenção da paridade estabelecida, controlando a entrada e a saída de capital — restrições à
importação, por exemplo, já foram frequentemente utilizadas como forma de controle dos fluxos de
saída.
Uma vez apresentado o Trilema de Mundell-Fleming e a diferenciação das características de cada sistema
possível, é conveniente destacar a conjuntura político-econômica que motivou a ascensão do sistema de
Bretton Woods e que explica em qual tipo de regime monetário consistia esse sistema, assim como suas
diferenças para o já conhecido padrão ouro.
Plano Keynes x Plano White
A nova ordem monetária a ser adotada após a Segunda Guerra Mundial começou a ser discutida e
negociada anos antes do fim da guerra. Os países aliados não queriam reviver a desorganização monetária
do período após a Primeira Guerra Mundial, tampouco a falta de cooperação vivenciada durante a Grande
Depressão, que acabou prolongando ainda mais a crise de 1929.
Como qualquer negociação, o poder de barganha das partes é determinante para o resultado a ser
alcançado, as concessões realizadas e os compromissos firmados. No caso dos acordos de Bretton Woods,
isso não foi diferente.
Podemos perceber divisão de interesses entre duas nações:
Regime monetário C 
Reino Unido
P l d R i U id ti h i t i t tá i i d
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Tendo em vista o contexto da época, o Reino Unido, que até a Primeira Guerra Mundial detinha uma posição
hegemônica no cenário global, agora se encontrava em uma situação de clara inferioridade. Mesmo antes
do final da Segunda Guerra Mundial, Eichengreen (2000) destacava que o Reino Unido e os Estados Unidos
já haviam assinado a Carta do Atlântico, em 1941, e o Acordo de Ajuda Mútua de 1942.
Nos termos desses acordos, o Reino Unido assumiu o compromisso de restauração
da conversibilidade da libra esterlina e aceitou o princípio de não discriminação
comercial. Em troca, os Estados Unidos ofereceriam ajuda financeira em condições
favoráveis e respeitariam a prioridade que os britânicos atribuíam ao pleno
emprego.
Comentário
A dependência britânica de ajuda financeira americana já demonstrava, de forma clara, a distribuição de
poder em favor dos Estados Unidos e consequentemente a posição enfraquecida do Reino Unido nas
Por um lado, o Reino Unido tinha interesse em um novo sistema monetário organizado
antecipadamente para evitar as sucessivas crises de balanço de pagamentos que enfrentou
durante o período entreguerras. Nesse período, ao tentar restaurar a conversibilidade em ouro
à paridade vigente antes da Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido acabou por fixar uma taxa
de conversão supervalorizada em relação ao seu nível de preços. Isso afetou diretamente
suas exportações e requereu constantes esforços deflacionários, os quais, por sua vez,
estavam associados a um alto nível de desemprego.
Estados Unidos
Por outro lado, os Estados Unidos queriam liderar o processo de organização de um novo
sistema de forma a promover crescimento econômico e expandir seus interesses. O país
havia se tornado o maior credor internacional e o maior detentor de reservas de ouro. À
exceção do ataque japonês ao Havaí na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos não
sofreram a destruição material que os demais países industrializados da Europa sofreram.
Esse fato, aliado aos esforços para oferecer os insumos básicos para a guerra,
principalmente material bélico, o tornaram a maior potência industrial do mundo, bem como a
economia mais próspera da época. Ao final da Segunda Guerra Mundial, estava clara a
posição hegemônica exercida pelos Estados Unidos no mundo ocidental - não apenas
econômica, mas também política e militar.
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negociações que seguiriam.
Na esfera monetária, Reino Unido e Estados Unidos concordavam com algumas diretrizes básicas, porém
discordavam em vários pontos cruciais. Considerando tais divergências, assessores econômicos de cada
governo elaboraram planos para pautar a forma com que visualizavam o novo sistema monetário a ser
implementado após a guerra.
O plano do governo britânico ficou conhecido como Plano Keynes, que, na época, era consultor não
remunerado do Ministério das Finanças britânico. Já o do governo dos Estados Unidos ficou conhecido
como Plano White, economista do Tesouro norte-americano. Diante de significativas divergências entre os
planos, é conveniente mostrar os principais pontos de cada um deles.
Plano White
A principal diretriz estabelecida no Plano White foi a restauração da conversibilidade em ouro,
estabelecendo o metal como principal forma de reserva internacional.
Para lidar com a escassez do metal em um cenário de aumento do comércio internacional após a guerra, foi
proposto que toda moeda conversível em ouro poderia ser adotada como meio de pagamento internacional.
Moedas sem conversibilidade em ouro não seriam aceitas como meio de troca. Essa diretriz, no entanto,
não era apenas uma tentativa de aprimorar o sistema utilizado antes das grandes guerras, e sim uma forma
de estabelecer o dólar como principal moeda global.
O governo dos Estados Unidos sabia que, na prática, eram os únicos capazes de lastrear sua moeda ao
ouro, tendo em vista que, ao final da Segunda Guerra Mundial, eles eram o país que detinha a maior parte
das reservas mundiais de ouro e apresentavam constantes superavits da balança comercial.
Ao propor essa diretriz, o dólar se tornaria a moeda de reserva obrigatória e aquela que seria usada como
meio de pagamento internacional.
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No que diz respeito às taxas de câmbio, o Plano White previa paridades fixas entre as moedas e a
supervisão dessas paridades por meio de uma instituição internacional com poder de veto sobre possíveis
mudanças. Inicialmente, o Plano White propunha ainda um sistema sem controles tanto comerciais como
de capitais. Mais tarde, esse ponto foi modificado para inserir controles de capital a fim de permitir a
manutenção de taxas de câmbio fixas em um cenário de fluxos internacionais cada vez mais voláteis.
Plano Keynes
Os britânicos, cientes da posição dominante dos Estados Unidos em relação ao ouro, não gostariam que o
dólar se tornasse a moeda de reserva internacional, mas sabiam que a libra esterlina não tinha condições de
exercer tal papel central característico da época do padrão ouro.
Para contornar essa questão, o Plano Keynes sugeria a criação de uma moeda
nominal e escriturária chamada de bancor. Ela não seria usada como moeda
nacional de nenhum país, sendo utilizada por todos apenas para transações
externas.
O bancor seria conversível em ouro a uma paridade fixa, mas que poderia ser alteradade acordo com a
conjuntura. Ele seria considerado meio de pagamento entre países e reserva de valor internacional.
Ao propor a utilização de uma moeda que não seria emitida por nenhum país, Keynes tentava impedir que,
ao adotar o dólar como reserva internacional, o restante do mundo ficasse sujeito às decisões de política
interna e externa dos Estados Unidos. Isso não significa dizer que, na proposta de Keynes, não havia
interesses implícitos para favorecer o Reino Unido.
Considerando que nenhuma nação seria emissora de bancor, o acesso à moeda estava condicionado à
participação de um país no comércio exterior. O Reino Unido, assim como outros países da Europa, e os
Estados Unidos tinham um elevado grau de abertura comercial. Isso faria com que o poder britânico sobre a
nova moeda fosse ao menos competitivo em relação ao poder norte-americano.
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Pela proposta de Keynes, o bancor seria criado com uma instituição internacional denominada União
Internacional de Compensações, que gerenciaria as trocas entre os países e atuaria como emprestador de
última instância para aqueles com desequilíbrios no balanço de pagamentos.
As taxas de câmbio seriam, a princípio, fixas. Elas, porém, poderiam ser
desvalorizadas, assim como restrições comerciais poderiam ser adotadas caso
fosse necessário reequilibrar o balanço de pagamentos.
A ideia era a de que os países não teriam de incorrer em pesados choques deflacionários para alterar os
termos de troca, como ocorria no padrão ouro. Afinal, esses choques eram acompanhados de:

Queda na atividade econômica

Elevado desemprego
A flexibilidade em relação à desvalorização cambial alteraria os termos de troca de forma a favorecer as
exportações e encarecer as importações, reequilibrando a balança comercial e evitando um pesado choque
deflacionário.
Além disso, o Plano Keynes previa que ajustes de balanço de pagamentos deveriam ser realizados não
apenas pelos países deficitários, mas também pelos países superavitários. Os superavitários, por meio da
União Internacional de Compensações, disponibilizariam recursos para financiar o balanço de pagamentos
dos países deficitários.
Mas qual era o objetivo dessa medida?
Resposta 
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Essa medida tinha como objetivo possibilitar um ajuste mais gradual por parte dos países
deficitários, sem fortes choques deflacionários com elevado desemprego. Esse gradualismo seria
possível, pois o mecanismo proposto faria com que o financiamento de seus deficits estivesse
assegurado durante algum período.
Novamente, tal medida constituía mais um ponto cuja intenção principal era reduzir
a vantagem dos Estados Unidos no novo sistema monetário.
Conforme já frisamos anteriormente, os Estados Unidos eram a maior potência industrial do período e não
tiveram sua economia destruída pela guerra. Por esse motivo, apresentavam constantes superavits
comerciais e consequentemente um saldo positivo no balanço de pagamentos.
Com essa proposta, o custo de reajustar o balanço de pagamentos não recairia apenas nos países
deficitários (nações europeias em reconstrução após a guerra e países periféricos). Ele agora seria dividido
entre todos.
Particularmente, o mecanismo proposto por Keynes implicava que, caso
continuassem a apresentar persistentes superavits, os Estados Unidos ficariam
obrigados a financiar o deficit de outros países por meio de direitos de saque
perante a União Internacional de Compensações.
Pelos cálculos de Keynes, o valor do financiamento que seria de responsabilidade dos Estados Unidos
poderia alcançar cerca de 23 bilhões de dólares na época. O Plano Keynes previa um montante de 26
bilhões de dólares de recursos para financiamento dos países deficitários.
Inicialmente, o Plano White não previa qualquer mecanismo de financiamento dos países deficitários. Em
sua versão final levada à conferência de Bretton Woods, ainda assim, ele incluiu um mecanismo
semelhante. Seus valores, no entanto, eram bem diferentes daqueles propostos pelo Plano Keynes. Os
recursos totais para esse tipo de financiamento seriam de apenas 5 bilhões de dólares, enquanto a
obrigação máxima dos Estados Unidos seria de 2 bilhões, bem menos que os 23 bilhões propostos por
Keynes.
De modo geral, é possível notar que os planos White e Keynes se diferenciavam em vários aspectos,
defendendo até mesmo posições opostas em alguns deles. Podemos ver dois exemplos de pontos de
divergência no quadro a seguir:
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Plano Keynes Plano KeynesPlano Keynes Plano Keynes
Taxa de câmbio
Admitia alguma flexibilidade de
desvalorização para reajuste
das contas externas.
Defendia poder de veto de uma
instituição internacional em relação
às alterações dessas taxas.
Desequilíbrios
externos
Previa uma cooperação de
financiamento entre países
superavitários e deficitários.
A responsabilidade de realizar o
ajuste recaia sobre os países
deficitários.
Obviamente, a principal diferença era em relação à moeda a ser adotada como reserva de valor internacional
e meio de troca para transações comerciais.
Funcionamento do sistema de Bretton
Woods
Uma vez apresentadas as principais características das duas propostas para um novo sistema monetário
internacional, torna-se possível analisar melhor aquelas que prevaleceram nos acordos finais de Bretton
Woods. Era de se esperar que os acordos finais buscassem uma via de convergência entre as duas
propostas apresentadas, especialmente no que se refere aos pontos de maior divergência.
Embora isso tenha acontecido em alguma medida, as diretrizes definidas nos acordos finais demonstram
claramente a posição de superioridade e o grande poder de barganha dos Estados Unidos (e a consequente
inferioridade dos demais).
As diretrizes da versão �nal dos acordos de Bretton Woods eram muito
mais próximas das propostas presentes no Plano White que as do Plano
Keynes.
A conferência de Bretton Woods, realizada em julho de 1944 — cerca de um ano antes do fim oficial da
Segunda Guerra Mundial —, definiu uma série de regras e diretrizes para organizar as relações financeiras e
comerciais e o sistema monetário internacional no pós-guerra. Assim como o proposto pelo Plano White,
ficou definido que todas as moedas conversíveis em ouro poderiam ser utilizadas como reserva
internacional e aceitas como meio de troca nas transações comerciais.
Relembrando
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Como mencionamos anteriormente, na prática, isso estabeleceu o dólar como moeda de reserva
internacional, tendo em vista que os Estados Unidos eram o único país com reservas de ouro suficientes
para garantir a conversibilidade.
A paridade estabelecida entre o ouro e o dólar foi de 35 dólares para cada onça troy de ouro.
Todos os demais países estabeleceram taxas de câmbio fixas em relação ao dólar. Em vez de lastrear as
emissões de suas respectivas moedas nacionais em ouro — como era feito no padrão ouro —, eles
passaram a fazer isso em dólar.
Onça troy
Uma onça Troy equivale a pouco mais de 31 gramas.
Por esse motivo, o sistema de Bretton Woods também ficou conhecido como padrão ouro-dólar. Nos
termos dos acordos, todos os países signatários deveriam manter suas taxas de câmbio em relação ao
dólar dentro de uma banda de 1%, para mais ou para menos, em relação à paridade predefinida.
Também conforme previsto no Plano White, foi criada uma instituição internacional: o Fundo Monetário
Internacional (FMI). O objetivo do FMI era:

Supervisionar as paridades cambiais estabelecidas.

Atuar como emprestador de último recurso para países deficitários, auxiliando-os a efetuar o ajuste de suas
contasexternas.
Paul Krugman destaca que os estatutos do Fundo Monetário Internacional são uma combinação entre
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disciplina e flexibilidade, ambas planejadas com o intuito de contornar os problemas monetários do período
entreguerras.
Por um lado, existia um consenso, à época, de que taxas de câmbio flutuantes eram um vetor de
desestabilização do sistema. Por isso, o FMI pretendia impor disciplina cambial aos países signatários,
fazendo com que mantivessem suas taxas de câmbio fixas à paridade predefinida.
Por outro lado, a experiência da Grande Depressão evidenciou a responsabilidade dos governos em buscar
altos níveis de emprego e evitar choques deflacionários com elevado sacrifício social. Diante da adoção de
um regime de câmbio fixo, no entanto, era difícil ajustar desequilíbrios externos sem incorrer em choques
deflacionários.
Nesse sentido, o sistema de Bretton Woods, por meio do Fundo Monetário
Internacional, mostrou-se mais flexível que o sistema do padrão ouro.
Foram incluídos nos estatutos do FMI dois mecanismos para auxiliar em tais ajustes:
Ajuste 1
Utilização de recursos do Fundo para financiar o deficit de balanço de pagamentos, enquanto os países
deficitários realizavam um ajuste mais gradual, com menor sacrifício social. Os recursos do Fundo seriam
depositados por países credores cuja situação das contas externas era mais favorável.
Ajuste 2
Desvalorização controlada da taxa de câmbio para países que apresentassem “desequilíbrio fundamental”.
Ou seja, apesar de existir a disciplina em torno do câmbio fixo, havia a possibilidade de desvalorizações
cambiais em caso de extrema necessidade. Essas desvalorizações deveriam ser autorizadas e
supervisionadas pelo Fundo. No sistema Bretton Woods a taxa de câmbio era fixa, mas ajustável.
De certa forma, essa flexibilidade presente nos dispositivos do Fundo Monetário Internacional consiste em
um “meio-termo” entre o Plano White e o Keynes. Esse “meio-termo”, no entanto, mostrou-se claramente
assimétrico em vários aspectos. Vejamos a seguir alguns deles:
Disponibilidade de recursos para financiamento de países deficitários 
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Ao analisar a disponibilidade de recursos para financiamento de países deficitários prevista nos
estatutos do Fundo, observa-se que o valor definido é consideravelmente abaixo daquele proposto
pelo Plano Keynes. Conforme já destacamos, a proposta de Keynes sugeria um total de 26 bilhões de
dólares, dos quais 23 bilhões seriam de responsabilidade dos Estados Unidos. O Plano White, em
sua versão final, propôs um total de 5 bilhões de dólares, dos quais 2 bilhões seriam de
responsabilidade do país norte-americano.
Os valores definidos na assinatura dos acordos de Bretton Woods evidenciam a assimetria no poder
de barganha entre os dois países. Ao final, ficou estabelecido um total de recursos equivalente a 8,8
bilhões de dólares — muito mais próximo dos 5 bilhões sugeridos no Plano White que os 26 bilhões
do Keynes. O montante de responsabilidade dos Estados Unidos ficou estabelecido em 2,75 bilhões
de dólares – novamente, muito mais próximo dos 2 bilhões sugeridos pelo Plano White que os 23
bilhões do Keynes.
Situação semelhante ocorreu no que se refere ao mecanismo de desvalorização das taxas de
câmbio. O Plano White propunha um sistema mais rígido no qual as paridades não deveriam sofrer
alterações. Já o Keynes previa que as taxas de câmbio fossem ajustadas sempre que necessário
para conciliar o equilíbrio entre as contas externas e o pleno emprego.
O mecanismo adotado em Bretton Woods não era nem tão rígido conforme a proposta de White,
nem tão flexível conforme a proposta de Keynes. A partir da versão final do acordo, todos os países
poderiam alterar suas taxas de câmbio em até 10% da paridade predefinida - e, mesmo assim,
somente após consulta com o Fundo Monetário Internacional e em resposta a um “desequilíbrio
fundamental”. Variações acima de 10% só poderiam ser feitas mediante aprovação de três quartos
dos países do Fundo que possuíssem direito de voto.
Em outro contraste em relação ao sistema do padrão ouro, pelos acordos de Bretton Woods foram
introduzidos controles sobre os movimentos de capital internacional. A proposta inicial do Plano
White não previa qualquer tipo de controle sobre os fluxos internacionais, enquanto a de Keynes
permitia o uso desses controles sempre de forma a conciliar o equilíbrio entre o balanço de
pagamentos e o pleno emprego dos fatores.
Desvalorização das taxas de câmbio 
Desvalorização das taxas de câmbio 
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A implementação de controles sobre os fluxos internacionais de capital acabou se tornando uma
necessidade diante daquilo que foi acordado nos demais pontos de negociação. Por um lado, ao
limitar a valores muito baixos o volume de recursos disponíveis para o mecanismo de financiamento
dos países deficitários, o nível de gradualismo com o qual eles poderiam efetuar o ajuste externo
diminuía.
Ou seja, aumentava-se a necessidade de efetuar choques deflacionários. Caso contrário, esses
países apresentariam uma situação de contas externas e eventualmente uma situação fiscal ainda
mais frágil. Por outro lado, os governos já não estavam mais dispostos a colocar em prática o
esforço deflacionário, prática comum nos anos do padrão ouro, tendo em vista o elevado sacrifício
social.
Somando esse cenário ao fato de que alterações cambiais também eram limitadas, existia o risco de
que, assumindo livre fluxo de capitais, conforme o Plano White original, os países deficitários não
seriam capazes de completar o ajuste deflacionário a tempo de impedir uma fuga generalizada de
suas reservas. Nesse sentido, os Estados Unidos tiveram de ceder em seu posicionamento inicial e
aceitaram a implementação de controles aos fluxos internacionais de capital.
Trilema de Mundell-Fleming
Neste vídeo, apresentaremos a teoria a respeito do Trilema de Mundell-Fleming para explicar a
implementação de controles sobre o fluxo de capital internacional.
Em resumo, o funcionamento do sistema de Bretton Woods era baseado em três pilares:

Taxa de câmbio fixa, mas ajustável, para lidar com crises de balanço de pagamentos.
C t l d fl d it l it i t l ti d t bili d
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Percebe-se que esses três elementos eram complementares. Na prática, no entanto, o sistema não
funcionou como planejado.
Inicialmente, apenas os controles sobre os �uxos de capitais
cumpriam, de forma efetiva, o seu papel.
A possibilidade de ajuste nas taxas de câmbio foi raramente utilizada, com o temor de que mudanças na
paridade resultassem em perda de credibilidade. Ao permitir que mudanças na paridade predefinida
ocorressem apenas em situações de “desequilíbrio fundamental”, tais mudanças podiam ser contempladas
apenas em períodos nos quais uma crise de restrição externa já estava instalada. Ou seja, esse mecanismo
não permitia que governos se antecipassem à crise de forma a evitá-la. Um país que apresentasse contas
externas frágeis permanecia nessa situação até a deflagração da crise.
O sistema de Bretton Woods buscava uma composição entre:
Padrão ouro
Controle dos fluxos de capital para evitar movimentos especulativos desestabilizadores e
garantir o câmbio fixo.
Controle dos fluxos de capital para evitar movimentos especulativos desestabilizadores e
garantir o câmbio fixo.

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Câmbio �xo (que poderia ser ajustado em caso de necessidade)
Mas a própria possibilidade desse ajuste gerava insegurança sobreas taxas de câmbio. O ajuste não ocorria
de forma automática para reequilibrar o sistema: ele apenas se dava de maneira imposta em situações de
crises insustentáveis.
Outro ponto que ficou evidente, na prática, após os acordos de Bretton Woods entrarem em vigor, foi o fato
de os recursos do Fundo serem insuficientes para financiar o balanço de pagamentos dos países
deficitários.
Os deficits desses países eram muito superiores à quantia disponível pelo Fundo Monetário Internacional,
especialmente quando se considera os anos iniciais após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O esforço de reconstrução da Europa requeria elevado volume de importações, sem que fosse possível, no
entanto, financiá-las por meio das exportações, já que o parque industrial desses países estava destruído.
Parte considerável desse deficit foi financiado com recursos do Plano Marshall, fora da alçada do Fundo
Monetário Internacional.
Diante desse cenário, os controles dos fluxos internacionais exerceram o papel de preencher a lacuna dos
mecanismos de ajuste. Com o passar dos anos e a sofisticação dos sistemas financeiros, mesmo esses
controles se mostraram de difícil coordenação.
Em outras palavras, o sistema monetário internacional de Bretton Woods apresentava mecanismos de
ajuste frágeis. Problemas de restrição externa e desequilíbrios cambiais estavam se tornando cada vez
mais frequentes.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Relação de forças no desenho do sistema monetário
20 min.
Sistema monetário e padrão ouro
20 min.
As decisões tomadas em Bretton Woods
20 min.
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!
Relação de forças no desenho do sistema monetário
20 min.
Sistema monetário e padrão ouro
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1
A respeito do que foi apresentado acerca do sistema de Bretton Woods, é possível afirmar que seu caráter
internacional foi:
A
resultado de um acordo de cooperação para organizar um novo sistema monetário,
assinado em 1944, no qual as principais economias do mundo foram signatárias.
B
resultado de sanções comerciais e financeiras aplicadas sobre os países que se
recusavam a aderir ao sistema.
C
resultado de imposições feitas pelos Estados Unidos a outros países por meio de guerras
e invasões militares.
D
resultado não planejado de um contexto histórico específico favorável à adoção da libra
esterlina como meio de pagamento de referência.
E
resultado da escassez de metais alternativos, tendo em vista que o ouro era o único metal
facilmente encontrado cujo valor era amplamente reconhecido.
Parabéns! A alternativa A está correta.
O sistema de Bretton Woods foi resultado de negociações e acordos assinados em 1944 para
organizar o sistema monetário internacional após o fim da Segunda Guerra Mundial. O objetivo
dos acordos era evitar que a falta de cooperação característica do período entreguerras se fizesse
presente.
Questão 2
Na tentativa de evitar os mesmos problemas monetários ocorridos no período entreguerras, o sistema de
Bretton Woods continha dispositivos que poderiam ser acionados em situações de crise. Esses dispositivos
consistiam em:
A
ações coordenadas entre os países para sincronização da taxa de juros a fim de que
nenhum deles apresente fluxos de saída de ouro.
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B mudanças automáticas na taxa de câmbio entre as moedas nacionais.
C
ajustes automáticos nos preços relativos (termos de troca), consequência de alterações
na oferta de moeda e nos níveis de preço.
D
mudanças controladas na taxa de câmbio e disponibilidade de recursos para financiar os
países deficitários.
E suspensões temporárias e coordenadas da conversibilidade em ouro.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O sistema de Bretton Woods previa taxas de câmbio fixas entre países. No entanto, de forma a
permitir que ajustes pudessem ser realizados sem um choque deflacionário, os acordos incluíram
a possibilidade de desvalorizações cambiais e um fundo de recursos que poderiam ser utilizados
para financiar o déficit, enquanto esses países incorriam em esforços deflacionários mais
graduais.

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2 - Sistema de Bretton Woods
Ao �nal deste módulo, esperamos que você descreva as pressões e os
desequilíbrios inerentes ao sistema e as di�culdades para sua
manutenção.
Desequilíbrios do sistema e controles de
capital
Com base no que já foi estudado até aqui, percebe-se que o sistema de Bretton Woods foi resultado da
conjuntura internacional à época e buscou incorporar soluções para a instabilidade monetária que havia
sido recorrente durante o período entreguerras.
Na prática, muitos dos dispositivos construídos para lidar com esses problemas não se mostraram
eficientes. Os países europeus, em especial, apresentaram sérias dificuldades para realinhar suas moedas
ao sistema e manter suas contas externas equilibradas.
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Logo nos primeiros anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, ficou evidente que os países não
conseguiriam restaurar a conversibilidade com o dólar sem que houvesse maior cooperação internacional.
Novamente, assim como nos anos posteriores à Primeira Guerra Mundial, o caso do Reino Unido se tornou
um exemplo clássico.
Pelos acordos de Bretton Woods, os países signatários teriam aproximadamente oito anos para restaurar a
conversibilidade de suas moedas. Tal conversibilidade poderia se dar em relação ao:
Ouro
Caso tivessem reservas suficientes para fazê-lo.
Dólar
Que, na prática, era o caminho mais factível.
Apesar disso, o Reino Unido restaurou a conversibilidade da libra esterlina em dólar em 1947, apenas três
anos após a assinatura do acordo e dois após o fim da guerra.
Para Eichengreen (2000), a decisão de restaurar a conversibilidade naquele momento foi não apenas
irresponsável, mas também subordinada, uma vez que era decorrente de uma exigência feita pelo governo
dos Estados Unidos como contrapartida de um empréstimo para o tesouro britânico. Para os norte-
americanos, era conveniente um rápido retorno à conversibilidade.
Quanto mais países lastreassem suas moedas ao dólar, maior seria a influência da
moeda norte-americana como reserva internacional e mais rápido os termos
estabelecidos pelo novo sistema monetário entrariam em vigor.
Além disso, era importante a restauração da conversibilidade no Reino Unido, considerando que a libra
esterlina, apesar de fragilizada, ainda era a segunda moeda de reserva internacional (atrás somente do
dólar). Assim, era mais provável que outros países também restabelecessem a conversibilidade caso ela se
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tornasse conversível, pois as reservas em libra esterlina poderiam ser utilizadas como lastro para as demais
moedas.
As condições econômicas para manutenção da conversibilidade, no entanto, não estavam presentes. Após
a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido se encontrava em uma situação delicada, apesar de seu parque
industrial não ter sofrido a mesma destruição sofrida pelos países da Europa continental.
Após a guerra:
1. Havia excesso de moeda em circulação e taxas de inflação elevadas;
2. As reservas de ouro e dólar haviam caído pela metade;
3. Ao emitir moeda sem lastro para financiar a máquina de guerra, os saldos em libra esterlina no exterior
somavam mais de3,5 bilhões — mais de um terço do PIB britânico à época —, enquanto as reservas de
ouro e divisas estrangeiras do Reino Unido acumulavam apenas meio bilhão de libras esterlinas. Ou
seja, se os detentores de libra esterlina no exterior tentassem reequilibrar seus portfólios, convertendo
suas reservas em libra por dólares, o Banco da Inglaterra não conseguiria honrar essa conversibilidade;
4. Para piorar a situação, tarifas comerciais elevadas e restrições quantitativas de importação por parte
dos demais países europeus impediam que o Reino Unido aumentasse suas reservas por meio de
maiores exportações.
Diante desse cenário:
A conversibilidade da libra esterlina foi suspensa após seis semanas. Um empréstimo norte-
americano - que, ao ser concebido, estava previsto para durar até o final da década de 1940 -
foi consumido em poucas semanas.
Os Estados Unidos desistiram de insistir em antecipar a restauração da conversibilidade das
demais moedas.
A ti d 1948 i d Pl M h ll E t d U id li l d
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Esse episódio fez com que fosse abandonada a ideia inicial que constava nos acordos de Bretton Woods: a
de que desvalorizações cambiais, especialmente de moedas de maior peso, como...
A libra esterlina
A partir de 1948, por meio do Plano Marshall, os Estados Unidos ampliaram o volume de
ajuda financeira para financiar os deficits externos dos países europeus. O montante de mais
de 13 bilhões de dólares aliviou momentaneamente as dificuldades externas enfrentadas por
esses países.
Entre os anos de 1948 e 1949, no entanto, uma recessão afetou diretamente a economia
norte-americana, reduzindo suas importações e, como consequência, as exportações dos
países europeus. Isso gerou uma nova onda de instabilidades cambiais e restrições externas.
Tornava-se cada vez mais clara a necessidade de desvalorizar o câmbio das nações
europeias.
Em setembro de 1949, o Reino Unido desvalorizou sua moeda. Mais 23 países fizeram o
mesmo em um período de apenas uma semana.
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O franco francês
O marco alemão
... poderiam ser controladas e deliberadas por uma comissão técnica.
As desvalorizações cambiais promoveram um realinhamento das taxas de câmbio; em alguma medida, esse
realinhamento surtiu efeito. As reservas britânicas tiveram sua queda interrompida, enquanto os franceses
puderam relaxar as restrições cambiais que haviam sido impostas para lidar com a fuga de reservas.
Apesar disso, a escassez de dólares na economia global ainda estava presente. Não estava claro quando os
países europeus seriam capazes de restaurar a conversibilidade em dólares. Para contornar essa situação,
os países europeus decidiram iniciar um processo de organização regional.
Foi criada uma entidade regional para complementar as funções do
Fundo Monetário Internacional: a União Europeia de Pagamentos.
Até então, os países europeus ainda apresentavam controles sobre fluxos de transações correntes, mesmo
para transações regionais. A instituição, que começou a funcionar em 1950, foi criada com o objetivo de
promover uma restauração simultânea da conversibilidade. Foi estabelecido ainda o Código de
Liberalização no qual ficava definida a eliminação de restrições para transações correntes feitas entre os
países participantes.
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Por meio da União Europeia de Pagamentos, os países deficitários teriam acesso a quotas de crédito que
eventualmente seriam compensadas por eles em ouro ou dólares. O mecanismo de crédito para financiar os
deficits das contas externas se assemelhava ao crédito disponível no FMI, porém contemplava apenas
alguns países europeus.
Eichengreen (2000) chama a atenção para o fato de que, ao aceitar a criação de
uma instituição europeia, sem participação norte-americana, os Estados Unidos
admitiam que os recursos definidos nos acordos de Bretton Woods não eram
suficientes para suprir a necessidade de financiamento dos países europeus.
Além disso, por intermédio da União Europeia de Pagamentos, os países da Europa Ocidental reduziram
barreiras do comércio intrarregional de forma mais rápida que em comparação com o comércio
internacional. A preferência pelo comércio regional não deixava de ser uma forma de discriminação
comercial.
Comentário
O fato de o governo norte-americano permitir esse tipo de prática, sem qualquer retaliação econômico-
financeira, também pode ser visto como um reconhecimento de que, de fato, o problema monetário do
período era justamente a escassez de dólares no mercado global - mesmo considerando o fluxo deles em
decorrência do Plano Marshall.
A aceitação dessas condições por parte dos Estados Unidos também ia muito além da constatação de que
os acordos de Bretton Woods não proporcionavam um ajuste adequado para os países deficitários.
A ascensão da União Soviética e a expansão de sua área de influência para os países do leste europeu
foram determinantes para moldar a forma com que os Estados Unidos lidavam com as nações da Europa
Ocidental. Apesar de ter participado da conferência de Bretton Woods, a União Soviética se recusou a
assumir suas obrigações como membro do Fundo Monetário Internacional.
Como forma de se contrapor à área de influência soviética no leste europeu, os Estados Unidos adotaram
uma postura mais flexível em relação aos aliados na Europa Ocidental, permitindo medidas que facilitassem
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a recuperação e o crescimento econômico desses países, mesmo quando tais medidas significavam uma
desvantagem competitiva para a produção norte-americana.
A ascensão da União Soviética também provocou mudanças relevantes na política interna dos países
europeus.
Em todos os principais países do continente, a participação de trabalhadores e sindicatos se tornava cada
vez mais relevante, com especial influência na política partidária. Existia forte pressão para aumentos de
salário e maior participação estatal na oferta de serviços públicos e expansão de programas sociais.
Com o temor de que ideias muito radicais prevalecessem, os Estados Unidos impuseram que a ajuda
financeira do Plano Marshall estava condicionada à não participação de partidos comunistas na coalizão
governista dos países europeus que recebiam esses recursos. No entanto, a própria política interna de cada
país se adaptou a essas condições. Partidos socialistas se tornaram mais moderados a fim de ampliar sua
base eleitoral e obter maior representatividade.
Em geral, esses partidos aceitaram:
Conforme mencionamos, a prioridade dada ao pleno emprego e ao crescimento econômico estava no cerne
da questão do ajuste a desequilíbrios externos. Durante os anos de padrão ouro, nos quais a classe
A manutenção dos mecanismos de mercado e da propriedade privada em troca de maiores
benefícios de um estado de bem-estar social.
Moderar suas reivindicações trabalhistas em troca de uma política pública voltada para o
pleno emprego e o crescimento econômico.
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trabalhista não tinha oportunidade para reivindicações, o ajuste era feito por meio de choques
deflacionários, com elevado desemprego e redução nominal de salários.
Esse mecanismo de ajuste já não estava mais presente durante os anos do sistema de Bretton Woods.
Nenhum governo democraticamente eleito conseguiria se manter no poder diante de longos períodos de
profunda crise econômica em nome da manutenção de um dado sistema monetário. Dessa forma, os
países europeus, ao incorrerem em desequilíbrios no balanço de pagamentos, não poderiam elevar a taxa
de juros para atrairmais capital e deflacionar a economia.
Pelo Trilema de Mundell-Fleming, se um país deseja manter uma taxa de câmbio
fixa, mas não tem autonomia para fazer alterações na taxa de juros quando bem
entende, precisa adotar controles sobre os fluxos de capital para preservar uma
configuração de entrada e saída de capital que permita a manutenção da paridade.
Controle de fluxos de capital foram implementados de maneira significativa. As principais economias
europeias sofreram crises de balanços de pagamentos durante o período de Bretton Woods. A Alemanha
enfrentou uma única crise no segundo semestre de 1950. Restrições às importações se mostraram um
importante mecanismo para suprimir os déficits externos.
Vejamos a seguir um exemplo dessa implementação:
Restrições às importações, acompanhadas de maior ímpeto das exportações, promoveram o
reequilíbrio do balanço de pagamentos e crescimento econômico para o país. A boa performance
macroeconômica do Reino Unido permitiu até mesmo que o governo utilizasse a taxa de redesconto
do Banco da Inglaterra para facilitar o ajuste sem que fosse acusado pelos trabalhadores de suprimir
o crescimento e elevar o desemprego.
Os controles dos fluxos de capital se mostraram um importante mecanismo para manutenção do sistema
diante da:

Impossibilidade de flexibilizar a taxa de câmbio a qualquer momento.
Exemplo - Reino Unido 
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
Resistência popular em relação a choques deflacionários.
Esses controles, especialmente as restrições às importações, permitiram que os países deficitários
lidassem com a pressão sobre seus balanços de pagamentos em momentos de exportações ainda fracas.
Com o processo de abertura comercial e a modernização do sistema financeiro, esses controles se
tornaram cada vez mais difíceis de se implementar.
Fim do sistema de Bretton Woods
De certa forma, os anos de maior estabilidade do sistema de Bretton Woods também foram aqueles nos
quais surgiram as condições que favoreceram o fim desse sistema.
Observemos a seguir alguns fatos ocorridos durante os anos 1950 e 1960, duas décadas marcadas por
períodos de forte crescimento econômico na maioria dos países do mundo. Na Europa, isso não foi
diferente:
O processo de reconstrução da Europa foi sendo finalizado; com isso, as economias
europeias passaram a ser pontos de atração de investimentos estrangeiros e ganhos de
produtividade.
Após a reconstrução e os problemas de balanço de pagamentos vivenciados nos anos
seguintes ao fim da guerra, os países europeus passaram a apresentar robustos superavits no
balanço de pagamentos.
A reconstrução dos parques industriais reduziu a necessidade e a dependência de
importações.
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Pela lógica do sistema, os bancos centrais deveriam sempre acumular dólares como reservas para lastrear
o aumento na oferta de moeda nacional e garantir reservas para desequilíbrios externos futuros. O forte
crescimento observado nesse período resultou em um aumento da demanda por moeda para satisfazer às
crescentes transações comerciais.
A fim de acompanhar esse aumento na demanda, os bancos centrais aumentaram a oferta de moeda em
circulação. O aumento nessa oferta, no entanto, deveria estar acompanhado de um incremento nas reservas
em dólares para que fosse possível manter a conversibilidade em dólar.
Diante de um período de crescimento econômico generalizado, no qual quase todos os países
industrializados apresentaram altas taxas de crescimento do produto, seria de se esperar que aumentos na
oferta de moeda na economia também fossem generalizados.
Se todas as moedas eram conversíveis em dólar e lastreadas na moeda norte-
americana, um aumento generalizado na oferta de moeda deveria estar
necessariamente acompanhado pelo crescimento na oferta de dólares no mercado
global.
Isso criava um problema para os Estados Unidos. A restrição externa dos outros países era diferente da
norte-americana.
Outros países
Preocupavam-se em garantir contas externas equilibradas, em especial com superavits, para aumentar
o seu nível de reservas, sustentar a conversibilidade de suas moedas e manter a paridade fixa em
O processo de integração comercial ao redor do mundo gerou forte ímpeto para as
exportações.
Essa dinâmica fez com que os países europeus acumulassem reservas em dólares,
eventualmente restaurando a conversibilidade e lastreando suas moedas nacionais à moeda
norte-americana, conforme estabelecido nos acordos de Bretton Woods.
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relação ao dólar.
Estados Unidos
Os Estados Unidos, por outro lado, sendo emissores da moeda de reserva internacional, não se
preocupavam em manter paridade fixa com as outras moedas, e sim em relação ao ouro.
Os aumentos na oferta de dólares no mercado global, no entanto, não estavam acompanhados de
elevações nas reservas de ouro nos Estados Unidos. Enquanto os demais países estivessem dispostos a
conservar suas reservas em dólar ou em ativos remunerados em dólar, como os títulos do tesouro norte-
americano, não haveria motivo para preocupação. Porém, caso a razão entre a quantidade de dólares
emitidos pelo Federal Reserve e a de reserva de ouro subisse muito, poderia ocorrer uma crise de confiança.
A�nal, se todos os detentores de dólar decidissem convertê-los em
ouro, o Federal Reserve não teria condições de sustentar essa
conversibilidade.
Vamos resumir o que vimos. Os anos após o fim da Segunda Guerra Mundial foram marcados por clara
reconstrução econômica dos países europeus. Essas nações não tinham grande capacidade de exportação
e eram dependentes de importações e financiamento oriundos dos Estados Unidos.
Como resultado dessa dinâmica, verificavam-se os seguintes aspectos:

Robustos superavits comerciais nos Estados Unidos

Elevados de�cits comerciais na Europa

Escassez de dólares nos mercados globais

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Após anos de suporte financeiro - especialmente por meio do Plano Marshall - e de controles de fluxos
internacionais de capitais para garantir a conversibilidade, os países europeus conseguiram se reerguer
economicamente. Comercialmente, eles já não eram tão dependentes de importações oriundas dos Estados
Unidos.
Somada à liberalização do comércio global, a modernização de seus parques industriais favoreceu as
exportações. Com isso, a conjuntura internacional foi consideravelmente alterada.
Os superavits comerciais norte-americanos diminuíram até se tornarem deficits.
As potências europeias, antes deficitárias, haviam se tornado superavitárias.
Esse novo contexto não apenas impedia os Estados Unidos de acumular mais reservas de ouro (mesmo que
limitadas), mas também favorecia o escoamento de dólares para os mercados globais, que poderiam ser
utilizados pelos outros países para derrubar o sistema caso eles desconfiassem que a conversibilidade já
não podia ser mantida. Nesse sentido, foi a vez de os Estados Unidos implementar controles sobre os fluxos
de capital, sobretaxando as importações na tentativa de reduzir os déficits comerciais.

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De certa forma, ao aplicar medidas restritivas para aliviar as pressões sobre o sistema, os Estados Unidos
admitiam a gravidade do problema do dólar. Apesar disso, o governo norte-americano mostrava não lidar
com as causas, e sim apenas com os sintomas.
Para enfrentar as causas, seria necessário reformar o sistema de Bretton Woods, o
que poderia implicar uma perda de relevância para o dólar como moeda de reserva
internacional.
O funcionamento do sistema foi mantido por meiode iniciativas de cooperação internacional. Em 1962 e
1963, o Federal Reserve:

Negociou acordos de swap nos quais os bancos centrais estrangeiros concediam empréstimos de suas
moedas.

Retomou intervenções no mercado de câmbio à vista pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
No âmbito comercial, o governo norte-americano pressionava os governos estrangeiros a estimular
importações oriundas dos Estados Unidos para incentivar as exportações norte-americanas e minimizar os
deficits comerciais. Os governos estrangeiros deram sustentação ao sistema e ao dólar tanto pela posição
norte-americana, que ainda era de superioridade, quanto pelo fato de não havia consenso sobre qual
sistema poderia substituir os acordos de Bretton Woods da melhor forma.
Início da década de
1960
Presidente dos Estados
Unidos, Dwight Eisenhower
assina um decreto proibindo
cidadãos norte-americanos
de manter ouro no exterior.
1961
No governo seguinte (de John
F. Kennedy), esse decreto é
complementado para proibir
que cidadãos norte-
americanos guardem moedas
de ouro.
1965
São adotadas restrições
voluntárias sobre as
concessões de empréstimos
de bancos comerciais norte-
americanos ao exterior.
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A disposição de governos e bancos centrais estrangeiros não era, no entanto, ilimitada. Embora não
desejassem o colapso do sistema, eles temiam que as medidas necessárias para sustentá-lo se tornassem
inaceitáveis. Não havia uma solução clara para contornar o problema do dólar, assim como não existia
interesse político por parte dos Estados Unidos em reformar o sistema.
Uma medida para aliviar a situação era clara desde o início:
Desvalorizar o dólar em relação ao ouro. E como isso foi feito?
Elevando a paridade de 35 dólares para cada onça troy de ouro.
Essa medida aliviaria momentaneamente a situação das contas externas, mas poderia ocasionar uma crise
de credibilidade para o Federal Reserve. Caso a paridade fosse alterada uma vez, não havia motivo para
esperar que ela não seria modificada novamente.
Os demais países, cujas reservas eram denominadas em dólares, correriam para
convertê-las em ouro antes que novas desvalorizações ocorressem. Resultado:
essa corrida acabaria por colapsar o sistema.
1971 – Suspensão unilateral da conversibilidade do
dólar em ouro
Em agosto de 1971, após rumores de que França e Reino Unido converteriam parte de suas reservas em
dólar por ouro, o governo do presidente Nixon anunciou a suspensão unilateral da conversibilidade do dólar
em ouro.
Ou seja, o governo dos Estados Unidos abandonou o compromisso de entregar ouro
a governos credores em dólares pelo preço que fosse.
Comentário
É importante notar que essa decisão não foi tomada em consulta ao Fundo Monetário Internacional. O
controle dos Estados Unidos sobre essa instituição era tanto que o Fundo foi apenas comunicado da
decisão quando ela entrou em vigor.
Resposta 
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Apesar dessa decisão, o problema não havia sido extinguido. Os Estados Unidos continuavam com
elevados deficits no balanço de pagamentos. Pensando nisso, algumas atitudes foram tomadas. Os
Estados Unidos, por exemplo:
As principais moedas restantes, como o franco suíço, o iene japonês e o marco alemão, valorizaram suas
moedas para favorecer as exportações norte-americanas. Essas medidas, no entanto, não se mostraram
suficientes. Ainda havia um elevado grau de escoamento de dólares para o mercado internacional.
O aumento contínuo na oferta de dólares no mercado internacional fazia com que os bancos centrais
estrangeiros enxugassem essa liquidez em dólares em troca de um aumento da oferta de moedas
nacionais. Esse aumento na oferta de moeda, por sua vez, resultava em alta inflação.
1973 – Colapso do sistema de Bretton Woods
Nesse período, os governos já não estavam mais dispostos a aceitar taxas de inflação elevadas. Os Estados
Unidos tampouco estavam mais perto de restaurar a conversibilidade.
Em uma economia na qual era cada vez mais difícil controlar os fluxos internacionais, os governos
decidiram, um por um, retomar a autonomia de suas políticas monetárias:
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Elevando taxas de juros para controlar a inflação.
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Liberalizando os fluxos de capitais.
Impuseram uma sobretaxa de 10% sobre as importações, pressionando os outros países a
valorizar suas moedas.
De forma negociada, se comprometeram a desvalorizar o dólar em 8%.
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Aderindo a um sistema de câmbio flutuante.
Os principais países industrializados permitiram que suas taxas de câmbio flutuassem em relação ao dólar
em março de 1973, marcando o colapso do sistema de Bretton Woods e o fim de taxas de câmbio fixas a
nível globalizado.
Instituições de Bretton Woods
Neste vídeo, apresentaremos as instituições do sistema de Bretton Woods.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Di�culdades na implementação da conversibilidade
20 min.
A relação entre demandas dos trabalhadores e controles de capital
20 min.
O �m do sistema
20 min.
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MÓDULO 2
Vem que eu te explico!
Di�culdades na implementação da conversibilidade
20 min.
A relação entre demandas dos trabalhadores e controles de capital
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os países europeus apresentaram sérias dificuldades para restaurar a conversibilidade em relação ao dólar
após o fim da Segunda Guerra Mundial. Medidas extraordinárias precisaram ser tomadas por eles para
contornar essas dificuldades. Uma dessas medidas foi:
A
Os países europeus apresentaram sérias dificuldades para restaurar a conversibilidade
em relação ao dólar após o fim da Segunda Guerra Mundial. Medidas extraordinárias
precisaram ser tomadas por eles para contornar essas dificuldades. Uma dessas medidas
foi:
B
a criação da União Europeia de Pagamentos para facilitar compensações nas transações
correntes.
C a criação de uma moeda única, o Euro, que não precisava ser lastreada em dólar.
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D
o rompimento precoce dos acordos de Bretton Woods que nem chegaram a entrar em
vigor.
E a elevação das taxas de juros para atrair o capital que fluía para os Estados Unidos.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Os países europeus criaram a União Europeia de Pagamentos com o intuito de estabelecer um
mecanismo de compensações e, ao mesmo tempo, promover uma liberalização regional do
comércio, incentivando as exportações e reduzindo as restrições externas dos países europeus.
Questão 2
Durante o período em que esteve em vigência, o sistema de Bretton Woods acumulou desequilíbrios que
pareciam se tornar insustentáveis no longo prazo. A respeito do efetivo colapso desse sistema, é possível
afirmar que ele foi o resultado de:
A negociações que asseguraram um abandono coordenado do regime de câmbio fixo.
B
fortes movimentos especulativos que, culminados em um único dia, abalaram os
mercados internacionais e levaram à suspensão emergencial da conversibilidade.
C uma decisão unilateral dos Estados Unidos em abandonar a conversibilidade do dólar.
D
conversões realizadas pelo Reino Unido e pela França que acabaram por zerar as reservas
de ouro dos Estados Unidos.
E
uma fuga para a libra esterlina diante da percepção internacional de que o dólar já não
detinha mais qualquer valor.
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Considerações�nais
Vimos neste conteúdo que os anos nos quais o sistema de Bretton Woods estava em vigor como regime
monetário internacional constituíram um período de forte crescimento econômico e reconstrução de uma
nova ordem mundial após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, eles também foram um período marcado
por frequentes instabilidades monetárias e desequilíbrios nos balanços de pagamentos de muitas nações.
Curiosamente, as soluções para as dificuldades iniciais dos países europeus em se adaptar ao sistema
foram responsáveis por gerar as condições de desequilíbrio que, em última instância, ocasionaram o seu
colapso. O Bretton Woods, afinal, era instável quando os Estados Unidos apresentavam tanto superavit
comercial, pois isso gerava escassez de dólares nos mercados globais, quanto deficit comercial, o que
suscitava dúvidas quanto à conversibilidade do dólar em ouro.
A ausência de um mecanismo de ajuste automático que promovesse equilíbrio do balanço de pagamentos,
desse modo, tornou o sistema insustentável em longo prazo.
Podcast
Neste podcast, apontaremos algumas constatações a respeito de Bretton Woods que serviram como lição
para os anos posteriores.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O fim do sistema de Bretton Woods foi marcado pela decisão do então presidente norte-
americano Nixon de suspender unilateralmente a conversibilidade do dólar em ouro. O sistema
finalmente chegou ao fim quando os principais países industrializados decidiram deixar suas
moedas flutuarem em relação ao dólar.

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Referências
EICHENGREEN, B. A globalização do capital. São Paulo: 34, 2000.
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Você pode aprofundar seus conhecimentos consultando este livro:
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. 10. ed. Economia internacional. São Paulo: Pearson Education, 2015.
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