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Fundamentos de Biologia Aplicados à Educação Física Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Celio Kenji Miyasaka Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular • A Organização • Água • Proteínas • Ácidos Nucleicos • Lipídeos • Carboidratos · Abordar as moléculas que constituem as células dos seres vivos, suas estruturas e funções. · Compreender a importância de algumas moléculas indispensáveis à vida. OBJETIVO DE APRENDIZADO Caro(a) aluno(a), Nesta Unidade discutiremos e aplicaremos os conceitos mais importantes das principais moléculas constituintes dos seres vivos. Ao estudar tais moléculas, você notará a importância de compreender a maneira com que essas moléculas interagem entre si para formar as estruturas maiores e como são importantes na manutenção da vida. Assim, o principal objetivo desta Unidade é lhe proporcionar a capacidade de identificar as biomoléculas e suas diferentes funções nos fenômenos do nosso dia a dia. Bom estudo! ORIENTAÇÕES As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Contextualização Caro(a) aluno(a), Nesta Unidade abordaremos as biomoléculas, quais são e a importância das funções específicas dessas organelas. Iniciaremos nossos estudos comentando alguns polímeros, a água, as proteínas e os aminoácidos, as enzimas, os ácidos nucleicos, os ácidos graxos e finalizaremos com os carboidratos. Assim, o foco desta Unidade é levar-nos a compreender as biomoléculas nos aspectos mais importantes dos seres vivos. Bom estudo! 6 7 A Organização Conceitos Fundamentais As biomoléculas que discutiremos na presente Unidade compõem a grande parte do conteúdo celular, sendo que tais moléculas são constituídas principalmente pelos átomos de hidrogênio, carbono, oxigênio e nitrogênio. As biomoléculas são polímeras, ou seja, são constituídas por unidades – monômeros – que se repetem diversas vezes, como se compusessem um colar de bolinhas ou contas, onde cada bolinha se repete para formar o colar por inteiro. Assim como em um colar, nessa biomolécula temos a possibilidade de que tal colar seja formado por apenas um tipo de molécula ou de uma única cor de bolinha. Nesse caso, teremos a formação de homopolímero (homo = igual), assim teríamos a repetição dessa molécula ou bolinha por diversas vezes. Em nosso organismo temos o exemplo da molécula de glicogênio, formada apenas por uma sequência de moléculas de glicose. O glicogênio é armazenado nos músculos e no fígado, de modo que quando estamos entre uma e outra refeição, o glicogênio do fígado, aos poucos, libera as moléculas de glicose que foram usadas para formá-lo, então essa glicose na circulação sanguínea é utilizada para os seus processos vitais. Outra possibilidade é que a nossa biomolécula seria formada por diversos tipos de moléculas. Assim, o colar seria constituído por bolinhas de diversas cores. Há uma particularidade em ambos os casos, no colar de contas a nossa tendência seria formar uma sequência agradável ao gosto pessoal, mesmo que essa preferência seja em colocar as cores aleatoriamente – ao acaso. Na nossa biomolécula isso não ocorre, a sequência das diferentes unidades – monômeros – é previamente definida e sofre alterações de vez em quando, mas de modo geral, é sempre a mesma repetição. Entre os biopolímeros temos como exemplo as proteínas – polímeros – que são formadas pelos aminoácidos. As proteínas constituem a classe de compostos com a maior variação conhecida, podendo ter em sua constituição mais de vinte tipos diferentes de aminoácidos. Outro biopolímero importante diz respeito aos polissacarídeos, como citamos quando do exemplo da glicose formando o glicogênio. Temos ainda os ácidos nucleicos, mais conhecidos como Ácido Desoxirribonucleico (DNA) E Ácido Ribonucleico (RNA), constituídos por nucleotídeos – monômeros. Algumas outras moléculas com igual importância para o nosso organismo são a água, os lipídeos, os sais minerais e as vitaminas que não são polímeros. 7 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Água A água é a molécula mais abundante e importante da célula, é formada por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio. A ligação desses átomos H – O – H não se faz de modo simétrico – linear –, mas de modo assimétrico – não linear. Figura 1 – Representação esquemática da estrutura molecular da água. Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images A ligação entre os diferentes átomos ocorre através dos elétrons que são compartilhados, porém esse compartilhamento não é igual, de modo que o átomo de oxigênio atrai mais os elétrons. Assim, ficam mais próximos do oxigênio que dos hidrogênios. Além disso, como os hidrogênios se ligam à água de modo a formar um ângulo, isso faz com que haja uma distribuição de forças – vetores – que formam polos, sendo que o polo negativo se localiza no lado do oxigênio. HH O �+ �+ �- HH O HH O � r � � � r≠0 Figura 2 – Representação esquemática da distribuição vetorial de forças na molécula de água. Fonte biowoohoo.blogspot.com.br 8 9 Desse modo, a água é um composto polar – possui polos – e faz com que possa solubilizar – tornar solúvel – outros compostos que possuem afinidade com a água, tais como os carboidratos, os ácidos nucleicos, as proteínas e ainda uma grande variedade de sais que, quando em solução aquosa – solução com água –, possam formar íons como, por exemplo, o sal de cozinha (NaCl) que, na água, seus cristais de sal se ionizam formando o Na+ e o Cl-. Essa série de compostos pode ser também chamada de hidrofílicos – “amigos da água”. Do lado oposto existem os compostos hidrofóbicos, os quais possuem poucos grupos polares e a maior parte de grupos apolares, fazendo com que possam repelir água. Como exemplos temos os lipídeos – óleos e gorduras – e a parafina. Existem ainda compostos com ambas as características, chamados de moléculas anfipáticas (anfi = duas), ou seja, são moléculas tanto solúveis em água – polares –, quanto solúveis em óleos – apolares –, tais como detergentes e sabões. Proteínas As proteínas são constituídas por unidades menores, os aminoácidos, estes que são formados, principalmente, pelos elementos carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e enxofre. As proteínas não devem ser vistas apenas como a nossa massa muscular, que pode compor ao redor de dez a doze quilos do peso corporal – em um homem com setenta quilos, por exemplo –, mas também os demais tecidos do corpo, como a pele, parte dos ossos – colágeno –, sangue, unhas, cabelos e outros tecidos. Os aminoácidos são formados por um átomo central de carbono, denominado carbono alfa, pois faz quatro ligações diferentes, as quais: · Agrupamento amina (-NH2); · Agrupamento carboxila (-COOH); · Hidrogênio; · Cadeia lateral: (R = radical) que é diferente para cada um dos vinte aminoácidos, de modo que cada aminoácido possui a sua própria cadeia lateral. A presença dos agrupamentos amina e carboxila dá o nome ao composto aminoácido (amina + ácido carboxílico). 9 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular H2O C COOH H R Figura 3 – Representação esquemática da estrutura geral do aminoácido. OHH OH N C C H R Figura 4 – Representação esquemática da estrutura geral do aminoácido. A ligação entre o agrupamento carboxila de um aminoácido 1 e o agrupamento amino do aminoácido 2 libera uma molécula de água e forma uma ligação denominada ligação peptídica. H3N + C� H R1 C O- O + H2O R2 O-H N+ H H C� H C O R1 O-H3N + H H Ligação Peptídica CC� R2 H C� O N C O Figura 5 – Representação esquemática da estrutura geral de uma ligação peptídica 10 11 H3N + C H COO- H Glicina H3N + C H COO- CH3 Alanina H2N + C COO- Prolina CH2 O H2C CH2 H3N + C H COO- CH CH3 COO- Valina CH3 H3N + C H COO- CH2 CHCH3 COO- Leocina CH3 H3N + C H H C CH3 COO- CH2 CH3 COO- Isoleucina H3N + C H COO- CH2 CH2 S COO- Metionina CH3 Apolares e Alifáticos Figura 6 – Representação esquemática dos vinte aminoácidos Quando ingerimos alimentos que contêm proteínas, estas são degradadas pelo processo digestório até originarem os aminoácidos, de modo que somente os aminoácidos atingem a nossa circulação sanguínea. Depois disso, tecidos como o fígado e os músculos captam esses aminoácidos que vieram da nossa alimentação e formam novas proteínas, mas pode acontecer de que em uma refeição nem todos os aminoácidos sejam ingeridos, então enzimas do fígado e dos músculos podem transformar alguns aminoácidos em outros. Porém, o nosso organismo não consegue produzir – sintetizar – certos aminoácidos, os quais são chamados de aminoácidos essenciais, de modo que é fundamental ingerirmos tais aminoácidos em quantidade suficiente. Na prática, o que o organismo não sintetiza é a cadeia lateral dos aminoácidos essenciais. 11 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Aminoácidos Essenciais Não-Essenciais Fenilalanina Ácido Aspártico Histidina Ácido Glutâmico Isoleucina Alanina Leucina Arginina Lisina Asparagina Metionina Cisteína Treonina Glicina Triptofano Glutamina Valina Prolina Serina Tirosina Quadro 1 - Aminoácidos essenciais e não essenciais As proteínas possuem um grau de organização para que possam ser classificadas adequadamente. A estrutura primária de uma proteína é definida como o número de aminoácidos, a natureza – polar, apolar etc. – e a sequência desses. Desse modo, duas proteínas podem ter o mesmo número de aminoácidos que tenham a mesma natureza, porém, a sequência é diferente, neste caso estamos diante de proteínas diferentes. Ser Tir Ser Mei Glu His Pro Lis Gli Trp Arg Fen Val Gli Lis Lis Arg Arg Pro Tir Val Lis Val Pro Asp Ala Gli Glu Asp Gln Pro Fen Ala Glu Ala Ser Leu Glu Fen Figura 7 – Representação esquemática da estrutura primária da proteína 12 13 Conforme os aminoácidos vão se unindo pelas ligações peptídicas, a proteína vai adquirindo uma forma que pode ser a de uma escada em caracol – alfa hélice –, ou de uma folha dobrada em forma de zigue-zague – folha beta pregueada –, de modo que as formas de alfa hélice e de folha beta pregueada configuram a estrutura secundária das proteínas. Figura 8 – Representação esquemática da estrutura secundária da proteína. Fonte: biowoohoo.blogspot.com.br Conforme a proteína vai ficando maior, as cadeias vão se dobrando umas sobre as outras, em uma conformação tridimensional, geralmente na forma globulosa. Então alguns aminoácidos em uma região da cadeia da proteína passam a interagir ou mesmo a se ligarem com outros aminoácidos em outra parte da cadeia. Aminoácidos como a cisteína se ligam com uma outra cisteína em outra parte da cadeia, formando uma ligação com os átomos de enxofre, denominada ligação dissulfeto (S-S); aminoácidos com cargas negativas em uma região da proteína são atraídos pelas cargas positivas de outra região, formando grampos, ou ainda aminoácidos com cargas negativas ou positivas em uma região da proteína, de modo que são repelidos pelas cargas negativas ou positivas de outra região, formando alças. Tais dobramentos na cadeia proteica são denominados estrutura terciária da proteína. Figura 9 – Representação esquemática da estrutura secundária da proteína Fonte: biowoohoo.blogspot.com.br Grande parte das proteínas é composta por várias subunidades ou cadeias proteicas. O modo com que essas várias cadeias proteicas se inter-relacionam é denominado estrutura quaternária, o que não implica que essa proteína tenha quatro cadeias ou subunidades. 13 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Figura 10 – Representação esquemática da estrutura quaternária da hemoglobina Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br Existe uma categoria diferenciada das proteínas denominadas enzimas. As enzimas são moléculas que aceleram as reações químicas, são catalisadores biológicos. Tal dinâmica de aceleração das reações químicas ocorre tanto nos processos de síntese, como também na degradação das moléculas. As moléculas que sofrem a ação das enzimas são os substratos que, após essa ação, formam os produtos. A ligação entre uma enzima e um substrato ocorre em uma região específica da enzima, que é o sítio ativo ou sítio catalítico. O tamanho de uma enzima é muito maior que o tamanho do substrato e ocorre de uma maneira muito própria. Assim, geralmente existe uma grande especificidade entre uma enzima e uma molécula – substrato. Esse tipo de especificidade é denominado mecanismo chave-fechadura. Do mesmo modo que existe a especificidade entre a chave e a porta da sua residência, pode até ser que a sua chave entre na fechadura de outra porta, porém, muito raramente travará ou destravará essa nova porta. Figura 11 – Representação esquemática da enzima – sacarase –, do substrato – sacarose (açúcar de cozinha) –, ligação no sítio ativo e formação dos produtos Fonte: lucianecantalicebiologia.blogspot.com.br A maior parte das enzimas não funciona sozinha, ou seja, há a necessidade de haver mais algum elemento para o funcionamento da enzima. Este composto auxiliar é denominado cofator, que pode ser um íon metálico como o cobre, o ferro, o magnésio, o zinco e vários outros, ou ainda outras moléculas – coenzimas –, tais como as vitaminas do complexo B: B1 ou tiamina, B2 ou riboflavina, B3 ou niacina, B5 ou ácido pantotênico, B6 ou piridoxina, B7 ou biotina, B9 ou ácido fólico, B12 ou cobalamina. Tais vitaminas são obtidas quando ingerimos os seguintes alimentos: Tiamina: cereais integrais, leite, ovos, carne vermelha e fígado. 14 15 Riboflavina: vegetais, grãos, leveduras, leite e derivados, carne, fígado e síntese por bactérias intestinais. Niacina: leite e derivados, germe de trigo, gema de ovo, carne e fígado. Ácido pantotênico: carnes vermelhas, fígado, rins, germe de trigo, brócolis, batata e tomate. Piridoxina: vegetais, grãos integrais, germe de trigo, leite, ovos, fígado e carne. Biotina: vegetais – principalmente legumes – e carne. Ácido fólico: vegetais folhosos, nozes, legumes, laranjas, grãos integrais, milho, amendoim e miúdos. Cobalamina: leite e ovos, fígado, músculos, produção por bactérias intestinais. Como podemos perceber, pela listagem anterior é importante termos uma alimentação bem variada, incluindo vegetais, cereais, carnes, leite, ovos etc., a fim de que esses alimentos nos forneçam as coenzimas e os cofatores necessários ao funcionamento adequado de nosso organismo. Alguns substratos podem diminuir a atividade de uma enzima, de modo que esses compostos são os inibidores enzimáticos, ou seja, substratos que diminuem a atividade das enzimas. Tal inibição pode ser o resultado da interação entre um substrato e o centro ativo ou o substrato que altera a forma da enzima – estado conformacional. Quando um substrato estranho – mas com estrutura semelhante – se liga ao centro ativo de uma enzima, impede que o substrato original se ligue ao sítio ativo. O encaixe com o substrato estranho ou original ocorre ao acaso, de modo que se aumentarmos a concentração do substrato original, aumentaremos também a possibilidade de que esse substrato se encaixe na enzima e, portanto, voltamos à atividade normal da enzima. Nesse tipo de inibição os substratos originais e estranhos competem pela enzima, processo esse denominado inibição competitiva. Outra possibilidade é que um substrato estranho – não necessariamente com estrutura semelhante – interaja com o substrato em local que não é o centro ativo, portanto, não se trata de inibição competitiva. Contudo, essa interação altera a forma da enzima, fazendo com que não haja o encaixe perfeito da enzima com o substrato original, provocando então a diminuição da atividade enzimática. Nessa situação, para que a enzima volte à sua atividade normal,o aumento da concentração do substrato original não resolve o problema, sendo solucionado apenas com a retirada do substrato estranho. Cada enzima possui localização própria dentro das células, de modo que as enzimas podem estar localizadas na face interna das membranas, no citoplasma, no núcleo, ligadas à alguma organela – mitocôndria, complexo de Golgi etc. –, ou ainda específicas de cada tecido, por exemplo, fígado, glândulas salivares, pâncreas etc. 15 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Ácidos Nucleicos Os ácidos nucleicos são moléculas grandes – macromoléculas –, constituídas pela polimerização de unidades monoméricas menores que os nucleotídeos. Os ácidos nucleicos são muito importantes, pois são os que controlam toda a informação genética, o controle e a transmissão aos descendentes. Além disso, esta informação é decodificada para que o organismo sintetize as proteínas. Os ácidos nucleicos existem sob a forma de Ácidos Desoxirribonucleico (DNA) e Ribonucleico (RNA). Cada nucleotídeo, por sua vez, é formado por três partes: · O carboidrato do grupo das pentoses – monossacarídeos com cinco átomos de carbono; · O radical fosfato -PO4-; · A base orgânica nitrogenada. As bases orgânicas nitrogenadas de anel duplo são as bases púricas (adenina = A e guanina = G), enquanto bases de anel simples são as piri- mídicas (timina = T, citosina = C e uracila = U). Como Funciona o DNA Nucleotídeos Fosfato Açucar Base (primidina) Fosfato Açucar Base (purina) Figura 12 – Representação esquemática das bases púricas e pirimídicas A fita de DNA é uma dupla fita torcida no próprio eixo. Imagine uma escada de cordas, como aquelas usadas em missões de resgate com helicópteros que não podem pousar no local. Assim, as duas laterais da escada – cordas – são compostas pela molécula de fosfato e pela pentose – açúcar de cinco carbonos – e os degraus da escada são compostos pelas bases nitrogenadas, sendo cada degrau composto por duas bases, de um lado uma purina e do outro, uma pirimidina, de modo que o pareamento fica adenina-timina e guanina-citosina, respectivamente purina-pirimidina. 16 17 Como Funciona o DNA Junção de Nucleotídeos de Base Molécula de Fosfato Bases de Nitrogênio Molécula de Açucar Desoxirribose Molécula de Açucar Desoxirribose Coluna Vertebral Açucar-Fosfato Coluna Vertebral Açucar-Fosfato Figura 13 – Representação esquemática do pareamento das bases púricas e pirimídicas no DNA. Figura 14 – Representação esquemática do pareamento das bases púricas e pirimídicas: adenina-timina e guanina-citosina no DNA. A fita de RNA é uma fita simples que foi copiada originalmente de um dos lados da fita de RNA. Nessa não temos a timina e a adenina pareia com a uracila, então o pareamento fica adenina-uracila e guanina-citosina, respectivamente purina-pirimidina. Existem três tipos de RNA que exercem funções específicas, embora muito integradas umas às outras: tRNA ou RNAt, o RNA de transferência; mRNA ou RNAm, o RNA mensageiro; e rRNA ou RNAr, o RNA ribossômico, este último forma os ribossomos. 17 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular O mRNA – RNA mensageiro – é sintetizado a partir de um fragmento – parte – do DNA, esse processo é denominado transcrição, pois possui uma sequência de nucleotídeos onde três específicos – anticódon – correspondem a um aminoácido próprio. Nucleobases Base Pair Helix Of Sugar-Phosphates Nucleobases Of RNA Cytosine C NH2 ONH N Guanine G O NH2 N NH N H N Adenine A H2N N N N H N Uracil U O NH ONH Figura 15 – Representação esquemática das bases púricas na fita de RNA pirimídicas Quadro 2: Representação dos nucleotídeos e seus respectivos aminoácidos Primeira base Segunda base Terceira baseU C A G U UUU UUC UUA UUG Fen Leu UCU UCC UCA UCG Ser UAU UAC UAA UAG Tir Film UGU UGC UGA UGG Cis Fim Trp U C A G C CUU CUC CUA CUG Leu CCU CCC CCA CCG Pro CAU CAC CAA CAG His Gin CGU CGC CGA CGG Arg U C A G A AUU AUC AUA AUG Ile Met ACU ACC ACA ACG Tre AAU AAC AAA AAG Ans Lis AGU AGC AGA AGG Ser Arg U C A G G GUU GUC GUA GUG Val GCU GCC GCA GCG Ala GAU GAC GAA GAG Asp Glu GGU GGC GGA GGG Gli U C A G 18 19 O tRNA é o RNA que transportará o aminoácido específico, determinado pela sequência de três bases de nucleotídeos no mRNA, processo de sintetizar uma proteína – veremos nas próximas unidades. Contudo, os nucleotídeos tRNA – códon – no local de encaixe correspondem às sequências complementares ao mRNA, de modo que o tRNA é sintetizado a partir de um fragmento – parte – do DNA, processo esse denominado transcrição. Figura 16 – Representação esquemática do tRNA. Fonte: viveromundohoje.blogspot.com.br O rRNA é o RNA ribossômico, sintetizado a partir de um fragmento – parte – do DNA, processo esse denominado transcrição. É o componente primário dos ribossomos, estes que são as organelas responsáveis pela síntese de proteínas das células. O rRNA constitui a maioria do RNA encontrado em uma célula típica, é composto por duas subunidades (18S e 25S) e recebe a fita do mRNA para a síntese das proteínas. Figura 17 – Representação esquemática do rRNA. Fonte: aprendendogenetica.blogspot.com.br 19 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Figura 18 – Representação esquemática do ribossomo ligado à fita do mRNA. Fonte: biologianet.uol.com.br Lipídeos Os lipídeos compõem uma classe de compostos que têm como característica básica a insolubilidade em água e solubilidade em solventes apolares – éter, álcool etc. Entre os quais, pode-se destacar os óleos, as gorduras, as ceras, o colesterol, as vitaminas lipossolúveis e diversos outros. Os óleos e as gorduras podem compor cerca de 95% dos lipídeos da nossa alimentação, dado que são constituídos por uma molécula de glicerol – possui três carbonos – que está ligada a outras três moléculas de ácidos graxos. O termo ácido graxo também pode encontrado como acil, assim, três (tri) moléculas de ácido graxo (acil) ligadas ao glicerol nos dá a formação da molécula de triacilglicerol, nome que pode soar um tanto estranho, porém, você já deve ter ouvido o termo triglicerídeos, então esses dois nomes – triacilglicerol e triglicerídeo – correspondem à mesma substância, todavia, o mais indicado é utilizar triacilglicerol. Figura 19 – Representação esquemática da estrutura do triacilglicerol Fonte: educacao.globo.com Os ácidos graxos são cadeias carbônicas não ramificadas, de tamanhos variáveis e geralmente com número par de carbonos. Em uma de suas extremidades há um agrupamento químico de ácido carboxílico (COOH), essa extremidade é o carbono de número 1 e possui a característica de ser hidrofílica – solúvel em água. O restante da cadeia carbônica é hidrofóbico – insolúvel em água. 20 21 Figura 20 – Representação esquemática da estrutura do ácido graxo Fonte: www.infoescola.com Os lipídeos são moléculas importantes no funcionamento da célula. O triacilglicerol é uma fonte fundamental de reserva energética, isolante térmico e protetor de órgãos contra impactos. Outro lipídeo relevante é o fosfolipídeo, cuja principal função é ser componente de todas as membranas, incluindo as membranas das organelas celulares. A membrana plasmática ou membrana celular é composta por uma bicamada – duas camadas – fosfolipídica, que envolve todas as células, delimitando intracelulares e extracelulares. A membrana celular é composta por fosfolipídeos que possuem a estrutura semelhante ao tracilglicerol, tendo uma molécula de glicerol onde se ligam duas moléculas de ácidos graxos. Na outra ligação, ao invés de termos o ácido graxo, figura uma molécula de fosfato – (-PO4-) por isso fosfolipídeo – e há ainda outro agrupamento ligado ao fosfato, que pode ser uma etanolamina, de modo que esse fosfolipídeo é a fosfatidiletanolamina. Há outras moléculas também ligadas ao fosfato, tais como colina formando a fosfatidilcolina,serina formando a fosfatidilserina, glicerol formando o fosfatidilglicerol e inositol formando o fosfatidil inositol. As duas moléculas dos ácidos graxos dos fosfolipídeos não possuem carga, são apolares, porém o fosfato e o agrupamento extra do fosfolipídeo possuem carga e são polares. Figura 21 – Representação esquemática da estrutura do fosfolipídeo Fonte: Wikimedia Commons 21 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular As membranas celulares são ricas em colesterol. Níveis elevados de colesterol sanguíneo são, de fato, inimigos de seu coração, porém, níveis muito baixos de colesterol sanguíneo podem desestabilizar as membranas e as romperem. Ademais e a partir dessa molécula, o organismo pode sintetizar outros compostos que são vitais à nossa saúde, tais como vitamina D, cortisona e aldosterona, além de outras moléculas, como a testosterona, o estradiol e a progesterona, os quais são hormônios sexuais masculino e feminino, respectivamente. Figura 22 – Representação esquemática da molécula de colesterol e seus derivados Fonte: blogdoenem.com.br Os fosfolipídeos são componentes das membranas celulares, formando a bicamada, onde a porção hidrofílica se dispõe para o lado externo – meio extracelular – e para o meio interno – meio intracelular –, a porção hidrofóbica permanece voltada ao interior da membrana – meio hidrofóbico. Figura 23 – Representação esquemática da estrutura da membrana celular Fonte: Wikimedia Commons Carboidratos Os carboidratos são moléculas que, em sua composição básica, possuem carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O). Como o próprio nome desses compostos já nos fornecem uma ideia, a fórmula estrutural básica dessas moléculas é de carbono e água (CH2O), na prática, Cn(H2O)n, onde n é um número que multiplica o número de carbonos e também a molécula de água como um todo. Assim, se n = 6, temos C6H12O6, que também podem ser conhecidos como hidratos de carbono. 22 23 Essa classe de compostos forma a maior biomassa do Planeta, pois constitui a cobertura vegetal – celulose (polissacarídeo) –, além de compor algas, bactérias etc. Tais organismos utilizam luz solar, água e carbono da atmosfera (CO2) e, através de um processo conhecido como fotossíntese, produzem os carboidratos que são mais conhecidos como açúcares. Figura 24 – Representação esquemática da celulose Fonte: earobertamarques.blogspot.com.br Os carboidratos possuem diversas funções no organismo, podendo ser fonte ou reserva de energia; componentes estruturais de parede celular vegetal e bacteriana e ainda unidades para a formação de DNA e RNA. Os carboidratos que nos servem como principais fontes diretas de energia são a glicose, a frutose – açúcar das frutas – e a galactose – açúcar do leite. No entanto, ingerimos pouca glicose – ingestão direta –, mas ingerimos uma grande quantidade de amido, que é uma molécula formada pela união de inúmeras moléculas de glicose. No trato digestório, o amido é hidrolisado – quebrado/fragmentado – até formar a glicose, esta que é absorvida, estando então pronta para ser utilizada em todos os processos metabólicos. As moléculas de glicose que não são utilizadas imediatamente como fonte de energia, passam a ser armazenadas no fígado e nas fibras musculares esqueléticas sob a forma de glicogênio, que é uma molécula – polissacarídeo (poli = muitos) – formada pela união das moléculas de glicose, de modo que glicogênio/glicose é a nossa principal fonte de energia durante o exercício físico. Figura 25 – Representação esquemática dos carboidratos Fonte: portalfisionutri.wordpress.com 23 UNIDADE As biomoléculas: bases moleculares da constituição celular Figura 26 – Representação esquemática do polissacarídeo amido Fonte: earobertamarques.blogspot.com.br Figura 27 – Representação esquemática do polissacarídeo glicogênio Fonte: earobertamarques.blogspot.com.br Ingerimos também uma grande quantidade de carboidratos na forma de dissacarídeos, formados por duas moléculas de carboidrato. Nesse caso, temos a sacarose – açúcar de cozinha –, formada pela união de uma molécula de glicose e uma de frutose, a maltose – açúcar dos cereais –, formada pela união de duas moléculas de glicose e a lactose – açúcar do leite –, formada pela união de uma molécula de glicose e uma de galactose. Figura 28 – Representação esquemática dos dissacarídeos Fonte: estudonodiario.blogspot.com.br 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Introdução à Bioquímica – aula 10 – parte 1 – células e compartimentalização em sistemas Univesp TV https://goo.gl/m61zL8 Introdução à Bioquímica – aula 10 – parte 2 – células e compartimentalização em sistemas Univesp TV https://goo.gl/NvHq83 Introdução à Bioquímica – aula 10 – parte 3 – células e compartimentalização em sistemas Univesp TV https://goo.gl/8tE94N Introdução à Bioquímica – aula 10 – parte 4 – células e compartimentalização em sistemas Univesp TV https://goo.gl/uc25tV Introdução à Bioquímica – aula 10 – parte 5 – células e compartimentalização em sistemas Univesp TV https://goo.gl/nQ8PEz 25 Referências BERG; TYMOCZKO. Bioquímica. 7. ed. [S.l.: s.n.], 2014. JUNQUEIRA; CARNEIRO. Histologia básica. 12. ed. [S.l.: s.n.], 2013. PITHON-CURI. Fisiologia do exercício. [S.l.: s.n.], 2013. 26
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