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Fundamentos de biologia aplicados à Educação Física

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Fundamentos de 
Biologia Aplicados à 
Educação Física
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Celio Kenji Miyasaka
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco 
O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
• Conceitos Fundamentais
• A Unidade Básica da Vida – Os Tipos Celulares
• Estruturas Celulares – Organelas e suas Funções
Os objetivos desta Unidade são:
 · Abordar os conceitos de organização das estruturas, as unidades dos 
seres vivos, os tipos de organismos, as organelas das células e as 
funções específicas dessas organelas.
 · Compreender os aspectos mais importantes dos seres vivos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta Unidade discutiremos e aplicaremos os conceitos mais importantes 
das leis que regem os seres vivos.
Ao estudar os conceitos fundamentais dos seres vivos, você notará a 
importância de compreender a maneira com a qual os elementos químicos 
combinam entre si para formar as estruturas. 
As organelas e tipos celulares estudados podem ser vistos somente por 
microscópios que aumentam tais estruturas e possuem funções muito bem 
definidas. Embora tenhamos que estudar todas essas estruturas, algumas 
células e tecidos poderão apresentar certas estruturas em maior ou menor 
quantidade, conforme a função a ser desempenhada.
Assim, o principal objetivo desta Unidade é lhe proporcionar a capacidade 
de identificar as estruturas celulares e suas diferentes funções nos fenômenos 
do nosso dia a dia
ORIENTAÇÕES
O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Contextualização
Nesta Unidade abordaremos os conceitos de organização das estruturas, as 
unidades dos seres vivos, os tipos de organismos, as organelas das células e as 
funções específicas destas organelas.
Iniciaremos nossos estudos formando a ideia do tamanho das coisas e em que 
dimensão de tamanho estão as estruturas celulares e os tipos de organismos que 
veremos. Para isso, teremos que saber como essas estruturas podem ser visualizadas 
e, neste aspecto, veremos como funciona o microscópio.
Perceba que o microscópio não tem o poder de nos mostrar os átomos nem as 
moléculas, porém existem técnicas que utilizam corantes que podem se ligar/unir 
aos produtos que, por sua vez, podem ser formados, estando dentro das organelas, 
de modo que podemos concluir que determinada estrutura é responsável pela 
produção de certa molécula.
Assim, o foco desta Unidade é levar-nos a compreender os aspectos mais 
importantes dos seres vivos.
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Conceitos Fundamentais
Na natureza todas as substâncias são compostas de matéria. Na Grécia Antiga 
(Séc. IV a.C.) o filósofo Leucipo e seu discípulo Demócrito tinham em mente que 
se dividíssemos continuamente qualquer substância haveria um momento no qual 
seria impossível dividi-la novamente, ou seja, teríamos algo indivisível: o átomo (a 
= não + tomo = divisão). Ou seja, para esses pensadores o átomo era o menor 
componente de toda a matéria existente. O átomo constitui a menor partícula de 
um elemento e atualmente sabemos que existem partículas menores que o átomo, 
as partículas subatômicas.
Quando átomos do mesmo ou diferentes elementos se combinam, é formada 
uma molécula. Por exemplo, dois átomos de oxigênio se combinam para formar 
uma molécula de oxigênio O2, ou ainda, um átomo de carbono se combina com 
dois átomos de oxigênio para formar uma molécula de dióxido de carbono CO2. 
Note que o número 2 – índice-subscrito – do CO2 e no O2 é um indicador que a 
molécula é composta por dois átomos de oxigênio e um de carbono na molécula de 
dióxido de carbono e dois átomos de oxigênio na molécula de oxigênio.
Os átomos de carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio podem formar 
moléculas como ácidos carboxílicos (-COOH), amina (-NH2), água (H2O) e outras 
mais. Essas associam-se para formar macromoléculas, tais como:
• Aminoácidos = o próprio nome já diz, amina + ácido carboxílico;
• Ácidos graxos = ácido carboxílico + -CH2 (várias unidades deste);
• Carboidratos = Cn(H20)n. Neste caso cabe uma breve explicação: o índice 
n multiplica o átomo de carbono e também cada átomo da molécula de água. 
Desse modo, se n for = 6, teremos 6x2 átomos hidrogênio = 12 átomos 
de hidrogênio e 6x1 átomo de oxigênio = 6 átomos de oxigênio. Teremos, 
então, a molécula do carboidrato como C6(H20)6 ou C6H12O6.
As várias moléculas podem associar-se por diversas combinações, formando as 
macromoléculas – grandes moléculas. Pode-se exemplificar o caso como na formação 
das proteínas – associação de aminoácidos –, o glicogênio – associação de moléculas 
de glicose (carboidratos) – e ainda o triacilcligerol – associação de três moléculas de 
ácidos graxos (triacil e ainda uma molécula de glicerol). Há ainda as mais diversas 
associações de macromoléculas formando as organelas, por exemplo, mitocôndrias, 
retículo endoplasmático, entre outras, as quais detalharemos em breve.
Note que deste ponto em diante temos que cada organela exerce uma função 
específica dentro da célula, o que definirá a função desta célula, posteriormente em 
funções específicas de tecidos, órgãos e do sistema envolvido. As várias organelas 
com funções diversificadas se organizam formando uma célula. Por sua vez, as 
células se organizam formando um tecido. Os tecidos se organizam formando um 
órgão, que pluralmente se organizam formando um sistema.
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Figura 1 – Representação esquemática do nível de organização dos seres vivos.
Membrana
serosa
Camadas
musculares
Tecido
epitelial
Fígado
Estômago
Pâncreas
Intestino delgado
Intestino grosso
Reto
Átomos
Molécula
(DNA)
Célula muscular lisa
tecido muscular liso
Estômago
Sistema digestório
Nível químico
Nível celular
Nível tecidual
Nível orgânico
Nível sistêmico
Nível organísmico
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Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
A Grandeza das Coisas
Alguns conceitos sobre átomos, moléculas, macromoléculas, organelas e células 
são, de fato, complicados de serem compreendidos, pois não são possíveis de serem 
vistos “a olho nu”; ou seja, sem o auxílio de algum tipo de equipamento que possa 
ampliar a imagem. Para tal, introduziremos mais alguns conceitos relacionados ao 
sentido de grandeza das coisas.
Tomemos como exemplo o metro: uma fita métrica ou uma trena.
A unidade métrica – metro – foi determinada e definida como um padrão, ou 
seja, se a sua altura é de um metro e setenta e cinco centímetros (1,75m), significa 
que você mede 1 metro mais 0,75 metro. Assim, tal unidade padrão que é o metro 
pode ser multiplicada ou dividida – geralmente por múltiplos de dez. Vejamos 
alguns exemplos:
1 metro = 1 m
1mx1000 = 1000m, valor que pode ser representado também como 1km (quilometro).
Se você utilizar a sua trena/fita métrica de 1 m e medir no solo a distância de 
1 m, faça uma marcação no solo e repita isso por mil vezes; então, do seu ponto 
inicial ao ponto final você terá medido 1 km, ou 1.000 m.
1m/1000 = 0,001 m, que pode ser representado também como 1mm (milímetro).
Se você utilizar uma régua, a menor marcação dessa deve ser de 1mm, de modo 
que se você medir o solo a distâncias de 1 mm, faça uma marcação inicial no solo 
e repita isso por mil vezes; então, do seu ponto inicial ao ponto final você terá 
medido 1m, ou 1.000mm.
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Assim, a unidade básica é o metro; porém, podemos tê-lo mil (1.000), um 
milhão (1.000.000) ou um bilhão (1.000.000.000) de vezes maior ou menor e 
para isso temos os nomes dessas unidades.
Nos seguintes quadros temos a ordem da grandeza e o nome da unidade quando 
multiplicamos a unidade básica:
Grandeza Unidade
1x1 = 1 metro Metro
1x1000 = 1000 metros Quilômetro (quilo = 1000 vezes maior)
Fonte: elaborado pelo professorconteudista.
Esse mesmo raciocínio do padrão de unidade você deve ter mais familiarizado 
quando utiliza um cartão de memória ou mesmo a memória de seu telefone celular 
ou computador.
Grandeza Unidade
1x1 = 1 byte Byte
1x1000 = 1000 bytes Kilobyte (quilo = 1000 vezes maior)
1x1000000 = 1000000 bytes Megabyte (mega = 1000000 vezes maior
1x1000000000 = 1000000000 bytes Gigabyte (giga = 1000000000 vezes maior)
Fonte: elaborado pelo professor conteudista.
A grandeza 1.000 pode ser representada também como 103, 1.000.000 como 
106 e 1.000.000.000 como 109.
No seguinte Quadro temos então a ordem da grandeza e o nome da unidade 
quando dividimos a unidade básica:
Grandeza Unidade
1/1 = 1 metro Metro
1/1000 = 0,001 metro Milímetro (mili = 1000 vezes menor) = 1 mm
1/1000000 = 0,000001 metro Micrômetro (micro = 1000000 vezes menor) = 1 µm
1/1000000000 = 0,000000001 metro Nanômetro (nano = 1000000000 vezes menor) = 1 nm
Fonte: elaborado pelo professor conteudista.
Uma vez que temos como medir as coisas, iremos ao tamanho das estruturas estudadas:
• Átomo = o átomo de Hélio tem 32 pm (picômetro), dado que 1 picômetro 
equivale a 1.000 nanômetros, oxigênio (130pm), cálcio (348pm) e hidrogênio 
– o átomo mais simples = 74,6pm.
• Molécula = as moléculas menores (0,2nm) e as maiores (20nm), água 
(96pm) e glicose (86nm).
• Organelas = as organelas menores (200 nm) e as maiores (2 µm).
• Células = as células menores podem ter 2 µm e as maiores podem atingir 
200 µm ou 0,2 mm.
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Átomos e moléculas são estruturas muito pequenas, necessitando de 
equipamentos extremamente sofisticados, capazes de aumentar a nossa 
visualização; contudo, as organelas e as células podem ser visualizadas através 
de um equipamento chamado microscópio.
Os microscópios aumentam a nossa capacidade de ver estruturas menores que 
seriam impossíveis de serem vistas “a olho nu”. Esses equipamentos são compostos 
por um sistema de lentes que aumenta o tamanho das coisas. Existem vários tipos 
de microscópios, onde há capacidade cada vez maior de aumentar as imagens. 
O olho humano pode diferenciar dois pontos distantes a mais ou menos 100 µm 
um do outro, enquanto o microscópio ótico pode identificar pontos distantes a 1 
µm um do outro e o microscópio eletrônico pode identificar dois pontos distantes 
0,001 µm um do outro. Tal capacidade de diferenciar a distância entre dois pontos 
distintos é chamada de limite de resolução. Assim, o microscópio eletrônico tem 
maior poder de resolução que o microscópio ótico, este que tem maior poder de 
resolução que o olho humano.
Figura 2 – Representação esquemática geral de um microscópio e suas partes
 Fonte: Acervo do autor.
Os microscópios são compostos basicamente por uma parte mecânica e outra ótica. 
Na parte mecânica temos os seguintes componentes com as suas respectivas funções:
• Base ou pé (12): placa de apoio do microscópio que o assenta sobre a 
mesa, garantindo-lhe estabilidade; 
• Coluna ou braço (15): haste vertical ou inclinável, fixada à base, que 
suporta as restantes partes do microscópio. Componente por onde se pega 
o microscópio;
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• Platina (7): plataforma onde se colocam as preparações a serem observadas. 
Tem no centro uma abertura – janela da platina – destinada à passagem dos 
raios luminosos. A preparação é fixada por duas molas ou pinças;
• Revólver (3): suporte de objetivas, fixado à extremidade inferior do tubo, 
que serve para facilitar a substituição de uma objetiva por outra, colocando-
as por rotação em posição de observação; 
• Tubo ou canhão (2): suporte cilíndrico da ocular; 
• Presilha (6): consiste em um sistema que fixa a lâmina na platina;
• Chariot (5): consiste em um sistema que movimenta a platina para a 
localização de estruturas/células, pois a lâmina está fixada à platina pelas 
presilhas;
• Parafuso macrométrico ou das grandes deslocações (14): permite 
movimentos de grande amplitude, rápidos, por deslocação vertical da platina;
• Parafuso micrométrico ou de focagem lenta (15): permite movimentos 
lentos da deslocação da platina para focagens mais precisas.
Na parte ótica temos o sistema de ampliação que consiste na associação de duas 
estruturas de lentes – objetiva e ocular –, formando um sistema ótico composto, 
com as seguintes partes e respectivas funções:
• Objetiva (4): é uma associação de lentes, situada no revólver, colocada na 
extremidade mais próxima do objeto, ampliando a imagem desse – projeta 
uma imagem real, ampliada e invertida. Geralmente, os microscópios 
possuem três ou quatro objetivas com aumentos variados que estão indicados 
em cada objetiva;
• Ocular (1): é uma associação de lentes colocada na extremidade do tubo, mais 
próxima ao olho do observador e que recebe a imagem da objetiva, ampliando-a 
e tornando-a visível – fornece uma imagem ampliada, direta e virtual.
O aumento total de ampliação dado por um microscópio é igual ao aumento da 
objetiva, multiplicado pelo aumento da ocular.
Sistema de iluminação: consiste na associação destas três peças fundamentais: 
• Espelho ou fonte de iluminação (11): o espelho destina-se a refletir a luz que 
recebe da fonte luminosa para a platina – usa-se a face plana para refletir luz 
natural e a face côncava para refletir luz artificial; 
• Diafragma (8): regula a quantidade de luz que atinge o campo do microscópio;
• Condensador (9-10): é um sistema de duas lentes que distribui regularmente 
a luz refletida pelo espelho – ou diretamente da fonte luminosa – no campo 
visual do microscópio.
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
A Unidade Básica da Vida – Os Tipos Celulares
A unidade básica da vida corresponde às células que compõem os seres vivos, 
estes que podem diferenciar-se quanto ao número de células que os compõem, 
tornando-se compostos de somente uma célula ou por várias células. Como 
exemplos de seres unicelulares – com uma única célula – temos as bactérias, 
enquanto como pluricelulares – várias células – temos as plantas e os animais.
Quanto aos tipos celulares, temos as bactérias, as quais estão entre os primeiros 
organismos a viver no Planeta, os procariontes (pro = primeiro) formados por apenas 
uma célula e possuindo outras características, tais como sendo muito pequenos, 
possuindo apenas a membrana plasmática, com o cromossomo disperso no 
citoplasma e inexistência de núcleo individualizado, possuem também uma parede 
celular rígida para proteção, os ribossomos ligados ao Ácido Ribonucleico (RNA) 
possuem regiões com um ou mais cromossomos idênticos e ligados à membrana 
– nucleoides –, não sofrem mitose – divisão celular –, não possuem citoesqueleto, 
mas invaginações na membrana – mesossomos.
Figura 3 – Representação esquemática geral de uma bactéria
Fibras
Cápsula
Camada externa
Camada de 
peptidoglucano
Membrana plasmática
DNA em nucleóide
Parede celular
Flagelo
O tipo celular de nosso interesse corresponde aos eucariotos (eu = verdadeiro). 
Tais células possuem o citoplasma e o núcleo separados pelo envoltório nuclear, 
possuem também a membrana plasmática formando as organelas. Os eucariotos 
ou eucariontes são muito eficientes em suas funções, pois ocorre a separação 
de atividades com compartimentos isolados, como a mitocôndria, retículo 
endoplasmático, aparelho ou complexo de Golgi, lisossomos, peroxissomos e a 
matriz citoplasmática ou citossol.
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O organismo humano é um ser pluricelular e eucarioto, possuindo mais de cem 
trilhões de células, sendo que 25 trilhões são glóbulos vermelhos responsáveis, 
principalmente, pelo transporte do gás oxigênio dos pulmões para os tecidos. Assim, 
os nossos tecidos por células unidas em estruturas extracelulares de sustentação são 
compostos por diversas células que estão adaptadasa realizar diferentes funções de 
acordo com o tecido. 
As nossas células possuem algumas características semelhantes entre si, tais 
como a capacidade de degradação dos nutrientes para gerar energia, porém e de 
acordo com o tecido estudado, a idade, o gênero – masculino ou feminino – e ainda 
o estado fisiológico – em atividade física ou sedentarismo –, tais características 
podem ser destacadas – em aumento ou diminuição. Por exemplo, a musculatura 
de um atleta e de uma pessoa sedentária possuem características distintas; além 
disso e conforme a modalidade esportiva exercida por esse atleta, haverá influência 
em suas características. 
Figura 4 – Representação esquemática de uma célula animal.
 
Fonte: Acervo do Autor
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Estruturas Celulares – Organelas e suas Funções
A seguir estudaremos as diversas estruturas celulares e suas funções.
Membrana Plasmática
A membrana plasmática corresponde a uma barreira entre líquido extra – 
fora – e intracelular – dentro –, de modo que seleciona e mantém as diferentes 
concentrações de nutrientes e íons nos líquidos intra e extracelular, de modo que os 
líquidos ficam em constante movimentação. Os mecanismos de transporte através 
da membrana serão estudados em um capítulo específico. 
A membrana é composta por uma bicamada – duas camadas – lipídica/proteica, 
sendo permeável a substâncias lipossolúveis, porém, constitui uma barreira para o 
transporte de água e substâncias hidrossolúveis.
Figura 5 – Representação esquemática de membrana celular.
 Fonte: Wikimedia Commons
Figura 6 – Fotografia eletrônica de membrana celular – com aumento em 80.000 vezes.
 
Fonte: Acervo do autor
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Mitocôndrias
As mitocôndrias são organelas que estão dispersas no citoplasma das células. 
São corpúsculos esféricos, possuindo duas membranas, sendo que a interna é 
pregada. A função dessa organela é liberar energia gradualmente das moléculas 
de ácidos graxos e glicose, produzindo calor e Trifosfato de Adenosina (ATP). É 
responsável pela respiração celular. Possui um diâmetro aproximado de 0,5 a 1,0 
µm, variando o comprimento desde 0,5 µm até 8 ou 10 µm.
Figura 8 – Representação esquemática de uma mitocôndriaMitocondria
Membrana
Exterior
Matriz
Membrana exterior
Crestas
Fonte: iStock / Getty Images
Figura 9 – Fotografi a eletrônica de uma mitocôndria
Fonte: iStock / Getty Images
Retículo Endoplasmático
O Retículo Endoplasmático (RE) está localizado no citoplasma das células 
eucariontes. Essas estruturas membranosas formam uma complexa rede de canais 
interligados, contendo inúmeras bolsas e tubos cujas paredes têm uma organização 
semelhante à da membrana plasmática. De modo geral, parecem-se com vesículas 
achatadas, esféricas e túbulos.
O RE pode ser de dois tipos, um dos quais é o RE granular ou rugoso e o 
outro é o RE liso. 
O RE Rugoso (RER) possui ribossomos na sua superfície. Cada ribossomo é 
formado por duas subunidades e possui o aspecto de pequenos grânulos. Os filamentos 
de RNA m – ácido ribonucleico mensageiro (veremos nas nossas próximas unidades) – 
se associam a vários ribossomos, formando os polirribossomos. O RER tem a função 
de sintetizar/produzir proteínas e atua como reservatório de cálcio da célula.
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Figura 10 – Representação esquemática do retículo endoplasmático rugoso e liso.
 Fonte:Acervo do Autor
Figura 11 – Fotografia eletrônica do RER
Fonte: Acervo do Autor
Figura 9 – Fotografia eletrônica de uma mitocôndria
Subunidade
maior
Subunidade
menor
25 nm
Esquema simpli�cado
de ribossomo
(Cor-fantasia)
Figura 13 – Representação esquemática de um polirribossomo.
 Polirribossomo
O outro tipo de Retículo Endoplasmático é o Liso (REL), formado por estruturas 
membranosas tubulares, sem ribossomos aderidos e, portanto, de superfície lisa.
O REL possui a função de sintetizar/produzir lipídios tais como ácidos graxos, 
lecitina e colesterol – que são componentes das membranas –, assim como a 
de sintetizar os hormônios esteroides tais como testosterona, progesterona e 
estrógenos – os hormônios sexuais.
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O REL também participa dos processos de desintoxicação do organismo. Nas 
células do fígado, por exemplo, absorve substâncias tóxicas, modificando-as ou 
destruindo-as, de modo a não causarem danos ao organismo. É a atuação do 
retículo das células hepáticas que permite eliminar parte do álcool, medicamentos 
e outras substâncias potencialmente nocivas que habitualmente ingerimos.
Figura 14 – Fotografi a eletrônica do REL
Fonte: Acervo do Autor
Endossomos
Os endossomos são organelas/compartimentos com várias formas e de ampla 
distribuição, podendo estar localizados entre o núcleo, o complexo de Golgi e a 
membrana plasmática. São responsáveis pelo transporte e digestão de partículas 
e macromoléculas que são captadas pelas células por processos conhecidos 
como endocitose – vesículas de pinocitose ou fagossomos (veremos em breve, 
especificamente no capítulo sobre transporte de substâncias através da membrana).
Algumas moléculas captadas são redirecionadas para lisossomos, citoplasma ou 
superfície celular.
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
 Complexo/Aparelho de Golgi
O complexo/aparelho de Golgi é formado por vesículas circulares achatadas 
e esféricas colocadas umas sobre as outras. Geralmente está localizado ao lado 
do núcleo. É responsável pela separação e endereçamento – direcionamento – 
das moléculas sintetizadas pela célula, formando vesículas de secreção. Desse 
modo, as proteínas sintetizadas no RER sofrem no complexo de Golgi algumas 
modificações, de modo que podem se diferenciar em lisossomos, enquanto outras 
são encaminhadas para a membrana celular.
Figura 15 – Representação esquemática do complexo de Golgi
 
Figura 16 – Fotografia eletrônica do complexo de Golgi.
 
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Lisossomos
Os lisossomos são vesículas intracelulares que possuem enzimas digestivas em 
seu interior. A finalidade dessas enzimas é promover a digestão intracelular. Tal 
digestão pode ser de compostos que foram englobados pela célula – heterofágica 
–, ou a digestão de compostos da própria célula – autofágica – nesse caso podendo 
ir até à digestão total da célula, a qual leva à sua morte – autólise.
Figura 17 – Estrutura de um lisossomo. Figura 18 – Esquema de uma célula 
englobando uma partícula sólida que 
posteriormente será digerida pelo lisossomo.
Figura 19 – Esquema de uma célula englobando uma 
partícula que posteriormente será digerida pelo lisossomo.
Peroxissomos
Os peroxissomos são bolsas que contêm algumas enzimas digestivas. Assim, 
até há algum tempo atrás eram confundidos com os lisossomos. Hoje, porém, 
sabemos que as enzimas digestivas dessas organelas são bem diferentes.
Os peroxissomos possuem enzimas oxidativas que digerem gorduras – beta 
oxidação dos ácidos graxos –, aminoácidos – aminoácido oxidase – e também 
grandes quantidades da enzima catalase, esta que é responsável pela desintoxicação 
celular – esquema abaixo –, por degradar o peróxido de hidrogênio – água oxigenada 
(H2O2) –, formando oxigênio gasoso e água.
2H2O2 O2 + H2O
Centríolos
Os centríolos são estruturas cilíndricas próximas ao núcleo. Encontram-se em 
pares, onde cada elemento do par é formado por um cilindro constituído por 
nove conjuntos de três microtúbulos. Possuem a capacidade de autoduplicação e 
participam da divisão celular.
Além disso, os centríolos participam dos processos de formação de flagelos – um 
ou dois –, que são filamentos longos – como da cauda que move o espermatozoide 
– e da formação de cílios, que são filamentos menores, tais como os pelos que 
também movimentam as células.
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UNIDADE OTamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Figura 20 – Esquema de um centríolo
Citoesqueleto
Quando pensamos em uma célula, imaginamos uma membrana que envolve 
uma grande bolha de água – citoplasma – com um núcleo. Nessa parte líquida 
estariam as organelas e as demais estruturas que já vimos. Tais estruturas estariam 
soltas, sem lugar fixo e com consistência amolecida. Correto?
Isso não é bem verdade, pois o líquido do citoplasma – hialoplasma – é um fluido 
bem viscoso; além disso, temos uma estrutura proteica que se cruza em diversas 
direções, conferindo certa firmeza e consistência. 
As principais estruturas que formam o citoesqueleto são os microfilamentos de 
actina, os microtúbulos e os filamentos intermediários, de modo que os movimentos 
das células são possíveis devido aos microfilamentos de actina. Esse citoesqueleto 
faz com que núcleo, organelas e vesículas possuam localização definida, mantendo 
a forma celular e a posição dos componentes.
As células que englobam partículas conseguem deslocar a membrana plasmática 
emitindo prolongamentos até englobar totalmente a partícula, internalizando-a, 
trata-se da formação de pseudópodos (pseudo = falsos + podos = pés).
A movimentação do citoesqueleto também é responsável pelo deslocamento de 
organelas e dos cromossomos da divisão celular. 
No citoplasma ainda é possível a ocorrência de depósitos citoplasmáticos onde 
ficam acumuladas algumas substâncias, tais como o glicogênio – um polímero glicose 
(várias moléculas de glicose unidas) –, gotículas lipídicas e ainda alguns pigmentos.
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Núcleo
O núcleo está presente somente nas células eucarióticas, é o centro de controle 
de todas as atividades celulares porque contém, nos cromossomos, todo o 
genoma da célula, exceto o genoma mitocondrial. É responsável pela síntese e 
processamento de todos os tipos de RNA (rRNA, mRNA e tRNA), os quais são 
exportados ao citoplasma. Os principais componentes do núcleo são o envoltório 
nuclear, a cromatina, o nucléolo, a matriz nuclear e o nucleoplasma.
O envoltório nuclear separa o núcleo do citoplasma e é constituído por duas 
membranas lipoproteicas. A membrana nuclear externa contém polirribossomos 
aderidos à sua superfície citoplasmática e é contínua ao RER, o qual não é contínuo 
como as demais membranas biológicas. O envoltório nuclear é poroso e regula o 
trânsito de macromoléculas entre o núcleo e o citoplasma. 
A cromatina (do grego croma = cor) designa, com exceção dos nucléolos, toda 
a porção do núcleo que se cora e é visível ao microscópio de luz. Nas células 
eucarióticas, o Ácido Desoxirribonucleico (DNA) encontra-se associado a uma série 
de proteínas nucleares específicas, formando um complexo chamado de cromatina.
A unidade estrutural básica da cromatina é o nucleossomo. Um nucleossomo 
é constituído por pares de bases de DNA, associados a um conjunto de proteínas 
predominantemente básicas, chamadas de histonas. A cromatina tem uma 
organização dinâmica, que se altera conforme o estágio do ciclo celular e de 
acordo com a sua atividade. A heterocromatina é densa, aparece como grânulos 
grosseiros e é bem visível no microscópio ótico. É inativa porque nessa o DNA está 
muito compactado. A eucromatina aparece granulosa e clara entre os grumos de 
eucromatina. Nessa o filamento de DNA não está condensado e tem condições de 
formar os diferentes tipos de RNA.
O nucléolo é formado por corpúsculos esféricos, composto de RNA e proteínas 
e sua função está relacionada à síntese de RNA ribossomal, processamento de 
RNA transportador e montagem dos ribossomos. Não é envolto por membrana.
Figura 21 – Esquema de um núcleo e suas partes
 
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Figura 22 – Fotografia eletrônica do núcleo
Líquidos Corporais
O corpo humano possui 60% do peso como líquidos, os quais podem estar no 
meio intracelular e no extracelular. O meio intracelular – dentro das células – detém 
dois terços do total de líquidos corporais. O líquido extracelular está no espaço 
exterior das células. O líquido intersticiale no sangue está em circulação.
Nesses líquidos intra e extracelulares estão os íons e nutrientes para a manutenção 
das células, de modo que as diferenças dessas concentrações dos íons nos líquidos 
são de extrema importância na manutenção da vida. Por exemplo, no meio 
extracelular temos grandes quantidades de sódio, cloreto e bicarbonato, oxigênio, 
glicose, ácidos graxos, aminoácidos e dióxidos de carbono, enquanto que no meio 
intracelular há grande quantidade de potássio, magnésio, fosfato, como mostra o 
seguinte Quadro:
Composto Líquido Extracelular Líquido Intracelular
Sódio (mEq/L) 142 10
Potássio (mEq/L) 4 140
Cloreto (mEq/L) 103 4
Bicarbonato (mEq/L) 28 10
Fosfato (mEq/L) 4 75
Glicose (mg/dL) 90 0-20
Proteínas (mg/dL) 90 200
Lipídeos (g/dL) 0,5 2-95
Oxigênio (mm Hg) 35 20
Legenda: mEq/L = mili equivalente por litro; mg/L = miligrama por litro; g/L = grama por litro; mm Hg = milímetros 
de mercúrio.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Introdução à Bioquímica – aula 1 – parte 1 – fundamentos básicos de sistemas biológicos. Univesp TV, 6 set. 2016a. 
Disponível em: https://goo.gl/YS3ClA
INTRODUÇÃO à Bioquímica – aula 1 – parte 2 – fundamentos básicos de sistemas biológicos. Univesp TV, 6 set. 2016b. 
Disponível em: https://goo.gl/WXbHUH
Introdução à Bioquímica – aula 1 – parte 3 – fundamentos básicos de sistemas biológicos. Univesp TV, 6 set. 2016c. 
Disponível em: https://goo.gl/nzBAMZ
INTRODUÇÃO à Bioquímica – aula 11 – parte 1 – microscopia/organelas: estrutura e função. Univesp TV, 25 nov. 2013a. 
Disponível em: https://goo.gl/saIt7U
INTRODUÇÃO à Bioquímica – aula 11 – parte 2 – microscopia/organelas: estrutura e função. Univesp TV, 25 nov. 2013b. 
Disponível em: https://goo.gl/idCEy2
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UNIDADE O Tamanho das Coisas e as Organelas Celulares
Referências
BERG; TYMOCZKO. Bioquímica. 7. ed. [S.l.: s.n.], 2014.
JUNQUEIRA; CARNEIRO. Histologia básica. 12. ed. [S.l.: s.n.], 2013.
PITHON-CURI. Fisiologia do exercício. [S.l.: s.n.], 2013.
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