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gestão empresarial Direito empresarial noções de direito tributário 6 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Conceituar o que é Direito Tributário, apontar seus requisitos, apresentando ainda, suas principais características, de manei- ra a se ter noções gerais sobre a temática. COmpetênCias Identificar os conceitos, fundamentos e características do Direito Tributário. Habilidades Inserir conhecimentos gerais do Direito Tributário no con- texto da Gestão Empresarial (Processos Gerenciais) como necessidade da função administrativa, que a cada dia deverá acrescentar noções de outras áreas de atuação, praticando a interdisciplinaridade nas ações desenvolvidas. direito empresarial noções de direito tributário parte 1 Estamos caminhando e cada vez mais, conhecendo te- mas atuais e necessários ao nosso cotidiano. Nesta Uni- dade de Aprendizagem discorreremos sobre o Direito Tributário, uma das áreas de muita importância e de interesse de todos, haja vista, que o recolhimento de tri- butos é realizado por todos, seja de forma direta ou indi- reta. Isto dá ensejo a curiosidade em descobrir o que en- volve esta prática compulsória determinada pelo Estado. A carga tributária, cada vez mais elevada, faz com que o cidadão desperte, em querer saber, onde os recursos ar- recadados pelo Estado estão sendo empregados. Desta- cando-se que Tributos são um gênero, do qual decorrem suas espécies que são impostos, taxas e contribuições. Tal realidade faz com que grande parte do rendimen- to auferido pelas pessoas, tanto física como jurídica, se torne uma obrigação para com o Estado, no sentido que o resultado da produção de bens e serviços, seja, em sua maioria destinada ao Estado, para que ele possa custear os gastos públicos. Lembrando sempre, que este assun- to sempre está passando por modificações das legisla- ções, inclusive a tão almejada reforma tributária. para Começar Vamos iniciar o tema sobre o Direito Tributário, assunto que contribuirá para um gestor, na tomada da melhor decisão dentro da empresa. Para tanto nosso estudo será dividido nos seguintes tópicos: → Tópico 1 – Origem e Evolução do Direito Tributário; → Tópico 2 – Definição de Direito Tributário; → Tópico 3 – O que é Tributo e suas Espécies; → Tópico 4 – Princípios do Direito Tributário. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 4 Antes de iniciarmos, responda as questões abaixo, é apenas para testar seus conhecimentos. Anote suas respostas e percepções para responder a estas perguntas, não faça outras pesquisas, nem avance, só teste seus conhecimentos. Assim, pergunto a você: a. O que é o Direito Tributário? b. O que são tributos? c. Qual a finalidade em se arrecadar tributos? d. Você sabe quais são as espécies de tributo? e. Dê o nome de pelo menos três tributos e aponte qual é a sua espécie. f. Observando a charge abaixo, qual é sua opinião? Há relação entre a charge e o tema Noções de Direito Tributário? . É de suma importância apresentar seu ponto de vista a respeito das ques- tões acima, para identificar o que entende ou tem conhecimento sobre noções de Direito Tributário, para que possa fazer uma comparação so- bre o seu conhecimento prévio dessa Unidade de Aprendizagem, fazendo com que haja a ampliação de seu entendimento com relação ao assunto. Para se entender o Direito Tributário é necessário fazer seus estudos a partir de uma relação com o cotidiano, pois, não basta, tão somente a “gramática”, há que correlacioná-la com a “prática”. Assim fica mais fácil o entendimento, e como consequência a apreensão do conhecimento. Um bom gestor, que passa por um curso de Tecnologia em Gestão Empresarial – Processos Gerenciais, necessita ter noção dos conceitos de Direito Tributário, as espécies de tributos e os princípios que norteiam o tema, e com tais bases, aprofundar no assunto, quando necessário. Figura 01. Pagamento do IPVA. Fonte: www. humortadela.com.br Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 5 Fundamentos tópiCO 1 – Origem e evOlUçãO dO direitO tribUtáriO Na história da humanidade a origem dos tributos está relacionada ao nascimento do Estado, pois, antes de seu surgimento que se deu com as Cidades-Estado, não havia a necessidade de tributação, pois, os bens, as propriedades eram todas particulares, numa possível igualdade, sem que houvesse qualquer tipo de chance de que uns mandassem nos outros. Mas, há o aumento quantitativo de cidadãos, com ele os problemas em igual ou maior proporção, fazendo com que surjam discussões, ideias e lí- deres, instituindo o Estado. Com surgimento do Estado houve a separação entre governantes e governados e com ela, surge à administração pública. Para poder manter a estrutura da administração pública, era necessá- rio ter recursos materiais e recursos humanos e para a sua manutenção a obtenção de recursos, através da instituição de tributos. Nos primórdios, os governantes pressionavam os governados para pagarem os tributos, justificando, inclusive a tributação, como tendo um caráter divino oriundo do Poder Político que também seria divino, ao qual estavam investidos e por essa razão podiam efetuar essa cobrança. Tal realidade se dava porque afirmavam aos seus súditos que somente estavam ocupando o Poder por uma ordem divina, superior, ou seja, o poder político tinha um caráter divino, por esta razão a possibilidade de cobrar tributos também estava investida da mesma característica, contra- riá-la, seria ir contra o sagrado, o divino. Dessa situação fática, decorre o que temos hoje quanto ao modelo de tributação, ou seja, o poder de tributar do Estado está compreendido den- tro de uma estrutura de poder que coage. Segundo afirmam, Amed e Negreiros (2000): ... é mais seguro creditar ao aparecimento do Estado a origem da tributação. Esta insti- tuição precisava ser mantida com recursos advindos de uma população sob seu domí- nio e proteção. Dessa forma, mais do que pagar tributos para que se tivesse proteção contra os povos inimigos, parcela da responsabilidade relativa aos tributos deve-se à concepção de que o soberano – considerado muitas vezes um ser divino – precisava ser sustentado com grande luxo, devido a essa condição divina. Além disso, a natureza pertencia a esse soberano, sendo que os tributos passariam a ser vistos como uma parte dos frutos retirados dessa natureza. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 6 Como se vê, o nascimento dos tributos está estreitamente vinculado ao surgimento da estrutura Estatal e no fato de que tal estrutura promoveu a separação governante de governado. Também, não se pode deixar de mencionar que além do nascimento do Estado outro fator histórico também contribuiu e muito para que houves- se a instituição dos tributos. Tal fato histórico é a cobrança do dízimo pela Igreja, como adverte Oliveira (1964). O autor ao se referir ao dízimo, afirma: ... entre os hebreus, segundo a Lei Mosaica, deviam ser tributados os dízimos e primí- cias para o culto divino. Entre muitos povos antigos, prevalecera o costume de ofertar a décima parte dos bens da terra para o culto da divindade, ou seja, ao príncipe e ao sacerdote que o representava ou o ministrava. Como se constata, o dízimo também foi instituído desde os primórdios das sociedades do Mundo Antigo, tendo influenciado também na forma de cobrança e instituição dos tributos. Mas, apesar de ser a instituição dos tributos um fato muito antigo; his- toricamente no Brasil ele foi uma decorrência da colonização portuguesa, tendo sofrido influência do Estado Lusitano. Já afirmamos e comprova- mos através de estudos de outros autores que a origem da instituição dos tributos se deu com o surgimento do Estado e, no Brasil este se dá com a colonização do país por Portugal. Portanto, todos os Estados, desde sua instituição têm necessidade de obter recursos financeiros dos cidadãos, através da criação de tributos, para que possa cumprir com as suas maisvariadas funções e com o Brasil não foi e não é diferente. tópiCO 2 – deFiniçãO de direitO tribUtáriO 2.1. CONCEITO GERAL Vários autores definem Direito Tributário, mas, antes de apresentar sua conceituação, cabe informar ser o Direito Tributário um sub ramo do Di- reito Financeiro, sendo “o conjunto de normas que regulam a atividade financeira do Estado” (RUSCHMANN, 2009). Portanto, O Direito Financeiro seria muito mais amplo, no sentido de que abrangeria a regulamentação das receitas públicas, do orçamento público, do crédito público e a despesa pública, pois, segundo prelecio- na Nogueira (1995), a atividade financeira do Estado é “toda ação que o Estado desenvolve para obter, gerir e aplicar os meios necessários para satisfazer às necessidades da coletividade e realizar seus fins”. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 7 PaPo Técnico Para poder manter a Administração Pública, a chamada “máquina administrativa”, o Estado, tem que obter recursos financeiros e a maneira de arrecadar tais numerários é atra- vés da instituição de tributos, que de forma compulsória, ou seja, obrigatória, coercitiva é cobrada dos cidadãos que de alguma forma se acham inseridos nas hipóteses de incidên- cia tributária. Nesse sentido se pode afirmar ser o Direito Tributário uma parte, um ramo do Direito Financeiro, sendo importante destacar que embora se faça esta distinção, ela é meramente didática, haja vista existir um orde- namento jurídico. 2.2. O QUE É DIREITO TRIBUTÁRIO? Embora existam vários autores que definiram o Direito Tributário, pode- mos afirmar ser ele o conjunto de normas de ordem pública, emanado de poder competente, que se relaciona com demais disciplinas do Direito, referentes às relações jurídicas entre o Estado e os particulares, no respei- tante à instituição, arrecadação, fiscalização e administração dos tributos. Nesse sentido Ruschmann (2009) menciona que: O Direito Tributário representa, assim, o conjunto de normas de direito público que regulam a relação jurídica entre o Estado (ou Fisco) e as pessoas, físicas ou jurídicas, obrigadas por lei a entregar-lhes parcelas de seus patrimônios (contribuintes ou res- ponsáveis), estabelecendo os direitos e as obrigações de cada uma das partes. Como o Direito Tributário se relaciona com demais ramos do Direito, po- demos afirmar existir um STN – Sistema Tributário Nacional, que em ou- tras palavras é composto de regras que obedecem uma hierarquia legal, como se pode conferir abaixo: Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 8 atos legais – executórios: decretos – portarias – instruções normativas – ordens de serviço e outros CTN – código tributário nacional leis ordinárias CF constituição federal Essa hierarquia consiste no fato de que na elaboração das leis, deve-se obedecer ao que determina as respectivas normas, na sequência hierár- quica apresentada no organograma acima. Ou seja, a partir das normas constitucionais é que dão o referencial para que as demais sejam elabo- radas, sempre não contrariando a lei maior – a Constituição Federal. Lem- brando que o Código Tributário Nacional - CTN é normatizado pela Lei Nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. É necessário saber que quando se fala na instituição de tributos pelo Estado, o que se quer dizer é que “tributos” é um gênero, do qual, decorrem as espécies de tributos, ou seja, num sentido geral falamos em tributos, mas não podemos esquecer a existência de suas espécies. Portanto, tributos é o conjunto de possibilidades de “obrigação tribu- tária”, ou seja, a obrigação tributária é o ônus que cabe aos contribuintes de recolher dinheiro aos cofres públicos, desde que se enquadrem nas descrições do fato gerador do respectivo tributo. conceiTo A forma de tributação utilizada pelos governos se divide em “direta” ou “indireta”. A Tributação Direta é quando é aplicada diretamente so- bre a renda, patrimônio ou consumo. Como exemplos: pode- mos citar: Imposto de Renda, a contribuição previdenciária sobre o salário, o IPVA, o IPTU. A Tributação Indireta é aquele cujo valor, embutido no preço final do produto, é repassado ao consumidor. Temos como exemplo: o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS dentre outros. Figura 02. Hierarquia das normas tributárias. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 9 Assim, dentre os principais tributos no Brasil, temos o PIS, a COFINS, o Imposto de Renda, a Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL), as Contribuições sobre a folha de pa- gamento, o ICMS, o IPI, o ISS etc. E por fim, o Contribuinte deverá optar pelo Regime Tribu- tário, que é um conjunto de leis, que define os tributos que devem ser pagos ao governo. No Brasil, atualmente, existem três tipos principais de regimes de tributação das pessoas ju- rídicas: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional. tópiCO 3 – O QUe É tribUtO e sUas espÉCies 3.1. O QUE É TRIBUTO O Código Tributário Nacional – CTN dispõe no seu art. 3º que “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Portanto, o próprio Código Tributário Nacional se encarregou de de- finir o que é tributo, dirimindo qualquer controvérsia que possa haver a respeito da temática. Assim como, também, a legislação se encarregou de determinar quais seriam as espécies de tributos. 3.2. ESPÉCIES DE TRIBUTOS A Constituição Federal - artigo 145 e o Código Tributário Nacional - artigo 5º preceituam que as espécies de tributos são: a. Impostos; b. Taxas; c. Contribuições de Melhoria. Estes tributos acima, podem ser instituídos pela União, os Estados, o Dis- trito Federal e os Municípios. Todavia, outros tributos também são previstos na legislação, mas so- mente a União pode instituir, são eles: a. Empréstimos compulsórios - art. 148 da Constituição Federal. b. Contribuições Especiais ou Parafiscais - art. 149 da Constituição Fe- deral. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 10 Da análise acima, podemos afirmar que as espécies de tributos são: → Impostos; → Taxas; → Contribuições de Melhoria; → Contribuições Especiais ou Parafiscais; → Empréstimo Compulsório. E por fim, a Constituição Federal também prevê em seu artigo 149-A, que os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na for- ma das respectivas leis, para o Custeio do Serviço de Iluminação Públi- ca, observando o disposto no art. 150, I e III. Vamos verificar cada uma das espécies de tributos: 3.2.1. O que é imposto? Como o próprio nome já indica, é algo que é obrigado. O imposto é um tributo obrigatório cobrado pelo Governo. Isso quer dizer, que é um valor que deve ser pago por pessoas físicas e jurídicas para custear as despesas que são de responsabilidade do Estado. É um tributo que serve para custear parte das despesas de adminis- tração e dos investimentos do governo em obras de infraestrutura (es- tradas, portos, aeroportos etc.) e serviços essenciais à população, como saúde, segurança e educação. Os impostos estão embutidos em tudo o que adquirimos ou utilizamos, bem como, estão inseridos também na conta de luz, combustível dentre outros, para que o Governo possa garantir a prestação de serviços e cum- prir suas obrigações perante a sociedade. O Governo deveria com parte dos valores arrecadados, dar retorno à sociedade, como serviços públicos de qualidade e eficientes, pelos quais ela pagou em forma de tributos. Porém não é o que constatamos no Bra- sil, pois na maioria dos casos, o que se observam são serviços ineficientes ou mesmo inexistentes. Temos que frisar, que existem vários impostos decorrentes da compe- tência estatal, vejamos abaixo, alguns, de acordo com sua competência: Cabe a União, segundo o art. 153, da Constituição Federal,instituir im- postos e sobre: a. Importação de produtos estrangeiros (II – Imposto de Importação); b. Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionaliza- dos (IE – Imposto de Exportação); Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 11 c. Renda e proventos de qualquer natureza (Imposto de Renda); d. Produtos industrializados (IPI – Imposto sobre Produtos Industriali- zados); e. Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valo- res mobiliários (IOF – Imposto sobre Operações Financeiras); f. Propriedade territorial rural (ITR – Imposto Territorial Rural); g. Imposto sobre grandes fortunas. Por sua vez, cabem aos Estados-membros e ao Distrito Federal, numa competência denominada residual, nos termos do que dispõe o art. 155, da Constituição Federal, a instituição dos seguintes impostos: a. Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD – Imposto sobre transmissão “causa mortis” e doação); b. Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comu- nicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no ex- terior (ICMS – Imposto de Circulação de Mercadorias e de Serviços); c. Propriedade de veículos automotores (IPVA – Imposto sobre a pro- priedade de veículos automotores). E, por fim, compete aos Municípios, segundo dispõe o art. 156, da Cons- tituição Federal, instituir impostos sobre: a. Propriedade predial e territorial urbana (IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano); b. Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI – Imposto sobre a Transmissão de Bens Inter Vivos); c. Serviços de qualquer natureza (ISS – Imposto sobre Serviços). conceiTo O Conceito de imposto está definido no art. 16, do CTN – Código Tributário Nacional, que dispõe: “o imposto é o tri- buto cuja obrigação tem por fato gerador uma situação que ocorre independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 12 Outra espécie de tributo é a taxa, que também se encontra definida no Código Tributário Nacional - CTN, art. 77 a 80. 3.2.2. O que é taxa? A taxa é um tributo relacionado com a prestação de algum serviço públi- co, posto à disposição para um beneficiário identificado ou identificável, ainda que não utilizado. Ela é um tributo que beneficia o próprio contri- buinte e a sua cobrança aparece como uma contraprestação. Algumas taxas são habituais aos contribuintes, como por exemplo, a taxa de luz, a taxa de lixo, dentre outras. No Código Tributário Nacional – CTN - art. 77 diz: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Sobre terem as taxas, como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, o art. 78, do CTN – Código Tributário Nacional define o Poder de Polícia, como a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando o Direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à seguran- ça, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mer- cado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Mas, essa atividade, consistente no Poder de Polícia não pode ser de- sempenhada com abuso ou desvio de poder, devendo tais restrições se- rem observadas pelo órgão competente quando no exercício da função; para tanto, há que se observar os limites da lei aplicável. Tal postura rece- be pela lei no art. 78, § único, do CTN – Código Tributário Nacional, o nome de “regular exercício do poder de polícia”. Ante ao mencionado, cabe salientar que não haverá abuso ou desvio de poder, se houver a prática do “regular exercício do poder de polícia”, ou seja, quando no desempenho de suas funções, o agente público observa os limites da lei aplicável, e o devido processo legal, pois, todas as vezes que uma atividade exige anuência do poder político, este estará exercen- do o seu poder de polícia, como por exemplo, podemos citar, a expedição de uma licença, de um alvará. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 13 Finalizando, cabe observar que, como determinado na legislação tribu- tária à taxa advém do exercício do poder de polícia ou da utilização efetiva ou potencial de serviço público, ou seja, há a remuneração pela utilização dos serviços públicos promovidos pela atividade estatal, que são ineren- tes e essenciais a ela. conceiTo Taxa é um tributo relacionado com a prestação de algum serviço público para um beneficiário identificado ou identifi- cável. O serviço pode ser efetivo ou potencial, considerando- -se como potencial o serviço posto à disposição, ainda que não utilizado. (FÜHRER, 1998) 3.2.3. O que é contribuição de melhoria? A Contribuição de Melhoria é uma espécie de tributo, cujo fato gerador é a valorização do imóvel do contribuinte decorrente da obra pública, e tem por finalidade a justa distribuição dos encargos públicos, fazendo retornar ao tesouro público, o valor gasto com a realização de obras públicas. Está previsto no artigo 81 do Código Tributário Nacional. 3.2.4. O que é empréstimo compulsório? O Empréstimo Compulsório está previsto no art. 148 da Constituição Fe- deral e menciona, que a União poderá instituir tal tributo, mediante lei complementar, para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência e no caso de in- vestimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b” (limitação de cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou). 3.2.5. O que são as contribuições especiais ou parafiscais? As Contribuições Especiais, também conhecida como Contribuição Para- fiscal é uma modalidade de tributo trazida pelo artigo 149 da Constituição Federal de 1988, que ‘foge” da teoria do fato gerador, utilizado para classi- ficar os tributos em impostos, taxas e contribuições de melhoria. A Contribuição Especial, o seu critério de identificação baseia-se na fi- nalidade da criação do tributo, sendo necessária a vinculação da receita que deu causa a sua criação. Ou seja, a finalidade que deve alcançar na destinação a determinada atividade, exercitável por entidade estatal ou Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 14 paraestatal ou por entidade não estatal reconhecida pelo Estado, como necessária ou útil à realização de uma função de interesse público. O seu sentido finalístico, pelo que as contribuições da espécie vinculam o ente público a atuar, de uma forma interventiva no domínio econômico, ou a prestar serviços de previdência ou assistência social aos trabalhado- res e demais beneficiados. Vamos verificar as espécies de Contribuições Especiais. 3.2.5.1. Espécies de Contribuições Especiais ou Parafiscais São três espécies de Contribuições Especiais do artigo 149 (instituída ex- clusivamente pela União): → 3.2.5.1.1. Contribuições Sociais; → 3.2.5.1.2. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico; → 3.2.5.1.3. Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômica (Corporativas). Vamos verificar cada uma delas: 3.2.5.1.1. As Contribuições Sociais As Contribuições Sociais:podem subdividir em: Sociais, Gerais e Outras (residuais). → Contribuições Sociais de Seguridade Social: constitui em ações para promover a Saúde, Previdência ou Assistência Social (art. 194 CF/88 traz o conceito de seguridade - “A seguridade social com- preende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.”). Nem todos os serviços/benefícios ofertados pelo Sistema de Segu- ridade Social são benefícios previdenciários. Cada um deles tem uma função, a qual estudaremos com mais detalhes na Unidade de Aprendizagem sobre a Previdência Social. Vejamos a figura abaixo: Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 15 SEGURIDADE SOCIAL Previdência Assegura o sustento de trabalhadores/as e familiares, quando da incapacidade para o trabalho por motivos diversos. Contributiva Saúde Desenvolve ações preventivas e curativas, visando a saúde física e mental dos cidadãos. Não contributiva Assistência Social Atende as necessidades básicas de proteção à família, à infância, à adolescência, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Não contributiva Notamos, que apenas a Previdência Social é contributiva e por esta razão, o tributo deve ser pago (contribuição do INSS) tanto pelo em- pregado como pelo empregador e faz parte da Contribuição Especial ou Parafiscal, que estamos estudando. Faça uma consulta na tabela de descontos, no site oficial do INSS – Instituto Nacional de Seguri- dade Social. → Contribuições Sociais Gerais: Estas contribuições, por exclusão das contribuições sociais acima, são aquelas que de competência da União e que financiam outros direitos sociais que não sejam a Segu- ridade Social (Saúde, Previdência e Assistência). São voltadas aos diversos setores compreendidos no conjunto da or- dem social, como educação, habitação etc. Vejamos alguns exemplos: → PIS-PASEP (respectivamente pela Lei Complementar Nº 7, de 07- 09-1970 e Lei Complementar Nº 8, de 3-12-1970, destinados a financiar o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º do artigo 239 da CF, previstas no “caput” do artigo 239 da Constituição Federal. → O Salário-Educação (art. 212, § 5º), o FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e a CPMF - Contribuição Provisória sobre Movi- mentação Financeira → E por fim, classificam-se, ainda, como Contribuições Gerais, aque- las citadas no artigo 240 da Constituição Federal, que estabelece a cobrança, das então existentes contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 16 ao sistema sindical, as chamadas “Contribuições do Sistema “S”. Vejamos na figura abaixo, algumas delas: → Outras - As chamadas Contribuições Residuais Estas contribuições estão previstas no artigo 195 da Constituição Federal, onde menciona que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e neste a artigo enumera os tipos de contribuições sociais. Já no § 4º do mesmo artigo, diz que a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obede- cido as limitações da lei. 3.2.5.1.2. As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico Agora vamos verificar sobre as Contribuições de Intervenção no domí- nio econômico – CIDE´s. São os programas que impliquem intervenção no domínio econômico. Neste tipo de contribuição, não existe uma regra ex- pressa para estabelecer as respectivas hipóteses de incidência possíveis e, bem assim, os aspectos a elas inerentes, o mencionado dispositivo deixa “em aberto” ao legislador infraconstitucional e respaldado na construção doutrinária. Todavia, estabeleceu restrição apenas quanto à observância do disposto nos artigos 146, III e 150, I e III da Constituição Federal (com- petência e limitação de poder tributar). De acordo com a doutrina, para se ter uma CIDE, a União deve delimi- tar o domínio econômico que vai atuar e ter um motivo para atuação. A partir desse motivo delinear uma finalidade e a destinação do dinheiro arrecadado. Fonte: https://goo.gl/ images/r4wJUm. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 17 Os sujeitos passivos da CIDE devem ser atrelados ao setor econômico atingido. Embora não seja pacífico, alguns doutrinadores defendem que a CIDE deve ser temporária. Exemplo: A CIDE nos combustíveis. 3.2.5.1.3. Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômica As Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômi- ca são também denominadas de “Contribuições Corporativas”. Elas têm o objetivo de custear as pessoas jurídicas de direito público ou privado que têm por escopo fiscalizar e regular o exercício de determinadas ati- vidades, bem como representar, coletiva ou individualmente, categorias profissionais, defendendo seus interesses. Temos como exemplos: (CRM, CREA, OAB, CRP etc.). E finalizando, sobre o Sistema Tributário Nacional, temos que verificar o artigo 149-A da Constituição Federal: 3.2.6. Contribuição para o custeio do serviço de iluminação Pública – art. 149-A da cf/88 A Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública – pode ser instituída pelos Municípios e o Distrito Federal. Ela é conhecida pela sigla CIP ou COSIP, cuja finalidade é o financia- mento do serviço de iluminação pública. Esta contribuição foi inserida na Constituição Federal pela Emenda Constitucional Nº 39 de 19 de dezem- bro de 2002. Está previsto no parágrafo único do referido artigo, que é facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. tópiCO 4 – prinCÍpiOs dO direitO tribUtáriO Para finalizarmos o nosso estudo sobre o Direito Tributário, vamos verifi- car alguns princípios que regem essa matéria. Conforme já estudado, o Direito Tributário é a parte do Direito respon- sável pelo estudo das leis, que regulamentam a arrecadação dos tributos (impostos, taxas e contribuições), bem como, as relações jurídicas esta- belecidas entre o contribuinte e o Estado, na esfera de arrecadação dos tributos, como um todo. E para tanto, existem os princípios do Direito Tributário, que visam orientar e dirimir as dúvidas que possam surgir no exercício da matéria. Desta forma, iremos abordar alguns deles: Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 18 4.1. PRINCíPIO DA LEGALIDADE Princípio fundamental, pois, não há tributo que não seja previsto pela lei formal e material, que descreva a hipótese da incidência, a base de cálculo etc., com a identificação do sujeito ativo e passivo (artigo 150, parágrafo I da CF/88). 4.2. PRINCíPIO DA IRRETROATIvIDADE Este princípio não permite que a criação de tributos seja retroativa a data da promulgação ou então, no mesmo exercício financeiro da publicação da lei, e por ferir um princípio do direito adquirido. Entretanto, se for para beneficiar os indivíduos, sua aplicação pode retroagir, desde que não fira os direitos de terceiro (artigo 150 III “a” da CF/88). 4.3. PRINCíPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOmIA É um princípio basilar, pois, os tributos criados são pagos por todos, de forma uniforme e proporcional a riqueza gerada decorrente de rendimen- tos, patrimônio e atividades econômicas do contribuinte, isentando-se apenas os contribuintes que não possuem rendimento suficiente para o seu sustento, capacidade econômica ou impossibilidade de pagamento, evitando o tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente. 4.4. PRINCíPIO DO DIREITO à PROTEçãO JURISDICIONAL É o direito dado aos indivíduos de buscar o Poder Judiciário, quando hou- ver a criaçãode algum tributo que contrarie algum fundamento consti- tucional, ou então, ache o tributo indevido, ilegal ou arbitrário. Também é consagrado o direito de ampla defesa, para comprovar as licitudes dos atos tributários. 4.5. PRINCíPIOS DO DIREITO PENAL TRIBUTÁRIO São os enquadramentos e a tipificação dos crimes relativos ao Direito Tribu- tário, como a sonegação fiscal, apropriação indébita de tributos etc., a pes- soalidade da pena e seus desdobramentos como: a perda dos bens, multa, privação ou restrição da liberdade, suspensão ou interdição de direitos etc. 4.6. PRINCíPIO DA UNIfORmIDADE Proibição da cobrança de tributos com distinção ou preferência em favor de qualquer pessoa privada ou jurídica, como também em razão da sua procedência ou destino, local geográfico. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 19 4.7. PRINCíPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI Vamos aprofundar um pouco sobre este princípio. Ele é aquele que poster- ga a cobrança do tributo ao exercício financeiro seguinte à publicação da lei que o haja instituído ou majorado. Portanto, a lei deve ser publicada antes do início do exercício em que ela será aplicada, veja o que diz o artigo 150 da CF/88: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - cobrar tributos: [...] b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b. aTenÇÃo O Exercício Financeiro no Brasil começa no dia 1° de janeiro e se prolonga até o dia 31 de dezembro de cada ano. Há, desta forma, coincidência entre o ano civil e o ano fiscal. O parâmetro do Exercício Financeiro pode variar de acor- do com o ramo de atividades de uma empresa. Ano civil é o período de 12 meses que corresponde a 365 dias do ano, contados a partir de 1 de janeiro a 31 de Dezembro. O Ano fiscal ou exercício fiscal é um período (1º de ja- neiro até 31/12) onde se faz a demonstração de resultados contabilísticos de uma empresa, por exemplo. O ano fiscal pode ou não coincidir com o ano civil. O ano civil = 365 dias. O ano fiscal está relacionado com a execução orçamentá- ria, visto que o orçamento anual é aprovado para o período de um ano, e executado no ano seguinte, o ano do exercício financeiro. O exercício fiscal geralmente é dividido em 4 tri- mestres, para as empresas atualizarem o seu balanço de 3 em 3 meses. 4.7.1. E o “Princípio da Noventena”? O Princípio da Anterioridade também é conhecido como o “Princípio da Noventena”, definindo que é vedado cobrar tributos, ANTES de decorridos Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 20 90 (noventa) dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. CF. artigo 150 III “b”. Este princípio, se agrega à garantia do Princípio da Anterioridade, uma vez que eles são analisados em conjunto. O Princípio da Noventena tem como objetivo driblar manobras tendentes à publicação de leis, que ma- joram os tributos no findar do ano, cuja eficácia já pudesse ser exigida no início do ano seguinte. Ou seja, sem o Princípio da Noventena, o legislador poderia publicar uma lei majorando um determinado tributo em 31 de dezembro, que ela surti- ria efeitos já em 1º de janeiro, do dia seguinte. De maneira, na verdade, a driblar o Princípio da Anterioridade, e, consequentemente, ferir segurança jurídica dos contribuintes. Porém com a obrigação dos 90 dias, nenhum tributo pode ser instituído ou majorado, sem que decorra este prazo. 4.7.1.1. E as exceções ao Princípio da Anterioridade / Noventena Temos as exceções de alguns tributos que escapam à aplicação destes princípios e que são enumerados no artigo 150 § 1° da Constituição Fe- deral de 1988. Entre elas temos os tributos que, por atenderem a certos objetivos extrafiscais (política monetária, política de comércio exterior), necessitam de maior flexibilidade e exigem rápidas alterações. Por exemplo, o imposto de exportação, o imposto sobre produtos in- dustrializados e o imposto sobre operação de crédito, câmbio, seguro e operações com títulos e valores mobiliários (além de comportarem exceção ao princípio da estrita reserva legal) não se submetem ao princípio da an- terioridade, e, portanto, podem ser aplicados no próprio exercício finan- ceiro em que seja editada a lei que os tenha criado ou aumentado (ou em que tenha sido publicado o ato do Poder Executivo que haja majorado a alíquota). Vejamos um resumo sobre a obrigação ou não do cumprimento do Princípio da Anterioridade / Noventena: → Tributos que não precisam cumprir o Princípio da Anterioridade, mas precisam cumprir a Noventena: → CIDE - Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico sobre combustível; → IPI – Imposto de Produto Industrializados; → ICMS sobre combustível. → Contribuições de Seguridade Social. → Tributos que não precisam cumprir a Noventena, mas precisam cumprir o Princípio da Anterioridade: Exemplo 31/12/18). Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 21 → Imposto de Renda (vide artigo 62 §2º), se por Medida Provisória deverá ser convertida em lei. → Fixação da Base de cálculo do IPTU, IPVA. → Tributos que NÃO precisam cumprir a Anterioridade e nem a No- ventena: → II - Imposto de Importação; → IE - Imposto de Exportação; → IOF – Imposto sobre Operações Financeiras; → IEG – Iminência Externa de Guerra; → EC – Empréstimo Compulsório (em caso de calamidade e guerra). Assim, numa visão panorâmica, você agora já tem uma noção geral a res- peito do que são os tributos e quais são suas espécies, facilitando uma melhor interação com o mercado financeiro e econômico. antena parabóliCa Ética e cidadania na administração tributária1 A ética mobiliza o ser humano e a sociedade “O século XXI será ético ou não existirá”. Esta afirmação de Gilles Lipovetsky, feita em seu livro O crepúsculo do dever (Dom Quixote, Lisboa), nos coloca diante do desa- fio de voltar à ética como sustentação do vital humano. Não se trata de ir em busca de algo fora de nós. Antes, representa desdobrar uma qualidade humana, intrín- seca, pois a ética constitui um elemento da essência mesma do humano. Ela pode ficar adormecida ou, ao contrário, pode ser cultivada e desdobrada no todo da pessoa, mobilizando o ser humano por inteiro. Importa acionar a capacidade ética em todos os âmbi- tos de nossa vida e de nossas organizações. Trata-se de uma capacidade crítica, reflexiva e de discernimento. Os diferentes graus do instituído ou codificado necessitam ser respaldados pela ética para que possam responder com adequação à função que lhes é própria. Fala-se, en- tão, de uma construção ética do instituído. Isto permite elaborar delimitações protetoras da vida em comum e do respeito da dignidade humana em cada pessoa. Pro- movem-se valores, estabelecem-se normas, constituem- -se significantes geradores de mobilização e de adesão. A virtude maior que brota da ética é, sem dúvida, a justiça. Uma sociedade bem ordenada não poderá pres- cindir dela. A justiça se encontra no coração da ética. O pulsar ético de uma sociedade leva-a necessariamente à justiça que, aliada ao cultivo da cidadania, dá um direcio- namento claro à vida e repercute nos comportamentos pessoais e nas ações coletivas. A construção da cidadania A cidadania está ligada à consciência e à fruição de direitos, evocando igualmente os deveres correspon- dentes. No entanto, ela não é um dado estático; por isso, preferimos falar em “construção da cidadania”, 1. AGOSTINI, N. Ética e cidadania na administração tributária. Disponível em: <http://www. franciscanos.org.br/ nilo/artigos/2010/ pdf/22_020710_ etica.pdf> [2007]. Acesso em: jun. 2012. enquanto processo de incorporação, ampliação ou conquista de direitos. Sendo assim, a cidadania estáassociada à consolidação democrática. Afirmamos, com clareza, que os cidadãos são livres e iguais perante a lei. No entanto, a realidade persiste em nos mostrar desigualdades muito grandes, acrescidas da distância entre a formalidade da lei e a sua aplicação. Vi- vemos ainda uma situação que não incorpora, de fato, a lei enquanto garantia dos direitos fundamentais do cida- dão. A cidadania permanece parcial, desequilibrada, ex- cludente. Desliza-se facilmente na direção de uma cida- dania passiva, regulada por um sistema de concessões, quando não de benesses para protegidos, tutelados e clientelas. Importa desenvolver uma cidadania ativa, na qual o cidadão, além de portador de direitos e deveres, é criador de direitos e exige instituições, mediações e espaços de participação para a consolidação social e política dos mesmos. Desta forma, consolida-se a de- mocracia, que deixa de ser de pura “representação” para dar real espaço à “participação”. A administração tributária A vida em sociedade exige que organizemos os meios que garantam o bem comum de todos os cidadãos. Os tributos são um destes meios essenciais. Existem dentro das regras da justiça, tornando-se uma obri- gação do cidadão e uma responsabilidade do Estado. Evite-se, por um lado, a sobrecarga de impostos e, por outro lado, sua utilização indevida. Busque-se garantir o equilíbrio das atividades econô- micas e a necessidade de redistribuição de renda, com atenção especial às necessidades dos mais pobres. A consciência ética busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal um caminho certo para a ética pública. Isto requer uma vida administrativa e política transparente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda a coletividade. A honestidade dos atores é in- dispensável. Esta também requer preparo profissional e maturidade humana. Por isso, afirmamos que a ética não é apenas um en- feite; ela torna-se um fator decisivo de toda administra- ção. Deve estar no âmago do exercício profissional, no coração de toda pessoa humana. Alguém quer ser eficaz? Seja ético! Este é, inclusive, o primeiro passo para o sucesso. Prof. Dr. Nilo Agostini Doutor em Teologia, pela Universidade de Ciências Hu- manas de Strasbourg, França. Atua como professor, es- critor e conferencista. E-mail para contatos: nilo_agostini@hotmail.com ou nc6767@hotmail.com e agora, José? Acho que esta unidade de aprendizagem foi esclarece- dora, quanto às noções de Direito Tributário e para que você conheça os principais tributos e a finalidade de sua arrecadação pelo Estado. Fazendo um resumo dos prin- cipais assuntos abordados neste capítulo, é importante mencionar que: a. O Direito Tributário é um ramo do Direito Financei- ro, mas que apesar de ter este aspecto, conserva sua autonomia quanto a conceitos, características e demais peculiaridades; b. Trata-se de uma matéria importantíssima por en- volver todas as pessoas que exercem cidadania, no aspecto em que são contribuintes ou ainda vão ser, com relação ao recolhimento de algum tipo de tri- buto; c. Que as competências quanto a instituição dos tribu- tos são definidas na Constituição Federal de 1988 e também as espécies de tributo, pois, não há tributo sem lei anterior que o defina, se ao contrário não obriga o seu recolhimento aos cofres públicos; d. O fato dos tributos serem instituídos em lei, traz se- gurança jurídica e ao mesmo tempo legitima-os, na medida em que justificam os seus recolhimentos para a manutenção de toda a estrutura da Adminis- tração Pública. Na próxima unidade veremos as noções de Direito do Trabalho e Previdenciário. Para um melhor aproveita- mento da próxima unidade é importante que reveja os conceitos aqui apresentados. Esclareça as possíveis dúvidas com a tutoria realize as atividades propostas de autoavaliação. Direito Empresarial / UA 06 Noções de Direito Tributário 26 reFerênCias AMED, F. J.; NEGREIROS, P. J. L. C. �História dos tri- butos no Brasil. São Paulo: SINAFRESP, 2000. CÓDIGO CIVIL. LEI N.10.406 DE 10 DE JANEIRO DE 2002. �Constituição Federal de 1988. FÜHRER, M. C. A.; FÜRER, M. R. E. �Resumo de Direito Tributário. 25. Ed. São Paulo: Ma- lheiros, 2015. OLIVEIRA, O. �Os dízimos Eclesiásticos do Bra- sil. Belo Horizonte: UMG, 1964. RUSCHMANN, C. F. �Direito tributário. Coleção curso & concurso – vol. 26. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011. glossário Contribuições Especiais ou parafiscais: são contribuições cobradas por autarquias, órgãos paraestatais de controle da economia, profis- sionais ou sociais, para custear seu financia- mento autônomo. São híbridos, ora sendo impostos, ora taxas e as vezes um misto des- tas duas categorias e que por delegação são arrecadados por entidades beneficiárias. Contribuinte: é aquele que deve pagar o tributo, podendo também ser chamado de responsável. Fato gerador: é o fato ou situação que gera ou cria a obrigação tributária. Incidência: corresponde ao fato ou situação em que o tributo é devido. Isenção: é a dispensa do tributo devido, ou seja, de seu pagamento, decorrente de lei ordinária. Não incidência: corresponde a um fato ou a uma situação que ficou fora do alcance da norma tributária. Obrigação: é a relação jurídica pela qual uma pessoa (credora) tem o direito de exigir de outra (devedora) uma prestação. Obrigação tributária: ônus legal que tem por objeto uma prestação pecuniária exigível pela Fazenda Pública, a título de tributo, do contribuinte, conforme sua capacidade, po- dendo ser principal ou acessória. Representação: no sentido jurídico é a pessoa que vem participar da prática de certo ato jurídico a ser praticado por pessoa absoluta- mente incapaz (Representante legal).
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