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Capítulo 1 
Origem da vida e evolução ............................... 218
Exercícios Propostos .................................... 239
Módulo 1
Origem da vida: histórico .............................. 239
Módulo 2
Origem da vida: evolução química .............. 243
Módulo 3
Evolução: histórico ........................................ 248
Módulo 4
Pensamento evolucionista .......................... 252
Módulo 5
Teoria sintética da evolução ........................ 257
Módulo 6Módulo 6
Diversi� cação da vida ................................... 262
Gabarito dos Exercícios Propostos................ 267
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OS 1 Origem da vida e evolução 
Como a vida surgiu no planeta Terra? Esta é uma das per-
guntas mais intrigantes da ciência, que ainda tem muitas la-
cunas, apesar de todos os avanços tecnológicos alcançados 
pela humanidade.
1. Origem da vida 
A. Introdução 
A curiosidade sobre a origem da vida em nosso planeta 
acompanha a espécie humana há muito tempo. É um tema 
polêmico, cujas explicações científicas não são totalmen-
te satisfatórias. O avanço das pesquisas e das tecnologias 
construiu, ao longo da história, informações preciosas para
compreendermos a origem de toda a vida na Terra e das rela-
ções evolutivas entre as espécies.
Existem diferentes explicações para a origem da vida e 
para a evolução das espécies. Destacaremos as teorias de-
senvolvidas a partir do século XVI.
B. Geração espontânea 
Segundo a hipótese de geração espontânea, ou abiogê-
nese, algumas formas de vida poderiam ser originadas da 
matéria bruta inanimada (não viva), e a força vital, um tipo de 
princípio ativo, permitiria que a matéria bruta se transformas-
se em ser vivo. Nessa perspectiva, defendida por Aristóteles 
(384-322 a.C.), da carne em decomposição surgiriam, por 
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meio da força vital, larvas de inseto. De forma semelhante, os 
girinos surgiriam em poças de água com lama, pois a lama po-
deria ser transformada, sob efeito da força vital, em ser vivo. 
No final da Idade Média, a ideia da geração espontânea 
era amplamente defendida e discutida por importantes cien-
tistas, como William Harvey (1578-1657), René Descartes 
(1596-1650) e Isaac Newton (1643-1727).
Descrições de experimentos dessa época já foram consi-
deradas receitas para a geração espontânea de seres vivos, 
como, por exemplo, o surgimento de camundongos a partir 
de grãos de trigo, defendida pelo médico Jan Baptista van 
Helmont (1579-1644), de Bruxelas. Helmont defendia a ideia 
de que, ao colocar, em um recipiente, grãos de trigo em con-
tato com uma camisa suada, após aproximadamente 21 dias 
surgiriam camundongos, pois o “fermento” da camisa seria 
modificado pelo odor do grão, e o trigo sofreria uma “transmu-
tação”, transformando-se em camundongos.
Segundo ele, os grãos de trigo tornavam-se ratos por cau-
sa do princípio ativo contido no suor humano. Certamente, se 
a “receita” de Helmont fosse submetida a uma rigorosa expe-
rimentação, como nos moldes atuais da ciência, seria pos-
sível observar que os ratos vêm de outro ambiente, atraídos 
pelos grãos de trigo.
Anaxágoras (c. 500 a.C.)
Anaxágoras de Clazômenas foi o principal 
responsável pela introdução da filosofia pré-so-
crática em Atenas e, consequentemente, por sua 
difusão entre os intelectuais atenienses. [...] Nada 
teria sido criado ou destruído: as coisas surgiam 
e desapareciam da combinação e da dispersão 
daquilo que já existia.
Cada porção do mundo material conteria, em 
princípio, todos os componentes encontráveis 
nas outras partes. Seria a preponderância de cer-
tas entidades, a partir de "sementes" cujos ele-
mentos constituintes estariam inextrincavelmen-
te misturados, que explicaria as características 
que diferenciam tudo que existe. Um pepino e 
uma pedra teriam, portanto, os mesmos compo-
nentes básicos, mas em diferentes proporções.
Anaxágoras achava que os animais nasciam 
da umidade [...] Postulou também que o ar con-
teria "sementes" de todas as coisas, e que elas 
seriam trazidas à terra pela chuva, originando, 
por exemplo, as plantas.
RIBEIRO JR., W.A. Anaxágoras de Clazômenas. Disponível 
em: <www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0550>. 
Acesso em: 28 mar. 2016. Adaptado.
C. Experimentos de Redi
Durante o século XVII, a ideia de abiogênese começou a 
enfrentar evidências contrárias. Um caso bem conhecido foi 
o do médico italiano Francesco Redi (1626-1691), estudioso 
do ciclo de vida de moscas que surgiam de organismos vermi-
formes na carne em decomposição de animais mortos. 
Após muita observação, Redi percebeu que esses se-
res se transformavam em várias espécies de moscas. Para 
testar a ideia de que os animais vermiformes eram oriundos 
dos ovos depositados pelas moscas na carne em decomposi-
ção, ele conduziu uma série de experimentos. O mais famoso 
foi colocar em frascos pedaços de carne em decomposição. 
Alguns frascos foram deixados abertos, e outros foram fecha-
dos com gazes. Nesse experimento, Redi verificou o surgi-
mento de larvas nos frascos abertos; nos frascos fechados, 
não surgiram larvas.
Experimentos de Redi mostraram que moscas surgem de larvas.
Assim, o médico mostrou que as larvas encontradas 
sobre a carne em putrefação e as moscas adultas se origi-
navam de ovos colocados por outras moscas. Mesmo assim, 
Francesco Redi era adepto da abiogênese. Acreditava, por 
exemplo, no surgimento espontâneo de vermes intestinais. 
Para ele, a geração não espontânea de moscas era apenas 
um caso específico.
O experimento de Redi, no entanto, permitiu a outros cien-
tistas verificarem a hipótese da biogênese, segundo a qual a 
vida deve surgir de outra forma de vida preexistente, e não da 
matéria bruta.
D. Ideias de Needham e de Spallanzani 
Na metade do século XVIII, com a melhoria das técnicas 
de microscopia e a ampliação do conhecimento sobre os 
micro-organismos, como bactérias, fungos e protozoários, 
os cientistas passaram a evidenciar a reprodução como 
fator essencial para o surgimento de novos seres vivos, e 
a discussão entre a abiogênese e a biogênese recebeu no-
vamente destaque. Como havia muito pouco conhecimento 
sobre o processo de reprodução dos micro-organismos, a 
explicação mais imediata para o surgimento deles era a ori-
gem na matéria inanimada. 
D.1. Experimento de Needham
Um exemplo bastante conhecido e favorável à hipótese 
da geração espontânea foram algumas experiências condu-
zidas por John Turberville Needham (1713-1781). Ele prepa-
rou, dentro de frascos, meios de cultura contendo caldo de 
galinha e sucos de frutas. Esses frascos foram submetidos a 
fervura e, em seguida, fechados com rolhas de cortiça. Após 
alguns dias, os frascos estavam turvos, indicando a presença 
de micro-organismos. Needham estava investigando a hete-
rogenia, ou seja, o surgimento de um ser vivo com base na 
matéria de outro ser vivo. Os resultados de seus experimen-
tos foram considerados favoráveis à hipótese da geração 
espontânea, pois, nessa perspectiva, o meio de cultura seria 
capaz de gerar os micro-organismos.
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Frascos turvos,
com contaminação
por micro-organismos
Frascos com sucos
nutritivos (caldo de
 galinha, sucos de frutas) Fervura
Fechamento
com rolha
Needham distribuiu caldo nutritivo, fervido por trinta minutos, em alguns frascos, imediatamente fechados 
com cortiça. Após alguns dias, micro-organismos surgiram nesses recipientes.
D.2. Experimento de Spallanzani
O italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799), um dos adeptos da biogênese, repetiu a experiência de Needham,mas 
com algumas diferenças. Foi utilizado o mesmo tipo de meio de cultura, submetido a fervura prolongada, porém os fras-
cos foram hermeticamente fechados, ou seja, os gargalos foram derretidos e vedados, evitando o contato do meio de 
cultura com o ar. Spallanzani obteve resultados diferentes dos de Needham: os frascos permaneciam límpidos, sem a 
indicação de contaminação por micro-organismos. Spallanzani dizia que Needham havia deixado os meios de cultura 
contaminados com micro-organismos, e estes dariam origem a novas populações. Já Needham afirmava que Spallanzani, 
com seu procedimento de aquecer muito os frascos, tinha destruído o princípio ativo e um novo princípio ativo, presente 
no ar, não poderia entrar em contato com o caldo, pois os tubos estavam fechados, não sendo possível, por isso, a forma-
ção de micro-organismos.
Frascos com sucos
nutritivos (caldo de
 galinha, sucos de frutas) Fervura
prolongada
Os frascos
permaneceram
sem contaminação.
Derretimento do gargalo
para vedação
Na montagem experimental de Spallanzani, que vedava os gargalos pelo derretimento
do vidro, os micro-oganismos não surgiram.
Essa discussão estendeu-se até o século XIX, quando, por volta de 1860, as experiências de Louis Pasteur começaram 
a esclarecê-la.
E. Contribuição de Pasteur
O cientista francês Louis Pasteur (1822-1885) estudou a origem dos micro-organismos por meio da experiência com tubos 
e caldo de cultura. A hipótese testada por Pasteur era de que os micro-organismos surgiam nos caldos em razão da contamina-
ção do ar por outros micro-organismos, e não pela transformação, ou transmutação, do líquido.
O desafio do cientista foi demonstrar essa hipótese sem vedar os tubos. Para isso, usou tubos tipo “pescoço de cisne”.
Os micro-organismos
desenvolvem-se no
líquido nutritivo,
depois de o tubo
de vidro ter sido quebrado.
As gotas de água,
no pescoço do tubo,
retêm a poeira
com micro-organismos;
assim, o líquido
permanece estéril.
Líquido
nutritivo
Tubo de vidro na
forma de pescoço
de cisne
Vapor
O resultado obtido com essa experiência mostrou que os frascos que continham meios de cultura permaneceram sem 
contaminação, mesmo em contato com o ar. Após a retirada do tubo curvado e em contato direto com o ar, o meio de cultura 
foi contaminado pelos micro-organismos. Pasteur chegou à conclusão de que esses seres vivos que apareceram no meio 
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de cultura vieram do ar, que o contaminou. Com essas expe-
riências, a biogênese ganhou mais credibilidade. Além dis-
so, os estudos de Pasteur contribuíram para o crescimento 
da microbiologia e para o desenvolvimento de técnicas de 
conservação de alimentos, como a pasteurização.
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Pela técnica de pasteurização, são produzidos alimentos 
livres de contaminação por micro-organismos, o que 
possibilita sua conservação por mais tempo.
[...] Embora as experiências de Pasteur fos-
sem bem-feitas e apresentassem evidências 
contrárias à geração espontânea, elas não pro-
varam que todo ser vivo provém de um outro 
preexistente, uma vez que [...] Pasteur teria que 
ter estudado a reprodução de todos os seres vi-
vos [...]. Por outro lado, é necessário lembrar que 
atualmente aceitamos que em algum instante na 
evolução do Universo – e da Terra, em particular 
– surgiram os primeiros seres vivos a partir da 
matéria inanimada. Portanto, aceitamos, de cer-
ta forma, um tipo de abiogênese.
MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira. A história da ciência e o ensino 
da biologia. Ciência & Ensino, Campinas, n.5, p. 18-21, 1998.
Da mesma forma como ocorreram divergências entre 
Needham e Spallanzani, Pasteur enfrentou opositores em 
sua época: o médico e naturalista francês Felix Archimède 
Pouchet (1800-1872) e o médico inglês Henry Charlton 
Bastian (1837-1915). Com apoio da Academia Francesa de 
Ciências, entretanto, começou a predominar aos poucos, 
principalmente após o início do século XX, o entendimento 
de que os organismos são originados de outros preexis-
tentes. A exceção seria relacionada ao primeiro organismo, 
originado provavelmente da combinação de materiais inani-
mados, pequenas moléculas e íons.
F. As ideias de Oparin e Haldane
Já nas primeiras duas décadas do século XX, Aleksandr 
Oparin (1894-1980) e John Haldane (1892-1964), indepen-
dentemente, propuseram uma sequência de fatos que teriam 
levado à origem da vida no planeta. Segundo eles, nas con-
dições da atmosfera primitiva, substâncias simples, na pre-
sença de uma fonte de energia, teriam dado origem a subs-
tâncias complexas. A atmosfera primitiva é definida como 
sendo a atmosfera terrestre de aproximadamente 4,6 bilhões 
de anos atrás. Algumas das condições, segundo Oparin, se-
riam: superfície terrestre muito quente, com ocorrência cons-
tante de evaporação e condensação da água, iniciando assim 
o ciclo das chuvas; grande número de descargas elétricas; 
grande intensidade de radiação ultravioleta; presença de va-
por de água (H2O), metano (CH4), amônia (NH3) e hidrogênio 
(H2). Muitas reações químicas ocorreram nessas condições, 
e substâncias simples originaram substâncias complexas, 
como aminoácidos.
COREYFORD/ISTOCKPHOTOS
Cenário hipotético da Terra primitiva. A atmosfera primitiva continha 
muitos gases considerados tóxicos para a maioria das formas 
de vida que conhecemos. No oceano primitivo, havia uma “sopa 
nutritiva”, constituída por inúmeras substâncias orgânicas.
Os aminoácidos agruparam-se, formando proteínas que, 
em meio aquoso, originaram agregados chamados de coacer-
vatos. Os coacervatos formam barreiras que exibem caracte-
rísticas semelhantes à membrana plasmática das células, o 
que indicaria um possível passo para a constituição das pri-
meiras formas de vida. Acredita-se que, no primeiro bilhão de 
anos de existência do planeta Terra, tenha ocorrido uma evo-
lução química ou pré-biológica, isto é, a partir de substâncias 
simples, formaram-se substâncias complexas.
Depois de alguns bilhões de anos dessa evolução quími-
ca, devem ter surgido os primeiros seres vivos, por associa-
ções entre as moléculas. 
G. O experimento de Miller-Urey
A hipótese de Oparin e Haldane foi testada experimental-
mente pela primeira vez em 1953, por um químico americano 
chamado Stanley Miller (1930-2007), em parceria com seu 
mentor, Harold Urey (1893-1981), que construiu um aparelho 
para simular as condições da atmosfera primitiva.
Nesse experimento, testou-se a ideia de que, na atmos-
fera primitiva, as descargas elétricas poderiam modificar os 
gases existentes e transformá-los em compostos orgânicos. 
O aparelho montado fez circular uma mistura de gases con-
tendo metano, amônia, hidrogênio e vapor de água, com for-
necimento de descargas elétricas. Após uma semana, a água 
do tubo foi analisada, verificando-se a presença de aminoáci-
dos, além de outras moléculas orgânicas.
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Água acumulada
(simula o acúmulo de água das chuvas,
formando os mares da Terra primitiva).
Entrada de água fria
Saída de água fria
Descargas elétricas
(simulam os relâmpagos
das tempestades).
Alta tensão (60 000 V)
Vapor de água
(simula as nuvens
de vapor de água
da Terra primitiva).
Mistura gasosa contendo metano,
amônia, hidrogênio e água
(simula a atmosfera supostamente
existente na Terra primitiva).
Condensador
(simula a condensação das
nuvens, gerando as chuvas
na Terra primitiva).
Água em ebulição
(simula a evaporação
de água da Terra primitiva).
Representação do experimento de Stanley L. Miller.
Concluiu-se dessa experiência que, nas condições pos-
tuladas por Oparin e Haldane, o aparecimento de moléculas 
orgânicas complexas na atmosfera seria possível. 
Em pesquisas recentes,demonstrou-se que a atmosfera 
primitiva era composta de gás carbônico, monóxido de carbo-
no, metano e nitrogênio.
Outras ideias sobre a origem da vida na Terra
Panspermia cósmica
Segundo a panspermia, as moléculas essenciais 
para a formação da vida, ou algum tipo de forma de vida, 
originaram-se em outros locais do Universo e foram trazi-
das ao planeta Terra pelos meteoritos. Essa hipótese tem 
como base a detecção, em meteoritos, de algumas subs-
tâncias orgânicas que fazem parte da composição dos 
seres vivos. Tais ideias, no entanto, não explicam como a 
vida surgiu fora do planeta Terra.
Criacionismo
Segundo essa doutrina metafísica, toda forma de vida 
foi criada por uma entidade divina, que produziu seres 
vivos perfeitos e colocou-os no ambiente em que estão 
desde o início dos tempos. A hipótese do design inteligen-
te é uma forma alternativa de apresentar essa doutrina.
H. Os primeiros seres vivos
Postula-se que os primeiros seres vivos eram seme-
lhantes a células bacterianas: unicelulares, procariontes, 
anaeróbios e fermentadores. 
Todo organismo precisa de energia para a manutenção 
de suas atividades vitais, como movimento, respiração, re-
produção, excreção, divisão celular, entre outras. A realização 
de trabalho celular gasta energia (ATP), que é obtida por meio 
da quebra das moléculas orgânicas contidas nos alimentos, 
principalmente nos carboidratos.
A obtenção de energia deveria ser semelhante ao que 
conhecemos hoje como fermentação, processo mais sim-
ples de obtenção de energia e que não necessita de oxigê-
nio, gás disponível em baixíssima concentração na atmos-
fera da Terra primitiva. 
Muitos cientistas admitem que o RNA foi o primeiro ma-
terial genético a se formar no planeta. Tal ideia é sustentada 
pelo fato de algumas moléculas de RNA terem a capacidade 
de se multiplicar, catalisando suas próprias reações, sendo 
denominadas ribozimas, o que não ocorre com o DNA. 
I. Hipótese heterotrófica e hipótese autotrófica
Alguns cientistas defendem que os primeiros seres 
vivos eram heterótrofos (hipótese heterotrófica), argumen-
tando que eles eram mais simples bioquimicamente do 
que os autótrofos. Esses organismos heterótrofos alimen-
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tavam-se das moléculas existentes no oceano primitivo. 
Segundo essa visão, a partir de heterótrofos preexistentes, 
surgiram os autótrofos; com o surgimento destes, a fotos-
síntese passou a produzir oxigênio, permitindo o surgimen-
to dos seres aeróbios. 
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Gêiser ativo no Parque Nacional de Yellowstone, Wyoming, Estados Unidos. 
Foram detectadas bactérias vivendo em ambientes inóspitos, 
como águas termais e próximas a vulcões submarinos, 
produzindo o próprio alimento por quimiossíntese.
No entanto, outros cientistas defendem a hipótese auto-
trófica, segundo a qual os primeiros seres vivos teriam sido 
autótrofos e realizariam um processo denominado quimios-
síntese. Esses seres primitivos seriam semelhantes a bacté-
rias e, a partir de gás carbônico, água e energia provenientes 
de reações químicas, produziriam alimento. Em seguida, te-
riam aparecido os heterótrofos fermentadores. Posteriormen-
te, surgiriam os seres fotossintetizantes, liberando acentua-
damente o gás oxigênio na atmosfera, e, por fim, apareceriam 
os seres vivos aeróbios. A grande evidência a favor da hipó-
tese autotrófica foi a descoberta de bactérias em ambientes 
inóspitos, tais como fontes de água quente próximas a vul-
cões submarinos e gêiseres. Essas bactérias, chamadas qui-
miolitoautotróficas, são capazes de produzir nutrientes orgâ-
nicos a partir de substâncias simples (CO2 e H2O) e de energia 
obtida em reações químicas.
 01. UEPA (adaptado)
Meteoritos contribuíram para origem 
da vida na Terra, diz estudo
Foi notificado num artigo publicado pela re-
vista científica britânica Nature Geoscience que os 
impactos de meteoritos nos oceanos da Terra po-
dem ter sido os causadores da formação de com-
plexas moléculas orgânicas que mais tarde origi-
naram a vida em nosso planeta. Quanto a isso, 
uma pesquisadora da Universidade de Tohoku, 
no Japão, explica que os impactos desses corpos 
sobre os mares primitivos, muito frequentes na 
época, podem ter gerado algumas das comple-
xas moléculas orgânicas necessárias para a vida. 
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/
ult306u476314.shtml>. Acesso em: 31 ago. 2012. Adaptado.
APRENDER SEMPRE 28 
Quanto ao assunto abordado no texto, relacione a 1a 
coluna com a 2a coluna.
1. Abiogênese
2. Panspermia
3. Francesco Redi
4. Biogênese
5. Criacionismo
6. Oparin e Haldane
( ) Realizou experimentos para derrubar a abiogênese, 
observando larvas de moscas em cadáveres.
( ) A vida surgiu por obra de um ser divino.
( ) A vida se origina da matéria bruta.
( ) Surgimento de moléculas orgânicas na atmosfera 
primitiva e dos coacervatos nos oceanos primitivos.
( ) Os seres vivos originam-se de outros seres vi-
vos preexistentes.
( ) A vida teve origem extraterrestre.
A sequência correta de cima para baixo é:
a. 3 – 5 – 6 – 2 – 4 – 1.
b. 6 – 3 – 1 – 5 – 4 – 2.
c. 3– 5 – 1 – 6 – 4 – 2.
d. 6 – 5 – 3 – 2 – 4 – 1.
e. 3 – 1 – 6 – 2 – 4 – 5.
Resolução
Francesco Redi (3) realizou experimentos cujos 
resultados eram contrários à abiogênese. O criacionis-
mo (5) propõe que a vida tenha surgido por obra de um 
ser divino. A abiogênese (1) defendia a ideia de que a 
vida se originava da matéria bruta. Oparin e Haldane 
(6) defenderam a possibilidade do surgimento de mo-
léculas orgânicas na atmosfera primitiva e dos coacer-
vatos nos oceanos primitivos. Pela teoria da biogênese 
(4), os seres vivos originam-se de outros seres vivos 
preexistentes. A panspermia (2) sugere que a vida 
teve origem extraterrestre. 
Alternativa correta: C
2. Evolução biológica
A. Evidências da evolução
A.1. Introdução
A biodiversidade pode ser entendida como a varieda-
de de organismos viventes e extintos do nosso planeta, 
levando-se em conta os seus diversos aspectos: morfoló-
gicos, fisiológicos, moleculares etc. O estudo da biologia 
permite entender essa complexidade da vida. No entanto, 
para que tal compreensão ocorra, é necessário conhecer 
os mecanismos evolutivos que moldaram essa diversida-
de de vida.
A.2. Adaptação
Ao iniciar o estudo da evolução, é imprescindível enten-
der o significado da palavra adaptação. É comum ouvir a afir-
mação de que todas as espécies que existem atualmente no 
planeta estão adaptadas aos seus ambientes. 
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Por exemplo: os crocodilianos, como o jacaré-de-papo-
-amarelo, apresentam os olhos e as narinas localizados na 
região dorsal do crânio. Quando dentro d’água, os olhos e as 
narinas dos crocodilianos podem ficar acima da superfície 
da água. Essa característica anatômica permite que eles 
respirem sem maiores restrições enquanto se deslocam no 
rio. Ao longo das sucessivas gerações, esses indivíduos da 
população, cujos olhos e narina estivessem mais bem po-
sicionados dorsalmente no crânio, tiveram algum tipo de 
vantagem, como, por exemplo, aproximar-se da presa sem 
serem notados. Esses animais caçavam com maior eficên-
cia e deixaram mais descendentes.
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Jacarés, crocodilos e gaviais são capazes de manter-se muito tempo 
quase submersos, pois os olhos e as narinas estão localizados na parte 
de cima do crânio, permitindo a respiração e o espreitamento da presa.
Assim, adaptação é o resultado do processo de seleção 
natural e pode ser entendida como a capacidade que uma 
espécie tem de sobreviver e se reproduzir no ambiente em 
que vive.
A.3. Origem da adaptação
Se as espécies que vivem hoje no planeta estão adapta-
das ao seu ambiente,surge uma dúvida: o que é responsável 
por essa adaptação?
Uma das maneiras pelas quais os seres humanos ten-
tam explicar a adaptação dos seres vivos ao meio ambiente 
é denominada fixismo. Por essa perspectiva, as espécies 
são imutáveis ao longo do tempo e permanecem essencial-
mente iguais desde seu surgimento. No fixismo criacionis-
ta, as espécies são criadas por uma entidade divina (um 
criador) já adaptadas ao ambiente. No fixismo naturalista, 
as espécies de seres vivos surgem por geração espontânea 
também adaptadas ao meio. Essa última concepção era a 
defendida por Aristóteles.
Em meados do século XVII, ganhou força outra visão 
de mundo, oposta ao fixismo. Nessa concepção, deno-
minada transformismo, as espécies mudam ao longo do 
tempo. Um fator importante para seu desenvolvimento foi 
a percepção de que o planeta Terra passou e ainda passa 
por muita mudanças. Os cientistas, principalmente geólo-
gos, começaram a notar algumas alterações lentas e ou-
tras bastante bruscas, como, por exemplo, o surgimento 
de uma ilha vulcânica na Islândia, documentado durante 
a década de 1960. Além disso, hoje, confirma-se uma hi-
pótese, já antiga, de afastamento de massas continentais; 
Brasil e África, por exemplo, afastam-se alguns centíme-
tros por ano.
Nesse contexto, alguns naturalistas do início do século 
XIX começaram a elaborar hipóteses acerca da ocorrência 
de alterações também nos seres vivos ao longo do tempo. A 
teoria da evolução por seleção natural foi desenvolvida em 
uma concepção transformista durante os séculos XVIII e XIX e 
é aceita até os dias de hoje.
A.4. Evolução biológica
A evolução biológica compreende as mudanças que as 
populações de seres vivos sofrem ao longo do tempo. Ao 
estudarmos evolução biológica, buscamos compreender os 
mecanismos evolutivos e as relações de parentesco entre as 
espécies e também as alterações ambientais que atuaram na 
história evolutiva dos seres vivos. 
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 EVERETT COLLECTION INC. | DREAM
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O estudo da evolução biológica procura entender como 
ocorreram as mudanças nos seres vivos ao longo do 
tempo, baseando-se em evidências científicas.
A.5. Fósseis
Os fósseis são restos ou vestígios de seres vivos que 
viveram antes do último evento de glaciação (há cerca de 
11 mil anos). Entende-se por resto qualquer estrutura que 
tenha sobrado do organismo após sua morte, como escamas, 
cascos, ossos, dentes e conchas. Os fósseis, dessa maneira, 
são retratos das espécies que habitaram o planeta. Há casos 
mais raros de preservação de organismos inteiros, como o de 
mamutes no gelo e de insetos em âmbar. 
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Restos de animais fossilizados: esqueletos 
(A e B) e insetos em âmbar (C).
Vestígios são evidências indiretas da existência dos seres 
vivos, que resultam de atividades biológicas, como as pegadas 
de um animal preservadas em cinza vulcânica endurecida.
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Pegadas de animal (dinossauro). Apesar de não conter 
restos do animal, constitui um exemplo de fóssil.
A paleontologia é o campo científico que estuda os fósseis. 
Sua contribuição para o entendimento da evolução é muito 
grande, permitindo documentar como foi a vida no passado e 
verificar as mudanças que ocorreram. Infelizmente, a recons-
tituição da história da vida por meio dos fósseis não pode ser 
efetuada de modo integral, uma vez que o registro fóssil nor-
malmente é escasso e incompleto.
Processo de fossilização
A formação de fósseis é rara. Estima-se que menos 
de 1% de todas as espécies que habitaram o planeta es-
teja representada no registro fóssil. Se não houver condi-
ções especiais logo após a morte do organismo, ele será 
rapidamente decomposto e desaparecerá. Uma condição 
favorável para a fossilização ocorre, por exemplo, quando 
restos ou vestígios de um organismo são cobertos, logo 
após sua morte, por argila e outros sedimentos em am-
bientes alagados e pobres em oxigênio. Ao longo do tem-
po, a compactação desses materiais forma uma rocha se-
dimentar. No interior dessa rocha, os restos ou vestígios 
mantêm-se temporariamente preservados, e o processo 
de fossilização pode ocorrer.
1. Quando um organismo morre, ele é depositado no 
fundo do mar, sendo coberto de lama ou areia.
2. As partes moles são decompostas ou consumidas. O 
organismo, então, é coberto de camadas de sedimen-
tos. Partes duras, como conchas, dentes e ossos, so-
frem o processo de mineralização.
3. Os sedimentos, sob pressão, formam as rochas.
4. Mais tarde, o movimento das camadas de terra levanta 
as rochas acima do nível do mar. A erosão das rochas, 
então, expõe o fóssil.
Os fósseis também são formados em outros ambien-
tes que recebem sedimentos, como plataformas conti-
nentais, braços de mar e pântanos. Além disso, cinzas 
vulcânicas, pó e areia, levados pelo vento, também sepul-
tam organismos e propiciam a formação de fósseis.
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Os fósseis constituem forte evidência de que a vida se modifica ao longo do tempo. Tomemos como exemplo a evolução do 
tamanho da caixa craniana de alguns dos nossos ancestrais hominídeos. Pelas imagens a seguir, é possível observar as mudan-
ças que ocorreram ao longo de milhões de anos na linhagem de hominídeos.
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Crânios de hominídeos extintos, antepassados do ser humano.
É possível observar que houve aumento significativo do 
volume craniano, podendo-se inferir que tal modificação tenha 
sido acompanhada pelo aumento do encéfalo e do intelecto.
B. Ancestralidade e parentesco
B.1. Análise comparativa
Para entender melhor o que isso significa e como eviden-
ciar a evolução, tomemos como exemplo duas espécies: o ser 
humano e o gato.
Analisando-se diferentes características anatômicas, em-
brionárias, bioquímicas etc., é possível observar muitos traços 
comuns. Por exemplo, os ossos que compõem o membro su-
perior dos seres humanos são os mesmos que os dos gatos. 
Homem Gato
Ossos do membro superior do homem e do anterior do gato. 
Ambos apresentam os mesmos ossos.
Como podemos explicar isso? As duas espécies des-
cendem de linhagens evolutivas que compartilham um 
ancestral comum. Há milhões de anos, populações de 
uma mesma espécie animal diferenciaram-se ao longo 
do tempo, dando origem à linhagem evolutiva do gato e à 
linhagem evolutiva do ser humano. Isso explica as carac-
terísticas anatômicas comuns entre as duas espécies que, 
possivelmente, estavam presentes no ancestral comum. 
O mesmo pensamento pode ser aplicado ao ser humano 
e aos outros primatas, como os chimpanzés. Algumas 
vezes, fala-se, erroneamente, que os seres humanos sur-
giram dos chimpanzés e, por isso, apresentam várias se-
melhanças. No entanto, na perpesctiva evolucionista, os 
chimpanzés e os seres humanos compartilham um mes-
mo ancestral (semelhante a um símio), que explica as ca-
racterísticas comuns a ambas as espécies.
Veja que o homem apresenta ancestralidade comum 
com o gato e com o macaco. Mas com qual das duas espé-
cies o homem apresenta um ancestral comum mais próximo? 
Certamente, com o chimpanzé. O ser humano e o chimpanzé 
compartilham muito mais características anatômicas, embrio-
nárias e moleculares, quando comparados ao gato, indicando 
que o ancestral comum entre os dois primeiros é provavel-
mente mais recente. É possível notar, pelos exemplos, que, se 
essas espécies se originaram de um mesmo ancestral, ocorre-
ram mudanças (graduais ou não) ao longo do tempo nas popu-
lações. Isso é evolução.
Quanto mais característicasanatômicas, embrionárias e 
moleculares compartilhadas entre as espécies, possivel-
mente mais próxima será a relação de parentesco.
 
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Tubarão Salamandra Tartaruga Galinha Porco Ser humano
Desenvolvimento embrionário comparativo entre alguns cordados. Ser humano e porco (mamíferos) apresentam 
mais características embrionárias compartilhadas, o que demonstra maior parentesco entre eles.
Tomemos como outro exemplo a evolução dos diferentes 
grupos de cordados. Por meio dos estudos comparados, os 
cientistas propuseram as seguintes relações:
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Pelo esquema, chamado cladograma, verifica-se que mamí-
feros e aves descendem de animais semelhantes aos répteis.
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Fóssil de Archeopteryx, possivelmente uma “transição” entre 
répteis e aves atuais. O Archeopteryx apresentava penas, 
sugerindo parentesco entre aves e dinossauros.
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B.2. Estruturas vestigiais
As estruturas vestigiais são normalmente de tamanho redu-
zido e, aparentemente, não apresentam mais a função ancestral 
em determinada espécie ou sua ausência não é significante. Es-
sas estruturas, como estão presentes em espécies diferentes, 
podem ser indício de ancestralidade comum, isto é, evidência 
da relação de proximidade evolutiva entre as espécies.
Como exemplo de estrutura vestigial, podemos citar o 
apêndice vermiforme, que é reduzido e exerce função dife-
rente nos seres humanos e em outros animais carnívoros, 
mas aparece desenvolvido nos animais herbívoros. Nos her-
bívoros, o apêndice vermiforme é importante no processo de 
digestão da celulose, realizada por micro-organismos (bacté-
rias e protozoários) que vivem nesse apêndice. Atualmente, 
exerce na espécie humana função imunitária.
Ceco
Intestino
delgado
Intestino
grosso
Fígado
Estômago
Apêndice
Localização relativa a outros órgãos do apêndice vermiforme humano
Os músculos que movimentam as orelhas e os pelos, o 
tendão palmar longo e as vértebras fundidas no final da co-
luna (cóccix) são outros exemplos de estruturas vestigiais no 
ser humano.
Tendão palmar longo
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O tendão palmar longo pode ser retirado e usado em cirurgias plásticas, 
como na remodelagem dos lábios. A ausência desse tendão ou do 
músculo relacionado após a cirurgia não afeta significativamente a 
capacidade ou a força de pinçamento dos dedos e a flexão das mãos.
É preciso cuidado ao analisar estruturas vestigiais, para 
não achar que a redução do apêndice ou o desaparecimento 
do dente do siso (terceiro molar) foram provocados, por exem-
plo, por mudanças na alimentação. Uma explicação possível é 
que indivíduos de populações que no passado apresentavam 
essas novas características, geradas por mecanismos gené-
ticos, foram selecionadas por mudanças alimentares ou não.
C. Teorias evolutivas 
C.1. Introdução
Apoiando-se nas evidências da evolução biológica, cien-
tistas procuram explicar o processo evolutivo, ou seja, tentam 
desvendar os mecanismos que promovem as modificações 
das populações de seres vivos ao longo do tempo. Muitas hi-
póteses e teorias foram propostas; algumas foram descarta-
das, e outras, substituídas ou aprimoradas.
C.2. Ideias de Lamarck
O cientista francês Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) 
publicou, em 1809, uma obra pioneira contrária às ideias 
de que as espécies não mudavam ao longo do tempo: 
Philosophie zoologique.
THÉVENIN, CHARLES. JEAN-BAPTISTE DE M
ONET CHEVALIER DE LAM
ARCK. 1803. ÓLEO SOBRE TELA.
Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Lamarck, 
foi um naturalista francês (1744-1829).
De acordo com o transformismo expresso nas ideias 
de Lamarck, as espécies mudavam ao longo do tempo em 
resposta a uma necessidade intrínseca, imposta pelo meio 
ambiente. Assim, a adaptação seria resultado de transforma-
ções no organismo, mediante uma necessidade imposta pelo 
meio. Tais modificações seriam transmitidas aos descenden-
tes, havendo, nesse caso, aumento da complexidade e surgi-
mento de estruturas em função da necessidade.
O pensamento de Lamarck apoiava-se em duas leis acei-
tas pela comunidade científica da época.
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Lei do uso ou desuso: se um animal usa muito uma parte 
do corpo, esta tende a se desenvolver. Se o animal não utiliza 
uma parte do corpo, ela tende a se atrofiar. Para Lamarck, um 
exemplo dessa lei pode ser observado em algumas espécies 
de aves aquáticas. Segundo o cientista, as aves se tornaram 
pernaltas em razão do esforço ao esticar as pernas para andar 
na água.
Outro exemplo citado por Lamarck são os ancestrais das 
cobras, que seriam animais dotados de pernas. Num dado 
momento, as pernas passaram a atrapalhar o deslocamento 
dos animais por lugares apertados. Com o desuso, as pernas 
desapareceram e o corpo das cobras passou a não ter patas.
Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: as modi-
ficações sofridas seriam transmitidas aos descendentes. As-
sim, os coelhos de orelhas curtas, que, pela necessidade de 
ouvir melhor, esforçaram-se a ponto de as orelhas crescerem, 
passariam essa característica aos descendentes. 
Um biólogo alemão chamado August Weismann (1834-
1914) estudou várias gerações de casais de ratos. Ele cortava 
a cauda dos ratos e os deixava juntos para o acasalamento. De-
pois de certo tempo, observava os descendentes. Se Lamarck 
estivesse certo, os filhotes teriam de nascer sem cauda. No en-
tanto, isso nunca foi observado. Essa é uma das experiências 
que demonstram que uma característica adquirida ao longo da 
vida de um indivíduo não é passada aos seus descendentes.
Posteriormente, com o desenvolvimento da genética, es-
clareceram-se os mecanismos de herança biológica e verifi-
cou-se que as características adquiridas durante a vida não 
se transmitem aos descendentes. Um exemplo: bebês não 
nascem com o lobo da orelha furado, apesar de seus pais po-
derem ter realizado tal procedimento.
C.3. Ideias de Darwin e de Wallace
Apesar de o pioneirismo de Lamarck ter sido reconhe-
cido por seus contemporâneos, suas explicações sobre as 
mudanças que ocorriam com as espécies ainda não eram 
suficientes para a comunidade científica da época. O marco 
do pensamento evolutivo foi a publicação, em 1859, do livro 
A origem das espécies (cujo nome completo é Sobre a ori-
gem das espécies por meio da seleção natural ou a preser-
vação de raças favorecidas na luta pela vida), do naturalista 
inglês Charles Robert Darwin (1809-1882). Antes dessa pu-
blicação, foi lido, na Linnean Society de Londres, em 1858, 
um documento escrito por Darwin e Alfred Russel Wallace 
(1823-1913), um naturalista inglês que fez observações 
sobre a evolução, na Malásia. 
Após uma vida escolar pontuada por poucos interes-
ses, Darwin formou-se pastor da Igreja Anglicana. No en-
tanto, durante sua permanência no seminário, foi influen-
ciado por um professor, adquirindo gosto pelas ciências 
naturais. Aos 22 anos, foi convidado a participar, como 
naturalista, de uma expedição realizada pela Marinha in-
glesa, dando a volta ao redor do mundo. Ao percorrer parte 
da América do Sul, Darwin encontrou vários fósseis de ani-
mais. Posteriormente, a expedição passou algumas sema-
nas no arquipélago de Galápagos, a aproximadamente mil 
quilômetrosdo Equador.
Darwin ficou intrigado com a fauna dessas ilhas, como, 
por exemplo, os jabutis gigantescos que ali viviam. Também 
percebeu os vários tipos de tentilhões, pequenos pássaros, 
os quais eram diferentes em cada ilha. Esses animais dife-
riam especialmente em relação ao tamanho e formato do 
bico. Deveria haver uma explicação para essas diferenças.
Chile
Uruguai
Rio de Janeiro
Bahia
Cidade do Cabo
Tasmânia
Sydney
Nova
Zelândia
Taiti
Ilhas
Cabo Verdes
Ilhas Galápagos
Ilhas Malvinas
Ilhas Maurício
Ilhas Cocos
Ilhas
Açores
AMÉRICA
DO NORTE
AMÉRICA
DO SUL
EUROPA ÁSIA
ÁFRICA
OCEANIA
A rota da viagem de Charles Darwin a bordo do navio Beagle (1831-1836) é mostrada pela linha vermelha.
Após seu retorno à Inglaterra, Darwin passou a trabalhar com o material que obteve durante a expedição. Em 1859, pu-
blicou o livro A origem das espécies, no qual propõe sua teoria da evolução por seleção natural. Darwin relatou que, para ele, 
foi decisiva a leitura do trabalho do economista britânico Thomas Malthus (1766-1834), Um ensaio sobre populações, o qual 
demonstrava a discrepância entre o crescimento da população humana (em progressão geométrica) e a produção alimentar 
(em progressão aritmética). Segundo Malthus, haveria uma grande luta pela sobrevivência diante da produção insuficiente 
de alimento.
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Charles Robert Darwin publicou, em 1859, o livro A origem das 
espécies, que trata da evolução biológica dos seres vivos.
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Alfred Russel Wallace escreveu, com base em suas observações 
na Malásia, um ensaio sobre evolução, que foi enviado a Darwin 
antes da publicação do livro A origem das espécies. Como 
Darwin, Wallace foi influenciado pelas ideias de Malthus.
A teoria evolutiva de Darwin está fundamentada nas se-
guintes concepções:
a. há variação das características na população (varia-
ções individuais);
b. os organismos têm capacidade potencial de produ-
zir descendentes;
c. as características biológicas são herdáveis de uma 
geração para outra; 
d. há descendência com modificação e ancestralida-
de comum.
Assim, são centrais no pensamento darwiniano as noções 
de variabilidade, ou seja, os indivíduos de uma mesma espé-
cie não são idênticos, existindo diferenças de características 
entre eles (altura, peso, forma dos membros, força etc.), e de 
seleção natural, segundo a qual nem todos os indivíduos de 
uma espécie apresentam características que propiciam a sua 
sobrevivência ao meio em que vivem. O ambiente selecionaria 
os indivíduos mais aptos, ou seja, aqueles portadores de ca-
racterísticas favoráveis à sobrevivência e à reprodução. Isso 
resultaria em adaptação, entendida como resultado da ação da 
seleção natural, que agiu sobre a variabilidade da espécie. É im-
portante notar que a expressão “sobrevivência do mais apto”, 
embora atribuída a Darwin, foi cunhada por Herbert Spencer 
(1820-1903), filósofo inglês ligado ao liberalismo clássico. 
Darwin usou essa expressão por sugestão de Wallace, em sua 
obra A variação de animais e plantas domesticados, de 1868, 
e também a partir da 5a edição de A origem das espécies.
Um dos aspectos que chamaram a atenção de Darwin nas ilhas 
Galápagos foram pássaros conhecidos como tentilhões. Darwin notou 
as variações na forma e no tamanho do bico e as relacionou à adaptação 
aos diversos tipos de alimentos consumidos pelas diferentes espécies.
Fazendo-se uma comparação com o exemplo citado no 
lamarckismo, as orelhas longas do coelho, segundo o darwi-
nismo, são produto da seleção natural. Em uma população 
de coelhos ancestrais, existia uma variação no tamanho 
das orelhas, de curtas a longas. Os coelhos de orelhas lon-
gas, provavelmente, apresentavam uma percepção auditiva 
mais desenvolvida do que aqueles de orelhas curtas, per-
cebendo mais rapidamente a presença de seus predadores. 
Os coelhos de orelhas longas tornaram-se mais frequentes 
na população, reproduzindo-se mais do que os coelhos de 
orelhas curtas.
Assim como a natureza gera uma pressão seletiva favo-
rável a indivíduos mais aptos ao meio, o ser humano também 
utiliza a seleção artificial de variedades de plantas e de ani-
mais com melhores características econômicas: variedades 
mais produtivas, resistentes à seca, às pragas etc.
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Apesar de Lamarck e Darwin apresentarem explicações 
diferentes para as mudanças das espécies, é possível ob-
servar semelhanças entre suas concepções. Ambos aceitam 
como fatores fundamentais para a evolução o ambiente e a 
adaptação das espécies ao meio. No entanto, para Lamarck, 
o ambiente impõe as necessidades e o organismo se esforça 
para se adaptar a elas; para Darwin, o ambiente seleciona os 
indivíduos mais aptos ao meio.
A natureza absolutamente impessoal nos 
processos de evolução parece ser difícil de 
compreender. Têm sido encontrados, frequen-
temente, significados na evolução que nem 
Darwin nem os modernos biólogos evolutivos 
imaginaram. Alguns igualaram evolução com 
“progresso” das formas de vida “inferiores” às 
“superiores”, mas é impossível definir quais-
quer critérios que não sejam arbitrários pelos 
quais o progresso possa ser medido. A própria 
palavra “progresso” implica direção, se não 
mesmo o avanço em direção a um objetivo, mas 
nem direção nem objetivo são fornecidos pelos 
mecanismos de evolução. Muito menos, apesar 
das concepções populares, a evolução pode ser 
concebida como estando dirigida à emergência 
da espécie humana. 
FUTUYMA, Douglas J. Biologia evolutiva. Trad. de Mário de 
Vivo e coord. de Fábio de Melo Sene. 2. ed. Ribeirão Preto: 
Sociedade Brasileira de Genética/CNPq, 1992. Adaptado.
C.4. Síntese moderna da evolução
Apesar de Darwin ter dado um grande passo na com-
preensão do mecanismo de evolução biológica, ele não pôde 
explicá-lo em sua totalidade. Um dos problemas era o desco-
nhecimento, na época, dos mecanismos de herança biológica, 
capazes de explicar as causas da variabilidade entre os seres 
vivos de uma determinada espécie. Vale lembrar que a genética 
começou, efetivamente, em 1900, com a redescoberta dos tra-
balhos de Gregor Mendel (1822-1884). Embora Darwin tenha 
tido contato com os trabalhos de Mendel, ele não incorporou as 
informações. No século XX, os biólogos puderam completar o 
trabalho de Darwin. Encontraram exemplos atuais de evolução 
e explicaram as causas da variabilidade. Assim, realizou-se a 
síntese entre duas áreas da biologia: a genética e a evolução. 
Disso resultou a síntese moderna da evolução.
Pode-se dizer, então, que a síntese moderna (neodarwi-
nismo, teoria sintética ou nova síntese) incorpora as causas 
da variabilidade aos conceitos do darwinismo clássico. Pelo 
avanço da genética, as causas da variabilidade populacional 
são explicadas pelas mutações e recombinações gênicas.
Entende-se por mutações as alterações aleatórias que 
ocorrem no material genético (DNA ou RNA). Essas alterações 
podem promover o surgimento de novas características. As 
recombinações gênicas referem-se a dois mecanismos pre-
sentes na divisão celular meiótica, o crossing-over, ou permu-
tação, e a segregação independente dos cromossomos ho-
mólogos, que serão estudados com detalhes posteriormente. 
Esses dois mecanismos são responsáveis pela variabilidade 
genética dos indivíduos de uma população.
Recombinações
genéticas
Variabilidade Adaptação
Seleção natural
Mutações
Segregação independente
Crossing-over
C.4.1. Resistência aos antibióticos
Há grande número de bactérias patogênicas ao ser hu-
mano que são constantemente combatidas com o uso de an-
timicrobianos, notadamente os antibióticos.
Quando uma indústriafarmacêutica lança um novo tipo de 
medicamento para tratar determinada doença bacteriana, o pro-
duto apresenta alta efetividade durante algum tempo. Posterior-
mente, acaba perdendo seu efeito. Isso ocorre porque as bacté-
rias adquirem resistência ao antibiótico? Não. Na população de 
bactérias, há indivíduos mutantes resistentes ao antibiótico e 
que, com o tempo, passam a predominar, em razão da sobrevi-
vência e da reprodução diferencial em relação às bactérias sen-
síveis. A explicação é similar para insetos e inseticidas.
Pelo uso indiscriminado e descontrolado dos antibióti-
cos, o ser humano selecionou muitas bactérias patogênicas 
resistentes. Doenças que, no passado, eram curadas com 
algumas semanas de uso de antibióticos hoje demandam 
meses de tratamento, como, por exemplo, a tuberculose. Por 
isso, os médicos devem prescrever os antimicrobianos de 
maneira criteriosa, e os pacientes precisam seguir rigorosa-
mente a dosagem e o tempo de uso desses medicamentos.
Antimicrobianos
Antibiótico é conhecido por combater bactérias, mas 
é apropriado se referir a essa classe de medicamento 
como antimicrobiano, pois antibióticos são produzidos 
por outras bactérias e fungos, enquanto muitos antimi-
crobianos comerciais são produzidos artificialmente. 
Existem dois tipos de medicamentos que combatem bac-
térias (antibacterianos): bacteriostático e bactericida; o 
primeiro dificulta o crescimento da população bacteriana, 
e o segundo provoca morte de bactérias. Cabe lembrar 
que há antibióticos que combatem outros organismos, 
como é o caso do metronidazol, utilizado em infecções 
causadas por bactérias anaeróbias e por protozoários 
patogênicos, como a giárdia (causadora da giardíase) e a 
ameba (causadora da amebíase).
É preciso cuidado com as explicações do tipo “os antibió-
ticos tornaram as bactérias resistentes” ou “de tanto usar an-
tibióticos as bactérias se acostumaram a eles” ou, ainda, “os 
antibióticos provocaram mutações, tornando as bactérias re-
sistentes”. Todas estão erradas. Os antibióticos não provocam 
mutações nas bactérias. Essas mutações ocorreram de manei-
ra espontânea e aleatória. Em uma infecção existem bactérias 
sensíveis e resistentes. Os antibióticos eliminam as sensíveis 
e selecionam de maneira positiva as bactérias resistentes, que 
se reproduzem e passam a predominar na população.
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Antibiograma mostra quais antimicrobianos são eficazes na 
eliminação de um determinado tipo de bactéria. Observe que alguns 
discos que contêm antimicrobiano não apresentam efeito algum 
contra esse tipo de bactéria (discos sem áreas claras ao redor).
 01. UNESP
Considere as seguintes afirmações.
1. “O gafanhoto é verde porque vive na grama.”
2. “O gafanhoto vive na grama porque é verde.”
Qual afirmação seria atribuída a Darwin e qual seria 
atribuída a Lamarck? Justifique sua resposta.
Resolução
A frase 1 pode ser atribuída às ideias de Lamarck, 
pois denota que o gafanhoto teve a necessidade de se 
tornar verde para viver na grama. Já a frase 2 pode ser atri-
buída às ideias de Darwin, mostrando que os indivíduos 
de coloração verde foram selecionados pelo ambiente, 
provavelmente porque os gafanhotos com cor semelhan-
te à grama eram menos predados.
 02. PUC-RJ
Foram introduzidas em dois frascos, que continham um 
mesmo meio de cultura, quantidades idênticas de um tipo 
de bactéria. Após algum tempo de incubação, adicionou-se 
a apenas um dos frascos um antibiótico estável, de uso fre-
quente na clínica e cuja concentração não se modificou du-
rante todo o experimento. O gráfico a seguir representa a va-
riação do número de bactérias vivas no meio de cultura, em 
função do tempo de crescimento bacteriano em cada frasco.
Sem antibiótico
Nú
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Com antibiótico
Adição do antibiótico
APRENDER SEMPRE 29 
A observação do gráfico permite concluir que, no fras-
co em que se adicionou o antibiótico, ocorreu grande di-
minuição no número de bactérias e, em seguida, aumento 
desse número. Segundo a teoria de evolução neodarwi-
niana, o fato observado nos frascos com antibiótico tem a 
seguinte explicação:
a. a dose usada de antibiótico eliminou a maioria 
da população, selecionando uma minoria resis-
tente, que voltou a crescer.
b. a dose usada de antibiótico eliminou a grande 
maioria das bactérias, e a minoria sobrevivente se 
adaptou às condições, voltando a crescer.
c. a dose usada de antibiótico provocou uma len-
tidão no crescimento das bactérias, que, após 
algum tempo, adaptaram-se e voltaram a crescer.
d. a dose usada de antibiótico inibiu o cresci-
mento da maioria das bactérias, mas, após a 
sua degradação, essas bactérias começaram a 
crescer novamente.
e. a dose usada de antibiótico estimulou a adapta-
ção de bactérias, que demoraram mais a crescer.
Resolução 
A teoria da evolução neodarwiniana tem como base 
o princípio da seleção natural e as causas da variabilida-
de genética. Apesar de ser um experimento em ambiente 
controlado, houve também a seleção de indivíduos re-
sistentes ao antibiótico (mais adaptados às condições 
do ambiente). No gráfico apresentado, nota-se, num dos 
frascos, diminuição no número de bactérias logo após a 
adição dos antibióticos. Isso porque o antibiótico elimi-
nou a maioria da população bacteriana, selecionando as 
bactérias resistentes, que, ao se reproduzir, fizeram a po-
pulação voltar a crescer. 
Alternativa correta: A 
C.4.2. Epigenética e a transmissão de 
características adquiridas
A epigenética estuda os mecanismos de controle da expres-
são gênica do genoma transmitidas aos descendentes sem que 
haja alteração da sequência de nucleotídeos do DNA. Essas mo-
dificações não genéticas dependem de mudanças químicas na 
cromatina e em suas proteínas estruturais. O conjunto de genes 
e de fatores de regulação da expressão gênica, como compacta-
ção e descompactação da cromatina, ou o silenciamento por me-
tilação de bases (adição de um grupo metil à base nitrogenada), 
de determinado indivíduo, é chamado epigenoma.
Conforme um embrião se desenvolve, seus genes são 
ativados e/ou silenciados por meio de inúmeros mecanis-
mos, que dependem da influência de sinais internos ou 
externos à célula e que ocorrem em diferentes momentos 
do desenvolvimento. Esses sinais podem ser nutrientes, 
hormônios ou outras substâncias.
O padrão epigenético de regulação gênica nas células 
de um indivíduo, inclusive nos gametas, pode ser passado 
para seus descendentes. Por isso, em organismos multice-
lulares, a herança epigenética é considerada transgeracio-
nal (de uma geração a outra).
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Essa herança fornece outra dimensão de análise de 
processos evolutivos: alterações do genoma costumam 
ser lentas, mas, em contrapartida, as do epigenoma po-
dem ser rápidas e responder em curto prazo aos sinais 
ambientais. Assim, a herança epigenética resulta em ajus-
te contínuo da expressão dos genes face à influência am-
biental, sem que ocorra alteração da sequência de bases 
nitrogenadas do DNA.
O estudo da herança epigenética ajuda a explicar a 
diferença entre gêmeos monozigóticos (idênticos), uma 
vez que, mesmo compartilhando o mesmo genoma, os gê-
meos desenvolvem características diferentes entre eles, 
tanto físicas como emocionais e afetivas, ou seja, a dife-
rença entre gêmeos monozigóticos pode estar no epigeno-
ma (que sofre influência do ambiente).
Como há mudanças hereditárias na atividade gênica 
que não podem ser explicadas pela genética mendeliana, 
a epigenética aproxima-se, de certo modo, das ideias sob 
o rótulo “lamarckismo”, uma vez que há transmissão de ca-
racterísticas adquiridas. Embora o lamarckismonão possa 
ser simplesmente reduzido a herança de caracteres ad-
quiridos, essa aproximação pode ser considerada válida. 
É importante lembrar que Darwin usava a ideia de pangê-
nese para explicar a herança de caracteres adquiridos ou 
não. A pangênese sustentava a ideia de que o organismo 
produzia partículas, as gêmulas, que eram direcionadas 
às células reprodutivas e que, portanto, na reprodução se-
xuada, havia mistura das características de cada genitor. 
Do mesmo modo, acreditava-se que as modificações so-
fridas pelo organismo durante a vida causavam alterações 
nas gêmulas e, consequentemente, poderiam ser transmi-
tidas para as gerações seguintes.
D. Especiação 
D.1. Introdução
No início do estudo da evolução, verificamos que o 
compartilhamento de características anatômicas, embrio-
nárias, bioquímicas, entre outras, indica uma relação de 
ancestralidade comum, como é o caso do ser humano e 
do chimpanzé. Mas como é possível uma espécie animal, 
que não era nem o ser humano nem o chimpanzé, evoluir 
e originar duas outras espécies diferentes? Quais são os 
mecanismos que levam à formação de novas espécies?
Para responder a essas perguntas, vamos estudar a es-
peciação, denominação dada aos mecanismos que levam à 
formação de novas espécies.
D.2. Conceito de espécie
Um passo necessário para entender a formação de novas 
espécies é definir o que é espécie. Entre as várias definições 
discutidas pela comunidade científica, podemos dizer que 
espécie é um conjunto de organismos que compartilham um 
conjunto de características e que têm capacidade potencial 
de se reproduzir em condições naturais, gerando descenden-
tes férteis. Este é o conceito biológico de espécie. Isso pode 
ser expresso de outra forma: espécie é um grupo de indiví-
duos com capacidade potencial reprodutiva, no qual há troca 
de genes (fluxo gênico).
Se duas populações, em condições naturais, não con-
seguem mais trocar genes, diz-se que houve entre elas 
isolamento reprodutivo, ou seja, o fluxo gênico entre as po-
pulações foi interrompido, o que indica a possibilidade de for-
mação de novas espécies.
D.3. Processo de especiação 
A seguir, você estudará o processo de formação de novas 
espécies por meio do modelo de especiação do tipo alopá-
trica. No final deste capítulo, em leitura complementar, você 
verá o modelo simpátrico de especiação.
I. Uma população inicial é dividida em dois grupos por 
meio de uma barreira física (rio, deserto, cadeia de 
montanhas). Essa condição é denominada isolamen-
to geográfico, o que impede a troca de genes entre 
indivíduos dos dois grupos.
Barreira física
População
inicial
Grupo BGrupo A
II. Cada ambiente pode ter diferenças (de umidade, rele-
vo, vegetação etc.), apresentando diferentes critérios 
de seleção natural. Surgem diferentes tipos mutantes 
em cada grupo; eles sofrem a atuação da seleção na-
tural específica em cada local. Mutantes com carac-
terísticas favoráveis sobrevivem e se reproduzem. 
Depois de muitas gerações, o gene mutante pode pre-
dominar no grupo.
Mutante A Mutante B
Grupo BGrupo A
Grupo BGrupo A
III. Formam-se novas raças ou subespécies. Apesar das 
diferenças, organismos dos dois grupos apresentam 
ainda capacidade potencial de cruzamento e de for-
mação de descendentes férteis.
Subespécie BSubespécie A
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IV. Com o passar do tempo, as mutações são traduzidas 
em características fenotípicas dos indivíduos, que são 
selecionados pela pressão de cada ambiente. As dife-
renças entre os dois grupos ficam maiores.
Subespécie BSubespécie A
V. As populações entram em contato. Apesar disso, são 
incapazes de gerar descendentes férteis. Foi estabe-
lecido, portanto, um isolamento reprodutivo, indican-
do a formação de novas espécies.
Quebra da 
barreira física
Espécie BEspécie A
Note que o processo de especiação alopátrica depende 
inicialmente da criação de um isolamento geográfico. No en-
tanto, esse isolamento não determina, obrigatoriamente, a 
formação de novas espécies; pode ocorrer a formação de no-
vas subespécies ou raças. O que indica a formação de novas 
espécies é o isolamento reprodutivo. 
As diferentes variedades de cães são consideradas raças 
porque não ocorreu ainda a interrupção completa do fluxo 
gênico entre elas. Raças de tamanhos intermediários podem 
servir de pontes gênicas, transferindo genes entre raças de 
tamanhos extremos.
Leia o texto: “Eugenia: quando a biologia faz falta”, de 
autoria do prof. Nélio Bizzo.
Disponível em: <http://www.fcc.org.br/
pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/694.
pdf>. Acesso em: 16 mar. 2016.
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D.4. Tipos de isolamento reprodutivo 
D.4.1. Pré-zigótico
Ocorre antes que aconteça a fecundação e a consequen-
te formação do zigoto. Entre as possibilidades desse tipo de 
isolamento reprodutivo, destacam-se:
• Isolamento ecológico ou de hábitat
As espécies ocupam diferentes áreas geográficas e não 
se encontram em condições naturais para reproduzir. É o que 
ocorre entre tigres e leões: apesar de existirem descendentes 
em cativeiro, eles não reproduzem em condições naturais. 
Por exemplo, leões e tigres estão isolados geograficamente, 
não ocorrendo cruzamento natural entre eles. Os descenden-
tes, "liger" ou "tigon", são obtidos apenas em cativeiro.
• Isolamento estacional ou sazonal
As espécies apresentam diferentes épocas reprodutivas; 
às vezes, os gametas de uma espécie não estão maduros na 
mesma época em que os gametas da outra espécie.
• Isolamento etológico ou comportamental
As espécies apresentam comportamentos tão distin-
tos que os indivíduos não se reconhecem mais, devido a 
mudanças significativas no comportamento reprodutivo: 
canto, dança, liberação de ferormônios etc.
• Isolamento mecânico
Os órgãos reprodutores das espécies tornaram-se incom-
patíveis, impedindo a cópula.
• Isolamento por mortalidade gamética
Os gametas de uma espécie morrem no organismo da 
outra espécie, devido a diferenças fisiológicas entre os sis-
temas genitais.
D.4.2 Pós-zigótico
Ocorrem após a fecundação e consequente formação do 
zigoto. Entre as possibilidades desse tipo de isolamento re-
produtivo, destacam-se:
• Morte do zigoto ou embrião
O desenvolvimento embrionário não se completa, devido 
às diferenças fisiológicas e genéticas entre as espécies.
• Esterilidade do descendente
Ocorre o desenvolvimento embrionário e o nascimento dos 
descendentes, na maioria, estéreis. É o que acontece no cruza-
mento do jumento com a égua, originando o burro ou a mula.
A mula (ou o burro), à direita, geralmente estéril, é o híbrido do cruzamento entre o jumento (Equus asinus), à esquerda, e a égua (Equus caballus),
 ao centro. A esterilidade está ligada a problemas nos sistemas genitais ou a anormalidades na formação de gametas.
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E. Irradiação adaptativa
Ocorre a formação de várias espécies, segundo os me-
canismos estudados anteriormente, a partir de uma espécie 
ancestral, que apresentam adaptações ecológicas distintas.
Chimpanzé
Urso
Lobo
Baleia
FocaToupeira
Marmota
Esquilo
Morcego
Ancestral
comum
Formação de novas espécies adaptadas a diferentes 
ambientes, a partir de um ancestral comum
F. Convergência adaptativa
Processo resultante da adaptação de grupos de organis-
mos de espécies diferentes não aparentadas a um mesmo 
hábitat. Por estarem adaptados ao mesmo ambiente, esses 
grupos têm semelhanças em relação à organização do corpo, 
por exemplo, sem necessariamente terem parentesco evolu-
tivo próximo. 
Tomemos, por exemplo, o tubarão (peixe), o ictiossauro 
(um réptil extinto) e o golfinho (mamífero).
Golfinho
(mamífero)
Ictiossauro
(réptilfóssil)
Tubarão
(peixe)
Esses três animais apresentam semelhanças morfológi-
cas marcantes, como as nadadeiras e a forma hidrodinâmica 
do corpo. No entanto, não descendem de um mesmo ances-
tral comum exclusivo. A explicação para isso é que os três 
animais vivem ou viveram em ambiente parecido (marinho) 
e ocupam ou ocuparam nichos ecológicos semelhantes; as-
sim, a pressão seletiva do ambiente foi parecida para as três 
espécies, resultando em um caso de evolução convergente.
G. Homologia e analogia
Ao comparar o membro superior do homem com a nadadeira 
de uma baleia, com a asa de um morcego e com a asa de um inseto, 
você diria que existe homologia entre quais estruturas? Quais des-
sas estruturas refletem parentesco evolutivo entre as espécies? 
Quais delas são decorrentes de uma convergência adaptativa?
Para responder a essas perguntas, é necessário com-
preender algumas diferenças entre órgãos homólogos e 
órgãos análogos.
Quando estruturas ou órgãos compartilham caracterís-
ticas estruturais originadas na forma ancestral, são denomi-
nados órgãos homólogos. A mesma origem embrionária e a 
posição das estruturas são bons indicadores de homologia.
Membro superior
do homem
Nadadeira
da baleia
Asa do
morcego
Estruturas ósseas dos membros superiores do ser humano 
e dos membros anteriores da baleia e do morcego
Na imagem anterior, é possível perceber que os membros 
do ser humano, da baleia e do morcego são formados pelos 
mesmos ossos, com mudanças adaptativas na forma, no ta-
manho, na espessura etc. Assim, todas essas estruturas são 
homólogas e refletem um parentesco evolutivo próximo. Ór-
gãos homólogos estão geralmente presentes em espécies re-
sultantes de uma irradiação adaptativa. Os órgãos homólogos 
podem desempenhar ou não as mesmas funções. A asa do 
morcego e a nadadeira da baleia, apesar de serem homólo-
gas, desempenham funções diferentes.
Órgãos análogos apresentam semelhanças na forma e na 
função, porém não foram originados na forma ancestral. Por 
isso, podem apresentar composições estruturais distintas e 
não ter a mesma origem embrionária.
Asa do
morcego
Asa do inseto
Aspectos estruturais gerais da asa do morcego e da de um inseto
A asa do morcego apresenta composição óssea, e a asa do 
inseto é feita de quitina (polissacarídeo); são, notadamente, 
estruturas análogas. A analogia não reflete parentesco evolu-
tivo entre as espécies e geralmente é encontrada em espécies 
que compartilham convergências adaptativas. Apesar das dife-
renças, órgãos análogos podem executar a mesma função.
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 01. UFC-CE
A evolução biológica é o processo através do qual ocorrem as transformações nos seres vivos e é entendida como 
o conjunto de mudanças cumulativas que ocorrem ao longo do tempo em uma população, relacionando-se com a forma 
de adaptação ao ambiente. Observe, abaixo, conceitos utilizados no estudo do processo evolutivo e preencha os parên-
teses com o número correspondente.
1. Seleção natural
2. Convergência adaptativa
3. Irradiação adaptativa
4. Especiação
5. Homologia
( ) Formação de novas espécies, que normalmente se inicia com a separação da espécie em duas ou mais populações 
por uma barreira física de difícil transposição.
( ) O ambiente atua sobre a diversidade intraespecífica e elimina os indivíduos menos adaptados, selecionando os 
mais adaptados, que sobrevivem e se reproduzem.
( ) Semelhança, quanto à estrutura, entre órgãos de espécies diferentes que têm um ancestral comum, apresentando 
esses órgãos ainda a mesma origem embrionária.
( ) Um grupo ancestral pode dispersar-se por vários ambientes, como florestas e campos, originando novas espécies, 
que ocupam diferentes hábitats ou nichos ecológicos. 
( ) Descendentes de ancestrais diferentes que ocupam o mesmo hábitat, submetendo-se aos mesmos fatores de se-
leção natural e que, com o tempo, tiveram selecionados aspectos adaptativos semelhantes.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta.
a. 4 – 3 – 2 – 5 – 1
b. 2 – 4 – 5 – 1 – 3
c. 4 – 1 – 5 – 3 – 2
d. 2 – 5 – 1 – 3 – 4
e. 1 – 4 – 3 – 2 – 5
Resolução
É o mecanismo de formação de novas espécies, que é concluído quando se dá o isolamento reprodutivo (4). 
O ambiente atua sobre a diversidade, elimina os indivíduos menos adaptados, selecionando os mais adaptados (1). 
A homologia é resultado do processo de irradiação adaptativa (5). 
Uma única espécie pode dar origem a uma grande variedade de espécies, cada qual adaptada a um certo conjunto de 
condições de vida (3). 
Organismos diferentes, que vivem no mesmo ambiente, com pressões seletivas semelhantes, podem apresentar carac-
terísticas similares (2).
Alternativa correta: C
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Tipos de seleção natural
Seleção estabilizadora
Favorece os indivíduos com características intermediárias. Os portadores dessas características têm maior chance de 
sobrevivência e de reprodução. 
Exemplo: lagartos pequenos têm dificuldade em competir com lagartos maiores por território ou por fêmeas; lagartos 
muito grandes são lentos e mais predados. A seleção tende a aumentar a frequência de lagartos de tamanho intermediário.
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os
Lagartos
pequenos
Lagartos
médios
Lagartos
grandes
Variação fenotípica das características
Seleção direcional
Confere vantagem aos indivíduos que apresentam características de um dos extremos.
Exemplo: seleção artificial de bactérias resistentes aos antibióticos.
Nú
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de
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os
Bactérias
sensíveis
Bactérias
mutantes
Adição de
antibiótico
Variação fenotípica das características
Nú
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de
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di
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os
Bactérias
sensíveis
Antibiótico Bactérias
mutantes
Variação fenotípica das características
Seleção disruptiva ou diversificadora
Confere vantagem aos indivíduos com as características dos extremos e diminui a frequência dos indivíduos com carac-
terísticas intermediárias.
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Exemplo: em uma região onde a diversidade alimentar é limitada, composta basicamente de sementes duras e néctar 
de flores, aves com bico intermediário tendem a apresentar desvantagens.
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Bico
curvado
Bico
alongado
Bico
intermediário
Variação fenotípica das características
(Formato do bico)
Bico curvado: permite a quebra de sementes duras. 
Bico alongado: permite obter o néctar das flores.
Bico intermediário: não realiza de modo eficiente nenhuma das duas funções.
Este tipo de seleção natural pode, com o passar do tempo, contribuir para que as populações com fenótipos extremos 
tornem-se espécies diferentes.
Tipos de especiação
Especiação alopátrica
É a especiação que depende do isolamento geográfico das populações. As populações evoluem em ambientes diferentes.
Especiação simpátrica
Ocorre sem isolamento geográfico entre as populações. Uma explicação para esse tipo de especiação é a seleção natu-
ral do tipo disruptiva, que favorece o polimorfismo de fenótipos extremos entre indivíduos da mesma espécie. Ao longo do 
tempo, esses indivíduos passam a apresentar isolamento reprodutivo, ocorrendo a formação de novas espécies.
Especiação
alopátrica
Isolamento
geográfico
Isolamento
reprodutivo
Pressões
seletivas
diferentes
Alterações
no material
genético
Seleção
disruptiva
Isolamento
reprodutivo
Não ocorre
isolamento
geográfico
Especiação
simpátrica
Processo de
formação de
novas espécies
Em ambos os casos de especiação, temos o isolamento reprodutivo como indicativo de surgimento de novas espécies. 
No entanto, existem espécies que se reproduzem de maneira assexuada, comoé o caso de algumas bactérias. Quando isso 
ocorre, outros indicativos devem ser levados em consideração, como: compartilhamento de características morfológicas, 
fisiológicas, moleculares etc.
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 Módulo 1
Origem da vida: histórico 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
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Leia com atenção Capítulo 1 – Tópicos 1.A, 1.B, 1.C, 1.D e 1.E
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Série branca 01 03 04 05 05 09 10 12
Série amarela 03 04 08 09 11 10 13 15
Série roxa 12 13 14 15 16 17 18 20
Foco Enem 04 05 08 9 10 11 14 15
coc.pear.sn/GbfDbra
01. UFBA (adaptado) 
Analise as afirmativas.
I. A teoria da biogênese afirma que todo ser vivo nasce, 
cresce, reproduz-se e morre.
II. De acordo com a abiogênese, a vida só pode ser origi-
nada de outra, preexistente e semelhante.
III. A teoria da geração espontânea afirma que seres vivos 
podem nascer da matéria bruta.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas a afirmativa I é correta.
b. Apenas a afirmativa III é correta.
c. Apenas as afirmativas I e III são corretas.
d. Apenas as afirmativas II e III são corretas.
e. As afirmativas I, II e III são corretas.
02. Sistema COC
Em relação à biogênese, é correto afirmar que 
a. a matéria inanimada contém o princípio ativo. 
b. a vida surge, espontaneamente, da matéria bruta. 
c. camisas sujas, depois de algumas semanas, origi-
nam ratos. 
d. um ser vivo provém de outro ser vivo preexistente. 
e. o princípio ativo está no ar e é capaz de originar a vida. 
03. UDESC
Sobre as teorias da origem da vida e seus estudiosos, as-
sinale a alternativa correta.
a. Segundo a abiogênese, a vida apenas se origina de 
outro ser vivo preexistente.
b. Todos os seres vivos se desenvolvem a partir da ma-
téria inorgânica em contato com um princípio vital, ou 
“princípio ativo”, segundo a epigênese.
c. A primeira teoria sobre a origem da vida surgiu na Gré-
cia Antiga, com Aristóteles, que formulou a hipótese 
da geração espontânea.
d. Francesco Redi testou e confirmou, experimentalmen-
te, a hipótese da geração espontânea.
e. Louis Pasteur realizou uma série de experiências, de-
monstrando que existe, no ar ou nos alimentos, o “prin-
cípio ativo”, que é capaz de gerar vida espontaneamente.
04. Enem C4-H15
Em certos locais, larvas de moscas, criadas em arroz co-
zido, são utilizadas como iscas para pesca. Alguns criadores, 
no entanto, acreditam que essas larvas surgem espontanea-
mente do arroz cozido, tal como preconizado pela teoria da 
geração espontânea.
Essa teoria começou a ser refutada pelos cientistas ain-
da no século XVII, a partir dos estudos de Redi e Pasteur, que 
mostraram experimentalmente que
a. seres vivos podem ser criados em laboratório.
b. a vida se originou no planeta a partir de micro-organismos.
c. o ser vivo é oriundo da reprodução de outro ser vivo pree-
xistente.
d. seres vermiformes e microrganismos são evolutiva-
mente aparentados.
e. vermes e micro-organismos são gerados pela matéria 
existente nos cadáveres e nos caldos nutritivos, res-
pectivamente.
05. Fatec-SP 
Com relação à origem da vida, são feitas três afirmações: 
I. a ideia de que a vida surge a partir de vida preexisten-
te é conhecida como biogênese; 
II. a crença em que a vida poderia surgir a partir de água, 
lixo, sujeira e outros meios caracteriza a ideia da abio-
gênese; 
III. a crença em que a vida é fruto da ação de um Criador 
(como consta no livro Gênesis, da Bíblia) é denomina-
da de criacionismo. 
Assinale a alternativa que classifica corretamente cada afir-
mação como derrubada (+) ou não derrubada (–) por Pasteur.
a. I. (+), II. (–), III. (–) 
b. I. (–), II. (+), III. (–) 
c. I. (–), II. (–), III. (+) 
d. I. (+), II. (+), III. (+) 
e. I. (–), II. (–), III. (–) 
06. CEFET-CE
O trecho a seguir foi escrito por um determinado cientista 
do século XIX para descrever sua teoria a respeito da origem 
da vida.
[...] E, embora seja fato, observado diariamente, 
que um número infinito de vermes é produzido em 
cadáveres e em vegetais em decomposição, eu me 
sinto tentado a acreditar que esses vermes são todos 
gerados por inseminação (reprodução sexuada) e que 
o material em putrefação, no qual são encontrados, 
não tem outra função senão servir de lugar para eles 
fazerem ninhos, onde depositam os ovos na época de 
reprodução e onde também encontram alimento. [...]
A teoria defendida por esse cientista é denominada
a. Big Bang.
b. abiogênese.
c. biogênese.
d. geração espontânea.
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07. UERN
Em 1668, foi feita uma investigação da suposta ori-
gem de vermes em corpos decompostos. O experimento 
feito, com pedaço de carne crua dentro de frascos abertos 
e fechados com gaze, confirmou e comprovou que não ha-
via geração espontânea de vermes a partir de corpos em 
decomposição. Nessa época, quem foi o responsável por 
esse experimento?
a. Louis Pasteur.
b. Francesco Redi.
c. John T. Needham.
d. Lazzaro Spallanzani.
08. PUC-MG C4-H15
Em uma experiência, Francesco Redi colocou em oito 
frascos de vidro um pedaço de carne. Quatro vidros tiveram a 
abertura recoberta por um pedaço de gaze. Após alguns dias, 
apareceram larvas de moscas nos vidros que não continham 
a gaze recobrindo a abertura do frasco. Nos frascos protegi-
dos com gaze, elas não apareceram.
Essa experiência ilustra o princípio da
a. teoria celular.
b. biogênese.
c. sucessão ecológica.
d. origem da célula.
e. higiene.
09. EBM-BA
Até meados do século XIX, não havia definição com rela-
ção à origem da vida.
I. Francesco Redi, em meados do século XVII, por meio 
de seu experimento, comprovou que os vermes eram 
larvas de mosquitos.
II. Louis Paster, no século XIX, com seu líquido nutritivo e 
seus frascos de vidro (pescoço de cisne), contrapôs a 
geração espontânea.
III. A partir de uma camisa usada, colocada sobre um 
pouco de germe de trigo em um canto escuro, após 21 
dias, surgem vários camundongos.
Das afirmações com relação à teoria da biogênese, está 
correto apenas o contido em
a. I e II.
b. II e III.
c. I e III.
d. I, II, III.
e. II.
10. UPE
a. Observe as frases abaixo. 
I. No canto XIX do poema épico Ilíada (Homero VIII-IX a. C.), 
Aquiles pede a Tétis que proteja o corpo de Pátrocles 
contra os insetos, que poderiam dar origem a vermes 
e assim comer a carne do cadáver. 
II. A geração espontânea foi aceita por muitos cien-
tistas, dentre estes, pelo filósofo grego Aristóteles 
(384-322 a. C.). 
III. “[...] colocam-se, num canto sossegado e pouco 
iluminado, camisas sujas. Sobre elas, espalham-se 
grãos de trigo, e o resultado será que, em vinte e um 
dias, surgirão ratos [...]”(Jan Baptista van Helmont – 
1577-1644). 
IV. Pasteur (1861) demonstrou que os micro-organismos 
surgem em caldos nutritivos, através da contamina-
ção por germes, vindos do ambiente externo.
Assinale a alternativa que correlaciona adequada-
mente os exemplos com as teorias relativas à origem dos 
seres vivos.
a. I-abiogênese, II-biogênese, III-abiogênese 
e IV-biogênese.
b. I-abiogênese, II-biogênese, III-biogênese 
e IV-abiogênese.
c. I-abiogênese, II-abiogênese, III-biogênese 
e IV-biogênese.
d. I-biogênese, II-abiogênese, III-biogênese 
e IV-abiogênese.
e. I-biogênese, II-abiogênese, III-abiogênese 
e IV-biogênese.
11. Sistema COC C4-H15
Para discutir sobre a origem dos seres vivos, um profes-
sor de biologia realizou com seus alunos um experimento no 
qual três frascos, contendo caldo de carne, foram fervidos e 
preparados de acordo com o esquema a seguir.
I II III
Sobre os resultados desse experimento, podemos afir-
mar corretamente que
a. no frasco I, vários micro-organismos originam-se por 
geração espontânea.
b. no frasco II, não surgem micro-organismos, porque a 
rolha impede a entrada de oxigênio.
c. a fervura

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