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Geovana Sanches, TXXIV SEMIOLOGIA DA TOSSE A tosse é o mais importante e frequente sinal respiratório. Trata-se de um mecanismo e reflexo de defesa das vias aéreas, que reagem aos irritantes ou procuram eliminar secreções anormais. Consiste em inspiração rápida e profunda, seguido do fechamento da glote, contração dos músculos expiratórios, terminando com expiração forçada, após abertura súbita da glote. Fisiopatologia Resulta da estimulação dos receptores da mucosa das vias respiratórias enviadas até o centro da tosse localizado no Bulbo pelas vias aferentes do Nervo Vago. Isso pode ter várias causas: • Inflamatória: hiperemia, edema, secreções e ulcerações. Exemplos: amigdalite, fumantes, laringite, refluxo • Mecânica: poeira, corpo estranho, aumento ou diminuição da pressão pleural. Exemplo: rinite, derrame pleural • Química: gases irritantes. Exemplos: incêndios (bronquiolite) • Térmica: frio ou calor excessivo As causas de tosse são muito variáveis. Algumas das possíveis são: asma brônquica, tabagismo, refluxo gastroesofágico, sinusites, bronquites, bronquiectasias, pneumonias, irritação do canal auditivo externo, adenoides, amigdalites, faringites, laringites, traqueítes, pleurites, tuberculose pulmonar, abcesso pulmonar, medicamentos (inibidores da ECA), tensão nervosa (tosse psicogênica), entre outros. • Inibidores da ECA: inibidores da enzima conversora da angiotensina, responsável pela degradação da bradicicina no trato respiratório. A bradicicina aumentada provoca a tosse e, por isso, quem utiliza I- ECA (captropil, por exemplo) tem esse sintoma. As principais causas de tosse crônica são refluxo, tosse como variante de asma e gotejamento pós-nasal (quadro que o paciente tem rinite crônica; tosse que piora a noite) Parâmetros para avaliação Frequência: todos os dias, a cada quanto tempo Intensidade: leve ou intensa. Há pacientes que chegam a ter fratura de costela devido a tosse. Duração Tonalidade: usado principalmente para tosse laríngea (tosse ladrante, tipo de cachorro). Presença ou não de expectoração: tosse seca ou úmida Relação com decúbito: principalmente nos casos de gotejamento pós-nasal e pacientes com refluxo Período do dia de maior intensidade Fenômenos que acompanham, como vômito, tontura ou síncope Classificação A tosse pode ser classificada em aguda (menor que 3 semanas) ou crônica (maior que 3 semanas). No cenário atual, com o COVID-19, é importantíssimo analisar se a tosse vem acompanhada de dispneia e quadro gripal. Há uma tosse denominada tosse pós- infecciosa, que acomete pacientes após quadros infecciosos (virais, por exemplo). Essa tosse pode ser tratada e geralmente desaparece após 2 meses. Em relação a produção de secreção, temos: - Tosse seca: geralmente relacionada a doenças pleurais, traqueítes, IC, asma, medicamentos (IECA) - Tosse produtiva/úmida : mais relacionado a pacientes com bronquiectasia, fibrose cística, tuberculose pulmonar (geralmente quando já há cavidades). Necessário avaliar a quantidade, cheiro , aspecto/coloração, presença de vômica e/ou hemoptise -> deve-se perceber alterações na tosse do paciente, que pode sinal de piora. • Vômica= eliminação mais ou menos brusca, através da glote, de quantidade abundante de pus ou líquido de outra natureza. Proveniente do tórax ou abdome. Na maioria das vezes origina-se de abscessos ou cistos nem sempre localizados no tórax, mas que drenam para os brônquios. Causa mais comuns incluem abscesso pulmonar, empiema (acúmulo de pus em uma cavidade qualquer do organismo), mediastinites supuradas e abscesso subfrênico. • Hemoptise= tossir sangue; deve ser tratada de forma imediata, pois o sangue pode obstruir as vias aéreas, levando a óbito por asfixia. É diferente de hemoptoico, em que há tosse com pontinhos de sangue, comum em pacientes com tuberculose.
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