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Bruxismo do sono e vigília

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Bruna Miranda 
Odontologia VII 
1 
 
FISIOLOGIA ORAL 26.05 
Parafunções orais – bruxismo do 
sono e vigília 
BRUXISMO 
 Parafunção oral, caracterizada pelo 
ranger (movimento excursivo da 
mandíbula) e/ou apertamento involuntário 
dos dentes. 
 Atividade repetitiva muscular mastigatória 
caracterizada por apertar ou ranger dos 
dentes e/ou mobilização da mandíbula. 
Apresenta duas distintas manifestações 
circadianas: bruxismo do sono e bruxismo 
desperto. 
Bruxismo do sono: atividade involuntária e 
repetitiva dos músculos da mastigação, podendo 
ser rítmica (fásica) e não rítmica (tônica – 
contração muscular). 
Tem origem no SNC. Principal neurotransmissor 
envolvido no processo é a dopamina. 
8% da população adulta pode apresentar 
bruxismo do sono, sendo mais prevalente em 
crianças com idade inferior a 12 anos. Não 
diferença observada de gênero. 
Bruxismo em vigília: atividade muscular 
mastigatória durante a vigília, caracterizado pelo 
contato dentário repetitivo ou sustentado ou a 
manutenção forçada da mandíbula. 
BRUXISMO DO SONO 
Critérios diagnósticos: 
1. Presença de rangido frequente durante o 
sono, pelo menos cinco noites por semana 
durante os últimos 3-6 meses, confirmado 
por parceiro. 
2. Pelo menos uma das seguintes 
características: 
o Desgastes dentários anormais. 
o Hipertrofia muscular massetérica. 
o Desconforto ou dor muscular matinal. 
Confirmação por polissonografia. 
 Diagnóstico possível: realizado por auto-
relato, por meio de questionário e/ou 
anamnese. 
 Provável: auto-relato do paciente 
acrescido de um exame clínico (desgastes 
dentários, hipertrofia muscular, 
desconforto ou dor muscular matinal). 
 Definitivo: auto-relato acrescido de exame 
clínico e registros polissonográficos. 
A polissonografia não é um exame de imagem. 
O bruxismo pode ser classificado como: 
 Primário e secundário (uso de 
medicamento, fumo, café, bebida 
alcóolica, distúrbios do sono...). 
 Fisiológico, protetivo e patológico. 
Fisiológico: alguns autores consideram que a 
atividade rítmica muscular mastigatória durante o 
sono serviria para estimular as glândulas salivares a 
produzirem saliva necessária à lubrificação 
adequada da mucosa dos tratos respiratório e 
digestivo. 
Protetivo: a diminuição do ph esofágico aumenta 
a atividade dos músculos da mastigação que 
aumenta a produção de saliva e eleva o ph 
bucal. 
 Ampliação de vias aéreas na apneia. 
OBS: não há evidências que suportem a existência 
da associação entre infestação parasitária 
intestinal com bruxismo em crianças. 
Bruxismo secundário – drogas legais ou ilícitas: 
 ISRS (paroxetina, fluoxetina, sertralina). 
 ISRNa (venlafaxina). 
 Antipsicóticos (haloperidol). 
 Anfetaminas. 
 Ecstasy. 
 Cocaína. 
Fatores predisponentes: hereditariedade, idade e 
personalidade tipo A – ansiosa. 
Fatores associados com bruxismo em crianças: 
 Genética. 
 Fumo secundário. 
 Estresse/ansiedade/personalidade tensa. 
Bruna Miranda 
Odontologia VII 
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 Obstrução das vias aéreas (adenoides, 
amigdalas hipertrofiadas). 
 Sono. 
 TDAH. 
 Fármacos. 
 Doenças neurológicas. 
 Refluxo. 
Genética: 20 a 50% dos pacientes com bruxismo 
do sono tem um membro direto da família que 
range seus dentes. 
Atividade rítmica da musculatura mastigatória: 
são observadas durante o sono (engolir, tossir, 
falar, sorrir, sugar os lábios, mioclonias). 
 Em pacientes controles, a ARMM 
acontece cerca de 15%, enquanto nos 
pacientes com bruxismo acontece por 
volta de 70%. 
 Durante o sono, cerca de 60% dos 
indivíduos normais apresentam atividade 
muscular mastigatória rítmica, que ocorre 
a uma frequência de 1,5 episódios por 
hora de sono. 
Embora o bruxismo do sono tenha um 
envolvimento cortical, ao contrário da 
mastigação que é iniciada em nível cortical, é 
fortemente influenciado pela atividade do sistema 
nervoso autônomo e dos micro-despertares 
durante o sono. 
Micro-despertares: perturbações do sono pouco 
duradouras. De 3 a 10 segundos, podendo ocorrer 
aumento da atividade EEG acompanhada ou 
não de aumento do ritmo cardíaco e atividade 
eletromiográfica (atividade muscular). Quanto 
maior o número de micro-despertares, maior a 
ARMM que pode levar ao aumento do bruxismo 
do sono. 
TERAPIAS 
 Até o presente momento, nenhum 
protocolo terapêutico demonstrou ser 
eficaz para curar o bruxismo. 
 As abordagens terapêuticas disponíveis 
buscam controlar o bruxismo e prevenir as 
consequências patológicas sobre as 
estruturas orofaciais. 
 Evitar o uso no período da tarde e noite de: 
tabaco, álcool, cafeínas, drogas legais e 
ilegais. 
 Evitar estímulos exógenos potencialmente 
capazes de aumentar o número de micro-
despertares por hora de sono: estímulos 
visuais, estímulos sonoros e térmicos. 
 Higiene do sono: luzes, barulhos e horas de 
sono reduzidas. 
 Placas estabilizadoras (protetivas ao 
desgaste dentário). Contraindicada para 
pacientes com apneia do sono, e sim 
aparelhos de avança mandibular para 
aumentar a passagem de ar. 
 Farmacologia: não há evidencias que 
comprovem a eficácia, entretanto, em 
pacientes sintomáticos, os tratamentos 
farmacológicos devem ser considerados 
como uma terapia de curto prazo. 
 Aplicativo “Desencoste seus dentes”: para 
pacientes com apertamento em vigília.

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