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1 Pâmela Martins Bueno – colelitíase Colelitíase ORIGEM E FORMAÇÃO DOS CÁLCULOS • Ocorre a perda da solubilidade, hiperssaturação (muito soluto) que permite sua precipitação e organização em núcleos e cristais, formando os cálculos. • Os cálculos podem ser de colesterol (quando amarelos, mais comuns), bilirrubinato de cálcio (cálculos marrons) e carbonato de cálcio (cálculos pretos). • Fatores de risco: 6Fs – female, fertile, forty, fat, fair, family history = sexo feminino, multíparas, ~40 anos, obesidade, caucasiana e história familiar. Esses fatores são dicas na anamnese. Olhar para os pacientes e anamnese. Se identificar os fatores de risco, tem maior chance. • Prevalência: é subdiagnosticada devido a frequência muito elevada, uma vez que a frequência aumenta cada vez mais devido ao maior número de exames. Cerca de 10- 15% da população tem calculo biliar, podendo chegar a 20% em grupos específicos. A grande maioria dos pacientes são assintomáticos. • 80% assintomáticos, 10-20% sintomáticos, 3% com complicações e 1% tem complicações direto, não vai ter sintoma prévio, ou seja, há uma esmagadora maioria assintomática que tem tendencia a se tornar sintomática e a partir daí ter complicações, e uma minoria que pula direto para forma complicada. APRESENTAÇÕES DA COLELITÍASE • Litíase = calculo, cole = bile. Em qual parte? Vamos ter subnumeclaturas nessa doença. Trígono de Callot – ducto cístico, ducto hepático e borda hepática. Esse trígono contem estruturas dissecáveis durante a cirurgia, por isso o trígono hepatocistico é chamado de trígono de colecistectomia. No trígono de Calot está a artéria cística, que é essencial realizar a ligadura durante a cirurgia. A artéria cística pode vir direto do tronco celíaco, ramo da hepática comum, hepática própria e hepática direita (é a origem habitual). ANATOMIA E TERMINOLOGIA Existe uma série de cálculos dentro da vesícula, isso é chamado de colecistolitíase. Se o cálculo vai em direção ao infundíbulo e retorna, vai receber o nome de colecistolitíase sintomática, o paciente passa a ter queixas devido a obstrução transitória do ducto cístico e infundíbulo da vesícula biliar. O cálculo que vai para o ducto cístico e fica vai levar a colecistite aguda, sendo que esse tempo é em torno de 6h. Quando o cálculo chega no ducto colédoco, é gerada a coledocolitiase, importante devido ao risco de pancreatite. Mais importante ainda, a obstrução vai levar a estase da bile e gerar colangite (infecção ascendente da arvore biliar). 2 Pâmela Martins Bueno – colelitíase O cálculo muito grande pode levar a síndrome de Mirizzi, que é a obstrução do colédoco por um cálculo que ainda está na vesícula, podendo levar a compressão até a completa destruição do ducto colédoco. O cálculo muito grande pode ir direto para qualquer parte do trato digestivo, gerando fistulas bilidigestivas como consequência de um cálculo que ulcerou um trajeto novo. Colecistolitíase é a forma básica do cálculo na vesícula biliar. A complicação vai ser qualquer forma subsequente: colecistite aguda (inflamação da vesícula biliar), coledocolítiase (cálculo no colédoco), colangite (inflamação da arvore biliar comum), pancreatite biliar, Sd de Mirizzi e fístulas biliodigestivas (cálculos grandes que seguem para as vias biliares comuns ou trato digestivo). A colecistite aguda é mais importante porque é a mais comum. LABORATÓRIO • Não consegue ver a vesícula biliar, então não é útil para colecistolitíase assintomática. • Serve para sugerir a obstrução da via biliar através do aumento de pressão da via biliar comum, elevando fosfatase alcalina (FA), gama-GT (GGT) e transaminases hepáticas (TGO e TGP). • Pode demonstrar colestase devido ao aumento da bilirrubina direta. • Pode ser usado quando pensa em coledocolítiase, colangite e Sd. de Mirizzi. • Parâmetros inflamatórios: elevação do leucograma, PCR – doenças infecciosas e inflamatórias, especialmente na colecistite aguda, colangite e dependendo a Sd de Mirizzi (que tende a ser crônica). EXAME DE IMAGEM • USG é o principal exame. É possível ver os cálculos, imagens que são arredondadas, hiperecogênicas (brancas), com sombra acústica posterior que descreve o tamanho da lesão. Usado para verificar a presença de colelitíase, muito útil para colecistolitíase. É um exame muito bom, barato e disponível. O lado ruim é que é operador dependente e tem limitação do método (não vê a via biliar comum de forma adequada, pois o duodeno vai passar na frente e tampa o colédoco distal, por isso só usa na vesícula biliar, pouco na via biliar comum). O espessamento da vesícula quer dizer que ela está edemaciada, ingurgitada e delaminada, é possível ver liquido ao redor da vesícula devido ao processo inflamatório, presentes na colecistite aguda. É possível visualizar a via biliar comum intra e extra-hepatica (não vê a parte distal e raramente vê coledocolitíase diretamente) e se ela passar de 6mm quer dizer que está dilatada. É indicado para sugerir a coledocolitíase. • TC – é ruim! Os cálculos não são radiopacos. Até consegue ver espessamento da VB e pode ver dilatação na via biliar. Para ver o cálculo ele precisa ter cálcio, mas a maioria é de colesterol. Indicado para cálculos radiopacos (visualização incidental), pode usar na colescistite aguda e dx diferencial de outras doenças inflamatórias. Pode fazer diferencial com doença maligna pois os tumores aparecem na tomografia. • RNM “colangiorressonância” – exame muito bom, vê cálculos, via biliar comum e colédoco distal. O lado ruim é que é um exame caro, pouco disponível, complexo e demorado e tem falha técnica de não ver 3 Pâmela Martins Bueno – colelitíase cálculos <3mm. Usado em: pacientes com doença de via biliar comum, sobretudo na coledocolitiase. O halo branco é a bile dentro da vesícula biliar e existem vários pontos pretos, que são os cálculos. • Colangiografia intraoperatória – ótimo exame, melhor colangiografia porque insere o contraste dentro dela, vê cálculos, vê via biliar comum, vê colédoco distal e vê complicações intraoperatórias. Usado quando tem diagnóstico de doença da VB e suspeita doença da via biliar comum. Contras: exame invasivo (intraoperatório), operador dependente, exige treinamento, tem que ter conduta subsequente. Usado na via biliar comum suspeita. Usado no contexto de coledocolitíase, complicações intraoperatórias. Nesse caso tem a interrupção, indicando a presença de coledocolitíase nesse paciente. • CPRE – colangiopancreatografia retrógrada endoscópica. É uma colangiografia, vê a via biliar comum e tem potencial terapêutico, porem tem risco de complicações como a pancreatite aguda pós CPRE, sangramento e perfuração duodenal. O endoscópio cateteriza a papila duodenal maior, joga um dispositivo com balão oclusor e joga o contraste. Pode fazer a papilotomia (abre a papila) e puxar os cálculos com o balão, que pode irritar o pâncreas, causar sangramento ou perfurar. Usado no contexto de coledocolitíase já diagnosticada e colangite. Esse exame é visto como um procedimento de caráter terapêutico, tem potencial para investigar, mas tem 10% de chance de complicar, então não compensa usar com a finalidade de diagnóstico, apenas de tratamento. • Ecoendoscopia – ultrassom por via endoscópica. É um bom exame pois é mais sensível. Contras: invasivo, caro, pouco disponível, complexo e exige treinamento do profissional. Indicado quando precisa do método mais sensível ou precisa da terapia junto. Sequência ECOEDA – CPRE • Torna mais tolerável os riscos da CPRE • Padrão ouro do futuro • Método de escolha futuramente MÉTODOS TERAPÊUTICOS • Videolaparoscópica, minimamente invasiva= colecistectomia laparoscópica o Variações: pode explorar a via biliar comum, pode realizar colecistectomia parcial ou fazer por via aberta. o Visão crítica de Segurança de Strasberg – realizar a clipagem do ducto cístico e artéria cística. • CPRE – pode fazer papilotomia, esfincterotomia, extração de cálculos e colocação de stent (prótese biliar) para tratar as doenças da via biliar comum. • Colecistostomia – drenagem percutânea da vesícula biliar. Usada na pior colecistite. 4 Pâmela Martins Bueno – colelitíase Exploração de vias biliares • A exploração cirúrgica ocorre apenas em um cenário de exceção. • A via biliar comum pode ser explorada por via aberta e laparoscópica. • A coledocoplastia é o fechamento da via biliar, se não conseguir fechar pode ser realizada uma derivação biliodigestiva. • Indicada para coledocolitiase e lesões coledocianas. Derivação biliodigestiva • Cirurgia grande, que promove o esvaziamento do colédoco para a alça jejunal em Y de Roux. Pode fazer com o duodeno para minimizar a cirurgia. • Usado em coledocolitiase e o colédoco está muito grande. COLECISTOLITÍASE SINTOMÁTICA • Calculo está na vesícula biliar e tem sintomas. • Sintomas típicos: dor no hipocôndrio direito, pós-prandial, depois de refeições gordurosas (a vesícula armazena a bile, que digere a gordura). O cálculo que faz a oclusão transitória do ducto cístico (<6h) vai levar a dor biliar, que pode ser descrito como cólica biliar também. Isso por via de regra não é uma urgência, é apenas um quadro sintomático apesar que a intensidade da dor pode fazer com que o paciente procure o PS. • Sintomas atípicos: mais comum em quadros dispépticos (a vesícula tem inervação comum ao intestino anterior embrionário no epigástrio, por isso pode resultar em epigastralgia em queimação, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, não consegue apontar diretamente para a VB). MANEJO PROPEDÊUTICO • USG abdominal – método de eleição para investigar a presença de cálculos. Se vi os cálculos (estruturas hiperecoicas e hiperecogênicas que promovem a sombra acústica posterior), vou medir o tamanho deles e verificar o calibre da VVBB (via biliar comum) para saber se tem cálculo no colédoco também. Verifica-se a presença de liquido livre também. • Laboratório: verifica o risco de coledocolitiase e usa como exame pré- operatório. TRATAMENTO • Padrão: colecistectomia laparoscópica, eletiva (não urgente), potencialmente contaminada (viola um trato colonizado de forma controlada). É ELETIVA! Há uso controverso de ATB profilático. Geralmente pede pra fazer cefazolina, indução anestésica e ponto final. Mas como agora é uma cirurgia por vídeo, não tem mais a incisão grande, por isso permite fazer até sem atb profilático para evitar seleção de microbiota e colite pseudomembranosa, mas é bom seguir o padrão da instituição. COLECISTOLITÍASE ASSINTOMÁTICA • Definição de assintomático: completamente assintomático ou tem alguns sintomas típicos (dor biliar, HCD, pós prandial, gordurosos)? • Observar o paciente e manter vigilância clínica e acompanhamento. • Utilizar USG seriado para verificar se algo mudou no aspecto da imagem. • Se no seguimento o paciente passa a ser sintomático = manejo de sintomático. • A cirurgia no assintomático é controversa em cálculos pequenos. • Se o paciente tem muitos cálculos (pacientes que mobilizam muita bilirrubina como soluto, por exemplo, em pacientes com anemia hemolítica tipo esferocitose ou falciforme) = indicação de cirurgia pelo risco de complicações. • Se o paciente tem risco de câncer, também está indicado. O paciente tem colecistolitíase e o ultrassom diz que é uma vesícula em porcelana (espessa e esbranquiçada) que tem maior tendencia de ter câncer associado. Se tiver cálculos + pólipos na VB = risco de câncer. Se tiver cálculos grandes > 3cm = risco de câncer. Em todos esses casos = colescistectomia profilática. • Conduta: colecistectomia videolaparoscópica eletiva. • A conduta não muda se tiver colecistolitíase em pacientes obesos e de cirurgia bariátrica. 5 Pâmela Martins Bueno – colelitíase Por que anemias hemolíticas formam cálculos? A hemólise leva ao metabolismo da hemoglobina, levando a formação de bilirrubina, que permite a formação de cálculos de bilirrubinato de cálcio, que tendem a ser cálculos mais escuros, com tendencias radiopacas. COLECISTITE AGUDA • Principal complicação da VB, esse paciente tem um abdome agudo. • Paciente que obstrui o ducto cístico de forma duradora >6h e inflama a vesícula biliar. • Essa complicação é de caráter inflamatório/infeccioso associada a microbiota do duodeno proximal (E. coli e anaeróbios como Enterobacter). A impactação é o ponto inicial da obstrução, se durar >6h permite que a doença se torne inflamatória e a estase biliar permite a Ascenção da microbiota intestinal. • Quadro clinico: dor biliar, pós-prandial, >6h e se associa a sintomas constitucionais (náuseas, febre, queda do estado geral, hiporexia). No exame físico tem o sinal de Murphy (pausa álgica da inspiração profunda durante a palpação da VB). No laboratório vai ter leucocitose. Sinal de Murphy – faz palpação profunda no hipocôndrio direito e o paciente já vai se queixar de dor, pede para inspirar e interrompe com face de dor, porque a inspiração profunda vai projetar o diafragma contra o fígado e empurrar o fígado e a VB contra a parede que você está pressionando durante a palpação profunda. Essa pausa é um sinal característico da colecistite aguda. PROPEDÊUTICA • USG – primeira escolha – vamos ver que a vesícula tem cálculos (colecistolitíase) e está inflamada (colecistite) – o cálculo pode estar impactado, espessamento >4mm e presença de liquido livre. • Colecintilografia com disida é o exame padrão ouro. A substancia tem o marcador que é excretado na bile (disida). Se encontra a arvore biliar normal, ele vai descer para o hepático comum, colédoco e duodeno. Se o paciente tem colecistite, a disida não vai entrar, não vai corar a vesícula. Presença do cálculo hiperecogênico com sombra acústica posterior, conteúdo escuro da vesícula, espessamento da parede da vesícula e presença de pequena borda liquida ao redor. Dúvida diagnóstica na colecistite aguda – paciente com anasarca (tem hipotireoidismo) está tudo edemaciado, inclusive a VB. Paciente grave pode ter alteração inespecífica do peritônio que deixa a VB grossa. Para evitar abordagem do paciente com anasarca, grave e que tem dúvida no USG = colecintigrafia. TRATAMENTO • Colecistectomia vídeo-laparoscópica precoce em até 72h do início do quadro. • Antibioticoterapia: cobrir gram- e anaeróbios – ceftriaxona + metronidazol ou cipro + metro ou amoxi + clavulanato. COLECISTITE AGUDA GRAVE • Paciente com complicação inflamatória/infecciosa, impactação do cálculo no infundíbulo, duração >6h e está grave (tanto pelas doenças de base quanto pela colecistite complicadíssima). • Quadro clinico: dor biliar, >6h, náuseas, febre, Murphy+ e leucocitose. Tem dados locais de complicação, como plastrão inflamatório ou sinais de peritonite local. Tem sinais de sepse com hipotensão, IRA e insuficiência respiratória. • Repercussões orgânicas (consequências de uma colecistite grave): empiema de vesícula biliar, enfisema da parede, parede gangrenada ou perfurada. 6 Pâmela Martins Bueno – colelitíase • A colecistite complicada ocorre em casos arrastados, pacientes diabéticos, sexo masculino, idosos. Colecistite alitiásica – primeiro o paciente se torna grave, pra depois desenvolver complicação inflamatória da VB. • Quando isso acontece? Grande queimado, sepse, choque prolongado, má perfusãoda VB e imunossuprimido. • Quadro clinico: paciente grave, piora franca, dor abdominal e realiza exame físico. • Pede imagem, que tem colecisistite com ou sem cálculos. • O USG pode mostrar ou não o cálculo, colecistite, abscesso ou perfuração. • Rx/TC/RM pode mostrar gás na parede. • Em casos gravíssimos, a colecintilografia com DISIDA pode ser muito bom. • Tratamento: estabilização, hidratação, antibiótico, controle de insuficiência orgânica, monitorização. Na hora que o paciente melhorar um pouco e ficar médio grave, vamos partir para a colecistectomia laparoscópica. Se estiver muito grave, fazer colecistectomia percutânea para descomprimir a VB. Isso é feito em regime de urgência. COLEDOCOLITÍASE • Presença de cálculo que migra para o colédoco gerando algum grau de clínica. • O paciente é assintomático, mas pode ter algum grau de dor biliar. • Quando se torna tipicamente sintomático, há obstrução do colédoco, levando ao desenvolvimento da síndrome colestática – icterícia, colúria e acolia fecal. • Manejo propedêutico – investigação mínima básica – clinica, laboratório e USG, sendo que até aqui não foi visto o colédoco. Padrão ouro é a CPRE. • Estratificação do risco de coledocolitíase – é realizada para todo paciente com colelitíase, inclusive os assintomáticos. O paciente pode ter icterícia, coluria, acolia, pancreatite biliar, colangite. No laboratório acontece o aumento de FA, GGT, TGO, TGP e bilirrubinas as custas da direta. O USG mostra o calibre do colédoco, ve a coledocolitiase em poucos casos. Classificação do paciente Baixo risco – tudo sem alterações, colecistolitíase e mais nada. Nesse caso tem que afastar a coledocolitiase e segue para a cirurgia se for candidato, tratando com colecistectomia videolaparoscópica. Alto risco • BT > 4 + colédoco dilatado (>0,6cm) OU colangite clinica OU USG viu a coledocolitiase. • Nesse contexto vamos presumir que tem a coledocolitiase e partir para a intervenção. • O paciente tem a coledocolitiase diagnostica, o tratamento mais usual é a CPRE + papilotomia e extração dos cálculos. Pode realizar a exploração cirurgia de vias biliares com extração transcística. Se tiver só os dados clínicos, vai escolher o que estiver mais disponível. • A cirurgia mais agressiva, derivação bilidigestiva (DBD) é realizada depois de uma falha da CPRE e colédoco muito dilatado (>2cm). Moderado • Apresenta alterações intermediarias: BT<4, enzimas hepatobiliares alteradas, pancreatite biliar e sintomas colestáticos clínicos, mas não laboratoriais relevantes. • Suspeitar de coledocolitiase e partir para a INVESTIGAÇÃO com colangiografia por RNM ou intraoperatório. Pode usar a ecoendoscopia e se ela afastar, é baixo risco. Se for positiva, vai para o alto risco. COLANGITE Começa com a coledocolitiase que promove a estase biliar e leva a colangite, principalmente por E. coli. • Tríade de Charcot – icterícia, dor em HCD e febre (faz o diagnóstico de colangite). • Pentade de Reynolds – icterícia, febre, dor em HCD, hipotensão e alteração do estado mental. • Laboratório: elevação de FA, GGT, TGO, TGP, bilirrubinas as custas da direta e leucocitose. • USG: procurar a colecistolitíase – procura o cálculo, dilatação das VVBB e coledocolitíase. 7 Pâmela Martins Bueno – colelitíase • Conduta: CPRE – realizar a descompressão de urgência da via biliar comum. Realizar papilotomia endoscópica com extração dos cálculos e quando possível, realizar a colecistectomia laparoscópica porque os cálculos começaram na VB. • Colangite não drenável por CPRE? A alternativa é realizar a drenagem biliar percutânea transparietohepática (DTPH). FÍSTULAS BILIODIGESTIVAS Tinha um cálculo hipertrófico que ulcera no tubo digestivo. Pode fazer pro duodeno, estomago ou cólon. São vias digestivas ocas, então o gás penetra na arvore biliar levando a aerobilia. • Quadro clinico: tem componente infeccioso porque tem inflamação local, contaminação pela microbiota digestiva. Pode ter quadro obstrutivo devido a presença dos cálculos no tubo digestivo. • Manejo: atb, pode necessitar ou não CPRE e não raro precisa operar o paciente. Pode operar o lado infeccioso e obstrutivo. Quando temos uma fistula íleo biliar, significa que teve uma fistula duodenal que fez um abdome agudo obstrutivo no íleo distal, levando a dor no HCD + obstrução intestinal do íleo. • Manejo: diagnóstico por TC>RX e terá a presença da tríade de Rigler – dilatação do delgado + corpo estranho em FID + aerobilia. • Conduta: laparotomia exploradora, enterotomia ileal e retirada do calculo e correção da fístula. Síndrome de Bouveret • Obstrução que vai para o estômago, a fistula vai para o estomago. • Sd de Bouveret = obstrução pilórica por calculo biliar SÍNDROME DE MIRIZZI Um cálculo hipertrófico acomete a via biliar comum. O paciente tem o acometimento mais ou menos agressivo, mas o cálculo não está no colédoco, está na vesícula biliar. • Quadro clinico: dor biliar, colecistite, síndrome colestática, fistulas digestivas tudo variável, por isso é um diagnóstico difícil. • Laboratório: elevação de FA, GGT, TGO, TGP, bilirrubinas (d) e leucocitose. Nesses casos é mais discreto e crônico do que nas outras situações. • USG: vai mostrar uma vesícula difícil, pequena, difícil de encontrar a VB. O cálculo vai ser grande, pode ter dilatação das VVBB. • Colangio-RM: cálculo grande que acomete a via biliar comum, que pode ser quantificado na RM. Classificação – de acordo com o quão agressiva é a doença • I – Compressão extrínseca. Pode fazer uma colecistectomia. • II – Destruição até 1/3 da circunferência do colédoco. Realizar coledocoplastia e derivação biliodigestiva se não der certo. • III – Destruição até 2/3 do colédoco. Realizar derivação biliodigestiva. • IV – Destruição completa do colédoco. Realizar derivação biliodigestiva. PÓLIPOS DE VB • Lesão da mucosa, pode ser pediculado ou séssil. • USG: lesão fixa séssil. A maioria dos pólipos na verdade são cálculos que não estão moveis. • Manejo o Se tiver pólipos + cálculos = risco de câncer. Realizar a colecistectomia. o Se tiver pólipos + sintomas = deve ser cálculo. Realizar colecistectomia o Se tiver pólipos sem cálculos e sintomas – se são pequenos, observar, se grandes (>1cm) ou crescendo, realizar colecistectomia. CÂNCER DE VB • Adenocarcinoma • Forma de colangiocarcinoma 8 Pâmela Martins Bueno – colelitíase • Doença rara, agressiva, mau prognóstico. • Sintomas inespecífico: dor biliar, colecistite, alarmes. Mas no começo é assintomático. • Diagnóstico: mostra lesão solida na vesícula. Pode ser USG, TC ou RM. • Não realizar a biopsia, ir direto para o tratamento que vai ser de acordo com o estadiamento. • Incurável = QT paliativa e prótese biliar para desobstrução • Curável = cirurgia! Tenta tirar a vesícula e linfadenectomia do hilo biliar. • Diagnóstico na maioria das vezes é feito no anatomopatológico – 1% das CVL o paciente tem um adenocarcinoma. Analisar: o T1a – doença da lâmina própria = tá tratado! o >T1b – passou da muscular, precisa ampliar a cirurgia – prognostico reservado. TUMOR DE KLATSKIN Tumor de Klatskin é definido como um colangiocarcinoma peri-hilar, um tipo de tumor maligno com crescimento de células epiteliais nas vias biliares extra-hepáticas, originado na confluência dos ductos hepáticos, mais precisamente na junção entre ductos hepático direito e hepático esquerdo. Embora esta patologia não seja tão presente em nosso dia-a- dia, vale se atentar a ela como um diagnóstico diferencial interessante dentro das síndromes ictéricas ou colestáticas. • Grau I – localizado no hepático comum. Nessecaso dá para realizar abordagem cirúrgica. • Grau II – quando toca a bifurcação. Ainda dá para fazer a abordagem cirúrgica. • Grau IIIa – invade o direito • IIIb – invade o esquerdo • Grau IV – quando pega o direito, esquerdo e o resto. A única chance é o transplante hepático. A classificação de Bismuth-Corlett foi elaborada para diferenciar anatomicamente a localização dos tumores extra-hepáticos, separando em diferenças topográficas elencadas a seguir. • Tipo I: Tumores abaixo da confluência dos ductos hepáticos • Tipo II: Tumores acometendo a confluência dos ductos hepáticos (Tumor de Klatskin propriamente dito) • Tipo IIIA: Tumores envolvendo o ducto hepático comum e o ducto hepático direito • Tipo IIIB: Tumores envolvendo o ducto hepático comum e o ducto hepático esquerdo • Tipo IV: Tumores que envolvem a confluência e se estendem para o ducto hepático direito e esquerdo.
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