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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras Disciplina: Teoria da Literatura 1 Coordenador: José Luís Jobim Aluno(a): Ana Gabriela Medeiros Polo: Nova Friburgo Matrícula: 22113120011 AD 1 - 2022/ 2 1. Leia, a seguir, as frases que sintetizam opiniões sobre o que é literatura para o senso comum: 1. Literatura são textos escritos com uma linguagem embelezada. 2. Literatura é tudo o que está escrito. 3. Literatura é um texto completo escrito com uma língua qualquer (português, espanhol, inglês, francês etc.) 4. Literatura consiste em fazer arte com as palavras. 5. Literatura é a criação de novas possibilidades de uso da palavra. 6. Literatura é o conjunto de textos escritos para o autor comunicar com suas palavras alguma coisa ao leitor. Baseado no que você já tinha em sua cabeça e no que aprendeu nas duas primeiras aulas, comente pelo menos três das frases acima. Coloque o número da frase comentada. 1.Número da frase: 1 Comentário (1.0): A ideia de Literatura, ou a arte em si, interligada ao belo é uma relação estreita, que perdura há muitos anos, sobretudo no senso comum, sendo utilizada como ferramenta para definir o que pode ou não ser considerado literatura, o que é ou não é arte. Contudo, o conceito de beleza é um fator muito relativo, que varia conforme a cultura, idade, experiencia social e o período histórico. O que era belo há alguns anos atrás pode não ser considerado atualmente, assim como que se entende como bonito no Brasil, pode não ser visto do mesmo modo em outro lugar do mundo. Ademais, quando se trata de beleza na literatura é comum associar ao cumprimento da norma culta em detrimento da linguagem coloquial, com o uso de palavras “complexas”, que não são utilizadas no cotidiano, julgando muitas vezes as obras que utilizam as variações linguísticas, desvios e os regionalismos ao seu favor para a construção de seu trabalho, como o caso de Saramago, que recebe algumas críticas por utilizar determinadas modificações em seus textos, a fim de trazer traços da oralidade, ressignificando o uso dos sinais de pontuação. Deste modo, atrelar a ideia de beleza à literatura pode ser prejudicial se for utilizado como ferramenta para a realização de uma análise crítica, já que o belo é subjetivo e mutável, portanto, basear-se nesse conceito pode gerar diversas controvérsias por se tratar de uma opinião. Obviamente, a função estética da literatura não pode ser excluída, a literatura pode e deve ser bela, Lima Barreto, em "O Destino da Literatura", define a beleza no meio literário como algo muito além da composição perfeita de palavras, mas sim como a capacidade que a obra possui de expandir nossos conhecimentos e nos apresentar novas visões de mundo e ideais. 2. Número da frase: 2 Comentário (1.0): Apesar da palavra Literatura possuir sua origem atrelada a “letra” (latim littera), seus primórdios se encontram na poesia grega, a chamada epopeia, que era fruto puramente da oralidade, de modo que antes mesmo da escrita ser criada e popularizada, a literatura já era produzida em diversas civilizações. Já na atualidade, se afirmarmos que a literatura é apenas o que está escrito, então anularíamos diversas expressões de arte que fogem dessa conjuntura, por exemplo, as histórias em quadrinhos, que não utilizam somente a escrita como elemento para contar a história, como também recorrem a artifícios visuais para construir o enredo, de tal modo que esses recursos são muito mais do que simples coadjuvantes no texto, são participantes ativos, e se retirados podem gerar uma nova interpretação da história. Além disso, ao definir tudo que está escrito como literário entramos em um conceito extremamente amplo, já que se partirmos desse ponto legendas em posts de redes sociais, mensagens de texto ou relatórios financeiros de um escritório, por exemplo, poderiam ser considerados literatura. 3. Número da frase: 4 Comentário (1.0): O conceito de arte foi e ainda é um assunto de constante discussão, ao longo da história, diversos teóricos tentaram definir o que é arte e qual o seu objetivo. Uma das definições mais famosas, é a de Aristóteles, que a caracteriza como uma representação da natureza, pensamento esse que perdurou no movimento renascentista, por exemplo. Posteriormente, no romantismo, a arte ganhou um novo significado, a partir daí ela passou a ser relacionada com as sensações e os sentimentos, seu objetivo se tornou despertar algo novo, fazer uma reflexão. Por fim, a literatura não é conhecida como uma das sete artes atoa, tendo as palavras como sua principal ferramenta, ela perpassa por essas duas esferas de definição e diversas outras, pois é, desde seus primórdios, uma expressão artística, e através dela é possível experienciar sensações, vivenciar outras realidades e se abrir para o descobrimento de novos mundos, ao mesmo passo que também pode ser realmente uma representação “nua e crua” da realidade, que permite que o leitor abra seus olhos para algo que, à priori, não havia percebido. Por fim, a literatura é uma manifestação artística que representa muito mais do que registros para o futuro, ela une a tradição e o novo, considerando o que se pode aprender com o antigo, se renovando e realizando constantes revoluções. 2. Considerando tudo o que você aprendeu na aula 3, diga quais foram os dois mais importantes aspectos sobre a relação entre literatura e linguagem, na sua opinião. Justifique sua resposta (2.0). 1- A obra literária sempre está sujeita à estrutura da língua natural em que foi composta, pois a língua é a ferramenta de trabalho do autor, e através dela, de suas regras e conjunturas, ele elabora sua obra, e é isso que torna esse conceito algo de caráter básico. O seguimento das normas dispostas na estrutura da língua serve como alicerce para a construção da literatura e o entendimento do público que a está consumindo, se no texto uma oração for escrita de uma forma atípica, trocando suas partes de lugar, ao menos que fosse algo intencional, um trocadilho do autor, certamente o público não entenderia. 2- O que diferencia a literatura de qualquer outro texto, é que a mensagem de uma obra literária não se esgota no em seu uso momentâneo. Por estar eternizada no texto, não depende da situação em que foi criada, nem muito menos da presença direta de um emissor ou receptor, deste modo um texto pode ser lido por alguém 100 anos depois e mesmo assim será compreendido pelo leitor, sendo uma forma de comunicação que sobrevive a distância espacial e temporal. 3. Formule, em suas próprias palavras, um sentido para cada um dos termos abaixo: FICÇÃO (1.0) Ficção, vem do latim fictione, e significa fingir, modelar ou inventar. A literatura utiliza da ficção como instrumento para a criação de novos universos, cenários e personagens, que irão ampliar as perspectivas que o indivíduo que está consumindo a obra possui sobre o mundo. Apesar de ser algo criado, a ficção na literatura é um reflexo da sociedade e da cultura, através dela o autor consegue gerar emoções no leitor, muito além de um simples prazer, trazendo visões a respeito dos acontecimentos, de modo que se um livro escrito em 2022 for lido em 2072, o sujeito que está realizando a leitura terá acesso aos pensamentos e ideais que eram propagados 50 anos antes. REALISMO (1.0) O realismo foi um movimento literário que surgiu no século XIX, como uma resposta ao viés idealista e sentimentalista presente no Romantismo. Teve seu advento em um período onde estavam surgindo novas correntes cientificas, como o positivismo e o Darwinismo, tendo essas teorias como influência. Como o próprio nome já indica, o realismo foi uma manifestação artística cujo objetivo era mostrar a realidade “como elaé”, ou seja, reproduzir o mundo de forma clara e objetiva como um espelho, deste modo, através de sua escrita detalhista e extremamente descritiva, os autores acreditavam que não bastavam apenas provocar uma boa experiência ao leitor, era necessário lhes ensinar algo. REFERÊNCIA (1.0) O termo referência relaciona-se com o realismo, já que tal movimento tem como o objetivo referir-se à realidade. As referências servem como base para a criação do texto, trata-se de trazer elementos que são parte do que é considerado mundo real para dentro da história. Através dela, o autor correlaciona acontecimentos históricos, objetos, espécies de animais e demais elementos da realidade com o universo ficcional. 4. No ano de sua publicação em livro, as Memórias Póstumas de Brás Cubas receberam uma variedade de críticas. Houve, como seria de se esperar em relação a um autor que também escrevia regularmente em jornais e revistas, observações protocolares como a publicada na Gazetinha, em 12 de dezembro de 1881: “Recebemos e agradecemos um exemplar do notável romance de Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, sobre o qual daremos qualquer dia destes um folhetim”. (GUIMARÃES, 2004, 346) Mas mesmo as observações protocolares às vezes incluíam uma certa interrogação relativa àquele texto, que aparentava ter, além do que se supunha ser mais familiar para a época, alguma coisa mais. Talvez seja por isso que, mesmo antes da publicação em livro, Raul Pompéia, na Revista Ilustrada, em abril de 1880, declara sobre o romance: “É ligeiro, alegre, espirituoso, é mesmo mais alguma cousa” (apud Guimarães, 2004, p. 345). Capistrano de Abreu, em 1881, parece retomar a fala de Pompéia, considerando que há “alguma cousa” mais naquela obra, e questionando até mesmo o enquadramento das Memórias como romance: “As Memórias póstumas de Brás Cubas serão um romance? Em todo o caso são mais alguma cousa” (apud Guimarães, 2004, p. 347). Tendo em vista as informações acima, escolha uma das afirmativas abaixo e faça um comentário sobre como esta afirmativa pode ser relacionada às informações acima (2.0): b. No entanto, devemos estar atentos para o fato de que o sentido da obra não será o mesmo para os vários e sucessivos públicos leitores, de modo que, mesmo considerando que a obra materialmente pode ser a mesma, ela poderá significar coisas diferentes. Apesar de uma obra ser considerada eterna, um objeto que perpassa o tempo e o espaço, o seu sentido e a interpretação que se tem dele pode não ser a mesma do momento em que o texto foi formulado. Ao consumir uma obra escrita há mais de um século, como no caso de memórias Póstumas, certamente não interpretamos o texto do mesmo modo que foi interpretado pelos leitores na época de seu lançamento, já que o contexto histórico e cultural é distinto do que se vive hoje no século XXI. Assim, para se construir uma análise da obra justa e coerente é necessário avaliá-la levando em conta o sentido que teve no momento em que foi elaborada, a conjuntura em que estava inserida, pois ao estudar o texto pelos olhos de um cidadão do mundo contemporâneo podemos cair em uma visão anacrônica. Uma obra ao longo do tempo vai ganhando significações e classificações novas, o seu conteúdo permanece o mesmo, as palavras escritas nele são as mesmas desde o momento de sua publicação, contudo conforme os anos se passam a percepção sobre ela se expande, e por isso é importante correlacionar o sentido que a obra teve no passado com o que ela significa hoje, trazendo essas novas percepções para dentro do estudo, mas nunca se esquecendo o contexto em que ela estava inserida.
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