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Interrogatório sist respiratório - Moisés Lopes Atm 24

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MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 1 
 
Interrogatório do sistema respiratório 
Interrogatório sintomatológico 
 Os sintomas e sinais do aparelho respiratório podem ser diretamente relacionados a 
ele ou não devido a integração do organismo humano. 
 Em todos os itens da anamnese são encontrados dados sobre o problema do 
paciente e a partir deles é possível estabelecer o diagnóstico e tratamento. São dados da 
anamnese: Identificação, antecedentes pessoais e familiares, hábitos de vida e 
interrogatório complementar. 
 Tosse 
 A tosse é o mais significativo e frequente sintoma respiratório. Por definição a tosse 
é: “compreende uma expiração explosiva e acompanhada de um som característico que 
fornece um mecanismo normal de proteção para a limpeza da árvore traqueobrônquica de 
suas secreções e corpos estranhos. Trata-se de um fenômeno reflexo ainda que possa ser 
desencadeada pela vontade”. 
 Em condições normais não ocorre tosse, sua presença indica alguma anormalidade 
no aparelho respiratório ou a distância. 
 Fases da tosse 
 As fases da tosse são: 
 Nervosa: Envolve os receptores da tosse, nervos aferentes, centro da tosse, 
nervos eferentes, músculos efetores. Ocorre concomitantemente as demais 
fases. 
 Inspiratória: Envolve o nervo frênico e os nervos intercostais. O estímulo do 
N. frênicos e N.n intercostais promovem uma inspiração curta e profunda. O 
aumento do volume pulmonar determina a elevação da força elástica e retrátil 
dos alvéolos. 
 Compressiva: Envolve o nervo laringeorrecorrente e o vago. O Estímulo do 
N. laringeorrecorrente promove o fechamento da glote e o estimulo do N. vago 
promove a contração da musculatura brônquica. 
 Espiratória: A súbita abertura da glote permite a saída do ar em alta 
velocidade, ocorrendo a relaxamento do diafragma e varredura das vias 
aéreas. 
 Avaliação semiológica da tosse 
 Durante a avaliação da tosse do paciente deve-se analisar: 
 Freqüência 
 Intensidade (escala e questionário) 
 Tonalidade 
 Presença de secreção 
 Período que predomina 
 
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 Relação com decúbitos 
 Presença de outros sintomas 
 Uso de medicamentos 
 Fatores desencadeantes 
 Fatores de risco 
 Mudança no caráter 
 Duração 
o Aguda: Presença de sintoma por um período de até 3 semanas; 
o Subaguda: Persistente por período de 3 a 8 semanas; 
o Crônica: Duração maior que 8 semanas; 
 Tipos de tosse e complicações 
 Existem alguns tipos de tosse, são elas: 
 Tosse quintosa: Caracteriza-se por surgir em acessos, geralmente pela 
madrugada, com intervalos de curtos de acalmia, acompanhada de vômitos e 
sensações de asfixia. Característico da coqueluche. 
 Tosse síncope: É a tosse que após crise intensa de tosse, resulta na perda 
da consciência. 
 Tosse rouca: É própria da laringite crônica e comum nos tabagistas. 
 Tosse reprimida: É a tosse que o paciente evita devido a dor torácica ou 
abdominal causada por ela. 
 Tosse psicogênica: É a tosse que o paciente apresenta quando está tenso 
emocionalmente. Ela é um diagnóstico de exclusão. 
 Tosse pós-infecciosa: Ocorre após uma infecção. 
 Tosse seca: Não há uma definição clara, mas pode ser causada por diversos 
fatores. 
 Tosse bitonal: Causada pela paralisia ou paresia de uma das cordas vocais. 
 O ato de tossir pode levar a algumas complicações quando essa for intensa, tais 
como: 
 Dor na parede torácica e abdominal 
 Incontinência Urinária 
 Exaustão 
 
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 Síncope 
 Fraturas de costelas 
OBS! Causas da tosse: Olhar quadro 32.2 do Porto 6 edição. 
 Expectoração 
 Na maioria das vezes a expectoração costuma ser consequência da tosse. Em 
condições normais são produzidos 100ml/24h de muco, o qual é produzido pelas células 
caliciformes, de Clara, pneumatócitos do tipo II e glândulas submucosas. 
 Avaliação semiológica da expectoração 
 Durante a avaliação da expectoração do paciente deve-se analisar: 
 Alimentação; 
 Aspecto; acompanhar 
 Odor: Expectoração com odor indica presença de organismos anaeróbicos. 
 Volume: Deve-se a evolução da quantidade. 
 Viscosidade: Encontra-se particularmente aumentada nas infecções 
bacterianas, micobacterianas e fúngicas. 
 Mudança no caráter, horário e posição; 
 Tipos e características da expectoração 
 Seroso: É pobre em proteínas e células (aquoso e translúcido semelhante a 
água). 
 Mucóide: Rico em mucoproteínas e baixa celularidade. Semelhante a clara 
de ovo, esbranquiçado e algo viscoso. 
 Purulento: Rico em piócitos e celularidade alta. (mucopurulento) 
 Hemoptóico: raias de sangue 
 Moldes brônquicos 
 Hemoptise 
 É a eliminação de sangue pela boca, passando através da glote. 
 As hemoptises podem ser divididas em: 
 Brônquica: Ruptura de vasos previamente sãos ou anormais. É mais 
frequente. 
 Alveolar: Ruptura de capilares ou transudação de sangue, sem que haja 
solução de continuidade do endotélio. 
 
 
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 Causas da hemoptise 
 No Brasil, a principal causa de hemoptise é a tuberculose pulmonar, mas além dela 
as bronquiectasias, bronquite aguda ou exacerbação de bronquite crônica, pneumonia 
e câncer de pulmão seguem em frequência. Além disso, causas criptogênicas também 
são comuns. 
 Características da hemoptise 
A hemoptise tem como característica: 
 Tosse; 
 Sangue vermelho vivo; 
 Presença de bolhas de ar; 
 Ruídos respiratórios; 
 Sensação de fervura; 
 Borbulhamento; 
 Classificação 
 A hemoptise pode ser classificada da seguinte forma: 
 Leve: Menos de 100ml/24h. 
 Moderada: Entre 100 e 600ml/24h. 
 Maçica: Acima de 600ml/24h ou 30ml/h 
OBS! Diagnóstico diferencial: Epistaxe, hematêmese e sangramento da cavidade 
oral podem ser confundidos com hemoptise. Para ajudar a diferenciar a hemoptise de 
pseudo-hemoptise deve-se observar o quadro a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Critério Hemoptise Pseudo-hemoptise 
História Clínica 
 Relato de tosse com 
sensação de sufocação 
 
 Sensação de “coceira” 
no tórax 
 
 Sensação de angústia 
 
 Outros sintomas 
respiratórios 
 
 História de doença 
pulmonar 
 Relato de limpar a 
garganta 
 Sensação de náusea 
 História de rinossinusite 
 História de doença do 
trato gastrointestinal 
 Outros sintomas 
gastrointestinais 
Aspecto do 
sangramento 
 Sangramento vivo 
vermelho brilhante 
 Secreção envolvida por 
sangue vivo 
 Sangramento vermelho 
escuro 
 Raias de sangue entre 
a secreção 
Exame físico 
 Estertores localizados 
na ausculta torácica 
 Orofaringe com sinais 
inflamatórios 
 Rinofaringe com 
descarga purulenta 
 
 Vômica 
 É a expulsão brusca e maciça pela boca (inclusive pelo nariz) de uma grande 
quantidade de pus ou líquido. Pode ser única ou fracionada, provendo do tórax ou abdome. 
É feita em golfadas, com violentos acessos de tosse. Além disso, pode provocar sufocação 
e asfixia. 
 Dispneia 
 É dificuldade para respirar, podendo o paciente estar ou não consciente. Ela pode 
ser: 
 Subjetiva: Quando só for percebida pelo paciente, nem sempre confirmado pelos 
médicos. 
 Objetiva: Evidenciada ao exame físico, nem sempre é admitida pelo paciente. 
 A dispneia é um sintoma muito comum na pratica médica e sua presença está 
associada ao aumento da mortalidade. Está presente principalmente em pacientes com 
problemas respiratórios e cardíacos. Além disso, é um fator limitante da qualidade de vida. 
 Em geral, a dispneia causa o aumento da necessidade do trabalho respiratório, 
resultando em um esforço muscular acima do necessário para produzir ventilação e trocas 
gasosas.A ventilação não é percebida, normalmente, e suas características são 
inconscientes. 
 
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 Frequência respiratória 
 Taquipnéia: Acima de 20mrpm. 
 Hiperpnéia: Elevação da ventilação alveolar secundaria ao aumento da FR e 
ao aumento da amplitude dos movimentos respiratórios. 
 Bradipnéia: Abaixo de 8mrpm. 
 Apnéia: Interrupção dos movimentos respiratórios por um período de tempo 
prolongado. 
 Ritmos respiratórios 
 
 
 Avaliação semiológica da dispneia 
 Durante a avaliação da dispneia do paciente deve-se analisar: 
 Inicio; 
 Modo de instação; 
 Duração; 
 Fatores desencadeantes, de alivio e agravantes; 
 Comparação; 
 
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 No de crises e periodicidade; 
 Intensidade: 
o Diferenciar dispneia atual de dispneia usual; 
o Utilização de escapas para avaliação de dispneia atual e usual (são 
escalas diferentes). 
A dispneia normalmente está associada a outros sintomas como: 
 Chiado no peito: Pode indicar broncoespasmo. 
 Dor torácica: Ventilatório dependente, caso esteja associada com dispneia 
súbita pode indicar pneumotórax, embolia pulmonar ou trauma torácico. 
 Tosse, expectoração e hemoptise; 
 Hipertermia; 
 Edema, palpitações; 
OBS! Causas comuns de dispneia: Observe o quadro abaixo. 
 
 Denominações especiais da dispneia 
 Dispneia de esforço: Surgimento ou agravamento da dispneia por atividade 
física. Pode ser classifica em: 
o Grandes, médios e pequenos esforções ou dispneia de repouso 
 Ortopneia: Surgimento ou agravamento da dispneia com a adoção da 
posição horizontal. Ela alivia com a elevação superior do tórax. Presente 
principalmente em pacientes com ICC. 
 Dispneia paroxística noturna: Interrupção do sono por dispneia. O paciente 
senta-se no leito para alivio dos sintomas. 
 Asma cardíaca: Termo totalmente inapropriado. 
 Trepopneia: Dispneia que surge ou piora em uma posição lateral e 
desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto. 
 
 
 
 
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 Causas e condições associadas ao surgimento da dispneia 
 Causas 
 As causas são divididas em: 
 Atmosféricas; 
 Obstrutivas; 
 Pleurais; 
 Toracomusculares; 
 Diafragmáticas; 
 Teciduais; 
 Ligadas ao SNC; 
 Condições associadas 
 As condições são divididas em: 
 Cardíacas: Cardiopatias, doença isquêmica e doenças valvares. 
 Pulmonares: DPOC, asma, doenças intersticiais pulmonares e câncer. 
 Causas diversas: Ansiedade e hiperventilação, descondicionamento físico, 
obesidade, gravidez e HAS. 
 Dor torácica 
 A dor torácica é um ponto crítico na tomada de decisão de um médico, pois ela pode 
ter o potencial para fatalidade, sendo necessário diagnostico rápido e preciso de suas 
causas. 
 Semiologia da dor torácica 
 Em um paciente com dor torácica deve-se analisar: 
 Localização; 
 Intensidade; 
 Característica; 
 Irradiação; 
 Duração; 
 Evolução; 
 Fatores que acompanham, aliviam e agravam 
 
 
 
 
 
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 Causas da dor torácica 
 A imagem a seguir esquematiza as causas de dor torácica. 
 
 Dor torácica de origem pulmonar 
 A dor torácica de origem pulmonar pode ter como causa: 
 Alterações dos vasos pulmonares: 
o Tromboembolismo pulmonar (TEP): Pode ser agudo e associado com 
dispneia e taquipnéia. 
 Alterações no parênquima pulmonar: 
o Infeções, câncer e doenças crônicas. 
 Alterações do tecido pleural: 
o Pneumotórax. 
 Dor torácica de origem diversa 
 Dor torácica musculoesquelética; 
 
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 Dor torácica na Síndrome coronariana aguda: É 
uma dor anginosa típica, podendo durar alguns 
minutos e ceder ou ser persistente como nos casos de 
infarto agudo do miocárdio. Ela é queixa atípica de 
mal-estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese 
sem dor. Além disso, idosos e mulheres podem 
manifestar somente dispneia e deve-se atentar aos 
fatores de risco. 
 Dor torácica na dissecação aguda da aorta; 
 Dor por causas gastresofágicas: 
o Sintomas sugestivos: Pirose, regurgitação, disfagia, tipicamente pós-
prandial. 
o Causas mais comuns: Refluxo gastresofágicos, espasmo esofágico e esofagite.

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