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AS TEORIAS ADMINISTRATIVAS E A ENFERMAGEM UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Antônio Joaquim Bastos da Silva – Reitor Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro – Vice‐Reitora DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Helma Pio Mororó José – Diretora Ricardo Matos Santana – Vice‐Diretor COLEGIADO DE ENFERMAGEM Roseanne Montargil Rocha – Coordenadora Aretusa de Oliveira Martins – Vice‐Coordenadora GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM NOS SERVIÇOS HOSPITALARES Noélia Silva Oliveira – Docente Assistente Ricardo Matos Santana – Docente Assistente Sharon Shyrley Weyll Oliveira – Docente Assistente Sonia Maria Isabel Lopes Ferreira – Docente Assistente Noélia Silva Oliveira Ricardo Matos Santana Isabel Cristina Pithon Lins Miriam Oliveira dos Anjos Angela Tamiko Sato Tahara Sharon Shyrley Weyll Oliveira Sonia Maria Isabel Lopes Ferreira Ilhéus – Bahia 2007 AS TEORIAS ADMINISTRATIVAS E A ENFERMAGEM 2007 by Noélia Silva Oliveira Ricardo Matos Santana Isabel Cristina Pithon Lins Miriam Oliveira dos Anjos Angela Tamiko Sato Tahara Sharon Shyrley Weyll Oliveira Sonia Maria Isabel Lopes Ferreira Universidade Estadual de Santa Cruz Departamento de Ciências da Saúde Colegiado de Enfermagem Campus Prof. Soane Nazaré de Andrade Rodovia Ilhéus Itabuna, Km 16 – 45662‐000, Ilhéus, Bahia, Brasil Tel.: (73) 3680‐5108/5116/5114 – FAX: (73) 3680‐5501/5114 Capa e Ilustração: Ricardo Matos Santana Editoração: Ricardo Matos Santana Autorizamos a reprodução e divulgação total ou parcial desta obra, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Dados Internacionais de Catalogação da Publicação (CIP) Ficha Catalográfica: AUTORES NOÉLIA SILVA OLIVEIRA Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Docente Assistente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC. E‐mail: nso04@hotmail.com. RICARDO MATOS SANTANA Enfermeiro, Mestre em Enfermagem, Especialista em Saúde Pública, Especialista em Auditoria de Sistemas de Saúde, Docente Assistente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC. E‐mail: ricmas@uesc.br ISABEL CRISTINA PITHON LINS Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Especialista em Saúde Coletiva, Especialista em Enfermagem do Trabalho, Docente Assistente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC. E‐mail: isabelpithon@yahoo.com.br MIRIAM OLIVEIRA DOS ANJOS Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Especialista em Enfermagem Médico‐Cirúrgica, Docente Assistente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC. E‐mail: miranjos@ig.com.br ANGELA TAMIKO SATO TAHARA Enfermeira, Doutora em Ciências da Saúde, Especialista em Metodologia da Pesquisa Aplicada à Educação, Especialista em Enfermagem sob a forma de Residência, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Docente Ad‐ junta da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia E‐mail: tahara@ufba.br SHARON SHYRLEY WEYLL OLIVEIRA Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Especialista em Gestão Hospitalar, Especialista em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem, Docente Assistente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC. E‐mail: sharonshyrley@yahoo.com.br. SONIA MARIA ISABEL LOPES FERREIRA Enfermeira, Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Especialista em Gestão Hospitalar, Especialista em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem, Docente Assistente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC. E‐mail: soniamilf@yahoo.com.br. Este livreto consiste na fusão adaptada de dois trabalhos produzi‐ dos na Disciplina Organização dos Serviços de Enfermagem do Curso de Mestrado em Enfermagem da UFBA/UESC e apresentados no 52º Con‐ gresso Brasileiro de Enfermagem ‐ CBEn (Recife/PE, 2000), intitulados: "A enfermagem e as teorias administrativas" e "Integração das teorias burocrática, dos sistemas e contingencial na administração dos serviços de enfermagem". A adaptação foi feita pelos próprios autores, visando adequar o texto à sua utilização como material didático da Disciplina Gerenciamento de Enfermagem nos Serviços Hospitalares do Curso de Graduação em Enfermagem da UESC. O presente texto representa um levantamento bibliográfico das Teorias Administrativas, fazendo uma correlação teórica das mesmas, com a prática de enfermagem. São abordadas as seguintes teorias ad‐ ministrativas: Teoria Científica, Teoria Clássica, Teoria das Relações Hu‐ manas, Teoria Comportamental ou Behaviorista, Teoria Burocrática, Te‐ orias dos Sistemas e Teoria Contingencial. Acreditamos que poderá ser útil para auxiliar os profissionais e estudantes de enfermagem a terem um panorama do assunto, e, conseqüentemente, no desenvolvimento da administração em enfermagem. Os autores APRESENTAÇÃO SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. Ix 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13 2. TEORIAS ADMINISTRATIVAS ........................................................................................... 15 2.1. Influência dos Filósofos ......................................................................................................... 15 2.2. Influência da organização da Igreja Católica ......................................................................... 16 2.3. Influência da organização militar .......................................................................................... 16 2.4. Influência da Revolução industrial ........................................................................................ 16 3. TEORIA CIENTÍFICA ......................................................................................................... 19 3.1. Características ....................................................................................................................... 19 3.2. Princípios fundamentais ....................................................................................................... 20 3.3. Teoria Científica e a Enfermagem ......................................................................................... 21 4. TEORIA CLÁSSICA ............................................................................................................ 23 4.1. Princípios da Administração .................................................................................................. 23 4.2. Principais críticas ................................................................................................................... 24 4.3. Teoria Clássica e a Enfermagem ............................................................................................ 24 3.4. Crítica à Teoria Científica ....................................................................................................... 21 6.2. A motivação humana ............................................................................................................ 31 5. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS ................................................................................. 27 5.1. Origem ................................................................................................................................... 27 5.2. Conclusões da experiência de Hawthorne ............................................................................ 27 5.3. A civilização industrial e o homem ........................................................................................ 28 5.4. Funções básicas da organização industrial ............................................................................28 5.5. Principais Críticas .................................................................................................................. 29 5.6. Teoria das Relações Humanas e a Enfermagem .................................................................... 29 6. TEORIA COMPORTAMENTAL OU BEHAVIORISTA ............................................................ 31 6.1. Origens da Teoria Comportamental ...................................................................................... 31 5.7. A saúde no Brasil ................................................................................................................... 29 6.3. Hierarquia das Necessidades de Maslow .............................................................................. 31 6.4. Teoria dos Dois Fatores de Herzberg .................................................................................... 32 6.5. Estilos de administração ........................................................................................................ 32 6.6. Sistemas de administração .................................................................................................... 33 6.7. A Teoria Comportamental e a Enfermagem .......................................................................... 33 6.8. Crítica à Teoria Comportamentalista .................................................................................... 33 7. TEORIA BUROCRÁTICA .................................................................................................... 35 7.1. Bases históricas ..................................................................................................................... 35 7.2. Características da burocracia ................................................................................................ 35 7.3. Vantagens da burocracia ....................................................................................................... 36 7.4. Disfunções da burocracia ...................................................................................................... 37 7.5. A Teoria Burocrática e a saúde no Brasil ............................................................................... 38 7.6. A Teoria Burocrática e a Enfermagem ................................................................................... 38 8. TEORIA DOS SISTEMAS ................................................................................................... 41 8.1. A Teoria dos Sistemas e a Enfermagem ................................................................................ 42 9. TEORIA CONTINGENCIAL ................................................................................................ 43 9.1. Ambiente ............................................................................................................................... 43 9.2. Tecnologia ............................................................................................................................. 44 9.3. As Organizações e seus níveis ............................................................................................... 45 9.4. A Teoria Contingencial e a Enfermagem ............................................................................... 45 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 49 As Teorias Administrativas e a Enfermagem 13 A sociedade do mundo atual está institucionalizada e é composta de organizações. Todas as organizações sejam elas de fins lucrativos (empresas) ou sem fins lucrativos (Exército, Igreja, serviços públicos, etc.), todas são constituídas de pessoas e de recursos não‐humanos (como recursos físicos e materiais, financeiros, tecnológicos, merca‐ dológicos, etc.), dessa forma tanto as pessoas necessitam do trabalho para melhor viver, como as empresas necessitam do trabalho de maneira eficiente e eficaz destes, para sua sobrevivência e sucesso. Segundo Chiavenato (2000), as orga‐ nizações, por seu tamanho e pela sua comple‐ xidade, precisam ser administradas e sua ad‐ ministração requer pessoas estratificadas em diversos níveis hierárquicos que tenham fun‐ ções diferentes. A administração trata do pla‐ nejamento, da organização, da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram dentro de uma organização. As mudanças que ocorreram no mun‐ do com a revolução industrial caracterizou‐se pela saída de um trabalho que era realizado empiricamente, de forma artesanal, para uma aplicação sistematizada e generalizada do conhecimento científico no processo de pro‐ dução das indústrias, requerendo uma especi‐ alização do trabalho, pelo avanço tecnológico e pelas descobertas de novas formas de ener‐ gia e a ampliação de mercados. As unidades de saúde, principalmente os hospitais, são organizados e administrados como empresas, onde, dentro destas unida‐ des, observa‐se que a área de enfermagem está avançando cada vez mais por perceber a importância de trabalhar de forma sistemati‐ zada e embasada em conhecimentos científi‐ cos. Este trabalho constitui‐se de revisão bibliográfica a respeito das Teorias Adminis‐ trativas e do processo de trabalho em enfer‐ magem, tendo como objetivo fazer uma cor‐ relação teórica destas teorias com a prática de enfermagem. Permitindo assim fazer uma integração do referencial teórico destas teori‐ as administrativas com a administração dos Serviços de Enfermagem Acreditamos que este estudo poderá ser útil para auxiliar os profissionais e estu‐ dantes de enfermagem a terem um panora‐ ma do assunto, contribuindo, assim, na for‐ mação e na atuação dos enfermeiros, e con‐ sequentemente no desenvolvimento da admi‐ nistração em enfermagem. 1. INTRODUÇÃO Binha Realce 14 As Teorias Administrativas e a Enfermagem As Teorias Administrativas e a Enfermagem 15 A administração constitui o resultado histórico e integrado de contribui‐ ção cumulativa de numerosos precursores, filóso‐ fos, físicos, economistas, estadistas e empresários que, no decorrer dos tempos, foram cada qual em seu campo de atividades, desenvolvendo e divul‐ gando suas obras e teorias. No decorrer da histó‐ ria da humanidade a administração se desenvol‐ veu lentamente, somente a partir do século XX é que ela surgiu e apresentou um desenvolvimento de notável pujança e inovação ( Chiavenato 2000). Nos dias de hoje, a sociedade é pluralista de organizações, na qual a maior parte das obriga‐ ções sociais, como a produção de bens ou servi‐ ços, é confinada a organizações, como indústrias, universidades, dentre outras, que são administra‐ das por dirigentes para se tornar cada vez mais eficientes e eficazes. No final do século XIX, contu‐ do a sociedade era completamente diferente. As organizações eram poucas e pequenas, predomi‐ navam as pequenas oficinas, artesãos indepen‐ dentes, pequenas escolas profissionais autôno‐ mos, como médicos, advogados, o lavrador, etc. Apesar do trabalho sempre ter existido na história da humanidade, a história das organizações e de sua administração, teve seu início a pouco tempo (Chiavenato 2000). Além destes, outros influenciaram como os filósofos, a organização da igreja católica, a organização militar e a revolução industrial.2.1. INFLUÊNCIA DOS FILÓSOFOS A Administração recebeu influência da filosofia desde os tempos da Antigüidade, quando Sócrates (470 a. C.‐399 a. C),expõe seu ponto de vista sobre administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico de da experiência. Platão (429 a.C.‐347a.C.), analisou os pro‐ blemas políticos e sociais decorrentes do desen‐ volvimento social e cultural do povo grego. Aristóteles (384 a.C.‐322 a.C.), deu o im‐ pulso inicial a filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógicas e Ciências Naturais, abrindo as perspectivas do conhecimento humano. No livro Política, sobre a organização do Estado, destinge as três formas de administração pública: Monar‐ quia ou governo de um só, aristocracia ou governo de uma elite, democracia ou governo de um povo. Francis Bacon (1561‐1626), fundador da Lógica Moderna baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de se separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório. Bacon antecipou‐se ao princípio conhecido em administração como princípio da prevalência da principal sobre o aces‐ sório. René Descartes (1596‐195), considerado o fundador da Filosofia Moderna, criou as coorde‐ nadas cartesianas e deu impulso a matemática e à geometria da época. Celebrou‐se na filosofia pelo 2. TEORIAS ADMINISTRATIVAS 16 As Teorias Administrativas e a Enfermagem livro o discurso do método, cujo princípios são: princípio as da dúvida sistemática ou da evidência, da análise ou de decomposição, da síntese ou da verificação. Vários princípios da administração, como os da divisão do trabalho, da ordem e do controle, estão contidos nos princípios cartesianos. Thomas Habbes (1588‐1679) defende o governo absoluto em função de uma visão perssi‐ mista da humanidade. No livro Leviatã, assinala que o povo renucia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido de poder a ele conferido, impõe a ordem,, organiza a vida social e garante a paz. Jean‐JaquesRousseau (1712‐1778), de‐ senvolve a teoria do contrato social, que é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre todos de um regime político, governante ou de um con‐ junto de regras. Kal Marx (1818‐1883) e Friedrich Engels (1820‐1895) proporem uma teoria da origem eco‐ nômica do Estado. O poder político e o Estado nada mais é do que o fruto da dominação econô‐ mica do homem pelo homem. De acordo com Chiavenato (2000), a filo‐ sofia moderna, a administração deixa de receber contribuições e influências, pois o campo de estu‐ do filosófico passa a se afastar dos problemas or‐ ganizacionais. 2.2. INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA Ao longo dos séculos, a igreja Católica estruturou sua organização com uma hierarquia de autoridade, um estado‐maior (assessoria) e a coordenação funcional para assegurar integração (Chiavenato 2000). A organização hierárquica da Igreja é tão simples e eficiente que sua organização mundial pode operar sob o comando de uma só cabeça executiva: o Papa, cuja autoridade coordenadora lhe foi delegada de forma mediata por uma autori‐ dade divina superior. A estrutura da organização eclesiástica serviu de modelo para as organizações que, ávidas de experiências bem‐sucedidas, passa‐ ram a incorporar os princípios e as normas admi‐ nistrativas utilizados pela Igreja Católica. 2.3. INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO MILITAR A organização militar também influenciou o desenvolvimento das teorias da administração e as estruturas organizacionais. O princípio da uni‐ dade de comando (um só chefe) e o da hierarquia (níveis de comando) encontrado na organização linear originou‐se no exército da época medieval. A dicotomia entre o pensar e o fazer aparece na organização militar, no séc. XVIII, com a criação do estado maior para assessorar o comando. A asses‐ soria era responsável pelo planejamento estratégi‐ co e o comando pela execução do programa. A disciplina e a unidade de direção também são princípios que tiveram suas origens na organiza‐ ção militar. 2.4. INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Com a inovação da máquina a vapor por James Watt (1736‐1819) e sua aplicação à produ‐ ção, surgiu uma nova concepção de trabalho que modificou a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social. Iniciou‐se a Revolução Industrial na Inglaterra, e que pode ser dividida em duas épocas distintas: 1780 a 1860: Primeira Revolução Industri‐ al ou revolução do carvão e do ferro. 1860 a 1914: Segunda Revolução Industri‐ al ou do aço e da eletricidade. Segundo Chiavenato (2000) a primeira Revolução Industrial passou por quatro fases: Primeira fase: A mecanização da indústria e da agricultura, em fins do século XVIII, com a máquina de fiar, criado por Hargreaves em 1767, do tear hidráulico, criado por arkwright em 1769, do tear mecânico criado por Cartwright em 1785, e do descaroçador de algodão criado por Whitney em 1792, que substituíram o trabalho do homem e a força motriz muscular do homem, do animal, ou da roda de água. Binha Realce As Teorias Administrativas e a Enfermagem 17 Segunda fase: A aplicação da força motriz à indústria. Com a aplicação do vapor às máquinas (Watt inventou a máquina a vapor), iniciaram‐se grandes transformações nas oficinas, nos trans‐ portes, nas comunicações e na agricultura. Terceira fase: Houve um aceleramento dos transportes e das comunicações. Surgiu a na‐ vegação a vapor com Robert Fulton(1807), logo depois as rodas foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi aperfeiçoada por Stephen‐ son, surgindo a primeira estrada de ferro na Ingla‐ terra (1825). Apareceram outros meios de comu‐ nicação com a invenção do telégrafo elétrico por Morse em 1876. Evidenciando os primeiros sinto‐ mas de desenvolvimento econômico, social, tec‐ nológico e industrial e as profundas transforma‐ ções e mudanças que ocorreriam com uma veloci‐ dade maior. A partir de 1860, a revolução Industrial entrou em uma segunda fase: a Segunda Revolu‐ ção Industrial, provocada pelo aparecimento do processo do aço (1856); o aperfeiçoamento do domínio (1873) e a invenção do motor de combus‐ tão interna (1873) por Daimler. A Revolução Industrial provocou profun‐ da modificação na estrutura empresarial e econô‐ mica da época. Com o rápido e intenso fenômeno da maquinização das oficinas provocou fusões de pequenas oficinas, que passaram a integrar outras maiores, e se transformaram em fábricas. O ope‐ rário foi substituído pelas máquinas nas tarefas, e com o aumento do mercado decorrente da redu‐ ção de preços e popularização dos produtos, as fábricas passaram a exigir grandes contingentes humanos. A mecanização do trabalho levou a divi‐ são do trabalho e à simplificação das operações, substituindo os ofícios tradicionais por tarefas semi‐automatizadas e repetitivas. A unidade do‐ méstica de produção – oficina e o artesanato em família – desapareceu com a competição, surgindo um grande contingente de operários nas fábricas, cuja jornada de trabalho se estendia por 12 ou 13 horas em condições insalubres, provocando aci‐ dentes e doença em larga escala. O crescimento industrial era improvisado e baseado no empiris‐ mo. Ao mesmo tempo em que intensa migração de mão‐de‐obra se deslocava dos campos agríco‐ las para os centros industriais, surgindo um surto acelerado de desorganizaçãode urbanização e ao mesmo tempo em que o capitalismo se solidifica, cresce uma nova classe social: o proletariado. As leis trabalhistas são expressas aos pou‐ cos, na medida em que os problemas vão se agra‐ vando. Com a nova tecnologia dos processos de produção, de construção e funcionamento das máquinas, com a crescente legislação destinada a defender e proteger a saúde e a integridade física do trabalhador, a administração e a gerência das empresas industriais passaram a ser a preocupa‐ ção maior dos proprietários, nascendo dessa for‐ ma com a Revolução Industrial a organização e a empresa moderna, que fizeram uma ruptura com as estruturas corporativas da Idade Média, fizeram aplicação dos progressos científicos à produção, o avanço tecnológico e a descobertas de novas for‐ mas de energia e a enorme aplicação de merca‐ dos, e a substituição do tipo artesanal por um tipo industrial de produção. 18 As Teorias Administrativas e a Enfermagem As Teorias Administrativas e a Enfermagem 19 N o início do século XX, o engenheiro Frederick Winslow Taylon (1856‐ 1917) e seus Seguidores (Henry Lawrence Gantt, Frank B. Gilberth, Lilian Gilbreth), desenvolveram os primeiros trabalhos a respeito da teoria clássica da gerência cientifica, que tinham como necessi‐ dade básica o conhecimento do trabalho a ser realizado, para que sua execução fosse realizada de maneira eficaz e eficiente. Eles defendiam a divisão e especialização do trabalho do operário e a padronização das atividades e tarefas por ele desenvolvida (Chiavenato, 2000). Taylor, visando o aumento da produção, fez a seguinte relação: < tempo e movimento = > produtividade > venda. 3.1. CARACTERÍSTICAS Taylor buscou substituir métodos empíri‐ cos e rudimentares pelos métodos científicos de‐ nominando de Organização Racional do Trabalho (ORT) como descrito por Chiavenato (2000), em: a) ANÁLISE DO TRABALHO E ESTUDO DOS TEMPOS E MOVIMENTOS Taylor e seus seguidores visando raciona‐ lizar o trabalho dos operários, realizaram estudos sobre "tempo e movimento". Verificou‐se que, o trabalho pode ser executado melhor e mais eco‐ nômico por meio da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos ne‐ cessários à execução de cada operação de uma tarefa. Além de permitir a racionalização dos mé‐ todos de trabalho do operário e a fixação dos tem‐ pos padrões para as execuções das operações trouxe ainda outras vantagens, como: • eliminar os movimentos inúteis e substituí‐ los por outros mais eficazes; • tornar racional a seleção e treinamento de pessoal; • melhorar a eficiência do operário e, conse‐ quentemente, o rendimento da produção; • distribuir uniformemente o trabalho; • ter uma base uniforme para salários eqüitati‐ vos e para prêmios por aumento de produ‐ ção. b) FADIGA HUMANA O estudo dos movimentos baseia‐se na anatomia e fisiologia humanas. Gilbreth apud Chi‐ avenato (2000), efetuou estudos, sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário e verificou que a fadiga predispõe o trabalhador para a dimi‐ nuição da produtividade e da qualidade do traba‐ lho; perda de tempo; aumento da rotatividade de pessoal; doenças e acidentes; e diminuição da capacidade de esforço. Neste sentido, a fadiga foi considerada um redutor da eficiência. 3. TEORIA CIENTÍFICA Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce 20 As Teorias Administrativas e a Enfermagem c) INCENTIVOS SALARIAIS E PRÊMIOS DE PRODUÇÃO Outra idéia importante valorizada pela administração cientifica foi o incentivo salarial e de prêmio compatível com à produção. A idéia básica era de que a remuneração baseada no tem‐ po não estimulava ninguém a trabalhar mais e deveria ser substituída por remuneração baseada na produção de cada operário, desta forma surgiu o sistema de pagamento por peça. Entretanto, fazia‐se necessário um estimulo salarial que fizes‐ se com que os operários trabalhassem de acordo com o tempo padrão, ou, se possível o ultrapas‐ sassem. d) HOMO ECONOMICUS Os seguidores da administração cientifica foram denominados de engenheiros da adminis‐ tração, e de suas propostas surgiu o conceito de "homem econômico", segundo o qual, toda a pes‐ soa é motivada por recompensas salariais, econô‐ micas e materiais, ou seja o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como meio de ganhar a vida, logo, quanto maior a produção maior a remuneração. e) CONDIÇÕES DE TRABALHO Taylor e seus seguidores identificaram que a eficiência depende não somente do método de trabalho e do incentivo salarial, mas também de um conjunto de condições de trabalho que garantam o bem‐estar físico do trabalhador e di‐ minuam a fadiga. Para isso procuraram adequar instrumentos, ferramentas, equipamentos de tra‐ balho e de produção, melhoria do ambiente físico do local de trabalho (ruído, ventilação, ilumina‐ ção), dentre outras. f) PADRONIZAÇÃO Padrão é uma unidade de medida adota‐ da e aceita comumente como critério. A finalidade da padronização é obter a uniformidade e reduzir os custos. Coma administração cientifica, esta passa a ser uma preocupação constante na obten‐ ção da eficiência. Uma vez que poderá conduzir à simplificação à medida em que uniformidade re‐ duz a variabilidade a as exceções que complicam as situações do processo de trabalho. g) SUPERVISAO FUNCIONAL A supervisão funcional foi outra caracte‐ rística da administração científica. Com a especiali‐ zação do operário, ocorreu também a especializa‐ ção do supervisor caracterizando a chamada auto‐ ridade funcional. A administração funcional permi‐ te a máxima utilização do principio da divisão do trabalho, reduzindo ao mínimo as funções que cada homem deve executar, para produzir alta eficiência funcional em cada homem e no conjun‐ to destes. 3.2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Chiavenato (2000), relata, que para Ta‐ ylor, a gerência deve seguir quatro princípios bási‐ cos, a saber: Principio de planejamento: Administra‐ dores devem desenvolver um método cientifico para cada elemento do trabalho de um homem afim de substituir as velhas regras, ou seja, plane‐ jar o trabalho do operário. Principio de preparo: Administradores devem selecionar cientificamente, treinando pos‐ teriormente os trabalhadores, ou seja, formar mão‐de‐obra; Principio do controle: Administradores devem cooperar com os trabalhadores para garan‐ tir que as tarefas fossem executadas de acordo com os métodos científicos desenvolvidos, ou se‐ ja, controlar o trabalho; Principio da execução: administradores devem distribuir distintamente atribuições e res‐ ponsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada. Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce As Teorias Administrativas e a Enfermagem 21 3.3. TEORIA CIENTÍFICA E A ENFERMAGEM A saúde no Brasil, na época do surgimen‐ to desta teoria (até o final do século XIX), era pra‐ ticada por religiosos oupor leigos, movidos por um ideal religioso. Nessa visão a enfermagem bra‐ sileira nasceu, a qual além de servir as pessoas necessitados, servia também à política colonizado‐ ra e era um paliativo para dissolver possíveis ten‐ sões e legítima desigualdade (Passos, 1996). Nesse sentido a assistência de enferma‐ gem, até o final do século XIX, continuava sendo desenvolvida empiricamente por irmãs de carida‐ de, nas Casas de Misericórdia e pelas mães, nos lares que, de acordo com Passos (1996), tinha o corpo dos indivíduos como objeto visando atingir o espírito. O cuidado prestado ao paciente era dado pelo próprio enfermeiro, tendo uma relação direta com o enfermo e consequentemente com o ser humano. Segundo Resende (1986), a prática de enfermagem nesse período, não tinha o conheci‐ mento teórico que fundamentasse suas ativida‐ des, que eram puramente manuais e sem autono‐ mia. Assim a enfermagem, apresentava‐se em bases anti‐científicas como atividade e não como profissão. Hoje, como afirma Kurcgant (1991), na prática da administração do pessoal da enferma‐ gem, encontra‐se freqüentemente propostas se‐ melhantes a esse período da administração. As‐ sim, para a mesma autora, o como fazer tem sido uma preocupação constante da enfermagem en‐ quanto prática profissional, por desenvolver uma assistência fragmentada em atividades, em que cada elemento executor é determinado uma tare‐ fa. Como: • divisão do trabalho aliada padronizações das tarefas; • elaboração de manuais de técnicas e proce‐ dimentos. O excesso de rotinas pode bloque‐ ar a enfermeira em seu desenvolvimento profissional; • escalas diárias por distribuição de atividades, que estabelecem um método de trabalho funcionalista que é típica da fase funcionalis‐ ta da Administração Científica. Dessa forma o elemento executor se dis‐ tancia do todo, para se fixar na parte que é a tare‐ fa. Deixando de planejar a assistência de enferma‐ gem integral para a execução e avaliação das ativi‐ dades da enfermagem a todos os clientes, inde‐ pendente da sua gravidade, tendo uma sistemáti‐ ca organização ineficaz (Kurcgant, 1991). Como ponto positivo, observamos, que a enfermagem resgatou a idéia de sistema de ges‐ tão de qualidade da assistência, em vários de seus serviços, como também, a sua assistência de tem sido desenvolvida como ciência, saindo do empi‐ rismo. Muitos Serviços de Enfermagem tem utili‐ zado a educação continuada do funcionário, no seu local de trabalho, a fim de proporcioná‐los a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitu‐ des, interpretando e utilizando a realidade que o cerca, de forma cooperativa e não individualista. 3.4. CRÍTICA À TEORIA CIENTÍFICA O termo Administração Científica poderia ser substituído por estudo científico do trabalho. Nesse sentido, podemos destacar Taylor, como precursor da organização do trabalho. A adminis‐ tração científica proporcionou uma notável redu‐ ção no custo dos bens manufaturados. Por exem‐ plo, coisas que fora um luxo acessível apenas aos ricos como automóveis ou aparelhos domésticos, logo tornou‐se disponíveis para todas as pessoas. Além de promover um aumento substancial dos salários, ao mesmo tempo em que reduzia o custo total dos produtos e o operário não especializado que trabalhava com baixo salário foi substituído por operadores de máquina. A obra de Taylor e seus seguidores é sus‐ ceptível a críticas, o que não diminuem o Mérito destes precursores da Teoria da Administração. Considerando que, na época, a falta de conheci‐ mento sobre assuntos administrativos e a precária experiência industrial e empresarial, não apresen‐ tavam condições propícias de formulação de hipó‐ teses e elaboração de conceitos. Segundo Chiavenato (2000), a Adminis‐ Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce 22 As Teorias Administrativas e a Enfermagem tração Cientifica restringiu‐se às tarefas e fatores diretamente relacionados com o cargo e função do operário. E concebeu‐se a organização como uma “máquina.” Verificou‐se também que os princípios que Taylor, adotou para conciliar os interesses entre patrões e empregados, acreditando que o empregado age motivado pelo interesse do ganho financeiro, produzindo o máximo possível, sem levar em consideração outros fatores motivacio‐ nais foi um fator mecanicista dessa teoria, reve‐ lando assim, a desumanização do trabalho. No tocante a busca da eficiência, a teoria de Taylor preconizava a especialização do operário por meio da divisão e subdivisão de tarefas, pri‐ vam os operários da satisfação no trabalho. O taylorismo demonstrou que a maneira espontânea com que os trabalhadores executa‐ vam suas tarefas era a mais fatigante, a menos econômica e a menos segura. Em lugar dos erros do passado, o taylorismo propõe uma nova or‐ dem, ou seja, diminuiu o número de atribuições de cada indivíduo e especializar as atribuições de cada chefe e é um dos aspectos positivos. A administração científica é criticada tam‐ bém por omitir a organização informal e os aspec‐ tos humanos da organização e pela sua aborda‐ gem prescritiva e normativa comum no sistema fechado. Entretanto, essas limitações não ofuscam o fato de que a administração científica foi o pri‐ meiro passo na busca de uma teoria administrati‐ va. Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce As Teorias Administrativas e a Enfermagem 23 4. TEORIA CLÁSSICA Surgiu na França , em 1916 a Teoria Clás‐ sica da Administração, tendo como precursor o engenheiro Henri Fayol. Essa teoria se caracteriza‐ va pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente, envolvendo todas as partes, fossem elas órgãos ou pessoas (Chiavenato, 2000). De acordo com o referido autor, a Teoria Clássica foi influenciada pelas estruturas organiza‐ cionais militares e eclesiásticas, concebeu a orga‐ nização como uma estrutura rigidamente hierar‐ quizada, estática e limitada. Para Fayol a empresa pode ser dividida em seis grupos: funções técnicas, comerciais, fi‐ nanceiras, de segurança, contábeis e administrati‐ vas. Essa visão a respeito das funções básicas da empresa já está ultrapassada. Hoje, as funções recebem o nome de área de administração (Chiavenato, 2000). Chiavenato (2000) salienta que Fayol defi‐ ne o ato de administrar como sendo: • prever: visualizar o futuro e traçar o progra‐ ma de ação; • organizar: constituir o duplo organismo ma‐ terial e social da empresa; • comandar: comandar, dirigir e orientar o pessoal; • coordenar: ligar, unir harmonizar todos os atos e todos esforços coletivos; • controlar: verificar que tudo ocorra de acor‐ do com as regras estabelecidas e as ordens dadas. 4.1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO Segundo Chiavenato (2000), para Fayol nada existe de rígido ou de absoluto em matéria administrativa. Portanto tais princípios são maleá‐ veis e adaptam‐se a quaisquer circunstâncias, tempo ou lugar. Surgindo, assim, os princípios gerais de administração: • divisão do trabalho: consiste na especializa‐ ção das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência: aplicação, energia, comporta‐ mento, e respeito aos acordos estabelecidos; • disciplina: depende da obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acor‐ dos estabelecidos; • unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o principio da autoridade única; •unidade de direção: uma cabeça e um plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo; • subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais: os interesses gerais deve sobrepor‐se aos interesses particulares; • remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribui‐ ção; • centralização: refere‐se a concentração da autoridade do topo da hierarquia da organi‐ zação; Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce 24 As Teorias Administrativas e a Enfermagem • cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo. É o principio do comando; • ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana; • equidade: amabilidade e justiça para alcan‐ çar lealdade do pessoal; • estabilidade do pessoal: a rotatividade tem um impacto negativo sobre a eficiência da organização. • Quanto mais tempo a pessoa permanecer no cargo tanto melhor; • iniciativa: a capacidade de visualizar um pla‐ no e assegurar o seu sucesso; • espírito de equipe: harmonia e união entre as pessoas são grandes formas para a organi‐ zação. • Assim, a Teoria Clássica caracterizou‐se prin‐ cipalmente pelo seu enfoque prescritivo e normativo. 4.2. PRINCIPAIS CRÍTICAS Maximiano (1997) afirma que a aborda‐ gem é bastante simplificada, quase em termos de "manual do administrador" ‐ No ponto de vista de organização bastante simplificada, sem considerar as influências dos grupos sociais que a compõem. Não considera o homem como influenciado pelo processo ‐ menosprezo dos aspectos psico‐ organizacionais que permeiam qualquer inter‐ relação entre pessoas ou pessoas e coisas, impe‐ dindo‐o de ver aspectos de conflitos grupais, surgi‐ mento de grupos informais, a não aceitação da anulação de objetivos pessoais organizacionais, a disputa natural do poder; Visão de empresa en‐ quanto máquina ‐ radicalismo na concepção de empresa com uma abordagem mecanicista e de‐ terminística da organização; Falta de estudos mais práticos sobre a confiabilidade das idéias. Henri Fayol é considerado um dos funda‐ dores da moderna administração, ele definiu as funções básicas da empresa, o conceito de admi‐ nistração, bem como os princípios gerais de admi‐ nistração. A teoria clássica formula uma teoria da organização que define a administração como uma ciência, essa teoria restringe‐se apenas à or‐ ganização formal e a sua abordagem normativa e prescritiva se fundamenta em princípios gerais de administração. Entretanto, várias críticas são atribuídas à teoria clássica: a abordagem simplificada da orga‐ nização formal, eliminando a organização infor‐ mal; a ausência de trabalhos experimentais para dar base científica às suas afirmações e princípios, assim como abordagem incompleta da organiza‐ ção, como um sistema fechado. Todavia, conside‐ ramos aquela de fundamental importância para as bases da moderna teoria administrativa. 4.3. TEORIA CLÁSSICA E A ENFERMAGEM A história da profissionalização da enfer‐ magem brasileira, coincide com a história desta teoria, pode‐se dizer que começou como a criação da escola de enfermagem da Cruz Vermelha Brasi‐ leira em 1916, fruto de um movimento internacio‐ nal para melhorar as condições de assistência aos feridos da Primeira Guerra Mundial e o início de um curso intensivo para enfermeiras visitadoras junto ao Departamento Nacional de Saúde Pública (Silva,1989). Entretanto, as escolas seguiram com uma tendência rígida, com ênfase na atividade prática e desarticulada da teoria, dando ênfase, também, à enfermagem hospitalar, quando o país necessi‐ tava de enfermeiras para a saúde pública (Passos, 1986). As constantes transformações sócio‐ econômicas e tecnológicas que ocorrem no mun‐ do, de forma dinâmica e rápida, e consequente‐ mente no Brasil, a enfermagem também se trans‐ forma. Porém (Silva, 1989) diz que o desenvolvi‐ mento da enfermagem, não significa uma ruptura total com o seu passado, com a sua história, mas que as idéias, os modos de atuar que constituem o conhecimento, o saber em que se baseia sua pres‐ tação de serviços à sociedade vai se transforman‐ do e evoluindo com o processo histórico. Por muitos anos, a enfermagem teve uma orientação dirigida para enfrentar situações imedi‐ atas de modo espontâneo, intuitivo e tradicional. Sob a influência de vários fatores, o agir da enfer‐ meira foi se constituindo de procedimentos des‐ critos como a arte de enfermagem, a qual, nas primeiras décadas do século XX, se organiza de Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce As Teorias Administrativas e a Enfermagem 25 modo sistematizado em técnicas de enfermagem (Souza, 1988). Atualmente, nas instituições de saúde, segundo Kurcgant (1991), a estruturação rígida hierarquizada estabelece sua subordinação inte‐ gral de um indivíduo a outro e de um serviço a outro. A enfermagem como um desses serviços, reproduz na sua estruturação o modelo maior, dando ênfase nas estruturas idealizadas e no pro‐ duto. Dessa forma, para a mesma autora, os modelos gerenciais de enfermagem são determi‐ nados pela estrutura formal, o processo de traba‐ lho do gerente é centrado na produção com ênfa‐ se nos instrumentos e ferramentas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é fragmentado e cada uma das partes é detalhadamente prevista e nor‐ matizadas (manuais de normas e rotinas) com ênfase nos sistemas de controle. Assim os organogramas encontrados na maioria das vezes nos serviços de enfermagem mostram linhas de subordinação integral, defini‐ das e compatíveis com poder atribuído, pela orga‐ nização, às pessoas que integram esse serviço. As relações interpessoais não são devidamente consi‐ deradas, o trabalho resulta em atividades rotinei‐ ras com predominância de avaliação quantitativa. Comprometendo dessa forma o desenvolvimento do pessoal de enfermagem e a qualidade do servi‐ ço (Kurcgant, 1991). Um dos aspectos positivos da influência dessa teoria na enfermagem, é a evolução e ado‐ ção de funções administrativas para desenvolvi‐ mento gerencial do seu serviço desde a década em que foi criado o ensino de terceiro grau de enfermagem que serve de base gerenciais até o dia de hoje. Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce Binha Realce 26 As Teorias Administrativas e a Enfermagem As Teorias Administrativas e a Enfermagem 27 5. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS D e acordo com Chiavenato (2000), a Teoria das Relações Humanas é também denominada Escola Humanista da Admi‐ nistração, surgiu nos Estados Unidos. Foi desen‐ volvida por cientistas sociais, tendo como funda‐ dor George Elton Mayo e colaboradores como John Dewey e Kurt Lewin (1880‐1949). 5.1. ORIGEM A Teoria das Relações Humanas surgiu da necessidade de se humanizar e democratizar a administração,libertando‐a dos conceitos rígidos e mecanicista da teoria clássica do desenvolvimen‐ to das chamadas ciências humanas, principalmen‐ te psicologia a sociologia e a conclusão da experi‐ ência em uma Fábrica Hawthorne em Chicago, da Electric Company, que estudou o efeito de várias variáveis, como: iluminação, calor, fadiga, dentre outros sobre a produtividade (Chiavenato, 2000). 5.2. CONCLUSÕES DA EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE Para Chiavenato (2000), a Experiência de Hawthorne proporcionou o delineamento dos princípios básicos da Escola das Relações Huma‐ nas. Tendo como conclusões: a) Nível de Produção é Resultante da Integração Social De acordo com o resultado do estudo verificou‐se que o nível de produção não é deter‐ minado pela capacidade física ou fisiológica do empregado (como afirmava a Teoria Clássica), mas por normas sociais e expectativas que o envolvem. É a capacidade social do trabalhador que estabele‐ ce o seu nível de competência e de eficiência e não a sua capacidade de executar corretamente os movimentos eficientes dentro de um tempo, previamente estabelecido. Quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, mais será a disposição de produzir. b) Comportamento Social dos Emprega‐ dos 0 comportamento do indivíduo se apóia totalmente no grupo. c) As Recompensas e Sanções Sociais Para a Teoria das Relações Humanas, as pessoas são motivadas principalmente pela neces‐ sidade de "reconhecimento" de "aprovação social” e de "participação nas atividades dos grupos soci‐ ais onde convivem”. Dai o conceito de homem social. As recompensas e sanções não‐ econômicas influenciam significativamente no comportamento dos trabalhadores e limitam, em grande parte, o resultado dos planos de incentivo econômico. Essas recompensas sociais e morais e não‐materiais, influenciam na motivação e na feli‐ cidade do trabalhador. d) Grupos Informais Com a Teoria das Relações Humanas deli‐ neou‐se o conceito de organizarão informal ‐ a organização não só composta de pessoas, mas é o próprio conjunto das pessoas que se relacionam 28 As Teorias Administrativas e a Enfermagem espontaneamente entre si. Desta forma a empre‐ sa passou a ser visualizada como uma organização social composta de diversos grupos sociais infor‐ mais, cuja estrutura nem sempre coincide coma organização formal da empresa, ou seja com os propósitos e estrutura definidos pela empresa. Esses grupos informais surgem pelas seguintes razões: convivência e proximidade física das pessoas; necessidade de relacionamento social as pessoas tem interesses comuns, compartilham os mesmos valores ou tem alguma característi‐ ca que as identifica com outros e) Relações Humanas Relações Humanas são as ações e atitu‐ des desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos. O comportamento do indivíduo é influen‐ ciado pelo meio ambiente e pelas varias atitudes e normas informais existentes nos vários grupos. E é nas empresas que surgem oportunidades de rela‐ ções humanas em face do grande número de gru‐ pos e as interações necessariamente resultantes. f) A Importância do Conteúdo do Cargo O conceito e a natureza do trabalho têm enorme influência sobre o moral do trabalhador. Trabalhos simples e repetitivos tendem a se torna‐ rem monótonos e maçantes afetando negativa‐ mente as atitudes do trabalhador e reduzindo a sua eficiência e satisfação. g) Ênfase nos Aspectos Emocionais A ênfase é dada nos elementos emocio‐ nais de comportamento humano. 5.3. A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL E O HOMEM A Teoria das Relações Humanas, para Chiavenato (2000), mostra o esmagamento do homem pelo impetuoso desenvolvimento da civili‐ zação industrializada. Onde Mayo defende os se‐ guintes pontos de vista: • Trabalho é uma atividade tipicamente gru‐ pal. De acordo com a pesquisa o nível de produção é mais influenciado pelas normas do grupo do que pelos incentivos salariais e materiais de produção. Para Mayo, a ativida‐ de do empregado diante do seu trabalho e a natureza do grupo do qual ele participa são fatores decisivos da produtividade. • Operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social. As mudanças tecnológicas tendem a romper os lagos informais de camaradagem e amizade dentro do trabalho e priva o operário do espírito gregário, enquanto é o responsável pela sua produção. • A tarefa básica da administração é formar uma elite capaz de compor e de comunicar, dotado de chefes democráticos persuasivos e simpáticos a todo o pessoal. • A pessoa humana é motivada essencialmen‐ te pela necessidade de "estar junto "de" ser reconhecida”; de receber adequada comuni‐ cação. • A civilização industrial traz como conse‐ qüência a desintegração dos grupos primá‐ rios da sociedade como a família, os grupos informais e a religião, enquanto que a fábrica surgirá como uma nova unidade social que proporcionará um novo lar, um local de com‐ preensão para os indivíduos. Mayo, ainda segundo o mesmo autor, critica a validade dos métodos democráticos para solucionar os problemas da sociedade industrial, uma vez que esta cria a cooperação forçada por meio da intervenção estatal. Já que todos os métodos convergem para a eficiência e não para a cooperação humana e muito menos para objetivos humanos, surge um conflito social nessa sociedade industrial (Chiavenato, 2000). 5.4. FUNÇÕES BÁSICAS DA ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL Chiavenato (2000) relata que, para Roet‐ hlisberg e Dickson, a organização tem duas fun‐ ções principais: Função econômica ‐ busca equilí‐ brio externo (produz bens ou serviços). função social ‐ busca o equilíbrio interno da organização As Teorias Administrativas e a Enfermagem 29 (distribui satisfação entre seus participantes). A organização industrial deve buscar constantemen‐ te essas duas formas de equilíbrio. Para esses autores, a organização indus‐ trial é composta de uma organização técnica e de uma organização humana. A organização humana da fábrica tem por base os indivíduos, essa organi‐ zação é mais do que a soma dos indivíduos devido a interação social, diária e constante. 5.5. PRINCIPAIS CRÍTICAS De acordo com Maximiano (1997), as principais críticas à Teoria das Relações Humanas, são: • Abordagem demagógica ‐ burguesia via essa abordagem demagógica por envolver sindi‐ catos e suas reivindicações no estudo do problema do homem no trabalho. • Não reconhecimento das condições políti‐ cas, econômicas e sociais do meio ‐ Mayo preferiu uma sociedade não estabelecida dentro desses valores, mas de só1idas liga‐ ções sociais. • Desconsideração da divisão de classe ‐ den‐ tro de uma sociedade capitalista, o que não é aceito pela burguesia dominante. • Não reconhecimento da organização formal ‐ a força dos grupos informais não é tão grande como define essa teoria • Crença de que o clima organizacional é sufi‐ ciente para o aumento da produtividade ‐ A desconsideração pelos ganhos financeiros. Recentemente a Teoria das Relações Hu‐ manas vem sendo encarada como uma compensa‐ ção ou complemento do que uma contradição da administração científica, ambas possui idéias ú‐ teis, mas que se aplicam em situações diferentes. A Teoria Clássica se restringiu apenas à organiza‐ ção formal, a Teoria das Relações também se mos‐ tra parcialista, restringindo‐se apenas à organiza‐ ção informal, sofrendo escassez de variáveis. Ou‐ tro aspecto visualizado na Teoria dasRelações Humanas foi imaginar que um trabalhador feliz era produtivo e integrado no ambiente de traba‐ lho. Contudo, essa imagem nem sempre foi confir‐ mada por pesquisas, que identificaram trabalha‐ dores felizes e improdutivos, bem como infelizes e produtivos, descaracterizando a correlação entre satisfação e produtividade. 5.6. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS E A ENFERMAGEM Na administração do pessoal de enferma‐ gem, segundo (Kurcgant, 1991), a liderança surge como estratégia de condução de grupo. A comuni‐ cação entre os enfermeiros e os demais membros da equipe de enfermagem ou de outros grupos multi‐profissional foi sendo considerada fator rele‐ vante para a continuidade e otimização da assis‐ tência de enfermagem. Quanto a motivação do pessoal, a enfermeira tem se preocupado em pro‐ porcionar condições que incentivem e estimulem o pessoal que são interesses trabalhados de for‐ ma isolados. De acordo com a autora acima citada, a maioria das instituições não há filosofias e políti‐ cas que valoriza esse tópico na administração do pessoal de enfermagem. 5.7. A SAÚDE NO BRASIL No final do século XIX, as políticas de saú‐ de pública do Brasil eram voltadas para higiene à saúde com construção de fossas, limpeza ao redor dos muros das vias, construção de fontes públicas e canalização de água. Porém um outro aspecto importante des‐ sa época era as políticas sanitárias dos portos (Souto‐de‐Moura, 1997). 0 Brasil estava sendo assolado por epide‐ mias causadas por doenças infecto‐contagiosas. Como a malária, varíola, febre amarela, peste bu‐ bônica, cólera, tuberculose, hanseníase, parasito‐ ses, dentre outras. Porém no inicio do século XX, o que se exigia do sistema de saúde era uma política de saneamento dos espaços de circulação das merca‐ dorias e a erradicação ou controle de doenças que poderiam prejudicar a exportação, pois o modelo agro exportador dominava a economia brasileira, baseado na exportação da cana‐de‐açúcar e o ca‐ fé. 30 As Teorias Administrativas e a Enfermagem Do final do século XIX até metade dos anos 60 deste século, praticou‐se como modelo hegemônico de saúde o sanitarismo campanhista, de inspiração militar, que visava o combate das doenças através de estruturas verticalizadas e estilo repressivo de intervenção e execução de suas atividades sobre a comunidade e as cidades, com uma estrutura administrativa de saúde cen‐ tralizadora, tecnoburocrática, corporativista carac‐ terizando desta forma teoria clássica pela estrutu‐ ra rígida e hierarquizada, que estabelece uma su‐ bordinação integral de um indivíduo a outro e de um serviço a outro. A partir da década de 40 até a década de 60, iniciou uma ideologia de que o desenvolvimen‐ tista brasileiro se fazia com a industrialização. Essa industrialização, era presidida por uma lógica me‐ canicista que enxerga o homem como máquina, instrumento de produção Nessa perspectiva mu‐ dou o conceito de saúde para uma concepção de políticas de saúde voltada pare o curativista. Enfatizando tanto a teoria clássica como a teoria científica no sistema de saúde brasileiro, tendo uma visão do homem como sistema huma‐ no e como tal deve ser visto, sem considerá‐lo como ser humano tornando o homem um ser me‐ cânico tanto quanto máquina que ele opera (Kwasnicka, 1995). Dessa forma, despersonalizando‐o no trabalho, dando importância a alta especialização caracterizando, assim, a autoridade funcional da teoria científica. As Teorias Administrativas e a Enfermagem 31 6. TEORIA COMPORTAMENTAL OU BEHAVIORISTA A escola Behaviorista surgiu dos es‐forços iniciais de Gautt e Hugo Munsterberg em reconhecer e enfrentar os pro‐ blemas do indivíduo numa organização. A coope‐ ração é a doutrina central dessa escola. Estuda desde o comportamento individu‐ al de uma enfermeira até as complexidades de um hospital, considerando como uma subcultura an‐ tropológica. A abordagem é centrada nas ciências do comportamento e abandona as posições nor‐ mativas e prescritivas das teorias anteriores. A Teoria Comportamental se destaca com Hebert Alexandre Simon em 1947. 6.1. ORIGENS DA TEORIA COMPORTAMENTAL A teoria comportamental é um desdobra‐ mento da Teoria das Relações Humanas, na qual se mostra crítica e severa, utilizando‐o como pon‐ to de partida, reformulando‐o. Rejeita os princípios gerais da administra‐ ção ao conceito de autoridade formal e à posição rígida e mecanicista dos autores clássicos (Chiavenato, 2000). 6.2. A MOTIVAÇÃO HUMANA Para compreender o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental funda‐ menta‐se no comportamento individual das pesso‐ as, onde torna‐se necessário o estudo da motiva‐ ção humana, a qual é um dos temas fundamentais desta teoria. Os autores de Teorias behavioristas iden‐ tificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para compreender melhor o comportamento humano e utilizar a motivação humana como uma forma de melhorar a qualida‐ de de vida dentro das organizações. 6.3. HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW Maslow apud Chiavenato (2000), conside‐ rou as necessidades humanas básicas de forma hierárquica de importância e de influenciação, podendo ser visualizada como uma pirâmide. A partir das necessidades fisiológicas até as necessi‐ dades de auto‐realização: • Necessidades fisiológicas: estão relaciona‐ das com sobrevivência e a preservação da espécie, consideradas necessidades instinti‐ vas. São as necessidades de alimentação, sono, repouso, abrigo, desejo sexual dentre outras, quando alguma dessas necessidades não está satisfeita, ela pode dominar a dire‐ ção do comportamento humano. • Necessidades de segurança: constituem o segundo nível das necessidades humanas. 32 As Teorias Administrativas e a Enfermagem Tem grande importância no comportamento humano, uma vez que todo empregado está em relação de dependência com a empresa, principalmente com relação à sua permanên‐ cia no emprego. Se as ações ou decisões re‐ fletem discriminação ou favoritismo, podem promover inseguranças. • Necessidades sociais: surgem no comporta‐ mento, quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e de segurança) encontram‐se satisfeitas, são as necessidades de associa‐ ção, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de amor e afeto. Estas quando não satisfeitas, o indivíduo torna‐se resistente, antagônico com relação às pesso‐ as que o cercam, assim leva à falta de adap‐ tação social e solidão. A necessidade de dar e receber afeto são forças motivadoras do comportamento humano. • Necessidades de estima: São as necessida‐ des relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolveu a auto‐ apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status e prestígio. A satisfação desta necessidade conduz a sentimentos de auto‐confiança. A sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade que, por sua vez, pode levar ao desânimo ou atividades compensatórias. • Necessidades de auto‐realização: São as necessidades humanas que estão no topo da pirâmide. São as necessidades da pessoa de realizar o seu próprio potencial e de autode‐ senvolver‐se continuamente. A teoria de hierarquização de necessidades de Maslow afirma que; quando uma necessidade de nível mais baixo é atendida, ela deixa de ser motivadora de comportamento, dando opor‐ tunidade para que o nívelmais elevado pos‐ sa desenvolver‐se. Como também, nem to‐ das as pessoas conseguem chegar ao topo da pirâmide de necessidades. Várias pesquisas não chegaram a confir‐ mar cientificamente a Teoria de Maslow e algu‐ mas delas até mesmo a invalidaram. Contudo, essa teoria forneceu subsídios para a fundamenta‐ ção da Teoria Comportamentalista. 6.4. TEORIA DOS DOIS FATORES DE HERZBERG Herzberg apud Chiavenato (2000) formu‐ lou a chamada teoria dos dois fatores para melhor explicar o comportamento das pessoas em situa‐ ções de trabalhos denominados de fatores: “higiênico” afluentes que a própria pessoa não pode controlar (salários, os benefícios sociais, con‐ dições físicas e ambientais de trabalho, as políticas de empresa e regulamentos internos). Quando os fatores higiênicos são precá‐ rios, eles provocam insatisfação dos empregados, eles apenas evitam a insatisfação, mas, não provo‐ cam a satisfação. Fatores motivacionais estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Assim, estão sob controle do indivíduo, envolvem os sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e as necessidades de auto‐realização. Quando os fatores motivacionais são bons, eles provocam a satisfação nos empregados, porém, quando são precários eles evitam a satisfação. 6.5. ESTILOS DE ADMINISTRAÇÃO a) TEORIA X E TEORIA Y A administração das organizações em termos gerais podem estar fortemente condiciona‐ da pelos estilos com que os administradores diri‐ gem, o comportamento das pessoas. Mc Gregor apud Chiavenato (2000), um dos mais famosos autores behavioristas da Admi‐ nistração, preocupou‐se em comparar estilos o‐ postos de administrar, baseados nas teorias: tradi‐ cional, mecanicista, a que denominou Teoria X e outro, baseado nas concepções modernas a res‐ peito do comportamento humano que denominou Teoria Y A teoria X concebeu o homem como um ser indolente, que evita ou trabalha o mínimo pos‐ sível, é irresponsável, prefere ser dirigido, resis‐ tente a mudanças e seus objetivos pessoais opõe‐ se em geral aos objetivos da organização. Essa teoria leva as pessoas a fazerem exatamente aqui‐ lo que a organização pretende. As Teorias Administrativas e a Enfermagem 33 A teoria Y baseia‐se em concepções e premissas atuais e seus preconceitos a respeito da natureza humana. Desenvolve um estilo de admi‐ nistração muito aberta e dinâmica, extremamente democrático, onde administrar é criar oportunida‐ des, remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e proporcionar orientações quanto aos objetivos. 6.6. SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO Likert (1980) considera a administração como um processo relativo, na qual não existem normas e princípios universais válidos para todas circunstâncias e ocasiões e que esta difere‐se de uma organização para outra, assim como, depen‐ de das condições internas e externas da organiza‐ ção. Ele propõe quatro sistemas de administração onde apresentam as seguintes características: • Sistema 1‐ Autoritário Coercitivo: é um sis‐ tema administrativo autocrático e forte, que controla tudo que ocorre dentro da organiza‐ ção, as decisões são tomadas pela cúpula empresarial, as comunicações são verticaliza‐ das, os relacionamentos informais são veda‐ dos, com ênfase nas punições para assegurar o cumprimento das obrigações. As recom‐ pensas são raras. • Sistema 2‐ Autoritário Benevolente: é um sistema autoritário, menos rígido que o cita‐ do anteriormente, onde permite delegação de pequenas decisões, as comunicações são verticais e descendentes, as pessoas se rela‐ cionam entre si, oferece algumas recompen‐ sas materiais e salariais, ainda há ênfase nas punições e nas medidas disciplinares. • Sistema 3‐ Consultivo: trata‐se de um siste‐ ma que tende mais para participativo, onde as decisões são delegadas aos diversos níveis hierárquicos. A empresa desenvolve sistema interno de comunicação para facilitar o seu fluxo, há ênfase nas recompensas materiais, como incentivos salariais, promoções e no‐ vas oportunidades. • Sistema 4‐ Participativo: é um sistema admi‐ nistrativo democrático por excelência, as decisões são totalmente delegadas aos níveis hierárquicos . Embora o nível institucional dita as políticas e diretrizes. As comunica‐ ções fluem em todos os sentidos e a empre‐ sa faz investimentos em sistema de informa‐ ção. O trabalho é realizado em equipe. A ênfase nas recompensas sociais, embora não sejam omitidas as recompensas materiais e salariais. 6.7. A TEORIA COMPORTAMENTAL E A ENFERMAGEM Identificamos contribuições importantes das teorias de Maslow para a teoria das necessida‐ des humanas básicas de Wanda A, Horta. Histori‐ camente, a teoria de W. Horta tem sido um instru‐ mento metodológico que vem orientando e guian‐ do as práticas da enfermagem . Nos dias atuais, percebemos um certo distanciamento na aplica‐ ção do processo de enfermagem e da teoria das Necessidades Humanas Básicas, principalmente em hospitais públicos e na rede básica de saúde onde os autores tem atuado como docente das universidades. No tocante da administração de pessoal, ainda encontramos a adoção de estilos de chefias compatíveis com a Teoria X e o Sistema Coercitivo, ou seja, centralização das decisões, relacionamentos informais e comunicações verti‐ calizadas , assim como a Teoria Y e o Sistema Par‐ ticipativo, onde as decisões são delegadas aos níveis Hierárquicos e o trabalho é realizado em equipe. Assim, se faz necessário os administrado‐ res conhecerem a fundo todas as trajetórias histó‐ ricas da evolução do pensamento administrativo. 6.8. CRÍTICA À TEORIA COMPORTAMENTALISTA A crítica está no questionamento sobre que todos indivíduos possuírem as mesmas neces‐ sidades, e estas serem passíveis de hierarquização. Os behavioristas preocupam‐se muito mais em explicar e descrever as características do compor‐ tamento organizacional do que em construir mo‐ delos, princípios e normas de atuação, ou seja, predomina a análise descritiva, embora nota‐se uma posição prescritiva na teoria Y e o sistema 34 As Teorias Administrativas e a Enfermagem quatro, quando descrevem o que é melhor para as organizações e para as pessoas. Ocorre uma reformulação na filosofia administrativa, o conceito de organização baseado no esquema autocrático, coercitivo e de diferenci‐ ação de poder é analisado e criticado. Os behavio‐ ristas indicam um conceito democrático e huma‐ no, onde privilegia as organizações mais democrá‐ ticas, menos estruturadas hierarquicamente e menos autocráticas, baseadas na equalização do poder. Sejam quais forem as críticas, a Teoria Comportamental deu novos rumos à Teoria Geral da Administração, enriquecendo o seu conteúdo com uma abordagem mais humanística e demo‐ crática. As Teorias Administrativas e a Enfermagem 35 7. TEORIA BUROCRÁTICA 7.1. BASES HISTÓRICAS Para Chiavenato (2000), a Teoria Burocrá‐ tica desenvolveu‐se dentro da Administração ao redor dos anos 40, principalmente em função dos seguintes aspectos: • A fragilidade e parcialidade tanto da T. Clás‐ sica como da T. das Relações Humanas, am‐ bas oponentes e contraditórias entre si, mas sem possibilitarem um a abordagem global, integrada e envolvente dos problemas orga‐ nizacionais. • A necessidade de um modelo de organiza‐ ção racional capazde caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o comporta‐ mento dos membros dela participantes, e aplicável não somente à fábrica, mas a todas as formas de organização humana e princi‐ palmente às empresas. • Crescente tamanho e complexidade das empresas passou a exigir modelos organiza‐ cionais bem mais definidos. Onde a industria em grande escala depende de sua organiza‐ ção, da administração e do grande número de pessoas com diferentes habilidades. • Ressurgimento da Sociologia da Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber, o seu criador. Segundo essa teoria, um homem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada exatamente, muito minuciosamente e, em hipótese algu‐ ma, permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho. A Sociologia da Buro‐ cracia propôs um modelo de organização e os administradores não tardaram em tentar aplicá‐lo na prática em suas empresas. A partir daí, surge a Teoria Burocrática na Ad‐ ministração. 7.2. CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA Segundo Weber apud Chiavenato (2000), a burocracia tem as seguintes características: 1. Caráter legal das normas e regulamen‐ tos. A burocracia é uma organização ligada por normas e regulamentos previamente estabeleci‐ dos por escrito. Em outros termos, é uma organi‐ zação baseada em uma espécie de legislação pró‐ pria que define antecipadamente como a organi‐ zação burocrática deverá funcionar. 2. Caráter formal das comunicações. As regras, decisões e ações administrativas são for‐ muladas e registradas por escrito. Todas as ações e procedimentos são feitos por escrito para pro‐ porcionar comprovação e documentação adequa‐ das. 3. Caráter racional e divisão do trabalho. Há uma divisão sistemática do trabalho, do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de cada participante, os meios de obrigatoriedade e as condições necessárias. 36 As Teorias Administrativas e a Enfermagem 4. Impessoalidade nas relações. Essa dis‐ tribuição de atividades é feita impessoalmente, ou seja, é feita em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas. A administração da buro‐ cracia é realizada sem considerar as pessoas como pessoas, mas como ocupantes de cargos e fun‐ ções. O poder, e/ou subordinação, de cada pessoa é impessoal e deriva do cargo que ocupa. A buro‐ cracia precisa garantir a sua continuidade ao longo do tempo: as pessoas vêm e vão, os cargos e fun‐ ções permanecem. 5. Hierarquia da autoridade. A burocracia é uma organização que estabelece cargos segundo o princípio da hierarquia. Cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior. Nenhum cargo fica sem controle e super‐ visão. 6. Rotinas e procedimentos padroniza‐ dos. A burocracia é uma organização que fixa as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo, cujas atividades dos seus ocupantes devem ser executadas de acordo com as rotinas e procedimentos fixados por elas. 7. Competência técnica e meritocracia. A burocracia é uma organização na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competên‐ cia técnica e não em preferências pessoais. A ad‐ missão, a transferência e a promoção dos funcio‐ nários são baseadas em critérios, de avaliação e de classificação e não em critérios particulares e arbitrários. Esses critérios universais são racionais e levam em conta a competência, o mérito e a capacidade do funcionário em relação ao cargo ou função considerado. 8. Especialização da administração. A burocracia é uma organização que se baseia na separação entre a propriedade e a administração. Os membros do corpo administrativo devem estar completamente separados da propriedade dos meios de produção. Em outros termos, os admi‐ nistradores da burocracia não são os seus donos ou proprietários. O dirigente não é necessaria‐ mente o dono do negócio ou um grande acionista da organização, mas um profissional especializado na sua administração. O funcionário não pode vender, comprar ou herdar sua posição ou seu cargo, e sua posição e seu cargo não pode ser a‐ propriados e integrados ao seu patrimônio priva‐ do. 9. Profissionalização dos participantes. A burocracia é uma organização que se caracteriza pela profissionalização dos seus participantes. Cada funcionário da burocracia é um profissional, pelas seguintes razões: • É um especialista • É assalariado • É ocupante de cargo • É nomeado por superior hierárquico • Seu mandato é por tempo indeterminado • Segue carreira dentro da organização • Não possui a propriedade dos meios de pro‐ dução • É fiel ao cargo e identifica‐se com os objeti‐ vos da empresa • administrador profissional tende a controlar cada vez mais completamente as burocraci‐ as. 10. Completa previsibilidade do funcio‐ namento. A conseqüência desejada da burocracia é a previsibilidade do comportamento dos seus membros. O modelo burocrático de Weber parte da pressuposição de que o comportamento dos membros da organização é perfeitamente previsí‐ vel: todos os funcionários deverão comportar‐se de acordo com as normas e regulamentos da orga‐ nização, a fim de que esta atinja a máxima eficiên‐ cia possível. Tudo na burocracia é estabelecido no sentido de prever antecipadamente todas as ocor‐ rências e rotinizar sua execução, para que a máxi‐ ma eficiência do sistema seja plenamente alcança‐ da. Como por exemplo o método de controle ado‐ tado atualmente por ISSO 9000 (Bases Internacio‐ nais de Organização) 7.3. VANTAGENS DA BUROCRACIA Para Weber apud Chiavenato (2000), a burocracia é uma organização cujas conseqüências desejadas se resumem na previsibilidade do seu funcionamento no sentido de obter a maior efici‐ As Teorias Administrativas e a Enfermagem 37 ência da organização. Ele ainda viu várias razões para explicar o avanço da burocracia sobre as ou‐ tras formas de associação, são elas: 01. Racionalidade, em relação ao alcance dos objetivos da organização. 02. Precisão, na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres. 03. Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e papéis tramitam através de canais prees‐ tabelecidos. 04. Univocidade de interpretação garan‐ tida pela regulamentação específica e escrita, por outro lado, a informação é descrita, pois é forneci‐ da apenas a quem deve recebê‐la. 05. Uniformidade de rotinas e procedi‐ mentos que favorece a padronização, redução de custos e de erros, pois os procedimentos são defi‐ nidos por escrito. 06. Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é afastado. 07. Redução e fricção entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que é exigi‐ do dele e quais são os limites entre suas responsa‐ bilidades e as dos outros. 08. Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circuns‐ tâncias. 09. Confiabilidade, pois o negócio é con‐ duzido de acordo com regras conhecidas. As deci‐ sões são previsíveis e o processo decisório, por ser despersonalizado, elimina a discriminação pessoal. 10. Benefícios para as pessoas na organi‐ zação, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especi‐ alistas em seus campos particulares, podendo fa‐ zer carreira na organização em função de seu mé‐ rito pessoal e competência técnica. 7.4. DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA Merton apud
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