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Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS EXPEDIENTE Todo o conteúdo do Curso CoPlanar - Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal - 2022, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial- Sem Derivações 4.0 Internacional. BY NC ND GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS E GESTÃO DE ATIVOS DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PLANEJAMENTO Gustavo Camilo Baptista Carlos Timo Brito CONTEUDISTAS Hugo Torres do Val Rolf Hartmann REVISÃO DE CONTEÚDO Fernanda Flávia Rios dos Santos Maria de Fátima de Moura Barros Jessica Santos Figueiredo Sueli Souza Silva APOIO Carlos Roberto da Silva Grazielle Teles de Araújo Kathyn Rebeca Rodrigues Lima Maria Aparecida Alves Dias Laudilina Quintanilha Mendes Pedretti de Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LABEAD COORDENAÇÃO GERAL Luciano Patrício Souza de Castro FINANCEIRO Fernando Machado Wolf SUPERVISÃO TÉCNICA EAD Giovana Schuelter SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Daniele Weidle SUPERVISÃO DE MOODLE Andreia Mara Fiala SECRETARIA ADMINISTRATIVA Elson Rodrigues Natário Junior Maria Eduarda dos Santos Teixeira DESIGN INSTRUCIONAL Supervisão: Milene Silva de Castro Gregório Bembua Kambundo Tchitutumia Gabriel de Melo Cardoso Sofia Santos Stahelin DESIGN GRÁFICO Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi Eduardo Celestino Juliana Jacinto Teixeira Luana Pillmann de Barros Mariane Ronsani Patricio Vanessa de Oliveira Vieira Vinicius Alves Jacob Simões REVISÃO TEXTUAL Cleusa Iracema Pereira Raimundo PROGRAMAÇÃO Supervisão: Alexandre Dal Fabbro Eduardo Perottoni Thiago Assi AUDIOVISUAL Supervisão: Rafael Poletto Dutra Daniel Almeida Vital de Oliveira Fabíola de Andrade Borges Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira Robner Domenici Esprocati SUPERVISÃO TUTORIA João Batista de Oliveira Júnior Thaynara Gilli Tonolli TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Wilton Jose Pimentel Filho SIGLAS BSC - Balanced Scorecard ENAP - Escola Nacional de Administração Pública FJP - Fundação João Pinheiro IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDH - Índice de Desenvolvimento Humano IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IECS - Instituto de Educação e Ciências em Saúde IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MDR - Ministério do Desenvolvimento Regional MS - Ministério da Saúde PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar PLANAD - Plano Nacional de Políticas sobre Drogas PNDR - Política Nacional de Desenvolvimento Regional PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos SINPDEC - Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil SUAS - Sistema Único de Assistência Social SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (FOFA - Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico SUMÁRIO UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO UNIDADE 2 | INDICADORES 1.1 Planejamento: o que é e por que devemos planejar 2.1 Conceito, atributos e componentes 1.2 Os 5 Ps e as formas de estratégia 1.3 Ciclo de políticas públicas e desenvolvimento de um plano 2.2 Taxonomia 2.3 Componentes do indicador dentro de um plano 2.4 Passo a passo para a seleção/construção de um indicador 9 9 22 22 APRESENTAÇÃO 7 14 18 26 35 40 UNIDADE 3 | FERRAMENTAS ÚTEIS PARA O PLANEJAMENTO 3.1 Análise SWOT (matriz FOFA) 3.2 Árvore de problemas 44 44 45 3.3 Modelo lógico 3.4 Balanced Scorecard 48 53 REFERÊNCIAS 59 Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 7 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas APRESENTAÇÃO Olá, cursista! Seja bem-vindo ao nosso quarto módulo de estudos. Projetamos este módulo para apresentar os conceitos fundamentais relacionados ao planejamento. Aqui, você aprenderá por que o plane- jamento é uma peça fundamental para a gestão de políticas públicas e para o alcance de resultados efetivos em benefício da sociedade. Aprenderá também sobre indicadores, quais são os seus componentes e atributos, bem como algumas das suas principais classificações. Ao final, você conhecerá algumas das principais ferramentas utili- zadas para auxiliar o processo de planejamento, como a análise SWOT, árvores de problemas, quadro lógico e o Balanced Scorecard. Pronto para conhecer o mundo do planejamento? Então vamos lá! OBJETIVOS DO MÓDULO z Descrever o conceito de planejamento, o porquê da sua utilização e o seu papel no ciclo de gestão de políticas públicas. z Identificar os conceitos fundamentais relacionados a indicadores. z Apontar os atributos essenciais e complementares, bem como os componentes e as diferentes taxonomias referentes aos indicadores. z Aplicar a análise SWOT como ferramenta de análise do ambiente interno e externo. z Identificar como utilizar as ferramentas da árvore de problemas e do quadro lógico para a compreensão de problemas sociais e para o desenho de programas governamentais para sua solução. z Utilizar a metodologia do Balanced Scorecard para elaboração e monitoramento de planos. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo de apresentação do Módulo 4 - Planejamento de Políticas Públicas e Programas. https://youtu.be/Q2pzlO2C75Y Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 8 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas HUGO TORRES DO VAL CONTEUDISTA DO MÓDULO Especialista em Planejamento e Orçamento pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e bacharel em Administração pela Universidade de Brasília (UnB). É servidor público federal da carreira de Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério da Economia, atualmente exercendo o cargo de Coordenador-Geral de Planejamento e Gestão Estratégica do Ministério do Desenvolvimento Regional. Atua desde 2013 com as temáticas de planejamento e estratégia gover- namental, com passagem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, bem como pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Neste último, trabalhou na Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD) e foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia da Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil e do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 9 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO Nesta primeira unidade, você aprenderá as noções introdutórias relacionadas ao tema planejamento. Você entenderá o que é e por que devemos planejar. Também conhecerá os 5 Ps da estratégia e as formas de estratégias existentes. Ao final desta unidade, você saberá a relação entre o ciclo de políticas públicas e o planejamento. De modo geral, em muitos momentos da nossa vida, em maior ou menor grau, vivenciamos a necessidade de nos planejarmos para alcançarmos um determinado objetivo. Em situações de baixa complexidade, quando há poucas restrições e riscos, tendemos a tomar as decisões de maneira quase que intuitiva, sem pensarmos muito antes sobre os impactos de nossas decisões.Porém, na medida em que vivemos situações mais complexas, nas quais nos deparamos com restrições de tempo e custo, por exemplo, e quando eventos indesejados (riscos) podem afetar o alcance do objetivo, um bom planejamento se mostra fundamental. Você já deve ter vivenciado isso ao se preparar para realização de uma viagem, para uma mudança de emprego ou para a aquisição de um imóvel próprio, por exemplo. Para realizar uma simples viagem para passar alguns dias na praia, você já deve ter avaliado e estabelecido previamente quanto tempo você permanecerá no local, quais recursos serão necessários, onde você se hospedará, qual o melhor período para ir (será que vai ter sol ou chuva?). Tudo isso faz parte da arte de planejar. Foto: © [kitzcorner] / Shutterstock. 1.1 PLANEJAMENTO: O QUE É E POR QUE DEVEMOS PLANEJAR Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 10 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A opção por não se planejar significa entregar os resultados para o acaso, podendo amargar tristes surpresas que poderão levar ao fra- casso do seu objetivo. Imagine se, nessa viagem à praia, você faz todos os preparativos, gasta seus recursos (financeiros, tempo de férias etc.), mas esquece que, no período em que você decidiu ir para aquela cidade, só chove? Certamente, isso geraria uma grande frustração. Foto: © [kitzcorner] / Shutterstock. Assim, o planejamento representa o processo de organizar, a partir de uma análise racional, toda a sua atuação para alcance de um fim desejado (um objetivo). Isso vale tanto para a nossa vida pessoal quanto para as empresas, órgãos governamentais e não governamentais. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 11 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Nas organizações, o planejamento costuma ser estruturado em três dimensões, conforme sua abrangência e seu impacto sobre a insti- tuição: estratégica, tática e operacional, apresentadas e conceituadas na imagem a seguir. DIMENSÃO ESTRATÉGICA Define objetivos para toda a organização e sua relação com o ambiente. É estabelecida pela alta gestão, podendo envolver processos participativos com os demais níveis. Possui como produto o plano estratégico. DIMENSÃO TÁTICA Envolve a elaboração de planos para áreas específicas da organização, a fim de possibilitar a realização dos planos estratégicos. É estabelecida pela média gerência da organização (gerentes das áreas específicas). Possui como produto o plano administrativo/funcional/tático. DIMENSÃO OPERACIONAL Constitui-se como processo de especificação das atividades e recursos que são necessários para realização dos objetivos da empresa. É estabelecida pela gerência de operações. Possui como produto o plano operacional. Fonte: Adaptado de Maximiano (2000). Henry Mintzberg (2004) apresenta uma definição processual de pla- nejamento estratégico como um procedimento formal para produzir um resultado articulado, na forma de um sistema integrado de deci- sões. Esse autor confere destaque à característica da formalização, que diferencia o planejamento do simples “pensamento estratégico”. Nesse sentido, a formalização significa três ações: decompor, articular e racionalizar os processos de tomada de decisão de forma integrada nas organizações. | DIMENSÕES DO PLANEJAMENTO Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 12 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Segundo Mintzberg (2004), de modo geral, a literatura relacionada a planejamento e estratégia afirma que as seguintes finalidades representam o porquê de uma organização realizar o planejamento: I. Assegurar que o futuro seja levado em consideração: permite a disciplina para realizar o pensamento de longo prazo na firma (HAX; MAJLUF, 1984 apud MINTZBERG, 2004), podendo ser considerado de três maneiras: a. Preparar-se para o inevitável. b. Antecipar o indesejável. c. Controlar o controlável (STARR, 1971 apud MINTZBERG, 2004). II. Adotar decisões racionais: o planejamento é concebido para ser a maneira de aplicar inteligência a problemas sociais (WILDAVSKY, 1973 apud MINTZBERG, 2004). Os gerentes não estão somente ocupados, mas sobrecarregados de informações, de modo que é necessário adotar uma sistemática que permita uma análise formal para a tomada de decisão (HILTCH, 1965 apud MINTZBERG, 2004). III. Coordenar: decisões tomadas em conjunto formalmente em um único processo favorecem a coordenação dos esforços da organização de maneira adequada. Além disso, pelo fato de o plano ser também um instrumento de comunicação, favorece a coordenação entre diferentes unidades no momento de sua execução. IV. Controlar: o planejamento funciona como mecanismo de verificação da efetiva execução dos compromissos estabelecidos para aqueles cujo trabalho é por ele coordenado. Apesar desses quatro argumentos estabelecidos acima pela literatura, de acordo com Mintzberg (2004), um quinto argumento, apresentado por Jelinek (1979), representa a defesa mais racional para a adoção do planejamento: a defesa de que ele permite a separação entre a operação de um negócio e o desenvolvimento de uma estratégia corporativa. Ou seja, a partir dele, abstrai-se a rotina, de modo que o processo de elaboração da estratégia e o acompanhamento de sua execução podem ser efetivamente programados e institucionalizados. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 13 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Peter Drucker (1975), um dos maiores expoentes desse assunto, afirma que o planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras das decisões presentes, e apresenta o seguinte conceito, mais abrangente, sobre planejamento estratégico: “ “É um processo contínuo de tomar decisões empresariais (envolvendo risco) no presente de modo sistemático e com o maior conhecimento possível de seu futuro; é organizar sistematicamente os esforços necessários para que se cumpram essas decisões; e é medir os resultados dessas decisões contra as expectativas através de uma retroalimentação sistemática e organizada.” (DRUCKER, 1975, p. 136) A definição apresentada por Drucker entrelaça a atividade de ela- boração do planejamento com as atividades de monitoramento e avaliação, aproximando-se conceitualmente da noção de gestão estratégica. Confira a figura a seguir. Monitoramento e avaliação (Elaboração ou revisão do plano) Tomada de decisãoOrganização e execução | PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM PROCESSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA Fonte: Adaptado de Drucker (1975). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 14 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Para finalizar, seguimos para o conceito de planejamento estratégico aplicado à atividade governamental, entendido como a “ “[...] capacidade que o Estado tem em construir, criativamente e interativamente com a sociedade, uma visão de futuro do país e de si mesmo, concatenando meios e fins suficientes e necessários para sua execução.” (TONI, 2021, p. 7) Assim, aplicando esse conceito à temática do nosso curso (políticas sobre drogas), podemos adotar a seguinte definição para os planos estaduais ou municipais sobre drogas: Os planos estaduais e municipais sobre drogas podem ser entendidos como o resultado de uma construção coletiva entre governo e sociedade, representando uma visão de futuro para a política sobre drogas, estabelecendo os meios (programas e iniciativas) e fins (objetivos estratégicos e metas) suficientes e necessários para sua execução. 1.2 OS 5 PS E AS FORMAS DE ESTRATÉGIA As estratégias organizacionais podem ser entendidas de dife- rentes maneiras.Nesse sentido, foram estabelecidos por Mintzberg (2004) os 5 Ps que definem a estratégia. O quadro a seguir sintetiza esses entendimentos. | OS 5 PS DA ESTRATÉGIA Estratégia como plano z Representa uma direção que orienta o caminho a ser trilhado para sair de uma posição atual para uma posição desejada no futuro. Classificada também como a estratégia pretendida da organização. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 15 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Estratégia como perspectiva z Estratégia como a maneira de a organização fazer as coisas, reflexo dos entendimentos dos grandes gestores estrategistas coletivos da organização e da grande visão da empresa. Estratégia como posição z Entende a estratégia como a definição de uma posição pelo estabelecimento de determinados produtos em determinados mercados. Na posição, a estratégia tem como foco a definição do ponto em que seu produto encontrará o cliente e a relação disso com o mercado externo. Estratégia como padrão z Representa a consistência da adoção de determinado tipo de comportamento ao longo do tempo. Representa a estratégia efetivamente realizada pela organização. Estratégia como estratagema (no inglês "ploy") z Estratégia vista como estratagema, manobra específica ou truque adotado pela empresa para vencer seu oponente ou competidor.Fonte: Adaptado de Mintzberg (2004). Outra noção importante referente às estratégias é que elas podem assumir diferentes formas. A inexistência de um plano formalizado não presume a inexistência de uma estratégia, mas sim a existência de uma estratégia tratada de maneira informal (MINTZBERG, 2004). Na verdade, podemos ver que, mesmo quando há um plano forma- lizado, podem surgir (e a experiência mostra que quase sempre sur- girão) novas estratégias no momento de sua execução, promovendo alterações (profundas em alguns casos) nas escolhas previamente feitas e nos caminhos que serão trilhados. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 16 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Foto: © [Andrii Yalanskyi] / Shutterstock. Nesse sentido, precisamos diferenciar o que é a estratégia preten- dida, a estratégia deliberada, a estratégia emergente e a estratégia realizada. A figura a seguir elucida bem o desenvolvimento de cada uma dessas estratégias. Estratégia realizada Estr atég ia em erge nte Estratégiapretendida Estratégiadeliberada Estratégia não realizada Formas de Estratégia. Fonte: Adaptado de Mintzberg (2004). A estratégia pretendida representa aquela definida previamente pela organização dentro de seu processo de planejamento e dire- cionamento. Durante a execução dos trabalhos, parte da estratégia pretendida acaba por não se concretizar (estratégia não realizada), ao mesmo tempo que novas estratégias, não expressas inicialmente, surgem (estratégias emergentes). A estratégia deliberada representa aquela intenção prevista no processo inicial de planejamento que se concretizou. Por fim, a partir da junção entre a estratégia deli- berada e a estratégia emergente, dá-se lugar à estratégia realizada (MINTZBERG, 2004). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 17 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Esse modelo é muito importante para deixar claro que a estratégia adotada por qualquer organização dentro de um plano inicialmente previsto certamente não será a mesma efetivamente verificada na prática. Os planos promovem uma simplificação da realidade para facilitação da tomada de decisão em níveis gerenciáveis. No momento de sua execução, problemas surgem, riscos e oportunidades aparecem e mudanças na estratégia adotada se mostram necessárias. Boas Práticas Assim, os planos devem ser instrumentos que permitam a boa orientação da estratégia da organização definida previamente pelos gestores, mas também devem ser flexíveis para se adaptarem às mudanças de estratégias que se tornarem necessárias ao longo do percurso. A incapacidade de adaptação dos planos às mudanças de estratégias adotadas e da realidade em muitas organizações faz com que eles se desloquem da realidade, gerando descrença no instrumento e difi- cultando a geração dos benefícios pretendidos pela sua gestão, como a integração e coordenação das ações. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre os tipos e adaptação de estratégias de planejamento. https://youtu.be/fBl2JovMU_E Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 18 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 1.3 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO O ciclo de políticas públicas representa, de forma simplificada, as principais fases que envolvem a ideação e a implementação das políticas públicas. Problemas Agenda FormulaçãoImplementação Avaliação | CICLO SIMPLIFICADO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Fonte: Adaptado de Secchi (2013 apud TONI, 2016). De acordo com o modelo, as políticas públicas surgem a partir de problemas sociais que, em determinado momento, são destacados da realidade e definidos como prioridade, entrando assim para a agenda governamental (TONI, 2016). Após a entrada na agenda, segue-se para a fase de formulação da política pública, o que pode acontecer do “zero” ou também pode decorrer do aproveitamento de projetos ou ideias de períodos anteriores, que estavam em estado de “dormência” e agora serão configurados para atendimento da nova diretriz (TONI, 2016). Em seguida, a política pública entra em execução e, por fim, será avaliado se ela foi capaz de reduzir os problemas sociais propostos inicialmente. Podcast transcrito Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 19 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Conforme explica Toni (2016), a separação do ciclo em etapas se dá muito mais por uma questão didática, uma vez que, na realidade, muitas vezes essas etapas se sobrepõem em diferentes momentos. Problemas Agenda FormulaçãoImplementação Avaliação Fonte: Adaptado de Toni (2016). O ciclo das políticas públicas se relaciona intimamente com o processo de planejamento, uma vez que ele viabiliza a otimização do desenho e da execução das políticas públicas. Isso pode ser visto no modelo de etapas adotado para a gestão do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. | ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS Diagnóstico setorial Elaboração e aprovação Avaliação e revisão Execução e monitoramento O diagnóstico setorial previsto no plano está intimamente ligado às análises para definição e estudo aprofundado dos problemas vinculados à questão das drogas no país. Assim, o diagnóstico setorial representa a análise de ambiente que motiva a execução de determinada política pública. Compreende o entendimento do problema a partir de uma avaliação do ambiente interno e externo ao governo, contemplando também a análise de cenários futuros, com a identificação das incertezas, oportunidades e possíveis ameaças. No âmbito do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD), o diagnóstico setorial foi materializado no estudo “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil”. Fonte: Adaptado de Brasil (2020). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 20 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A etapa de elaboração e aprovação prevista no PLANAD se comunica com as etapas de formação da agenda e de formulação da política pública. Nesse momento, a partir da análise do diagnóstico seto- rial, e considerando as prioridadesexistentes no contexto político, são estabelecidos os objetivos que serão perseguidos e as soluções (programas e iniciativas) que serão adotadas pelo governo. Foto: © [LookerStudio] / Shutterstock. Na fase de implementação da política pública, o processo de moni- toramento do plano estabelecido é fundamental para verificar se a execução está seguindo o caminho certo, gerando produtos (bens e serviços) na quantidade e qualidade necessária para o alcance das metas estabelecidas. Por fim, a fase de avaliação da política pública se comunica com a avaliação e revisão do plano. Esse é o momento de reflexão crítica acerca dos principais resultados da política pública. Um aspecto importante é a adoção da abordagem adequada acerca da avaliação de uma política pública, que deve ser entendida como um processo Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 21 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Boas Práticas Ou seja, a etapa de avaliação não consiste num juízo final acerca de determinada política pública ou programa. A avaliação deve, na verdade, buscar entender quais os aspectos que foram favoráveis ou desfavoráveis ao sucesso da estratégia adotada, de modo que permita a realização de ajustes com foco no atingimento do objetivo máximo definido, que é a solução do problema social que motivou a existência da política pública. de aprendizado e melhoria. Assim, as atividades de avaliação não devem ter como foco o julgamento de um programa implantado em uma classificação dual por extremos, como ótimo ou péssimo. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 22 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 2 INDICADORES O uso de indicadores é fundamental no processo de planejamento, uma vez que permitem que as diretrizes e os objetivos da estratégia se convertam em parâmetros mensuráveis e constituam metas cujo alcance poderá ser monitorado e avaliado pelos gestores. Nesta unidade, você aprenderá os principais conhecimentos relativos a indicadores necessários para a realização de um bom planejamento. 2.1 CONCEITO, ATRIBUTOS E COMPONENTES Os indicadores são instrumentos que contribuem para identificar e medir aspectos relacionados a um determinado fenômeno (BRASIL, 2012). Eles representam um retrato da realidade correspondente a determinado momento ou período. Exemplo disso pode ser visto na série “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013”, que compara o desenvolvimento das cidades brasileiras ao longo dos anos a partir do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), um indicador que considera as questões locais de educação, saúde e renda. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 23 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | IDHM DO BRASIL – 1991, 2000 E 2010 Fonte: Adaptado de PNUD, IPEA e FJP (2013). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 24 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Uma importante referência recente acerca do tema indicadores apli- cado ao setor público é o "Guia referencial para construção e análise de indicadores”, produzido por Bahia (2021), publicado pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). De acordo com esse guia, indicadores servem, principalmente para: z Mensurar os resultados e gerir o desempenho. z Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada de decisão. z Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais. z Facilitar o planejamento e o controle do desempenho. z Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do desempenho de diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes. No momento de escolha dos indicadores que serão utilizados no planejamento de uma organização ou de uma política pública, devem ser analisados os atributos desses indicadores, ou seja, as características deles que permitem verificar sua qualidade e ade- quação para uso. Segundo o livro “Indicadores: Orientações Básicas para a Gestão Pública” (BRASIL, 2012), os atributos dos indicadores podem ser separados em dois grupos principais: Atributos essenciais (ou necessários): são propriedades mínimas que todos os indicadores devem apresentar e devem apresentar e sempre serem consideradas no processo de definição dos indicadores que serão utilizados/elaborados. Atributos complementares (ou desejáveis): são propriedades também importantes por ampliarem a qualidade dos indicadores e melhorarem as suas possibilidades de utilização, mas que podem ser ponderadas, dependendo da avaliação particularizada da situação. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 25 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas As referências acerca do assunto não chegaram a um consenso sobre um rol taxativo que representaria os atributos essenciais e complementares, apesar de alguns deles serem coincidentes. Nesse sentido, apresenta-se a seguir uma proposta de redivisão desses atributos a partir da reflexão dos ensinamentos dos diversos autores e da vivência prática dos dilemas do dia a dia para escolha de indicadores. ATRIBUTOS ESSENCIAIS DOS INDICADORES Utilidade Devem suportar decisões, seja no nível operacional, tático ou estratégico. Os indicadores devem, portanto, basear-se nas necessidades dos decisores. Validade (ou representatividade) Capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a realidade que se deseja medir e modificar. Confiabilidade Indicadores devem ter origem em fontes confiáveis, que utilizem metodologias reconhecidas e transparentes de coleta, processamento e divulgação. Tempestividade A mensuração deve estar disponível para utilização assim que o gestor precisar e com nível de atualização adequado. Economicidade A relação entre os custos de obtenção e os benefícios advindos deve ser favorável. Fonte: Adaptado dos conceitos de Brasil (2012) e Bahia (2021). Em suma, o quadro acima deixa claro que, no mínimo, o indicador deve: ser relevante para a tomada de decisão; representar adequa- damente o fenômeno que deseja retratar; ter fontes confiáveis; estar disponível em tempo hábil para a tomada de decisão do gestor; e ter relação custo-benefício positiva. A ausência de qualquer um desses atributos inviabiliza sua utilização em um plano. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 26 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas ATRIBUTOS COMPLEMENTARES DOS INDICADORES Clareza ou simplicidade de comunicação Indicadores devem ser de fácil comunicação e entendimento pelo público em geral, interno ou externo. Muitos indicadores são definidos pela divisão entre duas variáveis básicas, ou seja, formados por um numerador e um denominador de fácil obtenção. Eventualmente o indicador pode ser complexo, envolvendo muitas variáveis. Isso não é um problema, desde que fique claro o que ele representa, atenda a necessidade do decisor e esteja adequadamente documentado. Desagregabilidade Capacidade de representação de forma regionalizada/territorializada ou em grupos sociais e econômicos. A desagregabilidade de um indicador pode permitir aprofundamento de análises de um fenômeno com base em local, idade, gênero, cor etc. Disponibilidade/facilidade de acesso Os dados básicos para seu cômputo devem ser de fácil obtenção. Estabilidade Capacidade de estabelecimento de séries históricas estáveis que permitam monitoramentos e comparações das variáveis de interesse, com mínima interferência causada por outras variáveis. Auditabilidade ou rastreabilidade Qualquer pessoa deve se sentir aptaa verificar a boa aplicação das regras de uso dos indicadores (obtenção, tratamento, formatação, difusão, interpretação). Sensibilidade Capacidade que um indicador possui de refletir rapidamente os efeitos decorrentes das intervenções realizadas. Fonte: Adaptado de Brasil (2012) e Bahia (2021). VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre atributos essenciais e complementares dos indicadores. 2.2 TAXONOMIA A taxonomia corresponde ao conjunto de classificações utilizadas para diferenciar os diversos tipos de indicadores. Assim, selecionamos as principais para apresentação a seguir. https://youtu.be/M38DfLCCklI Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 27 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A primeira forma de classificarmos indicadores que vamos tratar aqui é com relação à sua complexidade. Nesse sentido, podem ser indicadores analíticos ou indicadores sintéticos. Os indicadores analíticos (ou simples), representam o olhar focado em um único fenômeno, retratando uma dimensão social específica (BRASIL, 2010). Normalmente sua fórmula envolve contas simples, com apenas um numerador e um denominador ou mesmo com a simples contagem de ocorrências. Já os indicadores sintéticos são formados a partir da junção de diferentes indicadores analíticos e tendem a retratar o comportamento médio das dimensões consideradas (BRASIL, 2010). Sua fórmula costuma ser mais complexa, uma vez que envolve mais de um numerador ou denominador na equação, relativos aos indicadores analíticos que os compõem. Veja o exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o indicador sintético, comentado anteriormente, que é formado pela junção e pela ponderação de indicadores analíticos envolvendo educação, saúde e renda. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 28 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Vida longa e sustentável Expectativa de vida ao nascer Escolaridade da população adulta MÉDIA GEOMÉTRICA Raiz cúbica da multiplicação dos subíndices com pesos 1 e 2 IDHM Fluxo escolar da população jovem Renda per capita Acesso ao conhecimento Padrão de vida IDHM longevidade IDHM educação IDHM renda 3 ( ) MÉDIA GEOMÉTRICA Raiz cúbica da multiplicação dos 3 IDHMs 3 ( ) = | COMPOSIÇÃO DO IDHM Fonte: Adaptado de PNUD, IPEA e FJP (2013). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 29 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Há também a classificação dos indicadores conforme a sua aplicação nas diferentes fases do ciclo de gestão de uma política pública (se antes da execução, durante ou depois). Assim, na visão adaptada por Brasil (2012) a partir de Bonnefoy (2005) e Jannuzzi (2002), os indicadores podem ter as seguintes classificações. Fonte: Adaptado de Brasil (2012). ANTES Indicadores de insumo z Relação direta com os recursos a serem alocados, ou seja, com a disponibilidade dos recursos humanos, materiais, financeiros e outros a serem utilizados pelas ações do governo. z Ex.: médicos/mil habitantes, orçamento disponível para determinada ação. DURANTE Indicadores de processo z Traduzem o esforço empreendido na obtenção dos recursos, ou seja, medem o nível de utilização dos insumos alocados. z Ex.: percentual de empenho dos recursos orçamentários. DEPOIS Indicadores de produto Indicadores de impacto Indicadores de resultado z Expressam as entregas na forma de produtos ou serviços ao público-alvo. z Ex.: percentual de quilômetros de estrada entregues, de armazéns construídos e de crianças vacinadas em relação às metas estabelecidas. z Expressam, direta ou indiretamente, os benefícios para o público-alvo decorrentes das ações empreendidas no contexto de uma dada política e têm particular importância no contexto de gestão pública orientada a resultados. z Ex.: taxas de morbidade (doenças), taxa de reprovação escolar e de homicídios. z Natureza abrangente e multidimensional, têm relação com a sociedade e medem os efeitos das estratégias governamentais de médio e longo prazos. Na maioria dos casos, estão associados aos objetivos setoriais e de governo. z Ex.: Índice de Gini de distribuição de renda, PIB per capita, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). | FASES DO CICLO DE GESTÃO DA POLÍTICA PÚBLICA E SEUS INDICADORES Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 30 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Outra forma de classificação pode ser feita com base nos aspectos de desempenho que estão sendo medidos no âmbito de uma política pública, podendo ser de economicidade, eficiência, eficácia e efeti- vidade. Cumpre destacar que esses aspectos foram previstos no Guia Metodológico do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, como referências para avaliação da execução dos planos. Efetividade Economicidade Objetivos e metas definidas Iniciativas e compromissos pactuados Insumos Recursos alocados Ações desenvolvidas Bens e serviços providos Objetivos atingidos Ação/Produção Produto Resultados e impactos Eficiência Eficácia | CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES PELOS ASPECTOS DE DESEMPENHO MEDIDOS Fonte: Brasil (2020). A economicidade tem seu foco na minimização dos custos e da utilização de recursos no processo de execução da política pública. A eficiência é o aspecto do desempenho ligado à relação entre os produtos gerados (bens e serviços providos) e os insumos utilizados no processo em um determinado tempo, observado um padrão de qualidade predefinido (BRASIL, 2010). Assim, busca-se verificar a otimização da relação produto por insumo consumido, bem como reduzir o tempo necessário para a entrega ou prestação do serviço. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 31 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A eficácia corresponde ao atingimento das metas/ compromissos pactuados em termos de entrega de bens ou serviços, sem considerar os custos implicados (BRASIL, 2010). Os indicadores de eficácia representam uma medida da entrega imediata realizada no âmbito de uma política pública. A efetividade, por fim, é a dimensão de desempenho que tem como foco verificar o alcance dos objetivos pactuados em termos de resultados e impactos da ação governamental, ou seja, de solução dos problemas sociais demandados pela população (BRASIL, 2010). Diferentemente da eficácia, que se pode verificar no curto prazo, os resultados representam o efeito de médio prazo, e os impactos podem ser sentidos somente no longo prazo, após a realização de uma política pública. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo de animação sobre a classificação de indicadores de acordo com aspectos de desempenho medidos. Boas Práticas A medição da efetividade de determinada política pública deve ser realizada com muita cautela, pois, na maioria das vezes, resultados e impactos demoram muitos anos de execução da ação governamental para serem sentidos. Além disso, no campo da efetividade, deve-se atentar ao fato de que inúmeros outros fatores podem influenciar aquele indicador, e não somente a intervenção realizada. Assim, deve-se sempre ter em mente que, ao se adotarem indicadores de efetividade, a questão temporal e as influências de outros diversos fatores devem ser levadas em conta antes da realização de quaisquer conclusões prematuras acerca de uma política pública. https://youtu.be/RbpE8Zkgbko Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS32 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A seguir, são apresentados exemplos de indicadores em cada dimensão de desempenho dentro de diferentes ações governamentais. ECONOMICIDADE EFICIÊNCIA EFICÁCIA EFETIVIDADE Custo de tratamento para reabilitação de usuários de drogas Tempo médio de tratamento para reabilitação Número de usuários de drogas tratados Prevalência do consumo de drogas ilícitas Tratamento de usuários de drogas Custo por aluno capacitado Curto prazo Taxa de cursistas inscritos em relação ao número de vagas ofertadas Número de gestores capacitados Percentual de entes federativos com planos sobre drogas instituídos Médio/longo prazo Qualificação de gestores estaduais e municipais para ampliação das capacidades de planejamento na área de drogas Perspectiva temporal No exemplo acima, você verificou alguns casos em que os indicadores podem ser usados. Porém, ficou faltando um detalhe para que um indicador seja capaz de medir efetivamente o desempenho: a indi- cação do seu valor esperado para o futuro no âmbito do planejamento realizado, ou seja, a sua meta. Exemplos de indicadores por aspecto do desempenho considerado. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 33 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A meta representa o que de fato se quer alcançar, qual será o avanço previsto em relação aos dados de períodos anteriores referentes a esse indicador. O indicador sem a meta e sem uma referência para comparação acaba por ser apenas um número a partir do qual difi- cilmente conseguiríamos analisar se estamos indo para o caminho certo ou não. Dessa forma, quando falamos em desempenho, sempre estamos comparando o valor alcançado em relação a uma meta ou parâmetro previamente fixado. Além disso, na definição da meta, para que ela seja realista, deve-se considerar o valor verificado em anos anteriores (também entendido como linha de base) e o efeito que se imagina que decorrerá da atuação naquele exercício. Aplicando isso ao exemplo anterior com números fictícios em um município, o desempenho dos indicadores seria verificado da seguinte forma. ECONOMICIDADE EFICIÊNCIA EFICÁCIA EFETIVIDADE Custo do tratamento por pessoa Tempo médio de tratamento para efetiva reabilitação Número de pessoas tratadas Prevalência do consumo de drogas ilícitas por adultos nos últimos 12 meses Indicador R$ 7.000,00 (2021) 6 meses (2021) 300 (2021) 3% (2021) Linha de base Reduzir o custo de tratamento de R$ 7.000, em 2021, para R$ 6.000,00 até 2022. Reduzir o tempo médio de tratamento de 6 meses, em 2021, para 5 meses até 2022. Ampliar o número de pessoas tratadas de 300, em 2021, para 500 até 2022. Reduzir a prevalência do consumo de drogas ilícitas nos últimos 12 meses de 3%, em 2021, para 2,8% até 2025. Meta R$ 6.000,00 (2022) 5,5 meses (2022) 450 (2022) 2,9% (2025)Valor apurado 100% 50% 75% 50%Desempenho Exemplo fictício de medição do desempenho com indicadores. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 34 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Atenção! Uma questão muito importante a se observar para medição do desempenho do indicador é o seu sentido ou polaridade (se quanto maior o seu valor, melhor, ou se quanto menor, melhor). Além disso, para a adequada medição do desempenho, deve ser avaliada a redação da meta para verificar se a linha de base será considerada para medição do desempenho. Veja os exemplos a seguir. Indicador de polaridade “quanto maior, melhor” No indicador nº de pessoas tratadas, é possível verificar, através da meta, o objetivo de ampliar de 300 pessoas (linha de base, referente a 2021) para 500 em 2022, o que significa um aumento de 200 pessoas tratadas. Assim, trata-se de um indicador do tipo “quanto maior, melhor”. Em sua apuração, verificou-se o alcance do resultado de 450, refletindo um aumento efetivo de 150 pessoas em relação à linha de base. Dessa forma, 75% da meta foi alcançada. Isso ocorre porque a forma como foi escrita a meta estabelece uma comparação clara do valor esperado com o valor de referência (linha de base): Meta com referência à linha de base Ampliar o número de pessoas tratadas de 300, em 2021, para 500 até 2022. A fórmula a seguir sintetiza o cálculo realizado a partir dessa redação da meta: Desempenho = 75% Valor Alcançado – Linha de Base________________________ Meta Prevista – Linha de Base 450 – 300 _________ = 500 – 300 150 ____ = 200 Desempenho = 90% Valor Alcançado _____________ Meta Prevista 450 ____ = 500 Caso a redação da meta estabelecesse somente um valor para 2022, sem definir uma relação de comparação com a última apuração, a linha de base não deveria ser considerada no cálculo. Meta sem referência à linha de base Realizar o tratamento de 500 pessoas em 2022. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 35 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Indicador de polaridade “quanto menor, melhor” No indicador de tempo médio de tratamento para efetiva reabilitação, partimos de 6 meses em 2021 (linha de base), com a meta de chegarmos a 5 meses em 2022. Logo, queremos reduzir em 1 mês o tempo médio. Como resultado, em 2022, verificou-se o tempo médio de 5,5 meses, o que significa uma redução de 0,5 mês (15 dias) em relação ao ano anterior. Nesse caso, perceba que utilizamos a linha de base como referência para podermos dizer que foram alcançados 50% da meta, considerando o valor de referência do ano anterior. Assim, aplica-se a seguinte fórmula para apuração do desempenho em indicadores do tipo “quanto menor, melhor”: 50% Linha de Base – Valor Alcançado________________________ Linha de Base – Meta Prevista 5,5 – 5 _______ = 6 – 5 0,5 ____ = 1 ou seja Diferentemente do caso dos indicadores do tipo “quanto maior, melhor”, os indicadores de polaridade menor-melhor sempre precisam utilizar uma linha de base para que seja viável a mensuração do seu desempenho. 2.3 COMPONENTES DO INDICADOR DENTRO DE UM PLANO Para o entendimento efetivo de um indicador, faz-se necessário o conhecimento prévio de uma porção básica de informações sobre ele, entendidas como seus metadados ou componentes. A partir desse conhecimento, o gestor poderá avaliar a adequação da sua utilização no âmbito do planejamento dos seus trabalhos. Apresentamos, a seguir, uma lista com os principais componentes dos indicadores e respectivos conceitos, tendo como referência as listas de cadastro de indicadores constantes do Guia Metodológico do PLANAD (BRASIL, 2020). z Denominação/título: nome do indicador, expresso de forma sucinta e clara. z Descrição: explica a racionalidade por trás do indicador, dando significado técnico preciso à sua existência em determinado contexto. z Unidade de medida: unidade de medição que reflete determinada grandeza adotada para o indicador. São exemplos: porcentagem, quilograma, etc. COMPONENTES BÁSICOS DE UM INDICADOR Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 36 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas z Polaridade: indica o sentido desejado do indicador – “quanto maior, melhor”; “quanto menor, melhor”; e em alguns casos a polaridade pode ser neutra. z Cumulatividade: informa se os valores apurados para o indicador serão fruto do resultado acumulado de anos anteriores somado com o da data de referência (cumulativo) ou se considera somente o resultado daquela data/ano de referência (não cumulativo).z Fórmula de cálculo: equação matemática que representa o modo de se calcular o indicador a partir de suas variáveis. z Fonte: sistema, base de dados ou documento onde se encontra publicado o indicador com suas apurações. Normalmente é apresentada juntamente com a organização responsável pela sua aferição e disponibilização. COMPONENTES ADICIONAIS DO INDICADOR NECESSÁRIOS QUANDO O INDICADOR É APLICADO A UM PLANO Valor de referência (ou linha de base) Representa o valor a partir do qual será comparado o desempenho do indicador. Quando o valor de referência corresponde a uma apuração em exercício anterior ao do plano, utiliza-se o nome de linha de base. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 37 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Meta Consiste no valor futuro que se deseja alcançar, no âmbito daquele indicador, em determinado momento ou período no tempo. Referência geográfica e social utilizada no plano Indica a referência geográfica e o grupo social que é alvo de mensuração do indicador no plano. Ex.: Distrito Federal – Homens; Brasil – Geral; etc. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 38 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas OUTROS DADOS RELEVANTES SOBRE OS INDICADORES z Periodicidade de mensuração: define de quanto em quanto tempo há valor atualizado disponível para o indicador (ou para o conjunto de suas variáveis). Deve ter como base racional a frequência com que os dados são coletados. z Data de divulgação/disponibilização: data ou período em que normalmente os dados do indicador são divulgados em mídias eletrônicas, bancos de dados governamentais, pesquisas, entre outros. Deve deixar claro o atraso entre o período ou a data a que se referem o indicador e sua divulgação. Exemplo: junho do ano seguinte ao ano de referência do indicador; 30 dias após a data a que se refere o indicador etc. z Desagregabilidade territorial: explicita quais são as possibilidades de desagregação territorial dos dados do indicador, ou seja, responde à pergunta: em que medida os dados podem ser detalhados no território? A desagregabilidade pode ser nacional (caso em que não há desagregação), por região, por sub-região, por estado, por município etc. z Outras formas de desagregação: apresenta quais são as demais possibilidades de desagregação dos dados do indicador para representar diferentes grupos sociais. Ex.: idade, escolaridade, sexo, cor etc. z Limitações: representam as restrições que foram consideradas no cálculo dos indicadores e que devem ser observadas quando estes forem analisados e utilizados. Exemplos de limitações seriam: comportamento sazonal do indicador que influencia seu valor, amostras utilizadas, limitações espaciais, entre outros. Veja o exemplo a seguir do cadastro dos componentes do indicador “Percentual de adultos que consumiram bebidas alcoólicas de forma abusiva”, medido pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, por meio da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 39 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Exemplo de cadastro com componentes de um indicador para um plano *Valores fictícios estabelecidos para as metas. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 40 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 2.4 PASSO A PASSO PARA A SELEÇÃO/ CONSTRUÇÃO DE UM INDICADOR Dentro do processo de planejamento, após a definição dos objetivos que deverão ser alcançados, faz-se necessária a seleção ou construção dos indicadores que permitirão a aferição do seu atingimento. Nesse sentido, devem ser evitados erros nessa fase, para que não haja prejuízos futuros para a organização. Não é incomum verificar casos em que, depois de encerrada a elaboração do plano, algumas unidades apresentam dificuldades para mensuração de indicadores durante as fases de monitoramento de resultados. Isso ocorre especialmente nos casos de criação de novos indicadores que não observaram os requisitos mínimos de qualidade exigidos. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 41 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Ciente dessa dificuldade, o “Guia Referencial para Medição de Desempenho e Manual para Construção de Indicadores” (BRASIL, 2009) apresenta uma relação de 10 passos a serem seguidos para a construção de um indicador. Em primeiro lugar, deve-se ter bem claro qual dimensão de desem- penho e qual objeto se deseja mensurar com o indicador. Feito isso, parte-se para o estabelecimento de uma proposta inicial de indicador que reflita o fenômeno que será por ele medido. Após estabelecimento, a proposta de indicador será apresentada para análise preliminar das partes interessadas. | OS 10 PASSOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM INDICADOR Fonte: Adaptado de Brasil (2009). Passo 1 - Identificação do nível, dimensão, subdimensão e objetos de mensuração. Passo 2 - Estabelecimento de indicadores de desempenho. Passo 3 - Análise e validação intermediária dos indicadores com as partes envolvidas. Passo 4 - Construção de fórmulas, métricas e estabelecimento de metas. Passo 5 - Definição de responsáveis. Passo 6 - Geração de sistema de coleta de dados. Passo 7 - Ponderação e validação final dos indicadores com as partes envolvidas. Passo 8 - Mensuração dos resultados. Passo 9 - Análise e interpretação dos indicadores. Passo 10 - Comunicação dos resultados. Comunicação O que mensurar? Como mensurar? Coleta de informaçõesMensuração Análise dos dados Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 42 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Aprovada a proposta, o indicador segue para detalhamento de sua fórmula e testagem, a fim de se verificar o cumprimento dos atri- butos mínimos de qualidade do indicador, que vimos na Unidade 2.1. Para tanto, sugerimos que seja feito um check-list, conforme disposto a seguir. Definida a fórmula e cumpridos os requisitos mínimos de qualidade, segue-se para a definição da meta do indicador. Idealmente, para definição da meta é desejável que se tenha informação relativa ao último ano anterior ao plano para se utilizar como referência. Além desse parâmetro, a definição da meta pode ser também esta- belecida com base em valores de referência verificados no mercado ou em outras organizações. Checklist de análise qualitativa dos atributos do Indicador. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 43 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Em seguida, deve-se partir para a pactuação dos responsá- veis pela mensuração do indicador, a periodicidade de sua coleta e a geração de um sistema para sua apuração. A automatização dos procedimentos de coleta de dados, com redução das interações humanas, confere mais confiabilidade acerca dos resultados gerados, tendo em vista a diminuição do risco de ocorrência de erros ao longo do processo. Estabelecidos os responsáveis e a sistemática de coleta de dados, o indicador deve ser apresentado para ponderação e validação final das partes envolvidas. Com a aprovação, inicia-se a fase de mensuração dos resultados. A partir da mensuração dos resultados, estes devem ser analisados pelas equipes para que sejam levadas em conta no processo decisório. Nesse momento, a gestão dos resultados pode se materializar por meio de reuniões de gestão e avaliação da estratégia. Por fim, os resultados dos indicadoresdeverão ser comunicados a toda a organização, utilizando-se boletins e relatórios para tanto. Podcast transcrito Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 44 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 3 FERRAMENTAS ÚTEIS PARA O PLANEJAMENTO Nesta unidade, você aprenderá sobre algumas das principais ferra- mentas utilizadas para auxiliar a realização do processo de planejamento das políticas públicas, como a análise SWOT, a árvore de problemas, o modelo lógico e o Balanced Scorecard (BSC). A análise SWOT é uma das ferramentas mais consagradas utilizadas no âmbito da administração para análise do ambiente interno e externo de uma organização. O anagrama vem das palavras do inglês Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), de modo que a análise SWOT também é conhecida como FOFA, no português. O ambiente interno, representado pelas Forças e Fraquezas, é a dimensão mais gerenciável, sob a qual a organização tem controle, enquanto o ambiente externo, representado pelas Oportunidades e Ameaças, concentra as variáveis que estão fora do controle da organização, mas que podem impactá-la positivamente ou nega- tivamente (BRASIL, 2020). Normalmente a análise SWOT é elaborada a partir de um brainstorm (ou tempestade de ideias), em que os diversos atores da organização envolvidos na elaboração da estratégia se juntam para realizar um grande levantamento das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. 3.1 ANÁLISE SWOT (MATRIZ FOFA) Foto: © [GaudiLab] / Shutterstock. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 45 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A ampla participação é importante nesse processo para que haja maior riqueza e quantidade de informações sob diversos pontos de vista. A partir disso, constrói-se uma matriz 2x2, em que são distribuídas as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças a serem consideradas na elaboração da estratégia da organização (TONI, 2016). AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO FORÇAS Características internas e gerenciáveis que influenciam positivamente a execução e o alcance de resultados da política/ programa/ação. Ex.: servidores capacitados; equipamentos e instalações adequadas. OPORTUNIDADES Aspectos externos ao governo que influenciam positivamente a execução e o alcance de resultados da política/ programa/ação. Ex.: alto nível de apoio popular à política pública. FRAQUEZAS Características internas e gerenciáveis que influenciam negativamente a execução e o alcance de resultados da política/ programa/ação. Ex.: falta de integração com outros programas; ausência de indicadores adequados; rotatividade de cargos da alta gestão etc. AMEAÇAS Aspectos externos ao governo que influenciam negativamente a execução e o alcance de resultados da política/programa/ação. Ex.: redução do crescimento econômico pressionando a redução dos gastos públicos; surgimento de novas drogas etc. Matriz SWOT. Fonte: Adaptado de Brasil (2020). 3.2 ÁRVORE DE PROBLEMAS A árvore de problemas é uma ferramenta consagrada para a rea- lização do diagnóstico aprofundado de um problema social para o qual o governo deseja desenvolver um programa ou uma ação para sua solução. Essa ferramenta parte de um problema central sobre o qual se faz uma reflexão acerca das causas que levam até ele e das Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 46 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas consequências decorrentes desse problema (CASSIOLATO; GUERESI, 2010). No diagrama, as causas ficam abaixo do problema central, como as raízes de uma árvore, enquanto as consequências ficam acima, como a copa da árvore. Fonte: Brasil (2020). Para maior riqueza da análise de problemas, é importante que ela seja feita a várias mãos, a partir de um brainstorm com contribuições de diversos especialistas vinculados à temática tratada. Também é importante que, sempre que possível, as relações de causa e conse- quência apresentadas sejam amparadas por evidências, como estudos, pesquisas, indicadores, pareceres de especialistas, entre outras. A partir das causas mais críticas identificadas, devem ser definidos os projetos de intervenção que solucionarão o problema. A elaboração do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas contou com a análise dos problemas centrais vinculados à questão das drogas, originando um dos trabalhos mais completos de elaboração de árvores de problemas no governo federal. A imagem a seguir mostra a árvore de problemas vinculada ao problema do tabagismo. Perceba que, além da identificação das causas e consequências, são apresentadas as principais evidências, além da identificação dos públicos mais afetados pelo problema. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo de animação sobre a árvore de problemas. Problema Central Consequência B Consequência C Causa C Causa A Causa B Causa F Causa D Causa E Causa J Causa G Causa H Causa I Consequência E Consequência F Consequência A Consequência D | ESTRUTURA DE UMA ÁRVORE DE PROBLEMAS https://youtu.be/Jy1enbj0sGc Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 47Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | ÁRVORE DE PROBLEMAS: TABAGISMO Fonte: Brasil (2021). Tabagismo CONSEQUÊNCIAS PROBLEMA CENTRAL CAUSAS 1 2 Acidentes de trabalho Incapacidade Absenteísmo no trabalho Queda na produtividade Diminuição da expectativa de vida Acidentes domésticos Aumento de doenças crônicas Plantio de tabaco para comércio interno e exportação Problemas psiquiátricos ou relacionados ao uso de drogas Atratividade, especialmente para adolescentes e jovens Violação às leis: Restrição à propaganda Venda de tabaco a menores de 18 anos Venda por unidade de cigarro Permissão de fumo em varandas abertas de bares e restaurantes Venda ilegal de novos dispositivos eletrônicos Espaços para consumo de narguilés Baixos preços praticados Inúmeros pontos de venda disponíveis, ampliados com as redes sociais e aplicativos Nicotina tem alta capacidade de gerar dependência, além de ser tóxica e letal Facilidade de compra de cigarros e outros produtos de tabaco Dificuldade de acesso ao tratamento Cobertura da rede não atende à totalidade da demanda por tratamento Baixa consciência da população sobre a relação entre cigarro, tabaco ilegal e o crime organizado Custos do tabagismo muito superiores à compensação via impostosMercado ilegal forte e lucrativo Utilização de tabaco como redução de danos para dependência química Baixa percepção dos riscos relacionados a novos produtos de fumo (cigarros eletrônicos e narguilés) Enriquecimento do crime organizado* (contrabando) *Assunto detalhado na árvore de problemas sobre tráfico de drogas 3 8 3 107 9 39 8 8 Trabalho infantil Prejuízos ambientais Prejuízos à saúde dos fumicultores 9 4 4 9 Aumento de custos com saúde (prevenção e tratamento) Aumento geral de custos sociais, ambientais e de saúde (não compensados com a arrecadação de impostos) 8 Morte 8 Falsa associação do cigarro ao bom desempenho sexual e esportivo, ao sucesso, à beleza, à independência e à liberdade Estratégias de atração de marketing sofisticadas: Uso de aditivos que dão sabores aos cigarros para facilitar a iniciação Divulgação de peças publicitárias em ambientes jovens, como festivais e redes sociais Utilização de embalagens coloridas e atrativas, posicionadas em destaque nos pontos de venda Introdução a novos produtos (vape, narguilé etc.) Espelhamento em famílias e ídolos fumantes Regulaçãoinsuficiente da oferta de produtos vinculados ao tabaco Baixo custo de produção de cigarros Vulnerabilidade à entrada no mercado ilegal Facilidade de entrada, circulação e saída do tabaco ilegal no país Cooptação de agentes públicos Articulação e cooperação internacional entre governos ainda insuficiente Cumplicidade da indústria do tabaco com práticas ilícitas de contrabando Penas pouco severas para o mercado ilegal de produção do tabaco Influência dos grupos de amigos fumantes 6 5 11 4 11 5 5 4 4 4 87 5 5 5 5 7 4 4 5 Lobby sobre pautas regulatórias no Congresso Base de produção em pequenos fumicultores altamente dependentes de tabaco Reduzidas alternativas de diversificação da produção Ausência de tributação sobre folha do tabaco exportada Baixo custo de produção do cigarro em países vizinhos, independentemente do imposto sobre o produto final Extensa fronteira seca7 10 7 Pressão das grandes indústrias de tabaco e de toda a rede a ela relacionada 10 10 7 10 4 5 11 10 EVIDÊNCIAS 1 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigitel Brasil 2019 - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. 2020. 2 – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE. 2015. 3 – CENTERS FOR DESEASE AND CONTROL PREVENTION. Health E�ects of Cigarette Smoking. 2020. 4 – INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Perguntas frequentes: tabagismo. 2020. 5 – FEIJÓ. Pontos de venda de produtos derivados de tabaco: estratégias de marketing e o mercado ilegal. 2015. 6 – AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Policy statement - Tobacco use: a pediatric disease. 2009. 7 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Contribuições do Ministério da Saúde para o Grupo de Trabalho, instituído pela Portaria n. 263 24-7 do Ministério da Justiça e Segurança Pública. 2019. 8 – Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria. Carga de doença atribuível ao uso do tabaco no Brasil e potencial impacto do aumento de preços por meio de impostos. Documento técnico IECS n. 21. 2017. 9 – RIQUINHO D. L., HENNINGTON E. A. Cultivo do tabaco no sul do Brasil: doença da folha verde e outros agravos à saúde. Ciênc. saúde coletiva, v. 19 n. 12 Rio de Janeiro, dez. 2014. 10 – CAVALCANTE, Tânia Maria et al. Brasil: balanço da Política Nacional de Controle do Tabaco na última década e dilemas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 33, supl. 3, e00138315, 2017. 11 – PINHO, M. C. M. et al. A Promoção de Novos Produtos de Tabaco nas Redes Sociais à Luz da Pandemia. Revista Brasileira de Cancerologia; 66 (TemaAtual): e-1108, 2020. Adolescentes e jovens Gestantes Pequenos agricultores Autoridades governamentais de repressão ao tráfico de drogas Sociedade em geral PÚBLICOS AFETADOS Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 48 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 3.3 MODELO LÓGICO O modelo lógico é uma ferramenta para desenho de programas para a solução de problemas identificados a partir de uma abordagem completa de toda a sua cadeia de execução, contemplando os seguintes elementos: recursos, ações, produtos, resultados intermediários e finais, bem como as hipóteses que suportam essas relações e as influências das variáveis relevantes de contexto e pressupostos (CASSIOLATO; GUERESI, 2010). Ele representa a explicação de como o programa funciona, estabelecendo o que veio a se convencionar como teoria do programa. Nesse sentido, o modelo lógico apresenta, de maneira racional, as relações de causa e efeito entre as atividades e processos realizados no programa, com seus produtos e resultados (W.K. KELLOG FOUDATION, 2004). Podcast transcrito Uma importante referência para elaboração do modelo lógico de programas governamentais é o proposto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), desenvolvido por Cassiolato e Gueresi (2010). Segundo as autoras, esse modelo é estruturado em três com- ponentes principais: I. Explicação do problema e referências básicas do programa. II. Estruturação do programa para alcance de resultados. III. Identificação de fatores relevantes de contexto. Para a explicação do problema, utiliza-se a árvore de problemas, ferramenta que estudamos no tópico anterior. Em seguida, são definidos o objetivo geral, relacionado ao impacto desejado pelo programa, em termos de solução do problema, e os objetivos específicos do programa, relacionados aos resultados pretendidos em termos de solução das causas críticas identificadas na árvore de problemas. Como parte das referências básicas do programa, devem ser definidos o público-alvo, os beneficiários e os critérios de priorização (CASSIOLATO; GUERESI, 2010). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 49 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas As autoras exemplificam a aplicação da metodologia no “Programa Segundo Tempo”, desenvolvido para solução do problema “Dificul- dade de crianças e adolescentes expostos a situações de maior risco social em praticar esporte educacional no tempo ocioso”, conforme pode ser visto a seguir. Muitas crianças e adolescentes expostos à situação de risco social (drogas, prostituição, gravidez precoce etc.) Exclusão de crianças e adolescentes de uma atividade educativa complementar Dificuldade de crianças e adolescentes em situação de maior risco social em praticar esporte educacional no tempo ocioso Concorrência com atividades ilícitas nocivas Pobreza dificulta o acesso a atividades esportivas Insuficiência de espaços e de infraestrutura esportivas para crianças e adolescentes de comunidades pobres Indisponibilidade e inadequação de espaços existentes para a prática esportiva por crianças e adolescentes de comunidades pobres Profissionais de educação física não estão capacitados para prática do esporte educacional Baixa oferta de projetos para prática de esporte educacional Baixa prioridade do esporte como política pública PROBLEMA CENTRAL CONSEQUÊNCIAS CAUSAS | ÁRVORE DE PROBLEMAS E REFERÊNCIAS BÁSICAS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 50 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Problema Descritores do problema – situação inicial (2008) Dificuldade de crianças e adolescentes expostos a situações de maior risco social em praticar esporte educacional no tempo ocioso. Público-alvo Crianças e adolescentes expostos ao risco social. Beneficiários Crianças e adolescentes atendidos pelo programa. Critérios de priorização Alunos de escolas públicas com IDEB abaixo de 3,2. Territórios com violação de direitos (trabalho infantil, exploração sexual, aliciamento pelo narcotráfico etc.). Objetivo geral Democratizar o acesso ao esporte educacional de qualidade, como forma de inclusão social, ocupando o tempo ocioso de crianças e adolescentes em situação de risco social. D1: 400 mil alunos frequentam escolas públicas em jornada integral. D2: 17 milhões de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Objetivos específicos Oferecer práticas esportivas educacionais, estimulando crianças e adolescentes a manter uma integração efetiva que contribua para seu desenvolvimento integral. Oferecer condições adequadas para a prática esportiva educacional de qualidade. | REFERÊNCIAS BÁSICAS – PROGRAMA SEGUNDO TEMPO Fonte: Adaptado de Cassiolato e Gueresi (2010). Em seguida, é estruturado o programa para alcance dos resultados pretendidos, englobando toda a sua cadeia de ação. Nesse momento, é importante a verificação da consistência nas relações de causa e efeito estabelecidas. A seguir, você pode ver a estruturação apre- sentada para o Programa Segundo Tempo. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 51Capacitaçãode Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | MODELO LÓGICO – PROGRAMA SEGUNDO TEMPO Fonte: Adaptado de Cassiolato e Gueresi (2010). RESULTADOS INTERMEDIÁRIOS FINAIS Ampliação do número de profissionais atuando em esporte educacional Núcleos abastecidos com material esportivo suplementar Aumento da participação e permanência de crianças e adolescentes Crianças e adolescentes expostos a situação de risco social praticando regularmente esporte educacional no tempo ocioso Melhoria da qualificação dos profissionais que atuam nos Núcleos Promoção de troca de experiência entre os participantes Ampliação e melhoria da capacidade de atendimento de crianças e adolescentes em áreas de risco social Adesão ao programa por famílias e comunidades pobres Melhoria de capacidades físicas e habilidades motoras dos participantes do programa Melhoria da qualidade de vida dos participantes Desenvolvimento de valores sociais Diminuição da exposição aos riscos sociais Conscientização da importância da prática esportiva Melhoria do rendimento escolar Diminuição da evasão escolar Diminuição dos índices de busca aos serviços de saúde Descoberta de talentos esportivos Geração de ocupação no setor de educação física, esportes e afins Melhoria da infraestrutura esportiva do país IMPACTOS DIRETOS INDIRETOS Melhoria de capacidades físicas e habilidades motoras dos participantes do programa RECURSOS/ INSUMOS Não orçamentários Ação orçamentária 4377 – Funcionamento de Núcleos de Esporte Educacional Ação orçamentária 2626 – Promoção de Eventos sobre Esporte Educacional Ação orçamentária 8787 – Implantação de Infraestrutura para o Desenvolvimento do Esporte Educacional Ação orçamentária 208U – Apoio a Projetos Esportivos Sociais para a Infância e Adolescência Ação orçamentária 4641 – Publicidade de Utilidade Pública ATIVIDADES Articulação com parceiros para implantação de Núcleos de Esporte Educacional Pagamento de monitores e coordenadores Distribuição de material esportivo (Pintando a Liberdade) Transferência de recursos para material suplementar Repasse de recursos para reforço alimentar Fornecimento de transporte (quando necessário) Capacitação Organização de eventos do 2º Tempo Priorização de projetos de implantação de núcleos 2º Tempo Captação de recursos para apoio a projetos esportivos em núcleos do 2º Tempo Organização de campanhas para divulgar o 2º Tempo PRODUTOS Núcleos implantados para atender crianças e adolescentes Monitores e coordenadores desenvolvendo atividades nos Núcleos Material esportivo adequado à demanda dos Núcleos Material suplementar para atividades esportivas Alimento disponibilizado para reforço alimentar de crianças e adolescentes Deslocamento de crianças e adolescentes da comunidade ao Núcleo realizado Monitores e coordenadores capacitados para atuarem nos Núcleos Eventos realizados para participantes Espaços físicos esportivos e equipamentos implantados em comunidades pobres Projetos esportivos chancelados como Núcleos do 2º Tempo Campanhas realizadas Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 52 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Por fim, para que haja o bom acompanhamento do programa a ser reali- zado, devem ser atribuídos ao modelo lógico os indicadores e respectivas metas a serem aplicados nas diferentes fases do processo de trabalho, nos moldes que já apresentamos, neste módulo, nos esquemas: “Fases do ciclo de gestão da política pública e seus indicadores” e “Exemplo fictício de medição do desempenho com indicadores”. | FATORES RELEVANTES DE CONTEXTO PARA O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO FATORES DESFAVORÁVEIS z Alto grau de adesão dos parceiros. z Apoio do programa pela comunidade beneficiada. z Existência de espaços esportivos ociosos. z Existência de parceiros com baixo grau de compromisso e precárias condições de execução. z Ausência de um Sistema Nacional de Esporte. z Mecanismos legais que dificultam o conveniamento, a execução e a continuidade dos projetos. z Escassez de recursos orçamentários e financeiros. z Ausência de coordenação de governo (programas e ações complementares). z Falta de interação entre setores do Ministério do Esporte. FATORES FAVORÁVEIS Fonte: Adaptado de Cassiolato e Gueresi (2010). Por fim, a terceira etapa prevista nessa metodologia de modelo lógico do IPEA é a identificação dos fatores relevantes de contexto que podem favorecer ou comprometer as ações do programa, conforme pode-se ver, a seguir, no exemplo do programa que estamos trabalhando. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 53 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 3.4 BALANCED SCORECARD O Balanced Scorecard (BSC) é uma ferramenta utilizada para a construção e gestão de planos estratégicos institucionais. Foi criada em 1990 por Robert S. Kaplan, professor de Harvard Business School, e David. P. Norton, pesquisador da empresa KPMG, com o objetivo de viabilizar um acompanhamento mais adequado do desempenho das organizações, que até então era feito somente por meio de relatórios financeiros. Kaplan e Norton desejavam permitir que o processo de gestão das empresas pudesse incorporar a avaliação de ativos intangíveis e intelectuais da instituição, criando outras medidas além da medida financeira tradicional. Com isso, o BSC foi estruturado em quatro perspectivas fundamentais de medição do desempenho organiza- cional: financeira, de clientes, de processos internos e de aprendizado e crescimento (KAPLAN; NORTON, 1997). Segundo os autores, os objetivos, medidas (indicadores) e iniciativas a serem atribuídos em cada perspectiva do BSC devem ser desenvol- vidos a partir da missão, visão e estratégia da organização, numa estruturação top-down, ou seja, de cima para baixo. Na estrutura do BSC, cada perspectiva de baixo é vista como viabili- zadora da seguinte, numa relação de causa e efeito. Como o modelo de Kaplan e Norton foi estruturado inicialmente com foco em empresas, a perspectiva financeira estava no topo da cadeia, seguida da perspectiva de cliente, de processos de negócio e de aprendizado e crescimento. A figura a seguir representa essa dinâmica. Perspectivas Financeira Do cliente Dos processos internos Do aprendizado e crescimento Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997). | AS QUATRO PERSPECTIVAS ORIGINAIS DO BSC Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 54 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas No setor público, especialmente na administração direta e indireta autárquica, considerando que as instituições não buscam o lucro, a perspectiva financeira costuma ser transferida para a base da cadeia, sendo entendida como viabilizadora das demais. Além disso, conforme orientam Kaplan e Norton (1997), a adoção das quatro perspectivas não necessariamente precisa ser uma regra universal, podendo assim ser adaptadas pelas organizações. Exemplo disso pode ser visto no Mapa Estratégico do Ministério do Desenvolvimento Regional, que separa as perspectivas em “Resultado Integrado”, “Políticas Públicas”, “Parcerias e Fomento” e “Gover- nança e Gestão Corporativa”. A partir da leitura do mapa, percebe-se que as perspectivas de “Parcerias e Fomento” e “Governança e Gestão Corporativa” são viabilizadoras das “Políticas Públicas”, que, em seu conjunto, viabilizam o “Resultado Integrado” para a sociedade. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS
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