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ADESÃO E SISTEMAS ADESIVOS A introdução dos sistemas adesivos revolucionou a odontologia, pois conseguimos inclusive colar um fragmento, então de uma forma minimamente invasiva conseguimos reestabelecer forma, função e estética do paciente. Preservação de estrutura sadia Comparado com outros materiais que existiam antes, como o amalgama, a restauração adesiva nos permite preservar a estrutura sadia. Pois essa restauração se adequa a todo e qualquer formato de preparo cavitário, sem a necessidade de fazer um preparo previamente para colocação desse material. A resina para estar aderida ao dente precisa de um sistema adesivo. O mecanismo de unir um material resinoso ao dente é baseado em um processo de troca, onde minerais são removidos do dente e substituídos por monômeros adesivos. Quando criamos uma desmineralização no esmalte, para criar uma porosidade que permita a adesão, já no processo de desmineralização da dentina, cria-se uma rede de fibras colágenas que já é uma superfície mais difícil de fazer adesão. Por isso, é mais fácil aderir no esmalte, e quando fazemos uma adesão na dentina, as vezes não conseguimos uma adesão total do sistema adesivo ao dente, assim ficam micro ou nano espaços que não queremos. Como podemos ver na imagem, esses micros ou nano espaços, significam que não houve uma total micro retenção e automaticamente vamos ter percolação de líquidos, passagens de fluidos e bactérias. Esses defeitos causados na adesão podem ocorrer pelo substrato dental, agente de união ou interferências clinicas. PRINCÍPIOS PARA ADESÃO 1. Viscosidade do material 2. Ângulo de contato 3. Energia de superfície 1. VISCOSIDADE DO MATERIAL - Quanto mais viscoso o líquido, pior será seu escoamento, logo o material adesivo deve ser mais fluido, na mistura química deles sempre haverá a presença de solvente, para que mantenha esse adesivo fluido para que ele possa penetrar nas microporosidades. 2. ÂNGULO DE CONTATO – Na foto abaixo podemos perceber que há uma gota que não está molhando o liquido, ela está retida em sua forma, isso gera um ângulo de contato, se ela estivesse desfeita molhando toda a superfície, significaria que não tem um ângulo de contato. Quanto maior o ângulo de contato, pior o molhamento da superfície pelo liquido. 3. ENERGIA DE SUPERFÍCIE (sólido) e TENSÃO DE SUPERFÍCIE (líquido) – na imagem vemos a formiga, que está representando o sólido, a qual está em cima do liquido, sem romper aquela bolha, o que significa que a energia de superfície do solido é muito baixa para conseguir romper a tensão superficial do liquido. Quanto maior a energia de superfície do solido, melhor o molhamento pelo líquido. Na odontologia, podemos ver o dente, como sólido, se esse dente tiver muitas impurezas ou redução de conteúdo mineral, vai diminuir a sua energia de superfície diminuindo a chance dele ser molhado pelo liquido. ONDE SERÁ MAIS FÁCIL ADERIR? Superfícies mais secas e mineralizadas são melhores para a adesão do que superfícies úmidas, como por exemplo uma dentina cariada, uma dentina recoberta por biofilme, ou um esmalte extremamente desmineralizado. ESMALTE É um substrato extremamente homogêneo e de composição extremamente homogênea. Composto de 96% de material inorgânico, na forma de hidroxiapatita, um pouco de agua e um pouco de material orgânico. Essa morfologia e composição altamente homogêneas, tornam o esmalte um substrato de fácil adesão. DENTINA Já a dentina tem uma composição mais heterógena, 72% de material inorgânico, na forma de hidroxiapatita, um pouco de água e 16% de material orgânico, na forma colágeno do tipo 1, essa distribuição tem alta variabilidade nas regiões de dentina, logo a dentina rasa, dentina media e dentina esclerosada, têm composições diferentes. A dentina é uma estrutura tubular, onde dentro dela temos agua, prolongamentos do odontoblastos, etc... mas cada estrutura tubular dessa é rodeada por uma dentina altamente mineralizada chamada de DENTINA PERITUBULAR. E entre os túbulos temos uma região menos mineralizada, onde estão as fibrilas colágenas, essa é a DENTINA INTERTUBULAR, a qual é fundamental para a adesão, pois é exatamente na rede de fibrilas colágenas, presentes nesse tipo de dentina que vai ocorrer a micro retenção e a infiltração dos sistemas adesivos. O adesivo até consegue penetrar nos túbulos, porém não consegue fechar esses túbulos. QUANTO MAIS DENTINA INTERTUBULAR, MELHOR SERÁ A ADESÃO. Logo quanto mais próximo da JAD, quanto mais rasa for a cavidade, mais fechados estarão os túbulos dentinários e consequentemente mais dentina haverá entre eles. Quanto mais próximos da polpa, mais abertos estão os túbulos e essa abertura faz com que tenhamos menos dentinas intertubular e uma pior adesão. Os túbulos dentinários apresentam forma de funil, logo quanto mais próximos à polpa, menos dentina intertubular presente terá. NA DENTINA, QUANTO MAIOR A PERMEABILIDADE, PIOR A ADESÃO. PROFUNDIDADE DA CAVIDADE O tamanho da cavidade é uma característica muito importante, pois caso seja uma cavidade muito profunda, nós vamos optar por não fazer uma restauração adesiva ao fundo da cavidade. Vamos perceber que em algumas situações precisamos antes de um preparo com material de proteção pulpar para depois uma restauração adesiva. A capacidade de adesão é 30-40% menor na dentina profunda, além dos produtos monoméricos serem extremamente tóxicos para a polpa. Outra característica importante da dentina, é que quando ela recebe um preparo cavitário, por algum instrumento rotatório ou até mesmo uma cureta, forma-se uma lama ou smear layer (camada de lama), essa camada é composta por agua, saliva, restos de tecido duro. Essa camada pode ter várias espessuras a depender do instrumento rotatório (0,5 a 2µm de espessura). Essa lama pode penetrar os túbulos dentinários, formando os tampões de lama (smear plug o que reduz a permeabilidade da dentina em até 86%. O que é uma característica que pode inclusive diminuir a sensibilidade pós-operatória, mas temos que nos atentar a como esse tampão vai interagir com os adesivos. Por isso, atualmente temos diversos tipos de sistemas adesivos. Temos as versões completas e simplificadas dos sistemas adesivos. Sistemas convencionais – onde a lama e os tampões são completamente removidas. Sistema convencional completo – tem 3 passos Sistema convencional simplificado – tem 2 passos, onde o primer e o adesivo vem em um mesmo pote Sistemas autocondicionantes – onde a lama não é completamente adesiva e sim modificada, se torna porosa, de forma que o sistema consegue atravessar essa lama e chegar até a dentina. Sistema autocondicionante completo – tem 2 passos Sistema autocondicionante simplificado – tem apenas 1 passo com os dois componentes, tem aparecido com o nome de adesivo universal. ESTRATÉGIA DE UNIÃO NOS SISTEMAS CONVENCIONAIS Nos sistemas convencionais completos Primeiro temos a aplicação de um ácido, em seguida aplicação do primer e por último a aplicação de um frasco onde tem o adesivo ou bond. Nos sistemas convencionais simplificados Primeiro temos a aplicação de um ácido e depois um frasco contendo o primer e o adesivo juntos. COMPONENTES CONDICIONADOR ÁCIDO – é chamado de Ácido fosfórico: H3PO4 misturado com sílica, e possui a consistência de um gel, além de corantes associados a ele para que tenha uma coloração. A concentração ideal desse ácido é de 30-40%, para que consiga se fazer uma boa desmineralização. O ácido deve apresentar homogeneidade e possuir baixo escoamento (pois senão ele vai escorrer e desmineralizar outras áreas) Quando aplicamos o ácido no dente, ele deve ser capaz de permanecer no local de condicionamento. Além de que não deve haver separação da fase liquida (ácido) com a sólida (sílica). O QUE O ÁCIDO FAZ NO ESMALTE? Remoção total da lama, aumentaa energia de superfície e cria porosidades, o ácido provoca desmineralização e podemos observar como se fosse uma manchinha branca no esmalte. O tempo de aplicação do ácido varia entre 15-30s, mas esse tempo é igualmente efetivo. Na primeira imagem é o esmalte antes e a segunda após a aplicação do ácido. O QUE O ÁCIDO FAZ NA DENTINA? Ele remove completamente a lama, causa uma desmineralização superficial de 3-8µm, promove a abertura dos túbulos (aumentando a permeabilidade), vai expor as fibrilas colágenas (o que é algo positivo, pois melhora a microretenção), mas esses processos reduzem a energia de superfície da dentina, essa redução é resolvida com a aplicação do primer. O tempo máximo de aplicação do ácido na dentina é de 15s, não deve-se ultrapassar para não causar um risco de degradação. LAVAGEM – Tem objetivo de remover os resíduos do gel e dos minerais que o ácido retirou do dente. A lavagem é realizada com o jato de ar e agua, e o tempo de lavagem é o dobro do tempo de condicionamento ácido. SECAGEM – Não podemos ressecar demais a dentina, caso contrário as redes de fibrilas colágenas vão colabar, logo devemos secar, mas mantê-la levemente úmida, para que tenhamos um pouco de umidade que vai manter as fibrilas separadas umas das outras. Isso é o que acontece caso a secagem desidrate a rede de fibrilas. A técnica de sistema convencional, é muito boa porém é difícil de ser realizada. Temos que nos atentar para não desidratar nem acontecer o overwet. PRIMER – tem em sua composição monômeros com características hidrófilas (já que a dentina está úmida), além dos solventes, que além de manter a fluidez do sistema, vai permitir que haja uma desidratação química, o solvente se liga a agua e evapora e deixa no lugar da agua o monômero, para que haja a adesão. Existem diversos tipos de solvente, mas o ETANOL, ACETONA E ÁGUA, são os principais tipos. Na dentina, a falta do solvente impede a formação da camada híbrida, que é uma zona de transição onde o monômero infiltrou na dentina e ficou retido. ADESIVO – composto por monômeros hidrofóbicos, ele não precisa ter afinidade com agua, pois, o primer já recobriu a zona úmida. Essa característica hidrófoba é muito importante para que ele sobreviva na cavidade bucal que é úmida, sem se ligar a nada. No adesivo pode ter partículas de carga apara aumentar a resistência mecânica do material No adesivo que temos a parte fotoativável de todo o processo. AS ETAPAS DO TRATAMENTO NO ESMALTE 1. Profilaxia e isolamento do campo operatório – precisamos de um campo limpo e seco 2. Proteção dos dentes vizinhos – para que o ácido não escorra para outras unidades dentárias 3. Condicionamento ácido – no esmalte até 30s 4. Lavagem – 30 a 60s usando uma seringa tríplice 5. Secagem – secar bastante no esmalte 6. Aplicação do primer e adesivo – caso seja separado, aplica uma camada de um e depois de outro 7. Remoção de excesso 8. Volatilização de solventes - Aguarda um tempo para que o solvente evapore 9. Fotopolimerização Após isso, a resina é aplicada. AS ETAPAS DO TRATAMENTO NA DENTINA 1. Profilaxia e isolamento do campo operatório – precisamos de um campo limpo e seco 2. Sistema Matriz – se necessário (porém não necessariamente nesse passo, o momento ideal pode ser definido pelo profissional) 3. Proteção dos dentes vizinhos – para que o ácido não escorra para outras unidades dentárias 4. Condicionamento ácido – usamos primeiro o ácido no esmalte até 30s e depois na dentina até 15s 5. Lavagem – 30 a 60s usando uma seringa tríplice 6. Secagem – secar bastante no esmalte, deixar um pouco úmida na dentina 7. Aplicação do primer e adesivo – caso seja separado, aplica uma camada de um e depois de outro. A aplicação sempre é feita com um aplicador descartável. 8. Remoção de excesso 9. Volatilização de solventes - Aguarda um tempo para que o solvente evapore 10. Fotopolimerização Uma camada ideal é como a representada acima, onde temos uma camada fina, uniforme e brilhante, aí sim podemos fotopolimerizar. Ao fotopolimerizar, podemos conseguir o que está na imagem acima, uma camada hibrida, onde temos fibras colágenas cobertas por sistema adesivo, então é uma zona misturada. O OBJETIVO AO SE APLICAR SISTEMA ADESIVO NO DENTE É CONSEGUIR UMA CAMADA HÍBRIDA. ESTRATÉGIA DE UNIÃO NOS SISTEMAS AUTOCONDICIONANTES Não tem a aplicação separada do ácido na dentina, pois o primer tem características acidas. Nos sistemas autocondicionantes completos PRIMER ÁCIDO – possui monômeros funcionais: IO-MDP, PHENYL-P. Monomeros funcionais tem a capacidade de infiltração e desmineralização simultânea. Monômeros hidrófilos, para interagir com a porção úmida da dentina. Geralmente tem como solvente, a agua, que é muito importante para definição do pH do primer. Quanto mais água mais agressivo será o primer, sabemos que o mais recomendado é o moderado (1,1-2), não devemos usar sistemas com pH agressivo (<1), pois têm excesso de água e acabam degradando muito rápido no ambiente úmido da cavidade oral. Na dentina, como é menos mineralizada que o esmalte, ele funciona super bem, mas no esmalte há um condicionamento fraco se comparado com o ácido fosfórico. Por isso, ao usar um sistema autocondicionante em esmalte, temos que melhorar esse condicionamento fazendo um condicionamento ácido seletivo, ou seja, apenas nas bordas de esmalte de 10 a 15s, protegenda a dentina (pois o que deve estar em contato com a dentina aqui é o primer ácido). ADESIVO – Característica idêntica ao adesivo convencional, com monômeros hidrófobos, partículas de carga e sistema de ativação por fotopolimerização. Além da mesma ação, de penetrar nas irregularidades criadas pelo condicionamento (porém agora um condicionamento feito pelo primer) e co-polimerizar com o material restaurador. AS ETAPAS DO TRATAMENTO 1. Profilaxia e isolamento do campo operatório – precisamos de um campo limpo e seco 2. Proteção dos dentes vizinhos – para que o ácido não escorra para outras unidades dentárias 3. Condicionamento ácido seletivo* – caso tenha margens de esmalte, de 10-15s 4. Lavagem – 30 a 60s usando uma seringa tríplice 5. Secagem – essa secagem é mais simples, pois aqui antes da aplicação do primer nenhum tipo de condicionamento foi feito na dentina. A superfície deve estar seca mas sem ressecamento. 6. Aplicação do primer – seguindo as recomendações do fabricante, normalmente que sejam aplicados em esfregaço, que sejam agitados na cavidade. O primer ácido vai deixar a smear layer porosa para atravessar ela, chegar até a dentina e expor as fibrilas colágenas. Mas não remove completamente a smear layer. 7. Aplicação do adesivo 8. Remoção de excesso 9. Fotopolimerização Aqui temos a camada hibrida, porem com a presença de smear layer. Após isso, a resina é aplicada. AS ETAPAS DO TRATAMENTO DO SISTEMA DE 1 PASSO 1. Profilaxia e isolamento do campo operatório – precisamos de um campo limpo e seco 2. Proteção dos dentes vizinhos – para que o ácido não escorra para outras unidades dentárias 3. Condicionamento ácido seletivo* – caso tenha margens de esmalte, de 10-15s 4. Lavagem – 30 a 60s usando uma seringa tríplice 5. Secagem – essa secagem é mais simples, pois aqui antes da aplicação do primer nenhum tipo de condicionamento foi feito na dentina. A superfície deve estar seca, mas sem ressecamento. 6. Aplicação do primer ácido + adesivo – seguindo as recomendações do fabricante, normalmente que sejam aplicados em esfregaço, que sejam agitados na cavidade. 7. Remoção de excesso 8. Fotopolimerização A FOTOPOLIMERIZAÇÃO É O MOMENTO EM QUE O MONÔMERO SE TORNA UM POLIMERO ENRIGECIDO. SISTEMAS ADESIVOS QUE TEM O PRIMER E O BOND SEPARADOS, TEM MAIOR DURABILIDADE NA CAVIDADE ORAL, POIS SÃO MAIS HIDRÓFOBOS.
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