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Desenvolvimento Cognitivo e Análise Qualitativa do Diagnóstico Operacional (UniFCV)

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Prévia do material em texto

EduFatecie
E D I T O R A
Desenvolvimento Cognitivo 
e Análise Qualitativa do 
Diagnóstico Operatório
Professora Ma. Priscila da Rocha Luiz Bueno
20 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 20 Os autores 
Copyright © Edição 20 Editora EduFatecie
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof
 Sbardeloto
Tatiane Viturino de
Oliveira
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br André Dudatt
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Design
Thiago Azenha
Reitor
Prof. Me. José Carlos Barbieri
Vice-Reitor
Prof. Dr. Hamilton Luiz Favaro
Pró-Reitora Acadêmica 
Prof. Ma. Margareth Soares
Galvão
Diretor de Operações 
Comerciais 
Prof. Me. José Plínio Vicentini
Diretor de Graduação
Prof. Me. Alexsandro Cordeiro 
Alves da Silva
Diretora de Pós-Graduação e 
Extensão
Prof. Ma. Marcela Bortoti Favero
Diretor de Regulamentação e 
Normas
Prof. Me. Lincoln Villas Boas
Macena
Diretor Operações EAD
Prof. Me. Cleber José Semensate 
dos Santos
CAMPUS SEDE 
Avenida Advogado Horácio 
Raccanello Filho, 5950
Novo Centro – Maringá – PR 
CEP: 87.020-035
SEDE ADMINISTRATIVA 
Avenida Advogado Horácio 
Raccanello Filho, 5410
CEP: 87.020-035
(44) 3028-4416
www.unifcv.edu.br/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
B928d Bueno, Priscila da Rocha Luiz 
 Desenvolvimento cognitivo e análise qualitativa do diagnóstico 
 operatório / Priscila da Rocha Luiz Bueno . 
 Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
71p. : il. Color.
 ISBN 978-65-87911-56-4 
1. Cognição e linguagem. 2. Psicolinguística. I. Centro Universitário
UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.
 CDD : 23 ed. 155.4 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
AUTORA
Professora Ma. Priscila da Rocha Luiz Bueno
●	 Mestra	em	Educação	(Universidade	Estadual	de	Maringá).	
●	 Graduada	em	Pedagogia	-	Licenciatura	e	Bacharelado	(UniCesumar).	
●	 Especialista	em	Ensino	Aprendizagem	nos	Anos	Iniciais	(Instituto	Superior	de		
	 Educação	do	Paraná).	
●	 Especialista	em	Gestão	e	Organização	Escolar	(ESAP).
●	 Pós-Graduanda	em	Psicopedagogia;
●	 Pós-Graduanda	em	Docência	no	Ensino	Superior;
●	 Analista	Comportamental	Infantil	(The99)
●	 Coordenadora	Pedagógica/Orientadora	Educacional	em	Unidade	de	Ensino			
	 Infantil	no	Município	de	Maringá.
●	 Professora	Alfabetizadora	no	município	de	Maringá.
●	 Docente	do	curso	de	Pedagogia	e	Pós-graduação	(Unifamma).
Ampla	experiência	na	área	de	Educação	a	Distância	(tutora	e	professora),	Ensino	
Superior	EAD	e	Presencial,	produção	de	materiais	didáticos,	formação	de	professores/as.	
Campo	de	pesquisa	com	ênfase	na	Educação	Infantil	e	Anos	Iniciais,	bem	como:	políticas	
educacionais,	dificuldade	de	aprendizagem,	gestão	educacional,	psicologia	da	educação,	
alfabetização	infantil,	sexualidade	e	diversidade.
Acesse	meu	currículo	lattes:	http://lattes.cnpq.br/1310823097369284
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá,	 aluno(a),	 seja	 muito	 bem-vindo(a)	 aos	 estudos	 sobre	 o	 desenvolvimento	
cognitivo	e	análise	qualitativa	do	diagnóstico	operatório.	Esta	apostila	 foi	organizada	de	
modo	 especial	 para	 você,	 que,	 no	 nosso	 entendimento,	 tem	 buscado	 com	 excelência	
compreender	a	importância	de	proporcionar	para	a	criança	requisitos	importantes	para	o	
desenvolvimento	da	sua	cognição.
Para	que	o	 cognitivo	do	sujeito	 se	desenvolva	de	maneira	eficiente,	 ele	precisa	
estar	envolvido	com	várias	outras	 funções	que	alicerçam	a	aprendizagem,	bem	como	a	
linguagem,	coordenação	motora	e	o	fator	afetivo	e	emocional,	responsáveis	diretos	para	a	
aprendizagem	infantil.
O	livro	é	composto	por	uma	introdução,	seguida	de	quatro	unidades	criteriosamente	
analisadas	e	selecionadas	para	dar	sustentação	à	presente	discussão	e	conclusão,	bem	
como	todas	as	referências	e	sugestões	de	leitura	complementar,	livros	e	filmes.
Na	Unidade	I	começaremos	abordando	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo,	com-
preenderemos	a	epistemologia	genética:	conceitos	básicos	e	os	estágios	de	desenvolvi-
mento	segundo	alguns	teóricos.
Já	na	Unidade	 II	 vamos	ampliar	 nossos	conhecimentos	 sobre	as	 teorias	do	de-
senvolvimento	cognitivo	e	suas	 reflexões	na	prática	psicopedagógica.	Para	 isso,	 vamos	
trabalhar	a	teoria	de	Jean	Piaget	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo	e	a	teoria	de	Vigotski	
sobre	o	desenvolvimento	cognitivo.	
Na	Unidade	III	trataremos	de	maneira	específica	sobre	as	provas	operatórias,	destaca-
remos	o	conceito	de	provas	operatórias	e	tipos	de	provas	operatórias	segundo	alguns	teóricos.
E,	por	fim,	na	Unidade	IV	vamos	compreender	os	diagnósticos	operatórios	na	prática	
psicopedagógica,	abordar	as	características	gerais,	o	momento	do	diagnóstico	e	as	observações.
Para	cada	unidade	são	previstas	 leituras	e	atividades	que	devem	ser	 realizadas	
para	que	você	tenha	conhecimentos	seguros	sobre	sua	formação	e	atuação	e	ainda	tenha	
certeza	de	que	a	atitude	de	aprender	deve	ser	um	hábito	do(a)	professor(a),	visto	que	esta	
é	uma	profissão	que	exige	atualização	constante,	compromisso	e	dedicação.	
Oferecemos	a	você,	como	instrumentos,	os	conteúdos,	nossa	dedicação	e	nosso	
trabalho.	Aproveite	bem	e	alcance	seus	sonhos.
Muito obrigada e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 6
Desenvolvimento Cognitivo
UNIDADE	II	................................................................................................... 22
As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na 
Prática Pedagógica
UNIDADE	III	.................................................................................................. 38
Provas Operatórias
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 52
Diagnóstico Operatório na Prática Psicopedagógica
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3486/3076
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3486/3076
3
Plano de Estudo:
A	seguir,	apresentam-se	os	tópicos	que	você	estudará	nesta	unidade:
●	Epistemologia	Genética:	conceitos	básicos.
●	Os	estágios	do	desenvolvimento	cognitivo	segundo	alguns	teóricos.
Objetivos da Aprendizagem:
●	Conhecer	a	importância	da	epistemologia	genética	e	os	seus	conceitos	básicos.
●	Compreender	os	estágios	do	desenvolvimento	cognitivo	segundo	alguns	teóricos.
UNIDADE I
Desenvolvimento Cognitivo
Professora Ma. Priscila da Rocha Luiz Bueno
4UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	estudante.
Seja	bem-vindo(a)	à	Unidade	I	da	disciplina	Desenvolvimento Cognitivo e Aná-
lise Qualitativa do Diagnóstico Operatório	do	curso	de	Graduação	em	Psicopedagogia.	
É	essencial	estimular	o	desenvolvimento	cognitivo	infantil	para	que	a	criança	apren-
da	a	interagir	com	outras	pessoas	e,	principalmente,	com	o	mundo	ao	seu	redor.	É	nesse	
processo	que	a	criança	absorve,	assimila	e	desenvolve	novas	informações	sobre	o	mundo	
em	que	está	inserida.
O	desenvolvimento	das	habilidades	cognitivas	é	a	principal	maneira	de	 fornecer	
condições	de	uma	vida	saudável	e	 independente	para	a	criança,	permitindo	que	 todo	o	
aprendizado	adquirido	seja	colocado	em	prática.
A	cognição	do	sujeito	favorece	diversas	assimilações	e	novas	aprendizagens	vão	
sendo	adquiridas.	A	partir	desse	momento	a	criança	vai	se	tornando	responsável	pela	cons-
trução	de	seu	papel	social.	
De	acordo	com	Paradela	(2007),	o	processo	cognitivo	é	a	busca	do	conhecimento	
que	envolve	também	o	desenvolvimento	da	memória,	do	raciocínio,	do	juízo,	da	atenção,	
da	percepção,	do	pensamento,	da	imaginação	e	da	linguagem.
Podemos	entender,	então,	que	a	cognição	é	a	habilidade	do	indivíduo	em	proces-
sar	informações	que	proporcionem	ao	sujeito	as	capacidades	de	percepção,	compreensão,	
interação	e	integração,	respondendo	aos	vários	estímulos	presentesno	ambiente.
Diante	dessa	afirmação,	no	primeiro	momento	desta	unidade	estudaremos	sobre	a	
epistemologia	genética	e	os	seus	conceitos	básicos.	No	segundo	momento	compreendere-
mos	os	estágios	do	desenvolvimento	cognitivo	segundo	alguns	teóricos.
Portanto,	recomendo	que	durante	a	realização	da	disciplina,	você	procure	interagir	
com	os	textos,	fazer	anotações,	responder	as	atividades,	ver	as	indicações	de	leitura	e	realizar	
novas	pesquisas	sobre	os	assuntos	tratados,	pois	tais	atividades	lhe	possibilitarão	organizar	
o	seu	processo	educativo	e,	assim,	superar	os	desafios	na	construção	de	conhecimentos.	
Bom estudo e ótimos momentos de construção de aprendizagem!
5UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
1. EPISTEMOLOGIA GENÉTICA: CONCEITOS BÁSICOS
A	palavra	Epistemologia	Genética	manifesta	a	 ideia	pela	busca	do	entendimento	
científico	e	da	continuação	do	conhecimento	expressado	pelos	seres	vivos	e	sua	evolução.	
Seu	significado	está	relacionado	a:	epistemo=	conhecimento,logia=	estudo,	gene=	heredi-
tariedade,	tica=	técnica.
Até	o	século	XVIII,	havia	um	conflito	entre	duas	Epistemologias:	o	Empirismo	inglês	
e	o	Racionalismo,	que	advogavam	posições	distintas	em	relação	à	origem	do	conhecimento.	
Para	a	corrente	Empirista,	o	conhecimento	é	adquirido	por	meio	das	sensações	
captadas	pelos	órgãos	dos	sentidos.	Assim,	a	partir	da	experiência,	o	ser	humano	vai	acu-
mulando	conhecimentos.	Contrariamente,	para	a	corrente	Racionalista,	a	razão	é	a	única	
fonte	do	conhecimento.	A	mente	tem	capacidade	inata	para	gerar	ideias,	independentemen-
te	da	estimulação	ambiental.	
No	final	do	século	XVIII,	Immanuel	Kant	sugere	a	conciliação	entre	as	duas	posições	
filosóficas,	propondo	o	Interacionismo.	Para	Kant,	tanto	os	sentidos	quanto	a	razão	eram	
importantes	para	a	experiência	do	mundo.	Ele	pensava	que	o	material	para	o	conhecimento	
era	dado	pelos	sentidos,	que	se	adaptavam	às	características	da	razão.	
No	início	do	século	XX,	o	psicólogo	suíço	Jean	Piaget	retoma	o	princípio	de	Kant	
e,	a	partir	da	teoria,	a	Epistemologia Genética ou	Teoria Psicogenética,	surge	o	Cons-
trutivismo.
6UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
Segundo	Paín	(1996,	p.	36),	essa	estrutura	é	“genética,	dialética	e	material”:	ge-
nética,	no	sentido	de	gênese,	de	evolução,	que	se	“transforma	com	o	tempo”.	Dialética	e	
material,	pois	uma	estrutura	comporta	novos	conhecimentos,	até	que	não	possa	acumu-
lá-los,	sendo	necessária	uma	nova	estrutura	que	dê	conta	dessa	nova	e	mais	complexa	
organização	de	esquemas.	As	estruturas	da	inteligência	vão	sendo,	assim,	cada	vez	mais,	
regidas	por	leis	objetivas;	partem	do	individual,	das	construções	próprias	do	sujeito,	para	
uma	lógica	generalista,	classificatória,	de	ordenação	e	transferências.
As	afirmações	de	Piaget	(1971,	p.	23),	mostram	que	a	epistemologia	genética	sur-
giu	a	partir	da	afirmação	que	“não	há	gênese	sem	estrutura,	nem	estrutura	sem	gênese”.	
Diante	disso,	é	preciso	compreender	que	o	conhecimento	é	o	produto	de	uma	construção	
simultânea	e	da	relação	entre	desenvolvimento	e	aprendizagem.
A	Epistemologia	Genética,	postulada	por	Jean	Piaget	(1896	-	1980),	entende	que	o	
sujeito	tem	um	aparato	orgânico	que	lhe	possibilita	construir	conhecimento	de	acordo	com	
a	ação	sobre	o	objeto.	Assim,	“pode-se	conceber	a	inteligência	como	o	desenvolvimento	de	
uma	atividade	assimiladora	cujas	leis	funcionais	são	dadas	a	partir	da	vida	orgânica	e	cujas	
sucessivas	estruturas”.	(PIAGET,	1975,	p.	18)
A	principal	função	da	epistemologia	está	na	racional	reconstrução	do	conhecimento	
científico,	na	forma	de	conhecer	e	analisar	e	na	maneira	interdisciplinar,	político,	filosófico	
e	histórico.
A	epistemologia	 traz,	 então,	a	 teoria	de	um	conhecimento	 válido	e,	mesmo	que	
ele	permaneça	em	constante	processo,	tal	ação	será	essencial	para	a	passagem	de	uma	
aprendizagem	para	outra.
Jean	Piaget	desenvolveu	a	teoria	epistemologia	genética,	que	consiste	em	investigar	
os	mecanismos	cognitivos	responsáveis	pelos	processos	de	aquisição	e	desenvolvimento	
do	conhecimento	no	sujeito.	Piaget	considera	que	a	inteligência	do	homem	não	é	inata,	mas	
que	o	sujeito	também	não	é	passivo	diante	da	influência	do	meio,	isto	é,	ele	responde	aos	
estímulos	externos,	agindo	sobre	eles	para	construir	e	organizar	o	seu	próprio	conhecimen-
to,	de	forma	cada	vez	mais	elaborada.
Na	condição	de	epistemólogo,	Piaget	buscava	compreender	o	“sujeito	epistêmico”,	
tendo	fundamentado	os	seus	estudos	sobre	o	desenvolvimento	na	ideia	do	indivíduo	em	
processo	de	construção	do	conhecimento	(BALESTRA,	2007,	p.	145).		Piaget	não	tinha	in-
teresse	em	produzir	conhecimentos	para	a	área	de	educação,	porém	seus	estudos	tiveram	
grande	importância	no	meio	educacional	a	partir	do	século	XIX,	sendo	fonte	de	inspiração	
até	os	dias	de	hoje.	
7UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
Jean	Piaget	desenvolveu	uma	vasta	obra,	discutindo	questões	biológicas,	socioló-
gicas,	as	relações	entre	ciência	e	filosofia,	psicologia	e	pedagogia,	e	ainda	questões	sobre	
a	história	da	ciência.	Mas	foi	o	interesse	pela	epistemologia	que	levou	Piaget	a	investigar	
os	mecanismos	cognitivos	responsáveis	pelos	processos	de	aquisição	e	desenvolvimento	
do	conhecimento	no	sujeito.
A	aquisição	do	conhecimento	acontece	por	meio	da	interação	do	sujeito	com	o	meio	
e	a	partir	das	estruturas	cognitivas	 já	existentes	no	sujeito,	assim,	a	aquisição	de	novos	
conhecimentos	dependem	da	relação	do	indivíduo	com	os	objetos.	
Tem	como	objetivo	estudar	a	gênese	das	estruturas	cognitivas,	explicando-a	
pela	construção,	surgindo	assim	o	conceito	de	13	construtivismo.	Tal	estudo	
é	 mediante	 a	 interação	 radical	 entre	 sujeito	 e	 objeto.	 Para	 a	 perspectiva	
interacionista,	o	conhecimento	deve	ser	considerado	como	uma	relação	de	
interdependência	entre	o	sujeito	conhecedor	e	o	objeto	a	ser	conhecido,	e	
não	como	a	 justaposição	de	duas	entidades	dissociáveis	(INHELDER;	BO-
VET;	SINCLAIR,	1977,	p.	17).
Na	perspectiva	construtivista,	o	sujeito	é	considerado	ser	ativo	na	construção	do	seu	
conhecimento,	organizando	o	pensamento	por	intermédio	de	adaptações	e	experiências,	
em	uma	constante	interação	objeto	do	conhecimento	e	o	meio	(BIAGGIO,	1976).
De	maneira	geral,	os	estudos	de	Piaget	sobre	a	gênese	do	conhecimento	objetivaram	
o	entendimento	da	maneira	pela	qual	o	sujeito	constrói	e	organiza	o	seu	conhecimento	pelas	
ações	mútuas	entre	o	sujeito	e	o	meio.	Para	ele,	o	conhecimento	não	pode	ser	concebido	
como	algo	predeterminado	pelas	estruturas	internas	do	sujeito	e	nem	pelas	características	
do	objeto.	Todo	conhecimento	é	uma	construção,	uma	interação	(ação	recíproca	entre	o	
sujeito	e	o	objeto),	contendo	um	aspecto	de	elaboração	do	novo.
De	acordo	com	Seber	(1997,	p.	39),
Se	a	epistemologia	genética	é	possível,	 ela	deve	ser	 também	necessaria-
mente	 interdisciplinar	 [...]	Além	da	 troca	das	 ideias	entre	 físicos,	químicos,	
lógicos,	matemáticos,	a	contínua	colaboração	impede	que	alguém	desenvol-
va	a	impressão	de	‘bastar-se	a	si	mesmo’.
Procurando	compreender	como	o	homem	elabora	o	conhecimento,	Piaget	desen-
volveu	 o	 que	 denominou	 psicologia	 genética,	 que	 se	 refere	 à	 busca	 das	 origens	 e	 dos	
processos	de	formação	do	pensamento	e	do	conhecimento.	Para	ele,	conhecer	é	organizar,	
estruturar	e	explicar	a	realidade,	a	partir	daquilo	que	se	vivencia	nas	experiências	com	os	
objetos	do	conhecimento.
Segundo	 essa	 concepção,	 as	 crianças	 são	 vistas	 como	 construtoras	 do	 próprio	
conhecimento,	uma	vez	que,	por	meio	da	interação	com	o	meio	e	com	base	em	esquemas	
mentais	já	existentes,	formulam	hipóteses	na	tentativa	de	resolver	situações	inéditas.	Du-
8UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
rante	o	processo,	surgem	construções	cognitivas	em	movimento	contínuo	e	que,	movidas	
pela	busca	de	equilíbrio,	são	capazes	de	produzir	novas	estruturas	mentais.
Piaget	rejeita	o	enfoque	psicométrico	e	concebe	o	desenvolvimento	da	inteligência	
como	algo	dinâmico,	decorrente	da	construçãogradual	de	estruturas	de	conhecimento	que,	
à	medida	que	vão	sendo	construídas,	alojam-se	no	cérebro.	Assim	sendo,	“o	desenvolvimen-
to	mental	aparecerá,	então,	em	sua	organização	progressiva	como	uma	adaptação	sempre	
mais	precisa	da	realidade”	(PIAGET,	1964,	p.	16).	Isto	evidencia	que	o	conhecimento	deve	
ser	construído	pelo	aprendiz	em	um	sistema	de	relações	vivenciadas	e	significativas.
O	fundamento	básico	da	concepção	do	funcionamento	intelectual	e	do	desenvolvi-
mento	cognitivo	é	o	de	que	as	relações	entre	o	organismo	e	o	meio	são	relações	de	troca,	
pelas	quais	o	organismo	se	adapta	ao	meio	e,	ao	mesmo	tempo,	o	assimila	de	acordo	com	
suas	estruturas,	num	processo	de	equilibrações	sucessivas.
De	acordo	com	a	teoria	da	epistemologia	genética,	por	meio	das	novas	solicitações	
de	interações	realizadas	pelo	meio,	novas	estruturas	da	inteligência	vão	se	construindo	e,	
diante	disso,	o	indivíduo	adquire	novas	possibilidades	de	reorganizar	e	vivenciar	constan-
temente	as	novas	aprendizagens.
Compreendemos,	então,	que,	a	teoria	epistemológica	é	utilizada	frequentemente	
para	designar	o	que	chamamos	de	teoria	do	conhecimento.
O	egocentrismo	é	um	conceito	essencial	da	epistemologia	genética,	que	explica	
o	raciocínio	lógico	infantil.	
De	maneira	geral,	os	estudos	de	Piaget	sobre	a	gênese	do	conhecimento	objetivaram	
o	entendimento	da	maneira	pela	qual	o	sujeito	constrói	e	organiza	o	seu	conhecimento	pelas	
ações	mútuas	entre	o	sujeito	e	o	meio.	Para	ele,	o	conhecimento	não	pode	ser	concebido	
como	algo	predeterminado	pelas	estruturas	internas	do	sujeito	e	nem	pelas	características	
do	objeto.	Todo	conhecimento	é	uma	construção,	uma	interação	(ação	recíproca	entre	o	
sujeito	e	o	objeto),	contendo	um	aspecto	de	elaboração	do	novo.
Para	Terra	(2011),	o	grande	destaque	da	epistemologia	genética	está	em	superar	
as	posições	dicotômicas	entre	o	materialismo	mecanicista	e	o	idealismo,	o	objetivismo	e	o	
subjetivismo,	ou	seja,	sobrepõe	a	dualidade	corpo	versus	mente.
Por	fim,	podemos	considerar	a	epistemologia	como	o	estudo	metódico	e	reflexivo	
do	saber,	de	sua	organização,	de	sua	formação,	de	seu	desenvolvimento,	de	seu	funciona-
mento	e	de	seus	produtos	intelectuais.	A	epistemologia	é	o	estudo	do	conhecimento.
9UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
2. OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO ALGUNS TEÓRICOS
O	fundamento	básico	da	concepção	do	funcionamento	intelectual	e	do	desenvolvi-
mento	cognitivo	é	o	de	que	as	relações	entre	o	organismo	e	o	meio	são	relações	de	troca,	
pelas	quais	o	organismo	se	adapta	ao	meio	e,	ao	mesmo	tempo,	o	assimila	de	acordo	com	
suas	estruturas,	num	processo	de	equilibrações	sucessivas.
O	desenvolvimento	cognitivo	infantil	ao	ser	estimulado	propicia	que	a	criança	cons-
trua	uma	noção	de	ser	social,	ou	seja,	a	maneira	como	ela	enxerga	e	atua	no	meio	em	que	
está	inserida.
Quando	falamos	em	desenvolvimento	cognitivo,	estamos	nos	referindo	ao	aperfei-
çoamento	de	uma	gama	de	habilidades	e	competências	mentais.	Essas	capacidades	são	
inatas	a	nós,	seres	humanos,	porém	precisam	ser	 refinadas	e	 lapidadas	a	partir	de	seu	
estado	bruto.
A	palavra	cognição	apesar	de	não	ter	um	conceito	único	está	relacionada	à	capaci-
dade	de	adquirir	conhecimento	sobre	o	mundo	e	tudo	aquilo	que	ele	engloba,	sinteticamen-
te	se	trata	dos	processos	de	absorção	do	conhecimento	por	meio	do	raciocínio,	atenção,	
memória,	entre	outras	funções	cerebrais.
Outras	habilidades	infantis	também	são	estimuladas	por	meio	do	desenvolvimento	
cognitivo	 e	 o	 amadurecimento	 da	 sua	 cognição	 retrata	 a	 evolução	 dessas	 habilidades.	
Alguns	 aspectos	 que	 estão	 relacionados	 com	 a	 evolução	 cognitiva	 infantil:	 linguagem,	
coordenação	motora,	adaptação	e	psicomotricidade.
10UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
Procurando	compreender	como	o	homem	elabora	o	conhecimento,	Piaget	desen-
volveu	 o	 que	 denominou	 psicologia	 genética,	 que	 se	 refere	 à	 busca	 das	 origens	 e	 dos	
processos	de	formação	do	pensamento	e	do	conhecimento.	Para	ele,	conhecer	é	organizar,	
estruturar	e	explicar	a	realidade,	a	partir	daquilo	que	se	vivencia	nas	experiências	com	os	
objetos	do	conhecimento.	
Sabemos	que	a	compreensão	do	processo	de	desenvolvimento	cognitivo	humano	
tem	avançado	ao	longo	da	história,	pois	desde	as	concepções	mais	primitivas	e	leigas,	pas-
sando	pelas	religiosas	e	adentrando	a	ciência	(visões	inatistas,	ambientalistas	e	interacio-
nistas),	tem-se	estudado	com	afinco	o	desenvolvimento	do	homem	e	suas	características.
Segundo	 essa	 concepção,	 as	 crianças	 são	 vistas	 como	 construtoras	 do	 próprio	
conhecimento,	uma	vez	que,	por	meio	da	interação	com	o	meio	e	com	base	em	esquemas	
mentais	já	existentes,	formulam	hipóteses	na	tentativa	de	resolver	situações	inéditas.	Du-
rante	o	processo,	surgem	construções	cognitivas	em	movimento	contínuo	e	que,	movidas	
pela	busca	de	equilíbrio,	são	capazes	de	produzir	novas	estruturas	mentais.
Quando	tratamos	de	desenvolvimento	humano,	é	importante	mencionar	a	possível	
confusão	 que	 pode	 haver	 entre	 os	 termos	 “maturação”	 e	 “crescimento”.	 O	 crescimento	
refere-se	a	algumas	mudanças,	passo	a	passo,	em	termos	de	quantidade	(crescimento	do	
corpo	ou	vocabulário	de	uma	criança).	Maturação	refere-se	a	mudanças	qualitativas,	ou	
seja,	aspecto	do	desenvolvimento,	resultante	de	modificações	estruturais	e	funcionais	que	
possibilitem	comportamentos	crescentemente	complexos	(BEE,	2003).	
Fatores que influenciam o desenvolvimento humano: 
● Hereditariedade –	a	carga	genética	estabelece	o	potencial	do	indivíduo;	
● Crescimento orgânico –	refere-se	ao	organismo	(físico);	
● Maturação neurofisiológica –	torna	possível	determinado	padrão	de	comportamento;
● Meio –	o	conjunto	de	influências	e	estimulações	ambientais	altera	os	padrões	de	
comportamento	do	indivíduo.	
Aspectos do desenvolvimento humano: 
● Físico e motor –	refere-se	ao	crescimento	orgânico,	à	maturação	neurofisiológica;	
● Cognitivo –	capacidade	de	pensamento,	raciocínio;	
● Afetivo-emocional –	modo	particular	de	o	indivíduo	integrar	as	suas	experiências;	
● Social –	maneira	como	o	indivíduo	reage	diante	das	situações	que	envolvem	
					outras	pessoas.
Movimentos	organizados	e	integrados	às	funções	cognitivas	são	importantes	para	
o	desenvolvimento	pleno	do	aluno,	como	um	organismo	integrado.	Assim,	é	importante	a	
atividade	 lúdica,	realizada	por	meio	de	atividades	psicomotoras,	no	sentido	de	colaborar	
para	o	desenvolvimento	integral	da	criança,	permitindo	que	ela	tenha	um	desenvolvimento	
escolar	mais	eficiente	(COLL,	2004).
11UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
Na	 concepção	 piagetiana,	 é	 fundamentalmente	 um	 processo	 de	 equilibrações	
sucessivas	que	conduzem	a	maneiras	de	agir	e	de	pensar	cada	vez	mais	complexas	e	
elaboradas.	Este	processo	apresenta	períodos	ou	estágios	definidos,	caracterizados	pelo	
surgimento	de	novas	formas	de	organização	mental.	
A	 teoria	 piagetiana	 percebe	 o	 desenvolvimento	 cognitivo	 construído	 a	 partir	 do	
biológico.	Segundo	Piaget	(1975),	a	inteligência	começa	a	se	organizar	por	meio	de	uma	
lógica	da	ação	calcada	sobre	o	biológico	(reflexos	inatos	do	bebê),	ou	seja,	para	Piaget,	os	
atos	biológicos	são	atos	de	adaptação	ao	meio	físico.	Desta	forma,	pode-se	concluir	que	
Piaget	entendia	o	cognitivo	como	uma	adaptação	que	organiza	a	 função	de	estruturar	o	
universo	do	indivíduo.	Esse	conceito	refere-se	à	relação	entre	o	pensamento	e	os	objetos,	
uma	vez	que	a	capacidade	cognitiva	irá	construir	mentalmente	as	estruturas	capazes	de	
serem	aplicadas	às	do	meio,	assim		sujeito	constrói	o	real	por	meio	da	ação.
Neste	sentido,	podemos	afirmar	que	Piaget	se	propõe	a	construir	e	 tomar	parti-
do	entre	a	biologia	e	a	epistemologia,	procurando,	na	psicologia,	as	respostas	para	essa	
proposta.	Nesta	empreitada,	 constrói	 uma	 teoria	 científica	do	 conhecimento	que	 integra	
os	 fenômenos	cognitivos	ao	contexto	da	adaptação	do	organismo	ao	meio,	colocando	a	
biologia,	seus	conceitos	e	métodos	comoelementos	fundantes	da	sua	proposição.
De	acordo	com	Fernández	 (2001),	é	preciso	considerar	as	estruturas	cognitivas	
do	indivíduo	e	a	estrutura	de	desejo,	pois	ambas	dependem	uma	da	outra.	É	por	meio	do	
desejo	que	o	sujeito	apresenta	sobre	determinada	ação	que	ele	será	 impulsionado	para	
o	 processo	 de	 aprendizagem	 e	 será	 essa	 ação	 de	 querer	 que	 fará	 com	 que	 a	 criança	
estabeleça	uma	relação	com	o	objeto	de	conhecimento.
A	 organização	 lógica	 para	 a	 aprendizagem,	 depende	 dos	 fatores	 cognitivos	 do	
sujeito,	pois	em	relação	ao	objeto	de	conhecimento,	a	significação	simbólica	depende	dos	
fatores	emocionais,	é	preciso	levar	em	consideração	que	todo	o	sujeito	tem	uma	forma	de	
aprendizagem	e	a	sua	maneira	de	construir	o	seu	próprio	conhecimento.
Os	estudos	piagetianos,	para	Yañez	(2006),	entendem	que	a	criança	é	um	constru-
tor	ativo	do	conhecimento,	ao	passo	que	constrói	hipóteses	em	relação	ao	seu	meio.	Neste	
processo,	a	cognição	evolui	em	níveis	de	gradativa	complexidade,	de	acordo	com	as	etapas	
estabelecidas	(e	já	discutidas)	por	Piaget.	A	teoria	propõe-se	a	investigar	os	mecanismos	
que	compõem	a	inteligência.	Esses	mecanismos	são	analisados	mediante	a	observação	de	
regularidades	lógicas	universais.
Neste	sentido,	o	desenvolvimento	cognitivo	é	considerado	um	processo	contínuo	
de	construção	e	reconstrução,	ocorrendo	de	maneira	sequencial	das	ações	mentais.	Assim,	
durante	todo	o	processo	de	desenvolvimento,	é	possível	integrar	novos	dados	aos	esque-
mas	já	existentes.
Interessa-se	em	compreender	como	a	criança	constrói	seus	conhecimentos	sobre	
o	mundo	dos	adultos.	quais	são	os	mecanismos	da	lógica	infantil	para	se	conhecer	o	mundo	
12UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
e	como	a	lógica	da	criança	de	maneira	simples	avança	para	a	lógica	do	adulto	que	é	bem	
mais	 complexa,	 evidenciando	 claramente	 que	 seus	 pressupostos	 científicos	 partem	 da	
lógica	formal	para	compreender	os	fenômenos	cognitivos	no	homem.
Ao	construir	sua	 teoria	que	 trata	do	desenvolvimento	cognitivo,	Piaget	observou	
diretamente	as	crianças,	como	a	fonte	original	mais	próxima	de	sua	realidade.	Seguiram,	
para	isto,	diversos	ramos	das	ciências,	observando	que	o	sistema	cognitivo,	seleciona	e	
interpreta	ativamente	a	informação	ambiental	à	medida	que	constrói	seu	próprio	conheci-
mento.	Nesta	visão,	o	pensador	entende	que	a	mente	sempre	reconstrói	e	reinterpreta	esse	
ambiente	para	fazê-lo	encaixar	em	seu	próprio	referencial	mental	existente.
Diante	do	método	de	observação	no	espaço	escolar	infantil,	ele	constatou	que	o	co-
nhecimento	não	está	no	objeto	ou	na	criança,	mas	na	interação	de	ambos.	Dessa	maneira,	
percebeu-se	que	uma	pedagogia	experimental	proporciona	que	a	criança	pense	e	defina	
o	que	é	real	e	não	faça	apenas	a	ação	de	cópia	no	processo	de	aprendizagem.	Assim,	a	
função	da	educação	está	em	estimular	as	crianças	para	que	aprendam	por	si	próprias	e	
façam	suas	próprias	descobertas.
Para	Vygotsky	(1984),	o	desenvolvimento	cognitivo	acontece	quando	é	internalizada	
a	interação	social	com	os	materiais	fornecidos	pela	cultura	do	sujeito,	ou	seja,	esse	processo	
é	construído	de	fora	para	dentro,	pois,	para	o	autor,	o	cérebro	humano	é	a	base	biológica,	e	
sua	especificidade	define	os	limites	e	as	possibilidades	para	que	o	indivíduo	se	desenvolva.
Como	vimos,	o	autor	não	ignora	as	definições	biológicas	da	espécie	humana,	no	
entanto	atribui	enorme	importância	à	dimensão	social,	que	medeia	a	relação	do	indivíduo	
com	o	mundo.	Para	ele,	o	desenvolvimento	do	ser	humano	depende	do	aprendizado	que	
realiza	 num	 determinado	 grupo	 cultural,	 possibilitando	 o	 desenvolvimento	 das	 funções	
superiores	e	da	linguagem.
Tudo	o	que	aprendemos,	por	meio	de	experiências	e	estímulos,	na	primeira	infância	
perdura	por	toda	vida.	A	situação	social	do	desenvolvimento	é	o	ponto	de	partida	para	todas	
as	mudanças	dinâmicas	que	se	produzem	no	desenvolvimento	durante	o	período	de	cada	
idade	(VYGOTSKI,	1996,	p.	264)
Por	fim,	o	desenvolvimento	cognitivo	é	produzido	pelo	processo	de	internalização	
da	 interação	 social	 com	materiais	 fornecidos	pela	 cultura,	 sendo	que	esse	processo	 se	
constrói	de	fora	para	dentro,	ou	seja,	primeiro	a	criança	interage	com	o	mundo	e,	a	partir	
disso,	seu	cérebro	se	desenvolve,	fundamentando	a	ideia	de	que	as	funções	psicológicas	
superiores	são	construídas	ao	longo	da	história	social	do	homem.
13UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
SAIBA MAIS
Caro(a)	aluno(a),	a	epistemologia	genética	apresenta	que	o	conhecimento	se	constrói	a	
partir	das	interações	com	o	mundo	e,	por	isso,	põe-se	em	oposição	aos	moldes	do	empi-
rismo,	que	vincula	a	ideia	de	que	toda	origem	do	conhecimento	se	deve	exclusivamente	
aos	efeitos	da	experiência.
Considerada	uma	teoria	fundada	em	uma	linha	evolutiva	que	busca	compreender	o	de-
senvolvimento	do	ser	humano,	a	epistemologia	genética	é	a	gênese	do	conhecimento	
no	ser	humano,	a	partir	de	suas	bases	biológicas.	
Essa	teoria	defende	que	o	conhecimento	não	pode	ser	adquirido	como	algo	predetermi-
nado,	nem	nas	estruturas	internas	do	indivíduo	nem	nas	características	preexistentes	do	
objeto,	mas	sim	na	relação	e	interação	produzida	por	ambos.
Piaget	 (2007)	 afirma	que	a	 epistemologia	 genética	 se	apresenta	 não	 somente	 como	
uma	teoria	explicativa	da	experiência	do	conhecimento,	mas,	sobretudo,	para	sugerir	
uma	prática	pedagógica	pautada	no	entendimento	de	que	conhecer	é	uma	construção	
que	nasce	da	relação	do	corpo	que	age	e	sente	o	mundo.
Sendo	assim,	a	epistemologia	genética	possibilita	que	o	sujeito	diante	das	novas	inte-
rações	realizadas	pelo	meio,	organize	as	novas	estruturas	da	inteligência	que	vão	se	
construindo	e	diante	disso	novas	situações	de	reorganizar	e	vivenciar	constantemente	
as	variadas	aprendizagens	acontecem	constantemente	no	desenvolvimento	infantil.
Fonte:	a	autora.
SAIBA MAIS
Prezado(a)	acadêmico(a),	de	acordo	com	a	concepção	de	Piaget	(1975),	o	ser	humano	
somente	conhece	a	realidade	atuando	sobre	ela,	por	isso	estabelece	intercâmbio	com	o	
meio	através	dos	esquemas	de	ação	e	dos	esquemas	de	representação.
Os	fatores	cognitivos	do	sujeito	são	os	responsáveis	pela	organização	lógica	da	apren-
dizagem	infantil.	Todo	indivíduo	possui	uma	maneira	de	aprender	e	a	sua	forma	de	cons-
truir	o	seu	próprio	conhecimento.
Sendo	assim,	ao	ser	estimulado	o	desenvolvimento	cognitivo	infantil	proporciona	para	a	
criança	uma	noção	de	ser	social,	possibilitando	que	ela	construa	sua	maneira	de	enxer-
gar	e	atuar	no	meio	em	que	está	inserida.
Fonte:	a	autora.
14UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
REFLITA 
De	um	modo	geral,	o	problema	apresentado	pela	epistemologia	genética	consiste	em	
decidir	se	a	gênese	das	estruturas	cognitivas	constitui	apenas	o	conjunto	das	condições	
de	acesso	aos	conhecimentos	ou	se	ela	atinge	suas	condições	constitutivas.	A	alterna-
tiva	é,	pois,	a	seguinte:	corresponde	a	gênese	a	uma	hierarquia	ou	mesmo	a	uma	filia-
ção	natural	das	estruturas,	ou	apenas	descreve	o	processo	temporal	segundo	o	qual	o	
indivíduo	as	descobre	a	título	de	realidades	preexistentes?	Neste	último	caso,	isso	seria	
o	mesmo	que	dizer	que	essas	estruturas	estavam	pré-formadas,	quer	nos	objetos	da	
realidade	física,	quer	no	próprio	indivíduo	a	título	de	a	priori,	quer	ainda	no	mundo	ideal	
dos	possíveis,	num	sentido	platônico.	Ora,	a	ambição	da	epistemologia	genética	era	
mostrar,	pela	análise	da	própria	gênese,	a	 insuficiência	dessas	três	hipóteses,	donde	
resulta	a	necessidade	de	ver	na	construção	genética	lato	sensu	uma	construção	efetiva-
mente	constitutiva	(PIAGET,	2007,	p.	111).
O	desenvolvimento	mental	do	indivíduo,	segundo	Piaget,	é	acelerado	pela	transmissão	
social,	pois	a	construção	operatória,	que	 traduz	em	estruturas	mentais	as	potenciali-
dades	proporcionadas	pelo	sistema	nervoso,	apenas	se	efetua	devido	às	 funções	de	
interações	dos	indivíduos.	É	a	interdependência	entre	os	fatores	mentais	e	as	relações	
interindividuais	que	contribui	para	a	construção	progressiva	das	operações	intelectuais.A	relação	interindividual	produz	transformações	nos	sujeitos	individualmente:	um	sujei-
to	contribuindo	para	a	transformação	do	outro	e	vice-versa	(CAVALCANTE;	ORTEGA,	
2008,	p.	450).
15UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos	a	Unidade	I	da	disciplina	de	Desenvolvimento Cognitivo e Análise 
Qualitativa do Diagnóstico Operatório,	intitulada	Desenvolvimento	Cognitivo.
No	primeiro	momento	analisamos	a	 importância	da	epistemologia	genética	e	os	
seus	conceitos	básicos,	pois	se	apresenta	como	uma	teoria	de	conhecimentos	significativos	
e	mesmo	que	eles	permaneçam	em	constante	processo,	essa	ação	será	essencial	para	a	
evolução	da	aprendizagem.
Assim,	a	principal	função	da	epistemologia	está	no	processo	de	reconstrução	do	
conhecimento	científico,	possibilitando	ao	sujeito	o	ato	de	conhecer	e	analisar	e	na	maneira	
interdisciplinar	dos	conteúdos	políticos,	filosóficos	e	históricos.
No	segundo	momento	estudamos	sobre	os	estágios	do	desenvolvimento	cognitivo	
segundo	alguns	 teóricos,	 compreendendo	que	a	 aprendizagem	cognitiva	 se	 constrói	 de	
fora	para	dentro,	ou	seja,	pelo	processo	de	internalização	da	interação	social	com	materiais	
fornecidos	pela	cultura.
Sendo	assim,	a	organização	lógica	para	o	desenvolvimento	da	aprendizagem	de-
pende	dos	fatores	cognitivos	do	sujeito	e	é	preciso	levar	em	consideração	que	toda	pessoa	
tem	uma	forma	de	aprendizagem	e	a	sua	maneira	de	construir	o	seu	próprio	conhecimento.
Portanto,	procuramos	contribuir	para	que	você	caminhe	ao	encontro	de	outras	pos-
sibilidades	de	entendimento	sobre	o	processo	de	desenvolvimento	cognitivo,	e	a	evolução	
dessa	aprendizagem	que	é	contínua	na	construção	e	reconstrução	das	ações	mentais.	
16UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
LEITURA COMPLEMENTAR
Olá,	estudante,	a	leitura	complementar	para	a	nossa	primeira	unidade	será	o	artigo	
A Epistemologia Genética de Jean Piaget: Uma Articulação Crítico Reflexiva,	 das	
autoras	Ana	Maura	Tavares	dos	Anjos	e	Andréa	da	Costa	Silva.		
As	autoras	nos	trazem	um	aporte	teórico	que	nos	apresenta	uma	reflexão	sobre	a	
teoria	da	Epistemologia	Genética	de	Jean	Piaget,	englobando	a	sua	concepção	de	homem,	
a	relação	indivíduo-sociedade,	relação	teoria-prática,	os	fins	sociais	da	educação	e	o	papel	
do	professor	no	processo	educativo.
Por	fim,	podemos	entender	que	a	Epistemologia	Genética,	 isto	é,	uma	 teoria	do	
conhecimento	centrada	no	desenvolvimento	natural	da	criança,
Segue	o	link	de	acesso:	https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/24840
Aproveite	o	material	e	boa	leitura!
https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/24840
17UNIDADE I Desenvolvimento Cognitivo
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título:	Epistemologia	Genética
Autor:	Wilson	da	Silva	e	Maria	Regina	Mocelin
Editora:	Intersaberes
Sinopse: O	primeiro	passo	desta	obra	é	apresentar	os	pressupos-
tos	filosóficos	que	dão	base	a	epistemologia	genética	de	Piaget.	
Com	base	nisso,	fala	sobre	os	estágios	do	desenvolvimento	cog-
nitivo	 e	 discute	 conceitos	 fundamentais	 das	 teorias	 piagetianas,	
explorando	 suas	 implicações	 educacionais,	 discorrendo	 sobre	
as	 provas	 piagetianas	 e,	 por	 fim,	 apresentando	 críticas	 feitas	 à	
epistemologia	genética	e	a	Piaget.
FILME/VÍDEO 
Título: Epistemologia	Genética
Ano:	2019
Sinopse:	 O	 vídeo	 procura	 mostrar	 a	 importância	 da	 teoria	 de	
Piaget	e	o	papel	dos(as)	educadores(as)	no	desenvolvimento	da	
epistemologia	genética	no	espaço	escolar,	compreendendo	assim	
os	processos	de	desenvolvimento	humano	e	o	ensino.			
https://www.youtube.com/watch?v=FzNDqj1QWHw
https://www.youtube.com/watch?v=FzNDqj1QWHw
18
Plano de Estudo:
A	seguir,	apresentam-se	os	tópicos	que	você	estudará	nesta	unidade:
●	A	teoria	de	Jean	Piaget	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo
●	A	teoria	de	Vygotsky	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo
Objetivos da Aprendizagem:
●	Conhecer	a	teoria	de	Jean	Piaget	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo
●	Compreender	a	teoria	de	Vygotsky	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo	
UNIDADE II
As Teorias do Desenvolvimento 
Cognitivo e suas Reflexões na Prática 
Pedagógica
Professora Ma. Priscila da Rocha Luiz Bueno
19UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	estudante,
Seja	bem-vindo(a)	à	Unidade	II	da	disciplina	Desenvolvimento Cognitivo e Aná-
lise Qualitativa do Diagnóstico Operatório	do	curso	de	Graduação	em	Psicopedagogia.	
As	inúmeras	teorias	do	desenvolvimento	procuram	demonstrar,	por	pontos	de	vista	
diferentes,	os	processos	de	desenvolvimento	e	as	possíveis	 interferências	nas	questões	
sociais,	emocionais	e	culturais	do	sujeito.
Nessa	perspectiva,	Piaget	(1996)	procura	compreender	a	gênese	do	conhecimento	
e	acredita	que	o	desenvolvimento	humano	está	no	avanço	das	maneiras	inferiores	do	de-
senvolvimento	para	maneiras	mais	complexas	de	aprendizagem.
De	acordo	com	Rodrigues	(2005),	para	obter	uma	prática	educativa	mais	humana,	
democrática	e	que	conduza	o	sujeito	para	sua	emancipação,	é	preciso	conhecer	as	bases	
psicológicas	do	desenvolvimento	da	aprendizagem.
Vygotsky	(1991)	acredita	que	o	desenvolvimento	é	um	processo	e	sua	mediação	se	
dá	pelas	interações	entre	o	meio	e	o	sujeito.	Assim,	o	desenvolvimento	é	um	processo	de	
ensino-aprendizagem	que	ocorre	de	fora	para	dentro.
Diante	dessa	afirmação,	esta	unidade	nos	levará	a	compreensão	da	teoria	de	Jean	
Piaget	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo	e	em	seguida	abordaremos	também	a	teoria	de	
Vygotsky	sobre	o	desenvolvimento	cognitivo,	para	buscar	elementos	norteadores	de	uma	
teoria	e	da	outra,	a	fim	de	acrescentar	na	prática	o	resultado	dessa	junção	e	como	cada	autor	
pode	contribuir	para	que	a	ação	docente	esteja	adequada,	possibilitando	uma	aprendizagem	
eficaz	para	os(as)	seus(as)	alunos(as).	 Sendo	assim,	a	Pedagogia	abrange	o	campo	teóri-
co	e	investigativo	da	educação,	do	ensino,	de	aprendizagens	e	do	trabalho	pedagógico.
Espero	que	estes	textos	colaborem	para	a	sua	melhor	compreensão	sobre	o	tema	
de	nossa	segunda	unidade.
Boa leitura!
20UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
1. A TEORIA DE JEAN PIAGET SOBRE O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Jean	Piaget,	suíço,	falecido	em	1980,	com	mais	de	80	anos,	foi	um	grande	estudio-
so	do	processo	de	conhecimento;	dedicou	60	anos	à	pesquisa	na	área,	produziu	dezenas	
de	livros	e	abundantes	artigos	sobre	o	assunto.
Com	o	nascimento	de	seus	três	filhos,	Piaget	dedicou-se	à	observação	meticulosa	
do	desenvolvimento	dos	bebês,	elaborando	análises	sobre	a	construção	do	real	e	o	desen-
volvimento	da	inteligência.	Concentrou	sua	pesquisa	na	gênese	das	noções	de	quantidade,	
número,	tempo,	espaço,	velocidade,	movimento,	mensuração,	lógica	e	probabilidade.
A	epistemologia	da	ciência	foi	sua	grande	preocupação.	Posicionando-se	diante	das	
várias	explicações	sobre	fontes	e	critérios	para	o	conhecimento,	percebeu	a	necessidade	
de	fazer	da	epistemologia	uma	nova	ciência.	
Descobriu	que,	para	entender	o	pensamento	adulto	e	a	pesquisa	científica,	seria	
necessário	estudar	a	origem	do	processo	de	conhecer	e	seu	evoluir,	desde	o	nascimento	
da	criança	até	à	 idade	adulta,	e	a	 formação	dos	ramos	básicos	da	ciência.	Este	 foi	seu	
programa	de	pesquisa.	
Iniciou	com	o	estudo	do	processo	de	formação	do	conhecimento,	a	partir	do	nas-
cimento	 (Psicologia	 do	Desenvolvimento,	 com	enfoque	 epistemológico);	 concluiu	 com	o	
estudo	da	epistemologia	das	ciências.
21UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
A	interação	com	crianças	fez	parte	de	sua	carreira,	fazendo	com	que	ele	estudasse	
o	processo	de	raciocínio	infantil.	A	Psicologia	e	a	Pedagogia	tiveram	grande	impacto	comos	
estudos	de	Piaget.
O	conhecimento	humano	ultrapassa	o	nível	do	conhecimento	animal,	evoluindo	da	
simples	convivência	com	o	meio	ambiente	para	conhecimentos	extremamente	abstratos,	
elaborados,	causais,	que	lhe	permitem	interferir	profundamentena	natureza	e	em	si	mesmo.
Organização	seletiva	que	a	cognição	realiza	dá-se	em	um	processo	perma-
nente	de	interação	do	homem	com	o	meio	ambiente,	através	da	apreensão	
do	que	é	útil	e	necessário	à	adaptação	do	homem	ao	mundo	(RODRIGUES,	
2005,	p.	119).
De	suas	pesquisas,	Piaget	(1987)	conclui	que	o	processo	de	formação	de	conhe-
cimentos	tem	as	características	básicas	do	funcionamento	dos	seres	vivos	em	sua	relação	
com	o	meio:	adaptar-se	e	autorregular-se	continuamente,	uma	vez	que	a	função	de	conhe-
cer	é	um	dos	aspectos	da	manifestação	vital	do	homem.
De	maneira	geral,	os	estudos	de	Piaget	sobre	a	gênese	do	conhecimento	objetivaram	
o	entendimento	da	maneira	pela	qual	o	sujeito	constrói	e	organiza	o	seu	conhecimento	pelas	
ações	mútuas	entre	o	sujeito	e	o	meio.	Para	ele,	o	conhecimento	não	pode	ser	concebido	
como	algo	predeterminado	pelas	estruturas	internas	do	sujeito	e	nem	pelas	características	
do	objeto.	Todo	conhecimento	é	uma	construção,	uma	interação	(ação	recíproca	entre	o	
sujeito	e	o	objeto),	contendo	um	aspecto	de	elaboração	do	novo.
Os	estágios	sucedem-se	numa	ordem	de	desenvolvimento,	sendo	um	estágio	sem-
pre	integrado	ao	seguinte.	Cada	estágio	caracteriza-se	por	uma	maneira	típica	de	agir	e	de	
pensar	e	constitui	uma	forma	particular	de	equilíbrio	em	relação	ao	meio.	Piaget	destaca	
quatro	períodos	principais:	o sensório-motor, o pré-operacional, o de operações con-
cretas e o de operações formais.
● Estágio Sensório-Motor (0 a 2 anos): caracteriza-se	pela	forma	de	inteligência	
empírica,	exploratória,	não	verbal.	A	criança	aprende	pela	experiência,	examinando	e	expe-
rimentando	com	os	objetos	ao	seu	alcance,	somando	conhecimentos.	
A	interação	da	criança	com	o	ambiente	é	estabelecida	por	ações	sensoriais,	como	
ver	e	ouvir,	ou,	ainda,	por	ações	físicas,	como	agarrar,	tocar,	sugar,	chorar.	
Embora	o	desenvolvimento	cognitivo	seja	um	processo	que	tem	início	no	dia	em	
que	a	criança	nasce,	contudo,	no	início,	o	bebê	não	pensa	no	sentido	de	planejar,	de	forma	
intencional	e	suas	explorações	são	provocadas	por	reflexos	e	pelo	acaso.	
O	período	sensório-motor	compõe-se	de	seis	subestágios	(BIAGGIO,	2003):
22UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
1. Reflexo (0 a 1 mês): neste	período,	o	bebê	relaciona-se	com	o	mundo	por	meio	
dos	sentidos	e	da	ação.	Os	reflexos	inatos	proporcionam-lhe	um	repertório	mí-
nimo	de	conduta,	porém	suficiente	para	sua	sobrevivência.	A	criança	limita-se	a	
exercitar	seu	reflexo,	por	exemplo,	o	reflexo	de	sucção.	
2. Reação circular primária (1 a 4 meses): ocorre	a	formação	das	primeiras	es-
truturas	adquiridas:	os	hábitos.	Começam	a	surgir	as	primeiras	coordenações	
motoras	como	preensão-sucção,	visão-audição.	As	primeiras	noções	da	realida-
de	começam	a	ser	elaboradas,	tais	como	as	de	espaço,	tempo,	causalidade	e	
permanência	do	objetivo.	
3. Reações circulares secundárias (4 a 8 meses): enquanto	a	reação	primária	
é	centralizada	no	próprio	corpo	(por	exemplo,	levar	o	polegar	à	boca),	a	reação	
secundária	envolve	objetos	externos.	Se	o	bebê	casualmente	alcança	o	móbile	
de	seu	berço,	este	movimento	tende	a	ser	repetido.	Nesse	estágio,	a	criança	já	
interage	com	o	meio,	sua	estrutura	já	não	é	mais	só	biológica,	os	novos	esque-
mas	são	mais	ricos	e	variados,	possibilitando	uma	atividade	mais	liberada.	
4. Coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses): a	criança	já	é	capaz	
de	encontrar	objetos	escondidos,	contudo,	se	escondermos	um	objeto	primeiro	
sob	uma	almofada	e	depois	sob	outra,	a	criança	persistirá	em	procurá-lo	sobre	
a	primeira.	No	subestágio	anterior,	o	bebê	descobre	o	objeto	por	acaso,	agora,	
desde	o	início,	existe	um	objetivo.	Destaca-se,	nesse	subestágio:	o	aparecimen-
to	da	intencionalidade;	acentua-se	a	atenção	com	relação	ao	meio;	surgem	as	
primeiras	coordenações	do	tipo;	coordenação	dos	esquemas	de	representação,	
facilitando	a	compreensão	dos	objetos	e	fatos;	distinção	de	pessoas.	
5. Reações circulares terciárias (12 a 19 meses): começa	a	experimentar	ati-
vamente	novos	comportamentos.	A	criança	começa	a	usar	novos	meios	para	
atingir	 seus	objetivos	e	 realizar	 verdadeiros	atos	de	 inteligência	e	solução	de	
problemas	 (aproxima	um	objeto,	puxando	algo	sobre	o	qual	está	situado,	por	
exemplo,	uma	manta	ou	uma	almofada;	usa	um	bastão	para	alcançar	um	objeto	
afastado;	 tenta	 passar	 um	boneco	 horizontalmente	 pelas	 grades	 verticais	 até	
entender	que	precisa	girar	para	fazê-lo	passar).	
6. Início do simbolismo (18 a 24 meses): representa	a	transição	para	o	estágio	
pré-operacional,	traz	o	início	da	linguagem.	Se	nos	subestágios	anteriores	o	bebê	
se	restringia	aos	dados	da	experiência,	agora	começa	a	usar	símbolos	mentais	e	
palavras	para	se	referir	aos	objetos	ausentes.	A	aquisição	da	linguagem	mudará	
as	 relações	 da	 criança,	 abrindo	 novas	 perspectivas	 ao	 seu	 desenvolvimento	
intelectual.	
23UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
● Estágio Pré-Operatório (2 aos 6 anos): caracteriza-se	pelo	desenvolvimento	da	
capacidade	da	criança	de	representação	de	objetos	e	eventos.	Os	objetos	da	percepção	ganham	
a	representação	por	palavras,	as	quais	o	indivíduo,	ainda	criança,	maneja	experimentalmente	
em	sua	mente,	assim	como	havia	previamente	experimentado	com	objetos	concretos.
As	 representações	podem	ocorrer	 também	pela	 imitação diferida,	que	consiste	
no	fato	de	imitar	alguém	ou	objeto	ou	fatos	que	já	aconteceram.	A	imitação	é	importante	no	
sentido	de	comprovar	que	a	criança	desenvolveu	a	capacidade	de	representar	mentalmente	
o	que	está	imitando	(BIAGGIO,	2003).	
Características	do	pensamento	pré-operacional	(PAPALIA,	2000):	
1. O egocentrismo: é	uma	das	marcas	do	estágio	pré-operacional,	definido	como	
a	 incapacidade	de	a	criança	colocar-se	no	 lugar	do	outro,	 isto	é,	ela	sempre	
toma	a	si	mesma	como	ponto	de	referência.	
2. O antropomorfismo: implica	na	atribuição	da	forma	humana	a	objetos	e	ani-
mais,	realizada	pela	criança.
3. O animismo: a	criança	“empresta	a	alma”	aos	objetos	e	animais,	atribuindo-
-lhes	sentimentos	e	intenções	próprias	do	ser	humano.	
4. A centralização: a	criança	centraliza-se	em	apenas	uma	dimensão	do	proble-
ma,	não	é	capaz	de	considerar	mais	de	um	aspecto	de	um	problema	ao	mesmo	
tempo	 (por	 exemplo,	 na	partilha	de	um	 refrigerante,	 ela	 considera	apenas	a	
altura	do	líquido	no	copo.	Ainda	não	é	capaz	de	levar	em	conta	as	várias	dimen-
sões	envolvidas	no	problema).
5. Irreversibilidade: refere-se	à	incapacidade	de	a	criança	entender	que	certos	
fenômenos	são	 reversíveis,	 isto	é,	que	quando	 fazemos	uma	 transformação,	
podemos	 também	 desfazer	 ou	 restaurar	 o	 estado	 original	 (por	 exemplo,	 se	
fervermos	a	água,	podemos	transformá-la	em	vapor,	da	mesma	forma,	esfrian-
do-se	o	vapor,	este	volta	à	forma	original	líquida).
6. Raciocínio transdutivo: a	 criança	 pré-operacional	 usa	 um	 tipo	 raciocínio	
que	Piaget	chama	de	“trandutivo”,	isto	é,	ela	chega	a	conclusões	partindo	do	
particular	e	chegando	ao	particular	(por	exemplo,	a	criança	que	sempre	vê	o	
pai	aquecer	água	para	fazer	a	barba,	conclui	que	sempre	que	alguém	aquece	
água,	necessariamente	vai	fazer	a	barba).
24UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
● Estágio das operações Concretas (7 aos 12 anos): a	criança	já	possui	orga-
nização	mental	integrada,	os	sistemas	de	ação	reúnem-se	em	todos	integrados.	Piaget	fala	
em	operações	de	pensamento	ao	invés	de	ações.	É	capaz	de	ver	a	totalidade	de	diferentes	
ângulos.	Conclui	 e	 consolida	 as	 conservações	 do	 número,	 da	 substância	 e	 do	 peso.	É	
capaz	de	classificar	objetos	conforme	semelhanças	ou	diferenças.
Para	Piaget	(1976),	é	nesse	estádio	que	se	reorganiza	verdadeiramente	o	pensa-
mento.	A	partir	deste	estádio	(operações	concretas),	as	crianças	começam	a	ver	o	mundo	
com	mais	realismo,	deixam	de	confundir	o	realcom	a	fantasia.	A	criança	já	consegue	realizar	
operações,	no	entanto,	precisa	de	realidade	concreta	para	realizá-las,	ou	seja,	necessita	da	
noção	da	realidade	concreta	para	que	seja	possível,	à	criança,	efetuar	as	operações.
● Estágio das Operações Formais (11 aos 15 anos): raciocinar	dedutivamente,	
fazer	hipóteses	a	respeito	de	soluções	para	o	problema,	pensar	simultaneamente	em	várias	
hipóteses.	É	capaz	de	 raciocínio	científico	e	de	 lógica	 formal	e	pode	aceitar	a	 forma	de	
um	argumento,	embora	deixe	de	lado	seu	conteúdo	concreto,	de	onde	se	origina	o	termo	
“operações	formais”.
Os	estágios	têm	caráter	 integrativo.	As	estruturas	construídas	a	um	nível	são	in-
tegradas	nas	estruturas	do	nível	seguinte	 (por	exemplo,	um	“esquema	de	 reunião”	para	
condutas	como	a	de	um	bebê	que	empilha	toquinhos,	permanece	na	criança	mais	velha	
que	junta	objetos	procurando	classificá-los).	
A	 ordem	em	que	 as	 estruturas	mentais	 se	 sucedem	e	 evoluem	é	 sempre	
constante,	mesmo	que	cronologicamente	não	seja	exata,	podendo	a	 idade	
variar,	mas	não	a	ordem	de	sucessão	das	aquisições.	A	cada	nova	fase	os	
novos	 conhecimentos	 se	 integram	ao	 saber	 pré-existente,	 ou	 seja,	 há	 um	
caráter	 integrativo	em	cada	estágio.	Cada	estágio	apresenta-se	como	uma	
estrutura	de	conjunto,	pois	as	aquisições	se	integram	e	passam	a	formar	um	
todo.	Os	estágios	estão	 interligados	no	sentido	de	que	cada	estágio	 com-
preende	um	nível	de	preparação	de	uma	nova	etapa	e	de	acabamento	de	
outra	(BALESTRA,	2007,	p.	185).
Assim,	o	desenvolvimento	por	estágios	sucessivos	realiza,	em	cada	estágio,	um	
patamar	de	equilíbrio.	Desde	que	o	equilíbrio	seja	atingido	num	ponto,	a	estrutura	é	inte-
grada	em	um	novo	equilíbrio	em	formação,	sempre	mais	estável	e	de	campo	sempre	mais	
extenso.	A	ordem	de	sucessão	das	aquisições	é	constante,	no	sentido	de	que	uma	carac-
terística	não	aparecerá	antes	de	outra	num	conjunto	de	indivíduos,	e	depois	em	sequência	
diferente,	em	outro	conjunto	(BIAGGIO,	2003).
Piaget	(1996)	afirma	que,	do	ponto	de	vista	biológico,	fica	tudo	aquilo	que	herdamos	
de	positivo	e	o	funcionamento	intelectual	acontece	com	base	na	relação	com	o	ambiente.	
Assim,	por	toda	vida	e	de	maneira	constante	o	funcionamento	está	presente	e,	com	base	
nele,	as	estruturas	cognitivas	aparecem.
25UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
Terra	 (2021)	 aponta	 que	 a	 teoria	 piagetiana	 para	 o	 processo	 de	 aprendizagem	
contribui	significativamente	com	a	aprendizagem	do	indivíduo,	pois	possibilita	que	novos	
parâmetros	 sejam	estabelecidos	por	meio	dos	estágios	de	desenvolvimento	da	 criança,	
valorizando	os	erros	e	utilizando-os	como	estratégias	durante	as	possibilidades	de	apren-
dizagens,	compreendendo	que	a	forma	de	aprender	é	diferente	de	um	sujeito	para	o	outro.
Sendo	assim,	a	Teoria	de	Jean	Piaget	tem	como	abordagem	compreender	o	desenvol-
vimento	da	criança,	com	base	nas	mudanças	psicológicas	que	elas	sofrem	no	decorrer	da	vida.
26UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
2. A TEORIA DE VYGOTSKY SOBRE O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Lev	Vygotsky	nasceu	na	Rússia,	no	ano	de	1896,	é	um	dos	pesquisadores	mais	
importantes	da	Teoria	Histórico-Cultural,	 formou-se	em	Direito	e	Medicina	e	atuou	como	
professor	e	pesquisador	no	campo	da	Psicologia.	Construiu	sua	teoria	 tendo	por	base	o	
desenvolvimento	do	indivíduo	como	resultado	de	um	processo	sócio-histórico,	enfatizando	
o	papel	da	linguagem	e	da	aprendizagem	nesse	desenvolvimento.
Em	seus	estudos	sugeriu	mecanismos	apontando	que	a	cultura	faz	parte	da	na-
tureza	de	cada	sujeito	ao	dizer	que	as	funções	psicológicas	são	um	produto	de	atividade	
cerebral.	 Foi	 o	 primeiro	 psicólogo	 que	 conseguiu	 explicar	 as	mudanças	 dos	 processos	
psicológicos	em	processos	complexos.
Inspirada	no	materialismo	histórico	e	dialético,	a	teoria	histórico-cultural	considera	o	
desenvolvimento	da	complexidade	da	estrutura	humana	como	um	processo	de	apropriação	
pelo	homem	da	experiência	histórica	e	cultural.	Desta	forma,	organismo	e	meio	exercem	
influência	recíproca.
Segundo	Vygotsky	(1991),	desde	o	nascimento	da	criança,	o	aprendizado	está	rela-
cionado	ao	desenvolvimento,	um	aspecto	necessário	e	universal	do	processo	de	desenvol-
vimento	das	funções	psicológicas	culturalmente	organizadas	e	especificamente	humanas.	
Existe	um	percurso	de	desenvolvimento	entre	o	processo	de	maturação	do	orga-
nismo	individual,	o	aprendizado	é	quem	possibilita	o	despertar	de	processos	internos	de	
desenvolvimento	que,	não	fosse	o	contato	do	indivíduo	com	certo	ambiente	cultural,	isso	
27UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
não	aconteceria.	O	indivíduo	que	vive	em	um	grupo	cultural	isolado,	sem	ter	acesso	a	um	
mundo	letrado,	esse	indivíduo	jamais	será	alfabetizado.	
Assim,	o	aprendizado	ou	a	aprendizagem	é	o	processo	pelo	qual	o	indivíduo	adquire,	
através	das	informações,	habilidades,	atitudes,	valores,	costumes	absorvidos	a	partir	do	seu	
contato	com	o	meio	ambiente	e	as	pessoas	com	quem	convivem	desde	o	nascimento.	É	um	
processo	diferente	dos	fatores	inatos	do	ser	humano,	como	mamar,	chorar	etc.	Para	Vygotsky	
(1991),	a	concepção	de	aprendizado	inclui	a	interdependência	dos	indivíduos	envolvidos	no	
processo,	ou	seja,	o	aprendizado	depende	do	envolvimento	de	uma	interação	social.
Outro	exemplo	que	Vygotsky	(1991)	aborda	é	o	de	uma	criança	normal	que	cresce	
rodeada	 apenas	 de	 pessoas	 surdas	 e	mudas,	 afirmando	 que	 esta	mesma	 criança	 não	
desenvolveria	a	linguagem	oral.	
A	Teoria	Histórico-Cultural	define	dois	níveis	de	desenvolvimento	cognitivo:	o	real	
e	o	proximal	(ou	potencial).	O	nível	de	desenvolvimento	real	é	a	capacidade	de	o	sujeito	
solucionar	problemas	sozinho,	ou	seja,	define	as	funções	que	já	amadureceram.	O	nível	de	
desenvolvimento	proximal	(ou	potencial)	é	uma	área	de	potencialidades,	na	qual	o	sujeito	
necessita	da	mediação	do	“outro”	para	a	solução	de	problemas,	ou	seja,	define	as	funções	
que	possuem	bases	necessárias	para	serem	desenvolvidas	(REGO,	1998).
Vygotsky	(1991)	define	três	níveis	de	desenvolvimento	cognitivo,	são	eles:	Desen-
volvimento	Potencial,	Desenvolvimento	Real	e	Desenvolvimento	Potencial.	
● Zona de desenvolvimento potencial: é	toda	atividade	e/ou	conhecimento	que	
a	criança	ainda	não	domina,	mas	que	se	espera	que	seja	capaz	de	saber	e/ou	 realizar,	
independentemente	da	cultura	em	que	está	inserida.	
● Zona de desenvolvimento real:	é	tudo	aquilo	que	a	criança	é	capaz	de	realizar	
sozinha,	conquistas	já	consolidadas,	“processos	mentais	que	já	se	estabeleceram;	ciclos	
de	desenvolvimento	que	já	se	completaram”	(LEITE;	LEITE;	PRANDI,	2009,	p.	206).	Nessa	
zona	está	pressuposto	que	a	criança	já	tenha	conhecimentos	prévios	sobre	as	atividades	
que	realiza,	ou	seja,	define	as	funções	que	já	amadureceram.
● Zona de desenvolvimento proximal:	é	a	distância	entre	o	que	a	criança	já	pode	
realizar	sozinha	e	aquilo	que	ela	somente	é	capaz	de	desenvolver	com	auxílio	de	outra	
pessoa.	Conforme	Vygotsky	(1989),	essa	é	a	zona	cooperativa	do	conhecimento,	é	uma	
área	de	potencialidades	na	qual	o	sujeito	necessita	da	mediação	do	“outro”	para	a	solução	
de	problemas,	ou	seja,	define	as	funções	que	possuem	bases	necessárias	para	serem	de-
senvolvidas	(REGO,	1998).	Na	zona	de	desenvolvimento	proximal,	o	aspecto	fundamental	
é	a	realização	de	atividades	com	a	ajuda	de	um	mediador	que	possibilita	a	concretização	
do	desenvolvimento	que	está	próximo,	ajuda	a	transformar	o	desenvolvimento	potencial	em	
desenvolvimento	real.
28UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
Sobre	 este	 assunto	 Vygotsky	 analisou	 a	 microgênese,	 que	 configura	 um	
espaço	microscópico	entre	o	saber	e	o	não	saber,	ou	seja,	o	que	já	temos	
de	aprendizado	efetivo	no	Desenvolvimento	Real	e	o	que	podemos	alcançar	
comoaprendizado	num	futuro	muito	próximo,	compreendido	como	Desenvol-
vimento	Potencial	(VYGOTSKY,	2001,	p.	111).
Para	Vygotsky	(1991),	a	criança	nasce	apenas	com	as	funções	cognitivas	elementa-
res,	que	se	ampliam	para	as	funções	complexas	a	partir	do	contato	com	a	cultura,	o	que	não	
acontece	automaticamente,	mas	sim	por	meio	de	intermediações	de	outros	sujeitos,	sendo	
essas	intermediações	responsáveis	por	formar	significados	e	valores	sociais	e	históricos.
O	 desenvolvimento	 é	 um	processo	 de	 ensino-aprendizagem	que	 ocorre	 de	 fora	
para	dentro.	É	no	processo	de	ensino-aprendizagem	que	ocorre	a	apropriação	da	cultura,	
a	objetivação	do	mundo	e	o	consequente	desenvolvimento	do	indivíduo	e	a	transformação	
permanente	do	mundo.
O	 homem	 constitui-se	 como	 tal	 pelas	 interações	 sociais,	 portanto	 é	 visto	 como	
alguém	que	 transforma	e	é	 transformado	nas	relações	produzidas	em	uma	determinada	
cultura	(REGO,	1998,	p.	93).
A	origem	das	mudanças	que	ocorrem	no	homem,	ao	longo	do	seu	desenvolvimento,	
está,	segundo	seus	princípios,	na	sociedade,	na	cultura	e	na	sua	história.	Importa	salientar	
que	Vygotsky	não	compreende	a	cultura	como	algo	pronto,	estático,	ao	qual	o	indivíduo	se	
submete,	mas,	sim,	como	processo	em	constante	movimento	de	recriação	e	reinterpretação	
de	informações,	conceitos	e	significados.
As	principais	ideias	de	Vygotsky	serão	citadas	a	seguir	(REGO,	1998).
A primeira	refere-se	à	relação	indivíduo/sociedade.	As	características	tipicamente	
humanas	não	estão	presentes	desde	o	nascimento	do	 indivíduo,	nem	é	mero	 resultado	
das	pressões	do	meio	externo.	Elas	resultam	da	interação	dialética	do	homem	e	seu	meio	
sociocultural,	ou	seja,	ao	mesmo	tempo	em	que	o	ser	humano	transforma	o	seu	meio	para	
atender	às	suas	necessidades	básicas,	transforma-se	a	si	mesmo.
A segunda ideia	é	decorrência	da	anterior	e	refere-se	à	origem	cultural	das	funções	
psíquicas.	As	funções	psicológicas	especificamente	humanas	se	originam	nas	relações	do	
indivíduo	e	seu	contexto	cultural	e	social.
A terceira tese	refere-se	à	base	biológica	do	funcionamento	psicológico:	o	cérebro,	
visto	como	órgão	principal	da	atividade	mental.	O	cérebro	não	se	constitui	em	um	sistema	
de	funções	fixas,	imutáveis,	mas	em	um	sistema	aberto,	de	grande	plasticidade,	cuja	es-
trutura	e	modos	de	funcionamento	são	desenvolvidos	ao	longo	da	história	da	espécie	e	do	
desenvolvimento	individual.	
O quarto	postulado	diz	respeito	à	mediação	presente	em	toda	atividade	humana.	
São	 os	 instrumentos	 técnicos	 e	 os	 sistemas	 de	 signos,	 construídos	 historicamente	 que	
fazem	a	mediação	dos	seres	humanos	entre	si	e	deles	com	o	mundo.	Somente	os	seres	hu-
29UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
manos	têm	o	poder	de	pensar	em	objetos	ausentes,	imaginar	ações	jamais	vividas,	planejar	
ações	a	serem	realizadas	em	momentos	posteriores.	Esse	tipo	de	atividade	psicológica	é	
considerado	“superior”.
A quinta	 tese	postula	que	a	análise	psicológica	deve	ser	capaz	de	conservar	as	
características	básicas	dos	processos	psicológicos,	exclusivamente	humanos.	Esse	princí-
pio	está	baseado	na	ideia	de	que	os	processos	psicológicos	complexos	se	diferenciam	dos	
mecanismos	mais	elementares	e	não	podem,	portanto,	ser	reduzidos	à	cadeia	de	reflexos.	
Assim,	ao	abordar	a	consciência	humana	como	produto	da	história	social,	é	necessário	
estudar	as	mudanças	que	ocorrem	no	desenvolvimento	mental	a	partir	do	contexto	social.
Com	isso,	as	características	individuais	(modo	de	agir,	pensar,	sentir,	valores,	conheci-
mentos,	visão	de	mundo...)	dependem	da	interação	do	ser	humano	com	o	meio	físico	e	social.
Sendo	assim,	a	Teoria	de	Lev	Vygotsky	tem	como	abordagem	compreender	o	desen-
volvimento	da	criança,	com	base	nas	mudanças	externas	que	elas	sofrem	no	decorrer	da	vida.
SAIBA MAIS
Caro(a)	 aluno(a),	 como	 aprendemos,	 o	 desenvolvimento	 é	 compreendido	 como	 as	
transformações	ordenadas	que	o	sujeito	passa	desde	seu	nascimento	até	o	fim	da	vida.	
Por	isso,	o	desenvolvimento	humano	pode	ser	categorizado	em	desenvolvimento	físico,	
desenvolvimento	pessoal,	desenvolvimento	social	e	desenvolvimento	cognitivo.
Na	visão	de	Piaget(1987),	não	é	possível	transmitir	o	conhecimento	para	a	criança,	nem	
tão	pouco	deixá-lo	pronto	para	quando	ela	estiver	preparada,	esperando	seu	momento	
de	maturação	para	que	assim	ela	seja	capaz	de	captar	a	informação,	ao	contrário	do	
que	se	pensa,	a	construção	do	conhecimento	acontece	pela	ação	do	indivíduo	sobre	o	
objeto	e	sobre	a	ação	sobre	o	meio.
Portanto,	de	acordo	com	as	ideias	do	autor,	o	desenvolvimento	cognitivo	infantil	é	ela-
borado	pela	própria	criança,	e	a	aprendizagem	é	adquirida	à	sua	maneira	e	por	etapas,	
e	 no	decorrer	 do	processo	ela	 vai	 assimilando	as	experiências	e	 transformando	 seu	
organismo	acomodando	as	novas	informações,	assim	a	criança	passará	a	compreender	
o	meio	em	que	está	inserida.
Fonte: a	autora.
30UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
SAIBA MAIS
Prezado(a)	 acadêmico(a),	 a	 internalização	é	a	 responsável	 pelo	desenvolvimento	do	
indivíduo	que	acontece	de	fora	para	dentro,	sendo	assim	o	processo	de	absorção	dos	
conhecimentos	que	provém	do	meio	em	que	está	inserido,	ou	seja,	na	teoria	Vygotskya-
na	as	influências	sociais	são	fundamentais	para	o	desenvolvimento	humano.	
Para	Vygotsky,	é	por	meio	da	interação	social	que	o	desenvolvimento	cognitivo	da	crian-
ça	acontece,	ou	seja,	a	interação	do	sujeito	com	o	meio	é	que	a	aprendizagem	se	torna	
uma	experiência	social.
Por	fim,	o	meio	em	que	a	criança	está	inserida	possibilita	a	ampliação	do	conhecimen-
to	da	mesma	e	por	meio	das	interações	sociais	a	aprendizagem	é	facilitada	e	se	torna	
significativa.	
Fonte:	a	autora.
REFLITA 
Segundo	Piaget(1976),	cada	período	é	caracterizado	por	aquilo	que	de	melhor	o	indiví-
duo	consegue	fazer	nessas	faixas	etárias.	Todos	os	indivíduos	passam	por	todas	essas	
fases	ou	períodos,	nessa	sequência,	porém	o	início	e	o	término	de	cada	uma	delas	de-
pendem	das	características	biológicas	do	indivíduo	e	de	fatores	educacionais	e	sociais.
Fonte:	Bock,	Furtado	e	Teixeira	(2002,	p.	100-101).
REFLITA
	
De	acordo	com	Vygotsky,	os	conceitos	cotidianos	são	usados	pelo	sujeito	e	após	são	
generalizados.	Já	os	conceitos	científicos	já	nascem	como	generalizações	(abstrações)	
da	realidade.
Fonte:	Rosa	(2009,	p.	10).
31UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos	 a	 Unidade	 II	 da	 disciplina	Desenvolvimento Cognitivo e Análise 
Qualitativa do Diagnóstico Operatório	intitulada	“As	Teorias	do	Desenvolvimento	Cogni-
tivo	e	Suas	Reflexões	na	Prática	Psicopedagógica”.
No	primeiro	momento	analisamos	a	teoria	de	Jean	Piaget	sobre	o	desenvolvimento	
cognitivo	e	compreendemos	que,	para	o	autor,	o	desenvolvimento	do	sujeito	precisa	 ter	
uma	ligação	entre	o	objeto	e	o	conhecimento,	possibilitando,	assim,	uma	relação	entre	eles.
No	segundo	momento	estudamos	a	teoria	de	Vygotsky	sobre	o	desenvolvimento	
cognitivo,	 e	 entendemos	 que	 a	 aprendizagem	 é	 responsável	 pelo	 desenvolvimento	 da	
criança,	 pois	 os	 processos	 internos	 do	 sujeito	 operam	 quando	 ela	 interage	 com	 outras	
pessoas	ou	com	o	meio,	possibilitando,	assim,	um	aprendizado	adequado.
Sendo	assim,	o	desenvolvimento	cognitivo	da	criança	pode	ser	definido	pela	ma-
neira	dos	sujeitos	adquirirem	novos	conhecimentos,	por	um	processo	de	aprendizagem	que	
provoca	uma	transformação	significativa	na	estrutura	mental.
Esperamos	que	esse	conteúdo	contribua	não	somente	para	o	seu	desenvolvimento	
intelectual,	mas	também	para	a	sua	formação	humana,	cultural,	política	e	social.
Para aprofundar seus conhecimentos não deixe de consultar as referências.
32UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
LEITURA COMPLEMENTAR
Olá,	estudante.	Aleitura	complementar	para	a	nossa	segunda	unidade	será	o	artigo	
A Relação entre Desenvolvimento Humano e Aprendizagem; Perspectivas Teóricas, 
da	autora	Crístia	Rosineiri	Gonçalves	Lopes	Corrêa.
O	 texto	apresenta	a	 relação	entre	desenvolvimento	e	aprendizagem	nas	 teorias	
de	Piaget	e	Vygotsky.	Piaget	confere	ênfase	aos	conceitos	de	ação	e	de	coordenação	das	
ações,	já	Vygotsky,	a	ênfase	é	colocada	no	conceito	de	Zona	de	Desenvolvimento	Próximo.
Por	fim,	de	acordo	com	Piaget	e	Vygotsky,	o	processo	de	desenvolvimento	cognitivo	
acontece	durante	as	variadas	etapas	ao	longo	da	vida	do	sujeito	e	com	a	relação	com	o	
meio	externo.
Segue	o	link	de	acesso:	https://www.scielo.br/pdf/pee/v21n3/2175-3539-
pee-21-03-379.pdf
Aproveite o material e boa leitura!
33UNIDADE II As Teorias do Desenvolvimento Cognitivo e suas Reflexões na Prática Pedagógica
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título:	Desenvolvimento	e	Aprendizagem	em	Piaget	e	Vygotsky	a	
Relevância	do	Social.
Autores:	Isilda	Campaner	Palangana
Editora:	Summus
Sinopse: Esta	obra	clássica,	agora	em	edição	revista,	analisa	os	
processos	de	aprendizagem	e	desenvolvimento	humano	à	luz	das	
teorias	de	Jean	Piaget	e	Lev	Semenovich	Vygotsky.	Para	tanto,	Isil-
da	Campaner	Palangana	examina	os	fundamentos	metodológicos	
e	as	raízes	epistemológicas	dos	postulados	desses	dois	grandes	
mestres	da	psicologia	da	educação.	Contribui,	assim,	para	que	se	
compreendam	as	convergências	e	divergências	conceituais	entre	
eles,	sobretudo	no	que	diz	respeito	ao	papel	da	interação	social	na	
promoção	da	aprendizagem	e	do	desenvolvimento	das	capacida-
des	e	funções	psicológicas	caracteristicamente	humanas.
FILME/VÍDEO 
Disponível em:	https://www.youtube.com/watch?v=rTqWOsAjPeI
Título: Piaget	e	Vygotsky
Ano:	2017.
Sinopse: Uma	 síntese	 das	 contribuições	 de	 Piaget	 e	 Vygotsky	
para	a	psicologia	da	educação,	 pois	no	decorrer	 do	desenvolvi-
mento	 cognitivo	 da	 criança,	 ela	 experencia	 situações	 concretas	
que	possuem	uma	importância	em	sua	construção	social.	Por	fim,	
apesar	 de	 terem	 posicionamentos	 diferenciados,	 ambas	 teorias	
concordam	 que	 para	 a	 aprendizagem	 acontecer	 é	 preciso	 uma	
ação	 indissociável	entre	o	desenvolvimento	 físico-motor,	 intelec-
tual,	afetivo-emocional	e	social	do	sujeito.
https://www.youtube.com/watch?v=rTqWOsAjPeI
34
Plano de Estudo:
A	seguir,	apresentam-se	os	tópicos	que	você	estudará	nesta	unidade:
●	Conceito	das	provas	operatórias.
●	Tipos	de	provas	operatórias	segundo	alguns	teóricos
Objetivos da Aprendizagem:
●	Compreender	o	conceito	das	provas	operatórias
●	Conhecer	os	tipos	de	provas	operatórias	segundo	alguns	teóricos.
UNIDADE III
Provas Operatórias
Professora Ma. Priscila da Rocha Luiz Bueno
35UNIDADE III Provas Operatórias
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	estudante,
Seja	bem-vindo(a)	à	Unidade	III	da	disciplina	Desenvolvimento Cognitivo e Análise 
Qualitativa do Diagnóstico Operatório	do	curso	de	Graduação	em	Psicopedagogia.
Na	fase	da	infância,	a	criança	inicia	a	sua	aprendizagem	e	seu	desenvolvimento	
em	vários	aspectos,	como	a	coordenação	motora,	o	processo	de	socialização,	os	aspectos	
físicos,	cognitivos	e	psicológicos.
Os	períodos	cognitivos	são	estruturas	que	permanecerão	durante	todo	o	processo	
de	construção	mental	do	sujeito,	sendo	que	cada	estágio	é	uma	maneira	de	equilíbrio	e,	
de	acordo	com	a	necessidade,	uma	nova	organização	mental	se	instala	e	novas	mudanças	
estruturais	mentais	se	desenvolvem,	promovendo,	para	o	indivíduo,	um	equilíbrio.
Desenvolvidas	por	Piaget,	as	provas	operatórias	abrangem	os	tipos	de	conhecimento	
para	alcançar	um	padrão	amplo	de	avaliação	do	desenvolvimento	da	criança.	É	possível	
investigar,	 por	 meio	 da	 aplicação	 das	 provas,	 se	 há	 algum	 atraso	 no	 processo	 de	
aprendizagem	e	de	aquisição	de	conhecimento	infantil	e	se	seus	aspectos	cognitivos	estão	
de	acordo	com	a	idade	cronológica	da	criança.
Esta	unidade	nos	levará	a	compreensão	sobre	os	conceitos	das	provas	operatórias	
e	conheceremos	os	tipos	de	provas	operatórias	segundo	alguns	teóricos.
As	provas	operatórias	têm	como	objetivo	principal	determinar	o	grau	de	aquisição	
de	algumas	noções	chaves	do	desenvolvimento	cognitivo,	detectado	o	nível	de	
pensamento	alcançado	pela	criança,	ou	seja,	o	nível	de	estrutura	cognitiva	que	
opera	(WEISS,	2012,	p.	106).
Por	fim,	as	provas	operatórias	precisam	ser	utilizadas	como	uma	ferramenta	para	
uma	avaliação	cognitiva	infantil	e	sua	eficácia	consiste	em	auxiliar	a	criança	nas	dificuldades	
de	aprendizagem	que	podem	acarretar	um	fracasso	escolar.
A	compreensão	desta	unidade	contribuirá	para	a	sua	formação	neste	curso	superior.
Boa leitura!
36UNIDADE III Provas Operatórias
1. CONCEITO DAS PROVAS OPERATÓRIAS
De	 grande	 importância	 para	 a	 área	 da	 Psicopedagogia,	 as	 provas	 operatórias	
piagetianas	são	consideradas	como	um	recurso	avaliativo	utilizado	nas	práticas	pedagógicas	
e	clínicas,	para	investigação	das	dificuldades	de	aprendizagem	das	crianças,	para,	assim,	
auxiliá-las	na	construção	de	novos	conhecimentos	em	conformidade	com	sua	faixa	etária.
[...]	o	termo	operação	adquire	conotações	variadas,	dependendo	da	área	de	
uso	do	conceito.	Na	matemática,	a	palavra	operação	tem	um	sentido	preciso,	
referindo-se	às	operações	de	adição,	subtração,	multiplicação	e	divisão	dos	
números.	No	âmbito	da	cognição	refere-se	às	habilidades	do	raciocínio	ou	
das	operações	mentais	(BEYER,	1996,	p.	155).
De	acordo	com	Visca	(2008),	é	por	meio	delas	que	Piaget	demonstra,	de	maneira	
teórica,	que	o	conhecimento	decorre	da	construção	gradativa	de	aprendizagem	do	sujeito	
e	que	não	são	inatos	ou	impostos	pelo	meio.
Essas	provas	avaliam	a	noção	de	conservação	e	as	operações	 lógicas	de	
classificação	e	seriação,	nos	níveis	concreto	e	formal,	e	encontram-se	diluí-
das	na	obra	de	Piaget.	Alguns	autores	fizeram	a	seleção	e	organização	das	
mesmas	com	o	intuito	de	facilitar	a	sua	utilização	clínica	ou	escolar	(RUBINS-
TEIN,	2014,	p.	70).
Antes	de	aplicar	as	provas	operatórias,	é	imprescindível	que	sejam	observados	alguns	
critérios	pelo(a)	profissional.	O	vínculo	é	essencial	entre	o(a)	entrevistador(a)	e	o(a)	entrevistado(a),	
pois	a	ausência	desse	sentimento,	poderá	acarretar	a	dificuldade	de	comunicação,	deixando	o	
sujeito	apreensivo;	tal	situação	interferirá	negativamente	na	avaliação.	Outra	questão	importante	
37UNIDADE III Provas Operatórias
por	 parte	 do(a)	 entrevistador(a)	 é	 o	 levantamento	 de	 hipóteses,	 pois	 são	 o	 ponto	 de	 partida	
principal	de	toda	investigação.
Por	meio	de	conversas	informais	e	flexíveis,	o	processo	de	investigação	precisa	estar	
ligado	ao	contexto	que	a	criança	está	 inserida.	É	preciso	 ter	atenção	nas	respostas	dadas,	
pois	é	por	desse	retorno	que	serão	evidentes	os	processos	de	pensamento.	Além	de	todas	as	
observações,	é	preciso	compreender	o	contexto	que	o	indivíduo	está	inserido	e	a	maneira	como	
ele	se	comporta,	em	sua	fala,	organização	entre	outros.
O	homem	é	um	ser	essencialmente	social,	impossível,	portanto,	de	ser	pen-
sado	fora	do	contexto	da	sociedade	e	que	nasce	e	vive.	Em	outras	palavras,	o	
homem	não	social,	o	homem	considerado	como	molécula	isolada	do	resto	de	
seus	semelhantes,	o	homem	visto	como	independente	dos	diversos	grupos	
que	frequenta,	o	homem	visto	como	imune	aos	legados	da	história	e	da	tradi-
ção,	este	homem	simplesmente	não	existe	(LA	TAILLE,	1992,	p.	11).
É	importante	deixar	claro	que	todas	as	crianças	passam	pelos	estágios	de	desen-
volvimento,	porém	cada	uma	possuirá	seu	próprio	tempo	e	agilidade	de	raciocínio,	para,	
assim,	 dar	 continuidade	 em	 seu	 processo	 de	 aprendizagem	 e	 desenvolvimento.	 Dessa	
maneira,	não	é	possível	definir,	a	partir	da	idade,	em	qual	estágio	a	criança	se	encontra,	
uma	vez	que,	dependendo	também	do	contexto	em	que	este	está	inserido,	será	possível	
saber	o	nível	de	desenvolvimento	cognitivo,	pois	ocorre	diferenciadamente	em	cada	sujeito.	
Para	a	compreensão	correta	do	nível	de	aprendizagem	de	cada	sujeito	é	precisoa	aplicação	de	 testes.	Piaget	elaborou	 testes	para	compreender	 como	se	desenvolve	a	
capacidade	cognitiva	das	crianças	e	qual	nível	de	estrutura	cognitiva	ela	opera,	a	partir	de	
sua	experiência	profissional	e	acadêmica.
Sendo	assim,	a	eficiência	da	investigação	realizada	por	meio	do	uso	das	provas	
operatórias	dependerá	do(a)	entrevistador(a)	e	da	maneira	que	fará	a	aplicação.	É	preciso	
que	 possua	 domínio	 do	 processo,	 ou	 seja,	 na	 aplicação,	 na	 evolução,	 na	 obtenção	 de	
hipóteses	e,	por	fim,	na	conclusão	das	atividades.
https://www.redalyc.org/jatsRepo/5606/560659013006/html/index.html#redalyc_560659013006_ref10
38UNIDADE III Provas Operatórias
2. TIPOS DE PROVAS OPERATÓRIAS SEGUNDO ALGUNS TEÓRICOS
Criado	 por	 Piaget,	 em	 1926,	 o	 método	 clínico	 foi	 elaborado	 em	 etapas	 e,	 por	
diversas	vezes,	ainda	permanece	sendo	uma	atividade	clínica	em	sua	essência.	Em	alguns	
momentos	se	torna	crítico	na	prática,	pois	exige	que	as	atitudes	da	criança	sejam	justificadas	
por	ela,	bem	como	as	interpretações	de	suas	ações	e	pensamentos.
Parte	do	que	sabemos	atualmente	sobre	o	desenvolvimento	infantil,	está	relaciona-
do	aos	estudos	de	Jean	Piaget.	Por	meio	de	suas	pesquisas	foi	possível	compreendermos	
sobre	o	raciocínio	humano	e	suas	características,	isso	se	dá	por	meio	das	provas	operató-
rias,	momento	em	que	é	possível	nivelar	o	desenvolvimento	cognitivo	do	sujeito	e	investigar	
e	compreender	o	raciocínio	lógico	da	criança.
Define-se	desenvolvimento	em	termos	das	mudanças	que	ocorrem	ao	longo	
do	tempo	de	maneira	ordenada	e	relativamente	duradoura	que	afetam	as	es-
truturas	físicas	e	neurológicas,	os	processos	de	pensamento,	as	emoções,	as	
formas	de	interação	social	e	muitos	outros	comportamentos	(NEWCOMBE,	
1999,	p.	25).
As	 provas	 operatórias	 e	 a	 teoria	 de	 Piaget	 sobre	 o	 desenvolvimento	 cognitivo	
humano	têm	sido	utilizadas	em	várias	pesquisas,	sendo	fundamental	para	diferentes	áreas.
Em	vários	estudos	recentes	tem	sido	visto	que	as	tarefas	piagetianas	avaliam	
alguns	pontos	não	medidos	por	testes	tradicionais	de	inteligência	e	que	esses	
aspectos	aperfeiçoam	ou	melhoram	consideravelmente	a	predição	da	per-
formance	acadêmica.	Na	área	de	aprendizagem	inicial	da	leitura,	que	já	há	
algum	tempo	vem	despertando	a	preocupação	de	teóricos	e	pesquisadores,	
os	conceitos	discutidos	por	Piaget	parecem	de	especial	relevância	(MOURA;	
CUNHA;	COUTINHO,	1982,	p.	22).
39UNIDADE III Provas Operatórias
Para	Visca	 (2008),	as	provas	operatórias	de	Piaget	buscam	demonstrar	 teorica-
mente	que	a	aprendizagem	de	novos	conhecimentos	não	é	inata	ou	determinada	pelo	meio	
em	que	a	criança	está	inserida,	mas	é	uma	construção	gradativa.	
O	método	de	Piaget	acontece	de	maneira	livre,	diante	de	um	tema	escolhido	pelo	
entrevistador	e	apresenta	 liberdade	para	os(as)	envolvidos(as)	conversarem	sobre	o	as-
sunto,	todo	o	percurso	do	interrogatório	será	conduzido	pelas	respostas	do	sujeito.
Delval	(2002)	identificou	três	formas	de	perguntas,	são	elas:
● 1ªExploratórias:	apresenta	como	objetivo	fazer	despontar	a	estrutura	do	sujeito.
● 2ª Justificativas:	tem	como	objetivo	compreender	o	ponto	de	vista	do	indivíduo		
	 e	a	legitimidade	de	suas	ideias.
● 3ª Contra Argumentativas: busca	saber	o	grau	de	equilíbrio	entre	a	ação	e			
	 reação	do	sujeito	diante	de	uma	problemática	e	se	as	respostas	do	sujeito	são		
	 variáveis	ou	não.
Para	 que	 não	 ocorra	 interpretações	 equivocadas	 do	 processo,	 é	 preciso	
conhecimento	das	provas	e	sobre	a	melhor	forma	de	aplicação,	para	que	o	trabalho	não	
seja	prejudicado,	pois	é	preciso	compreender	e	considerar	as	provas	operatórias	como	um	
instrumento	de	identificação	dos	bloqueios	que	aparecem	no	processo	de	aprendizagem	
da	 criança,	 ocasionando,	 assim,	 dificuldades	 diversas	 no	 processo	 escolar.	 “As	 provas	
operatórias	foram	organizadas	com	o	objetivo	de	criar	certo	tipo	de	escala	de	desenvolvimento	
intelectual	e,	sobretudo,	de	testar	a	validade	das	hipóteses	de	Piaget,	ou	seja,	fundamentar	
o	sujeito	epistêmico	[...]”	(BORGES,	1992,	p.	7).
A	 utilização	 das	 provas	 na	 investigação	 de	 aprendizagem	 infantil	 possibilita	 a	
compreensão	de	como	ocorre	o	desenvolvimento	das	 funções	 lógicas	do	 indivíduo	e	se	
há	alguma	barreira	que	dificulta	a	aquisição	do	conhecimento	e	o	desenvolvimento	mental.
As	 provas	 para	 investigação	 da	 construção	 da	 estrutura	 de	 classificação	
avaliam	 se	 a	 criança	 já	 adquiriu	 a	 noção	 de	 classificação,	 possibilitando	
“ao	 sujeito	 reunir	 simultaneamente	objetos	 segundo	 suas	 semelhanças	ou	
diferenças,	pelo	que	se	 torna	capaz	de	 lidar	com	a	composição	aditiva	de	
classes”	(MORAES,	2018,	p.	244).
Segundo	Moraes	(2018),	há	diferentes	provas	piagetianas	para	cada	faixa	etária,	
que	permitem	 investigar	o	 sujeito	em	diferentes	níveis,	 sendo	 importante	 ferramenta	de	
avaliação	do	desenvolvimento	do	sujeito.	Porém,	em	nosso	caso,	definimos	as	provas	de	
conservação	e	classificação	pelas	possibilidades	avaliativas:	as	provas	para	verificação	da	
construção	da	estrutura	de	conservação	avaliam	se	o	sujeito	conserva	uma	dimensão	do	
objeto	ante	alterações	em	outras	dimensões.
40UNIDADE III Provas Operatórias
As	provas	operatórias	tornam-se	uma	importante	ferramenta	quando	o	objetivo	é	
explicar	o	nível	cognitivo	da	criança	e,	de	acordo	com	sua	 idade	cronológica,	 realizar	a	
classificação	da	ação.	Nos	últimos	anos,	essas	provas	estão	sendo	utilizadas	[...]	como	um	
“recurso”	para	“avaliar	as	possibilidades	de	raciocínio	e	de	construção	do	conhecimento	da	
criança,	na	fase	escolar”	(RUBINSTEIN,	2014,	p.	70).
Diante	das	pesquisas	que	Piaget,	foi	possível	classificar	e	agrupar	as	provas	operató-
rias	de	acordo	com	a	idade	da	criança	para,	assim,	selecionar	a	prova	correta	para	ser	aplicada.	
Com	caráter	interrogatório,	as	provas	operatórias	buscam	conhecer	e	compreender	
como	a	criança	pensa	e	os	argumentos	que	ela	desenvolve	para	explicar	suas	respostas.	
Por	esse	motivo,	se	faz	necessário	todo	cuidado	na	aplicação	e	instrução	das	provas	ope-
ratórias,	para	não	induzir	a	criança	durante	o	processo.	
De	 acordo	 com	 Visca	 (2008),	 para	 explorar	 ao	 máximo	 as	 possibilidades	 de	
desenvolvimento	da	criança	e	para	que	não	apareçam	dúvidas	na	 interpretação	de	qual	
nível	cognitivo.	É	preciso	que	o(a)	aplicador(a)	tenha	diversas	estratégias	para	o	trabalho	
acontecer	de	maneira	satisfatória,	prezando	o	desenvolvimento	da	criança.
A	aplicação	das	provas	precisa	respeitar	a	faixa	etária,	para	que	o	nível	cognitivo	
da	criança	seja	respeitado,	ou	seja,	as	provas	não	podem	estar	acima	ou	abaixo	do	nível	
cognitivo	da	criança.
A	aplicação	das	provas	operatórias	tem	como	objetivo	determinar	o	nível	de	
pensamento	do	sujeito,	realizando	uma	análise	quantitativa,	e	reconhecer	as	
diferenças	funcionais	realizando	um	estudo	predominantemente	qualitativo,	
ou	 seja,	 sua	 aplicação	 nos	 permite	 investigar	 o	 nível	 cognitivo	 em	 que	 a	
criança	se	encontra	e	se	há	defasagem	em	relação	à	sua	idade	cronológica	
(VISCA,	2008,	p.	11).
Piaget	classificou	e	agrupou	as	provas	operatórias	por	idades,	as	provas	mostram	
categorias	sobre	o	nível	de	estrutura	cognitiva	que	a	criança	é	capaz	de	realizar,	diante	da	
atividade	apresentada.
A	seguir	um	quadro	com	as	provas	operatórias,	de	acordo	com	Piaget	(1976).
41UNIDADE III Provas Operatórias
QUADRO 1 - PROVAS OPERATÓRIAS POR IDADE
IDADES PROVA/CATEGORIA PROVA/TIPO
6	ANOS
Conservação
Pequenos	Conjuntos	discretos	de	
elementos.
Seriação Seriação	de	Palitos.
7	ANOS
Seriação Seriação	de	Palitos.
Conservação
Pequenos	Conjuntos	discretos	de	
elementos,	matéria,	comprimento,	
superfície	e	líquido.
Prova	de	Espaço Unidimensional
	
8	e	9	ANOS
Conservação
Massa,	comprimento,	superfície,	
líquido	e	peso.
Classificação Mudança	de	critério,	quantificação	
de	inclusão	de	classes,	interseção	
de	classes.
Espaço Unidimensional	ou	bidimensional.
10-12	ANOS
Conservação Massa,	comprimento,

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