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DA AVALIAÇÃO À INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UM 
ESTUDO DE CASO 
 
BLUM, Emily Ann Francisco1 - PUCPR 
 
CHAVES, Daiane Santos Alves2 - PUCPR 
 
WATANABE, Minori3 - PUCPR 
 
TETU, Viviane4 - PUCPR 
 
Grupo de Trabalho: Psicopedagogia 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
A psicopedagogia é um campo de conhecimento em que a psicologia e a pedagogia 
interagem, com o intuito de facilitar o processo de ensino-aprendizagem tentando remover os 
obstáculos desse processo. Nesse contexto, a avaliação psicopedagógica tem como objetivo 
investigar as relações do individuo com o conhecimento e os seus vínculos com a 
aprendizagem e todas as significações implícitas no ato de aprender. Após essa avaliação, de 
acordo com a demanda, pode-se realizar uma intervenção psicopedagógica, com o intuito de 
mediar o processo de aprendizagem, introduzindo novas formas de se pensar, por meio das 
potencialidades identificadas na avaliação e desenvolvendo novas maneiras de se relacionar 
com essa aprendizagem. Considerando que a avaliação e a intervenção necessitam de 
diferentes posturas por parte do psicopedagogo, o presente trabalho tem como objetivo 
diferenciar a postura do profissional nesses dois processos. Para tanto, foi realizado um estudo 
de caso, a fim de se identificar a postura do psicopedagogo em cada um dos processos. O 
sujeito caracterizado nesse estudo é um menino, com oito anos de idade, cursando o terceiro 
ano do ensino fundamental em uma escola pública do município de Curitiba. Na avaliação 
psicopedagógica, foram utilizados os seguintes recursos: Anamnese, EOCA (Entrevista 
Operativa Centrada na Aprendizagem), Técnicas Projetivas, Teste de Inteligência WISC–III, 
Provas Piagetianas, Atividades Pedagógicas (leitura, escrita, operações matemáticas). Os 
resultados comprovam que no processo de avaliação, as sessões são mais estruturadas e 
 
1
 Acadêmica, do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: 
emilyblum1@gmail.com. 
2
 Acadêmica do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: 
daianealves100@gmail.com. 
3
 Acadêmica do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: 
mih.watanabe@gmail.com. 
4
 Professora orientadora, Psicóloga (UFPR), com mestrado em Educação (UFPR), Especialização em 
Psicomotricidade (CESIR), Pedagoga (CEP-Curitiba) e Psicanálise (UTP). Professora do Curso de Graduação 
em Psicologia da PUC-PR. E-mail:viviane.tetu@pucpr.br 
29561 
 
 
seguem uma sequência com tempo pré-estabelecido, além de serem utilizados instrumentos 
formais como testes. Já no processo de intervenção, o psicopedagogo atua, a longo prazo, a 
partir do que foi identificado como facilidades e dificuldades no processo de avaliação de 
cada sujeito. No processo de intervenção, o psicopedagogo também tem uma maior 
flexibilidade e criatividade para atuar não só nos aspectos pedagógicos, mas também 
comportamentais e emocionais. 
 
Palavras-chave: Avaliação psicopedagógica. Intervenção psicopedagógica. Dificuldades de 
aprendizagem. 
Introdução 
Atualmente, muito se tem discutido sobre a origem das dificuldades de aprendizagem, 
sendo que não se pode atribuir uma única causa que desencadeie essa dificuldade. Com 
frequência, os alunos com dificuldades de aprendizagem não são vistos como tal, sendo 
rotulados, por exemplo, como preguiçosos ou que não aprendem porque não querem. Nesse 
contexto, a avaliação psicopedagógica surge como uma maneira de investigar como é o 
funcionamento do indivíduo nos aspectos pedagógicos e também como foi estabelecido o seu 
vínculo com a aprendizagem, considerando os aspectos emocionais, sociais e cognitivos. 
Após identificar os aspectos que envolvem a dificuldade de aprendizagem, pode-se 
optar por realizar uma intervenção psicopedagógica. Esta irá trabalhar a dificuldade específica 
do sujeito a fim de que se possa buscar um melhor desenvolvimento frente a dificuldade de 
aprendizagem apresentada, baseando-se em estratégias que possam recuperar por parte das 
crianças os conteúdos escolares que são considerados como deficitários, bem como a 
organização de hábitos de estudo e atividades lúdicas que visem a expressão de seus 
sentimentos em relação a escola e a aprendizagem. A intervenção deve compreender toda a 
dinâmica que envolve o processo de aprendizagem, como por exemplo, o processo do aluno 
em situação de sala de aula, na relação com o professor e os colegas frente às condições de 
ensino que lhes são oferecidas. Assim, o psicopedagogo clínico pode atuar tanto na avaliação 
quanto na intervenção psicopedagógica. A fim de diferenciar o papel do psicólogo nesses dois 
processos, pretende-se, por meio de um estudo de caso, identificar a postura profissional do 
psicólogo no processo de avaliação e intervenção psicopedagógica. 
 
29562 
 
 
A Psicopedagogia e as dificuldades de aprendizagem 
Segundo Mariani e Mariani (2005), a psicopedagogia é um campo de conhecimento 
com interação entre a psicologia e a pedagogia, tendo como objeto de estudo o processo de 
aprendizagem que é visto como estrutural, construtivo e interacional, integrando os aspectos 
cognitivos, afetivos e sociais do sujeito. Tem o intuito de facilitar o processo de ensino 
aprendizagem na tentativa da remoção dos obstáculos que impedem que esse processo se 
realize. Portella e Hickel (2010) pontuam que a psicopedagogia tem como objetivo unir 
conhecimentos e princípios de ciências distintas, com a finalidade de estabelecer a melhor e 
mais adequada compreensão referente às diversas variáveis que estão inseridas nesse processo 
de aprendizagem. Atualmente, a psicopedagogia clínica está envolvida a toda e qualquer 
situação que esteja relacionado ao processo de aprendizagem e suas implicações. Este campo 
surge como uma resposta diante de uma demanda, que cresce cada vez mais, devido ao 
fracasso escolar e aos problemas de aprendizagem. 
As dificuldades de aprendizagem, segundo Smith e Strick (2001), são causadas por 
problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou 
comunicar informações. As deficiências que causam maiores problemas acadêmicos são: 
percepção visual, processamento linguístico, habilidade motora fina e capacidade de focar 
atenção. Aliada a isso, alguns comportamentos tornam-se um complicador, como 
hiperatividade, dificuldade para seguir instruções e imaturidade social. A frustração dos pais, 
da escola e também da própria criança só aumenta, pois ela se vê incapaz de realizar a mesma 
atividade que seus colegas e passa até a questionar a sua inteligência, podendo ficar irritada, 
isolada socialmente e até desenvolver baixa auto-estima e depressão pelos julgamentos 
negativos que recebe. Segundo D’Abreu e Marturano (2010), sete em cada dez crianças 
encaminhadas com queixa de dificuldade de aprendizagem apresentam uma comorbidade 
emocional e/ou comportamental, com comportamentos externalizantes (caracterizados pela 
oposição, agressão, hiperatividade, impulsividade e manifestações antissociais) ou 
internalizantes (caracterizados pela disforia, retraimento, medo e ansiedade). Pesquisas 
mostram que, quando existe a associação entre dificuldade de aprendizagem e 
comportamentos externalizantes, a criança pode vir a ter dificuldades de se relacionar, além 
de que problemas de comportamento podem exacerbar as dificuldades acadêmicas. Para evitar 
tais consequências, Smith e Strick (2001) afirmam que os pais devem estar alertas aos sinais 
29563 
 
 
que a criança emite. Ao identificarem algum atraso na leitura, escrita ou na matemática em 
relação ao nível de sua série escolar, devem encaminhar para uma avaliação psicopedagógica. 
Avaliação psicopedagógica 
De acordo com Weiss (2011), todo odiagnóstico psicopedagógico em si é uma 
investigação do que não vai bem com o sujeito em relação a um rendimento esperado. 
Guimarães, Rodrigues e Ciasca (2004) complementam que na avaliação psicopedagógica, a 
criança é considerada como um todo, pois muitos aspectos podem estar relacionados ao 
problema de aprendizagem e, por isso deve ser investigado. 
Segundo Weiss (2011), torna-se importante o esclarecimento da queixa pelos pais, 
pelo próprio sujeito avaliado e também pela escola. De acordo com Guimarães, Rodrigues e 
Ciasca (2003), na primeira consulta, deve-se perceber que a queixa trazida pelos pais como 
motivo do encaminhamento para a avaliação às vezes não descreve só o “sintoma”, como 
também traz indícios que indicam a direção para o início da investigação. Por isso, a atitude 
com que o profissional acolhe o primeiro contato com a família ou o próprio paciente é muito 
importante para a continuação do processo. É necessário considerar sempre a carga de 
ansiedade demonstrada pelos pais neste primeiro contato, visto que é um movimento que 
poderá vir a se definir pró ou contra a avaliação. 
Geralmente no primeiro contato com os pais ou responsável pelo paciente é realizada a 
anamnese, com o intuito de obter mais dados sobre o sujeito. Para Weiss (1999), a anamnese 
é um ponto importante para que se possa ter um bom diagnóstico, já que através dela é 
possível a interação das dimensões do passado, presente e futuro do paciente, permitindo 
analisar a construção ou não de sua própria continuidade e das diferentes gerações, como a 
visão familiar da história de vida do paciente, que traz consigo todos os preconceitos, normas 
e expectativas, a circulação dos afetos e do conhecimento, além do peso das gerações 
depositadas sobre o paciente. 
Para Guimarães, Rodrigues e Ciasca (2003), é necessário que se verifique durante todo 
o processo diagnóstico a autenticidade da queixa inicial, pois não é incomum que os pais 
repitam a queixa formulada por quem os encaminhou, geralmente a escola, sem ter qualquer 
reflexão sobre ela. O profissional deve observar todas as possibilidades que possam interferir 
no processo de aprendizagem, pois algumas dificuldades apresentadas podem ser decorrentes 
da carência sociocultural, problemas de relacionamento familiar, distúrbios psiquiátricos ou 
29564 
 
 
ainda problemas de ordem orgânica, como visual, auditivo e síndromes neurológicas. Nesses 
casos, deve-se encaminhar a criança para outro profissional que possa investigar o caso e dar 
o direcionamento necessário para a intervenção. 
Segundo Machado (2000 apud MEIRA e ANTUNES, 2003), não se deve considerar o 
aluno como objeto de avaliação, mas as diferentes relações e práticas que implicam a queixa 
em relação ao aluno e que levam ao encaminhamento para o atendimento psicológico. Assim, 
a pergunta passa de "o que o aluno tem que não aprende?" para "como é o campo social no 
qual esta queixa foi produzida?". Assim, deve-se utilizar os dados que o aluno apresenta, para 
compreender melhor as várias determinações presentes no processo de produção do fracasso 
escolar. 
Para Weiss (2011), ao final do diagnóstico psicopedagógico, o terapeuta já deve ter 
formado uma visão global do paciente e sua contextualização na família, escola e seu meio 
social. Assim, se faz um laudo ou informe com a finalidade de resumir as conclusões a que se 
chegou na busca de respostas às perguntas iniciais que motivaram o diagnóstico. Como afirma 
Weiss (1999), em alguns casos será necessário realizar um encaminhamento para dar 
continuidade no trabalho. Esse trabalho subsequente pode ocorrer por meio da intervenção 
psicopedagógica. 
Intervenção psicopedagógica 
Segundo Santos et al. (2012), em casos de dificuldades de aprendizagem, quando são 
realizadas intervenções psicopedagógicas precoces, é possível melhorar a evolução do aluno e 
reduzir os impactos causados ao indivíduo e à sociedade. Rubinstein (1999) pontua que, em 
uma intervenção, o foco está no sujeito, na sua relação com a aprendizagem. O objetivo do 
psicopedagogo é ajudar aquele que não consegue aprender formal ou informalmente, para que 
consiga não apenas interessar-se por aprender, mas também possa adquirir ou desenvolver 
habilidades necessárias para tal. Na intervenção, embora se utilize de propostas de trabalho 
para mediar a relação terapêutica, as escolhas dessas propostas e as formas como são 
apresentadas irão depender da particularidade de cada situação, do sujeito que está sendo 
atendido e da capacitação e dos recursos que o psicopedagogo dispõe. Assim, o caráter 
dinâmico da escolha das propostas e a forma como são significadas pela dupla terapeuta-
cliente é o que realmente irá provocar as mudanças pretendidas. Batalloso (2011) afirma que a 
intervenção está voltada para a atenção na diversidade e tem como função proporcionar ajudas 
29565 
 
 
individuais necessárias para solucionar as dificuldades de aprendizagem, além de desenvolver 
seu processo de amadurecimento pessoal a partir de suas características singulares. 
Rubinstein (1999) afirma ainda que as atividades escolhidas e propostas tanto pelo 
psicopedagogo como pelo cliente são mediadoras para modificar a forma de pensar e utilizar 
as funções cognitivas e a posição assumida pelo sujeito aprendente. Ao fazer uso de recursos 
que são escolhidos pelo cliente ou propostos pelo terapeuta, este propicia a oportunidade para 
experimentar situações que promovem a confrontação com a forma de relacionar-se com a 
modalidade que se utiliza para se estabelecer essa relação. Esse confronto pode contribuir 
para a tomada de consciência de um estilo de aprender, já que as diferentes modalidades de 
atividades permitem entrar em contato com o “como aprendo” e “como me relaciono com o 
saber”. 
Metodologia 
Este trabalho constitui uma pesquisa qualitativa realizada por meio de um estudo de 
caso que, de acordo com Reis (2008), é uma técnica de pesquisa que apresenta uma base 
empírica e consiste em selecionar um objeto de pesquisa, podendo este ser um fato ou um 
fenômeno a ser estudado em seus vários aspectos. 
A clientela foi uma criança, do gênero masculino que, a fim de preservar sua 
identidade, será chamado de Alex, com oito anos e sete meses no início da avaliação, 
cursando o terceiro ano do ensino fundamental em uma escola pública do município de 
Curitiba. Alex foi encaminhado pela escola ao Núcleo de Práticas em Psicologia da PUCPR 
com a queixa de dificuldades de aprendizagem que vinha apresentado na leitura e escrita. 
A avaliação psicopedagógica teve a duração de nove sessões, sendo realizadas uma 
vez por semana, com duração de 50 minutos cada. Foram utilizados os seguintes recursos: 
Anamnese, EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem), Técnicas Projetivas, 
Teste de Inteligência WISC–III, Provas Piagetianas, Atividades Pedagógicas (leitura, escrita e 
operações matemáticas), entrevista com a pedagoga da escola, observações e a utilização de 
jogos no decorrer do processo. Ao final da avaliação, foi realizada uma entrevista devolutiva 
com o responsável do paciente, sendo entregue o laudo da avaliação. Posteriormente, foi dado 
início à intervenção psicopedagógica, que está em andamento, sendo realizada uma sessão 
semanal, com duração de 50 minutos. Até o presente momento, foram realizadas onze 
29566 
 
 
sessões. Nas sessões de intervenção, são realizadas atividades pedagógicas e atividades 
lúdicas. 
Resultados 
Com a avaliação, observou-se que Alex apresentou maior facilidade em atividades de 
execução, que envolvem manipulação, memória visual e análise-síntese. No entanto, 
demonstrou acentuada dificuldade nas atividades verbais que envolvem a fala e nas que 
exigem que ele mostre os conhecimentos já adquiridos, apresentando baixa fluência verbal. 
Demonstrou ter falta de concentração e de interesse,além de resistência durante a realização 
da maioria das atividades, principalmente nas verbais. Além disso, respondia e realizava 
rapidamente a maioria das atividades, principalmente as pedagógicas, o que pode indicar sua 
vontade de encerrá-las o quanto antes. Por esse motivo, foi necessário a avaliadora incentivar 
e lhe explicar várias vezes o motivo pelo qual ele estava ali. Durante os jogos, demonstrou ser 
competitivo e não aceitar perdas. Em alguns momentos, quando percebia que estava 
perdendo, tentava atrapalhar o jogo da avaliadora e burlar as regras. Porém, quando 
questionado, aceitava que aquilo não era correto. 
Apresenta escrita alfabética e, na maioria das vezes em que vai escrever, Alex diz a 
palavra em voz alta, fica soletrando e repetindo a palavra enquanto escreve. Observa-se 
também dificuldades referentes à ortografia como a troca de letras que apresentam sons 
semelhantes e omissão de letras. Em relação à leitura, lê a maioria das palavras de forma 
pausada mas corretamente. Durante a execução de operações matemáticas, frequentemente 
fez uso de apoio de material concreto, seja contando nos dedos ou usando folha e lápis para 
“desenhar” riscos. Apresenta dificuldade em reconhecer os sinais matemáticos e alguns 
números. 
O responsável foi orientado a dar continuidade ao reforço escolar devido às 
dificuldades de leitura, escrita e matemática que apresenta. Além disso, recomendou-se ao 
final da avaliação uma intervenção psicopedagógica, que poderia contribuir para melhorar o 
seu rendimento acadêmico. 
A partir do que foi observado na avaliação psicopedagógica, nas sessões de 
intervenção foram realizadas atividades pedagógicas e lúdicas. Ressalta-se que os jogos 
escolhidos foram utilizados com o objetivo de se trabalhar não apenas a motivação de Alex, 
como também para trabalhar o aspecto pedagógico de forma lúdica. Por exemplo, utilizar o 
29567 
 
 
jogo de boliche para se trabalhar matemática. Em todos os casos em que apresentava alguma 
dificuldade ou não sabia como fazer, era possível intervir da forma mais adequada para a 
situação, como auxiliar na leitura de algumas palavras contidas em uma história. Além disso, 
também foram trabalhados aspectos como o estabelecimento de limites, tolerância à 
frustração, cumprimento de regras e aumento da autoestima. 
Discussão 
Foi constatado que, na avaliação psicopedagógica, já existe um roteiro pré-elaborado 
que necessita ser seguido. Entretanto, Giné (2004) pontua que a avaliação necessita ser 
coerente, tanto no que se refere ao ponto de vista conceitual como metodológico, visando 
atuar a partir das diferenças individuais como indicadores da natureza e do tipo de apoio que o 
aluno necessita. O avaliador não tem o objetivo de modificar o comportamento do paciente, 
mas sim de ter um olhar clínico e avaliar, para identificar tanto as dificuldades quanto o 
potencial do paciente e compreender como é o seu funcionamento global, focando na 
aprendizagem. De acordo com Giné (2004), quando se tem um encaminhamento para realizar 
uma avaliação psicopedagógica, basicamente essa avaliação deve ser orientada para 
identificar as necessidades dos alunos referentes aos apoios pessoais e materiais que são 
importantes para estimular seu processo de desenvolvimento. 
Alex demonstrou falta de interesse e resistência em realizar as atividades pedagógicas 
propostas. Contudo, elas são essenciais para conhecer o que a criança já aprendeu e como ela 
age frente a situações que envolvem conhecimentos escolares. Isso está de acordo com o que 
Weiss (1999) pontua sobre a avaliação do nível pedagógico, que tem por objetivo verificar o 
que o paciente já aprendeu, como articula os diferentes conteúdos entre si, como faz uso 
desses conhecimentos nas diferentes situações escolares e sociais, e como os utiliza no 
processo de assimilação de novos conhecimentos. 
Foram realizadas nove sessões de avaliação e, até o presente momento, onze sessões 
de intervenção. Essa diferença na quantidade de sessões ocorre pelo fato de que a avaliação 
deve ser realizada o quanto antes, devido aos riscos que as crianças com baixo desempenho 
escolar apresentam, como afirmam D’Abreu e Marturano (2010), essas crianças estão mais 
propensas a desenvolverem comorbidade com comportamentos internalizantes ou 
externalizantes, o que traz prejuízos a nível pessoal e social. Com a avaliação, é possível 
29568 
 
 
identificar o que acontece com o sujeito em relação à aprendizagem e, posteriormente, a 
intervenção precoce poderá diminuir os prejuízos que ele enfrentará. 
Na intervenção psicopedagógica, é possível ter uma maior flexibilidade, trabalhando 
com aspectos que forem surgindo ao longo da sessão. Nessa segunda etapa é necessário ter 
maior criatividade para poder trabalhar as dificuldades do paciente de uma forma lúdica e 
prazerosa, pois é importante que o paciente tenha vontade de aprender. O objetivo é a longo 
prazo. A todo momento, como no caso apresentado, é fornecido ajuda quando o paciente 
apresenta dificuldades, pois como afirma Smith e Strick (2001), é necessário “preparar o 
terreno” para que as crianças consigam obter sucesso de forma regular, pois este é o único 
incentivo que funciona a longo prazo. Com o tempo, são estruturadas circunstâncias para que 
possam obter sucesso sozinhas. 
Além disso, é trabalhada a autoestima do paciente com constantes elogios, pois vários 
autores como Roeser e Eccles (2000 apud STEVENATO et al, 2003) afirmam que a criança 
com dificuldade de aprendizagem tem uma tendência em apresentar baixo autoconceito por se 
sentir inferior às outras crianças da mesma idade. Para os autores, as crianças que apresentam 
dificuldade de aprendizagem conferem essa dificuldade a si mesmas e apresentam 
sentimentos de vergonha, dúvidas em relação ao seu desempenho, baixa autoestima e 
distanciamento das demandas da aprendizagem, caracterizando problemas emocionais e 
comportamentos internalizados. 
Outra característica da intervenção psicopedagógica é atuar nas dificuldades por meio 
das atividades lúdicas. Para Brenelli (2001), os jogos podem revelar a realidade interna da 
criança e a linguagem lúdica é a mais apropriada para crianças e adolescentes. Brenelli (2008) 
afirma ainda que a utilização de jogos em contextos educacionais com crianças que 
apresentam dificuldades poderia ser eficaz em dois sentidos: iria lhes garantir o interesse e a 
motivação, e por outro, estaria atuando com o intuito de possibilitar-lhes a construir ou 
aprimorar seus instrumentos cognitivos, facilitando a aprendizagem dos conteúdos. 
Além de se trabalhar a dificuldade que a criança apresenta, na intervenção também é 
possível intervir no comportamento. No processo de Alex, foi importante trabalhar com regras 
e limites, pois na maioria dos atendimentos se fazia necessário fazer um acordo para que ele 
realizasse as atividades que não desejava. Porém, nem sempre Alex conseguia cumprir o 
acordo. De acordo com Souza (2009), a criança precisa interiorizar a ideia de que muitas 
vezes ela pode fazer o que deseja, mas nem sempre isso será possível. Entretanto, entre 
29569 
 
 
escolher seu próprio desejo e pensar no direito que os rodeiam, muitos optam por satisfazer 
seu próprio desejo, mesmo que, por vezes, prejudiquem alguém. 
Considerações finais 
A atuação da psicopedagogia passa por muitos desafios relacionados aos atendimentos 
com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem, pois o número de crianças das 
quais a família e a escola formulam queixas têm crescido cada vez mais. Quando não se sabe 
a causa, são atribuídos diversos rótulos como “incapaz” para aprender, “preguiçoso”, “lento”, 
“distraído”, entre outros, o que pode trazer consequências desastrosas tanto para o sujeito 
como para outros que o rodeiam. Por isso, é importante olhar todo o contexto em que ele está 
inserido.As dificuldades para aprender podem aparecer de diferentes maneiras e não existe 
uma única causa que possa desencadear essa dificuldade. Por esse motivo, a avaliação e a 
intervenção sempre diferem para cada caso. 
Atualmente, as escolas valorizam principalmente os aspectos pedagógicos. Contudo, 
como afirmam Veiga e Garcia (2006), como psicopedagogos, “Não devemos partir do 
princípio que a inteligência acadêmica é a única maneira de garantir o sucesso na vida” (p. 
110). O papel do psicólogo enquanto psicopedagogo é o de ter um olhar clínico sobre o 
sujeito, identificar seu potencial e seus obstáculos para, em seguida, poder fortalecer suas 
estratégias, para que possa se desenvolver dentro de suas capacidades. Cabe também ao 
profissional comunicar aos pais e familiares as potencialidades do sujeito, muitas vezes 
ignoradas pela escola. É importante ressaltar que na intervenção, as propostas de atividades 
do psicopedagogo são mediadoras com o objetivo de modificar a maneira de pensar e usar as 
funções cognitivas. 
Ressalta-se, ainda, que durante a pesquisa de literatura, não foram encontrados muitos 
artigos que abordassem a postura do psicólogo nesses processos de avaliação e intervenção 
psicopedgógica. A literatura encontrada e utilizada para o presente trabalho faz referência à 
psicopedagogia, às dificuldades de aprendizagem e à avaliação e intervenção 
psicopedagógica. Contudo, pode-se observar que esses dois processos são vistos de forma 
geral. Por isso, destacamos a importância desse tema e recomendamos que os profissionais 
que atuam nessa área realizem e publiquem mais estudos sobre a sua atuação, contribuindo 
assim, para um maior aperfeiçoamento desse campo de atuação. 
 
29570 
 
 
 
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Dimensões da psicopedagogia hoje: uma visão transdisciplinar. Tradução de Carla Higashi. 
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