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Laísa Dinelli Schiaveto Antibióticos em Pediatria CONCEITOS BÁSICOS Esquema Básico da Célula Bacteriana Formas Bacterianas 1. COCOS: - Diplococos: pneumococos. - Cocos em cadeia: estreptococos. - Cocos agrupados: estafilococos. 2. BACILOS: - Um flagelo: Pseudomonas. - Diversos flagelos: Salmonella typhi. - Enfileirados: Mycobacterium tuberculosis. - Cotonetes: Clostridium tetani. 3. ESPIROQUETAS: treponema e leptospira. Bactérias Gram Positivas e Gram Negativas GRAM POSITIVAS: possui apenas uma membrana plasmática, coberta por uma parede celular rica em peptideoglicano e, quando realizada coloração gram, ficam violetas. Exemplos: estafilococos, estreptococos, Clostridium spp., Corynebacterium diphtheriae e Bacillus anthracis. GRAM NEGATIVAS: possuem uma membrana externa e uma interna de lipídeos, sendo que, entre elas, existe uma fina camada de peptideoglicanos e, quando realizada coloração gram, ficam rosadas/vermelhas. Exemplos: Neisseria spp., Bordetella pertussis, Brucella abortus, Chlamydia trachomatis, E.coli, Haemophilus spp., Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginose, Salmonella, Vibrio cholerae e Treponema pallidum. GRAM VARIÁVEL: Micobactérias. VISÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS CLASSIFICAÇÃO: Os antibióticos podem ser naturais, semi- sintéticos ou sintéticos, porém, em geral, os maus utilizados são os naturais e os semi- sintéticos, que são classificados em: • Beta-lactâmicos; • Tetraciclinas; • Aminoglicosídeos; • Macrolídeos; • Peptídeos cíclicos; • Estreptograminas; • Outros: lincosamidas, cloranfenicol e rifamicinas. Já, os sintéticos podem ser classificados em: • Sulfonamidas; • Fluoroquinolonas; • Oxazolidinonas. ESPECTRO DE AÇÃO: é o percentual de espécies sensíveis ao antibiótico em questão. ATIVIDADE BACTERIANA: • Bactericidas: tem como função matar a bactéria, sendo ideais para infecções graves. Laísa Dinelli Schiaveto • Bacteriostáticos: tem como função inibir o crescimento da bactéria. SÍTIO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS NA CÉLULA BACTERIANA: • Inibição da síntese da parede celular: vancomicina, bacitracina, penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos. • Inibição da síntese de DNA/RNA: quinolonas. • Inibição do metabolismo do ácido fólico: sulfonamidas. • Inibição da síntese membrana plasmática. • Inibição da síntese de proteínas: - Inibidores dos ribossomos 50s: macrolídeos, cloranfenicol, clindamicina e licomicina. - Inibidores dos ribossomos 30s: tetraciclinas, espectinomicida, amicacina, gentamicina, estreptomicina e nitrofuranos. CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA (MIC) Representa a concentração mínima de antimicrobiano necessária para inibir o crescimento bacteriano. Assim, quanto menor a MIC, maior é a potência do antibiótico. - MIC50: concentração mínima bacteriostática. - MIC90: concentração mínima bactericida. Assim, é sempre necessário manter os níveis de antibiótico no sangue maiores que a MIC50, para que exerça a sua ação. Por isso, alguns antibióticos são administrados de 12/12 horas e outros de 24/24 horas. Isso é importante para as pessoas que não tomam o antibiótico nas horas certas, pois, ao invés dos níveis ficares sempre acima da MIC50, eles não ficam, ou seja, os antibióticos não exercem a eficácia terapêutica esperada. ANTIMICROBIANO IDEAL • Ação bactericida; • Espectro o mais específico possível; • Menor MIC; • Maior nível no local de infecção; • Melhor comodidade posológica; • Compatível com o estado clínico do paciente; • Menos tóxico; • Mais barato. BETA-LACTÂMICOS É a principal classe de antibióticos em pediatria, correspondendo a mais de 50% dos antibióticos prescritos. A principal característica desse grupo é a presença do anel beta-lactâmico, que é responsável pela sua atividade antimicrobiana bactericida, através da inibição da formação da parede celular bacteriana. Nesse sentido, o principal mecanismo de resistência aos beta-lactâmicos é a partir da enzima b-lactamase. Essa enzima á capaz de promover a hidrólise do anel beta-lactâmico, inativando a ação destes antibióticos. Ainda, destaca-se que, a chance de resistência por esse mecanismo é maior em gram-negativos. Entretanto, essa resistência pode ser revertida através da associação de um antibiótico com uma droga com ação inibitória de b-lactamases (ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam), restaurando, assim, a ação do antibiótico beta- lactâmico. PRINCIPAIS ANTIBIÓTICOS BETA- LACTÂMICOS: • Penicilinas Naturais: penicilina G benzatina, penicilina G cristalina, penicilina G procaína e penicilina V. • Penicilinas Semi-Sintéticas: oxacilina. • Aminopenicilinas: ampicilina e amoxicilina. • Carboxipenicilinas: carbenicilina e ticarcilina. • Ureidopenicilinas: piperaciclina. • Monobactâmicos: aztreonam. • Carbapenêmicos: imipenem, meropenem e ertapenem. • Cefalosporinas: - 1ª geração: cefalexina, cefadroxil, cefalotina e cefazolina à tem ação contra estafilococos, estreptococos, E.coli, Klebsiella coli, Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis. - 2ª geração: cefoxitina, cefuroxime e cefaclor à mais eficaz contra bactérias Laísa Dinelli Schiaveto gram-negativas produtoras de b- lactamases. - 3ª geração: ceftriaxone e cefotaxime à tem ação contra bactérias gram- negativas e gram positivas; muito utilizadas em casos de infecções hospitalares. - 3ª geração: ceftazidime à tem ação contra pseudomonas. - 4ª geração: cefepime à mesma atividade contra gram-negativas e mais potentes para gram-positivas do que os de terceira geração; mais resistentes à degradação por b-lactamases. - 5ª geração: ceftaroline e ceftobiprole à tem ação contra estafilococos meticilino- resistentes. INIBIDORES DA b-LACTAMASE: clavulanato + amoxicilina; tazobactam + piperaciclina; sulbactam + ampicilina. POSOLOGIA E APRESENTAÇÃO A posologia dos antibióticos variam de acordo com a idade e o peso. Então, em geral, é utilizado mg/kg/dia. Além disso, a melhor forma de apresentação do antibiótico em pediatria é VO, de maneira líquida, com o sabor mais agradável possível, a fim de facilitar a deglutição e a aceitação da criança. USO DOS ANTIBIÓTICOS Quando vamos prescrever um antibiótico para uma criança, é necessário pensar nos seguintes fatores: • Custo; • Palatabilidade; • Via de administração oportuna; • Duração da administração; • Frequência da administração; • Adesão do paciente e da família. Portanto, os antibióticos mais utilizados são as penicilinas, a amoxicilina e as cefalosporinas. OBS.: (1) Amoxicilina e ampicilina podem ocasionar uma reação mononucleose-like, quando utilizadas em algumas infecções virais, dando um falso diagnóstico de alergia na criança; (2) Tetraciclinas podem ocasionar o escurecimento dos dentes se prescrita na fase de formação dentária e, por isso, não são utilizadas; (3) Aminoglicosídeos, como gentamicina e amicacina, podem causar nefrotoxicidade, ototoxicidade e bloqueio neuromuscular. RESISTÊNCIA BACTERIANA Consiste no desenvolvimento do microrganismo, mesmo na presença de doses adequadas de um antimicrobiano considerado eficaz no controle da infecção. Isso vem acontecendo com maior frequência nos últimos 3 anos em crianças, devido ao uso excessivo de antibióticos sem indicação clínica, sendo, portanto, um problema de saúde púbica. Outro motivo que leva à resistência bacterina é o uso incorreto dos antibióticos. Assim, as bactérias realizam mutação, multiplicação ou trocam o material genético. MECANISMOS: alteração da permeabilidade da membrana celular, desenvolvimento de bomba de efluxo, alteração do sítio alvo de ação e desenvolvimento de enzimas. FATORES QUE LEVAM AO USO IRRACIONAL: • Pressão dos pais que desejam antibióticos; • Hábitos de prescrição; • Falta de autoconfiança; • Ignorânciado médico; • Impossibilidade de acompanhar o retorno da criança no pronto socorro. COMO EVITAR?: • Vacinas; • Uso racional de antibióticos; • Controle e prevenção da disseminação de microrganismos resistentes; • Descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos; • Genes de resistência conhecidos utilizados para novos alvos de antibióticos; • Explicar para os pais sobre o curso natural da doença viral e que, se os sintomas persistirem por mais tempo, deve voltar ao médico = plano de contingência e acompanhamento. Laísa Dinelli Schiaveto CONSEQUÊNCIAS DA MÁ UTILIZAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS • Aumento de eventos adversos; • Aumento dos custos da assistência médica; • Elevação do risco de superinfecção; • Aumento da resistência bacteriana. EXAMES COMPLEMENTARES Hemocultura A hemocultura é um técnica estéril, em que se utiliza luva estéril e álcool no local. O ideal é realizar antes da antibioticoterapia e início dos pródomos febris. Além disso, nos casos de doença grave, realiza-se duas amostras em dois locais distintos antes da antibioticoterapia. Urocultura A urocultura é um técnica estéril, sendo considerada o método padrão-ouro para o diagnóstico laboratorial, oferecendo valor preditivo positivo, se a técnica asséptica for garantida durante a coleta. Para a coleta em crianças, o ideal é um punção supra-púbica, porém é possível realizar a coleta por sondagem vesical, coleta de urina de jato médio (espontânea), coleta pelo método de diurese espontânea (quick-wee) ou coleta usando o saco coletor. Antibiograma O antibiograma testa a suscetibilidade dos agentes infecciosos contra diferentes fármacos de ação antimicrobiana. Assim, como metodologia empregada, utiliza-se o teste disco-difusão.
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