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FUNDAMENTOS-DA-MUSICOTERAPIA

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FUNDAMENTOS DA MUSICOTERAPIA 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 
Fundamentos da Musicoterapia ....................................................................... 4 
Breve histórico ............................................................................................. 4 
Desenvolvimento da música ................................................................... 11 
Desenvolvimento da musicoterapia ........................................................ 14 
Musicoterapia na atualidade ...................................................................... 17 
Princípios da musicoterapia .................................................................... 22 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fundamentos da Musicoterapia 
 
Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, 
melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, 
em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, 
aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos 
relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, mentais, sociais e cognitivas. 
A Musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do 
indivíduo para que ele ou ela alcance uma melhor organização intra e/ou 
interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida, através da 
prevenção, reabilitação ou tratamento. 
 
Breve histórico 
 
Na pré-história, a música produzida pelos homens e mulheres de então, era 
essencialmente uma forma de comunicar, uma expressão da comunidade para 
consigo e com outros seres humanos, o que se percebe ainda hoje nas sessões de 
musicoterapia para distintos clientes com diversas patologias inibidoras da 
comunicação. A vertente comunicacional é uma das mais importantes e 
capacitadoras da musicoterapia, pois indivíduos com limitações desta natureza têm 
a possibilidade de se expressar através da produção de sons musicais. 
 
 
 
 
 
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Enquanto expressão humana mais premente hoje e em tempos remotos, a 
música surge também associada aos ritos religiosos, práticas divinatórias 
sacrificiais, festas populares; temos dados históricos sobre a distinção entre os 
estilos musicais utilizados para estes diferentes fins. 
Contudo, sabemos que o maior dos males do ser humano sempre foi a 
impotência perante a morte e, neste sentido, a angústia consciente da finitude 
humana levou os indivíduos a procurarem explicações e modos de exacerbação e 
de expressão de sentimentos ao mesmo tempo que se tratavam desta aflição 
incessante através da terapêutica musical. Neste 
sentido, compreende-se desde muito cedo a 
utilização de musicoterapia para aliviar as crises 
existenciais e de ansiedade. 
Na mitologia grega, Apolo era para além 
do deus da medicina, o deus da música. Com 
efeito, ao longo da história da humanidade as 
práticas de cura e a música surgem 
intercruzadas, dado ser a música considerada 
uma de várias práticas curativas, ou pelo menos 
cuidadoras. Em conformidade com a cultura 
helénica, Francis Bacon considerava que os 
investigadores “fizeram bem unindo a Medicina e a música em Apolo; porque o 
ofício da medicina nada mais é que afinar a curiosidade, harpa do corpo humano, e 
levar harmonia”. 
O equilíbrio entre corpo e espírito, conforme as culturas eram, e é, a 
pretensão primeira da música, como prática terapêutica de saúde. Apolo era 
considerado um dos deuses do Olimpo mais conceituados e requisitados pelos 
mortais pelo fato de pertencer a ele a arte da cura. Apesar de a música ser 
produzida e utilizada para diversos fins pelo ser humano desde tempos remotos, a 
palavra que passa a identificar a música enquanto tal, surge com a cultura grega. 
Os gregos foram sem dúvida os mais prestigiados preconizadores desta 
terapêutica. Os grandes pensadores da Grécia, os primeiros filósofos, já 
 
 
 
 
 
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compreendiam as potencialidades musicais no tratamento de distintas 
enfermidades. 
Hipócrates foi chamado o Pai da Medicina, podemos reconhecer em Platão e 
Aristóteles os precursores da Musicoterapia. Platão recomendava a música para a 
saúde da mente e do corpo, e para vencer as angústias fóbicas. Aristóteles 
descrevia seus benéficos efeitos nas emoções incontroláveis e para provocar a 
catarse das emoções. 
Grandes nomes da cultura grega antiga se associam à impulsão da 
musicoterapia. Os gregos utilizavam a música numa lógica preventiva e curativa, 
muitos eram os que a aconselhavam e demonstravam seus enormes benefícios. 
Pitágoras desenvolveu a noção de cura através dos intervalos rítmicos da 
melodia musical, considerando que a música continha efetivos poderes curativos 
quando bem empregue, intitulando esta terapêutica como ‘purificação’. A música 
restaurava a harmonia tanto por refletir os números do macrocosmos (Pitágoras – 
ou o “efeito alopático”) quanto por purificar o corpo através de atividade catártica 
(Aristóteles e o “efeito isopático”). 
Durante o período arcaico, sabe-se que por volta do século VII existiu uma 
escola de música para mulheres, liderada pela poetisa Safo, também música e 
musicoterapeuta. Já então se sabia dos benefícios que a musicoterapia trazia ao 
bem-estar do indivíduo, de uma forma plena e permanente. Percebia-se a saúde 
como um estado de equilíbrio entre corpo e mente e a música, desempenhando a 
música uma fonte de harmonia na natureza humana. 
No concernente às crenças musicoterápicas de Aristóteles, o filósofo 
acreditava que a música produzida por instrumentos de sopro, como a flauta, 
suscitava emoções fortes e podia conduzir a um estado de libertação catártico. 
Nesta medida é ainda interessante salientar que o povo grego tinha por hábito fazer 
as refeições acompanhado pelo som da citara, para facilitar a digestão. Do mesmo 
modo, consideravam que a música de tipo eólico e, portanto, repetitivo, era 
terapêutica em perturbações do foro mental pelo que se pode perceber hoje o poder 
hipnótico de uma música com repetições rítmicas e melódicas. Uma das primeiras 
noções de musicoterapia encontradas na história da humanidade é referente ao seu 
 
 
 
 
 
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uso enquanto mecanismo de fortalecimento da mente, poder profilático da música, 
que potencia o restabelecimento do equilíbrio natural do organismo humano.Aristóteles defendia uma concepção holista acerca dos efeitos da 
musicoterapia no Homem pois, segundo Verdeau-Paillés e outros, a melhor 
educação seria aquela que fosse conseguida através da música, visto que a 
harmonia e o ritmo conseguem penetrar no mais íntimo do ser, fornecendo 
sabedoria. 
No período helénico, surge aquilo que é – no nosso entender – o verdadeiro 
sentido de música enquanto terapia de cuidado e reabilitação para indivíduos 
portadores de patologias. Nesta medida é que desde então se vem compreendendo 
que o “conceito de uma força terapêutica ou “harmonizadora” na música tem 
prevalecido na estética e educação musical desde a Grécia antiga. 
A partir do Helenismo, os grandes géneros musicais entram em decadência. 
Afirma-se em contrapartida, o virtuosismo dos cantores e o profissionalismo dos 
músicos. Procura-se explorar ao máximo o ethos musical. Este pode definir-se como 
a capacidade intrínseca dos sons para produzir no ouvinte efeitos de ordem afetiva 
ou psicológica. 
O império romano herdou grande parte dos hábitos culturais da civilização 
grega, contudo, a aplicação da música em terapêuticas de cuidado de saúde, foi-se 
degradando com o passar dos séculos. Pode mesmo afirmar-se o desaparecimento 
da terapêutica musical no ocidente, sendo que, com a queda posterior do império 
romano, as formas de cura retornaram ao sentido mágico-divinatório. 
Na época da cristianização da Europa, na zona islâmica surgia um grande 
desenvolvimento cultural e científico e, desta forma, mediante um dos grandes 
mestres da medicina árabe da época que era Avicena, a música era utilizada como 
um agente medicamentoso, tal como o ópio e outros entorpecentes. 
As conquistas do cristianismo e, posteriormente, a implementação do 
catolicismo romano no nosso continente, tiveram total influência na produção 
musical da época através de música única e exclusivamente erudita, com sentido de 
louvor a Deus. Assim, a música produzida durante esta era, Idade Média, era 
 
 
 
 
 
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somente cantada e pertencia ao domínio eclesiástico. Existiam distintos tipos de 
canto entre os quais, o mais conhecido, canto gregoriano. 
Durante a renascença, entre os processos de tratamento pela recreação, a 
música se impôs como um dos meios mais eficazes para processos de educação e 
reeducação de indivíduos em reabilitação. A utilidade da música no renascimento 
veio, tal como muitas áreas científicas e culturais, renascer, existindo portanto uma 
tentativa de continuidade do que na antiguidade se tinha efetivado. Logo, no que 
concerne à utilização e ilustração da música como terapia de promoção de saúde, 
distintos nomes ao longo da história acentuaram a importância desta prática. Por 
volta do século XVII a filosofia mecanicista de Descartes, combinada com a “teoria 
do afeto” da estética musical do barroco, estabeleceram as bases para uma teoria 
da musicoterapia. Essa teoria salientava que os intervalos da música podiam 
expandir ou contrair o spiritus animale do corpo e, portanto, influenciar de maneira 
direta o estado da mente. 
Neste tempo deu-se simultaneamente o ressurgimento e um novo surgimento 
da medicina empírica e com ele, depois das novas descobertas médicas, a música 
foi primordialmente incluída juntamente com as novas terapêuticas. 
A emancipação perdura e permanece pelos séculos chegando ao século XIX 
onde o Positivismo e o Evolucionismo não deixam de inocular, nos primeiros 
esforços de sistematização musicológica, a concepção de Música como progresso 
permanente, imparável, desde as estruturas consideradas primitivas, às mais 
perfeitas. 
Com, sobretudo, o avanço imenso da tecnologia na área da biomedicina, a 
música foi perdendo muito do seu designado “poder” durante o século XIX, devido à 
degradação da compreensão estética em medicina, bem como à industrialização no 
mundo laboral que veio reforçar um paradigma biotecnológico, com a exacerbação 
da máquina em detrimento do natural. 
A prática musicoterápica, já por princípios do século XX não é um método 
novo, mas sim uma redescoberta das utilizações terapêuticas da música. 
Concretamente, e abordando a aplicabilidade da musicoterapia, até ao século 
passado a musicoterapia era uma terapêutica aplicada exclusivamente pelo médico, 
 
 
 
 
 
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com o auxílio de músicos. No entanto, a partir de meados do século XX, deu-se o 
aparecimento dos primeiros musicoterapeutas conhecedores de todos os campos 
envolvidos, quer o medicinal, quer o terapêutico, quer ainda o musicológico. 
Por volta dos anos 40 do século passado, a musicoterapia foi aplicada aos 
soldados vindos da segunda guerra mundial por condição das distintas maleitas 
adquiridas em campo de batalha. Em finais dos anos 60, surgem novos estilos 
musicais e, com eles, propósitos bem distintos através da sua audição e execução. 
A música “New Age” baseia-se na ideia de que podemos criar música para alterar 
nosso estado de espírito e expandir nossa consciência. Os anos 60 do século 
passado (re)direcionaram-se para a medicina holista e com ela, estes novos estilos 
musicais estimuladores e desinibidores surgiram. Deparamo-nos neste tempo 
histórico com a utilização da música para a alteração de estados de consciência que 
podem ser utilizados para o tratamento de distintas patologias físicas e/ ou 
psíquicas. Este estilo musical caracteriza-se pela música electrónica que abre um 
novo campo de interesse para os terapeutas por permitir a comunicação entre o ser 
humano e o mundo pela explanação de emoções. Tudo isto decorria na mesma 
época da descoberta do DNA e da lenta imposição paradigmática da biologia 
molecular na medicina. 
Ainda durante o século XX, e após a utilização de musicoterapia em hospitais 
americanos para o tratamento de veteranos da guerra do Vietnam, foi criada em 
1950 a Associação Nacional de Musicoterapia nos EUA, no sentido de promover o 
uso progressivo da música na medicina, fomentar a formação de profissionais 
qualificados de modo a implementar do curso superior de musicoterapia em muitas 
universidades, em parceria com escolas médicas e instituições hospitalares. A partir 
desta data pode considerar-se reconhecida a profissão de musicoterapeuta, 
devidamente formado e atualizado. Estamos perante o advento de uma nova era da 
musicoterapia que hoje se encontra espalhada por todo o mundo e que, em países 
como o Brasil ou os Estados Unidos da América, é ciência fulcral para a reabilitação 
e cuidado em saúde. 
Neste final de século (XX), a utilização da música com fins terapêuticos tem 
aumentado de importância na maior parte do mundo industrializado. Embora o 
 
 
 
 
 
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conceito de uma força terapêutica vinculada à música seja tão antigo como nossa 
civilização, assim como uma força aparentemente viável na maioria das outras 
civilizações, alfabetizadas ou não, a prática do uso terapêutico da música nunca 
esteve antes tão difundida e diferenciada. 
Na atualidade e compreendendo a música como uma expressão do Homem 
para si mesmo, pode perceber-se a existência de uma alteração no paradigma 
científico de forma a favorecer a musicoterapia em sua compreensão de existência 
de mudanças potenciadas pela música através da terapêutica. A lenta queda do 
poder do paradigma biomédico, vem potenciar uma nova perspectiva sobre esta 
terapêutica, uma perspectiva mais holista, onde se compreende o ser humano como 
um todo, indissociável de si mesmo e das suas patologias. 
Gaston (1968) apresenta como fundamentação para o entendimento 
científico da Musicoterapia as ciências da conduta compreendida através dos 
conhecimentos da psicologia, sociologia e antropologia. Como o foco é o 
entendimento da Música na Musicoterapia este autor coloca em destaque a pouca 
referência ao campo da estética na ciência. O comportamento musicaldo homem e 
em especial o emprego terapêutico da música precisam de estudos científicos. 
Como pouco se sabe sobre o que acontece dentro do homem quando está 
comprometido com a música, o que resta é observar e estudar sua conduta 
manifesta, através das ciências da conduta. 
O trabalho musicoterapêutico acontece com a música. Nas investigações de 
meados do século XX os médicos e os músicos buscavam explicações para a 
eficácia deste fenômeno, e com aparelhos mediram os efeitos psicofisiológicos. Os 
pesquisadores voltados à Musicoterapia trouxeram o pensamento grego sobre 
Música (Mousikè), seus princípios da metafísica da harmonia, para complementar 
uma indicação da aplicabilidade musical. 
Pesquisar os efeitos da música sobre o corpo (cérebro) é possível e trás 
resultados visíveis e mensuráveis. Música em Musicoterapia, contudo, traz consigo 
o ambiente complexo da Arte e das relações humanas. Sanar as inquietações 
advindas do lado da música requer então uma ampliação para o campo filosófico 
relembrando a Filosofia como a mãe de todas as ciências. 
 
 
 
 
 
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As publicações musicoterápicas do século XXI desenvolvem-se nessa 
trajetória e buscam maiores entendimentos sobre Música em Musicoterapia. A 
Filosofia da Música ganha em credibilidade, ao mesmo tempo em que como o 
pesquisador entende a música torna-se fundamental. 
 
Desenvolvimento da música 
 
A palavra música tem por etimologia latina, música e grega mousikè. Com a 
base grega é possível perceber que existem vários significados. Primeiro ela está 
relacionada com as Musas: ”deusas protetoras da educação e por extensão aos 
termos poesia e cultura geral”; depois considera-se o contrário “(a-mousos, não 
musical) refere-se às pessoas incultas e ignorantes”; também é associado a um 
sentido mais convencional, música: “se refere aos ensinos específicos da área”; 
pode ser associado a um “sinônimo de filosofia”; e também pode ser associado ao 
verbo “manthanein, ‘aprender’, que por coincidência é também o verbo do qual se 
origina a palavra ‘matemática’” (TOMÁS, 2005). 
Musa da musica 
 
A compreensão deste termo mousikè na cultura grega dava-se de modo 
complexo por estar diretamente integrada a outras áreas de conhecimento como a 
 
 
 
 
 
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medicina, a psicologia, a ética, a religião, a filosofia, e a vida social. Como conceito 
compreendia um conjunto de atividades bastante diferentes, as quais se integravam 
em uma única manifestação, estudar música na Grécia consistia também em 
estudar a poesia, a dança, e a ginástica. É importante esclarecer que os saberes 
acima descritos não eram entendidos como áreas separadas, mas sim, eram 
pensadas simultaneamente e que seriam, assim, equivalentes. Todos esses 
aspectos, quando relacionados com a música tinham uma igual importância e, 
portanto, não existia uma hierarquia entre eles. 
Entender o conceito de música passa pelo entendimento desta etimologia. 
Considerando que na sociedade grega a música era muito importante por suas 
conexões com outros campos do saber [que] ultrapassavam em muito o sentido 
comum do que se entende por música, isto é, como um fenômeno audível que pode 
ser percebido sensorialmente. Para eles as segmentações de saberes não se 
faziam necessárias, mas sim, a integração e construção destes saberes com o 
cotidiano, com o modo de vida por estarem relacionados com a formação integral da 
pessoa. 
A música assim acontecia pela construção do conhecimento específico da 
área e sua integração ao conhecimento total ao mesmo tempo. Era entendida, deste 
modo, tanto pelo conceito de ‘metafísica da harmonia’ (pensamento pitagórico) e 
seu desdobramento para ‘música conceitual’ (pensamento platônico) como de 
‘música’, sons audíveis (pensamentos pitagóricos, platônicos e aristotélicos 
integrados à formação do caráter). 
O entendimento sobre harmonia dava-se de forma diferente do que existe 
hoje. Esta palavra tinha por significado ‘ajustes’ e ‘junções’ e era aplicada a muitos 
temas quando se queria expressar a união de coisas contrárias ou de elementos em 
conflito organizados como um todo. De modo metafísico música relacionava-se à 
prática musical, à afinação dos instrumentos e representava equilíbrio físico e 
mental. O aspecto metafísico da harmonia, ou seja, o entendimento da música de 
modo não audível vem como um contraponto ao ambiente dualista manifestado na 
música entendida sensoriamente (música audível) presente nos aspectos éticos 
educativos. 
 
 
 
 
 
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Nesse sentido, a questão do poder dos sons e da música sobre o espírito era 
também bem divulgada. Os modos musicais gregos fundamentavam-se na crença 
de que “cada harmonia provoca no espírito um determinado movimento (...) cada 
modo musical grego estava associado a um éthos específico” (TOMÁS, 2005 p. 17), 
um modo particular de ser. Assim, a Doutrina do Ethos aplicada à Música 
considerando a filosofia do Éthos (Música audível) divulgou o entendimento de que 
a música não só pode educar o espírito como também corrigir as más inclinações, a 
música imita uma determinada virtude e quando escutada elimina o vício ou 
inclinação que a antecedeu. O aspecto musical colocado em destaque para explicar 
esse acontecimento é o rítmico. Ritmo da dança, da métrica na poesia e melodia. 
 
Deste modo o alcance do poder da música restringe-se ao fenômeno do 
sensível e o som permanece vinculado ao significado verbal e ao movimento, isto é, 
tem se um resultado bem concreto. Tanto pela metafísica (a relevância está na 
escrita e na estrutura) como pelo sensível (a relevância está na escuta) as 
influencias dos sons sobre as pessoas era real e a Música na Grécia era 
considerada de modo integral. Música e harmonia, aspecto sonoro e aspecto 
teórico. 
Esses entendimentos são provenientes das escolas de: 
Pitágoras – música integrada às demais áreas de conhecimento, tocar, cantar 
ou falar envolvia também o contar, a matemática integrava as ações e relações dos 
indivíduos, música entendida como a ‘metafísica da harmonia’. 
 
 
 
 
 
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Platão – música está diretamente associada ao aspecto ético educativo na 
formação da sociedade como um todo e vincula-se com o conceito de techné, 
assim, “é uma técnica, uma habilidade manual que requer destreza” (TOMÁS, 2005, 
p. 20), música conceitual como algo puramente pensável e inteligível, constitui o 
fundamento teórico da concepção de música como filosofia. 
Aristóteles - este filósofo acrescenta à compreensão do campo musical o 
aspecto hedonista, o prazer imediato proporcionado pela escuta e discute a partir 
disso, quais seriam os verdadeiros propósitos dos estudos musicais na educação 
como um todo. Aristóteles ao destacar 
esse aspecto também esclarece que 
nenhuma discrepância em associar a 
música à diversão ou ao entretenimento, 
desde que não se perca de vista que esta 
associação é apenas um processo e não 
uma finalidade. 
 
Desenvolvimento da musicoterapia 
 
A Musicoterapia teve início no século XX, após a Segunda Guerra Mundial, 
quando os músicos amadores e profissionais começaram a tocar instrumentos 
musicais em hospitais de diversos países da Europa e Estados Unidos. A partir de 
então, médicos e enfermeiros constataram que soldados feridos, quando em contato 
com as apresentações musicais realizadas em seus leitos, apresentavam uma 
recuperação muito mais satisfatória. 
Na década de 60, o médico e escritor inglês Oliver Sachs iniciou as primeiras 
pesquisas sobre os efeitos da música em pacientes com doença de Parkinson. A 
partir de então, começaram as primeiras conferências, são fundadas federações, 
associações de Musicoterapia, cursos de pós-graduação e graduação em 
Musicoterapia em diferentes partes do mundo. 
 
 
 
 
 
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No ano 1976, em Buenos Aires acontece o II Congresso Mundial de 
Musicoterapia (primeiro evento numerado da comunidade musicoterapêutica). E, em 
2014 na Áustria aconteceu o XIV Congresso Mundial de Musicoterapia. O 
organizador deste congresso e precursor da Musicoterapia na América latina, 
inclusive no Brasil, foi Rolando Benezon, médico psiquiatra, psicanalista e músico. 
Benezon atuava ativamente nos movimentos ocorridos, presidindo os 
primeiros congressos mundiais e fundando as primeiras associações e cursos de 
formação. Desenvolveu ao longo das últimas cinco décadas o Modelo Benenzon de 
Musicoterapia, que influencia fortemente a prática musicoterapêutica de 
profissionais brasileiros, vizinhos latino-americanos e, atualmente, europeus. 
O Modelo Benenzon de Musicoterapia (MBMT) foi reconhecido oficialmente 
pela WFMT, em 1995, como um dos cinco modelos de atuação em musicoterapia 
ao lado dos modelos GIM (Imagens guiadas e música) desenvolvido por Helen 
Bonny nos EUA, NORDOFF – ROBBINS (improvisação criativa), desenvolvido por 
Paul Nordoff e Clive Robbins nos EUA e Inglaterra, MODELO ANALÍTICO 
desenvolvido por Mary Priestley na Grã-Bretanha, MODELO COMPORTAMENTAL, 
desenvolvido por Clifford Madsen nos EUA. 
 
Modelo Benenzon 
 
O Modelo Benenzon foi criado em 1965, considera objetivo fundamental 
produzir estados regressivos e aberturas de canal a estes níveis em pacientes, 
realizadas pelos novos canais de comunicação, o processo de recuperação. 
Estendendo-se de fontes de emissão de som, a natureza, o corpo humano, 
instrumentos musicais, eletrônica, meio ambiente, o caminho das vibrações 
acústicas com as suas leis, os órgãos receptores desses sons , compreendendo 
impressão e a percepção no sistema nervoso e todas as implicações biológicas e 
psicológicas para o desenvolvimento da resposta que contém o complexo uma vez 
que é uma fonte de encorajamento. 
 
Modelo GIM 
 
 
 
 
 
 
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O Modelo GIM iniciou nos anos 70, por Bonny Helen Em 1972, o mesmo 
fundou o " Instituto de Consciusness e Música ", começando formar terapeutas de 
música para trabalhar com este modelo. Os mesmos trabalha principalmente com: a 
capacidade de provocar tanto a sinestesia musical como "estados alterados de 
consciência " ou "uso da música para alcançar níveis extraordinários de consciência 
humana ". 
 
Modelo Nordoff Robbins 
 
O Modelo Nordoff Robbins foi constituída, nos anos 1976-1977. 
Musicoterapia Criativa e de improvisação, é o modelo de improvisação musical que 
estabelece entre o paciente e o terapeuta com vários instrumentos ou o cantar de 
uma música, para pacientes com condições neurológicas e nas funções vitais . A 
terapia criativa é um evento interpessoal que leva em conta não apenas o tipo de 
paciente tratado, mas também a personalidade do terapeuta, fazendo uma 
improvisação "bilateral", que inclui tanto o paciente quanto o terapeuta. 
 
Modelo Analítico de Musicoterapia 
 
O Modelo Analítico de Musicoterapia, Mary Priestley, é considerada a 
fundadora em 1975. A Musicoterapia Analítica tem o uso analítico e simbólico da 
música através da improvisação pelo musicoterapeuta e paciente. Ele é usado como 
uma ferramenta criativa com que o paciente explora sua própria vida, ao mesmo 
tempo que fornece os meios para crescer e aumentar a sua auto- conhecimento. 
 
Modelo Comportamental 
 
O Modelo Comportamental, formado em 1975, Clifford Madsen é considerado 
o fundador, o modelo sustenta que a música por si só é um operador condicionado 
reforço ao comportamento alterado. O impacto da experiência musical é observável 
e mensurável, pela relação de causa/efeito entre a música e o comportamento. A 
musicoterapia, neste modelo deve usar a análise comportamental e propor 
 
 
 
 
 
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programas de tratamento individualizado para atender as necessidades das 
pessoas. 
 
 
Musicoterapia na atualidade 
 
As concepções de Musicoterapia do século XXI, que têm por base considerar 
a Música como musicalidade em ação‘, mantêm vínculos mais estreitos com os 
primeiros princípios e fundamentos trazidos por Gaston: se quisermos apreender a 
música enquanto forma essencial do comportamento humano haveremos de 
assegurar as bases da musicoterapia. 
Os escritos da filosofia grega inspiraram essa caminhada uma vez que no 
conceito Grego Mousikè a música era parte do conhecimento. Para conhecê-la 
fazia-se necessário apreciar a integração entre as áreas de conhecimentos. 
Passados todos esses anos o entendimento da Musicoterapia conduz ao 
Musicing/Musicking e com ele essa forma integrada e totalitária de entender música 
e homem. Não quer dizer que mousikè e musicing/musicking sejam sinônimos, 
percebe-se, contudo, que atravessados séculos de especialização dos 
conhecimentos com música sendo uma disciplina, entendê-la em sua totalidade 
requer a integração com o contexto. Precisa-se retornar ao homem, o seu criador. 
Aqui produto e produtor estão intimamente ligados ao ponto de não se poder 
entender um sem o outro. 
A musicoterapia, como área de investigação da relação 
homem/música/saúde, quanto mais próxima da música estiver, mais enriquecida 
estará. Para tanto, entender os princípios filosóficos inerentes a como se define 
 
 
 
 
 
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Música é fundamental na construção da Música em Musicoterapia que se mostra 
pela Filosofia. 
Atualmente, a musicoterapia tem sido uma grande aliada nas áreas da 
medicina, educação, comunidades e sociedades em geral. Auxiliando em diversos 
tipos de tratamentos, distúrbios e síndromes. Onde é através dos sons, ritmos e 
melodias que essa terapia revolucionária e inovadora tem sido de grande 
importância no tratamento de distúrbios de natureza orgânica, psíquica, emocional, 
social e cognitiva. 
Os atendimentos são realizados individualmente e em grupo quando 
necessário. Podendo utilizar dois tipos de métodos o ativo e o passivo. O ativo é 
quando o paciente faz música, compõe e participa ativamente do processo 
terapêutico. O passivo é a participação do processo de forma receptiva, recebendo 
e sentindo a música como agente transformador dentro deste processo. 
Atualmente temos uma gama maior de musicoterapeutas trabalhando nos 
mais diversos campos de atuação. A musicoterapia tem sido de grande importância 
no tratamento do Autismo, Síndrome de Down, Síndrome de Asperger, síndrome de 
Rett, distrofia muscular, paralisia cerebral, deficiências visual, auditiva e motora. No 
campo de reabilitação, alzheimer, hiperatividade, déficit de atenção, dificuldades de 
aprendizagens, depressão, ansiedade e outros. 
A qualidade de vida do paciente tem sido transformada, através do canto, do 
tocar um instrumento, da autoestima, da relação humanística do grupo, da alegria 
que contagia os participantes. 
A musicoterapia não exige que o paciente tenha conhecimentos musicais, a 
participação do paciente se dará através da criatividade e de composições sonoras, 
melódicas e rítmicas; recebendo e fazendo música. Ouvir música é ativar a mente, 
estimulando a criatividade, a produtividade e a inteligência. Aumenta os níveis de 
concentração e atenção, melhorando o estado de espírito e de humor. A música é 
um redutor de ansiedade e stress, reorientando o foco de problemas, dores, 
tensões, podendo se transformar em ferramenta de promoção da saúde. 
 
 
 
 
 
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Nosso cérebro reage de forma muito natural à música. É só ouvir e já se bate 
o pé acompanhando o ritmo, ou de pronto nos encontramos a cantarolar a melodia. 
Tão somente isso já é suficiente para mudar o “astral”, melhorar o humor, aumentar 
a disposição e fazer agir um antidepressivo instantâneo, que é a música. Pode 
ocorrer o fenômeno contrário: uma música pode nos deixar violentos ou deprimidos 
ou angustiados.Os terapeutas utilizam a música, em suas diversas ramificações, para 
estimular o autoconhecimento e o equilíbrio psicológico de pacientes acometidos 
pelos mais diversos tipos de dificuldades e enfermidades. O propósito da terapia 
musical, neste caso, é agir dentro de uma perspectiva de busca de saúde, na 
construção de recursos de combate às enfermidades e no auxílio da construção do 
bem-estar do sujeito. 
Em verdade, alguns profissionais da área defendem que os sons podem 
contribuir no fortalecimento do sistema imunológico como um todo, visto que a 
música envolve a capacidade mental, emocional, física, fisiológica e social do 
indivíduo, podendo ser recomendada no tratamento de quase todas as doenças. A 
possibilidade que uma determinada música tem para atingir uma região ou outra do 
cérebro está ligada diretamente à quantidade de prazer e satisfação que podem ser 
alcançados no ato de ouvir. 
Estudos sobre a ação e os efeitos biológicos do som e da música no ser 
humano sugerem que a energia muscular responde diretamente ao ritmo proposto, 
alterando a regularidade da respiração, atuando na variação da pressão sanguínea, 
reduzindo a fadiga, provocando, ainda, mudanças no metabolismo. A música age 
estimulando funções cognitivas e da memória, mantendo a capacidade de 
percepção, concentração, bem como a articulação da linguagem. 
A respeito disso, Benenzon defende que as respostas sensoriais do ser 
humano são instantâneas aos estímulos musicais e se dão em vários níveis, como o 
do tálamo, o nível cortical e no subcortical. Benenzon explica que o ritmo e a 
melodia são atributos do homem e dos animais, pois as duas coisas se dão a nível 
subcortical, enquanto a harmonia, produto intelectual, só se dá a nível cortical, 
sendo atributo exclusivo do homem. Também é citado pelo autor que é na 
 
 
 
 
 
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passagem do tálamo ao córtex que os elementos musicais e sonoros sofrem 
inibições e desdobramentos ainda desconhecidos (BENENZON, 1998). 
Há regiões especializadas em 
memorização dos sons e 
determinados ritmos e timbres sonoros 
no cérebro do ser humano. Algumas 
têm a função de armazenar somente a 
linha melódica de uma canção, e o 
conjunto destas áreas formam a 
memória sonora, que reconhece a 
música, identificando-a através da 
função cognitiva. 
A área cerebral onde se dá o reconhecimento do que ouvimos é a região do 
córtex, mais exatamente o córtex temporal do hemisfério direito do cérebro. A 
execução de melodias e a capacidade de executar e cantar a música também são 
atributos desta região do cérebro. Já o ritmo e os intervalos são processados na 
região do lobo temporal e frontal. 
A compreensão da música se dá no hemisfério esquerdo, assim como a 
capacidade de composição e escrita da música. O conjunto destas ações sistêmicas 
é que faz a música ter tanta semelhança com a linguagem, visto que as duas atuam 
de forma parecida com seus conjuntos de signos e regras de composição estrutural 
e linguística. 
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A expressão musical serve, entre outras coisas, para extravasar as emoções 
que o ser humano não consegue transmitir somente com a fala, tendo relação com 
todos os períodos históricos, e está enraizada na vida em sociedade. A música, 
além de traduzir sensações, faz o cérebro funcionar melhor, ativando todas as 
regiões onde se ativa a nossa capacidade de sentir. 
A música, com suas propriedades terapêuticas, pode ser aproveitada em 
diversos setores, segmentos e camadas de nossa sociedade. Buscando a melhor 
qualidade de vida, ao longo de todo o decorrer da vida. Pode-se dizer também que a 
musicoterapia pode assumir um belíssimo papel tanto nos primeiros anos quanto 
nos áureos dias da fase adulta. Para a terceira idade, por exemplo, a musicoterapia 
se apresenta como uma ferramenta de expressão, que pode ser utilizada em 
diversos contextos e no auxílio à cura de muitas enfermidades. Seja no âmbito 
social ou no ambiente de reabilitação, a música pode atuar na estimulação de ações 
físicas, sensoriais, psicológicas e motoras, tendo no próprio corpo do paciente a 
principal ferramenta de comunicação com o mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O musicoterapeuta interage com os pacientes de acordo com os objetivos 
que queira alcançar com o trabalho. Estes objetivos norteiam a aplicabilidade e os 
métodos que irão ser utilizados. O paciente pode improvisar ou criar a partir de algo 
que já lhe foi apresentado, ou pode haver um processo inverso estimulando a 
criatividade do paciente, com o terapeuta interpretando, posteriormente, as músicas 
produzidas durante as sessões. 
 
 
 
 
 
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Princípios da musicoterapia 
 
Os primeiros princípios na construção da teoria da Musicoterapia foram 
descritos por Gaston (1968) como sendo 
1 – O estabelecimento ou restabelecimento das relações interpessoais. A 
justificativa para este princípio baseou-se na qualidade da música como instrumento 
para a inserção social. “A música dia a dia em quase todas as culturas, tem sido 
uma das atividades grupais que mais satisfação deu, não só por sua atração 
sensorial única, mas porque era, e é, comunicação não verbal” (GASTON, 1968). 
Deste modo o trabalho da musicoterapia enfatiza a característica da música como 
(re)integradora em atividades sociais. 
2 – a obtenção da autoestima mediante a autorrealização. Este segundo 
princípio está diretamente relacionado com o primeiro. Uma interação social se faz a 
partir da autoestima, pois, ela é a confiança e a satisfação consigo mesmo. As 
atividades musicais vêm ao encontro deste exercício de autorrealização por ser uma 
ação compartilhada com o musicoterapeuta e demais integrantes de um grupo. Para 
tanto faz necessário certo grau de competência. 
3 – o emprego do poder singular do ritmo para dotar de energia e organizar: 
este elemento musical, o ritmo permite colocar a energia em movimento ao mesmo 
tempo em que organiza. Constitui o elemento mais potente e dinâmico da música 
(...) faz mover a engrenagem. Na musicoterapia é possível induzir e modificar a 
conduta de modo suave, insistente e dinâmico em uma relação desprovida de 
temor, com confiança e satisfação em si mesmo. 
 
 
 
 
 
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As principais áreas de atuação dentro da Musicoterapia são a clínica, 
educacional, social e pesquisa. 
Na clínica, para pesquisar e aplicar técnicas sonoras, instrumentais e 
musicais para reabilitar pessoas com distúrbios físicos, sensoriais, mentais e 
emocionais. Na educacional, para prevenir e tratar distúrbios de aprendizagem e 
dificuldades na leitura e escrita, com a utilização de métodos musicais. Na social, 
para desenvolver atividades com crianças, idosos e gestantes em hospitais, centros 
de saúde, creches, casas de repouso e asilos; participar de programas de 
assistência a menores abandonados, infratores ou envolvidos com drogas. Na área 
de pesquisa, para trabalhar em pesquisas que comprovem estatisticamente a 
eficácia da Musicoterapia; criar novos métodos terapêuticos musicais para auxiliar 
nos diversos tratamentos físicos e psíquicos. 
Na aplicação clínica da Musicoterapia, a metodologia consta de duas partes 
essenciais, sendo a primeira de caráter diagnóstico e a segunda de caráter 
terapêutico. Na primeira é realizada a ficha musicoterapêutica, que consiste em um 
interrogatório a respeito da história sonoro-musical do paciente. Além desta ficha, o 
paciente é defrontado com uma série de instrumentos de percussão simples e 
alguns pouco melódicos com a finalidade de se observar como o paciente consegue 
se comunicar por meio deles, é a chamada testificação do equadre não verbal. 
Neste teste, pode-se identificar o instrumento que servirá de objeto intermediário. A 
segunda parte é constituída pelas sessões de musicoterapia,onde o paciente e o 
musicoterapeuta trabalham ativamente. 
Qualquer pessoa é susceptível de ser tratada com musicoterapia. As mais 
indicadas são aquelas pessoas virgens de conhecimentos musicais, em que há 
maior facilidade para se introduzir no contexto não-verbal. Particularmente são 
indicados no autismo e na esquizofrenia, onde a musicoterapia pode ser a primeira 
técnica de aproximação. O paciente com conhecimentos musicais prévios pode 
entrar em confronto com o musicoterapeuta, e é difícil romper com as defesas 
musicais ao pretender trabalhar com seus aspectos mais regressivos. 
A musicoterapia é aplicável ainda em outras situações clínicas com certas 
adaptações, pois atua fundamentalmente como técnica psicológica, ou seja, reside 
 
 
 
 
 
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na modificação dos problemas emocionais, atitudes, energia dinâmica psíquica, que 
será o esforço para modificar qualquer patologia física ou psíquica. Pode ser 
também coadjuvante de outras técnicas terapêuticas, abrindo canais de 
comunicação para que estas possam atuar eficazmente. 
 
A Musicoterapia no Deficiente Mental 
 
Ao contrário do que se poderia imaginar, a musicoterapia permite, de maneira 
bem fácil, a introdução de mensagens que pareciam difíceis ou complicadas para o 
deficiente mental. Para estabelecer contato, primeiro o deficiente mental é tratado 
individualmente, e após, grupalmente, para integração com os demais. É importante 
o uso do corpo como instrumento de movimento e percussão: soltar a voz, bater 
palmas, bater a mesa, marchar, bater o rosto do musicoterapeuta, ou o próprio rosto 
controlando a força – meio de contato humano, de descarga, de autoagressividade. 
É necessário encontrar um meio para que a criança se expresse: num ritmo, ruído, 
som ou melodia. Os deficientes mentais têm facilidade para viver a intensidade e 
aprendem a duração do ritmo, podendo passar para as aulas de música após a 
terapia. 
 
A Musicoterapia em Perturbados Motores 
 
O objetivo é produzir novas vias no cérebro lesado, tanto em crianças como 
em adultos. A música dá a emoção do movimento, porque se move no tempo e no 
espaço, e a meta da musicoterapia é provocar a sensação da possibilidade de 
realizar o movimento. Também nestes pacientes é necessário trabalhar 
individualmente no início, pois os espásticos e os atetósicos apresentam reações 
diversas frente à música. O musicoterapeuta deve procurar o melhor meio de 
expressão do paciente. Deve-se ainda buscar a integração com outras áreas como 
a psicoterapia. 
 
A Musicoterapia nos Deficientes Auditivos 
 
 
 
 
 
 
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A atividade para o som é completamente distinta em pacientes com 
experiência auditiva prévia, em pacientes com surdez parcial, e nos surdos de 
nascimento. De qualquer maneira, interessa-lhe mais o ritmo e menos a melodia. 
Utilizam-se de outros sistemas capazes de perceber o som: sistemas de percepção 
interna, táctil e o visual. As sessões podem ser individuais ou em grupos, pois são 
pessoas normais com suficiente capacidade para integrar-se ao movimento de 
dança. É importante o piso de madeira na sala de musicoterapia para sentir as 
vibrações, os audiofonos, os grandes instrumentos, e as vibrações no ar. Sentir as 
vibrações do musicoterapeuta quando este canta e compará-las com as de seus 
companheiros é uma das experiências mais ricas de comunicação que existe 
 
A Musicoterapia no Autismo Infantil 
 
É a primeira técnica de aproximação para com este paciente pode-se 
considerar que o autista é uma espécie de feto que se defende contra os medos de 
um mundo externo desconhecido e contra as sensações das deficiências de seu 
mundo interior. Portanto, é importante trabalhar em etapas com elementos de 
regressão, ou seja, musicoterapia passiva ou receptiva (o paciente é submetido ao 
som sem instruções prévias); de comunicação e de integração. 
A água pode ser fundamental para a terapia, pois é elemento com o qual a 
criança convive diariamente produzindo efeitos diversos, assim como sons 
primitivos como batimentos cardíacos, inspiração e expiração. 
A Musicoterapia também se adapta perfeitamente nas famílias de crianças 
autistas, psicóticas, ou mesmo em qualquer grupo familiar enfermo, quando 
realizada paralelamente à terapia da criança. O objetivo é evitar a criação de um 
sistema de comunicação incorreto: hiperestimulação ou comunicação estereotipada, 
como expressões verbais repetitivas e rígidas. Visa também fazer com que a família 
compreenda o tempo de seu filho na comunicação, de romper o uso incorreto da 
comunicação e de reconstruir a comunicação com a criança. 
 
 
 
 
 
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