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FUNDAMENTOS DA MUSICOTERAPIA P ág in a2 Faculdade de Minas 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 Fundamentos da Musicoterapia ....................................................................... 4 Breve histórico ............................................................................................. 4 Desenvolvimento da música ................................................................... 11 Desenvolvimento da musicoterapia ........................................................ 14 Musicoterapia na atualidade ...................................................................... 17 Princípios da musicoterapia .................................................................... 22 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 26 P ág in a3 Faculdade de Minas 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. P ág in a4 Faculdade de Minas 4 Fundamentos da Musicoterapia Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, mentais, sociais e cognitivas. A Musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele ou ela alcance uma melhor organização intra e/ou interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida, através da prevenção, reabilitação ou tratamento. Breve histórico Na pré-história, a música produzida pelos homens e mulheres de então, era essencialmente uma forma de comunicar, uma expressão da comunidade para consigo e com outros seres humanos, o que se percebe ainda hoje nas sessões de musicoterapia para distintos clientes com diversas patologias inibidoras da comunicação. A vertente comunicacional é uma das mais importantes e capacitadoras da musicoterapia, pois indivíduos com limitações desta natureza têm a possibilidade de se expressar através da produção de sons musicais. P ág in a5 Faculdade de Minas 5 Enquanto expressão humana mais premente hoje e em tempos remotos, a música surge também associada aos ritos religiosos, práticas divinatórias sacrificiais, festas populares; temos dados históricos sobre a distinção entre os estilos musicais utilizados para estes diferentes fins. Contudo, sabemos que o maior dos males do ser humano sempre foi a impotência perante a morte e, neste sentido, a angústia consciente da finitude humana levou os indivíduos a procurarem explicações e modos de exacerbação e de expressão de sentimentos ao mesmo tempo que se tratavam desta aflição incessante através da terapêutica musical. Neste sentido, compreende-se desde muito cedo a utilização de musicoterapia para aliviar as crises existenciais e de ansiedade. Na mitologia grega, Apolo era para além do deus da medicina, o deus da música. Com efeito, ao longo da história da humanidade as práticas de cura e a música surgem intercruzadas, dado ser a música considerada uma de várias práticas curativas, ou pelo menos cuidadoras. Em conformidade com a cultura helénica, Francis Bacon considerava que os investigadores “fizeram bem unindo a Medicina e a música em Apolo; porque o ofício da medicina nada mais é que afinar a curiosidade, harpa do corpo humano, e levar harmonia”. O equilíbrio entre corpo e espírito, conforme as culturas eram, e é, a pretensão primeira da música, como prática terapêutica de saúde. Apolo era considerado um dos deuses do Olimpo mais conceituados e requisitados pelos mortais pelo fato de pertencer a ele a arte da cura. Apesar de a música ser produzida e utilizada para diversos fins pelo ser humano desde tempos remotos, a palavra que passa a identificar a música enquanto tal, surge com a cultura grega. Os gregos foram sem dúvida os mais prestigiados preconizadores desta terapêutica. Os grandes pensadores da Grécia, os primeiros filósofos, já P ág in a6 Faculdade de Minas 6 compreendiam as potencialidades musicais no tratamento de distintas enfermidades. Hipócrates foi chamado o Pai da Medicina, podemos reconhecer em Platão e Aristóteles os precursores da Musicoterapia. Platão recomendava a música para a saúde da mente e do corpo, e para vencer as angústias fóbicas. Aristóteles descrevia seus benéficos efeitos nas emoções incontroláveis e para provocar a catarse das emoções. Grandes nomes da cultura grega antiga se associam à impulsão da musicoterapia. Os gregos utilizavam a música numa lógica preventiva e curativa, muitos eram os que a aconselhavam e demonstravam seus enormes benefícios. Pitágoras desenvolveu a noção de cura através dos intervalos rítmicos da melodia musical, considerando que a música continha efetivos poderes curativos quando bem empregue, intitulando esta terapêutica como ‘purificação’. A música restaurava a harmonia tanto por refletir os números do macrocosmos (Pitágoras – ou o “efeito alopático”) quanto por purificar o corpo através de atividade catártica (Aristóteles e o “efeito isopático”). Durante o período arcaico, sabe-se que por volta do século VII existiu uma escola de música para mulheres, liderada pela poetisa Safo, também música e musicoterapeuta. Já então se sabia dos benefícios que a musicoterapia trazia ao bem-estar do indivíduo, de uma forma plena e permanente. Percebia-se a saúde como um estado de equilíbrio entre corpo e mente e a música, desempenhando a música uma fonte de harmonia na natureza humana. No concernente às crenças musicoterápicas de Aristóteles, o filósofo acreditava que a música produzida por instrumentos de sopro, como a flauta, suscitava emoções fortes e podia conduzir a um estado de libertação catártico. Nesta medida é ainda interessante salientar que o povo grego tinha por hábito fazer as refeições acompanhado pelo som da citara, para facilitar a digestão. Do mesmo modo, consideravam que a música de tipo eólico e, portanto, repetitivo, era terapêutica em perturbações do foro mental pelo que se pode perceber hoje o poder hipnótico de uma música com repetições rítmicas e melódicas. Uma das primeiras noções de musicoterapia encontradas na história da humanidade é referente ao seu P ág in a7 Faculdade de Minas 7 uso enquanto mecanismo de fortalecimento da mente, poder profilático da música, que potencia o restabelecimento do equilíbrio natural do organismo humano.Aristóteles defendia uma concepção holista acerca dos efeitos da musicoterapia no Homem pois, segundo Verdeau-Paillés e outros, a melhor educação seria aquela que fosse conseguida através da música, visto que a harmonia e o ritmo conseguem penetrar no mais íntimo do ser, fornecendo sabedoria. No período helénico, surge aquilo que é – no nosso entender – o verdadeiro sentido de música enquanto terapia de cuidado e reabilitação para indivíduos portadores de patologias. Nesta medida é que desde então se vem compreendendo que o “conceito de uma força terapêutica ou “harmonizadora” na música tem prevalecido na estética e educação musical desde a Grécia antiga. A partir do Helenismo, os grandes géneros musicais entram em decadência. Afirma-se em contrapartida, o virtuosismo dos cantores e o profissionalismo dos músicos. Procura-se explorar ao máximo o ethos musical. Este pode definir-se como a capacidade intrínseca dos sons para produzir no ouvinte efeitos de ordem afetiva ou psicológica. O império romano herdou grande parte dos hábitos culturais da civilização grega, contudo, a aplicação da música em terapêuticas de cuidado de saúde, foi-se degradando com o passar dos séculos. Pode mesmo afirmar-se o desaparecimento da terapêutica musical no ocidente, sendo que, com a queda posterior do império romano, as formas de cura retornaram ao sentido mágico-divinatório. Na época da cristianização da Europa, na zona islâmica surgia um grande desenvolvimento cultural e científico e, desta forma, mediante um dos grandes mestres da medicina árabe da época que era Avicena, a música era utilizada como um agente medicamentoso, tal como o ópio e outros entorpecentes. As conquistas do cristianismo e, posteriormente, a implementação do catolicismo romano no nosso continente, tiveram total influência na produção musical da época através de música única e exclusivamente erudita, com sentido de louvor a Deus. Assim, a música produzida durante esta era, Idade Média, era P ág in a8 Faculdade de Minas 8 somente cantada e pertencia ao domínio eclesiástico. Existiam distintos tipos de canto entre os quais, o mais conhecido, canto gregoriano. Durante a renascença, entre os processos de tratamento pela recreação, a música se impôs como um dos meios mais eficazes para processos de educação e reeducação de indivíduos em reabilitação. A utilidade da música no renascimento veio, tal como muitas áreas científicas e culturais, renascer, existindo portanto uma tentativa de continuidade do que na antiguidade se tinha efetivado. Logo, no que concerne à utilização e ilustração da música como terapia de promoção de saúde, distintos nomes ao longo da história acentuaram a importância desta prática. Por volta do século XVII a filosofia mecanicista de Descartes, combinada com a “teoria do afeto” da estética musical do barroco, estabeleceram as bases para uma teoria da musicoterapia. Essa teoria salientava que os intervalos da música podiam expandir ou contrair o spiritus animale do corpo e, portanto, influenciar de maneira direta o estado da mente. Neste tempo deu-se simultaneamente o ressurgimento e um novo surgimento da medicina empírica e com ele, depois das novas descobertas médicas, a música foi primordialmente incluída juntamente com as novas terapêuticas. A emancipação perdura e permanece pelos séculos chegando ao século XIX onde o Positivismo e o Evolucionismo não deixam de inocular, nos primeiros esforços de sistematização musicológica, a concepção de Música como progresso permanente, imparável, desde as estruturas consideradas primitivas, às mais perfeitas. Com, sobretudo, o avanço imenso da tecnologia na área da biomedicina, a música foi perdendo muito do seu designado “poder” durante o século XIX, devido à degradação da compreensão estética em medicina, bem como à industrialização no mundo laboral que veio reforçar um paradigma biotecnológico, com a exacerbação da máquina em detrimento do natural. A prática musicoterápica, já por princípios do século XX não é um método novo, mas sim uma redescoberta das utilizações terapêuticas da música. Concretamente, e abordando a aplicabilidade da musicoterapia, até ao século passado a musicoterapia era uma terapêutica aplicada exclusivamente pelo médico, P ág in a9 Faculdade de Minas 9 com o auxílio de músicos. No entanto, a partir de meados do século XX, deu-se o aparecimento dos primeiros musicoterapeutas conhecedores de todos os campos envolvidos, quer o medicinal, quer o terapêutico, quer ainda o musicológico. Por volta dos anos 40 do século passado, a musicoterapia foi aplicada aos soldados vindos da segunda guerra mundial por condição das distintas maleitas adquiridas em campo de batalha. Em finais dos anos 60, surgem novos estilos musicais e, com eles, propósitos bem distintos através da sua audição e execução. A música “New Age” baseia-se na ideia de que podemos criar música para alterar nosso estado de espírito e expandir nossa consciência. Os anos 60 do século passado (re)direcionaram-se para a medicina holista e com ela, estes novos estilos musicais estimuladores e desinibidores surgiram. Deparamo-nos neste tempo histórico com a utilização da música para a alteração de estados de consciência que podem ser utilizados para o tratamento de distintas patologias físicas e/ ou psíquicas. Este estilo musical caracteriza-se pela música electrónica que abre um novo campo de interesse para os terapeutas por permitir a comunicação entre o ser humano e o mundo pela explanação de emoções. Tudo isto decorria na mesma época da descoberta do DNA e da lenta imposição paradigmática da biologia molecular na medicina. Ainda durante o século XX, e após a utilização de musicoterapia em hospitais americanos para o tratamento de veteranos da guerra do Vietnam, foi criada em 1950 a Associação Nacional de Musicoterapia nos EUA, no sentido de promover o uso progressivo da música na medicina, fomentar a formação de profissionais qualificados de modo a implementar do curso superior de musicoterapia em muitas universidades, em parceria com escolas médicas e instituições hospitalares. A partir desta data pode considerar-se reconhecida a profissão de musicoterapeuta, devidamente formado e atualizado. Estamos perante o advento de uma nova era da musicoterapia que hoje se encontra espalhada por todo o mundo e que, em países como o Brasil ou os Estados Unidos da América, é ciência fulcral para a reabilitação e cuidado em saúde. Neste final de século (XX), a utilização da música com fins terapêuticos tem aumentado de importância na maior parte do mundo industrializado. Embora o P ág in a1 0 Faculdade de Minas 10 conceito de uma força terapêutica vinculada à música seja tão antigo como nossa civilização, assim como uma força aparentemente viável na maioria das outras civilizações, alfabetizadas ou não, a prática do uso terapêutico da música nunca esteve antes tão difundida e diferenciada. Na atualidade e compreendendo a música como uma expressão do Homem para si mesmo, pode perceber-se a existência de uma alteração no paradigma científico de forma a favorecer a musicoterapia em sua compreensão de existência de mudanças potenciadas pela música através da terapêutica. A lenta queda do poder do paradigma biomédico, vem potenciar uma nova perspectiva sobre esta terapêutica, uma perspectiva mais holista, onde se compreende o ser humano como um todo, indissociável de si mesmo e das suas patologias. Gaston (1968) apresenta como fundamentação para o entendimento científico da Musicoterapia as ciências da conduta compreendida através dos conhecimentos da psicologia, sociologia e antropologia. Como o foco é o entendimento da Música na Musicoterapia este autor coloca em destaque a pouca referência ao campo da estética na ciência. O comportamento musicaldo homem e em especial o emprego terapêutico da música precisam de estudos científicos. Como pouco se sabe sobre o que acontece dentro do homem quando está comprometido com a música, o que resta é observar e estudar sua conduta manifesta, através das ciências da conduta. O trabalho musicoterapêutico acontece com a música. Nas investigações de meados do século XX os médicos e os músicos buscavam explicações para a eficácia deste fenômeno, e com aparelhos mediram os efeitos psicofisiológicos. Os pesquisadores voltados à Musicoterapia trouxeram o pensamento grego sobre Música (Mousikè), seus princípios da metafísica da harmonia, para complementar uma indicação da aplicabilidade musical. Pesquisar os efeitos da música sobre o corpo (cérebro) é possível e trás resultados visíveis e mensuráveis. Música em Musicoterapia, contudo, traz consigo o ambiente complexo da Arte e das relações humanas. Sanar as inquietações advindas do lado da música requer então uma ampliação para o campo filosófico relembrando a Filosofia como a mãe de todas as ciências. P ág in a1 1 Faculdade de Minas 11 As publicações musicoterápicas do século XXI desenvolvem-se nessa trajetória e buscam maiores entendimentos sobre Música em Musicoterapia. A Filosofia da Música ganha em credibilidade, ao mesmo tempo em que como o pesquisador entende a música torna-se fundamental. Desenvolvimento da música A palavra música tem por etimologia latina, música e grega mousikè. Com a base grega é possível perceber que existem vários significados. Primeiro ela está relacionada com as Musas: ”deusas protetoras da educação e por extensão aos termos poesia e cultura geral”; depois considera-se o contrário “(a-mousos, não musical) refere-se às pessoas incultas e ignorantes”; também é associado a um sentido mais convencional, música: “se refere aos ensinos específicos da área”; pode ser associado a um “sinônimo de filosofia”; e também pode ser associado ao verbo “manthanein, ‘aprender’, que por coincidência é também o verbo do qual se origina a palavra ‘matemática’” (TOMÁS, 2005). Musa da musica A compreensão deste termo mousikè na cultura grega dava-se de modo complexo por estar diretamente integrada a outras áreas de conhecimento como a P ág in a1 2 Faculdade de Minas 12 medicina, a psicologia, a ética, a religião, a filosofia, e a vida social. Como conceito compreendia um conjunto de atividades bastante diferentes, as quais se integravam em uma única manifestação, estudar música na Grécia consistia também em estudar a poesia, a dança, e a ginástica. É importante esclarecer que os saberes acima descritos não eram entendidos como áreas separadas, mas sim, eram pensadas simultaneamente e que seriam, assim, equivalentes. Todos esses aspectos, quando relacionados com a música tinham uma igual importância e, portanto, não existia uma hierarquia entre eles. Entender o conceito de música passa pelo entendimento desta etimologia. Considerando que na sociedade grega a música era muito importante por suas conexões com outros campos do saber [que] ultrapassavam em muito o sentido comum do que se entende por música, isto é, como um fenômeno audível que pode ser percebido sensorialmente. Para eles as segmentações de saberes não se faziam necessárias, mas sim, a integração e construção destes saberes com o cotidiano, com o modo de vida por estarem relacionados com a formação integral da pessoa. A música assim acontecia pela construção do conhecimento específico da área e sua integração ao conhecimento total ao mesmo tempo. Era entendida, deste modo, tanto pelo conceito de ‘metafísica da harmonia’ (pensamento pitagórico) e seu desdobramento para ‘música conceitual’ (pensamento platônico) como de ‘música’, sons audíveis (pensamentos pitagóricos, platônicos e aristotélicos integrados à formação do caráter). O entendimento sobre harmonia dava-se de forma diferente do que existe hoje. Esta palavra tinha por significado ‘ajustes’ e ‘junções’ e era aplicada a muitos temas quando se queria expressar a união de coisas contrárias ou de elementos em conflito organizados como um todo. De modo metafísico música relacionava-se à prática musical, à afinação dos instrumentos e representava equilíbrio físico e mental. O aspecto metafísico da harmonia, ou seja, o entendimento da música de modo não audível vem como um contraponto ao ambiente dualista manifestado na música entendida sensoriamente (música audível) presente nos aspectos éticos educativos. P ág in a1 3 Faculdade de Minas 13 Nesse sentido, a questão do poder dos sons e da música sobre o espírito era também bem divulgada. Os modos musicais gregos fundamentavam-se na crença de que “cada harmonia provoca no espírito um determinado movimento (...) cada modo musical grego estava associado a um éthos específico” (TOMÁS, 2005 p. 17), um modo particular de ser. Assim, a Doutrina do Ethos aplicada à Música considerando a filosofia do Éthos (Música audível) divulgou o entendimento de que a música não só pode educar o espírito como também corrigir as más inclinações, a música imita uma determinada virtude e quando escutada elimina o vício ou inclinação que a antecedeu. O aspecto musical colocado em destaque para explicar esse acontecimento é o rítmico. Ritmo da dança, da métrica na poesia e melodia. Deste modo o alcance do poder da música restringe-se ao fenômeno do sensível e o som permanece vinculado ao significado verbal e ao movimento, isto é, tem se um resultado bem concreto. Tanto pela metafísica (a relevância está na escrita e na estrutura) como pelo sensível (a relevância está na escuta) as influencias dos sons sobre as pessoas era real e a Música na Grécia era considerada de modo integral. Música e harmonia, aspecto sonoro e aspecto teórico. Esses entendimentos são provenientes das escolas de: Pitágoras – música integrada às demais áreas de conhecimento, tocar, cantar ou falar envolvia também o contar, a matemática integrava as ações e relações dos indivíduos, música entendida como a ‘metafísica da harmonia’. P ág in a1 4 Faculdade de Minas 14 Platão – música está diretamente associada ao aspecto ético educativo na formação da sociedade como um todo e vincula-se com o conceito de techné, assim, “é uma técnica, uma habilidade manual que requer destreza” (TOMÁS, 2005, p. 20), música conceitual como algo puramente pensável e inteligível, constitui o fundamento teórico da concepção de música como filosofia. Aristóteles - este filósofo acrescenta à compreensão do campo musical o aspecto hedonista, o prazer imediato proporcionado pela escuta e discute a partir disso, quais seriam os verdadeiros propósitos dos estudos musicais na educação como um todo. Aristóteles ao destacar esse aspecto também esclarece que nenhuma discrepância em associar a música à diversão ou ao entretenimento, desde que não se perca de vista que esta associação é apenas um processo e não uma finalidade. Desenvolvimento da musicoterapia A Musicoterapia teve início no século XX, após a Segunda Guerra Mundial, quando os músicos amadores e profissionais começaram a tocar instrumentos musicais em hospitais de diversos países da Europa e Estados Unidos. A partir de então, médicos e enfermeiros constataram que soldados feridos, quando em contato com as apresentações musicais realizadas em seus leitos, apresentavam uma recuperação muito mais satisfatória. Na década de 60, o médico e escritor inglês Oliver Sachs iniciou as primeiras pesquisas sobre os efeitos da música em pacientes com doença de Parkinson. A partir de então, começaram as primeiras conferências, são fundadas federações, associações de Musicoterapia, cursos de pós-graduação e graduação em Musicoterapia em diferentes partes do mundo. P ág in a1 5 Faculdadede Minas 15 No ano 1976, em Buenos Aires acontece o II Congresso Mundial de Musicoterapia (primeiro evento numerado da comunidade musicoterapêutica). E, em 2014 na Áustria aconteceu o XIV Congresso Mundial de Musicoterapia. O organizador deste congresso e precursor da Musicoterapia na América latina, inclusive no Brasil, foi Rolando Benezon, médico psiquiatra, psicanalista e músico. Benezon atuava ativamente nos movimentos ocorridos, presidindo os primeiros congressos mundiais e fundando as primeiras associações e cursos de formação. Desenvolveu ao longo das últimas cinco décadas o Modelo Benenzon de Musicoterapia, que influencia fortemente a prática musicoterapêutica de profissionais brasileiros, vizinhos latino-americanos e, atualmente, europeus. O Modelo Benenzon de Musicoterapia (MBMT) foi reconhecido oficialmente pela WFMT, em 1995, como um dos cinco modelos de atuação em musicoterapia ao lado dos modelos GIM (Imagens guiadas e música) desenvolvido por Helen Bonny nos EUA, NORDOFF – ROBBINS (improvisação criativa), desenvolvido por Paul Nordoff e Clive Robbins nos EUA e Inglaterra, MODELO ANALÍTICO desenvolvido por Mary Priestley na Grã-Bretanha, MODELO COMPORTAMENTAL, desenvolvido por Clifford Madsen nos EUA. Modelo Benenzon O Modelo Benenzon foi criado em 1965, considera objetivo fundamental produzir estados regressivos e aberturas de canal a estes níveis em pacientes, realizadas pelos novos canais de comunicação, o processo de recuperação. Estendendo-se de fontes de emissão de som, a natureza, o corpo humano, instrumentos musicais, eletrônica, meio ambiente, o caminho das vibrações acústicas com as suas leis, os órgãos receptores desses sons , compreendendo impressão e a percepção no sistema nervoso e todas as implicações biológicas e psicológicas para o desenvolvimento da resposta que contém o complexo uma vez que é uma fonte de encorajamento. Modelo GIM P ág in a1 6 Faculdade de Minas 16 O Modelo GIM iniciou nos anos 70, por Bonny Helen Em 1972, o mesmo fundou o " Instituto de Consciusness e Música ", começando formar terapeutas de música para trabalhar com este modelo. Os mesmos trabalha principalmente com: a capacidade de provocar tanto a sinestesia musical como "estados alterados de consciência " ou "uso da música para alcançar níveis extraordinários de consciência humana ". Modelo Nordoff Robbins O Modelo Nordoff Robbins foi constituída, nos anos 1976-1977. Musicoterapia Criativa e de improvisação, é o modelo de improvisação musical que estabelece entre o paciente e o terapeuta com vários instrumentos ou o cantar de uma música, para pacientes com condições neurológicas e nas funções vitais . A terapia criativa é um evento interpessoal que leva em conta não apenas o tipo de paciente tratado, mas também a personalidade do terapeuta, fazendo uma improvisação "bilateral", que inclui tanto o paciente quanto o terapeuta. Modelo Analítico de Musicoterapia O Modelo Analítico de Musicoterapia, Mary Priestley, é considerada a fundadora em 1975. A Musicoterapia Analítica tem o uso analítico e simbólico da música através da improvisação pelo musicoterapeuta e paciente. Ele é usado como uma ferramenta criativa com que o paciente explora sua própria vida, ao mesmo tempo que fornece os meios para crescer e aumentar a sua auto- conhecimento. Modelo Comportamental O Modelo Comportamental, formado em 1975, Clifford Madsen é considerado o fundador, o modelo sustenta que a música por si só é um operador condicionado reforço ao comportamento alterado. O impacto da experiência musical é observável e mensurável, pela relação de causa/efeito entre a música e o comportamento. A musicoterapia, neste modelo deve usar a análise comportamental e propor P ág in a1 7 Faculdade de Minas 17 programas de tratamento individualizado para atender as necessidades das pessoas. Musicoterapia na atualidade As concepções de Musicoterapia do século XXI, que têm por base considerar a Música como musicalidade em ação‘, mantêm vínculos mais estreitos com os primeiros princípios e fundamentos trazidos por Gaston: se quisermos apreender a música enquanto forma essencial do comportamento humano haveremos de assegurar as bases da musicoterapia. Os escritos da filosofia grega inspiraram essa caminhada uma vez que no conceito Grego Mousikè a música era parte do conhecimento. Para conhecê-la fazia-se necessário apreciar a integração entre as áreas de conhecimentos. Passados todos esses anos o entendimento da Musicoterapia conduz ao Musicing/Musicking e com ele essa forma integrada e totalitária de entender música e homem. Não quer dizer que mousikè e musicing/musicking sejam sinônimos, percebe-se, contudo, que atravessados séculos de especialização dos conhecimentos com música sendo uma disciplina, entendê-la em sua totalidade requer a integração com o contexto. Precisa-se retornar ao homem, o seu criador. Aqui produto e produtor estão intimamente ligados ao ponto de não se poder entender um sem o outro. A musicoterapia, como área de investigação da relação homem/música/saúde, quanto mais próxima da música estiver, mais enriquecida estará. Para tanto, entender os princípios filosóficos inerentes a como se define P ág in a1 8 Faculdade de Minas 18 Música é fundamental na construção da Música em Musicoterapia que se mostra pela Filosofia. Atualmente, a musicoterapia tem sido uma grande aliada nas áreas da medicina, educação, comunidades e sociedades em geral. Auxiliando em diversos tipos de tratamentos, distúrbios e síndromes. Onde é através dos sons, ritmos e melodias que essa terapia revolucionária e inovadora tem sido de grande importância no tratamento de distúrbios de natureza orgânica, psíquica, emocional, social e cognitiva. Os atendimentos são realizados individualmente e em grupo quando necessário. Podendo utilizar dois tipos de métodos o ativo e o passivo. O ativo é quando o paciente faz música, compõe e participa ativamente do processo terapêutico. O passivo é a participação do processo de forma receptiva, recebendo e sentindo a música como agente transformador dentro deste processo. Atualmente temos uma gama maior de musicoterapeutas trabalhando nos mais diversos campos de atuação. A musicoterapia tem sido de grande importância no tratamento do Autismo, Síndrome de Down, Síndrome de Asperger, síndrome de Rett, distrofia muscular, paralisia cerebral, deficiências visual, auditiva e motora. No campo de reabilitação, alzheimer, hiperatividade, déficit de atenção, dificuldades de aprendizagens, depressão, ansiedade e outros. A qualidade de vida do paciente tem sido transformada, através do canto, do tocar um instrumento, da autoestima, da relação humanística do grupo, da alegria que contagia os participantes. A musicoterapia não exige que o paciente tenha conhecimentos musicais, a participação do paciente se dará através da criatividade e de composições sonoras, melódicas e rítmicas; recebendo e fazendo música. Ouvir música é ativar a mente, estimulando a criatividade, a produtividade e a inteligência. Aumenta os níveis de concentração e atenção, melhorando o estado de espírito e de humor. A música é um redutor de ansiedade e stress, reorientando o foco de problemas, dores, tensões, podendo se transformar em ferramenta de promoção da saúde. P ág in a1 9 Faculdade de Minas 19 Nosso cérebro reage de forma muito natural à música. É só ouvir e já se bate o pé acompanhando o ritmo, ou de pronto nos encontramos a cantarolar a melodia. Tão somente isso já é suficiente para mudar o “astral”, melhorar o humor, aumentar a disposição e fazer agir um antidepressivo instantâneo, que é a música. Pode ocorrer o fenômeno contrário: uma música pode nos deixar violentos ou deprimidos ou angustiados.Os terapeutas utilizam a música, em suas diversas ramificações, para estimular o autoconhecimento e o equilíbrio psicológico de pacientes acometidos pelos mais diversos tipos de dificuldades e enfermidades. O propósito da terapia musical, neste caso, é agir dentro de uma perspectiva de busca de saúde, na construção de recursos de combate às enfermidades e no auxílio da construção do bem-estar do sujeito. Em verdade, alguns profissionais da área defendem que os sons podem contribuir no fortalecimento do sistema imunológico como um todo, visto que a música envolve a capacidade mental, emocional, física, fisiológica e social do indivíduo, podendo ser recomendada no tratamento de quase todas as doenças. A possibilidade que uma determinada música tem para atingir uma região ou outra do cérebro está ligada diretamente à quantidade de prazer e satisfação que podem ser alcançados no ato de ouvir. Estudos sobre a ação e os efeitos biológicos do som e da música no ser humano sugerem que a energia muscular responde diretamente ao ritmo proposto, alterando a regularidade da respiração, atuando na variação da pressão sanguínea, reduzindo a fadiga, provocando, ainda, mudanças no metabolismo. A música age estimulando funções cognitivas e da memória, mantendo a capacidade de percepção, concentração, bem como a articulação da linguagem. A respeito disso, Benenzon defende que as respostas sensoriais do ser humano são instantâneas aos estímulos musicais e se dão em vários níveis, como o do tálamo, o nível cortical e no subcortical. Benenzon explica que o ritmo e a melodia são atributos do homem e dos animais, pois as duas coisas se dão a nível subcortical, enquanto a harmonia, produto intelectual, só se dá a nível cortical, sendo atributo exclusivo do homem. Também é citado pelo autor que é na P ág in a2 0 Faculdade de Minas 20 passagem do tálamo ao córtex que os elementos musicais e sonoros sofrem inibições e desdobramentos ainda desconhecidos (BENENZON, 1998). Há regiões especializadas em memorização dos sons e determinados ritmos e timbres sonoros no cérebro do ser humano. Algumas têm a função de armazenar somente a linha melódica de uma canção, e o conjunto destas áreas formam a memória sonora, que reconhece a música, identificando-a através da função cognitiva. A área cerebral onde se dá o reconhecimento do que ouvimos é a região do córtex, mais exatamente o córtex temporal do hemisfério direito do cérebro. A execução de melodias e a capacidade de executar e cantar a música também são atributos desta região do cérebro. Já o ritmo e os intervalos são processados na região do lobo temporal e frontal. A compreensão da música se dá no hemisfério esquerdo, assim como a capacidade de composição e escrita da música. O conjunto destas ações sistêmicas é que faz a música ter tanta semelhança com a linguagem, visto que as duas atuam de forma parecida com seus conjuntos de signos e regras de composição estrutural e linguística. . P ág in a2 1 Faculdade de Minas 21 A expressão musical serve, entre outras coisas, para extravasar as emoções que o ser humano não consegue transmitir somente com a fala, tendo relação com todos os períodos históricos, e está enraizada na vida em sociedade. A música, além de traduzir sensações, faz o cérebro funcionar melhor, ativando todas as regiões onde se ativa a nossa capacidade de sentir. A música, com suas propriedades terapêuticas, pode ser aproveitada em diversos setores, segmentos e camadas de nossa sociedade. Buscando a melhor qualidade de vida, ao longo de todo o decorrer da vida. Pode-se dizer também que a musicoterapia pode assumir um belíssimo papel tanto nos primeiros anos quanto nos áureos dias da fase adulta. Para a terceira idade, por exemplo, a musicoterapia se apresenta como uma ferramenta de expressão, que pode ser utilizada em diversos contextos e no auxílio à cura de muitas enfermidades. Seja no âmbito social ou no ambiente de reabilitação, a música pode atuar na estimulação de ações físicas, sensoriais, psicológicas e motoras, tendo no próprio corpo do paciente a principal ferramenta de comunicação com o mundo. O musicoterapeuta interage com os pacientes de acordo com os objetivos que queira alcançar com o trabalho. Estes objetivos norteiam a aplicabilidade e os métodos que irão ser utilizados. O paciente pode improvisar ou criar a partir de algo que já lhe foi apresentado, ou pode haver um processo inverso estimulando a criatividade do paciente, com o terapeuta interpretando, posteriormente, as músicas produzidas durante as sessões. P ág in a2 2 Faculdade de Minas 22 Princípios da musicoterapia Os primeiros princípios na construção da teoria da Musicoterapia foram descritos por Gaston (1968) como sendo 1 – O estabelecimento ou restabelecimento das relações interpessoais. A justificativa para este princípio baseou-se na qualidade da música como instrumento para a inserção social. “A música dia a dia em quase todas as culturas, tem sido uma das atividades grupais que mais satisfação deu, não só por sua atração sensorial única, mas porque era, e é, comunicação não verbal” (GASTON, 1968). Deste modo o trabalho da musicoterapia enfatiza a característica da música como (re)integradora em atividades sociais. 2 – a obtenção da autoestima mediante a autorrealização. Este segundo princípio está diretamente relacionado com o primeiro. Uma interação social se faz a partir da autoestima, pois, ela é a confiança e a satisfação consigo mesmo. As atividades musicais vêm ao encontro deste exercício de autorrealização por ser uma ação compartilhada com o musicoterapeuta e demais integrantes de um grupo. Para tanto faz necessário certo grau de competência. 3 – o emprego do poder singular do ritmo para dotar de energia e organizar: este elemento musical, o ritmo permite colocar a energia em movimento ao mesmo tempo em que organiza. Constitui o elemento mais potente e dinâmico da música (...) faz mover a engrenagem. Na musicoterapia é possível induzir e modificar a conduta de modo suave, insistente e dinâmico em uma relação desprovida de temor, com confiança e satisfação em si mesmo. P ág in a2 3 Faculdade de Minas 23 As principais áreas de atuação dentro da Musicoterapia são a clínica, educacional, social e pesquisa. Na clínica, para pesquisar e aplicar técnicas sonoras, instrumentais e musicais para reabilitar pessoas com distúrbios físicos, sensoriais, mentais e emocionais. Na educacional, para prevenir e tratar distúrbios de aprendizagem e dificuldades na leitura e escrita, com a utilização de métodos musicais. Na social, para desenvolver atividades com crianças, idosos e gestantes em hospitais, centros de saúde, creches, casas de repouso e asilos; participar de programas de assistência a menores abandonados, infratores ou envolvidos com drogas. Na área de pesquisa, para trabalhar em pesquisas que comprovem estatisticamente a eficácia da Musicoterapia; criar novos métodos terapêuticos musicais para auxiliar nos diversos tratamentos físicos e psíquicos. Na aplicação clínica da Musicoterapia, a metodologia consta de duas partes essenciais, sendo a primeira de caráter diagnóstico e a segunda de caráter terapêutico. Na primeira é realizada a ficha musicoterapêutica, que consiste em um interrogatório a respeito da história sonoro-musical do paciente. Além desta ficha, o paciente é defrontado com uma série de instrumentos de percussão simples e alguns pouco melódicos com a finalidade de se observar como o paciente consegue se comunicar por meio deles, é a chamada testificação do equadre não verbal. Neste teste, pode-se identificar o instrumento que servirá de objeto intermediário. A segunda parte é constituída pelas sessões de musicoterapia,onde o paciente e o musicoterapeuta trabalham ativamente. Qualquer pessoa é susceptível de ser tratada com musicoterapia. As mais indicadas são aquelas pessoas virgens de conhecimentos musicais, em que há maior facilidade para se introduzir no contexto não-verbal. Particularmente são indicados no autismo e na esquizofrenia, onde a musicoterapia pode ser a primeira técnica de aproximação. O paciente com conhecimentos musicais prévios pode entrar em confronto com o musicoterapeuta, e é difícil romper com as defesas musicais ao pretender trabalhar com seus aspectos mais regressivos. A musicoterapia é aplicável ainda em outras situações clínicas com certas adaptações, pois atua fundamentalmente como técnica psicológica, ou seja, reside P ág in a2 4 Faculdade de Minas 24 na modificação dos problemas emocionais, atitudes, energia dinâmica psíquica, que será o esforço para modificar qualquer patologia física ou psíquica. Pode ser também coadjuvante de outras técnicas terapêuticas, abrindo canais de comunicação para que estas possam atuar eficazmente. A Musicoterapia no Deficiente Mental Ao contrário do que se poderia imaginar, a musicoterapia permite, de maneira bem fácil, a introdução de mensagens que pareciam difíceis ou complicadas para o deficiente mental. Para estabelecer contato, primeiro o deficiente mental é tratado individualmente, e após, grupalmente, para integração com os demais. É importante o uso do corpo como instrumento de movimento e percussão: soltar a voz, bater palmas, bater a mesa, marchar, bater o rosto do musicoterapeuta, ou o próprio rosto controlando a força – meio de contato humano, de descarga, de autoagressividade. É necessário encontrar um meio para que a criança se expresse: num ritmo, ruído, som ou melodia. Os deficientes mentais têm facilidade para viver a intensidade e aprendem a duração do ritmo, podendo passar para as aulas de música após a terapia. A Musicoterapia em Perturbados Motores O objetivo é produzir novas vias no cérebro lesado, tanto em crianças como em adultos. A música dá a emoção do movimento, porque se move no tempo e no espaço, e a meta da musicoterapia é provocar a sensação da possibilidade de realizar o movimento. Também nestes pacientes é necessário trabalhar individualmente no início, pois os espásticos e os atetósicos apresentam reações diversas frente à música. O musicoterapeuta deve procurar o melhor meio de expressão do paciente. Deve-se ainda buscar a integração com outras áreas como a psicoterapia. A Musicoterapia nos Deficientes Auditivos P ág in a2 5 Faculdade de Minas 25 A atividade para o som é completamente distinta em pacientes com experiência auditiva prévia, em pacientes com surdez parcial, e nos surdos de nascimento. De qualquer maneira, interessa-lhe mais o ritmo e menos a melodia. Utilizam-se de outros sistemas capazes de perceber o som: sistemas de percepção interna, táctil e o visual. As sessões podem ser individuais ou em grupos, pois são pessoas normais com suficiente capacidade para integrar-se ao movimento de dança. É importante o piso de madeira na sala de musicoterapia para sentir as vibrações, os audiofonos, os grandes instrumentos, e as vibrações no ar. Sentir as vibrações do musicoterapeuta quando este canta e compará-las com as de seus companheiros é uma das experiências mais ricas de comunicação que existe A Musicoterapia no Autismo Infantil É a primeira técnica de aproximação para com este paciente pode-se considerar que o autista é uma espécie de feto que se defende contra os medos de um mundo externo desconhecido e contra as sensações das deficiências de seu mundo interior. Portanto, é importante trabalhar em etapas com elementos de regressão, ou seja, musicoterapia passiva ou receptiva (o paciente é submetido ao som sem instruções prévias); de comunicação e de integração. A água pode ser fundamental para a terapia, pois é elemento com o qual a criança convive diariamente produzindo efeitos diversos, assim como sons primitivos como batimentos cardíacos, inspiração e expiração. A Musicoterapia também se adapta perfeitamente nas famílias de crianças autistas, psicóticas, ou mesmo em qualquer grupo familiar enfermo, quando realizada paralelamente à terapia da criança. O objetivo é evitar a criação de um sistema de comunicação incorreto: hiperestimulação ou comunicação estereotipada, como expressões verbais repetitivas e rígidas. Visa também fazer com que a família compreenda o tempo de seu filho na comunicação, de romper o uso incorreto da comunicação e de reconstruir a comunicação com a criança. P ág in a2 6 Faculdade de Minas 26 REFERÊNCIAS BACON, F. (2002). A Sabedoria dos Antigos. S. Paulo, Unesp. BARCELLOS, L. R. M. Cadernos de musicoterapia 1. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992. BENEZON, Roland. Teoria da Musicoterapia: contribuição ao conhecimento do contexto não-verbal. 3ª Ed. São Paulo: [s.n], 1998. BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música: Cadernos de Música da Universidade de Cambridge. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. FREDERICO, Edson. 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