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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 2 MUSICOTERAPIA ........................................................................................... 4 2.1 A música como suporte às dificuldades de aprendizagem ............................ 10 3 A CONSTRUÇÃO DA MUSICOTERAPIA ...................................................... 18 4 MUSICOTERAPIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL . Erro! Indicador não definido. 5 EFEITOS DA MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO ........................................ 25 5.1 Musicoterapia e educação: convergências e divergências ............................ 29 6 A MÚSICA COMO RECURSO TERAPÊUTICO ............................................ 36 6.1 Doenças e Transtornos Tratados com a Musicoterapia ................................ 38 7 A musicoterapia no século XX ....................................................................... 40 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 42 3 1 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 MUSICOTERAPIA Fonte: sintoniaholistica.com.br Música é a arte de combinar sons e silêncio, seguindo ou não uma pré- organização ao longo do tempo. Assim como os demais sentidos do corpo, a audição é resultado de uma interpretação cerebral. Quanto mais rica for uma música em seus diferentes sons (agudos, médios e graves), timbres (cordas, sopro e percussão), ritmos (pulsações), velocidades (notas longas, médias e curtas), intensidade (forte, média e fraca),com harmonia (combinação de sons simultâneos), mais o cérebro de quem a ouve será estimulado. A música para Ferreira (2008) é uma excelente fonte de trabalho escolar, utilizada como terapia psíquica para o desenvolvimento cognitivo e como uma forma de transmitir ideias e informações, fazendo parte da comunicação social. A música é considerada mais antiga que a própria linguagem humana, e a voz, o instrumento mais antigo, com a qual conseguimos produzir, agrupar e compor melodias que tocam nossas almas. A musicoterapia é o uso da música para trabalhar as necessidades físicas, intelectuais, sociais ou emocionais, e deve ser realizada por um especialista, através de uma intervenção terapêutica não-verbal, com foco no comportamento sonoro do indivíduo. Essa terapia tem como centro combater patologias que 5 envolvem o desenvolvimento, a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, expressão e a organização física, mental ou social dos indivíduos. Ela é uma ciência que foi consolidada no início do século XX. A praticidade da medicina, da terapia aliada a estimulações e aprendizados musicais fora estudada, proposta e desenvolvida em tempos muito anteriores, contudo, apenas no século XX que esta prática foi denominada de Musicoterapia (LOUREIRO, 2006). Muito similar a Educação Musical, esta área fundamenta-se também a partir da improvisação, composição, interpretação e escuta, que são caracterizadas como experiências musicais (BRUSCIA, 2000, apud SANTOS, 2018, p 3). “[...] essas experiências musicais são ferramentas fundamentais que levam ao desenvolvimento do processo musicoterapêutico, bem como para o aprendizado significativo do educando”. (CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2018, p 3). Além disso, as autoras discutem sobre os benefícios do olhar do especialista em Musicoterapia na Educação Musical, caracterizando-o como um educador- terapeuta, já que: A educação musical com o olhar musicoterapêutico tem a intenção de promover a saúde do aluno de forma preventiva, acolhendo e atendendo as necessidades específicas de forma individual, surgindo assim a figura do educador-terapeuta. Profissional que necessita de capacitação para lidar com as diversidades e trabalhar o aprendizado musical como possibilidade de cuidado e desenvolvimento humano. (ALMEIDA e CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2018, p 3). Com relação aos objetivos e concepções da Musicoterapia e da Educação Musical, tanto Almeida e Campos (2013) quanto Ravagnani (2009), baseadas em Violeta de Gainza e Kenneth Bruscia, defendem a ideia de que o primeiro se designa a servir processos terapêuticos, de saúde e bem-estar, enquanto o segundo possui a finalidade totalmente educacional, em que há aquisição de habilidades e conhecimentos. Contudo, é afirmado que: [...] os meios utilizados pelas duas áreas para atingir seu objetivo demonstram que há uma cooperação recíproca entre as áreas. O educador se utiliza de elementos da musicoterapia para auxiliar no processo de aprendizagem e o musicoterapeuta se utiliza de elementos da educação musical como coadjuvante no processo terapêutico. (ALMEIDA e CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2018, p 4). 6 Ravagnani (2009) completa que, na Musicoterapia, o mais importante “é a relação entre a música e o paciente”, sendo assim, na Educação Musical “o foco recai sobre a aquisição de algum conhecimento musical pelo aluno” (p. 34). Para Loureiro (2006, p. 7), através da Musicoterapia, o paciente além de desenvolver-se em aspectos reabilitativos, também está apto a adquirir e promover habilidades, principalmente àqueles que possuem necessidades especiais. Além disso, a autora deduziu “estratégias e adaptações metodológicas e exercícios para a prática da educação musical no ensino regular” (p. 8), voltadas, principalmente, para o âmbito escolar, visando sujeitos com atraso do desenvolvimento leve e moderado. Loureiro e França (2005) relatam sobre a função, métodos e técnicas da Musicoterapia na iniciação e na Educação Musical Especial no mesmo âmbito da pesquisa anterior, objetivando destacar alguns princípios para praticar a Educação Musical com este público. Ao abordar sobre estratégias e atividades adaptadas metodologicamente para a Educação Musical Especial e desenvolvê-las com alunos com necessidades especiais, Louro (2006) afirma que não devem existir grandes elos entre a educação e a terapia em música, considerando os avanços percebidos na aprendizagem musical dos seus alunos e as melhorias na personalidade, na saúde e no bem-estar deles. Para a autora: A educação musical, realizada por profissionais informados e conscientes de seu papel, educa e reabilita a todo momento, uma vez que afeta o indivíduo em seus aspectos principais: físico, mental, emocional e social. (LOURO, 2006, apud SANTOS, 2018, p 4). A diferença entre Educação Musical e Musicoterapia é “de procedimento”, ou seja, assim como demais autores destacaram, o que se almeja em ambas as práticas é o que as diferencia. Além disto, para Louro (2000), em determinadas situações, a educação e a terapia “se misturam de tal forma que se torna quase impossível diferenciá-los, mas isso não significa que sejam a mesma coisa” (p. 2). É perceptível a cautela da autora na relação entre ambas as áreas, destacandoas diferenças e garantindo que não sejam confundidas, pois mesmo que “os resultados da educação musical e da musicoterapia sejam os mesmos, o fato de suas bases estarem fundamentadas em propostas diferenciadas, muda toda relação do 7 indivíduo com a música, seja ele com deficiência ou não” (LOURO, 2000, apud SANTOS, 2018, p 4). Suzano (2016) discute uma diferença entre a Educação Musical e a Musicoterapia: a necessidade previa ou posterior de adquirir habilidades e conhecimentos musicais, visto que, em terapia, este aspecto não se faz necessário; contudo, no aprendizado musical esta é a centralidade. Assim, entre as áreas abordadas e os resultados finais de suas práticas, a fundamentação da proposta de cada uma delas é o que faz a diferença (p. 86). Em contrapartida às diferenciações e distanciações entre a Educação Musical e a Musicoterapia, atualmente, um novo conceito de articulação entre estas áreas vêm sendo proposto por Passarini, Aoki, Prearo e Andrade (2012): o da Educação Musical Terapêutica. Apoiada no desenvolvimento de um trabalho em que o aprendizado musical e o processo terapêutico ocorram paralelamente, sem destacar mais a um do que outro. Neste sentido, o objetivo principal da Educação Musical Terapêutica é o desenvolvimento integral de quem a pratica. Nesta proposta, a Educação Musical e a Musicoterapia se complementam e os papéis de educador e terapeuta, aluno e paciente se equiparam. Os autores baseiam seu trabalho no Modelo Benenzon de Musicoterapia (MBMT) e justificam sua proposta a partir de um acontecimento atual que vem ocorrendo em grandes centros urbanos: a crescente procura por musicoterapeutas para lecionarem na Educação Musical e Educação Musical Especial: [...] é evidente que existe uma procura consciente pelo profissional com olhar e prática ampliados, capacitado para lidar com as diversidades e para trabalhar o aprendizado musical como possibilidade de cuidado e desenvolvimento humano [...] (PASSARINI et al., 2012, apud SANTOS, 2018, p 5). Ainda na proposta da Educação Musical Terapêutica, Silva Júnior (2016, apud SANTOS, 2018, p 4) acredita que “falar do efeito terapêutico da música no contexto da Educação Musical é tratar da universalidade da música e seu potencial de influenciar nossos sentimentos e pensamentos”. Contudo, diferentemente de Passarini et al. (2012), o autor prefere considerar a Educação Musical como fator primário considerando que o alcance de benefícios psicológicos e/ou terapêuticos 8 é secundário. Este outro prisma da Educação Musical Terapêutica também é interessante e inovador, contudo, vai além do que Passarini propõe fundamentalmente. Trazendo o olhar para a Educação Musical Especial, Fantini, Joly e Rose (2016) apresentam o estado da arte das produções brasileiras em Educação Musical Especial nos últimos 30 anos. As autoras realizaram o mapeamento nos principais meios de publicação de educadores musicais, perfazendo um total de 126 estudos da área encontrados nas publicações e eventos da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), Simpósio de Cognição e Artes Musicais (SIMCAM) e Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM). Nesta perspectiva, Carneiro (2014) também abordou a produção e a discussão sobre a Educação Musical Especial, levantando conceitos, visões, similaridades e distanciações entre a Educação Musical Especial e Musicoterapia. Para o autor, é necessário que as áreas contribuam entre si através de conhecimentos e propostas que sejam cada vez mais correlacionadas. Contudo, ressalta que é necessário verificar as possibilidades de atuação de um professor musicoterapeuta (ou educador-terapeuta), proposto por Passarini et al. (2012), delimitando os campos de atuação de cada um. A partir das literaturas e aspectos abordados, pode-se propor, então, que a mais intensa relação entre a Educação Musical e a Musicoterapia não encontra-se nas propostas pedagógicas, nos processos e resultados e o impacto das atividades, mas sim, que está refletida nas ações de uma Educação Musical Especial, que, muitas vezes, propõe um desenvolvimento de trabalho buscando tanto ensinar, quanto promover o bem-estar de sujeitos com necessidades especiais. Ao sabermos que, a Musicoterapia e a Educação Musical Especial são desenvolvidas com um mesmo público, que possuem aproximações e contribuições de uma para outra, bem como um resultado muito similar de trabalho em determinadas vezes, mas que seus objetivos e fundamentações são divergentes, é possível considerar que ambas demarcam uma fronteira entre processos educacionais e terapêuticos, conforme Bruscia (2000). Borne (2012) buscou descrever as interfaces entre Educação Musical Inclusiva e Musicoterapia, a partir de seu projeto com a Educação 9 de Jovens e Adultos (EJA), mas afirma ter sido um desafio descrever e delimitar as fronteiras entre as áreas. Apesar disso, o autor identificou melhorias e crescimentos em alguns aspectos, comprovando os benefícios em vista do aprendizado integral dos mesmos: aumento da autoestima, melhor organização temporal, consideração e cuidado pelo outro, entre outros. Apesar de claras as contribuições no bem-estar, no convívio social e na formação integral de participantes e alunos, os autores, geralmente, discorrem um diálogo ainda com pouca discussão sobre o desenvolvimento destes aspectos integrais à formação. Apesar disso, apresentam importantes questões relacionadas ao ensino musical de pessoas com necessidades especiais. Nesta mesma perspectiva, Joly (2003) sugere propostas de ensino de música para sujeitos com necessidades especiais. Para haver uma abordagem pedagógica adequada, é necessário que o professor tenha um considerável conhecimento sobre o estudante, sobre as características de sua deficiência, sobre o seu meio social e educacional, devendo adquirir novos conhecimentos constantemente, para uma melhor adaptação e entendimento sobre as capacidades do estudante. “[...] por meio de um programa de educação musical bem estruturado e com objetivos bem definidos é possível promover o desenvolvimento físico, intelectual e afetivo da criança com necessidades especiais” (JOLY, 2003, apud SANTOS, 2018, p 7). Um aspecto importante a ser considerado é a interdisciplinaridade. Neste caso, a proposta interdisciplinar ocorre em ambientes que propõem um trabalho relacionado e articulado entre a terapia, o bem-estar, a saúde e os aspectos psicológicos com a música/musicalização. Comumente denominada como proposta multidisciplinar tem se preferência por chamar como interdisciplinar por compactuar da mesma concepção que Japiassu (1976), de que, a partir de um princípio de distinção entre as terminologias possíveis a serem agregadas à ‘disciplinaridade’. “[...] a interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas, no interior de um projeto específico de pesquisa” (Japiassu, 1976, apud SANTOS, 2018, p 8). 10 Já a multidisciplinaridade é compreendida pelo autor como um “sistema de um só nível e de objetos múltiplos [...]” (apud SANTOS, 2018, p 8), que aparece em uma situação de variedade de disciplinas, propostas de maneira simultânea, mas que não realizam trocas e não mantêm uma relação entre si. Dentre os autores desta revisão que abordam discussões com caráter interdisciplinar, voltamos a mencionar Joly (2003), quem assegura que há uma situação crescente de estabelecimento da Educação Musical como potência em projetos interdisciplinares, relatando o trabalho musical com sujeitos especiais em que situações multidisciplinares ocorriam, conforme exemplifica a seguir: A forma de aplicação do procedimento, assim como a avaliação dos desempenhos [musicais] dos alunos foram adaptadas de acordo com suas características peculiares [...].Por exemplo, os exercícios de movimento eram realizados com ajuda da professora/pesquisadora seguindo instruções específicas de uma fisioterapeuta; [...]. (JOLY, 2003 apud SANTOS, 2018, p 8). Neste sentido, acredita-se que o crescimento da Educação Musical como disciplina pertencente a projetos interdisciplinares pode estar relacionado ao fato já discutido anteriormente: a emergente visualização do ensino de música junto à promoção do bem-estar e saúde, com o viés terapêutico transversalizado. 2.1 A música como suporte às dificuldades de aprendizagem Fonte: escribo.com 11 Pesquisas realizadas em diversos países, principalmente no final do século XX, abonam que a influência da música no desenvolvimento do infante é incontestável, demonstrando que bebês, ainda no útero, desenvolvem reações aos estímulos sonoros. Estudos também apontam que, mesmo se o contato com a música for feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, simplesmente ouvindo com atenção, os estímulos cerebrais são bastante intensos, mesmo sem ter aprendido a tocar um instrumento musical. A Federação Mundial de Musicoterapia (1985, p. 2) define que Musicoterapia é a utilização: [...] da música e/ou dos elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia) pelo musicoterapeuta e pelo cliente ou grupo, em um processo estruturado para facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e a organização (física, emocional, mental, social e cognitiva) para desenvolver potenciais e desenvolver ou recuperar funções do indivíduo de forma que ele possa alcançar melhor integração intra e interpessoal e consequentemente uma melhor qualidade de vida. (FEDERAÇÃO MUNDIAL DE MUSICOTERAPIA, 1985, apud SANTOS, 2012, p. 181). Bruscia (2000, p. 274) define que “musicoterapia é o uso planejado da música para apoiar necessidades físicas, intelectuais, sociais ou emocionais, envolvendo o corpo, a mente e o espírito”. A Musicoterapia deve ser realizada por um profissional graduado em Musicoterapia, cujo objeto formal de estudo é o comportamento sonoro do indivíduo (MURAKAMI, 2010). Ainda segundo a autora, as sessões podem ser individuais ou em grupo, uma ou duas vezes por semana, dependendo do objetivo proposto para o processo terapêutico. Antes de iniciar o tratamento, o paciente passa por etapas de diagnóstico, tais como: entrevista inicial; ficha musicoterapêutica; testificação musical e teste projetivo sonoro musical. A musicoterapia pode ser trabalhada em conjunto com psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e encontra na escola uma forte aliada nesta tarefa. Desta forma, acreditamos que os educadores precisam se envolver cada vez mais com o uso da música para auxiliá-los na condução do seu trabalho pedagógico. 12 O uso da musicoterapia nas escolas brasileiras, no Ensino Infantil, Fundamental e Médio, é um campo pouco explorado, resultando em escassez de literatura e pouca divulgação dos resultados já concretizados. Como é sobejamente conhecida, a musicoterapia deve ser trabalhada sempre com o suporte de um especialista, ou seja, sempre que o professor necessitar, deve solicitar a ajuda deste profissional. É bom lembrar que a musicalidade se inicia ainda em casa, quando a criança aprende a gostar da música com os pais, na prática é a pré-escola da música. Acresça-se a musicalização como sendo capaz de tornar um indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro e cabe à escola desenvolver na criança o gosto pela música e pelo aprender. O desenvolvimento da musicalidade nas crianças deve estar em conformidade com sua vivência musical e com os métodos utilizados. A musicalização, por si só, já se inicia no lar, com a oferta de ferramentas à criança para que ela descubra os sons e seu universo (discos, canções, instrumentos, objetos sonoros variados, gravuras relacionadas, etc.). Na escola, no entanto, deverá se realizar o direcionamento deste interesse para o desenvolvimento de outros aspectos ligados à criança (criatividade, coordenação motora, lateralidade, lógica, estética, etc.). A musicalização, além de transformar as crianças em indivíduos que usam os sons musicais, fazem e criam música, apreciam música, e finalmente se expandem por meio da música, ainda auxilia no desenvolvimento e aperfeiçoamento da socialização, alfabetização, capacidade inventiva, expressividade, coordenação motora e tato fino, percepção sonora, percepção espacial, raciocínio lógico e matemático e estética.(BERTOLUCHI, 2009, apud SANTOS, 2012, p. 182). Para trabalhar musicalização é importante que conheçamos a dinâmica do cérebro, o órgão responsável pelas sensações e pela inteligência. A partir do século XIX, os estudos científicos sobre o cérebro, assim como o interesse pela aquisição cognitiva, são realizados com bastante intensidade, possibilitando-nos conhecer melhor as necessidades de nossas crianças. Nosso cérebro é formado por cerca de 100 bilhões de células nervosas (os neurônios), conectadas, formando uma imensa rede de conexões (as sinapses), com função de receber, analisar, coordenar e transmitir as informações advindas de estímulos externos. O cérebro do recém-nascido passa por um crescimento extraordinário e, faminto por novas experiências que se transformam em sinapses para a linguagem, o raciocínio lógico, o pensamento racional, a resolução de problemas e os valores morais. Essas sinapses permitem a associação de idéias e o desenvolvimento de pensamentos abstratos, que compõem as 13 bases da inteligência, imaginação e criatividade. Porém, essas redes podem ser destruídas quando as experiências na infância são destituídas de estimulação mental ou sobrecarregadas de estresse. (KOTULAK,1997, apud ILARI, 2003, p.8). A neurociência mapeou o cérebro humano em duas metades ou hemisférios: o direito e o esquerdo, sendo que o esquerdo comanda a linguagem, o raciocínio lógico, determinados tipos de memória, o cálculo, a análise e resolução de problemas. As habilidades manuais não verbais as intuições, a imaginação, os sentimentos e a síntese são comandadas pelo hemisfério direito (CARDOSO; SABBATINI, 2000; CARNEIRO, 2001). Carneiro (2001) afirma que a percepção de sons pautados com a linguagem verbal acontece no hemisfério esquerdo, e no hemisfério direito são percebidos a música e os sons emitidos por animais. Mas ressalta que o aprendizado musical depende dos dois hemisférios, uma vez que ele é interdependente de outras funções cerebrais. Gardner (1995, p. 52), em seu livro, em que discorre sobre a teoria das inteligências múltiplas, define que o ser humano possui em maior ou menor grau sete tipos de inteligência, dentre elas, cita a inteligência musical, que é a habilidade de reconhecer sons, ritmos, o gosto de cantar ou tocar um instrumento musical com mais facilidade que outras que o tem em menor grau. Os educadores podem e devem auxiliar neste processo de aquisição de habilidades dos pequenos educandos ao trabalharem a musicalização, despertando-os precocemente para que sejam no futuro os novos “Beethovens”. Loureiro (2003), em seu trabalho afiança que durante o processo do conhecimento musical, somente o prazer garante o sucesso da aprendizagem, da construção e da aquisição de novos conhecimentos, através do estímulo e da vivência. E, trabalhando com crianças e jovens, diz que dentro: [...] do processo didático-pedagógico que buscamos desenvolver, tanto na FEBEM como na escola especial, a ênfase estava no estabelecimento de uma ponte que permitisse a comunicação entre o aluno e a música. Nosso objetivo foi fazer do trabalho de educação musical uma fonte de enriquecimento pessoal e de prazer, despertando no aluno suas potencialidades e ajudando-o a desenvolver o sensorial e o afetivo, o fisiológico e o espiritual. Diferenças e dificuldades devem ser respeitadas,assegurando assim a igualdade no acesso à linguagem musical e à 14 oportunidade de receberem uma educação musical comprometida com a realidade e individualidade de cada um (LOUREIRO, 2003, apud SANTOS, 2012, p. 183). Seguindo o que preconiza o PCN, fica bem clara a importância das atividades artísticas para a formação do indivíduo pleno: “[...] as oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior.” (BRASIL, 1998, apud SANTOS, 2012, p. 183). Quando a criança inicia sua vida escolar (Ensino Infantil), em torno de 2 anos de idade, estabelece-se um vínculo entre professor-aluno muito importante, permitindo que o educador o conheça de tal forma, que será este o primeiro a identificar os primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem que ele possa ter, mesmo antes da família. Então, tanto os educadores quanto a escola devem estar preparados para atendê-lo durante todo o processo de ensino aprendizagem, lembrando que cabe ao educador identificar o problema e solicitar o acompanhamento de especialistas de cada dificuldade de aprendizagem, tais como dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, entre tantas outras. A música é relaxante e estimula a aprendizagem. Um médico búlgaro, de nome Giorgio Losavov, verificou que crianças com dificuldade de aprendizagem, que ouviram música clássica durante as aulas, tiveram um ótimo rendimento. Ele alega que, quando o indivíduo ouve música clássica, lenta, ele passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxado, mas atento), aumentando as atividades dos neurônios e as sinapses tornando-as mais rápidas, o que facilita a concentração e a aprendizagem (CUNHA, 2010). Os problemas de dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes de fatores biológicos ou emocionais, cabendo ao educador observar o aluno e auxiliá- lo neste processo de aprendizagem, utilizando a música, sem esquecer-se de solicitar o apoio de um especialista, sempre que se fizer necessário. 15 O termo dificuldade de aprendizagem aparece em 1962, com a finalidade de situar esta problemática num contexto educacional, tentando, assim, retirar-lhe o “estigma clínico”, que o caracterizava. É importante salientar que a aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos do ser humano, para garantir a sua sobrevivência. A aprendizagem escolar também é considerada um processo natural, que resulta de uma complexa atividade mental, na qual o pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em aprender. [...] O estudo do processo de aprendizagem humana e suas dificuldades levando-se em consideração as realidades interna e externa, utilizando-se de vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. Procurando compreender de forma global e integrada os processos cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares, sociais e pedagógicos que determinam à condição do sujeito e interferem no processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a aprendizagem em sua totalidade de maneira prazerosa. (SILVA, 2006, apud SANTOS, 2012, p. 184). O educador enquanto mediador do processo ensino aprendizagem, bem como protagonista na resolução e estudo das dificuldades de aprendizagem, deve obter orientações específicas para desenvolver um trabalho consciente, que possa contribuir para o sucesso de todos os envolvidos no processo. Para Freire (2003, p.37), o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”. Essa leitura do espaço pedagógico pressupõe também uma releitura da questão das dificuldades de aprendizagem. E nosso pensamento está em sinergia com o do autor, pois acreditamos que, no espaço escolar, se faz a construção de significados e não apenas para recreação ou a reprodução cultural, mas também na edificação de novos saberes, contribuindo para o desenvolvimento de crianças que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem. Sundin (1991) também assegura que a música estimula as potencialidades humanas, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, a atenção, a memória, a agilidade motora, além de contribuir para a socialização. Vygotsky (1989, p. 104) assegura que “o crescimento cognitivo ocorre em um contexto sociocultural que influencia a forma que assume” e “muitas das habilidades cognitivas mais notáveis em uma criança evoluem de interações sociais com pais, professores e outros associados competentes”. Uma pesquisa realizada por Trehub 16 (2003 apud NOGUEIRA, 2003, p. 4) na Universidade de Toronto comprovou que os bebês tendem a permanecer mais calmos quando expostos a uma melodia serena e, dependendo da aceleração do andamento da música, ficam mais alertas. E isso continua a acontecer durante o desenvolvimento dos indivíduos, por toda a vida. Entendemos que cantar é tão importante quanto o ato de se alimentar, pois propicia o desenvolvimento do intelecto do ser. Para Golanski e Pires (2009), a música contribui: Para desenvolver a inteligência e para a integração do ser humano como um todo. Ao educador cabe estar atento às diversas oportunidades de uso da música para melhor assimilação dos hábitos a serem transmitidos as crianças bem como dos conteúdos a serem apresentados a elas. Toda e qualquer oportunidade, em qualquer faixa-etária é propicia a musicalização dos educandos. (GOLANSKI, 2009, apud SANTOS, 2012, p. 185). No dia a dia escolar, os educadores podem trabalhar a musicalização de várias formas com seus alunos, tais como: ouvir música, tocar um instrumento, cantar, compor música, explorar e identificar sons, desenvolver melodias (paródias), movimentar-se de acordo com a música etc. É importante que o professor se sinta envolvido com o projeto, pois, ao encontrar dificuldades durante a execução do mesmo, como a falta de materiais, terá que improvisar com materiais de sucata por exemplo, assim como estimular as crianças a cantarem, tornando o aprendizado uma divertida brincadeira. De acordo com Sá (2010), a introdução da musicalização faz parte da aquisição da linguagem da criança. As canções podem ativar o mecanismo de repetição do processo de aquisição da língua e as crianças aprendem as canções quase sem esforço. Silva (2006) considera que o contato e a prática da música auxiliam potencialmente a aprendizagem, principalmente no raciocínio lógico, na memória, e raciocínio abstrato. Como sabemos, o espaço escolar é o local apropriado para construir e reconstruir sempre o conhecimento, para, juntos, educadores e educandos, ganharem com as experiências construídas. É assim também para o ensino da música, em que o educador trabalha as habilidades das crianças, despertando nelas o interesse em aprender de maneira prazerosa. 17 Um dos objetivos de trabalhar a musicalização é aproximar a criança da música, para que este possa ouvi-la, compreendê-la e apreciá-la, de uma maneira natural, de tal forma que passe a fazer parte de seu cotidiano. Snyders (1992, p. 28) vem corroborar com esta afirmativa quando alega ser preciso, em nome do resgate da alegria escolar, tomarmos consciência das verdadeiras carências pedagógicas no domínio do ensino musical e projetar um plano estratégico, transparente e inovador, que tenha objetivos claros e bem definidos que possam ser efetivados no cotidiano da vida escolar. É importante destacar a importância da Musicoterapia quando realizada com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. Permite-lhes uma transformação da realidade, possibilitando sua integração à sociedadeatravés de estratégias de superação ou amenização dos problemas. Segundo Barcellos (1992, p. 20). A criança com dificuldade em aprender precisa se reconhecer como pessoa ativa, que tem potencial produtivo. O papel da Musicoterapia será a “formação de uma atividade cognitiva ativa e significativa” para este sujeito independentemente do nível que possa alcançar, através das “manifestações sonoro-musicais, corporais ou verbais”, a fim de estimular a criatividade, a ação e a inventividade deste indivíduo. (BARCELLOS, apud SANTOS, 2012, p. 186). Estratégias de intervenções devem ser adotadas nas práticas escolares, aliadas aos métodos de ensino para solucionar as dificuldades de aprendizagem. A musicoterapia estimula o desenvolvimento, a autopercepção e a significação de comportamentos. Zorzi (2003, p. 52) recomenda a musicoterapia como meio de amenizar as dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, tendo em vista o desenvolvimento das potencialidades da criança. No processo educativo, ao estimular a criança a cantar, esperamos que desperte nela: o desejo de integração em grupo, o respeito pelos colegas, a aquisição da linguagem e a criatividade, para que esta consiga resolver suas próprias dificuldades. A prática da música potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato. Assim, é interessante que o educador traga para dentro de sua sala o cotidiano 18 musical dos alunos, pois, estes trazem uma bagagem cultural que deve ser estimulada, trabalhada, fortalecendo os vínculos de amizade, respeito, afirmação e confiança entre todos os envolvidos. 3 A CONSTRUÇÃO DA MUSICOTERAPIA Fonte: revistainterativa.org Desde os primórdios até o século XIX, os homens buscam a cura para os males do corpo e do espírito à luz das crenças de cada época (COSTA, 1989). Os xamãs de diversas tribos utilizavam músicas em seus rituais para curar as pessoas de suas enfermidades associadas com o desequilíbrio espiritual, atribuindo, assim, a doença à intervenção de poderes superiores, entidades, forças factícias ou fenômenos naturais. Na Grécia Antiga, Sócrates e Platão acreditavam que a música era capaz de curar a alma das pessoas. Com o passar do tempo a música como tratamento deixou de ser associado a conceitos médicos do sobrenatural e passou a ser visto de maneira racional. Na idade Média, a hegemonia do cristianismo se preocupou com a influência que a música podia exercer aos seus fiéis e, no século 17, a utilização da música nas instituições psiquiátricas cresceu fazendo surgir as primeiras obras na área dedicadas à musicoterapia. Como ciência, a musicoterapia 19 ganhou forma no final da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, quando os médicos perceberam que, ao ouvirem os músicos tocar os enfermos de guerra melhoravam de forma significativa, tanto emocional quanto fisiologicamente, a ponto de receberem alta antes do previsto. Foi a partir daí que o corpo clínico iniciou diversos estudos para compreender os efeitos terapêuticos que a música proporciona na saúde mental, neurológica e emocional e, em 1944, surgiu o primeiro curso de musicoterapia. No Brasil, o curso iniciou na década de 1970 no Rio de Janeiro. Com o passar do tempo, surgiram cursos de graduação em diversos estados (São Paulo, Goiás, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros) com duração de quatro anos. É um curso em constante transformação, pois: [...] o saber musicoterapêutico está sendo construído e atualmente é encontrado um grande número de artigos teóricos. Conhecimento teórico, métodos e técnicas são construídos a partir da sistematização da prática, do observado na clínica (COSTA, 2009, apud FERREIRA, 2015, p. 11). Para Bruscia (2000), a musicoterapia é uma combinação dinâmica de muitas disciplinas em torno de duas áreas: música e terapia. O musicoterapeuta em formação adquire conhecimentos nas mais diversas áreas com uma composição curricular organizada. Ainda, conforme o contexto acadêmico em que se encontra inserido, encontra disciplinas como psicologia do desenvolvimento, psicologia do excepcional, antropologia, percepção musical, acústica e psicoacústica, artes visuais, práticas instrumentais, teorias e práticas musicoterapêuticas, estágios supervisionados, arteterapia, entre outros. Apesar da integração de conceitos de outras disciplinas (artísticas e terapêuticas) a conceitos musicoterapêuticos, o musicoterapeuta diferencia-se das profissões com as quais faz interlocução, ou seja, não é fonoaudiólogo apesar de atuar na reabilitação da fala, nem é fisioterapeuta e terapeuta ocupacional apesar de atuar na reabilitação motora, tampouco é psicólogo apesar de atuar na saúde mental, emocional e também no âmbito social e familiar. Da mesma forma, os profissionais dessas áreas sem formação em musicoterapia, mas que tocam instrumentos musicais nos atendimentos não estão fazendo um trabalho musicoterapêutico. Isso ocorre porque “existe a integração de conceitos de outras 20 disciplinas a conceitos musicoterápicos, sem hierarquização, formando algo novo e distinto das outras ciências” (COSTA, 2009, apud FERREIRA, 2015, p. 11). De acordo com essa mesma autora, a musicoterapia não é uma ciência pura assim como qualquer outra terapia, mas aplicada, que responde a três quesitos de uma ciência singular: possui o seu próprio saber, sua própria prática e profissionais qualificados para exercê-la. Os campos de atuação do musicoterapeuta são bastante diversificados podendo atuar com indivíduos com problemas de causa psicológica, cognitiva, motora, sensorial e outras, e a busca teórica que sustenta a prática para cada um desses campos é necessariamente diferente. (COSTA, 2009, apud FERREIRA, 2015, p. 12). Assim, o profissional deve estar preparado para atuar no mercado de trabalho em asilos, creches, hospitais, clínicas, escolas especiais, empresas e em consultórios particulares. No entanto, para que isso ocorra é necessário que o docente busque sempre novos conhecimentos e novas formações para atender às demandas da atualidade. A qualificação continuada é crucial no mundo acadêmico e, segundo Barcellos (2008), apesar de não existir mestrado e doutorado em musicoterapia no país, as diferentes demandas sociais e acadêmicas têm levado os musicoterapeutas a se dirigirem às mais diversas áreas do conhecimento para continuarem os estudos, o que contribuiu muito na integração de outras disciplinas à musicoterapia. Outro aspecto que o docente deve considerar no curso é que os alunos da graduação ou pós-graduação em musicoterapia possuem características bem distintas: alguns são recém-formados do ensino médio, outros terminaram já há algum tempo; há alunos que vieram do ensino particular, outros do ensino público; muitos já possuem formação musical, seja informalmente, seja por meio da graduação em música, outros possuem conhecimento mínimo ou nenhuma formação musical. É um grande desafio para o docente proporcionar a construção de novos saberes na sala de aula de modo que os alunos com menos conhecimentos teóricos e práticos (sejam eles musicais, sejam científicos) consigam acompanhar os demais 21 sem prejudicar o andamento da aprendizagem daqueles com mais conhecimento. Assim, é importante compreender como se dá o processo da construção do conhecimento na sala de aula. Segundo Werneck (2006), a construção do conhecimento deve corresponder a uma unidade de pensamento, um consenso universal pois esse processo não é totalmente pessoal e independente sem vínculo com a comunidade científica e com o saber universal. No âmbito educacional, podemos considerar como construção do conhecimento todo o processo de ensino-aprendizagem na relação docente- discente e discente-docente, e para compreenderessa dinâmica é necessário discutir o papel de cada um e a dinâmica de sua relação. Segundo Jesus e Pires (2013) o maior desafio da docência no ensino superior atualmente é fazer com que o aluno tenha uma participação ativa na sala de aula e que adquira conhecimentos de forma satisfatória ao longo do curso. Para que esse processo aconteça, é necessário que o docente esteja sempre buscando renovar e adquirir novos conhecimentos. o ensino na universidade caracteriza-se como um processo de busca e de construção científica e crítica de conhecimentos. As transformações da sociedade contemporânea consolidam o entendimento do ensino como fenômeno multifacetado, apontando a necessidade de disseminação e internalização de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, habilidades, procedimentos, crenças, atitudes). (PIMENTA; ANASTACIOU, 2008, apud FERREIRA, 2015, p. 14). De acordo com Jesus e Pires (2013), a construção da prática docente permeia três dimensões: pessoal, profissional e institucional. A dimensão pessoal se refere à experiência de vida do docente a qual se forma desde a época escolar como discente, até a formação atual como docente. Já a dimensão profissional é o planejamento em que o docente estabeleceu para o seu trabalho movido por alguns questionamentos como: Por que eu escolhi essa profissão? Que tipo de professor eu quero ser? Todo conhecimento e experiências vividas ao longo da vida influenciaram nesse direcionamento profissional. Antes de escolher a sua profissão, o docente passou por todo o processo de aprendizagem enquanto aluno e foi a partir dessas experiências que decidiu ser docente. 22 A dimensão institucional trata-se das circunstâncias das faculdades e universidades em que o docente atua ou já atuou, pois, cada instituição possui ferramentas pedagógicas diferenciadas às quais o docente deve se adequar para conseguir ministrar suas aulas de forma eficaz. Diante desse quadro podemos afirmar que essas dimensões se entrelaçam, pois é através das experiências de vida que o docente adquiriu enquanto aluno e durante a sua fase acadêmica que consegue traçar objetivos e estratégias de ensino conforme as necessidades de cada aluno e dentro das possibilidades que a instituição oferece (infraestrutura, ferramentas de multimídia, entre outros). Na sala de aula, é de extrema importância que o docente identifique os fatores que afetam o desenvolvimento humano para elaborar trabalhos e intervenções mais eficazes que levem a um desenvolvimento harmônico e autônomo de cada aluno (MOTA, 2005, apud FERREIRA, 2015, p. 15). Para que isso aconteça, é necessário que o docente elabore e reelabore um planejamento de ensino para a matéria ministrada em cada aula durante todo o semestre e/ou ano letivo. Afinal, um replanejamento da proposta pedagógica permite que o docente reflita sobre os objetivos traçados em cada aula bem como os resultados obtidos ao longo de todo o processo. O papel do docente é muito mais que apenas repassar o seu conhecimento; é compartilhar e mediar os diversos saberes. Deve ser um pesquisador constante aprimorando, assim, suas habilidades didáticas nas mais diversas ferramentas e multimídias em um trabalho interdisciplinar capaz de despertar uma consciência crítico-reflexiva no aluno que contribuirá na prática profissional. Por outro lado, mesmo que o docente tenha elaborado um bom planejamento de ensino e tenha um ótimo conhecimento da matéria que ministra, não é um fator determinante que os alunos aprenderão, pois há muitas variáveis que interferem no desenvolvimento do aluno (desde a sua fase intrauterina até a fase atual). É o conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais, ambientais e educacionais que conduz o desenvolvimento do aluno ao longo da vida. Dessa forma podemos afirmar que é de extrema importância que os alunos participem ativamente no processo pedagógico, expondo assim suas opiniões e compartilhando experiências pois eles têm opiniões e conceitos baseados nas suas vivências. 23 O ensino deve proporcionar ao aluno a capacidade de se tornar um ser ativo na sala de aula e autônomo do seu próprio saber. O art. 43 da Legislação Nacional da Educação aponta que o ensino superior tem por finalidade: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; e II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua (BRASIL, 1996, apud FERREIRA, 2015, p. 15). Assim, é necessário que as instituições de ensino superior: [...] deixem de priorizar estritamente a qualificação técnica e possibilitar o desenvolvimento, entre outras, da competência interpessoal de seus alunos, em aprender a aprender, a refletir criticamente, a trabalhar em equipe, a solucionar problemas, dando-lhes subsídios para transitarem bem equipados nas relações que estabelecerem. (ESPIRIDIÃO; CRAVEIRO DE SÁ, 2006, apud FERREIRA, 2015, p. 16). Nesse sentido, o docente contribui para promover a autonomia do aluno em sala de aula, quando nutre os recursos motivacionais internos; oferece explicações racionais para determinado assunto ou para a realização de alguma atividade; usa linguagem informacional sem imposição; respeita o ritmo de aprendizagem dos alunos e reconhece e aceita feedbacks negativos dos alunos (REEVE, 2009). Espiridião e Craveiro de Sá (2006) apontam também que é bem comum a figura do professor se tornar referência para o aluno durante o processo de ensino- aprendizagem. Isso se deve a todo o processo de compartilhamentos de experiências, ideias, discussões, vivências ao longo do curso. Segundo esses autores: As experiências pelas quais os alunos passam durante sua formação acadêmica são, inegavelmente, relevantes para o êxito do exercício profissional e, muitas vezes, nem mesmo os próprios educadores se dão conta da influência que exercem neste sentido. (ESPIRIDIÃO; CRAVEIRO DE SÁ, 2006, apud FERREIRA, 2015, p. 16). A mobilização sistemática do conhecimento no processo de ensino aprendizagem trata o gerenciamento dos saberes como algo ativo, buscando sua disseminação e preservação. Para uma prática bem-sucedida na sala de aula, é importante diferenciar os seguintes conceitos: dados, informações e conhecimento. 24 Davenport e Prusak (1998) afirmam que esses três conceitos estão inteiramente interligados formando uma hierarquia entre eles. Para os autores, dados são registros sem significado, que dão base para a construção de informações quando adquirem algum significado. Já os dados que foram interpretados e têm relevância e propósito são denominadas informações. O conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações reconhecidas e integradas pelo indivíduo aplicadas em suas ações cotidianas para a obtenção de algo. O conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado que fornece uma estrutura para avaliar e incorporar novas experiências e informações (ibid, 1998, p. 6). Esse saber torna-se incorporado em documentos ou repositórios e em rotinas organizacionais, processos, práticas e normas. Nonaka e Takeuchi (1997) definem o conhecimento em dois tipos: tácito e explícito. O conhecimento tácito é representado pelos modelos mentais, técnicas e habilidades pessoais de difícil formalização tornando penoso o papel de compartilhar com os demais sujeitos. Já o conhecimento explícito pode ser articulado e compartilhado por diversas formas de linguagem, seja verbal, escrita, seja na forma, especificações, manuais. A contínua conversão entre o formato tácito e explícito em um ambiente organizacional ou até mesmo na dinâmica da mediação dos saberes em uma sala de aula é explicada de quatro modos: socialização,externalização, combinação e internalização (NONAKA; TAKEUCHI, 1997; NONAKA; KONNO, 1998, apud FERREIRA, 2015, p. 17). A socialização é a conversão de uma parte do conhecimento tácito de uma pessoa para o conhecimento tácito de outra; a externalização, por sua vez, é a conversão do conhecimento tácito do indivíduo para o conhecimento explícito. Essa externalização corre por meio de representações simbólicas construídas por metáforas, analogias, dedução, relatos orais, filmes, entre outros. A combinação é a conversão de parte do conhecimento explícito de um indivíduo para agregá-lo ao conhecimento explícito da organização agrupando, assim, os registros de conhecimentos. 25 Já a internalização é a conversão da parte do conhecimento explícito de uma organização no conhecimento tácito de um indivíduo, o que acontece por meio de leitura individual de documentos de diferentes formatos e multimídias (textos, imagens etc.) e da reinterpretação e reexperimentação individual de vivências e práticas (SILVA, 2004 apud FERREIRA, 2015, p. 17). A socialização é a conversão de uma parte do conhecimento tácito de uma pessoa para o conhecimento tácito de outra; a externalização, por sua vez, é a conversão do conhecimento tácito do indivíduo para o conhecimento explícito. Essa externalização corre por meio de representações simbólicas construídas por metáforas, analogias, dedução, relatos orais, filmes, entre outros. A combinação é a conversão de parte do conhecimento explícito de um indivíduo para agregá-lo ao conhecimento explícito da organização agrupando, assim, os registros de conhecimentos. Já a internalização é a conversão da parte do conhecimento explícito de uma organização no conhecimento tácito de um indivíduo, o que acontece por meio de leitura individual de documentos de diferentes formatos e multimídias (textos, imagens etc.) e da reinterpretação e reexperimentação individual de vivências e práticas (SILVA, 2004). 4 EFEITOS DA MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO Fonte: correiobraziliense.com.br 26 A musicoterapia é fundamental no ambiente educacional, e pode ser uma prática adotada tanto no ensino regular como na educação especial. O profissional responsável pelo ensino musical no contexto escolar, deve realizar um diagnóstico situacional dos alunos, visando identificar possíveis problemas que interferem no processo ensino-aprendizagem, para assim utilizar a musicoterapia como meio de auxiliar na evolução das habilidades intelectuais, motoras, emocionais e sociais (CUNHA e VOLPI, 2008). No entendimento de Bruscia (2000), o professor precisa compreender que a musicoterapia inserida no campo educacional visa apresentar a música aos alunos como meio profilático e reabilitativo, utilizando-se de técnicas musicais voltadas para a melhoria de transtornos relacionados à aprendizagem, e dificuldades quanto à leitura e escrita. Bréscia (2003, p. 50) alega que: [...] crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala. (BRÉSCIA, 2003, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2694). Contudo, existem certos tabus quanto ao ensino de música na escola, visto que uma pequena parcela da população e alguns pais de alunos, talvez por não compreenderem os efeitos benéficos de tal prática, não dão a devida credibilidade; mas não há resistência dos mesmos quanto à utilização dessa prática no ambiente escolar, tendo como propósito um método sem dor e que depende exclusivamente da aceitação do aluno. O autor supracitado enfatiza ainda a necessidade de divulgação da importância da musicoterapia na vida do aluno, para que pais, alunos e professores tenham conhecimento dos seus benefícios, e que os pais possam incentivar a arte musical na vida de seus filhos desde a infância. Um dos importantes fatores ao estudar arte musical desde a infância é se familiarizar com os sons. As pessoas em geral vivem em ambientes sonoros, são seres que depende dos sons, muito do aprendizado vem através das percepções 27 sonoras. Se um indivíduo não souber distinguir os sons, eles passaram como ruídos sem significados. Por isso é necessário desenvolver tal percepção. Essa capacidade pode ser criada por meio de jogos, como improvisação e percussão corporal. Ao ouvir os registros do som é possível chamar a atenção para o grave, o agudo, as diferentes intensidades e timbres (SANTOS JÚNIOR, 2015, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2695). Como os seres humanos não são iguais, é lógico que a música, que é uma expressão humana, também não o é. Dessa forma, a música se torna uma grande aliada para aproximar os indivíduos de diferentes culturas. Através das sensações que são potencializadas pela música o indivíduo tem mais facilidade para entender uma cultura diferente daquela em que foi socializado. Se essa função do ensino da música for explorada a assimilação dos conteúdos de história, geografia, e das demais matérias pode se dar de maneira mais receptiva, contribuindo assim para o desenvolvimento do aluno. Na verdade, a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao devaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da sensibilidade e fortalecimento do ego, condições fundamentais para a realização plena do ser humano na sua trajetória de vida. (BRÉSCIA, 2003. p.29, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2694). Uma experiência que merece destaque encontra-se no Colégio Peretz, em São Paulo, o tradicional sinal da troca de aula foi substituído por 20 segundos de música. "Toda semana colocamos algo diferente, geralmente ícones da música brasileira ou da cultura judaica", explica o diretor Carlos Dorlass. A música da semana é abordada mais tarde em sala de aula: "Falamos da história da letra, do contexto, dos seus elementos. E assim a educação é feita em parceria" (BRITTO, 2003, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2694). Um interessante poder que a música tem é o de reforçar os laços fraternais, já que cada grupo familiar (ou de amigos) tem seus gostos e seus estilos musicais preferidos. Tais preferências trazem consigo uma história permeada de cultura. Ainda, para a professora Britto, é muito importante que os pais estimulem as crianças a ter uma convivência com a música: "Desde o início da infância cria-se um vínculo afetivo por meio da música, mesmo com as canções de ninar. O 28 importante não é ter o refinamento, mas a qualidade afetiva. Isto tem um valor enorme para fortalecer vínculos", (BRITTO, 2003, p. 208, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2695). De acordo com Sekeff (2002, p.192) estudos apontam os efeitos benéficos da música sobre a vida da criança, especialmente na idade escolar, sendo a terapia musical considerada positiva e contributiva no contexto educacional. Professores e pais de crianças, que na escola detinham a musicoterapia, relataram melhorias na convivência social e afetiva, aumento da concentração, melhora no comportamento e no desenvolvimento das funções intelectuais, além de expressarem melhor seus sentimentos. O autor relata ainda que a convivência direta com a música não beneficia unicamente o aluno e seu desenvolvimento cognitivo, mas também, desperta interesses artísticos e musicais que estimulam a proximidade com a cultura. O uso da musicoterapia no campo escolar proporciona ao aluno um aprendizado que vai além das formas tradicionais de ensino-aprendizagens, pois a música leva o aluno a pensar, comunicar e expressar seus sentimentos por meio de melodias e ritmos, que diferem da comunicação verbal. Assim sendo, o contato coma música e toda a sua essência, oferece ao aluno a oportunidade de na linguagem musical, descobrir novos métodos que deem sentido à sua existência e significado à sua convivência com as pessoas, família e coletividade. Do ponto de vista do profissional que executa a prática musical com seus alunos, é visto que o mesmo além de obter uma gama de conhecimentos musicais, apresenta melhoria expressiva em sua qualidade de vida. A educação musical faz com que as crianças apresentem melhor desempenho em suas atividades escolares, além de contribuir nos exercícios que envolvem matemática e raciocínio lógico. Outrossim, quando o estudante descobrir sua habilidade em tocar um instrumento, aumenta ainda mais seu potencial de aprendizado, especialmente em atividades que envolvem a memória, como ressalta Bréscia (2003, p. 148). A fim de ampliar essa discussão, Tusler (1991, p. 196) menciona que por meio da educação musical, o estudante obtém a autodisciplina, e apresenta expressiva mudança no comportamento e na maneira de se expressar e comunicar 29 com os colegas de sala de aula. Além disso, a música proporciona efeitos sobre a qualidade de vida como um todo, e tem o poder de aumentar o bem-estar; levar ao relaxamento; proporcionar melhoria na saúde física e psíquica; elevar a autoestima; fortalecer o corpo e a mente; estimular a autorreflexão e pensamento; e oferece consolo e energia para o dia a dia. 4.1 Musicoterapia e educação: convergências e divergências Muitas reflexões são feitas a respeito das convergências e divergências entre Educação e Terapia. Para Bruscia (2000), alguns pontos devem ser considerados relevantes na reflexão sobre ambas as áreas. Segundo Bruscia (2000), educação e terapia são semelhantes no sentido de que as duas ajudam o cliente a adquirir conhecimentos e habilidades; todavia existem distinções importantes a serem feitas. 1) Os objetivos são diferentes. Na educação aprender, adquirir conhecimentos e habilidades é objetivo primário, enquanto que na terapia é um meio para encontrar saúde. 2) Na educação o conteúdo a ser trabalhado não é específico do indivíduo, já na terapia é sempre pessoal. 3) A aprendizagem na terapia é singular; o cliente experimenta várias facetas de si, de maneira auto-reflexiva, ou seja, o cliente passa por algumas experiências intensas no curso de uma sessão. 4) A relação professor- aluno é diferente da relação cliente- terapeuta, no que se trata do nível de intimidade, dinâmica e conteúdo. (BRUSCIA, 2000, apud SANTOS, 2014, p. 63). Bruscia (2000) afirma, que as mesmas distinções acima se aplicam às diferenças entre Musicoterapia e Educação Musical. Alguns autores apresentam possibilidades e perspectivas de realização de projetos envolvendo saúde (terapia e educação); quando as duas áreas trabalham separadamente fragmentam o conhecimento e tratam de forma distante questões referentes aos problemas dos clientes e educandos. Com o apogeu do paradigma cartesiano e da medicina científica, as responsabilidades referentes às ações de educação em saúde foram divididas entre os trabalhadores da saúde e os da educação. Aos trabalhadores da saúde coube desenvolver os conhecimentos científicos capazes de intervir sobre a doença, diagnosticando-a e tratando-a o mais 30 rapidamente possível. A tarefa de desenvolver ações educativas capazes de transformar comportamentos ficou ao encargo dos trabalhadores da educação. Essa lógica, além de fragmentar o conhecimento, deixou de considerar os problemas cotidianos vivenciados pela população. (ALVES E AERT apud FALKENBERG, MENDES, MORAES e SOUZA, 2014). O termo educação e saúde, segundo FALKENBERG et al (2014), ainda hoje, é utilizado como sinônimo de Educação em saúde, indica um paralelismo entre as áreas, separando seus instrumentos de trabalho. “Educação ocupando-se dos métodos pedagógicos para transformar comportamentos e a saúde dos conhecimentos científicos capazes de intervir sobre as doenças”. A Musicoterapia se correlaciona com outras áreas do conhecimento o que proporciona um leque de possibilidades de ações interdisciplinares. A musicoterapia por ser híbrida e envolver várias facetas do conhecimento (ciência, arte e educação) possui uma diversidade de aplicações, objetivos, métodos e orientações teóricas, sendo certo que influenciada por diferenças culturais, encontra-se em processo de formação. (ALMEIDA e CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2014, p. 64). Segundo Silva (2011) torna-se cada vez mais comum a entrada de profissionais musicoterapeutas na educação, pela demanda de educadores em música ou pela proximidade que a Musicoterapia tem com o ensino, principalmente quando se refere a educação especial. Pensando em todas as demandas apresentadas pelas crianças e adolescentes em idade escolar, esse espaço além de ser um local de ensino é um local de agência de saúde; pois trabalha de forma integral no desenvolvimento físico, intelectual, emocional e espiritual dos educandos. (FALKENBERG et al, 2014 apud SANTOS, 2014, p. 64), a educação em saúde como um processo pedagógico e político exige um desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, o que implica em desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo a sua autonomia, do sujeito histórico e social; assim se torna capaz de opinar em ações para cuidar de si, da família e da sociedade. 31 As práticas de educação em saúde são inerentes ao trabalho em saúde, mas muitas vezes estão relegadas a um segundo plano no planejamento e organização dos serviços, na execução das ações de cuidado e na própria gestão. (FALKENBERG, et al, 2014, apud SANTOS, 2014, p. 65). Segundo Bruscia (2000) a saúde é holística, indo além do corpo para incluir a mente e o espírito e vai além do indivíduo para incluir a sociedade, a cultura e o meio ambiente em que vive. “A saúde é o processo que visa a atingir o potencial máximo de integridade individual e ecológica do sujeito” (BRUSCIA, 2000, apud SANTOS, 2014, p. 65). Pensando na escola como um meio de intervenção e saúde, o musicoterapeuta pode atuar de forma preventiva nos projetos e intervenções realizadas, estes envolvem a criança, o adolescente, a família, os vizinhos etc. O musicoterapeuta preventivo se insere a partir de projetos que têm como objetivo impactar nestas redes sociais: a família, e os diferentes sistemas de apoio, gerando uma abertura à participação, construindo lugares, de possível intercâmbio social através da música e do sonoro. (PELLIZZARI apud SILVA, 2011, p. 124). O olhar musicoterapêutico tem a intenção de promover saúde de forma preventiva, afirmam Almeida e Campos (2013), atendendo as necessidades específicas de forma individual. “Nesse sentido, o olhar musicoterapêutico traz uma visão do humano no seu aspecto criativo.” (ALMEIDA e CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2014, p. 66). “O musicoterapeuta deve ser, antes de mais nada, um profissional capaz de sentir um genuíno desejo de ajudar o seu semelhante e que através da música procurará fluir em mudanças” (LEINING apud GOMES, 2009, p. 552). É importante salientar a escuta desse profissional; esta também é diferenciada, segundo Silva (2011) está profundamente ligada ao diálogo entre educador e educando; não há escuta sem diálogo; a relação de acolhimento está justamente na capacidade que o educador tem de se despir de sua posição privilegiada, para uma posição de humildade diante do ser humano. Silva (2011) aponta duas questões como fundamentais em um trabalho que envolva educação e musicoterapia: a escuta e a postura do profissional. Acredita- 32 se que estes fatores são essenciais para a transformação, o suficiente para lidar com os dilemas da sala de aula e dos processos educacionais de forma mais tranquila e passiva. Já que existem temas que aproximam e distanciam Musicoterapia e a Educação, como poderíamostrabalhar essas duas áreas de forma harmoniosa? Segundo Silva (2011), para que trabalhem juntas, o primeiro passo é o conceito de educação a partir do humano, que está também ligado a área da saúde. Convém, pois reconhecer o que é o ser humano, que pertence ao mesmo tempo à natureza e à cultura, que está submetido à morte como todo animal, mas que é o único ser vivo que crê numa vida além da morte e cuja aventura histórica conduziu-nos à era planetária. Só assim se pode obedecer à finalidade do ensino, que é ajudar o aluno a se reconhecer em sua própria humanidade, situando-a no mundo e assumindo-a. (...) Aprender a viver significa preparar os espíritos para afrontar as incertezas e os problemas da existência humana. (MORIN apud SILVA, 2011, p. 131). Para o autor a educação vai além de acúmulos de conteúdos ou instrução como foi dito anteriormente, a educação visa a resolução de conflitos esse por sua vez está intrinsecamente ligada às subversões da vida. Se pensarmos em terapia, veremos que esta situa o cliente em seu contexto de modo que aprende, reflete, questiona e modifica o seu comportamento, isto implica em mudanças emocionais, relacionais, espirituais e sociais. Segundo Silva (2011) educação e terapia podem andar juntas com modalidades e abordagens diferentes; a ideia é que as áreas busquem os pontos em comum para desenvolver projetos interdisciplinares, ou seja, fazendo uso de abordagens diferentes com o foco no humano, para atingir a mudança de comportamento pela educação e pela terapia. Se pensarmos que ambas as áreas utilizam a problematização, como desafio inicial e ponto de partida para que o indivíduo pense, e se situe no mundo; o que define a saúde, segundo Bruscia (2000) não é a severidade do problema (doença), mas sim a forma como a pessoa utiliza seus potenciais de desenvolvimento no momento em que se depara com o problema. Para Almeida e Campos (2013), os meios utilizados pelas duas áreas para atingir seus objetivos demonstram que há integração entre ambas. Assim também 33 Gaiza (apud ALMEIDA E CAMPOS 2013) aponta uma reflexão acerca do educador musical e o musicoterapeuta que podemos utilizar como ferramenta para refletir educação e musicoterapia: [...] a diferença fundamental que existe entre um educador e um musicoterapeuta é que ao último lhe interessa curar. Deveríamos perguntar primeiro: O que é curar? (Na realidade, deveríamos começar por definir a fundo estes termos...) e ao educador deveria lhe perguntar: O que lhe interessa ensinar? O que se faz quando um aluno manifesta dificuldades que lhe impedem aprender? (GAINZA apud ALMEIDA E CAMPOS, 2013, p. 51). Podemos pensar que musicoterapeutas e educadores devem questionar sempre a finalidade de sua atuação, para que esta seja uma ação totalmente desprendida, que visa o bem-estar do ser humano. Dessa maneira, afirma Silva (2011), questões que inicialmente estão ligadas à educação, ou ao próprio cotidiano dos educandos podem se tornar ponto de partida fecundo para pensarmos a prevenção e a promoção de saúde. Silva (2011) afirma, que toda terapia é também uma educação, já que visa a conscientização do sujeito no mundo, e a capacidade que cada um desenvolve para transformá-lo e recriá-lo por meio do próprio saber o mundo e a realidade na qual vivem. Para a autora, um dos objetivos comuns à terapia e à educação é proporcionar a reflexão de cada indivíduo como homem, situá-lo no mundo em que vive e criar condições para que ocorra a transformação seja com ele mesmo ou de sua ação no mundo. Assim, a transformação é também um ponto comum entre educação e terapia. A educação, sem transformação, não cumpre em sua totalidade aquilo para a qual é destinada; o mesmo acontece com a terapia, que sem mudança, não atinge o seu objetivo final. Logo, essas duas áreas buscam problematizar a realidade na qual o cliente-aluno se encontra e ajudá-lo a enfrentar os desafios nela encontrados. Na Musicoterapia, a transformação, a mudança surgem de um emaranhado de questões de som, movimento, silêncio e escuta: [...] dá-se pela experiência no corpo e no movimento, pela escuta, pelo respeito ao tempo e espaço do outro, pela espontaneidade e 34 capacidade criativa na relação com esse outro; promove mudanças e traz o desenvolvimento pessoal, possibilita as expressões sonoro- musicais-não-verbais e o desenvolvimento das habilidades musicais, todos em um mesmo nível de importância. (PASSARINI et al, 2012, apud SANTOS, 2014, p. 67). “[...] a arte não só revela, mas afeta o mundo ao redor ...” (BARBOSA, 1984, apud SANTOS, 2014, p. 68). A arte em geral traz consigo elementos de transformação, ela por si só já é criativa, nova; capaz de conceder mudança, que acontecem justamente pelo potencial reflexivo e crítico da arte, em especial da música tratada neste artigo. Para Bruscia (2000), a Musicoterapia é um processo que tem lugar no tempo; para o cliente envolve um processo de mudança, para o terapeuta é uma sequência de intervenções ordenadas no tempo, tanto para um quanto para outro pode ser descrito como educacional, interpessoal, artístico, musical, criativo ou científico. Bruscia (2000) afirma, que para ser terapia a intervenção deve ser feita por um terapeuta; uma tentativa intencional de produzir algum tipo de mudança. Assim podemos dizer que: Musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o terapeuta ajuda o cliente a promover saúde utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudanças. (BRUSCIA, 2000, apud SANTOS, 2014, p. 69). As ações e mudanças que podem ser causadas no cliente ou educando são de grande importância, Bruscia (2000), aponta várias áreas como mais comuns, como alvos de mudanças. Como esse trabalho trata especificamente sobre Musicoterapia e Educação citaremos apenas as que são de interesse do contexto educacional: percepção, desenvolvimento sensório-motor, cognição, comportamento, emoção, comunicação, interpessoal, criatividade. Segundo Brito (apud ALMEIDA E CAMPOS 2013), fazendo música somos mágicos, intuitivos, emocionais. É possível ser racional e intelectual, nos presenteamos com uma vivência sonora simbólica profunda e integradora. Almeida e Campos (2013) afirmam, que as experiências musicais de improvisar, recriar, ouvir e compor música utilizadas nas técnicas 35 musicoterapêuticas são fundamentais e levam ao desenvolvimento do processo na terapia bem como o aprendizado significativo do educando “A criatividade está presente em todo ser humano, é preciso proporcionar oportunidades para seu desenvolvimento” (ALMEIDA E CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2014, p. 69). Para que a musicalidade, que é inata a todo ser humano, atue e seja veículo de mudança é necessário que o cliente ou o educando esteja aberto a experimentar a si mesmo, aos outros e ao mundo, para assim desenvolver capacidades receptivas, cognitivas e expressivas, afirmam os mesmos autores. Para Gomes (2009) atitudes humanas e humanizadoras são canais de expressão e mobilização de um corpo vibrante, que pulsa e que vive, pois “a criança só conseguirá utilizar suas potencialidades na medida em que acreditar em sua própria existência (DUCORNEAU apud GOMES, 2009, p.552). Desta maneira o trabalho terapêutico na educação pode contribuir para uma mudança de olhar por parte do educador e do educando, para que consigam estabelecer uma relação pautada no diálogo e na escuta mobilizando a abertura de canais expressão, por meio do som do movimento e da própria música. É fato que terapeutas e educadores lidam com questões pertinentes, e que podem ser tratadas de maneira interdisciplinar. Os assuntos e dúvidas em relação ao comportamento e ao aprendizado podem ser versados, de modo que os profissionais e os educandos cresçam, e aproveitem ao máximo o tempo juntos (terapeuta,educador, cliente) para crescimento pessoal e profissional, em um ambiente prazeroso que valorize de fato o ser humano, aceitando suas limitações e inspirações. 36 5 A MÚSICA COMO RECURSO TERAPÊUTICO Fonte: www.tjdft.jus.br A primeira forma de comunicação humana surgiu através dos sons. O homem primitivo utilizava-se de sinais gestuais e sonoros. Caminhando um pouco na evolução da humanidade encontramos as tribos, onde o pajé ou feiticeiro cantava ininterruptamente até que o doente apresentasse melhoras. Até hoje encontramos estas “músicas de cura” nas pajelanças dos índios brasileiros. Nas práticas xamânicas o canto, a percussão e a dança são os estímulos utilizados para induzir ao êxtase. (CUNHA, 2003, apud RAMALHO, 2017, p. 8). Nas civilizações egípcias e gregas ocorreu uma mudança fundamental em relação aos povos primitivos. Os deuses eram criaturas semelhantes aos homens e faziam parte integrante em todas as suas atividades: guerra, paz, medicina, música, etc. Na Antiga Grécia, onde surgiu uma atitude racional em face da doença, inaugurando o que Cumston chamou de tendência metafísica e tendo como figura mais importante para a medicina ocidental, Hipócrates, acreditava-se que a doença consistia num desequilíbrio dos elementos que constituíam o homem (frio e calor; umidade e secura, por exemplo). Utilizava então, no restabelecimento do equilíbrio perdido, a música, por ser ordem e harmonia dos sons. Os gregos acreditavam que 37 a música poderia depurar e dominar as emoções e enriquecer a mente, através de melodias que levassem ao êxtase. Foi com os gregos que obtivemos as primeiras informações de investigações profundas do caráter terapêutico da música. Como era uma civilização fortemente voltada ao raciocínio lógico, procuravam empregá- lo na clínica. Tentavam encontrar uma razão lógica no ser humano e no mundo, e a enfermidade era observada, diagnosticado e então receitado o remédio lógico aplicável. (SOUZA, 2011, apud RAMALHO, 2017, p. 8). Platão e Aristóteles são precursores da musicoterapia, por fazerem uso dosado da música no tratamento dos pacientes, valorizando-a. Estes pensadores afirmaram que as pessoas que sofrem de emoções descontroladas, depois de ouvirem melodias que elevam a alma até o êxtase, retornam a seu estado normal, como se houvessem experimentado um tratamento médico ou depurativo. Esculápio, médico grego, prescrevia música e harmonia a pessoas com a área emocional perturbada. Como se pode ver, pelos relatos dessa civilização tão antiga, as técnicas terapêuticas com a música poderiam ser comparadas com a Musicoterapia de hoje. O emprego terapêutico da música entre os judeus e os árabes. Os judeus acreditavam que a música ajudava no tratamento de certas doenças e havia uma crença corrente em seu poder sobre o espírito. 38 5.1 Doenças e Transtornos Tratados com a Musicoterapia Fonte: radiovozdearari.com Atualmente diversos trabalhos mostram a utilização, aplicação e a importância da musicoterapia no tratamento de doenças e transtornos em diversas fases da vida, para os especialistas é claro que não há diferença de idade, podendo agir sobre bebês até pessoas nas mais tenras idades (FREITAS, 2016). Os estudos a partir da década de 1980 mostram que há três tipos de memórias que são ativadas com a musicoterapia para problemas de cunho psíquico, são elas: […] a memória declarativa, que permite lembrar uma peça de música que ouvimos, a memória processual, que permite fazer movimento corporal em sintonia com a música (bater palmas, bater o pé ao ritmo da música) e a memória do tipo familiar, onde existe um reconhecimento e uma identificação da música sem saber o título ou o compositor (BRIGHT,1997 apud MAIA, 2014). A musicoterapia já vem sendo utilizada como forma de primeira aproximação a pessoas com esquizofrenia (COSTA; VIANNA, 1984) e autismo (SAMPAIO; LOREIRO; GOMES, 2015). Também pode ser aplicado em casos de problemas emocionais, atitudes, energia dinâmica psíquica, que será o esforço para modificar qualquer patologia física ou psíquica (BERTOCINI; SARTONI, 2015). Segundo Manfio e Santos (2016) transtornos como o TDAH, o estresse, autismo e também AVC. 39 Estresse: “A pessoa deve identificar a origem desse problema e tomar algumas atitudes, que variam: ficar em silêncio, ouvir uma música boa de seu gosto pessoal que induza o relaxamento, seja instrumental ou não. Outra opção para auxiliar no alívio é tocar um instrumento, como a bateria”. – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): “Além dos métodos terapêuticos, o paciente pode aprender a tocar algum instrumento musical, pois isso irá contribuir no tratamento”. – Acidente vascular cerebral (AVC): “A música pode colaborar com a reabilitação social, emocional, física e, principalmente, da linguagem, porque a pessoa voltará a se expressar naturalmente”. – Autismo: “Por meio da música, vemos, aos poucos, que as pessoas com autismo vão adquirindo uma maior expressividade, se organizando melhor, se acalmando e ampliando a atenção, o que resulta no processo da aprendizagem de novas capacidades” (MANFIO; SANTOS, 2016, apud CORONAGO, 2017, p. 352). Os diversos estilos e ritmos musicais produzem trabalhos diferenciados e resultantes corporais diferentes. A música clássica como, as sinfonias, J. S. Bach são usadas para melhorar o aprendizado e a memória. Para pacientes com depressão são usados músicas de Rossini, Guilherme Tell e Wagner, Walkirias. Os sons de Strauss aumentam o relaxamento de seus ouvintes durante pertos. A energia e o pulso das marchas podem ser utilizados em pacientes convalescentes, contrário ao rock que diminui o pulso, os espasmos e o ritmo da respiração (MANFIO; SANTOS, 2016). Segundo o Carraro (2011) a utilização de música na terapia de Alzheimer com uso da musicoterapia está ajudando pacientes a terem melhor bem-estar. Um bom exemplo disso tem sido o uso da musicoterapia, no auxílio do tratamento da doença de Alzheimer. Doença de caráter progressivo e degenerativo tem, entre seus primeiros sinais, o esquecimento, a dificuldade de estabelecer diálogos, as mudanças de atitude e a diminuição da concentração e da atenção. A musicoterapia ajuda a estimular a memória, a atenção e a concentração, o contato com a realidade e o esforço da identidade. Trabalha-se ainda a estimulação sensorial, a autoestima e a expressão dos sentimentos e emoções (CARRARO, 2011, apud CORONAGO, 2017, p. 352). Sendo assim, outros problemas de saúde da terceira idade pode ser amenizados com o uso da musicoterapia associado à terapia convencional. O Parkinsonismo já é tratado pela interação destes dois métodos. 40 6 A MUSICOTERAPIA NO SÉCULO XX Fonte: olharvital.ufrj.br Do início deste século até a Segunda Guerra Mundial não há registros da aplicação terapêutica da música de forma mais sistematizada. A música era usada em hospitais e clínicas, geralmente como entretenimento. Durante a Primeira Guerra Mundial, músicos profissionais foram contratados para distrair os doentes e na Segunda Grande Guerra, verdadeiros concertos eram organizados nos hospitais. Os médicos perceberam os efeitos benéficos e as melhoras dos pacientes. Finalmente, dez anos depois, aparecem os primeiros livros com os princípios da musicoterapia. A educação especial, a socialização, a psiquiatria e a psicologia são apenas algumas das áreas de intervenção da musicoterapia, através da utilização da música e/ou dos seus elementos. A musicoterapia pode ser utilizada no controle de problemas somáticos, como a dor ou a reabilitação de acidentes vasculares cerebrais ou lesões traumáticas. Também se utiliza para melhorar a coordenação motora no trabalho com idosos, com crianças ou jovens com deficiências neurológicas, com pessoas cegas ou surdas, com doentes de Parkinson, etc. Pode ainda ser utilizada
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