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02 ENSINO-DA-MUSICOTERAPIA

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 
2 MUSICOTERAPIA ........................................................................................... 4 
2.1 A música como suporte às dificuldades de aprendizagem ............................ 10 
3 A CONSTRUÇÃO DA MUSICOTERAPIA ...................................................... 18 
4 MUSICOTERAPIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL . Erro! Indicador não definido. 
5 EFEITOS DA MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO ........................................ 25 
5.1 Musicoterapia e educação: convergências e divergências ............................ 29 
6 A MÚSICA COMO RECURSO TERAPÊUTICO ............................................ 36 
6.1 Doenças e Transtornos Tratados com a Musicoterapia ................................ 38 
7 A musicoterapia no século XX ....................................................................... 40 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão 
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 MUSICOTERAPIA 
 
Fonte: sintoniaholistica.com.br 
Música é a arte de combinar sons e silêncio, seguindo ou não uma pré-
organização ao longo do tempo. Assim como os demais sentidos do corpo, a 
audição é resultado de uma interpretação cerebral. Quanto mais rica for uma música 
em seus diferentes sons (agudos, médios e graves), timbres (cordas, sopro e 
percussão), ritmos (pulsações), velocidades (notas longas, médias e curtas), 
intensidade (forte, média e fraca),com harmonia (combinação de sons simultâneos), 
mais o cérebro de quem a ouve será estimulado. A música para Ferreira (2008) é 
uma excelente fonte de trabalho escolar, utilizada como terapia psíquica para o 
desenvolvimento cognitivo e como uma forma de transmitir ideias e informações, 
fazendo parte da comunicação social. A música é considerada mais antiga que a 
própria linguagem humana, e a voz, o instrumento mais antigo, com a qual 
conseguimos produzir, agrupar e compor melodias que tocam nossas almas. 
A musicoterapia é o uso da música para trabalhar as necessidades físicas, 
intelectuais, sociais ou emocionais, e deve ser realizada por um especialista, 
através de uma intervenção terapêutica não-verbal, com foco no comportamento 
sonoro do indivíduo. Essa terapia tem como centro combater patologias que 
 
5 
 
envolvem o desenvolvimento, a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, 
a mobilização, expressão e a organização física, mental ou social dos indivíduos. 
Ela é uma ciência que foi consolidada no início do século XX. A praticidade 
da medicina, da terapia aliada a estimulações e aprendizados musicais fora 
estudada, proposta e desenvolvida em tempos muito anteriores, contudo, apenas 
no século XX que esta prática foi denominada de Musicoterapia (LOUREIRO, 2006). 
Muito similar a Educação Musical, esta área fundamenta-se também a 
partir da improvisação, composição, interpretação e escuta, que são 
caracterizadas como experiências musicais (BRUSCIA, 2000, apud 
SANTOS, 2018, p 3). 
 
“[...] essas experiências musicais são ferramentas fundamentais que levam 
ao desenvolvimento do processo musicoterapêutico, bem como para o 
aprendizado significativo do educando”. (CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 
2018, p 3). 
 
Além disso, as autoras discutem sobre os benefícios do olhar do especialista 
em Musicoterapia na Educação Musical, caracterizando-o como um educador-
terapeuta, já que: 
A educação musical com o olhar musicoterapêutico tem a intenção de 
promover a saúde do aluno de forma preventiva, acolhendo e atendendo 
as necessidades específicas de forma individual, surgindo assim a figura 
do educador-terapeuta. Profissional que necessita de capacitação para 
lidar com as diversidades e trabalhar o aprendizado musical como 
possibilidade de cuidado e desenvolvimento humano. (ALMEIDA e 
CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2018, p 3). 
Com relação aos objetivos e concepções da Musicoterapia e da Educação 
Musical, tanto Almeida e Campos (2013) quanto Ravagnani (2009), baseadas em 
Violeta de Gainza e Kenneth Bruscia, defendem a ideia de que o primeiro se designa 
a servir processos terapêuticos, de saúde e bem-estar, enquanto o segundo possui 
a finalidade totalmente educacional, em que há aquisição de habilidades e 
conhecimentos. Contudo, é afirmado que: 
[...] os meios utilizados pelas duas áreas para atingir seu objetivo 
demonstram que há uma cooperação recíproca entre as áreas. O educador 
se utiliza de elementos da musicoterapia para auxiliar no processo de 
aprendizagem e o musicoterapeuta se utiliza de elementos da educação 
musical como coadjuvante no processo terapêutico. (ALMEIDA e 
CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2018, p 4). 
 
6 
 
Ravagnani (2009) completa que, na Musicoterapia, o mais importante “é a 
relação entre a música e o paciente”, sendo assim, na Educação Musical “o foco 
recai sobre a aquisição de algum conhecimento musical pelo aluno” (p. 34). Para 
Loureiro (2006, p. 7), através da Musicoterapia, o paciente além de desenvolver-se 
em aspectos reabilitativos, também está apto a adquirir e promover habilidades, 
principalmente àqueles que possuem necessidades especiais. Além disso, a autora 
deduziu “estratégias e adaptações metodológicas e exercícios para a prática da 
educação musical no ensino regular” (p. 8), voltadas, principalmente, para o âmbito 
escolar, visando sujeitos com atraso do desenvolvimento leve e moderado. Loureiro 
e França (2005) relatam sobre a função, métodos e técnicas da Musicoterapia na 
iniciação e na Educação Musical Especial no mesmo âmbito da pesquisa anterior, 
objetivando destacar alguns princípios para praticar a Educação Musical com este 
público. 
Ao abordar sobre estratégias e atividades adaptadas metodologicamente 
para a Educação Musical Especial e desenvolvê-las com alunos com necessidades 
especiais, Louro (2006) afirma que não devem existir grandes elos entre a educação 
e a terapia em música, considerando os avanços percebidos na aprendizagem 
musical dos seus alunos e as melhorias na personalidade, na saúde e no bem-estar 
deles. Para a autora: 
A educação musical, realizada por profissionais informados e conscientes 
de seu papel, educa e reabilita a todo momento, uma vez que afeta o 
indivíduo em seus aspectos principais: físico, mental, emocional e social. 
(LOURO, 2006, apud SANTOS, 2018, p 4). 
A diferença entre Educação Musical e Musicoterapia é “de procedimento”, ou 
seja, assim como demais autores destacaram, o que se almeja em ambas as 
práticas é o que as diferencia. Além disto, para Louro (2000), em determinadas 
situações, a educação e a terapia “se misturam de tal forma que se torna quase 
impossível diferenciá-los, mas isso não significa que sejam a mesma coisa” (p. 2). 
É perceptível a cautela da autora na relação entre ambas as áreas, destacandoas 
diferenças e garantindo que não sejam confundidas, pois mesmo que “os resultados 
da educação musical e da musicoterapia sejam os mesmos, o fato de suas bases 
estarem fundamentadas em propostas diferenciadas, muda toda relação do 
 
7 
 
indivíduo com a música, seja ele com deficiência ou não” (LOURO, 2000, apud 
SANTOS, 2018, p 4). 
Suzano (2016) discute uma diferença entre a Educação Musical e a 
Musicoterapia: a necessidade previa ou posterior de adquirir habilidades e 
conhecimentos musicais, visto que, em terapia, este aspecto não se faz necessário; 
contudo, no aprendizado musical esta é a centralidade. Assim, entre as áreas 
abordadas e os resultados finais de suas práticas, a fundamentação da proposta de 
cada uma delas é o que faz a diferença (p. 86). 
Em contrapartida às diferenciações e distanciações entre a Educação 
Musical e a Musicoterapia, atualmente, um novo conceito de articulação entre estas 
áreas vêm sendo proposto por Passarini, Aoki, Prearo e Andrade (2012): o da 
Educação Musical Terapêutica. Apoiada no desenvolvimento de um trabalho em 
que o aprendizado musical e o processo terapêutico ocorram paralelamente, sem 
destacar mais a um do que outro. Neste sentido, o objetivo principal da Educação 
Musical Terapêutica é o desenvolvimento integral de quem a pratica. Nesta 
proposta, a Educação Musical e a Musicoterapia se complementam e os papéis de 
educador e terapeuta, aluno e paciente se equiparam. 
Os autores baseiam seu trabalho no Modelo Benenzon de Musicoterapia 
(MBMT) e justificam sua proposta a partir de um acontecimento atual que vem 
ocorrendo em grandes centros urbanos: a crescente procura por musicoterapeutas 
para lecionarem na Educação Musical e Educação Musical Especial: 
[...] é evidente que existe uma procura consciente pelo profissional com 
olhar e prática ampliados, capacitado para lidar com as diversidades e para 
trabalhar o aprendizado musical como possibilidade de cuidado e 
desenvolvimento humano [...] (PASSARINI et al., 2012, apud SANTOS, 
2018, p 5). 
Ainda na proposta da Educação Musical Terapêutica, Silva Júnior (2016, 
apud SANTOS, 2018, p 4) acredita que “falar do efeito terapêutico da música no 
contexto da Educação Musical é tratar da universalidade da música e seu potencial 
de influenciar nossos sentimentos e pensamentos”. Contudo, diferentemente de 
Passarini et al. (2012), o autor prefere considerar a Educação Musical como fator 
primário considerando que o alcance de benefícios psicológicos e/ou terapêuticos 
 
8 
 
é secundário. Este outro prisma da Educação Musical Terapêutica também é 
interessante e inovador, contudo, vai além do que Passarini propõe 
fundamentalmente. 
Trazendo o olhar para a Educação Musical Especial, Fantini, Joly e Rose 
(2016) apresentam o estado da arte das produções brasileiras em Educação 
Musical Especial nos últimos 30 anos. As autoras realizaram o mapeamento nos 
principais meios de publicação de educadores musicais, perfazendo um total de 126 
estudos da área encontrados nas publicações e eventos da Associação Brasileira 
de Educação Musical (ABEM), Simpósio de Cognição e Artes Musicais (SIMCAM) 
e Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM). 
Nesta perspectiva, Carneiro (2014) também abordou a produção e a discussão 
sobre a Educação Musical Especial, levantando conceitos, visões, similaridades e 
distanciações entre a Educação Musical Especial e Musicoterapia. Para o autor, é 
necessário que as áreas contribuam entre si através de conhecimentos e propostas 
que sejam cada vez mais correlacionadas. Contudo, ressalta que é necessário 
verificar as possibilidades de atuação de um professor musicoterapeuta (ou 
educador-terapeuta), proposto por Passarini et al. (2012), delimitando os campos 
de atuação de cada um. 
A partir das literaturas e aspectos abordados, pode-se propor, então, que a 
mais intensa relação entre a Educação Musical e a Musicoterapia não encontra-se 
nas propostas pedagógicas, nos processos e resultados e o impacto das atividades, 
mas sim, que está refletida nas ações de uma Educação Musical Especial, que, 
muitas vezes, propõe um desenvolvimento de trabalho buscando tanto ensinar, 
quanto promover o bem-estar de sujeitos com necessidades especiais. Ao 
sabermos que, a Musicoterapia e a Educação Musical Especial são desenvolvidas 
com um mesmo público, que possuem aproximações e contribuições de uma para 
outra, bem como um resultado muito similar de trabalho em determinadas vezes, 
mas que seus objetivos e fundamentações são divergentes, é possível considerar 
que ambas demarcam uma fronteira entre processos educacionais e terapêuticos, 
conforme Bruscia (2000). Borne (2012) buscou descrever as interfaces entre 
Educação Musical Inclusiva e Musicoterapia, a partir de seu projeto com a Educação 
 
9 
 
de Jovens e Adultos (EJA), mas afirma ter sido um desafio descrever e delimitar as 
fronteiras entre as áreas. Apesar disso, o autor identificou melhorias e crescimentos 
em alguns aspectos, comprovando os benefícios em vista do aprendizado integral 
dos mesmos: aumento da autoestima, melhor organização temporal, consideração 
e cuidado pelo outro, entre outros. 
Apesar de claras as contribuições no bem-estar, no convívio social e na 
formação integral de participantes e alunos, os autores, geralmente, discorrem um 
diálogo ainda com pouca discussão sobre o desenvolvimento destes aspectos 
integrais à formação. Apesar disso, apresentam importantes questões relacionadas 
ao ensino musical de pessoas com necessidades especiais. Nesta mesma 
perspectiva, Joly (2003) sugere propostas de ensino de música para sujeitos com 
necessidades especiais. Para haver uma abordagem pedagógica adequada, é 
necessário que o professor tenha um considerável conhecimento sobre o estudante, 
sobre as características de sua deficiência, sobre o seu meio social e educacional, 
devendo adquirir novos conhecimentos constantemente, para uma melhor 
adaptação e entendimento sobre as capacidades do estudante. 
“[...] por meio de um programa de educação musical bem estruturado e 
com objetivos bem definidos é possível promover o desenvolvimento físico, 
intelectual e afetivo da criança com necessidades especiais” (JOLY, 2003, 
apud SANTOS, 2018, p 7). 
Um aspecto importante a ser considerado é a interdisciplinaridade. Neste 
caso, a proposta interdisciplinar ocorre em ambientes que propõem um trabalho 
relacionado e articulado entre a terapia, o bem-estar, a saúde e os aspectos 
psicológicos com a música/musicalização. Comumente denominada como proposta 
multidisciplinar tem se preferência por chamar como interdisciplinar por compactuar 
da mesma concepção que Japiassu (1976), de que, a partir de um princípio de 
distinção entre as terminologias possíveis a serem agregadas à ‘disciplinaridade’. 
“[...] a interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre 
os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas, no interior 
de um projeto específico de pesquisa” (Japiassu, 1976, apud SANTOS, 
2018, p 8). 
 
10 
 
Já a multidisciplinaridade é compreendida pelo autor como um “sistema de 
um só nível e de objetos múltiplos [...]” (apud SANTOS, 2018, p 8), que aparece em 
uma situação de variedade de disciplinas, propostas de maneira simultânea, mas 
que não realizam trocas e não mantêm uma relação entre si. 
Dentre os autores desta revisão que abordam discussões com caráter 
interdisciplinar, voltamos a mencionar Joly (2003), quem assegura que há uma 
situação crescente de estabelecimento da Educação Musical como potência em 
projetos interdisciplinares, relatando o trabalho musical com sujeitos especiais em 
que situações multidisciplinares ocorriam, conforme exemplifica a seguir: 
A forma de aplicação do procedimento, assim como a avaliação dos 
desempenhos [musicais] dos alunos foram adaptadas de acordo com suas 
características peculiares [...].Por exemplo, os exercícios de movimento 
eram realizados com ajuda da professora/pesquisadora seguindo 
instruções específicas de uma fisioterapeuta; [...]. (JOLY, 2003 apud 
SANTOS, 2018, p 8). 
Neste sentido, acredita-se que o crescimento da Educação Musical como 
disciplina pertencente a projetos interdisciplinares pode estar relacionado ao fato já 
discutido anteriormente: a emergente visualização do ensino de música junto à 
promoção do bem-estar e saúde, com o viés terapêutico transversalizado. 
2.1 A música como suporte às dificuldades de aprendizagem 
 
Fonte: escribo.com 
 
11 
 
Pesquisas realizadas em diversos países, principalmente no final do século 
XX, abonam que a influência da música no desenvolvimento do infante é 
incontestável, demonstrando que bebês, ainda no útero, desenvolvem reações aos 
estímulos sonoros. Estudos também apontam que, mesmo se o contato com a 
música for feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, simplesmente 
ouvindo com atenção, os estímulos cerebrais são bastante intensos, mesmo sem 
ter aprendido a tocar um instrumento musical. 
A Federação Mundial de Musicoterapia (1985, p. 2) define que Musicoterapia 
é a utilização: 
[...] da música e/ou dos elementos musicais (som, ritmo, melodia e 
harmonia) pelo musicoterapeuta e pelo cliente ou grupo, em um processo 
estruturado para facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a 
aprendizagem, a mobilização, a expressão e a organização (física, 
emocional, mental, social e cognitiva) para desenvolver potenciais e 
desenvolver ou recuperar funções do indivíduo de forma que ele possa 
alcançar melhor integração intra e interpessoal e consequentemente uma 
melhor qualidade de vida. (FEDERAÇÃO MUNDIAL DE 
MUSICOTERAPIA, 1985, apud SANTOS, 2012, p. 181). 
Bruscia (2000, p. 274) define que “musicoterapia é o uso planejado da música 
para apoiar necessidades físicas, intelectuais, sociais ou emocionais, envolvendo o 
corpo, a mente e o espírito”. 
A Musicoterapia deve ser realizada por um profissional graduado em 
Musicoterapia, cujo objeto formal de estudo é o comportamento sonoro do indivíduo 
(MURAKAMI, 2010). Ainda segundo a autora, as sessões podem ser individuais ou 
em grupo, uma ou duas vezes por semana, dependendo do objetivo proposto para 
o processo terapêutico. Antes de iniciar o tratamento, o paciente passa por etapas 
de diagnóstico, tais como: entrevista inicial; ficha musicoterapêutica; testificação 
musical e teste projetivo sonoro musical. 
A musicoterapia pode ser trabalhada em conjunto com psicólogos, 
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e encontra na escola uma 
forte aliada nesta tarefa. Desta forma, acreditamos que os educadores precisam se 
envolver cada vez mais com o uso da música para auxiliá-los na condução do seu 
trabalho pedagógico. 
 
12 
 
O uso da musicoterapia nas escolas brasileiras, no Ensino Infantil, 
Fundamental e Médio, é um campo pouco explorado, resultando em escassez de 
literatura e pouca divulgação dos resultados já concretizados. Como é sobejamente 
conhecida, a musicoterapia deve ser trabalhada sempre com o suporte de um 
especialista, ou seja, sempre que o professor necessitar, deve solicitar a ajuda deste 
profissional. É bom lembrar que a musicalidade se inicia ainda em casa, quando a 
criança aprende a gostar da música com os pais, na prática é a pré-escola da 
música. Acresça-se a musicalização como sendo capaz de tornar um indivíduo 
sensível e receptivo ao fenômeno sonoro e cabe à escola desenvolver na criança o 
gosto pela música e pelo aprender. 
O desenvolvimento da musicalidade nas crianças deve estar em 
conformidade com sua vivência musical e com os métodos utilizados. A 
musicalização, por si só, já se inicia no lar, com a oferta de ferramentas à 
criança para que ela descubra os sons e seu universo (discos, canções, 
instrumentos, objetos sonoros variados, gravuras relacionadas, etc.). Na 
escola, no entanto, deverá se realizar o direcionamento deste interesse 
para o desenvolvimento de outros aspectos ligados à criança (criatividade, 
coordenação motora, lateralidade, lógica, estética, etc.). A musicalização, 
além de transformar as crianças em indivíduos que usam os sons musicais, 
fazem e criam música, apreciam música, e finalmente se expandem por 
meio da música, ainda auxilia no desenvolvimento e aperfeiçoamento da 
socialização, alfabetização, capacidade inventiva, expressividade, 
coordenação motora e tato fino, percepção sonora, percepção espacial, 
raciocínio lógico e matemático e estética.(BERTOLUCHI, 2009, apud 
SANTOS, 2012, p. 182). 
Para trabalhar musicalização é importante que conheçamos a dinâmica do 
cérebro, o órgão responsável pelas sensações e pela inteligência. A partir do século 
XIX, os estudos científicos sobre o cérebro, assim como o interesse pela aquisição 
cognitiva, são realizados com bastante intensidade, possibilitando-nos conhecer 
melhor as necessidades de nossas crianças. Nosso cérebro é formado por cerca de 
100 bilhões de células nervosas (os neurônios), conectadas, formando uma imensa 
rede de conexões (as sinapses), com função de receber, analisar, coordenar e 
transmitir as informações advindas de estímulos externos. 
O cérebro do recém-nascido passa por um crescimento extraordinário e, 
faminto por novas experiências que se transformam em sinapses para a 
linguagem, o raciocínio lógico, o pensamento racional, a resolução de 
problemas e os valores morais. Essas sinapses permitem a associação de 
idéias e o desenvolvimento de pensamentos abstratos, que compõem as 
 
13 
 
bases da inteligência, imaginação e criatividade. Porém, essas redes 
podem ser destruídas quando as experiências na infância são destituídas 
de estimulação mental ou sobrecarregadas de estresse. (KOTULAK,1997, 
apud ILARI, 2003, p.8). 
A neurociência mapeou o cérebro humano em duas metades ou hemisférios: 
o direito e o esquerdo, sendo que o esquerdo comanda a linguagem, o raciocínio 
lógico, determinados tipos de memória, o cálculo, a análise e resolução de 
problemas. As habilidades manuais não verbais as intuições, a imaginação, os 
sentimentos e a síntese são comandadas pelo hemisfério direito (CARDOSO; 
SABBATINI, 2000; CARNEIRO, 2001). 
Carneiro (2001) afirma que a percepção de sons pautados com a linguagem 
verbal acontece no hemisfério esquerdo, e no hemisfério direito são percebidos a 
música e os sons emitidos por animais. Mas ressalta que o aprendizado musical 
depende dos dois hemisférios, uma vez que ele é interdependente de outras 
funções cerebrais. 
Gardner (1995, p. 52), em seu livro, em que discorre sobre a teoria das 
inteligências múltiplas, define que o ser humano possui em maior ou menor grau 
sete tipos de inteligência, dentre elas, cita a inteligência musical, que é a habilidade 
de reconhecer sons, ritmos, o gosto de cantar ou tocar um instrumento musical com 
mais facilidade que outras que o tem em menor grau. Os educadores podem e 
devem auxiliar neste processo de aquisição de habilidades dos pequenos 
educandos ao trabalharem a musicalização, despertando-os precocemente para 
que sejam no futuro os novos “Beethovens”. 
Loureiro (2003), em seu trabalho afiança que durante o processo do 
conhecimento musical, somente o prazer garante o sucesso da aprendizagem, da 
construção e da aquisição de novos conhecimentos, através do estímulo e da 
vivência. E, trabalhando com crianças e jovens, diz que dentro: 
[...] do processo didático-pedagógico que buscamos desenvolver, tanto na 
FEBEM como na escola especial, a ênfase estava no estabelecimento de 
uma ponte que permitisse a comunicação entre o aluno e a música. Nosso 
objetivo foi fazer do trabalho de educação musical uma fonte de 
enriquecimento pessoal e de prazer, despertando no aluno suas 
potencialidades e ajudando-o a desenvolver o sensorial e o afetivo, o 
fisiológico e o espiritual. Diferenças e dificuldades devem ser respeitadas,assegurando assim a igualdade no acesso à linguagem musical e à 
 
14 
 
oportunidade de receberem uma educação musical comprometida com a 
realidade e individualidade de cada um (LOUREIRO, 2003, apud SANTOS, 
2012, p. 183). 
Seguindo o que preconiza o PCN, fica bem clara a importância das atividades 
artísticas para a formação do indivíduo pleno: 
“[...] as oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, 
mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação 
do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos 
indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior.” (BRASIL, 
1998, apud SANTOS, 2012, p. 183). 
Quando a criança inicia sua vida escolar (Ensino Infantil), em torno de 2 anos 
de idade, estabelece-se um vínculo entre professor-aluno muito importante, 
permitindo que o educador o conheça de tal forma, que será este o primeiro a 
identificar os primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem que ele possa ter, 
mesmo antes da família. Então, tanto os educadores quanto a escola devem estar 
preparados para atendê-lo durante todo o processo de ensino aprendizagem, 
lembrando que cabe ao educador identificar o problema e solicitar o 
acompanhamento de especialistas de cada dificuldade de aprendizagem, tais como 
dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o Transtorno de Déficit de 
Atenção e Hiperatividade, entre tantas outras. 
A música é relaxante e estimula a aprendizagem. Um médico búlgaro, de 
nome Giorgio Losavov, verificou que crianças com dificuldade de aprendizagem, 
que ouviram música clássica durante as aulas, tiveram um ótimo rendimento. Ele 
alega que, quando o indivíduo ouve música clássica, lenta, ele passa do nível alfa 
(alerta) para o nível beta (relaxado, mas atento), aumentando as atividades dos 
neurônios e as sinapses tornando-as mais rápidas, o que facilita a concentração e 
a aprendizagem (CUNHA, 2010). 
Os problemas de dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes de 
fatores biológicos ou emocionais, cabendo ao educador observar o aluno e auxiliá-
lo neste processo de aprendizagem, utilizando a música, sem esquecer-se de 
solicitar o apoio de um especialista, sempre que se fizer necessário. 
 
15 
 
O termo dificuldade de aprendizagem aparece em 1962, com a finalidade de 
situar esta problemática num contexto educacional, tentando, assim, retirar-lhe o 
“estigma clínico”, que o caracterizava. É importante salientar que a aprendizagem e 
a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos do ser 
humano, para garantir a sua sobrevivência. 
A aprendizagem escolar também é considerada um processo natural, que 
resulta de uma complexa atividade mental, na qual o pensamento, a 
percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos 
prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em 
aprender. [...] O estudo do processo de aprendizagem humana e suas 
dificuldades levando-se em consideração as realidades interna e externa, 
utilizando-se de vários campos do conhecimento, integrando-os e 
sintetizando-os. Procurando compreender de forma global e integrada os 
processos cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares, sociais e 
pedagógicos que determinam à condição do sujeito e interferem no 
processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a 
aprendizagem em sua totalidade de maneira prazerosa. (SILVA, 2006, 
apud SANTOS, 2012, p. 184). 
O educador enquanto mediador do processo ensino aprendizagem, bem 
como protagonista na resolução e estudo das dificuldades de aprendizagem, deve 
obter orientações específicas para desenvolver um trabalho consciente, que possa 
contribuir para o sucesso de todos os envolvidos no processo. Para Freire (2003, 
p.37), o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, 
“escrito” e “reescrito”. Essa leitura do espaço pedagógico pressupõe também uma 
releitura da questão das dificuldades de aprendizagem. E nosso pensamento está 
em sinergia com o do autor, pois acreditamos que, no espaço escolar, se faz a 
construção de significados e não apenas para recreação ou a reprodução cultural, 
mas também na edificação de novos saberes, contribuindo para o desenvolvimento 
de crianças que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem. Sundin (1991) 
também assegura que a música estimula as potencialidades humanas, favorecendo 
o desenvolvimento cognitivo, a atenção, a memória, a agilidade motora, além de 
contribuir para a socialização. 
Vygotsky (1989, p. 104) assegura que “o crescimento cognitivo ocorre em um 
contexto sociocultural que influencia a forma que assume” e “muitas das habilidades 
cognitivas mais notáveis em uma criança evoluem de interações sociais com pais, 
professores e outros associados competentes”. Uma pesquisa realizada por Trehub 
 
16 
 
(2003 apud NOGUEIRA, 2003, p. 4) na Universidade de Toronto comprovou que os 
bebês tendem a permanecer mais calmos quando expostos a uma melodia serena 
e, dependendo da aceleração do andamento da música, ficam mais alertas. E isso 
continua a acontecer durante o desenvolvimento dos indivíduos, por toda a vida. 
Entendemos que cantar é tão importante quanto o ato de se alimentar, pois propicia 
o desenvolvimento do intelecto do ser. Para Golanski e Pires (2009), a música 
contribui: 
Para desenvolver a inteligência e para a integração do ser humano como 
um todo. Ao educador cabe estar atento às diversas oportunidades de uso 
da música para melhor assimilação dos hábitos a serem transmitidos as 
crianças bem como dos conteúdos a serem apresentados a elas. Toda e 
qualquer oportunidade, em qualquer faixa-etária é propicia a musicalização 
dos educandos. (GOLANSKI, 2009, apud SANTOS, 2012, p. 185). 
No dia a dia escolar, os educadores podem trabalhar a musicalização de 
várias formas com seus alunos, tais como: ouvir música, tocar um instrumento, 
cantar, compor música, explorar e identificar sons, desenvolver melodias (paródias), 
movimentar-se de acordo com a música etc. É importante que o professor se sinta 
envolvido com o projeto, pois, ao encontrar dificuldades durante a execução do 
mesmo, como a falta de materiais, terá que improvisar com materiais de sucata por 
exemplo, assim como estimular as crianças a cantarem, tornando o aprendizado 
uma divertida brincadeira. 
De acordo com Sá (2010), a introdução da musicalização faz parte da 
aquisição da linguagem da criança. As canções podem ativar o mecanismo de 
repetição do processo de aquisição da língua e as crianças aprendem as canções 
quase sem esforço. Silva (2006) considera que o contato e a prática da música 
auxiliam potencialmente a aprendizagem, principalmente no raciocínio lógico, na 
memória, e raciocínio abstrato. 
Como sabemos, o espaço escolar é o local apropriado para construir e 
reconstruir sempre o conhecimento, para, juntos, educadores e educandos, 
ganharem com as experiências construídas. É assim também para o ensino da 
música, em que o educador trabalha as habilidades das crianças, despertando nelas 
o interesse em aprender de maneira prazerosa. 
 
17 
 
Um dos objetivos de trabalhar a musicalização é aproximar a criança da 
música, para que este possa ouvi-la, compreendê-la e apreciá-la, de uma maneira 
natural, de tal forma que passe a fazer parte de seu cotidiano. Snyders (1992, p. 28) 
vem corroborar com esta afirmativa quando alega ser preciso, em nome do resgate 
da alegria escolar, tomarmos consciência das verdadeiras carências pedagógicas 
no domínio do ensino musical e projetar um plano estratégico, transparente e 
inovador, que tenha objetivos claros e bem definidos que possam ser efetivados no 
cotidiano da vida escolar. 
É importante destacar a importância da Musicoterapia quando realizada com 
crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. Permite-lhes uma 
transformação da realidade, possibilitando sua integração à sociedadeatravés de 
estratégias de superação ou amenização dos problemas. Segundo Barcellos (1992, 
p. 20). 
A criança com dificuldade em aprender precisa se reconhecer como 
pessoa ativa, que tem potencial produtivo. O papel da Musicoterapia será 
a “formação de uma atividade cognitiva ativa e significativa” para este 
sujeito independentemente do nível que possa alcançar, através das 
“manifestações sonoro-musicais, corporais ou verbais”, a fim de estimular 
a criatividade, a ação e a inventividade deste indivíduo. (BARCELLOS, 
apud SANTOS, 2012, p. 186). 
Estratégias de intervenções devem ser adotadas nas práticas escolares, 
aliadas aos métodos de ensino para solucionar as dificuldades de aprendizagem. A 
musicoterapia estimula o desenvolvimento, a autopercepção e a significação de 
comportamentos. Zorzi (2003, p. 52) recomenda a musicoterapia como meio de 
amenizar as dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, tendo em vista o 
desenvolvimento das potencialidades da criança. 
No processo educativo, ao estimular a criança a cantar, esperamos que 
desperte nela: o desejo de integração em grupo, o respeito pelos colegas, a 
aquisição da linguagem e a criatividade, para que esta consiga resolver suas 
próprias dificuldades. 
A prática da música potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente 
no campo do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato. 
Assim, é interessante que o educador traga para dentro de sua sala o cotidiano 
 
18 
 
musical dos alunos, pois, estes trazem uma bagagem cultural que deve ser 
estimulada, trabalhada, fortalecendo os vínculos de amizade, respeito, afirmação e 
confiança entre todos os envolvidos. 
3 A CONSTRUÇÃO DA MUSICOTERAPIA 
 
Fonte: revistainterativa.org 
Desde os primórdios até o século XIX, os homens buscam a cura para os 
males do corpo e do espírito à luz das crenças de cada época (COSTA, 1989). Os 
xamãs de diversas tribos utilizavam músicas em seus rituais para curar as pessoas 
de suas enfermidades associadas com o desequilíbrio espiritual, atribuindo, assim, 
a doença à intervenção de poderes superiores, entidades, forças factícias ou 
fenômenos naturais. 
Na Grécia Antiga, Sócrates e Platão acreditavam que a música era capaz de 
curar a alma das pessoas. Com o passar do tempo a música como tratamento 
deixou de ser associado a conceitos médicos do sobrenatural e passou a ser visto 
de maneira racional. Na idade Média, a hegemonia do cristianismo se preocupou 
com a influência que a música podia exercer aos seus fiéis e, no século 17, a 
utilização da música nas instituições psiquiátricas cresceu fazendo surgir as 
primeiras obras na área dedicadas à musicoterapia. Como ciência, a musicoterapia 
 
19 
 
ganhou forma no final da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, quando os 
médicos perceberam que, ao ouvirem os músicos tocar os enfermos de guerra 
melhoravam de forma significativa, tanto emocional quanto fisiologicamente, a 
ponto de receberem alta antes do previsto. Foi a partir daí que o corpo clínico iniciou 
diversos estudos para compreender os efeitos terapêuticos que a música 
proporciona na saúde mental, neurológica e emocional e, em 1944, surgiu o primeiro 
curso de musicoterapia. 
No Brasil, o curso iniciou na década de 1970 no Rio de Janeiro. Com o passar 
do tempo, surgiram cursos de graduação em diversos estados (São Paulo, Goiás, 
Paraná, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros) com 
duração de quatro anos. É um curso em constante transformação, pois: 
[...] o saber musicoterapêutico está sendo construído e atualmente é 
encontrado um grande número de artigos teóricos. Conhecimento teórico, 
métodos e técnicas são construídos a partir da sistematização da prática, 
do observado na clínica (COSTA, 2009, apud FERREIRA, 2015, p. 11). 
Para Bruscia (2000), a musicoterapia é uma combinação dinâmica de muitas 
disciplinas em torno de duas áreas: música e terapia. O musicoterapeuta em 
formação adquire conhecimentos nas mais diversas áreas com uma composição 
curricular organizada. Ainda, conforme o contexto acadêmico em que se encontra 
inserido, encontra disciplinas como psicologia do desenvolvimento, psicologia do 
excepcional, antropologia, percepção musical, acústica e psicoacústica, artes 
visuais, práticas instrumentais, teorias e práticas musicoterapêuticas, estágios 
supervisionados, arteterapia, entre outros. 
Apesar da integração de conceitos de outras disciplinas (artísticas e 
terapêuticas) a conceitos musicoterapêuticos, o musicoterapeuta diferencia-se das 
profissões com as quais faz interlocução, ou seja, não é fonoaudiólogo apesar de 
atuar na reabilitação da fala, nem é fisioterapeuta e terapeuta ocupacional apesar 
de atuar na reabilitação motora, tampouco é psicólogo apesar de atuar na saúde 
mental, emocional e também no âmbito social e familiar. Da mesma forma, os 
profissionais dessas áreas sem formação em musicoterapia, mas que tocam 
instrumentos musicais nos atendimentos não estão fazendo um trabalho 
musicoterapêutico. Isso ocorre porque “existe a integração de conceitos de outras 
 
20 
 
disciplinas a conceitos musicoterápicos, sem hierarquização, formando algo novo e 
distinto das outras ciências” (COSTA, 2009, apud FERREIRA, 2015, p. 11). De 
acordo com essa mesma autora, a musicoterapia não é uma ciência pura assim 
como qualquer outra terapia, mas aplicada, que responde a três quesitos de uma 
ciência singular: possui o seu próprio saber, sua própria prática e profissionais 
qualificados para exercê-la. 
Os campos de atuação do musicoterapeuta são bastante diversificados 
podendo atuar com indivíduos com problemas de causa psicológica, 
cognitiva, motora, sensorial e outras, e a busca teórica que sustenta a 
prática para cada um desses campos é necessariamente diferente. 
(COSTA, 2009, apud FERREIRA, 2015, p. 12). 
Assim, o profissional deve estar preparado para atuar no mercado de trabalho 
em asilos, creches, hospitais, clínicas, escolas especiais, empresas e em 
consultórios particulares. No entanto, para que isso ocorra é necessário que o 
docente busque sempre novos conhecimentos e novas formações para atender às 
demandas da atualidade. 
A qualificação continuada é crucial no mundo acadêmico e, segundo 
Barcellos (2008), apesar de não existir mestrado e doutorado em musicoterapia no 
país, as diferentes demandas sociais e acadêmicas têm levado os 
musicoterapeutas a se dirigirem às mais diversas áreas do conhecimento para 
continuarem os estudos, o que contribuiu muito na integração de outras disciplinas 
à musicoterapia. 
Outro aspecto que o docente deve considerar no curso é que os alunos da 
graduação ou pós-graduação em musicoterapia possuem características bem 
distintas: alguns são recém-formados do ensino médio, outros terminaram já há 
algum tempo; há alunos que vieram do ensino particular, outros do ensino público; 
muitos já possuem formação musical, seja informalmente, seja por meio da 
graduação em música, outros possuem conhecimento mínimo ou nenhuma 
formação musical. 
 É um grande desafio para o docente proporcionar a construção de novos 
saberes na sala de aula de modo que os alunos com menos conhecimentos teóricos 
e práticos (sejam eles musicais, sejam científicos) consigam acompanhar os demais 
 
21 
 
sem prejudicar o andamento da aprendizagem daqueles com mais conhecimento. 
Assim, é importante compreender como se dá o processo da construção do 
conhecimento na sala de aula. 
Segundo Werneck (2006), a construção do conhecimento deve corresponder 
a uma unidade de pensamento, um consenso universal pois esse processo não é 
totalmente pessoal e independente sem vínculo com a comunidade científica e com 
o saber universal. No âmbito educacional, podemos considerar como construção do 
conhecimento todo o processo de ensino-aprendizagem na relação docente-
discente e discente-docente, e para compreenderessa dinâmica é necessário 
discutir o papel de cada um e a dinâmica de sua relação. 
Segundo Jesus e Pires (2013) o maior desafio da docência no ensino 
superior atualmente é fazer com que o aluno tenha uma participação ativa na sala 
de aula e que adquira conhecimentos de forma satisfatória ao longo do curso. Para 
que esse processo aconteça, é necessário que o docente esteja sempre buscando 
renovar e adquirir novos conhecimentos. 
o ensino na universidade caracteriza-se como um processo de busca e de 
construção científica e crítica de conhecimentos. As transformações da 
sociedade contemporânea consolidam o entendimento do ensino como 
fenômeno multifacetado, apontando a necessidade de disseminação e 
internalização de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, 
habilidades, procedimentos, crenças, atitudes). (PIMENTA; 
ANASTACIOU, 2008, apud FERREIRA, 2015, p. 14). 
De acordo com Jesus e Pires (2013), a construção da prática docente 
permeia três dimensões: pessoal, profissional e institucional. A dimensão pessoal 
se refere à experiência de vida do docente a qual se forma desde a época escolar 
como discente, até a formação atual como docente. Já a dimensão profissional é o 
planejamento em que o docente estabeleceu para o seu trabalho movido por alguns 
questionamentos como: Por que eu escolhi essa profissão? Que tipo de professor 
eu quero ser? Todo conhecimento e experiências vividas ao longo da vida 
influenciaram nesse direcionamento profissional. Antes de escolher a sua profissão, 
o docente passou por todo o processo de aprendizagem enquanto aluno e foi a 
partir dessas experiências que decidiu ser docente. 
 
22 
 
A dimensão institucional trata-se das circunstâncias das faculdades e 
universidades em que o docente atua ou já atuou, pois, cada instituição possui 
ferramentas pedagógicas diferenciadas às quais o docente deve se adequar para 
conseguir ministrar suas aulas de forma eficaz. 
 Diante desse quadro podemos afirmar que essas dimensões se entrelaçam, 
pois é através das experiências de vida que o docente adquiriu enquanto aluno e 
durante a sua fase acadêmica que consegue traçar objetivos e estratégias de ensino 
conforme as necessidades de cada aluno e dentro das possibilidades que a 
instituição oferece (infraestrutura, ferramentas de multimídia, entre outros). 
Na sala de aula, é de extrema importância que o docente identifique os 
fatores que afetam o desenvolvimento humano para elaborar trabalhos e 
intervenções mais eficazes que levem a um desenvolvimento harmônico e 
autônomo de cada aluno (MOTA, 2005, apud FERREIRA, 2015, p. 15). 
Para que isso aconteça, é necessário que o docente elabore e reelabore um 
planejamento de ensino para a matéria ministrada em cada aula durante todo o 
semestre e/ou ano letivo. Afinal, um replanejamento da proposta pedagógica 
permite que o docente reflita sobre os objetivos traçados em cada aula bem como 
os resultados obtidos ao longo de todo o processo. 
O papel do docente é muito mais que apenas repassar o seu conhecimento; 
é compartilhar e mediar os diversos saberes. Deve ser um pesquisador constante 
aprimorando, assim, suas habilidades didáticas nas mais diversas ferramentas e 
multimídias em um trabalho interdisciplinar capaz de despertar uma consciência 
crítico-reflexiva no aluno que contribuirá na prática profissional. 
Por outro lado, mesmo que o docente tenha elaborado um bom planejamento 
de ensino e tenha um ótimo conhecimento da matéria que ministra, não é um fator 
determinante que os alunos aprenderão, pois há muitas variáveis que interferem no 
desenvolvimento do aluno (desde a sua fase intrauterina até a fase atual). É o 
conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais, ambientais e educacionais que 
conduz o desenvolvimento do aluno ao longo da vida. Dessa forma podemos afirmar 
que é de extrema importância que os alunos participem ativamente no processo 
pedagógico, expondo assim suas opiniões e compartilhando experiências pois eles 
têm opiniões e conceitos baseados nas suas vivências. 
 
23 
 
O ensino deve proporcionar ao aluno a capacidade de se tornar um ser ativo 
na sala de aula e autônomo do seu próprio saber. O art. 43 da Legislação Nacional 
da Educação aponta que o ensino superior tem por finalidade: 
I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e 
do pensamento reflexivo; e II – formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na 
sua formação contínua (BRASIL, 1996, apud FERREIRA, 2015, p. 15). 
Assim, é necessário que as instituições de ensino superior: 
[...] deixem de priorizar estritamente a qualificação técnica e possibilitar o 
desenvolvimento, entre outras, da competência interpessoal de seus 
alunos, em aprender a aprender, a refletir criticamente, a trabalhar em 
equipe, a solucionar problemas, dando-lhes subsídios para transitarem 
bem equipados nas relações que estabelecerem. (ESPIRIDIÃO; 
CRAVEIRO DE SÁ, 2006, apud FERREIRA, 2015, p. 16). 
Nesse sentido, o docente contribui para promover a autonomia do aluno em 
sala de aula, quando nutre os recursos motivacionais internos; oferece explicações 
racionais para determinado assunto ou para a realização de alguma atividade; usa 
linguagem informacional sem imposição; respeita o ritmo de aprendizagem dos 
alunos e reconhece e aceita feedbacks negativos dos alunos (REEVE, 2009). 
Espiridião e Craveiro de Sá (2006) apontam também que é bem comum a figura do 
professor se tornar referência para o aluno durante o processo de ensino-
aprendizagem. Isso se deve a todo o processo de compartilhamentos de 
experiências, ideias, discussões, vivências ao longo do curso. Segundo esses 
autores: 
As experiências pelas quais os alunos passam durante sua formação 
acadêmica são, inegavelmente, relevantes para o êxito do exercício 
profissional e, muitas vezes, nem mesmo os próprios educadores se dão 
conta da influência que exercem neste sentido. (ESPIRIDIÃO; CRAVEIRO 
DE SÁ, 2006, apud FERREIRA, 2015, p. 16). 
A mobilização sistemática do conhecimento no processo de ensino 
aprendizagem trata o gerenciamento dos saberes como algo ativo, buscando sua 
disseminação e preservação. Para uma prática bem-sucedida na sala de aula, é 
importante diferenciar os seguintes conceitos: dados, informações e conhecimento. 
 
24 
 
Davenport e Prusak (1998) afirmam que esses três conceitos estão 
inteiramente interligados formando uma hierarquia entre eles. Para os autores, 
dados são registros sem significado, que dão base para a construção de 
informações quando adquirem algum significado. Já os dados que foram 
interpretados e têm relevância e propósito são denominadas informações. O 
conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações reconhecidas e integradas 
pelo indivíduo aplicadas em suas ações cotidianas para a obtenção de algo. 
O conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, 
informação contextual e insight experimentado que fornece uma estrutura para 
avaliar e incorporar novas experiências e informações (ibid, 1998, p. 6). Esse saber 
torna-se incorporado em documentos ou repositórios e em rotinas organizacionais, 
processos, práticas e normas. 
Nonaka e Takeuchi (1997) definem o conhecimento em dois tipos: tácito e 
explícito. O conhecimento tácito é representado pelos modelos mentais, técnicas e 
habilidades pessoais de difícil formalização tornando penoso o papel de 
compartilhar com os demais sujeitos. Já o conhecimento explícito pode ser 
articulado e compartilhado por diversas formas de linguagem, seja verbal, escrita, 
seja na forma, especificações, manuais. 
 A contínua conversão entre o formato tácito e explícito em um ambiente 
organizacional ou até mesmo na dinâmica da mediação dos saberes em 
uma sala de aula é explicada de quatro modos: socialização,externalização, combinação e internalização (NONAKA; TAKEUCHI, 1997; 
NONAKA; KONNO, 1998, apud FERREIRA, 2015, p. 17). 
A socialização é a conversão de uma parte do conhecimento tácito de uma 
pessoa para o conhecimento tácito de outra; a externalização, por sua vez, é a 
conversão do conhecimento tácito do indivíduo para o conhecimento explícito. Essa 
externalização corre por meio de representações simbólicas construídas por 
metáforas, analogias, dedução, relatos orais, filmes, entre outros. A combinação é 
a conversão de parte do conhecimento explícito de um indivíduo para agregá-lo ao 
conhecimento explícito da organização agrupando, assim, os registros de 
conhecimentos. 
 
25 
 
Já a internalização é a conversão da parte do conhecimento explícito de 
uma organização no conhecimento tácito de um indivíduo, o que acontece 
por meio de leitura individual de documentos de diferentes formatos e 
multimídias (textos, imagens etc.) e da reinterpretação e reexperimentação 
individual de vivências e práticas (SILVA, 2004 apud FERREIRA, 2015, p. 
17). 
A socialização é a conversão de uma parte do conhecimento tácito de uma 
pessoa para o conhecimento tácito de outra; a externalização, por sua vez, é a 
conversão do conhecimento tácito do indivíduo para o conhecimento explícito. Essa 
externalização corre por meio de representações simbólicas construídas por 
metáforas, analogias, dedução, relatos orais, filmes, entre outros. A combinação é 
a conversão de parte do conhecimento explícito de um indivíduo para agregá-lo ao 
conhecimento explícito da organização agrupando, assim, os registros de 
conhecimentos. 
Já a internalização é a conversão da parte do conhecimento explícito de uma 
organização no conhecimento tácito de um indivíduo, o que acontece por meio de 
leitura individual de documentos de diferentes formatos e multimídias (textos, 
imagens etc.) e da reinterpretação e reexperimentação individual de vivências e 
práticas (SILVA, 2004). 
4 EFEITOS DA MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO 
 
Fonte: correiobraziliense.com.br 
 
26 
 
 
A musicoterapia é fundamental no ambiente educacional, e pode ser uma 
prática adotada tanto no ensino regular como na educação especial. O profissional 
responsável pelo ensino musical no contexto escolar, deve realizar um diagnóstico 
situacional dos alunos, visando identificar possíveis problemas que interferem no 
processo ensino-aprendizagem, para assim utilizar a musicoterapia como meio de 
auxiliar na evolução das habilidades intelectuais, motoras, emocionais e sociais 
(CUNHA e VOLPI, 2008). 
No entendimento de Bruscia (2000), o professor precisa compreender que a 
musicoterapia inserida no campo educacional visa apresentar a música aos alunos 
como meio profilático e reabilitativo, utilizando-se de técnicas musicais voltadas 
para a melhoria de transtornos relacionados à aprendizagem, e dificuldades quanto 
à leitura e escrita. Bréscia (2003, p. 50) alega que: 
[...] crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à 
música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para 
o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de 
linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação 
motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é 
usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que 
existe distúrbio da fala. (BRÉSCIA, 2003, apud SANTOS JUNIOR, 2018, 
p. 2694). 
Contudo, existem certos tabus quanto ao ensino de música na escola, visto 
que uma pequena parcela da população e alguns pais de alunos, talvez por não 
compreenderem os efeitos benéficos de tal prática, não dão a devida credibilidade; 
mas não há resistência dos mesmos quanto à utilização dessa prática no ambiente 
escolar, tendo como propósito um método sem dor e que depende exclusivamente 
da aceitação do aluno. O autor supracitado enfatiza ainda a necessidade de 
divulgação da importância da musicoterapia na vida do aluno, para que pais, alunos 
e professores tenham conhecimento dos seus benefícios, e que os pais possam 
incentivar a arte musical na vida de seus filhos desde a infância. 
Um dos importantes fatores ao estudar arte musical desde a infância é se 
familiarizar com os sons. As pessoas em geral vivem em ambientes sonoros, são 
seres que depende dos sons, muito do aprendizado vem através das percepções 
 
27 
 
sonoras. Se um indivíduo não souber distinguir os sons, eles passaram como ruídos 
sem significados. Por isso é necessário desenvolver tal percepção. Essa 
capacidade pode ser criada por meio de jogos, como improvisação e percussão 
corporal. Ao ouvir os registros do som é possível chamar a atenção para o grave, o 
agudo, as diferentes intensidades e timbres (SANTOS JÚNIOR, 2015, apud 
SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2695). 
Como os seres humanos não são iguais, é lógico que a música, que é uma 
expressão humana, também não o é. Dessa forma, a música se torna uma grande 
aliada para aproximar os indivíduos de diferentes culturas. Através das sensações 
que são potencializadas pela música o indivíduo tem mais facilidade para entender 
uma cultura diferente daquela em que foi socializado. Se essa função do ensino da 
música for explorada a assimilação dos conteúdos de história, geografia, e das 
demais matérias pode se dar de maneira mais receptiva, contribuindo assim para o 
desenvolvimento do aluno. 
Na verdade, a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao 
devaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da 
sensibilidade e fortalecimento do ego, condições fundamentais para a 
realização plena do ser humano na sua trajetória de vida. (BRÉSCIA, 2003. 
p.29, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2694). 
Uma experiência que merece destaque encontra-se no Colégio Peretz, em 
São Paulo, o tradicional sinal da troca de aula foi substituído por 20 segundos de 
música. "Toda semana colocamos algo diferente, geralmente ícones da música 
brasileira ou da cultura judaica", explica o diretor Carlos Dorlass. A música da 
semana é abordada mais tarde em sala de aula: "Falamos da história da letra, do 
contexto, dos seus elementos. E assim a educação é feita em parceria" (BRITTO, 
2003, apud SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2694). 
Um interessante poder que a música tem é o de reforçar os laços fraternais, 
já que cada grupo familiar (ou de amigos) tem seus gostos e seus estilos musicais 
preferidos. Tais preferências trazem consigo uma história permeada de cultura. 
Ainda, para a professora Britto, é muito importante que os pais estimulem as 
crianças a ter uma convivência com a música: "Desde o início da infância cria-se 
um vínculo afetivo por meio da música, mesmo com as canções de ninar. O 
 
28 
 
importante não é ter o refinamento, mas a qualidade afetiva. Isto tem um valor 
enorme para fortalecer vínculos", (BRITTO, 2003, p. 208, apud SANTOS JUNIOR, 
2018, p. 2695). 
De acordo com Sekeff (2002, p.192) estudos apontam os efeitos benéficos 
da música sobre a vida da criança, especialmente na idade escolar, sendo a terapia 
musical considerada positiva e contributiva no contexto educacional. Professores e 
pais de crianças, que na escola detinham a musicoterapia, relataram melhorias na 
convivência social e afetiva, aumento da concentração, melhora no comportamento 
e no desenvolvimento das funções intelectuais, além de expressarem melhor seus 
sentimentos. O autor relata ainda que a convivência direta com a música não 
beneficia unicamente o aluno e seu desenvolvimento cognitivo, mas também, 
desperta interesses artísticos e musicais que estimulam a proximidade com a 
cultura. 
O uso da musicoterapia no campo escolar proporciona ao aluno um 
aprendizado que vai além das formas tradicionais de ensino-aprendizagens, pois a 
música leva o aluno a pensar, comunicar e expressar seus sentimentos por meio de 
melodias e ritmos, que diferem da comunicação verbal. Assim sendo, o contato coma música e toda a sua essência, oferece ao aluno a oportunidade de na linguagem 
musical, descobrir novos métodos que deem sentido à sua existência e significado 
à sua convivência com as pessoas, família e coletividade. 
Do ponto de vista do profissional que executa a prática musical com seus 
alunos, é visto que o mesmo além de obter uma gama de conhecimentos musicais, 
apresenta melhoria expressiva em sua qualidade de vida. A educação musical faz 
com que as crianças apresentem melhor desempenho em suas atividades 
escolares, além de contribuir nos exercícios que envolvem matemática e raciocínio 
lógico. Outrossim, quando o estudante descobrir sua habilidade em tocar um 
instrumento, aumenta ainda mais seu potencial de aprendizado, especialmente em 
atividades que envolvem a memória, como ressalta Bréscia (2003, p. 148). 
A fim de ampliar essa discussão, Tusler (1991, p. 196) menciona que por 
meio da educação musical, o estudante obtém a autodisciplina, e apresenta 
expressiva mudança no comportamento e na maneira de se expressar e comunicar 
 
29 
 
com os colegas de sala de aula. Além disso, a música proporciona efeitos sobre a 
qualidade de vida como um todo, e tem o poder de aumentar o bem-estar; levar ao 
relaxamento; proporcionar melhoria na saúde física e psíquica; elevar a autoestima; 
fortalecer o corpo e a mente; estimular a autorreflexão e pensamento; e oferece 
consolo e energia para o dia a dia. 
4.1 Musicoterapia e educação: convergências e divergências 
Muitas reflexões são feitas a respeito das convergências e divergências entre 
Educação e Terapia. Para Bruscia (2000), alguns pontos devem ser considerados 
relevantes na reflexão sobre ambas as áreas. 
Segundo Bruscia (2000), educação e terapia são semelhantes no sentido de 
que as duas ajudam o cliente a adquirir conhecimentos e habilidades; todavia 
existem distinções importantes a serem feitas. 
1) Os objetivos são diferentes. Na educação aprender, adquirir 
conhecimentos e habilidades é objetivo primário, enquanto que na 
terapia é um meio para encontrar saúde. 2) Na educação o conteúdo 
a ser trabalhado não é específico do indivíduo, já na terapia é sempre 
pessoal. 3) A aprendizagem na terapia é singular; o cliente 
experimenta várias facetas de si, de maneira auto-reflexiva, ou seja, o 
cliente passa por algumas experiências intensas no curso de uma 
sessão. 4) A relação professor- aluno é diferente da relação cliente-
terapeuta, no que se trata do nível de intimidade, dinâmica e conteúdo. 
(BRUSCIA, 2000, apud SANTOS, 2014, p. 63). 
Bruscia (2000) afirma, que as mesmas distinções acima se aplicam às 
diferenças entre Musicoterapia e Educação Musical. 
Alguns autores apresentam possibilidades e perspectivas de realização de 
projetos envolvendo saúde (terapia e educação); quando as duas áreas trabalham 
separadamente fragmentam o conhecimento e tratam de forma distante questões 
referentes aos problemas dos clientes e educandos. Com o apogeu do paradigma 
cartesiano e da medicina científica, as responsabilidades referentes às ações de 
educação em saúde foram divididas entre os trabalhadores da saúde e os da 
educação. Aos trabalhadores da saúde coube desenvolver os conhecimentos 
científicos capazes de intervir sobre a doença, diagnosticando-a e tratando-a o mais 
 
30 
 
rapidamente possível. A tarefa de desenvolver ações educativas capazes de 
transformar comportamentos ficou ao encargo dos trabalhadores da educação. 
Essa lógica, além de fragmentar o conhecimento, deixou de considerar os 
problemas cotidianos vivenciados pela população. (ALVES E AERT apud 
FALKENBERG, MENDES, MORAES e SOUZA, 2014). 
 O termo educação e saúde, segundo FALKENBERG et al (2014), ainda hoje, 
é utilizado como sinônimo de Educação em saúde, indica um paralelismo entre as 
áreas, separando seus instrumentos de trabalho. “Educação ocupando-se dos 
métodos pedagógicos para transformar comportamentos e a saúde dos 
conhecimentos científicos capazes de intervir sobre as doenças”. 
 A Musicoterapia se correlaciona com outras áreas do conhecimento o que 
proporciona um leque de possibilidades de ações interdisciplinares. 
A musicoterapia por ser híbrida e envolver várias facetas do 
conhecimento (ciência, arte e educação) possui uma diversidade de 
aplicações, objetivos, métodos e orientações teóricas, sendo certo que 
influenciada por diferenças culturais, encontra-se em processo de 
formação. (ALMEIDA e CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2014, p. 64). 
Segundo Silva (2011) torna-se cada vez mais comum a entrada de 
profissionais musicoterapeutas na educação, pela demanda de educadores em 
música ou pela proximidade que a Musicoterapia tem com o ensino, principalmente 
quando se refere a educação especial. Pensando em todas as demandas 
apresentadas pelas crianças e adolescentes em idade escolar, esse espaço além 
de ser um local de ensino é um local de agência de saúde; pois trabalha de forma 
integral no desenvolvimento físico, intelectual, emocional e espiritual dos 
educandos. 
(FALKENBERG et al, 2014 apud SANTOS, 2014, p. 64), a educação em 
saúde como um processo pedagógico e político exige um desenvolvimento de um 
pensar crítico e reflexivo, o que implica em desvelar a realidade e propor ações 
transformadoras que levem o indivíduo a sua autonomia, do sujeito histórico e 
social; assim se torna capaz de opinar em ações para cuidar de si, da família e da 
sociedade. 
 
31 
 
As práticas de educação em saúde são inerentes ao trabalho em 
saúde, mas muitas vezes estão relegadas a um segundo plano no 
planejamento e organização dos serviços, na execução das ações de 
cuidado e na própria gestão. (FALKENBERG, et al, 2014, apud 
SANTOS, 2014, p. 65). 
Segundo Bruscia (2000) a saúde é holística, indo além do corpo para incluir 
a mente e o espírito e vai além do indivíduo para incluir a sociedade, a cultura e o 
meio ambiente em que vive. “A saúde é o processo que visa a atingir o potencial 
máximo de integridade individual e ecológica do sujeito” (BRUSCIA, 2000, apud 
SANTOS, 2014, p. 65). 
Pensando na escola como um meio de intervenção e saúde, o 
musicoterapeuta pode atuar de forma preventiva nos projetos e intervenções 
realizadas, estes envolvem a criança, o adolescente, a família, os vizinhos etc. 
O musicoterapeuta preventivo se insere a partir de projetos que têm como 
objetivo impactar nestas redes sociais: a família, e os diferentes sistemas 
de apoio, gerando uma abertura à participação, construindo lugares, de 
possível intercâmbio social através da música e do sonoro. (PELLIZZARI 
apud SILVA, 2011, p. 124). 
O olhar musicoterapêutico tem a intenção de promover saúde de forma 
preventiva, afirmam Almeida e Campos (2013), atendendo as necessidades 
específicas de forma individual. “Nesse sentido, o olhar musicoterapêutico traz uma 
visão do humano no seu aspecto criativo.” (ALMEIDA e CAMPOS, 2013, apud 
SANTOS, 2014, p. 66). 
“O musicoterapeuta deve ser, antes de mais nada, um profissional capaz de 
sentir um genuíno desejo de ajudar o seu semelhante e que através da música 
procurará fluir em mudanças” (LEINING apud GOMES, 2009, p. 552). 
 É importante salientar a escuta desse profissional; esta também é 
diferenciada, segundo Silva (2011) está profundamente ligada ao diálogo entre 
educador e educando; não há escuta sem diálogo; a relação de acolhimento está 
justamente na capacidade que o educador tem de se despir de sua posição 
privilegiada, para uma posição de humildade diante do ser humano. 
Silva (2011) aponta duas questões como fundamentais em um trabalho que 
envolva educação e musicoterapia: a escuta e a postura do profissional. Acredita-
 
32 
 
se que estes fatores são essenciais para a transformação, o suficiente para lidar 
com os dilemas da sala de aula e dos processos educacionais de forma mais 
tranquila e passiva. 
Já que existem temas que aproximam e distanciam Musicoterapia e a 
Educação, como poderíamostrabalhar essas duas áreas de forma harmoniosa? 
Segundo Silva (2011), para que trabalhem juntas, o primeiro passo é o conceito de 
educação a partir do humano, que está também ligado a área da saúde. 
Convém, pois reconhecer o que é o ser humano, que pertence ao mesmo 
tempo à natureza e à cultura, que está submetido à morte como todo 
animal, mas que é o único ser vivo que crê numa vida além da morte e cuja 
aventura histórica conduziu-nos à era planetária. Só assim se pode 
obedecer à finalidade do ensino, que é ajudar o aluno a se reconhecer em 
sua própria humanidade, situando-a no mundo e assumindo-a. (...) 
Aprender a viver significa preparar os espíritos para afrontar as incertezas 
e os problemas da existência humana. (MORIN apud SILVA, 2011, p. 131). 
Para o autor a educação vai além de acúmulos de conteúdos ou instrução 
como foi dito anteriormente, a educação visa a resolução de conflitos esse por sua 
vez está intrinsecamente ligada às subversões da vida. Se pensarmos em terapia, 
veremos que esta situa o cliente em seu contexto de modo que aprende, reflete, 
questiona e modifica o seu comportamento, isto implica em mudanças emocionais, 
relacionais, espirituais e sociais. 
Segundo Silva (2011) educação e terapia podem andar juntas com 
modalidades e abordagens diferentes; a ideia é que as áreas busquem os pontos 
em comum para desenvolver projetos interdisciplinares, ou seja, fazendo uso de 
abordagens diferentes com o foco no humano, para atingir a mudança de 
comportamento pela educação e pela terapia. 
Se pensarmos que ambas as áreas utilizam a problematização, como desafio 
inicial e ponto de partida para que o indivíduo pense, e se situe no mundo; o que 
define a saúde, segundo Bruscia (2000) não é a severidade do problema (doença), 
mas sim a forma como a pessoa utiliza seus potenciais de desenvolvimento no 
momento em que se depara com o problema. 
Para Almeida e Campos (2013), os meios utilizados pelas duas áreas para 
atingir seus objetivos demonstram que há integração entre ambas. Assim também 
 
33 
 
Gaiza (apud ALMEIDA E CAMPOS 2013) aponta uma reflexão acerca do educador 
musical e o musicoterapeuta que podemos utilizar como ferramenta para refletir 
educação e musicoterapia: 
[...] a diferença fundamental que existe entre um educador e um 
musicoterapeuta é que ao último lhe interessa curar. Deveríamos 
perguntar primeiro: O que é curar? (Na realidade, deveríamos começar por 
definir a fundo estes termos...) e ao educador deveria lhe perguntar: O que 
lhe interessa ensinar? O que se faz quando um aluno manifesta 
dificuldades que lhe impedem aprender? (GAINZA apud ALMEIDA E 
CAMPOS, 2013, p. 51). 
Podemos pensar que musicoterapeutas e educadores devem questionar 
sempre a finalidade de sua atuação, para que esta seja uma ação totalmente 
desprendida, que visa o bem-estar do ser humano. Dessa maneira, afirma Silva 
(2011), questões que inicialmente estão ligadas à educação, ou ao próprio cotidiano 
dos educandos podem se tornar ponto de partida fecundo para pensarmos a 
prevenção e a promoção de saúde. 
Silva (2011) afirma, que toda terapia é também uma educação, já que visa a 
conscientização do sujeito no mundo, e a capacidade que cada um desenvolve para 
transformá-lo e recriá-lo por meio do próprio saber o mundo e a realidade na qual 
vivem. 
Para a autora, um dos objetivos comuns à terapia e à educação é 
proporcionar a reflexão de cada indivíduo como homem, situá-lo no mundo em que 
vive e criar condições para que ocorra a transformação seja com ele mesmo ou de 
sua ação no mundo. 
Assim, a transformação é também um ponto comum entre educação e 
terapia. A educação, sem transformação, não cumpre em sua totalidade aquilo para 
a qual é destinada; o mesmo acontece com a terapia, que sem mudança, não atinge 
o seu objetivo final. Logo, essas duas áreas buscam problematizar a realidade na 
qual o cliente-aluno se encontra e ajudá-lo a enfrentar os desafios nela encontrados. 
Na Musicoterapia, a transformação, a mudança surgem de um emaranhado 
de questões de som, movimento, silêncio e escuta: 
[...] dá-se pela experiência no corpo e no movimento, pela escuta, pelo 
respeito ao tempo e espaço do outro, pela espontaneidade e 
 
34 
 
capacidade criativa na relação com esse outro; promove mudanças e 
traz o desenvolvimento pessoal, possibilita as expressões sonoro-
musicais-não-verbais e o desenvolvimento das habilidades musicais, 
todos em um mesmo nível de importância. (PASSARINI et al, 2012, 
apud SANTOS, 2014, p. 67). 
“[...] a arte não só revela, mas afeta o mundo ao redor ...” (BARBOSA, 1984, 
apud SANTOS, 2014, p. 68). A arte em geral traz consigo elementos de 
transformação, ela por si só já é criativa, nova; capaz de conceder mudança, que 
acontecem justamente pelo potencial reflexivo e crítico da arte, em especial da 
música tratada neste artigo. 
Para Bruscia (2000), a Musicoterapia é um processo que tem lugar no tempo; 
para o cliente envolve um processo de mudança, para o terapeuta é uma sequência 
de intervenções ordenadas no tempo, tanto para um quanto para outro pode ser 
descrito como educacional, interpessoal, artístico, musical, criativo ou científico. 
Bruscia (2000) afirma, que para ser terapia a intervenção deve ser feita por 
um terapeuta; uma tentativa intencional de produzir algum tipo de mudança. Assim 
podemos dizer que: 
 Musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o 
terapeuta ajuda o cliente a promover saúde utilizando experiências 
musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças 
dinâmicas de mudanças. (BRUSCIA, 2000, apud SANTOS, 2014, p. 
69). 
As ações e mudanças que podem ser causadas no cliente ou educando são 
de grande importância, Bruscia (2000), aponta várias áreas como mais comuns, 
como alvos de mudanças. Como esse trabalho trata especificamente sobre 
Musicoterapia e Educação citaremos apenas as que são de interesse do contexto 
educacional: percepção, desenvolvimento sensório-motor, cognição, 
comportamento, emoção, comunicação, interpessoal, criatividade. 
Segundo Brito (apud ALMEIDA E CAMPOS 2013), fazendo música somos 
mágicos, intuitivos, emocionais. É possível ser racional e intelectual, nos 
presenteamos com uma vivência sonora simbólica profunda e integradora. 
Almeida e Campos (2013) afirmam, que as experiências musicais de 
improvisar, recriar, ouvir e compor música utilizadas nas técnicas 
 
35 
 
musicoterapêuticas são fundamentais e levam ao desenvolvimento do processo na 
terapia bem como o aprendizado significativo do educando “A criatividade está 
presente em todo ser humano, é preciso proporcionar oportunidades para seu 
desenvolvimento” (ALMEIDA E CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2014, p. 69). 
Para que a musicalidade, que é inata a todo ser humano, atue e seja veículo 
de mudança é necessário que o cliente ou o educando esteja aberto a experimentar 
a si mesmo, aos outros e ao mundo, para assim desenvolver capacidades 
receptivas, cognitivas e expressivas, afirmam os mesmos autores. 
Para Gomes (2009) atitudes humanas e humanizadoras são canais de 
expressão e mobilização de um corpo vibrante, que pulsa e que vive, pois “a criança 
só conseguirá utilizar suas potencialidades na medida em que acreditar em sua 
própria existência (DUCORNEAU apud GOMES, 2009, p.552). 
Desta maneira o trabalho terapêutico na educação pode contribuir para uma 
mudança de olhar por parte do educador e do educando, para que consigam 
estabelecer uma relação pautada no diálogo e na escuta mobilizando a abertura de 
canais expressão, por meio do som do movimento e da própria música. 
É fato que terapeutas e educadores lidam com questões pertinentes, e que 
podem ser tratadas de maneira interdisciplinar. Os assuntos e dúvidas em relação 
ao comportamento e ao aprendizado podem ser versados, de modo que os 
profissionais e os educandos cresçam, e aproveitem ao máximo o tempo juntos 
(terapeuta,educador, cliente) para crescimento pessoal e profissional, em um 
ambiente prazeroso que valorize de fato o ser humano, aceitando suas limitações e 
inspirações. 
 
36 
 
5 A MÚSICA COMO RECURSO TERAPÊUTICO 
 
Fonte: www.tjdft.jus.br 
A primeira forma de comunicação humana surgiu através dos sons. O homem 
primitivo utilizava-se de sinais gestuais e sonoros. Caminhando um pouco na 
evolução da humanidade encontramos as tribos, onde o pajé ou feiticeiro cantava 
ininterruptamente até que o doente apresentasse melhoras. 
Até hoje encontramos estas “músicas de cura” nas pajelanças dos índios 
brasileiros. Nas práticas xamânicas o canto, a percussão e a dança são os 
estímulos utilizados para induzir ao êxtase. (CUNHA, 2003, apud 
RAMALHO, 2017, p. 8). 
Nas civilizações egípcias e gregas ocorreu uma mudança fundamental em 
relação aos povos primitivos. Os deuses eram criaturas semelhantes aos homens 
e faziam parte integrante em todas as suas atividades: guerra, paz, medicina, 
música, etc. Na Antiga Grécia, onde surgiu uma atitude racional em face da doença, 
inaugurando o que Cumston chamou de tendência metafísica e tendo como figura 
mais importante para a medicina ocidental, Hipócrates, acreditava-se que a doença 
consistia num desequilíbrio dos elementos que constituíam o homem (frio e calor; 
umidade e secura, por exemplo). Utilizava então, no restabelecimento do equilíbrio 
perdido, a música, por ser ordem e harmonia dos sons. Os gregos acreditavam que 
 
37 
 
a música poderia depurar e dominar as emoções e enriquecer a mente, através de 
melodias que levassem ao êxtase. 
Foi com os gregos que obtivemos as primeiras informações de 
investigações profundas do caráter terapêutico da música. Como era uma 
civilização fortemente voltada ao raciocínio lógico, procuravam empregá-
lo na clínica. Tentavam encontrar uma razão lógica no ser humano e no 
mundo, e a enfermidade era observada, diagnosticado e então receitado o 
remédio lógico aplicável. (SOUZA, 2011, apud RAMALHO, 2017, p. 8). 
Platão e Aristóteles são precursores da musicoterapia, por fazerem uso 
dosado da música no tratamento dos pacientes, valorizando-a. Estes pensadores 
afirmaram que as pessoas que sofrem de emoções descontroladas, depois de 
ouvirem melodias que elevam a alma até o êxtase, retornam a seu estado normal, 
como se houvessem experimentado um tratamento médico ou depurativo. 
Esculápio, médico grego, prescrevia música e harmonia a pessoas com a área 
emocional perturbada. 
Como se pode ver, pelos relatos dessa civilização tão antiga, as técnicas 
terapêuticas com a música poderiam ser comparadas com a Musicoterapia de hoje. 
O emprego terapêutico da música entre os judeus e os árabes. Os judeus 
acreditavam que a música ajudava no tratamento de certas doenças e havia uma 
crença corrente em seu poder sobre o espírito. 
 
 
38 
 
5.1 Doenças e Transtornos Tratados com a Musicoterapia 
 
Fonte: radiovozdearari.com 
Atualmente diversos trabalhos mostram a utilização, aplicação e a 
importância da musicoterapia no tratamento de doenças e transtornos em diversas 
fases da vida, para os especialistas é claro que não há diferença de idade, podendo 
agir sobre bebês até pessoas nas mais tenras idades (FREITAS, 2016). Os estudos 
a partir da década de 1980 mostram que há três tipos de memórias que são ativadas 
com a musicoterapia para problemas de cunho psíquico, são elas: 
[…] a memória declarativa, que permite lembrar uma peça de música que 
ouvimos, a memória processual, que permite fazer movimento corporal em 
sintonia com a música (bater palmas, bater o pé ao ritmo da música) e a 
memória do tipo familiar, onde existe um reconhecimento e uma 
identificação da música sem saber o título ou o compositor (BRIGHT,1997 
apud MAIA, 2014). 
A musicoterapia já vem sendo utilizada como forma de primeira aproximação 
a pessoas com esquizofrenia (COSTA; VIANNA, 1984) e autismo (SAMPAIO; 
LOREIRO; GOMES, 2015). Também pode ser aplicado em casos de problemas 
emocionais, atitudes, energia dinâmica psíquica, que será o esforço para modificar 
qualquer patologia física ou psíquica (BERTOCINI; SARTONI, 2015). Segundo 
Manfio e Santos (2016) transtornos como o TDAH, o estresse, autismo e também 
AVC. 
 
39 
 
Estresse: “A pessoa deve identificar a origem desse problema e tomar 
algumas atitudes, que variam: ficar em silêncio, ouvir uma música boa de 
seu gosto pessoal que induza o relaxamento, seja instrumental ou não. 
Outra opção para auxiliar no alívio é tocar um instrumento, como a bateria”. 
– Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): “Além dos 
métodos terapêuticos, o paciente pode aprender a tocar algum instrumento 
musical, pois isso irá contribuir no tratamento”. 
– Acidente vascular cerebral (AVC): “A música pode colaborar com a 
reabilitação social, emocional, física e, principalmente, da linguagem, 
porque a pessoa voltará a se expressar naturalmente”. 
– Autismo: “Por meio da música, vemos, aos poucos, que as pessoas com 
autismo vão adquirindo uma maior expressividade, se organizando melhor, 
se acalmando e ampliando a atenção, o que resulta no processo da 
aprendizagem de novas capacidades” (MANFIO; SANTOS, 2016, apud 
CORONAGO, 2017, p. 352). 
Os diversos estilos e ritmos musicais produzem trabalhos diferenciados e 
resultantes corporais diferentes. A música clássica como, as sinfonias, J. S. Bach 
são usadas para melhorar o aprendizado e a memória. Para pacientes com 
depressão são usados músicas de Rossini, Guilherme Tell e Wagner, Walkirias. Os 
sons de Strauss aumentam o relaxamento de seus ouvintes durante pertos. A 
energia e o pulso das marchas podem ser utilizados em pacientes convalescentes, 
contrário ao rock que diminui o pulso, os espasmos e o ritmo da respiração 
(MANFIO; SANTOS, 2016). Segundo o Carraro (2011) a utilização de música na 
terapia de Alzheimer com uso da musicoterapia está ajudando pacientes a terem 
melhor bem-estar. 
Um bom exemplo disso tem sido o uso da musicoterapia, no auxílio do 
tratamento da doença de Alzheimer. Doença de caráter progressivo e 
degenerativo tem, entre seus primeiros sinais, o esquecimento, a 
dificuldade de estabelecer diálogos, as mudanças de atitude e a diminuição 
da concentração e da atenção. A musicoterapia ajuda a estimular a 
memória, a atenção e a concentração, o contato com a realidade e o 
esforço da identidade. Trabalha-se ainda a estimulação sensorial, a 
autoestima e a expressão dos sentimentos e emoções (CARRARO, 2011, 
apud CORONAGO, 2017, p. 352). 
Sendo assim, outros problemas de saúde da terceira idade pode ser 
amenizados com o uso da musicoterapia associado à terapia convencional. O 
Parkinsonismo já é tratado pela interação destes dois métodos. 
 
40 
 
6 A MUSICOTERAPIA NO SÉCULO XX 
 
Fonte: olharvital.ufrj.br 
Do início deste século até a Segunda Guerra Mundial não há registros da 
aplicação terapêutica da música de forma mais sistematizada. A música era usada 
em hospitais e clínicas, geralmente como entretenimento. Durante a Primeira 
Guerra Mundial, músicos profissionais foram contratados para distrair os doentes e 
na Segunda Grande Guerra, verdadeiros concertos eram organizados nos 
hospitais. Os médicos perceberam os efeitos benéficos e as melhoras dos 
pacientes. Finalmente, dez anos depois, aparecem os primeiros livros com os 
princípios da musicoterapia. 
A educação especial, a socialização, a psiquiatria e a psicologia são apenas 
algumas das áreas de intervenção da musicoterapia, através da utilização da 
música e/ou dos seus elementos. A musicoterapia pode ser utilizada no controle de 
problemas somáticos, como a dor ou a reabilitação de acidentes vasculares 
cerebrais ou lesões traumáticas. Também se utiliza para melhorar a coordenação 
motora no trabalho com idosos, com crianças ou jovens com deficiências 
neurológicas, com pessoas cegas ou surdas, com doentes de Parkinson, etc. Pode 
ainda ser utilizada

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