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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE PSICOLOGIA FICHAMENTO Aluno: Pamela Yakabe R.A.: N55666-8 Semestre: 2020/1 Turno: Matutino Professor: Anna Rogéria SANTI,P. L. R. A Construção do Eu na Modernidade. 6a ed. Ribeirão Preto/SP: Holos, 2009. Síntese O livro A Construção do Eu na Modernidade, ele aborda sobre a subjetividade humana, o nascimento do humanismo, época do Renascimento, a multiplicidade; quais eram os cantos de cada época, como o canto gregoriano, a música: polifonia; como nasce a psicologia e o porque as pessoas passam a precisar e utiliza-la, procedimentos de contenção do eu, surgem as posições de crítica à aparência, os métodos utilizados para estudo da subjetividade, o eu e o não eu; os moralistas, o público e o privado, surgimento do iluminismo e Romantismo, a auto-crítica, o positivismo; os diversos caminhos para a psicologia; consumação da crise da subjetividade. Principais ideias O autor o produz com a finalidade de se tornar um livro didático, que facilitasse o entendimento do estudante de psicologia, sobre à ideia de compreensão da questão psicológica é muito anterior a criação da linguagem científica que conhecemos hoje. Desde o homem pensa, ele pensa sobre si mesmo, sobre suas emoções e sentimentos. Por conta disso, nasce a procura por um profissional que possa ajudar a lidar com a crise de identidade e controle de comportamento que passa a surgir. A Psicologia é composta de uma grande quantidade de teorias diferentes. A história começa na filosofia grega, acompanha a reflexão filosófica posterior e alcança as teorias psiquiátricas. A tese básica do livro é a de Luis Claudio Figueiredo, em “ Psicologia. Uma introdução”. Para ele, houve o surgimento da psicologia como ciência houve duas conduções: O surgimento de uma noção clara de subjetividade privada (afirmação que os indivíduos são livres, indivisíveis, é o mundo interno de todo e qualquer ser humano); a concepção de sujeito tinha entrado em crise, gerando assim uma crise de identidade nas pessoas, e ele sai à procura de um profissional que pudesse lhe ajudar a reconstituir a estabilidade. A subjetividade se dá a partir do começo da Modernidade. É no final do século XIX que surgem os primeiros projetos de psicologia. Diferentemente do que todos pensam não foi Freud o criador da psicologia, ele cria a Psicanálise, Wundt é quem cria condições para uma psicologia experimental. É no Renascimento que nasce o humanismo moderno. Segundo Luis Figueiredo é nesse momento que se dá a subjetividade privada, no qual passa a ter a ideia de liberdade do homem e de sua posição como centro do mundo. Estamos em uma luta diária atualmente para garantir nosso privacidade, muitos dizem que o grande problema da convivência social é o individualismo excessivo, sendo esses empecilhos que vão do egoísmo à não aceitar que as pessoas tenham opiniões diferentes, religião e até mesmo ideologias, onde grupos diferentes entram em conflitos e geram grande violência, desrespeito há leis e outras pessoas. O indivíduo é o “átomo indiviso do mundo humano” (p.14). Esse sentimento de individualidade é algo engraçado, pois causa solidão e sofrimento, e é como se só existisse a sua dor, sendo incomparavelmente maior do que de qualquer pessoa. Tudo agora é referente a um sujeito isolado, mas nem sempre foi assim, essa construção do eu se deu através dos séculos que se passaram. O homem nem sempre foi o centro do mundo. Voltando a filosofia grega clássica, já nessa época havia presença do humanismo, pois já não se encontra o ser humano submetido ao poder dos deuses, já havia ali uma valorização do homem. Há uma obra de Charles Taylor, “As fontes do Self”, que fala sobre a Modernidade, de que possuímos uma interioridade, seu ponto de análise é Platão. Para ele a razão é a ordem absoluta, ser racional é ver a ordem como ela é. Para Descartes a ordem está dentro de nós, e para Platão ela reside no absolutamente bom. Mas, é em Santo Agostinho que Taylor encontra a interioridade, seus pensamentos são entreposto entre mutável e imutável; espírito e matéria; interno e externo, etc. Surge um movimento inédito, desvalorização do corpo passa a ser algo diabólico, e valorização da mente/alma, se torna algo sagrado, nesse momento a busca por Deus passa a ser feita dentro de nós, para Santo Agostinho, Deus seria a própria luz interior de todo ser humano, ele inaugura a experiência radical, o sujeito agora tem presença, sendo o agente da experiência, se tornando altamente subjetiva e dependente de nós. No Ocidente na era medieval havia uma ordem absoluta, representada por Deus e seus legítimos representantes na terra, a Bíblia e a Igreja. Tudo e todos estavam relacionados a criação divina, que seria aqui onde se encontraria o sentido de tudo. Nessa época não se havia liberdade humana, privacidade, já que Deus existia dentro de nós a onipresença e oniconsciêcia são atribuídos a ele, não havia como esconder ou ter segredos dele, logo pecar em pensamento já erado considerado pecar. Há uma interdependência entre todos os seres. A música da época era o canto gregoriano, era uma busca na harmonia da música, usada para adoração ao Deus, canto uníssono, não dando para entender o que se era falado, retirando seus elementos rítmicos não havia vontade de dançar, era utilizado para se ligar ao plano espiritual. Atualmente, utilizamos dele para fazer meditação, para promover nosso relaxamento. Humanismo é a educação por meio de disciplinas liberais, relativas a atividades exclusivas do homem e que o distinguiam dos animais. No humanismo renascentista teve um convicção que o mundo natural é o reino do homem, no qual ele adquiri valor e se torna livre. Assim, causando uma mudança do homem no mundo, onde agora ele tem que buscar por um destino, se formar e educar, nascendo o cuidado de si. A passagem da Idade Média para o Renascimento mostra-se através da diminuição de poder da igreja, crise do sistema feudal e nascimento das cidades e rotas de comércio, etc. Não houve mudanças apenas nesses quesitos, mas também no modo de vida das pessoas, enquanto se tinha um concepção fechada de mundo, sob um poder absoluto sem liberdade, tinham referências claras sobre o que é certo e o que é errado, apenas tinham que escolher entre um e outro, mas, agora que essa concepção mudou, que houve abertura do mundo, surge a liberdade, a solidão, a responsabilidade, pois já não há um ser absoluto, agora o homem deve buscar e construir suas próprias respostas. No Renascimento, Deus não está mais dentro do homem, mas ele passa agora a pairar por cima, ele deixa o homem como centro do mundo e o observa de cima, do céu. A fé do homem em Deus não foi abalada, mas agora ele passa a ter sua própria vida. Mas é nesse momento que o precisa se vigiar mais, pois agora suas atitudes pode afasta-lo ou aproxima-lo de Deus, pois agora ele é dono de si mesmo, tendo suas próprias responsabilidades. A partir desse momento os artistas passam a assinar suas obras, como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Sem sofrer restrições por parte da igreja agora abre-se um novo mundo de descobertas e também de caos. Nesse momento de liberdade, o homem agora passa a tentar descobrir os caminhos do bem, definir o que é certo e errado, o campo da moral passa a ser desenvolvido e estudado. A colocação do homem como centro do mundo, deixa a ele ideia de que tudo foi criado para ele para seu uso, assim torna-se natural para ele que posso matar animais e devastar a natureza, o homem passa a se julgar como Deus, as coisas serão tomadas como objeto para seu uso. Segundo Figueiredo, há uma negatividade no homem e é justamente esse vazio que ocupa o lugar no centro. (p.24) Esse espaço de liberdade, é um lugar inédito da ignorância, da ilusão, do erro, da dúvida eda suspeita. Outra característica do Renascimento é a multiplicidade, no qual a abertura do mundo trouxe novas civilizações com seus costumes, línguas, valores diferentes. Traz a diversidade do mundo. Segundo Figueiredo, há algo de maravilhoso e inquietante na infinitude das variações. (p.25) Algo desse período é a feira de rua, na qual tem a presença de diversos novos produtos, vindos de todas as partes do mundo, pois a abertura de rotas marítimas se fez possível essa diversidade cultural. Essa abertura do mundo, não trouxe apenas produtos diferentes, mas culturas e religiões diferentes também, o homem não estava acostumado com isso, e ele resolveu lidar com isso da maneira mais fácil e convencional a ele, se isso é diferente do que ele conhece, logo se torna errado, se outro pensa diferente de mim, tenho que catequiza-lo e torna-lo certo, e caso ele se recuse, uso a desculpa que era para o seu próprio, foi assim que aconteceu com a abertura do mundo e as diferenças apresentadas, tendo um extermínio de culturas. E a outra atitude que poderia ser tomada, é mais como auto-crítica, há um confronto de verdade agora, na qual existe a verdade do outro, assim acaba-se por colocar a própria verdade em questão, não para substitui-la, mas para toma-la não mais como única, podendo haver outras verdades válidas. Todorov, faz uma observação sobre o tema “A Descoberta da América”, no qual ele diz que a vitória dos espanhóis teria se dado pela maior habilidade em entender o modo de pensar do outro, tirando proveito disso. Ele foi capaz de mentir e dissimular, ele é capaz de criar um distanciamento entre sua ação e sua intenção, de acordo com seus interesses, ele é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que deseja. É preciso passar por um crise, para que assim o homem descubra se é isso que se realmente quer. Bosch, era um pintor do período renascentista, apesar de ter nascido na mesma época que Leonardo da Vinci, ele não apresenta boa adaptação ao período do Renascimento, demostrando dificuldade em se adaptar ao mundo de sua época. Em suas pinturas ele retrata o caos, com corpos dilacerados com combinações alucinadas. A música que representa o período do Renascimento é a Polifonia, na qual muitas vozes cantavam diferentes letras, sendo até ruim de se ouvir, mas com o passar do tempo, elas foram se harmonizando. No Renascimento temos a valorização do riso e de toda forma de prazer corporal. Com a valorização do ser humano e a imposição de que ele construa sua existência e descubra valores segundo os quais viver, vai levar a tentativa de criação de mecanismos para o domínio e formação do eu, que estarão voltadas para o auto-controle, e a criação de procedimentos sobre o modo de ser do ser humano. Com a percepção de abertura do mundo e com a liberdade que o homem adquire nesse contexto, agora ele precisa focar numa construção de identidade para si, lidando com toda a dispersão que o mundo e os prazeres que o corpo lhe oferece, em favor da coesão e da ordem do sujeito. Desse modo, surge o pensamento religioso, que irá ser aplicado pelo Santo Inácio de Loyola, que serão procedimentos para a afirmação da identidade sobre a dispersão do sujeito, guiando-o de volta a Deus. Ele se diferenciava dos jesuítas da época, por sua iniciativa pratica e pregação militante. Santo Inácio reconhece a liberdade humana, mas constata a perdição do homem, e lhe mostrará com reconstituir a sua ordem. “O homem é livre para ser o que é e parece estar perdido; ele precisa e pode, dirigir sua livre vontade ao caminho corretor para se encontrar.” ( Santo Inácio de Loyola, p. 38). Assim, ele cria um manual de instruções para que o homem possa segui-lo e recobrar sua ordem, Os Exercícios Espirituais, consiste em 28 dias, onde o cumprimento desses exercícios levará o homem a iluminação, caso ele não consiga chegar a iluminação de seu ser ao final dos 28 dias, isso não quer dizer que seja uma falha do método, mas que ele teve pouca fé e mostra que foi fraqueza do exercitante. Segundo Santo Inácio, ele acredita que a liberdade humana é reconhecida apenas para lhe atribuir a causa da perdição humana, e que o homem deve abandonar essa liberdade total, e dar sua existência toda a Deus, para que assim ele possa repousar numa certeza sem conflitos. A crença na liberdade absoluta, diz que podemos atingir qualquer objetivo que desejamos, mas com isso vem o sentimento de culpa também, pois, se somos o que fazemos, logo a infelicidade adquirida, foi produzida por nós, e que logo a merecemos. Desse modo, as autoridades de plantão nesse período irá utilizar desse momento de desespero do homem, para lhe induzir ao controle da igreja novamente. Nesse período surge outra forma de afirmação do sujeito, presente na obra O Príncipe de Maquiavel. Nessa obra seu princípio e de que o mundo e volúvel, e que é necessário a imposição de um sujeito forte, que esteja disposto a tudo, até mesmo matar para obter a centralização de poder, ele diz que nesse momento é mais importante uma pessoa que cause medo, do que amor. Maquiavel foi considerado imoral e desumano. Do modo que há inúmeros pontos iguais entre a forma como o príncipe é instruído a lidar com o prescrito por Santo Inácio, ambos demonstram querer controle e dominação sobre o homem, ambos acreditam na necessidade da afirmação do sujeito através de procedimentos radicais e estreitos, mas tem um ponto ao qual é diferente entre eles, Santo Inácio acredita que seu método é acessível a todos, já Maquiavel refere-se a está afirmação de apenas um único sujeito. Há uma série de autores na Modernidade que criticam a pretensão do homem em ser tão ideal e que o apontam para uma eventual maldade de vaidade humana. Em certo momento o afirma, mas o arrasa também. Nesse período, surge outro movimento do pensamento grego, o ceticismo, por Montaigne. Ele afasta-se da sociedade e assim começa a escrever um livro, no qual trata da própria formação do sujeito, a escrita para ele será um momento de interiorização e digestão de experiências. O ceticismo tem dois aspectos importantes da época, o fideísmo, no qual implica uma crítica ao valor crescente atribuído ao homem, tentando mostrar sua insignificância, ele tenta desse modo não o diminuir, mas que isso o leve de volta a Deus, pois diante de Deus o ser humano ainda é pequeno. Para Montaigne o eu não é uma priori, mas sim, algo inconstante e inacabado. Estando sempre em um longo processo reflexivo. Montaigne acredita na diversidade humana, e vê isso como sendo algo normal, pois para ele ninguém pode ser igual a ninguém e que isso é o que torna o ser humano um ser único, e que não é o papel dele de julgar a ninguém, pois cada um tem a sua maneira de agir, e não quer dizer que por que um age de forma diferente da sua, deca receber um julgamento ou punição, pois nada é estabelecido como verdade única, assim, pode-se haver inúmeras verdades diferentes. É atrás de Montaigne que surgiu o que hoje chamamos de mundo interno, privacidade, o universo de nossos pensamentos, fantasias, desejos, etc. As obras desse período são marcadas pela melancolia, pelo humor irônico e altamente crítico. Erasmos de Rotterdam, era um dos famosos escritores da época, ele buscava por uma reforma na burocracia e hipocrisia da igreja, mas seu texto escrito acaba por arrasar qualquer idealismo sobre a bondade humana e seu amor pelos demais. Ele desconstrói todo o sistema de valores tomados como óbvios, desvelando e desnaturalizando os costumes tomados como naturais, revelando a hipocrisia humana. O ser humano toma auto- controle de suas expressões corporais, de certa forma até mesmo inconscientemente. O processo de civilização se dá as custas de um rigoroso sistema de controle social que inibe aexpressão das funções corporais e de grande parte dos impulsos, trata-se da modelagem de certos modos passados de geração para geração, caso se agisse diferente do que é considerado correto pelo sociedade havia um exclusão do convívio. Afirma-se nesse sentido a auto-percepção de um eu individual fechado, separado e em oposição a um mundo externo. Assim, demonstra que o olhar agora fala por si, onde o toque era proibido em público, os olhos agora demonstram as emoções do momento. Um dos autores importantes dessa época foi Shakespeare, e uma de suas obras mais conhecidas é Hamlet, na qual é retratada agora a característica da Modernidade, onde o homem passa a refletir sobre sua interiorização, sobre o pensar antes de agir, onde ele se recusa a ser tomado como objeto de manipulação. A Modernidade é marcada pela busca incessante da compreensão do mundo em sua totalidade, em um ponto de referência confiável sobre o qual o homem possa edificar a sua existência, buscando a ordem das coisas para domina-la e dominar a si próprio. Nesse período tem a presença de Descartes, com O Discurso do Método, que mostra que a racionalidade estava no caminho de se tornar mais difundida e integrada à vida comum. Descartes acreditava que o caminho para a verdade era acessível a todos, desde que todos são livres para dirigir sua vontade ao caminho correto. Descartes utiliza da filosofia da representação, que exclui o corpo e seus impulsos, pretendendo que o mundo seja totalmente racionalizável, submetido a series de causa e efeito. Ele cresceu no meio de um caos, pois procurou uma referência de confiança e não a encontrou, para todo lado que olhasse era desordem e dúvida que encontrava. Assim, ele encontra uma maneira de se direcionar, ele inicia um processo de dúvida metódica, ele se propõe a refletir sobre todas as coisas do mundo, para saber se assim ela lhe daria uma verdade segura, onde tudo viria por dedução. A sua busca era por ideias claras e distintas, então para ele seria considerado verdade, apenas o que realmente era seguro, de modo que o que ele considerava falso ou incerto, já não o servia. De modo que Descartes segue essa linha, ele começa a duvidar de todas as coisas, e ele conclui que tudo era duvidoso, e a partir disso, ele diz que tudo que tomou como objeto de estudo era incerto, mas dentro de tudo isso, tinha a ação de duvidar, logo para isso, precisa de um sujeito, o eu pensante. Diante de toda dúvida do mundo, o único ponto de segurança que ele encontra é um eu, não enquanto corpo, mas um eu puramente pensante, racional. Através dessa certeza surge a famosa frase “eu penso, logo existo”. O homem já era reconhecido como centro do mundo, mas agora ele encontra um centro, sua razão, autoconsciência. Desse modo, para Descartes a dúvida é superada pela suposição da existência de um eu absoluto, que está acima de tudo. Segundo Descartes, mesmo cético não pode duvidar de sua própria existência, caso contrário não seria possível sequer que ele se enganasse. A sua fonte de moral é a verdade, que para ele é definitivamente interna. Descartes também usa do método de dedução para se referir a Deus, pois para ele somos seres imperfeitos, logo Deus um ser perfeito, nós fez, mas Deus está em seu caminho, ele não é o fim, mas uma garantia de tudo, é no eu que o caminho se encerra. É a partir de Descartes, que só se considera verdadeiro aquilo que passa pela observação ou experimentação. Isso se dá referência a um projeto cientifico. A afirmação do eu dá-se às custas de uma sombra projetada. Mas surge no século XVII uma relação com a loucura, antes disso, não é como se não houvesse pessoas que não alucinavam ou que fossem descontroladamente violentas, mas o modo como se lidava com isso era diferente, não havia medo, ou a ideia de que isso era uma doença, e não tinha a ideia de que ele devesse ser afastado do convívio social e isolado em um hospício. A questão é que a perda da razão pelo homem não surtia tanto efeito de medo, como passou a gerar. O que acontece é que no período medieval, as certezas do homem era dado por algo externo, por Deus, se ele perdia sua razão, via coisas que ninguém mais via, isso era um problema dele que não afetava aos demais, a questão era que isso não ameaçava a crença em Deus, e as verdades aceitas. Na idade Moderna, depois de Descartes, o ponto de referência do homem é a sua crença em um eu pensante objetivo e consciente. Desse modo, qualquer coisa que pudesse pôr em questão a lucidez e estabilidade do eu era tomada como altamente ameaçadora. Pois agora é toda a estabilidade da identidade do eu que estava em jogo, era preciso criar mecanismos para afirmá-lo e defendê-lo. O afastamento do louco da sociedade não era para o bem dele, mas sim para os outros, pois tinham medo do contágio. Foucault, mostra que os primeiros hospícios, eram antigos leprosários remanescentes da Idade Média. O louco será tratado como alguém que perdeu a alma, pois essa identifica-se com o eu e sua racionalidade. Se pensar no eu louco, o seu eu submergiu. Ou se é são e dono do eu, ou se é louco e alienado absolutamente. Thomas Hobbes assim como Descartes acredita que o homem deve seguir o caminho da racionalidade. Mas ele tem uma visão naturalista e assustadora da natureza humana. Em uma de suas obras, ele diz “Pois todo homem é desejoso do que é bom para ele, e foge do que é mau, mas, acima de tudo, do maior entre os males naturais, que é a morte e isso ele faz por um certo impulso da natureza, com tanta certeza como uma pedra cai.” (p.70) Para Hobbes, o homem procura apenas aquilo que é bom para ele, e evita ou foge daquilo que o faz mau. Já não tem mais a procura, a busca do bem comum, mas agora, com a importância voltada para o eu interno, a sua busca pelo bem passa a ser para si. Hobbes mostra o homem como um ser egoísta, movido pela busca do prazer e pela fuga dos perigos da morte, assim, o fazendo ser frequentemente violento e a entrar em guerra, sempre impondo-se aos demais. Assim, mostra-se que alguns homens se contentariam em ter apenas o que lhes fosse necessário, permitindo aos outros o mesmo, mas haveriam homens que em busca de sua vanglória, procurariam se sobrepor aos demais, surgindo assim o conflito e a vontade de ferir, estando em constante busca de poder. Mas, assim surge um paradoxo fundamental entre as duas máximas da natureza humana; sobreviver e o desejo de apropriar-se de tudo por vanglória. Hobbes mostra o que levou o homem ao convívio social. De modo, que Hobbes diz que a sociabilidade não faz parte da natureza humana, pois o homem escolhe aquele que sua companhia mais lhe confere honra e proveito. Hobbes discute que nos homem, há disputa por honra e precedência, vangloria, gerando ódio e inveja, qualquer pequena conquista é condição para seu gozo, o uso da razão leva alguns homens a querer inovar trazendo a discórdia, de modo que o mau uso das palavras que ele possui, pode levar à uma guerra. Por conta disso, o homem deve estar sempre procurando pela paz, mas ao ponto que não há como encontra-la, deve-se então preparar-se para guerra. Por isso, houve a criação da constituição de um estado civil, de modo, para se ter lei e ordem entre os homens. Assim, para que haja a instituição do Estado, é necessário que uma significativa maioria ou mesmo que todos os homens transfiram seu direito natural a tudo a soberano ou a uma assembleia, a quem caberá a função de juiz e legislador, definir o que é bom e o que é mau e o que cabe a cada homem. De modo, que para Hobbes o homem e um ser de certa forma desconectado com as leis naturais, e sua razão, fala e desejo de poder o que mais o afasta dessa natureza, principalmente se há um mau uso disso. Assim, mesmo que Hobbes e Descartes tenham pontos em comum, a crença na possibilidadede um autodomínio completo pela razão, seu princípio é justamente não desprezar a animalidade do homem. A valorização do eu livre e indeterminado impõe a tarefa de sua formação. Sua educação implicará no aprendizado e adaptação a determinadas normas de conduta. O comportamento humano passa a ser alvo de uma observação rigorosa. Na medida que o auto-controle deixa de ser apoiado sobre Deus, é na própria sociedade que se produzirão normas e mecanismos de vigia sobre seu cumprimento. Os moralistas são pessoas dedicadas à observação do comportamento humano, no que diz respeito ao controle do comportamento. Os moralistas, de certo modo, foram os primeiros “psicólogos” da época, não pelo método cientifico, mas pela observação acurada sobre os costumes e motivos humanos. E foram também autores que procuraram codificar as regras de conduta do ser humano, e que denunciavam as hipocrisias e farsas na ação de muitos homens. Dois moralistas famosos são La Fontaine e La Rochefoucauld. La Fontaine é conhecido como fabulista. Suas fabulas costumam conter uma moral da história. Ele procura mostrar como comportamentos considerados bons moralmente são recompensados, enquanto os maus são punidos. Por trás de suas obras ah uma concepção de certo e errado que ele procura impor. Ele utiliza em suas obras animais, para de certo modo disfarçar as críticas que faz a determinados grupos ou pessoas expõe ao ridículo. Ele ataca as instituições e a natureza humana, mas no conjunto, parece que o que ele realmente pretendia era uma reforma ou formação moral do eu. É bastante visível o tom de crítica irônica presente nas fabulas. La Rochefoucauld é conhecido por seus provérbios, ele é mais crucial na crítica que faz, deixando explicito seu descontentamento. Segundo ele, o principal motor da vida humana é a vaidade, o amor a seu próprio eu. Ele denúncia com humor irônico o quanto o eu é pretencioso e iludido sobre si. Ele conclui que o amor próprio seria o principal motor da ação humana. O eu não seria neutro, mas sempre interessado e desejante. O Século XVII é o primeiro e aquele em que mais é apresentado como tema a afirmação e construção do eu, quer para levá-lo a seu ponto mais alto, quer para denunciar esse novo soberano. O eu, entendido como totalidade, passa a ser visto como uma exterioridade. O que fora excluído, emerge como mundo íntimo. É no século XVIII que começa a relação entre as esferas pública e privada. O espaço excluído ao eu passou a ser gradativamente iluminado, o eu deixará de ser tomado como totalidade e tomará o aspecto de uma apresentação social, uma auto-imagem cultiva e civilizada que encobre algo mais que habita e constitui as pessoas e que elas procuram manter em segredo, este será o espaço da privacidade. A privacidade irá dominar todo um universo de desejos e pensamentos anti-sociais, que devem ser ocultos pela etiqueta e pelas boas maneiras. É na Modernidade que se vê uma desmitificação do mundo e à imposição de valores cada vez mais pragmáticos e fundados no homem. Ao mesmo tempo que o século é considerado o século das luzes, com os desdobramentos do racionalismo cartesiano, ele também é o século do artificio. Havia uma festa chamada asouade, uma espécie de festa popular de execração pública destinada a punição daqueles que deixavam vazar sua privacidade. É preciso saber manter em segredo determinados prazeres. No romance As ligações perigosas de Chauderlos de Laclos, de certo modo apresenta como era no século, de um lado a construção e manutenção de uma imagem social, e do outro o universo perverso oculto sob as máscaras. Essa foi uma das formas de o autor mostrar sua crítica aos valores presentes na corte, que eram apenas jogos de poder e vaidade. Donatien-Alphonse-Fronçois Sade, autor do século XVIII cuja obra revela o fim da possibilidade de buscar uma fundamentação para a moral apoiando-se na fé ou na crença em um Deus transcendente. Para ele todo princípio de moral universal é uma quimera. Não existe juiz que transcendente que sustente uma conduta necessária, já que ele acredita que Deus não existe. Para Sade a única coisa que pode-se apoiar é a natureza, à qual o homem pertence, pois está não passa de uma transmutação que não cessa de se operar. A crítica de Sade a qualquer moral, surge um elogio ao crime, logo ele que demonstrou a ausência de critérios para pensarmos em vício ou virtude. Para Sade o elogio ao crime se descreve não como princípio moral transcendente, mas como resistência a uma determinada configuração social. Sade acredita que o homem só pode ser feliz seguindo sua imaginação e que ele realiza uma separação clara entre fantasia e o objeto em que ela se realiza. É na fantasia que a particularidade dos desejos se apresenta, ela é a natureza de cada um, ela é o ato que produz o gozo. Sade diz que, se saíssemos por ai mostrando nossos desejos pelo mundo, seriamos presos ou mortos, o que seria estúpido. Ele prega uma hipocrisia social, quando em público deve-se jogar o jogo social, pagar impostos, cumprir com as obrigações civis e manter um comportamento adequado a cultura, porém, quando retirados à vida privada, não haveria qualquer motivo para que se abrisse mão de qualquer um desejo, o seu íntimo é um lugar privado para seu crime. Segundo Luis Roberto Monzani, o homem da Modernidade é dominado por seu desejo. Ele acredita que o homem não é dono deste desejo, sendo pelo contrário atravessado por preste. O iluminismo reconhecia na razão a essência do homem e na cultura sua maior realização, recebe assim uma crítica do romantismo, a essência humana seria sua natureza pulsional, surgindo a ânsia pelo retorno ao mundo natural. No século XVIII passa-se a iluminar a parte excluída do eu, surgiram tendências de pensamentos que chegaram a inverter a relação de importância existente, privilegiando justamente o que estava excluído. O real é encoberto por um véu, impõe-se a necessidade de revela-lo, o eu passa cada vez mais a ser tomado como uma máscara que encobre a verdade. A vida social será acusada de afastar o homem de sua verdadeira natureza. A natureza nesse sentido é altamente idealizada, já que no romantismo ele representa uma espécie de saudosismo de um estado natural perdido pelo homem, que seria preciso reencontrar. O Romantismo nasce como um movimento de crítica ao Iluminismo. O romantismo ressalta que a essência humana está em sua natureza passional. Esse movimento mostra uma imagem de natureza não tão amistosa, mostra-se uma natureza violenta, que ultrapassa em muito a potência da vontade consciente. O eu é invadido por aquilo que procurava excluir. A separação das esferas pública e privada levava a concepção de que aquilo que era mostrado socialmente é o que tem de bom, do ponto de vista do convívio social, enquanto o privado a ideia de algo potencialmente anti-social. A uma contrapartida, de que aquilo que é mostrado socialmente seja falso, já aquilo que se esconde, representaria a verdadeira natureza humana. O que é excluído do eu pode figurar-se como o mais legitimo e puro no eu. Será o romantismo a realizar uma forte crítica à racionalidade. A figura de um eu profundo e puro, que é influenciado pela corrupção do meio externo, a crença em uma individualidade absoluta, mostra-se apenas um modo a mais de afirmar um sujeito como fundamento. O homem romântico crê-se único, suas experiências mais profundas parecem-lhe incomunicáveis e radicalmente individuais. Dessa experiência humana, nasce-se a ideia de gênio, que é um sujeito especialmente dotado de alguma característica que pertence à essência desse indivíduo, trata-se de um dom. Beethoven, um dos nomes mais famosos da música clássica, foi considerado um gênio, sua música apresenta elementos românticos,parece expressar tormento ou entusiasmo, presença de uma profunda melancolia. Surge um movimento de auto-crítica às possibilidades da razão alcançar o conhecimento pleno. É no século XVIII que se inicia um processo de crise da noção de subjetividade, não apenas sendo ataques externos ou à valorização daquilo que escapa do eu, mas a razão será tomada como objeto de investigação. Descartes, que tinha chegado à conclusão de que todos eram incertos, restando como único ponto fixo e absoluto o próprio eu, enquanto ser pensante. Immanuel Kant, um famoso filosofo, o próprio pensamento será tomado como objeto de investigação, esse movimento reflexivo, trata-se de investigar as possibilidades, os limites da razão, impostos por sua própria constituição. Kant chega à conclusão de que o próprio pensar é organizado por categorias, estruturas que organizam tudo o que chega do mundo, como causa e efeito. De modo, que todo o conhecimento sobre o mundo seria condicionado e formatado pelas estruturas cognitivas. Assim, chega-se à conclusão de que nunca temos acesso a coisas em si, mas apenas à fenômenos. Kant não duvida da existência das coisas em si exteriores ao homem, mas o eu pensante jamais poderia ter acesso a elas. Isto não significa que a razão é inútil, ela deve aprender a manter-se em seus limites, dentro dos quais poderá produzir um conhecimento confiável, a razão deve-se abster-se de questões transcendentais. Sua área de ação deverá manter-se no limite dos fenômenos, àquilo de que tem apreensão direta. Invés de chegar à verdade absoluta, ela deve apenas procurar produzir hipóteses, modelos teóricos através dos quais seja possível organizar e dar sentido aos fenômenos. Toda teoria é necessariamente uma criação humana provisória, que pode ser superada por outra que a supere e de conta de um número maior de fenômenos. O pensamento de Kant junto com os de Descartes será uma das principais influências no modo de se produzir ciência no século XIX. Segundo Cassirer, autor do século XX, o trabalho do pensamento deve seguir do particular para o universal, supondo-se que o primeiro está já submetido a um princípio universal. Os princípios a que se chega não possuem o caráter absoluto, eles são relativos, provisórios, e apontam um limite circunstancial da razão, que poderão ser abandonados e ultrapassados. O eu encontra-se aqui com uma visão positiva de suas possibilidades, mas já não onipotente. No início do século XIX, nasce o modelo científico, através da crítica de Kant, para a produção de conhecimento a um só tempo racional e empírico. O senso comum toma como sinônimo de verdade a ciência nos moldes positivistas. Dizer que algo é científico significa dizer que é reconhecido pelas autoridades no assunto como certo e indubitável, não se trata de opinião ou crença, mas de algo provado. A ciência teve seu modelo formulado por Auguste Comte, filosofo francês. Com o mesmo pensamento que Kant, Comte acredita na possibilidade de a razão conhecer o mundo e pensa que isto será possível desde que o homem se mantenha dentro do universo dos objetos tais como lhe são acessíveis. Comte não fala em fenômenos, trata de objetos positivos, que diretamente se apresenta aos nossos órgãos do sentido. Comte denomina seu pensamento como positivismo, ele enfatiza seu caráter de concreto, verdadeiro ou útil, por oposição às abstrações metafísicas da tradição filosófica. Com isso afirma-se que cada ciência deve inicialmente definir seu objeto, que deve ser necessariamente positivo, localizado no tempo e espaço, observável, em última instância, depois de definido o objeto, toda ciência tem o mesmo método, observação e experimentação. A ciência positivista visa sempre a previsão e o controle sobre seu objeto. A ciência deve gerar tecnologia. Comte descartava a psicologia e concebia como projetos viáveis a sociologia e filosofia. Muitos dos problemas da psicologia vinculam-se justamente a está questão da impossibilidade de apreender a mente. Para Comte a possibilidade do homem fazer ciência no século XIX deve-se à sua evolução. Com o passar do tempo o homem teria passado a entender o mundo de forma filosófica ou metafísica, procurando identificar essências transcendentais. A função da ciência é procurar conhecer as leis que regem a natureza, inclusive o homem. Vários caminhos se desenvolveram na história do pensamento e dos costumes, estes caminhos frequentemente cruzam-se, misturam-se e voltam a distanciar-se. Sendo esse conjunto de referências instrumentos para a compreensão da multiplicidade de sistemas da Psicologia. Questão dos costumes, derivar um eu moral, atento ao auto-controle em função das exigências sociais. A noção do eu é dada pelo reconhecimento externo, buscando auto-afirmar-se e investe na aparência e obediência as regras de conduta pregadas por aqueles que tomam como autoridades. Ele busca sempre algo ou alguém que lhe diga quem é. O eu interiorizado, que representa a questão do individualismo e da profundidade. Ele faz um ruptura com os valores externos, e busca um movimento de reflexão, no sentido de construção de si. O eu epistêmico, o sujeito do conhecimento, o cientista, sujeito dessubjetivado, capaz de despir-se de todos os seus desejos e particularidades e ser objetivo em suas observações e experimentos com os fenômenos naturais, acredita-se poder ser neutro. O movimento cartesiano toma o próprio eu como sujeito capaz de tomar a natureza como objeto de conhecimento e uso, o próprio eu acaba por se tornar objeto de uma técnica. Nesse século, a crítica ao humanismo chegará a seu ponto culminante, ao mesmo tempo em que a ideia de individualidade se aprofunda. Deste movimento duplo surgirá a demanda por um profissional da crise de identidade. Há movimentos durante os séculos que tem o interesse de curar e lançar a luz da razão sobre a doença, sendo um movimento científico. Anton Mesmer, durante o século XIX desenvolve a investigação sobre hipnose e a ocorrência casos de dupla ou múltipla personalidade. Ele acreditava que o corpo possui uma energia saudável, e que por meio da mesma as pessoas poderiam ser curadas, isto devia ser feito através da manipulação ou do contato intermediado por objetos “bons condutores” de energia. Sua pratica é iluminista, pois ele crê tratar de algo como a eletricidade, mas sua pratica acaba por ser um aspecto de espetáculo. Desta síntese entre romantismo e ciência, nascerá o espiritismo, que parte da observação de fenômenos paranormais, como a telecinese. Onde Charcot mestre de Freud, utilizará a hipnose para manipular sintomas histéricos. Já não é mais possível fundamentar a moral na fé, sendo assim encontra-se um fundamento, ponto seguro no estudo da biologia, derivando daí uma concepção de natureza humana. Se tal ato dor considerado prejudicial à saúde pela ciência, provavelmente irá se generalizar a ideia de que tal ato é errado. Há um deslocamento aparentemente válido entre o saudável e o bom, contra o não saudável e o mau. Para a constituição da Psicologia no século XIX, foi necessária a constituição e a crise da noção de subjetividade. Nesse século o humanismo foi atacado de diversos modos. Karl Marx e Charles Darwin são pessoas que atacaram o humanismo. Marx nega a liberdade humana com a concepção de que o homem é determinado por leis econômicas que desconhece. Darwin nega a centralidade do homem no mundo, inserindo-o em uma serie natural da cadeia evolutiva. Mas, o ponto de destruição do eu, foi por Nietzsche, que se o eu era tomado como base, ataca-lo significa demolir todo o edifício da Modernidade. De certo modo, ele acaba retirando toda certeza e indo contra todas as teorias construídas do eu até aquele momento. Trata-se de revelarque o “si-mesmo” é um dado reflexivo, advindo da relação com um “não eu”, um outro. Para ele a moralidade moderna teria sido forjada por homens fracos, que teriam criado a associação “fraqueza, submissão = bondade”. A moral procura criar um homem estável, confiável, capaz de fazer promessas, impondo um estancamento no fluxo das forças. Estes seriam homens do ressentimento, intoxicados com seus próprios impulsos que não podem expressar. Assim, nasce a má consciência, que inibe a ação. Segundo Heidegger, filosofo alemão do século XX, o termo niilismo remete etimologicamente ao nada, em termos filosóficos remete à descrença definitiva em qualquer ser supra-sensível, tudo seria nada. Enquanto, o pensamento metafísico liga-se à crença de que há um determinado alvo a ser atingido pela existência, o niilismo depara-se com que não há tal alvo. Nietzsche, refere-se frequentemente ao termo niilismo, mas com um certo pessimismo e uma atitude negativa perante a vida. A Psicologia Ocidental tem como fundamento a subjetividade. Procura-se através desta responder as diversas formas às demandas surgidas da crise de subjetividade moderna. Em alguns casos, as teorias alinham-se a uma ou algumas destas tendências, quer para afirmar a subjetividade, quer para colocá-la em questão. Algumas teorias psicológicas poderia ser um instrumento de reflexão. Citações “a razão é a percepção de uma ordem absoluta”. (p.15) “Uma comunidade, de acordo com Plutarco, é um certo corpo dotado de vida pelo benefício pelo favor divino, que opera impelido pela mais elevada equidade e que é regulado pelo que pode ser chamado de poder moderador da razão.” (John of Salisbury, séc.XII, The Body Social) (p.18) “tomou o homem como obra de natureza indefinida e, colocando-o no meio do mundo.” (Pico Della Mirandola, Discurso sobre A Dignidade do Homem) (p.23) “um grande golpe em nossa capacidade de nos sentirmos em harmonia com o mundo, de pertencer a uma ordem pré-estabelecida; tem por efeito recalcar profundamente a comunicação do homem com o mundo, produzir a ilusão de toda comunicação é comunicação inter-humana.” (p.27) “Pois o outro deve ser descoberto. Coisa digna de espanto, já que o homem nunca está só, e não seria o que é sem sua dimensão social.” (p.28) “É que, em verdade, não existe modo seguro para conservar tais conquistas, senão a destruição.” (p.43) “Se o amor é julgado pela maior parte de seus efeitos, ele se parece mais com ódio do que com a amizade.” (La Rochefoucauld, p.80) “Quando não se encontra seu repouso em si mesmo, é inútil procurá-lo em outro lugar.” (La Rochefoucauld, p.80)
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