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Cálculo de Esforços e Momentos Fletores em Lajes Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria FABIANA MATOS DA SILVA AUTORIA Fabiana Matos Da Silva Olá! Sou formada em Engenharia de Produção Mecânica e atuei na indústria automobilística na Região do Vale do Paraíba. Meu interesse pela área técnica nasceu com minha passagem pelo SENAI, no curso de Aprendizagem Industrial em Eletricista de Manutenção e, depois disso, fiz o curso Técnico em Mecânica. Entender como as coisas funcionam sempre foi minha motivação maior nesse período de aprendizagem. Passei por algumas empresas da região, mas sempre me senti motivada pela vontade de aprender cada vez mais. Participei do Programa Agente Local de Inovação- CNPq – SEBRAE, onde auxiliávamos pequenas empresas fomentando ações inovadoras dentro de seus limites. Foi assim que me apaixonei pela Inovação e iniciei meu mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, estudando a temática Desenvolvimento da Inovação em Pequenas e Médias Empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Sou apaixonada pelo que faço e principalmente pela transmissão de conhecimento. Acredito que compartilhar meus conhecimentos e minha experiência de vida com aqueles que estão iniciando em suas profissões tem grande valia. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Exemplos de Esquemas Estáticos para Lajes Maciças ............... 12 Lajes Maciças ..................................................................................................................................... 12 Vãos Livres, Vãos Teóricos e Classificação das Lajes ....................... 14 Esquemas Estáticos ...................................................................................................................... 18 Tipos de Condições de Vinculação para Lajes Isoladas ............ 25 Lajes Isoladas .....................................................................................................................................25 Vinculação de Lajes Isoladas .................................................................................................27 Calculando os Esforços Solicitantes em uma Laje Maciça .......36 Lajes Maciças Retangulares ................................................................................................... 36 Esforços em Lajes Armadas em uma Direção ........................................37 Esforços Solicitantes ............................................................................. 38 Dimensionamento à Flexão .............................................................. 39 Esforços em Lajes Armadas em Duas Direções (Em Cruz) ...........43 Esforços nas Lajes Isoladas...............................................................45 Método Simplificado Aplicado a Pisos de Edifícios ........ 46 Calculando os Momentos Fletores em uma Laje Maciça ..........49 Momentos Fletores Solicitantes .......................................................................................... 50 Lajes Armadas em uma Direção ...................................................................... 50 Lajes Armadas em Duas Direções...................................................................54 Compatibilização dos Momentos Fletores ...............................................57 Momentos Volventes ................................................................................................ 59 9 UNIDADE 03 Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 10 INTRODUÇÃO Você sabia que para garantir a estabilidade e resistência em um edifício existem cálculos extremamente necessários que devem ser realizados nos dimensionamentos dos elementos estruturais? Tão importante quanto o dimensionamento de fundações, vigas e pilares, o dimensionamento das lajes maciças é essencial para que a edificação atinja sua finalidade de projeto de maneira adequada. Para esses dimensionamentos devemos levar em consideração os vãos existentes entre as lajes, as condições de vinculação entre elas, os esforços solicitantes que são atuantes e ainda os momentos fletores que exercem força sobre as lajes. Há vários sistemas que podem ser utilizados e ainda as diversas características presentes nas lajes para que esse processo seja realizado da maneira mais segura e confiável possível. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade III. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar exemplos de esquemas estáticos para lajes maciças. 2. Avaliar e discernir sobre as condições de vinculação para lajes isoladas. 3. Calcular os esforços solicitantes em uma estrutura de edificação. 4. Calcular os momentos fletores em uma estrutura de edificação. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 12 Exemplos de Esquemas Estáticos para Lajes Maciças OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de identificar as principais características das lajes maciças, seus componentes e suas indicações de uso. Você também vai conhecer e entender os principais esquemas estáticos utilizados na representação desse tipo de laje e sua importância para a elaboração de um projeto arquitetônico de edificação. E então, motivado para desenvolver mais algumas competências? Então vamos lá. Avante!. Lajes Maciças As são responsáveis por transmitir as cargas do piso para as vigas que a sustentam. As vigas, por sua vez, transmitem a carga aos pilares que as destinam às fundações para enfim chegar ao solo (BASTOS, 2021). Geralmente as lajes são elementos dispostos na horizontal e com duas dimensões (bidimensionais) muito maiores que a terceira, que é a espessura. As cargas recebidas pelas lajes são carregamentos atuantes no andar que são gerados dependendo do uso da construção. São eles: pessoas, móveis, instalações, equipamentos e tudo aquilo que será utilizado no prédio (PINHEIRO et al., 2003). Ainda sobre as cargas recebidas pelas lajes, geralmente elas são perpendiculares ao plano da laje e podem ser divididas na área, distribuídas linearmente ou concentradas. Contudo, também podem ocorrer ações externas na forma de momentos fletores, que normalmente são aplicados nas bordas das lajes. Neste caso, as ações são transmitidas para as vigas de apoio nas bordas da laje ou, eventualmente, podem ser transmitidas diretamente para os pilares (no caso da lajelisa, com ou sem capitel) (BASTOS, 2021). A laje maciça é um tipo de laje que tem toda a espessura composta por concreto, tem armaduras longitudinais de flexão, armaduras Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 13 transversais (eventualmente) e é apoiada em vigas ou paredes ao longo das bordas, conforme podemos observar na figura a seguir. As lajes podem ser de concreto armado ou de concreto protendido, variando de acordo com a necessidade demonstrada no projeto. Aqui focaremos nas lajes retangulares de concreto armado. Figura 1 - Laje Maciça apoiada em vigas Fonte: Araújo (2020, p. 2). Existem ainda outros tipos de lajes de concreto, conhecidas como laje lisa e laje cogumelo. Nesses tipos de lajes outras ações são transferidas diretamente aos pilares, sem apoios em suas bordas. Vale ressaltar que, no Brasil, por uma questão de hábito, se costuma chamar a laje de concreto apoiada nas bordas de laje maciça. Figura 2 - Laje cogumelo e laje lisa Fonte: Araújo (2020, p. 3). As lajes maciças de concreto têm uma espessura que pode variar entre 8cm e 15cm e são projetadas para vários tipos de edificações, tais Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 14 como: edifícios de múltiplos pavimentos (residenciais, comerciais etc.), muros de arrimo, escadas, reservatórios e edificações de grande porte (escolas, indústrias, hospitais, pontes e viadutos). No esquema a seguir (figura 3) podemos observar um exemplo de laje e suas dimensões em edifícios usuais. As lajes maciças consomem muito concreto, que corresponde a 50% do total o material utilizado (BASTOS, 2021). Figura 3 - Laje de Concreto Fonte: Araújo (2020, p. 7). De maneira geral, em edificações residenciais e de pequeno porte não é recomendada a aplicação das lajes maciças, mas sim das lajes nervuradas pré-fabricadas: além do custo reduzido em relação à laje maciça, elas trazem grandes vantagens nos aspectos construtivos e de adequação ao projeto. Vãos Livres, Vãos Teóricos e Classificação das Lajes Para elaborar um projeto de lajes maciças o primeiro passo é determinar os vãos livres(l0), os vãos teóricos (l) e a relação existente entre os vãos teóricos que irão compor as lajes (PINHEIRO et al., 2003). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 15 Consideramos como vão livre (l0) a distância livre existente entre as faces dos apoios. Em caso de laje em balanço, o vão livre se refere à distância entre a extremidade livre e a face do apoio. Já o vão teórico (l), também conhecido como vão de cálculo, trata-se da distância entre os centros dos apoios, não sendo necessário adotar valores maiores que os seguintes (PINHEIRO et al., 2003): • Em laje isolada, o vão livre acrescido da espessura da laje no meio do vão. • No vão extremo de laje contínua, o vão livre acrescido da metade da dimensão do apoio interno e da metade da espessura da laje no meio do vão. Figura 4 - Vão livre() e vão teórico () Fonte: Pinheiro (2003, p. 3). Nas lajes em balanço, o vão teórico é o comprimento entre a extremidade e o eixo central do apoio, não sendo necessário, portanto, que se considerem os valores superiores ao vão livre acrescido da metade da espessura da laje na face de seu apoio (PINHEIRO et al., 2003). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 16 Assim sendo, de acordo com Pinheiro (2003), ao serem identificados os vãos teóricos deve-se considerar que vai corresponder ao menor vão e será o maior. Desse modo, teremos: . Conforme o resultado obtido para λ, é adotada a seguinte classificação para as lajes maciças: • Laje armada em duas direções. • Laje armada em uma direção. Devemos ressaltar que existe um tipo de classificação extremamente importante que se refere à direção (ou às direções) da armadura principal. Nesse caso existem dois tipos: laje armada em uma direção ou laje armada em duas direções. • Laje armada em uma direção: relação entre o lado maior e o lado menor superior a dois, ou seja: Onde: = lado menor. = lado maior. Devemos perceber que os esforços solicitantes de maior magnitude acontecem de acordo com a direção do menor vão conhecido como: direção principal. Em relação à outra direção, chamada de: direção secundária, os esforços solicitantes são menores, e por esse motivo geralmente passam a ser desprezados na realização dos cálculos. Para o cálculo dos esforços solicitantes e das flechas deve-se calcular supondo que a laje tenha uma viga com largura de 1m, seguindo sempre a direção principal da laje. (BASTOS, 2021) Figura 5 - Vãos da laje retangular armada em uma direção. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 17 Fonte: Bastos (2021, p. 2). • Laje armada em duas direções (em cruz): os esforços solicitantes são importantes, de acordo com as duas direções principais encontradas na laje. A relação entre os lados é menor que dois, ou seja: Onde: = lado menor. = lado maior. Figura 6 - Vãos da laje retangular armada em duas direções. Fonte: Bastos (2021, p. 2). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 18 Podemos, ainda, classificar as lajes maciças por diferentes critérios, tais como: forma geométrica, tipos de vínculos nos apoios, direção etc. De acordo com Bastos (2021), as formas geométricas aplicadas às lajes maciças podem ter as mais variadas formas, contudo, de modo geral, a forma retangular é a mais adotada. Atualmente, os programas computacionais estão muito bem preparados e esse tipo de laje pode ser facilmente calculada e dimensionada utilizando quaisquer formas geométricas e carregamentos. Esquemas Estáticos A estática das construções foi elaborada por conta da necessidade de exemplificar os esforços atuantes nos elementos básicos estruturais. Desse modo, para que consigamos efetuar o cálculo dos esforços solicitantes presentes nos elementos estruturais — sem esquecer nenhuma ação ou sem que o projeto perca o equilíbrio entre as forças — é realizada a execução de um esquema estático (ALMEIDA, 2006). O esquema estático demonstra o sequenciamento de cargas a serem transportadas desde os pavimentos mais altos até o solo. Os elementos estruturais representados nesses esquemas vão sendo elencados e, a partir daí, realiza-se a distribuição das ações referentes a cada um deles. Os formatos adotados para representação dos elementos na esquematização são: • Barras: vigas e pilares. • Placas: lajes. • Chapas: paredes e vigas paredes. • Blocos: blocos de fundação. A adoção de esquemas estáticos é uma forma de interligar os elementos estruturais existentes e realizar seu percurso de transmissão de ações até atingir o solo, sem que a estabilidade seja perdida. Em cada barra haverão esforços correspondentes a cada carregamento e vinculação (ALMEIDA, 2006). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 19 Para entendermos como funcionam os esquemas estáticos no dimensionamento de um projeto estrutural, devemos primeiro entender que, ao se tratar de uma estrutura, estamos falando da parte da edificação que deve suportar os esforços nela aplicados. Os esforços que atuam em uma estrutura são classificados em esforços externos, que são aplicados por outros agentes, e esforços internos, que aparecem nos pontos internos dos sólidos da estrutura, oriundos da existência dos externos (MORILLA, 2010). Para compor um esquema estático devemos entender quais os sistemas de identificação utilizados para os elementos, as ações e as reações que estão sendo analisadas. O primeiro passo é determinar quais os esforços de ação e de reação existentes nas estruturas, sua composição e seu respectivo detalhamento em um esquema estático. Os esforços de ação que atuam nas estruturas podem ser classificados como forças (concentradas ou distribuídas) ou momentos: • Força concentrada: é aplicada em um único ponto. O tamanho do vetor representa a intensidade da força e a direção representa o sentido da força.No esquema a seguir podemos observar a representação de uma força concentrada de 5kN aplicada no ponto A de uma barra de três metros (MORILLA, 2010). Figura 07 - Força concentrada aplicada Fonte: Morilla (2010, p. 6). • Força distribuída: para considerar se uma força é distribuída devemos observar se sua aplicação em um corpo é realizada em mais de um ponto específico. Em relação à essa distribuição, podemos classificá-las em (MORILLA, 2010): Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 20 a. Forças distribuídas volumetricamente: são distribuídas de acordo com volume de um corpo. Exemplo: a força peso. b. Forças distribuídas superficialmente: são distribuídas pela superfície do corpo. Exemplo: a pressão. c. Forças distribuídas linearmente: são distribuídas ao longo de uma linha. São semelhantes à força concentrada, contudo, este tipo de força é uma aproximação. Exemplo: uma força distribuída aplicada na parte superior de uma viga retangular. • Observe a figura a seguir. Figura 8 - Distribuição de Força Fonte: Morilla (2010, p. 6). Podemos observar, na sequência de imagens agrupadas na figura 8, um exemplo de montagem do esquema estático sobre as forças que são distribuídas linearmente sobre um determinado corpo. Pode-se dizer que a força total da distribuição (F) nada mais é do que a soma de todas as forças ao longo da distribuição. Dessa maneira, concluímos que a força total de distribuição é a integral da função q(x) ao longo de L. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 21 De acordo com Morilla (2010), podemos observar na imagem B, que a posição equivalente desta força, com relação à distribuição, é o centro de gravidade da distribuição. Assim sendo, a força resultante de um carregamento é numericamente igual à área delimitada pela sua distribuição. A posição relativa desta força é o centro de gravidade da figura formada na distribuição. Figura 9 - Exemplos de esquemas estáticos de distribuição de forças Fonte: Elaborado pela autora com base em Morilla (2010, p. 6-7). • Momentos: na representação plana, um momento não será representado pelo seu vetor, mas sim pela verificação de seu ponto de aplicação, juntamente com o valor e o sentido dele. Figura 10 - Representação de momento Fonte: Morilla (2010, p. 8). Os esforços de reação que atuam nas estruturas dependem da forma com que ela é apoiada. Um apoio oferece reação na direção em que ele faz restrição ao deslocamento. Assim, em função do comportamento, para as estruturas planas os apoios podem ser classificados em (MORILLA, 2010): Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 22 • Apoio simples móvel: oferece apenas uma força como reação. Figura 11 - Representação gráfica apoio simples e apoio móvel Fonte: Fonte: Morilla (2010, p. 8). • Apoio simples fixo: oferece uma força de direção qualquer como reação. Figura 12 - Representação gráfica das reações de apoio simples e móvel Fonte: Morilla (2010, p. 9). • Engastamento: oferece como reação uma força de direção qualquer e um momento. Semelhante ao apoio fixo, a reação que é observada nesse tipo de apoio pode ser decomposta em dois componentes perpendiculares entre si. Por esse motivo, dizemos que este apoio fornece três reações, sendo elas um momento e duas forças cujas direções são perpendiculares entre si. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 23 Figura 13 - Representação gráfica de engastamento Fonte: Morilla (2010, p. 9). • Engastamento deslizante: oferece como reação uma força de direção perpendicular ao solo e um momento. Figura 14 - Representação gráfica de engastamento deslizante Fonte: Morilla (2010, p. 10). O cálculo das lajes maciças é o mesmo que vem sendo utilizado desde as construções do século passado: os esforços solicitantes atuantes e as flechas são determinados de acordo com a Teoria das Placas, que foi originada com base na Teoria da Elasticidade. Devido à extensão dos cálculos e ao trabalho excessivo de calcular os coeficientes necessários, atualmente são utilizadas tabelas predefinidas como forma de tentar agilizar esse processo. Tais cálculos, vale lembrar, podem ser desenvolvidos manualmente, sem auxílio de programas computacionais, com o aval da NBR 6118/2014 (ABNT, 2014). Sua aplicação é considerada segura devido às inúmeras edificações já executadas com base nesse sistema (BASTOS, 2021). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 24 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. As lajes são elementos estruturais planos bidimensionais que recebem cargas. As lajes são responsáveis por transmitir as cargas do piso para as vigas que a sustentam. As vigas, por sua vez, transmitem essa carga aos pilares que destinam essas cargas às fundações e ao solo. A laje maciça tem a espessura composta por concreto, armaduras longitudinais de flexão e armaduras transversais (eventualmente). Ela é apoiada em vigas ou paredes ao longo das bordas. As lajes podem ser de concreto armado ou de concreto protendido, variando de acordo com a necessidade descrita no projeto. Consideramos vão livre () a distância livre existente entre as faces dos apoios. Em caso de laje em balanço, o vão livre é a distância entre a extremidade livre e a face do apoio. Já o vão teórico (), também conhecido como vão de cálculo, é a distância entre os centros dos apoios. O esquema estático demonstra o sequenciamento de cargas a serem transportadas desde os pavimentos mais altos até a transferência delas para o solo. Os elementos estruturais representados nesses esquemas vão sendo elencados e, a partir daí, realiza-se a distribuição das ações referentes a cada um deles. Os formatos adotados para representação dos elementos na esquematização são: barras, placas, chapas e blocos. Os esforços que atuam em uma estrutura são classificados em: esforços externos e esforços internos. Na composição de um esquema estático devemos entender quais os sistemas de identificação utilizados para os elementos, as ações e as reações que estão sendo analisadas. O primeiro passo é determinar quais são os esforços de ação e de reação existentes nas estruturas, sua composição e seu respectivo detalhamento em um esquema estático. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 25 Tipos de Condições de Vinculação para Lajes Isoladas OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender a definição de uma laje isolada e suas características. A partir daí, você poderá entender como identificar os tipos de vínculos existentes entre as lajes de um pavimento, tais como o apoio simples, o engaste perfeito e o engaste elástico. Você poderá também compreender quais são as condições para que eles ocorram. E então, motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Lajes Isoladas Quando precisamos calcular as condições de vinculação em um determinado pavimento de uma edificação e/ou determinar esforços que estão atuando na superfície das lajes maciças que os compõem, devemos efetuar o cálculo considerando que as lajes são isoladas. Ou seja, isolamos as lajes existentes no pavimento e consideramos que elas tenham um engaste perfeito e uma continuidade em relação à laje vizinha. EXEMPLO: Vamos tomar como exemplo um pavimento contínuo composto por nove lajes. Para estabelecer suas vinculações, ao invés de analisar todo o pavimento de modo contínuo, a análise é realizada isoladamente, separando o pavimento em nove lajes isoladas. Esse processo é equivalente à separação dos vãos de uma viga contínua: cada um dos vãos irá corresponder a uma viga isolada. Evidentemente, esse método é um cálculo aproximado, mas funciona bem para o cálculo de lajes contínuas apoiadas em paredes ou em vigas rígidas. Vale lembrar que esse sistema funcionaapenas para lajes, não para vigas. Figura 15 - Exemplo de isolamento de Lajes Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 26 Fonte: Araújo (2020). As lajes isoladas nada mais são do que lajes maciças, calculadas individualmente para estabelecimento das condições de vínculos. Dessa maneira, para as lajes isoladas é admitida a utilização dos seguintes tipos de apoio: • Borda engastada, quando a laje tiver vigas de apoio com grande rigidez. • Borda apoiada, quando a laje tiver vigas de apoio com rigidez normal. • Borda livre, quando não existirem vigas de apoio a serem consideradas na laje. Figura 16 - Representação gráfica dos tipos de apoio Fonte: Pinheiro (2003, p. 3). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 27 Vinculação de Lajes Isoladas Existem três principais tipos de apoio para sustentação das lajes: as paredes (de alvenaria ou de concreto), as vigas e os pilares de concreto. Podemos destacar, entretanto, as vigas de borda como o tipo de apoio mais utilizado nas lajes das edificações (BASTOS, 2021). Para que o cálculo dos esforços solicitantes e das deformações nas lajes seja preciso e confiável, é necessário estabelecer os vínculos da laje com seus respectivos apoios — que podem ser pontuais (como os pilares) ou lineares (como as vigas de borda). Graças à complexidade desse problema, são adotadas algumas simplificações que tornam possível o cálculo manual (BASTOS, 2021). Os tipos mais comuns de vinculação de lajes são o apoio simples, o engaste perfeito e o engaste elástico. As tabelas usuais para cálculos de laje admitem somente o apoio simples, o engaste perfeito e os apoios pontuais, mas atualmente, devido à utilização de avançados programas computacionais, é possível admitir também o engaste elástico (BASTOS, 2021). A borda livre tem como característica principal a ausência de apoio, o que possibilita a apresentação de deslocamentos verticais, diferentemente dos outros tipos de vinculação, nas quais os deslocamentos verticais são inexistentes. Em lajes com bordas engastadas, por exemplo, as rotações são impedidas. As lajes que apresentam continuidade têm o engastamento promovido pela laje adjacente (PINHEIRO et al., 2003). Na figura a seguir são descritos alguns casos de vinculação com suas bordas simplesmente apoiadas e engastadas. Podemos destacar que o comprimento total dessas bordas engastadas é capaz de evoluir do caso 1 até o 6, não sendo considerados do caso 3 para o 4. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 28 Figura 17 - Casos de vinculação das lajes Fonte: Pinheiro (2003, p. 4). As tabelas existentes para dimensionamento de lajes, de uma forma geral, consideram as bordas livres, as apoiadas ou engastadas, com o mesmo tipo de vínculo ao longo de toda a extensão dessas bordas. Na prática outras situações podem acontecer, devendo-se utilizar um critério específico para cada caso para realizar o cálculo dos momentos fletores e das reações de apoio (PINHEIRO et al., 2003). • Apoio simples: esse tipo de vinculação surge nas bordas das lajes, onde não existe (ou não é admitida) a continuidade da laje com em relação às lajes vizinhas. Esse apoio pode ser feito por uma parede de alvenaria ou uma viga de concreto. Nos casos de utilização de vigas de concreto com dimensões correntes, a rigidez da viga referente à torção é pequena, de tal forma que torna possível o giro da viga e a sua deformação. Isso acontece devido Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 29 ao acompanhamento das pequenas rotações existentes na laje, o que acaba garantindo a concepção teórica do apoio simples como pode ser observado na figura a seguir (BASTOS, 2021). Deve-se tomar um cuidado especial ao realizar a ligação de lajes com vigas de alta rigidez à torção. É considerado mais adequado engastar perfeitamente a laje na viga e dispor nela uma armadura, geralmente negativa, para a ligação com a viga. Os esforços de torção decorrentes desse processo devem obrigatoriamente ser levados em consideração para o projeto da viga de borda. Figura 18 - Viga de borda com apoio simples Fonte: Bastos (2021, p. 3). • Engaste Perfeito: é encontrado no caso de lajes em balanço, como marquises, varandas etc. Também é considerado nos casos de continuidade entre duas lajes vizinhas. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 30 Figura 19 - Laje em balanço engastada na viga de apoio Fonte: Bastos (2021, p. 4). Ao nos depararmos com duas lajes contínuas que têm espessuras muito diferentes, como pode ser observado na figura a seguir, pode ser mais adequado considerar a laje de menor espessura (L2) engastada na laje de maior espessura (L1). Contudo, a laje com maior espessura deve ser considerada apenas apoiada na borda comum (BASTOS, 2021). Figura 20 - Lajes adjacentes com espessuras diferentes Fonte: Bastos (2021, p. 4). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 31 Existem também os casos em que as lajes não têm continuidade ao longo de toda a borda comum. Para esses casos existe um critério simplificado a ser considerado na sua vinculação. Figura 21 - Lajes parcialmente contínuas Fonte: Bastos (2021, p. 5). O critério adotado leva em consideração esse tipo de especificação e, de acordo com a tabela observada na figura a seguir, será estabelecido o vínculo. Figura 22 - Critério para bordas com uma parte engastada e outra parte apoiada Considera-se a borda totalmente apoiada Calculam-se os esforços para as duas situações – borda totalmente apoiada e borda totalmente engastada – e adotam-se os maiores valores no dimensionamento Considera-se a borda totalmente engastada Fonte: Pinheiro (2003, p. 5). Caso a laje do exemplo anterior fosse armada em uma direção, poderiam ser consideradas duas partes: a primeira seria relativa à borda engastada e a segunda à borda simplesmente apoiada. Dessa forma, poderiam ser admitidas condições diferentes de desvinculação para cada Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 32 uma das partes determinadas, o que resultaria também em armaduras diferentes para cada uma delas (PINHEIRO et al., 2003). Nos casos de lajes adjacentes, conforme o que foi observado anteriormente, vários aspectos devem ser analisados e considerados para que seja adotado o melhor tipo de apoio para a concepção dos vínculos entre essas lajes. EXEMPLO: Tomemos como exemplo a observação de uma diferença considerável entre os momentos negativos de duas lajes adjacentes. Este fato poderia acarretar a consideração de uma borda engastada para uma das lajes e de uma borda simplesmente apoiada para a outra, ao invés de considerarmos bordas engastada para ambas. Podemos entender melhor essas considerações ao observar as indicações na figura a seguir (PINHEIRO et al., 2003). Vale ressaltar que critérios como este devem sempre ser cuidadosamente analisados e estudados para que seja possível atender as necessidades de cálculo sem comprometer a segurança estrutural do edifício. Figura 23 - Critério para considerar bordas engastadas Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 33 Fonte: Pinheiro (2003, p. 6). • Engaste Elástico: em casos de utilização de apoios intermediários de lajes contínuas, geralmente aparecem momentos fletores negativos, devido à continuidade das lajes. Assim sendo, deve ser feita uma ponderação entre os diferentes valores dos momentos fletores que surgem nesses apoios para que seja possível conduzir ao engastamento elástico. Podemos observar isso na figura a seguir (BASTOS, 2021). • Entretanto, de acordo com Bastos (2021), para efeito de cálculo inicial dos momentos fletores , as lajes que apresentem continuidade deverão ser consideradas perfeitamente engastadas em seus apoios intermediários. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 34 Figura 24 - Engastamento elástico decorrente dos momentos fletores negativos diferentes. Fonte: Bastos (2021, p. 5).RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Quando precisamos calcular as condições de vinculação em um determinado pavimento de uma edificação e/ou determinar esforços que estão atuando na superfície das lajes maciças que os compõem, devemos efetuar esse cálculo considerando que as lajes são isoladas. Ou seja, isolamos as lajes existentes no pavimento, consideramos que tenham um engaste perfeito e continuidade com a laje vizinha. As lajes isoladas nada mais são do que lajes maciças que são calculadas individualmente para estabelecimento das condições de vínculos. Dessa maneira, para as lajes isoladas são admitidos a utilização dos seguintes tipos de apoio: borda engastada, quando a laje tiver vigas de apoio com grande rigidez; borda apoiada, quando a laje tiver vigas de Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 35 apoio com rigidez normal e borda livre, quando não existirem vigas de apoio a serem consideradas na laje. Existem três principais tipos de apoio para sustentação das lajes: as paredes (de alvenaria ou de concreto), as vigas e os pilares de concreto. Podemos destacar, entretanto, as vigas de borda como o tipo de apoio mais utilizado nas lajes das edificações. Os tipos mais comuns de vinculação de lajes são o apoio simples, o engaste perfeito e o engaste elástico. O apoio simples surge nas bordas das lajes, onde não existe (ou não é admitido) a continuidade da laje com outras lajes vizinhas. Esse apoio pode ser feito por uma parede de alvenaria ou mesmo uma viga de concreto. O engaste perfeito é encontrado no caso de lajes em balanço, como marquises, varandas etc. Também é considerado em casos de continuidade entre duas lajes vizinhas. Em casos de utilização de apoios intermediários de lajes contínuas, geralmente aparecem momentos fletores negativos devido à continuidade das lajes. Assim sendo, deve ser feita uma ponderação entre os diferentes valores dos momentos fletores que surgem nesses apoios para que seja possível conduzir ao engastamento elástico. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 36 Calculando os Esforços Solicitantes em uma Laje Maciça OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como atuam os esforços solicitantes em uma laje maciça, as características que essas forças têm e como dimensioná- las de maneira correta nas lajes. Poderá entender, por meio das imagens dos diagramas estáticos, como é realizado o equilíbrio dessas forças. E então, motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Lajes Maciças Retangulares As lajes, como já sabemos, são elementos estruturais planos de concreto armado que estão sujeitas a cargas transversais ao seu plano. Para que o correto dimensionamento e cálculo possam ser realizados de maneira mais simplificada, fazemos a separação das lajes que compõem o pavimento em lajes isoladas (SILVEIRA, 2000). Em outras palavras, isolamos as lajes das vigas e, desse modo, com apoios livres à rotação e indeslocáveis à translação, torna-se possível a realização dos cálculos. De acordo com Silveira (2000), para o cálculo dos esforços solicitantes existentes em uma laje devemos considerar as classificações das lajes, pois os comportamentos poderão se alterar mediante suas características: • Lajes armadas em uma direção: refere-se às lajes que têm flexão (curvatura) predominante de acordo com a direção paralela a um dos lados. São as lajes apoiadas em lados opostos (isoladas e contínuas, com ou sem balanços laterais) e as lajes “alongadas” apoiadas ao longo do perímetro. • Lajes armadas em duas direções ou em cruz: refere-se às lajes que têm curvaturas paralelas aos lados e valores são comparáveis entre si. Esse tipo de laje é apoiado em todo seu contorno e tem lados não muito diferentes entre si: . Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 37 Esforços em Lajes Armadas em uma Direção Vamos considerar o esquema estático de uma laje armada em uma direção na figura a seguir. Figura 25 - Laje armada em uma direção Fonte: Silveira (2000, p. 2). O vão teórico da laje é exemplificado por e normalmente será igual à distância entre os eixos das vigas de apoio. , por sua vez, refere- se ao comprimento. Os cortes AA’ e BB’ mostram, de forma esquemática, os deslocamentos que estão sendo apresentados pela laje quando submetida à uma carga distribuída uniforme de valor p. Nota-se também nesse esquema a presença de curvatura, o que define o momento fletor de acordo com o corte AA. No caso do corte BB, ocorre praticamente uma translação com curvatura e flexão desprezíveis (SILVEIRA, 2000). Assim sendo, consideramos agora faixas isoladas de larguras unitárias paralelas ao corte AA, sendo que uma dessas faixas é o carregamento composto por uma carga uniforme de valor p. Em cada uma dessas faixas vai ser apresentado o comportamento de uma viga isostática e, com isso, o diagrama de momento fletor resultante será uma parábola ordenada igual a (SILVEIRA, 2000): Este momento é representado pelo fletor , que será representado pela unidade de medida Com isso, a força cortante deve apresentar um diagrama linear e terá como valor máximo: Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 38 Para que as faces superior e inferior consigam se manter paralelas entre si, identificamos o momento fletor a seguir: Este momento fletor estará atuando no plano paralelo ao lado , também por unidade de largura. Consideramos: , Consideramos também no concreto . Dessa forma, o momento fletor é chamado de momento fletor principal e de momento fletor secundário (SILVEIRA, 2000). Esforços Solicitantes • Laje Isolada: no caso de lajes isoladas, a faixa de largura unitária da laje vai corresponder a uma viga isolada sujeita à carga distribuída uniforme. Figura 26 - Esforços Máximos na Laje Isolada Fonte: Silveira (2000, p. 14). • Laje em balanço: no caso de laje embalanço, a faixa de largura unitária da laje vai corresponder à uma viga em balanço e o carregamento a ser identificado consiste de carga uniforme Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 39 distribuída para uma mais concentrada P para que seja aplicada junto à extremidade do balanço (SILVEIRA, 2000). Figura 27 - Esforços máximos na laje em balanço Fonte: Silveira (2000, p. 14). • Laje contínua: no caso de laje continua, essa faixa de largura unitária da laje será correspondente à uma viga contínua. Figura 28 - Esforço máximo na laje continua Fonte: Silveira (2000, p. 14). Dimensionamento à Flexão Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 40 Para o dimensionamento da laje utiliza-se uma seção retangular de largura unitária, que geralmente será de b=1 e m=100cm. A altura deverá ser igual à espessura total da laje, representada por h (SILVEIRA, 2000). Na armadura de flexão será distribuída a largura de 100 cm. Normalmente nos vãos existentes em um mesmo ponto há dois momentos fletores (mχ e mγ, positivos), que são perpendiculares entre si. Assim sendo, cada momento desses vai corresponder à uma altura útil, ou seja, dχ para o momento fletor mχ, e dγ para o momento fletor mγ (SILVEIRA, 2000). De modo geral, mχ é maior que mγ. Por esse motivo, é comum adotarmos . Com isso, a armadura correspondente ao momento fletor é colocada sobre a armadura correspondente ao momento fletor : Figura 29 - Esquema de cálculo armadura Fonte: Silveira (2000, p. 15). Onde c = cobertura mínima de armadura na laje, fixado em 0,5 cm nas lajes protegidas com argamassa de espessura mínima de 1cm — conforme podemos observar na tabela a seguir, disponível na NBR 6118. Figura 30 - Tabela de correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal para Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 41 Tipo de estruturaComponente ou elemento Classe de agressividade ambiental (tabela 6.1) I II III IV3) Cobrimento nominal mm Concreto armado Laje2) 20 25 35 45 Viga/Pilar 25 30 40 50 Concreto protendido1) Todos 30 35 45 55 1) Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas, sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão fragilizante sob tensão. 2) Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser substituídas por 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm. 3) Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, a armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm. Fonte: ABNT NBR 6118, p. 19. Em lajes maciças revestidas, geralmente mais utilizadas em edifícios, podemos adotar, aproximadamente (SILVEIRA, 2000): Figura 31 - Cálculo das armaduras Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 42 Fonte: Silveira (2000, p. 15). Nas lajes, geralmente por meio da flexão, se conduz um dimensionamento da peça armada com armadura simples. Dessa forma, ao observarmos a figura anterior, podemos entender que a equação de equilíbrio gerada é (SILVEIRA, 2000): Resultando, para a altura de zona comprimida, no valor: E a armadura: Onde: Sobre a escolha da bitola, o espaçamento (φ) é feito para as bitolas comerciais com as seguintes recomendações (SILVEIRA, 2000): para a armação principal limitar 2h. Para as bitolas, adota-se um mínimo de 4mm e um máximo correspondente a um décimo da espessura da laje. O espaçamento Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 43 mínimo tem por finalidade facilitar a concretagem da laje, e o espaçamento máximo de 8cm visa garantir a uniformidade de comportamento admitida nos cálculos. Desse modo, ao adotarmos o espaçamento mínimo de 4mm, a área nominal da seção transversal de uma barra ( ) vai corresponder a 0,125cm e amassa referente à barra por metro linear ( ) será de 0,10kg/m. A figura a seguir mostra as bitolas comerciais mais utilizadas. Figura 32 - Bitolas Comerciais φ (mm) As1(cm) m1(kg/m) 4,0 0,125 0,10 5,0 0,200 0,16 6,3 0,315 0,25 8,0 0,500 0,40 10,0 0,800 0,63 Fonte: Silveira (2000, p. 16). Figura 33 - Bitolas admitidas Fonte: Silveira (2000, p. 16). Esforços em Lajes Armadas em Duas Direções (Em Cruz) Considere a laje esquematizada na figura a seguir apoiada em todo o seu contorno sobre vigas, sujeita à carga distribuída p. Figura 34 - Laje armada em duas direções Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 44 Fonte: Silveira (2000, p. 17). Geralmente são consideradas as seguintes hipóteses sim pli fi- cadoras: • Vigas rígidas à flexão. • Continuidade de lajes vizinhas, quando compõem o mesmo nível. A deformação da laje segundo os cortes A (paralela a ) e B (paralela a ) está esquematizada na figura a seguir: Figura 35 - Esquema deformação laje Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 45 Fonte: Silveira (2000, p. 17). Podemos observar a presença de curvaturas comparáveis de acordo com os dois cortes existentes, o que sugere a existência de momentos fletores comparáveis (SILVEIRA, 2000): mχ= momento por unidade de largura com plano de atuação paralelo a lχ lγ= momento por unidade de largura com plano de atuação paralelo a lγ Devemos considerar o corte genérico CC e a deformação sujeita a este corte. Identificamos também a presença de um momento, que pode ser expresso por: Esforços nas Lajes Isoladas Nas lajes os principais esforços a serem analisados são os momentos fletores máximos nos vãos e sobre os apoios (quando engastados). Existem tabelas que nos fornecem estes momentos máximos para alguns casos usuais de lajes maciças, algumas das mais usadas são as de Czerny e de Bares (Anexo 1 e Anexo 2). Nelas podemos observar mais detalhadamente os coeficientes adotados. Nos edifícios, onde o carregamento usual é constituído por carga distribuída uniforme, são muito úteis as tabelas de Czerny preparadas com coeficiente de Poisson (admitido para o concreto). Os momentos fletores extremos são dados por (SILVEIRA, 2000): As variáveis estão tabeladas em função dos seguintes parâmetros: • Tipo de carga (distribuída uniforme, por exemplo). • Condições de apoio da laje (tipo de apoio). • Relação ( ). Particularmente, interessa-nos o tipo de carga distribuída uniforme e os tipos de apoio indicados a seguir. Figura 36 - Tipos de apoios considerados Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 46 Fonte: Silveira (2000, p. 18). Método Simplificado Aplicado a Pisos de Edifícios Para os pisos usuais de edifícios residenciais e comerciais pode ser aplicado o método simplificado exposto a seguir (SILVEIRA, 2000): Lajes isoladas: inicialmente separam-se as lajes admitindo-se, para cada uma delas, as seguintes condições de apoio: • Apoio livre, quando não existir laje vizinha a este apoio. • Apoio engastado, quando existir laje vizinha no mesmo nível — o que permite a continuidade da armadura negativa de flexão de uma laje para a outra. • Vigas rígidas de apoio da laje. Desse modo, são calculados os momentos fletores máximos (em valor absoluto) nestas lajes isoladas ( ) Passamos a realizar a correção dos momentos fletores devido à continuidade entre as lajes vizinhas da seguinte forma: (SILVEIRA, 2000) Momentos sobre os apoios comuns às lajes adjacentes: pode ser adotado, para o momento fletor de compatibilização, o maior valor entre , onde são os valores absolutos dos momentos negativos nas lajes adjacentes junto ao apoio considerado, e m>, o maior momento entre . Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 47 Momentos nos vãos: em sobrecargas usuais nos edifícios podemos adotar os momentos fletores obtidos nas lajes isoladas, seguindo, portanto, sem nenhuma correção devido à continuidade. Para as sobrecargas maiores, convém efetuar essas correções. Da mesma forma que para as lajes armadas em uma só direção, as alturas úteis são dadas por: Podendo ser estimadas, nas lajes usuais, por: Passando para o cálculo de As: E a armadura: Onde: Armaduras mínimas: • Armaduras de vão: Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 48 • Armaduras sobre os apoios de continuidade: Escolha das barras: • Diâmetro: • Espaçamento entre barras: • Armadura nos vãos: • Armadura nos apoios: RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Para realizar o cálculo dos esforços solicitantes existentes em uma laje, devemos considerar as classificações das lajes, pois os comportamentos poderão se alterar mediante suas características. Lajes armadas em uma direção são lajes que têm flexão (curvatura) predominante de acordo com a direção paralela a um dos lados. São as lajes apoiadas em lados opostos (isoladas e contínuas, com ou sem balanços laterais) e as lajes “alongadas” apoiadas ao longo do perímetro. No caso de lajes isoladas, a faixa de largura unitária da laje vai corresponder a uma viga isolada sujeita a carga distribuída uniforme; no caso de laje em balanço, a faixa de largura unitária da laje vai corresponder à uma viga em balanço e o carregamento a ser identificado consiste na carga uniforme distribuída para uma mais concentrada P para que seja aplicada junto à extremidade do balanço; no caso de laje continua, essa faixa de largura unitária da laje será correspondente à uma viga contínua. Desenho e Cálculo Estrutural deEdificações 49 Lajes armadas em duas direções ou em cruz são lajes que têm curvaturas paralelas aos lados e valores comparáveis entre si. Esse tipo de laje é apoiado em todo seu contorno e tem lados não muito diferentes entre si . Nas lajes principais esforços são os momentos fletores máximos nos vãos e sobre os apoios (quando engastados). Existem tabelas que nos fornecem estes momentos máximos para alguns casos usuais de lajes maciças. Pode ser adotado, para o momento fletor de compatibilização, o maior valor entre , onde são os valores absolutos dos momentos negativos nas lajes adjacentes junto ao apoio considerado, e , o maior momento entre . Em sobrecargas usuais nos edifícios podemos adotar os momentos fletores obtidos nas lajes isoladas, seguindo, portanto, sem nenhuma correção devido à continuidade. Para as sobrecargas maiores, convém efetuar essas correções. Calculando os Momentos Fletores em uma Laje Maciça OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que são os momentos fletores e de que maneira eles operam nas lajes de concreto armado. Você entenderá também quais as características dos momentos fletores e como são realizados os cálculos desses esforços nas lajes. A partir daí, poderá entender as reações na estrutura decorrentes desses esforços aplicados. E então, motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 50 Momentos Fletores Solicitantes Ao pensarmos nos esforços atuantes nas lajes, essencialmente devemos considerar os momentos fletores e as flechas nas lajes maciças: eles são determinados de acordo com o sistema de laje adotado, podendo ser armada em uma ou em duas direções. Quando temos lajes armadas em uma direção, elas deverão ser calculadas como vigas segundo a direção principal; já nas lajes armadas em duas direções, podem ser aplicadas diferentes teorias. As principais são a Teoria da Elasticidade e a Teoria das Charneiras Plásticas (BASTOS, 2021). Lajes Armadas em uma Direção Nesse tipo de laje a flexão existente na direção do menor vão da laje é correspondente ao esforço de flexão da outra direção, de maneira que a laje esteja sendo suportada por uma viga com largura constante de um metro (100 cm), de acordo com a direção principal da laje. Na figura a seguir podemos observar esse fato e também os momentos fletores existentes (BASTOS, 2021). Figura 37 - Momentos fletores na laje armada em uma direção Fonte: Bastos (2021, p. 14). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 51 Na sequência de figuras a seguir (37, 38 e 39) são esquematizados os casos de vinculação possíveis quando são considerados apenas os apoios simples e engastes perfeitos. Nas figuras também estão indicadas as equações referentes a cada cálculo para estabelecimento das reações de apoio, dos momentos fletores máximos e das flechas imediatas, para que se tenha um carregamento uniformemente distribuído (BASTOS, 2021). Figura 38 - Laje armada em uma direção sobre apoios simples e com carregamento uniforme. Fonte: Bastos (2021, p. 14). Figura 39 - Laje armada em uma direção sobre apoio simples e engaste perfeito com carregamento uniforme. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 52 Fonte: Bastos (2021, p. 14). Figura 40 - Laje armada em uma direção bi engastada com carregamento uniforme. Fonte: Bastos (2021, p. 15). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 53 As lajes em balanço, assim como nas lajes que têm marquises e/ ou varandas, também são casos de lajes armadas em uma direção. Elas também devem ser calculadas de forma semelhante a uma viga e de acordo com a direção do menor vão (BASTOS, 2021). Figura 41 - Laje em balanço armada em uma direção Fonte: Bastos (2021, p. 15). Em casos de lajes armadas em uma direção contínua que têm duas bordas livres, o cálculo pode ser executado considerando a mesma como uma viga contínua de largura de um metro e na direção dos vãos dos apoios (BASTOS, 2021). Para obter os esforços e flechas máximas nas lajes devemos separar o carregamento total operante em dois carregamentos: permanente e variável. Para encontrar os esforços solicitantes máximos devemos aplicar os carregamentos nas lajes separadamente e, para isso, utilizamos primeiro o carregamento permanente e, na sequência, o carregamento variável. O próximo passo é somar esses esforços finais encontrados, para que assim seja possível obter os esforços desfavoráveis máximos (BASTOS, 2021). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 54 Figura 42 - Lajes contínuas armadas em uma direção Fonte: Bastos (2021, p. 16). Lajes Armadas em Duas Direções As lajes armadas em duas direções e apoiadas nos quatro lados têm um comportamento bem diferente das lajes armadas em uma direção e seu cálculo é mais trabalhoso. Quando temos a ação de um carregamento, a laje se apoia no trecho central dos apoios e, consequentemente, seus cantos tendem a se levantar. Figura 43 - Laje retangular com apoios simples nos quatro lados. Fonte: Leonhardt e Mönnig (1982) apud Bastos (2021, p. 16). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 55 De acordo com Bastos (2021), caso a laje esteja ligada às vigas de concreto ou caso existam pilares em seus cantos, o levantamento da laje fica impedido. Isso faz com que apareçam momentos fletores nos cantos da laje, sendo eles: • Negativos: que vão causar uma tração no lado superior da laje, na direção da diagonal. • Positivos: que vão operar na direção perpendicular à diagonal, causando tração no lado inferior da laje. Esses momentos que ocorrem nos cantos são chamados de momentos volventes ou momentos de torção, e recebem a notação de Mχγ. A principal direção dos momentos M1 e M2 pode ser observada na figura a seguir. Em seus cantos, os momentos principais vão ser desviados por influência dos momentos volventes. Já na região central da laje os momentos principais vão se desenvolver de maneira perpendicular às bordas e aos cantos com ângulos de 45°. Figura 44 - Direção dos momentos fletores principais Fonte: Leonhardt e Mönnig (1982) apud Bastos (2021, p. 16). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 56 Os esforços solicitantes e as deformações nas lajes armadas em duas direções podem ser determinados por diferentes teorias, sendo algumas delas (BASTOS, 2021): • Teoria das Placas, que foi elaborada a partir da Teoria da Elasticidade e pode determinar os esforços e flechas em qualquer ponto da laje. • Processos aproximados. • Método das Linhas de Ruptura ou das Charneiras Plásticas. • Métodos Numéricos, como os elementos finitos, de contorno etc. Na Teoria das Placas, o material é elástico linear (Lei de Hooke), homogêneo e isótropo. Esse sistema vai proporcionar uma equação geral das placas (equação diferencial de quarta ordem, não homogênea), que vai relacionar a deformação elástica w da placa com a carga p unitária, a distribuindo uniformemente na área da placa (BASTOS, 2021). A fórmula da equação é: Onde: W = deslocamento vertical da placa. P = carregamento na placa. D = rigidez da placa à flexão, dada por: Devido à resolução complexa, foram criadas diversas tabelas, de diferentes origens e autores, com a finalidade de estabelecer os coeficientes que resultam do cálculo dos momentos fletores e das flechas para casos já determinados de apoios e carregamentos. Há diversas tabelas de autores como Czerny, Stiglat/Wippel, Bares, Szilard etc. e todas essas tabelas abrangem os casos de lajes retangulares, triangulares, circulares, apoiadas em pilares, com bordas livres etc., sob carregamento uniforme e triangular (BASTOS, 2021). De acordo com as tabelas de Bares, os momentos fletores, negativos ou positivos, são calculados pela expressão: Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 57 Onde: M = momento fletor (kN.m/m). µ = coeficiente tabelado, de acordo com cadatipo de laje e em função de λ= lγ e lχ µχ e µγ= coeficientes para cálculo dos momentos fletores positivos atuantes nas direções paralelas a lχ e lγ, respectivamente. µ’χ e µ’γ= coeficientes para cálculo dos momentos fletores negativos atuantes nas bordas perpendiculares às direções lχ e lγ, respectivamente. p = valor da carga uniforme ou triangular atuante na laje (kN/m2). lχ = menor vão da laje (m). Compatibilização dos Momentos Fletores Quando consideramos as lajes de um pavimento isoladas umas das outras, podemos observar que os momentos fletores negativos em uma borda comum a duas lajes contíguas geralmente são diferentes (BASTOS, 2021). Podemos verificar essa informação analisando a figura a seguir. De acordo com a NBR 6118 (2014), é permitido que seja feita uma compatibilização dos momentos fletores negativos, da seguinte maneira: Quando houver predominância de cargas permanentes, as lajes vizinhas podem ser consideradas isoladas, realizando-se a compatibilização dos momentos sobre os apoios de forma aproximada. No caso de análise plástica, a compatibilização pode ser realizada mediante alteração das razões entre momentos de borda e vão, em procedimento iterativo, até a obtenção de valores equilibrados nas bordas. Permite-se, simplificadamente, a adoção do maior valor de momento negativo em vez de equilibrar os momentos de lajes diferentes sobre uma borda comum. (NBR 6118, 2014) Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 58 No geral, é muito utilizado um método de compatibilização no qual o momento fletor negativo (X) de duas lajes adjacentes é aplicado da seguinte maneira: Com: Com a utilização desse método os momentos fletores positivos são corrigidos e aumentados, conforme a necessidade do caso (isso pode ser observado na imagem a seguir). Caso ocorra a diminuição do momento fletor (alívio), este passa a não ser considerado. Vale lembrar que a compatibilização dos momentos positivos e negativos deve ser feita nas duas direções da laje (BASTOS, 2021). IMPORTANTE: Uma opção mais simplificada ao procedimento da compatibilização de momentos fletores é a adoção da maior armadura negativa para a borda comum — o que vai além de simplificar o cálculo, pois resulta um procedimento mais econômico. Figura 45 - Compatibilização dos momentos fletores negativos e positivos. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 59 Fonte: Bastos (2021, p. 18). Momentos Volventes Podemos verificar que nos cantos das lajes com bordas apoiadas aparecem momentos fletores negativos (que resultam em uma tração no lado superior da laje na direção da diagonal) e positivos (gerados na direção perpendicular à diagonal, que causam tração no lado inferior da laje). Esses momentos gerados nos cantos da laje são conhecidos como momentos volventes ou momentos de torção, e recebem a notação de Mχγ (BASTOS, 2021). O cálculo da disposição das armaduras que deverão compor as lajes para equilibrar esses momentos volventes deverá ser realizado de maneira conveniente a essa geração de momentos (BASTOS, 2021). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 60 Podemos observar a forma como eles são dispostas de acordo com a figura a seguir. Figura 46 - Armadura de momentos volventes nos cantos Fonte: Bastos (2021, p. 19). RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Ao pensarmos nos esforços atuantes nas lajes, essencialmente devemos considerar os momentos fletores e as flechas nas lajes maciças. Eles são determinados de acordo com o sistema de laje adotado, podendo ser armada em uma ou em duas direções. Quando temos lajes armadas em uma direção, deverão ser calculadas como vigas segundo a direção principal, já nas lajes armadas em duas direções podem ser aplicadas diferentes teorias. Nas lajes armadas em uma direção, a flexão existente na direção do menor vão da laje é correspondente ao esforço de flexão da outra direção, de maneira que a laje esteja sendo suportada por uma viga com largura constante de um metro (100 cm), de acordo com a direção principal da laje. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 61 As lajes armadas em duas direções e apoiadas nos quatro lados têm um comportamento bem diferente das lajes armadas em uma direção e o cálculo delas é mais trabalhoso. Quando temos a ação de um carregamento, a laje se apoia no trecho central dos apoios e, consequentemente, seus cantos tendem a se levantar. Quando consideramos as lajes de um pavimento isoladas umas das outras, podemos observar que os momentos fletores negativos em uma borda comum a duas lajes contíguas geralmente são diferentes. Podemos verificar que nos cantos das lajes com bordas apoiadas aparecem momentos fletores negativos (que resultam em uma tração no lado superior da laje na direção da diagonal) e positivos (gerados na direção perpendicular à diagonal, que causam tração no lado inferior da laje). Esses momentos gerados nos cantos da laje são conhecidos como momentos volventes ou momentos de torção. Anexo 1 – Tabelas Czerny Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 62 A seguir serão apresentadas as tabelas de Czerny, conforme SANTOS (2014) apud AZEVEDO (2017). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 63Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 64 Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 65Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 66 Anexo 2 – Tabelas de Bares A seguir são apresentadas as tabelas de Bares extraídas de PINHEIRO et al. (2010) apud AZEVEDO (2017). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 67Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 68 Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 69 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. AZEVEDO, C. S. Comparação dos valores de momentos solicitantes em placas com quatro apoios com e sem a consideração da rigidez dos apoios. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 2017. ALMEIDA, L. C. Elementos estruturais. Campinas/SP: Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, 2006. ARAÚJO, J. M. Lajes maciças de concreto armado. Rio Grande do Sul: Universidade Federal do Rio Grande - FURG, 2020. BASTOS, P. S. Lajes de concreto armado. Bauru/SP: Universidade Estadual Paulista - UNESP, 2021. MORILLA, J. C. Estática nas estruturas. São Paulo: Universidade Santa Cecília, 2010. PINHEIRO, L. M. et al. Lajes maciças. Campinas/SP: Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, 2003. SILVEIRA, M. Referência para cálculo de concreto armado. São Paulo: Universidade de São Paulo – USP, 2000. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações Exemplos de Esquemas Estáticos para Lajes Maciças Lajes Maciças Vãos Livres, Vãos Teóricos e Classificação das Lajes Esquemas Estáticos Tipos de Condições de Vinculação para Lajes Isoladas Lajes Isoladas Vinculação de Lajes Isoladas Calculando os Esforços Solicitantes em uma Laje Maciça Lajes Maciças Retangulares Esforços em Lajes Armadas em uma Direção Esforços Solicitantes Dimensionamento à Flexão Esforços em Lajes Armadas em Duas Direções (Em Cruz) Esforços nas Lajes Isoladas Método Simplificado Aplicado a Pisos de Edifícios Calculando os Momentos Fletores em uma Laje Maciça Momentos Fletores Solicitantes Lajes Armadas em uma Direção Lajes Armadas em Duas Direções Compatibilização dos Momentos Fletores Momentos Volventes
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