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INTRODUÇÃO 
Para que o certificado de aperfeiçoamento FGV/FIFA/CIES Gestão 
de Esportes seja obtido, um dos requisitos é a entrega do Projeto Esportivo. 
Diante disso, a finalidade do Projeto Esportivo que deve ser desenvolvido 
é possibilitar a elaboração de um estudo, com base acadêmico-científica, a 
partir do aprofundamento de temas abordados no curso. 
Ao longo do curso, você estudou: Gestão Estratégica de Esportes, 
Comunicação de Eventos Esportivos, Direito Desportivo, Gestão 
Financeira, Marketing Esportivo e Estratégias de Patrocínio. Agora, em 
Metodologia para Construção de Projetos Esportivos, você terá a 
oportunidade de marcar o seu último gol do curso. 
Metodologia para Construção de Projetos Esportivos vem ajudá-lo 
a realizar o sonho de concluir o curso com um Projeto Esportivo de 
excelência, que lhe dará muito orgulho. Você, profissional que atua ou 
pretende atuar na cadeia produtiva do esporte, gestor de entidades 
desportivas, que deseja se preparar para posições gerenciais e de liderança 
no segmento, terá a oportunidade de fazer um Projeto Esportivo e 
apresentá-lo para o mundo. 
Nesse sentido, você pode optar por desenvolver um projeto com 
base nas disciplinas que estudou e na experiência que possui. As partes 
fundamentais do Projeto Esportivo serão: problema de pesquisa, 
referencial teórico, metodologia, análise e conclusão. 
A vivência dos alunos será valorizada e aproveitada para também 
ajudar na produção de projetos que aproximam a teoria da prática. Os 
critérios de avaliação do Centro Internacional de Estudos do Esporte 
(Cies) também serão tratados, quais sejam: relevância do tema, 
originalidade, qualidade das análises, relevância dos métodos utilizados, 
relevância das fontes utilizadas, uso de conteúdo do curso 
FGV/FIFA/CIES Aperfeiçoamento em Gestão de Esportes, qualidade 
das conclusões e qualidade do relatório. 
 
 
O objetivo geral desta disciplina é analisar as diferentes formas da pesquisa científica, das 
metodologias e dos instrumentos de coleta de dados, bem como da formatação e apresentação de 
projetos esportivos. Por sua vez, os objetivos específicos são: 
� Identificar os conceitos fundamentais na área de metodologia. 
� Relacionar os conceitos fundamentais com o processo de elaboração de um projeto. 
� Elaborar projetos. 
� Apresentar projetos esportivos de excelência. 
 
 
 
SUMÁRIO 
MÓDULO I – FUNDAMENTOS DO TRABALHO CIENTÍFICO ................................................................ 9 
SABER HUMANO ................................................................................................................................ 9 
Humanidade e conhecimento .................................................................................................. 9 
Conhecimento religioso ..................................................................................................... 10 
Conhecimento do senso comum ..................................................................................... 10 
Conhecimento tácito .......................................................................................................... 10 
Conhecimento filosófico .................................................................................................... 11 
Conhecimento científico .................................................................................................... 11 
Conhecimento científico nas ciências sociais ...................................................................... 11 
Teorias ....................................................................................................................................... 13 
PESQUISA CIENTÍFICA ...................................................................................................................... 14 
Revisão de literatura ................................................................................................................ 14 
Fichamento ............................................................................................................................... 14 
Delimitação do problema de pesquisa ................................................................................. 15 
Formulação de hipóteses ....................................................................................................... 16 
PLANEJAMENTO DA PESQUISA ....................................................................................................... 18 
Introdução ................................................................................................................................ 18 
Objetivo geral ........................................................................................................................... 19 
Objetivos específicos ............................................................................................................... 20 
Referencial teórico ................................................................................................................... 20 
Importância do estudo ............................................................................................................ 22 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................................... 23 
Pesquisa qualitativa ................................................................................................................. 23 
Métodos ............................................................................................................................... 23 
Pesquisa quantitativa .............................................................................................................. 24 
Métodos ............................................................................................................................... 24 
Pesquisa mista ......................................................................................................................... 24 
Métodos ............................................................................................................................... 25 
CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA ................................................................................... 25 
Quanto à natureza ................................................................................................................... 25 
Pesquisa básica ................................................................................................................... 25 
Pesquisa aplicada ............................................................................................................... 25 
Quanto aos objetivos .............................................................................................................. 26 
Pesquisa exploratória ........................................................................................................ 26 
Pesquisa descritiva ............................................................................................................. 26 
Pesquisa explicativa ........................................................................................................... 26 
Quanto aos procedimentos .................................................................................................... 26 
Pesquisa experimental ...................................................................................................... 26 
Pesquisa bibliográfica ........................................................................................................ 27 
 
 
Pesquisa documental ......................................................................................................... 27 
Pesquisa de campo ............................................................................................................ 27 
Pesquisa ex post facto .........................................................................................................27 
Pesquisa de levantamento ................................................................................................ 27 
Pesquisa survey .................................................................................................................. 28 
Estudo de caso .................................................................................................................... 28 
Pesquisa participante......................................................................................................... 29 
Pesquisa ação ..................................................................................................................... 30 
Pesquisa etnográfica .......................................................................................................... 30 
MÉTODOS DE COLETA DE DADOS ................................................................................................. 31 
Entrevista dirigida .................................................................................................................... 31 
Entrevista semidirigida ............................................................................................................ 31 
Entrevista não dirigida ............................................................................................................ 32 
Formulários............................................................................................................................... 33 
Questionários ........................................................................................................................... 33 
Observação participante ......................................................................................................... 34 
Observação não participante ................................................................................................. 34 
Sociometria ............................................................................................................................... 34 
História de vida ........................................................................................................................ 35 
Narrativas .................................................................................................................................. 35 
Escalas sociais .......................................................................................................................... 35 
Técnica de associação ............................................................................................................. 36 
Grupo focal ............................................................................................................................... 36 
MÓDULO II – ELABORAÇÃO DO PRÉ-PROJETO E DO PROJETO ....................................................... 37 
ETAPAS INICIAIS ................................................................................................................................ 37 
Escolha do eixo temático ........................................................................................................ 37 
Escolha do tema ....................................................................................................................... 39 
Formação do time .................................................................................................................... 43 
Matriz do pré-projeto .............................................................................................................. 44 
Exemplo de pré-projeto .......................................................................................................... 44 
DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................ 47 
Referencial teórico ................................................................................................................... 47 
Metodologia .............................................................................................................................. 48 
Coleta e tratamento de dados ............................................................................................... 49 
ETAPAS FINAIS .................................................................................................................................. 50 
Conclusão do projeto .............................................................................................................. 50 
Entrega e defesa ...................................................................................................................... 50 
MÓDULO III – EDIÇÃO DO PROJETO FINAL ....................................................................................... 53 
ESTRUTURA DO TEXTO .................................................................................................................... 53 
Trabalhos acadêmicos ............................................................................................................ 53 
 
 
Estrutura do trabalho .............................................................................................................. 54 
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS............................................................................................................. 55 
Capa ........................................................................................................................................... 55 
Folha de rosto........................................................................................................................... 55 
Folha de aprovação ................................................................................................................. 56 
Dedicatória e agradecimentos ............................................................................................... 56 
Epígrafe ..................................................................................................................................... 56 
Resumo na língua vernácula .................................................................................................. 57 
Resumo em língua estrangeira .............................................................................................. 57 
Lista de ilustrações .................................................................................................................. 57 
Lista de tabelas ........................................................................................................................ 57 
Lista de abreviaturas e siglas ................................................................................................. 58 
Sumário ..................................................................................................................................... 58 
ELEMENTOS TEXTUAIS .................................................................................................................... 58 
Introdução ................................................................................................................................ 58 
Desenvolvimento ..................................................................................................................... 58 
Conclusão .................................................................................................................................. 59 
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS ............................................................................................................ 60 
Referências bibliográficas ....................................................................................................... 60 
Regras gerais de referências ............................................................................................. 60 
Modelos de referências ..................................................................................................... 61 
Apêndices ..................................................................................................................................64 
Anexos ....................................................................................................................................... 64 
REGRAS GERAIS ................................................................................................................................ 65 
Formatação de texto ............................................................................................................... 65 
Digitação .............................................................................................................................. 65 
Impressão ............................................................................................................................ 65 
Paginação ............................................................................................................................ 65 
Margens ............................................................................................................................... 66 
Espacejamento.................................................................................................................... 66 
Indicativos de seção ........................................................................................................... 66 
Títulos ................................................................................................................................... 67 
CITAÇÕES .......................................................................................................................................... 67 
Tipos de citações ...................................................................................................................... 67 
Regras de citações ................................................................................................................... 67 
MÓDULO IV – PROJETOS ESPORTIVOS DE EXCELÊNCIA ................................................................... 71 
PREPARAÇÃO DE PROJETOS ........................................................................................................... 71 
Ciências sociais ......................................................................................................................... 71 
Projetos ..................................................................................................................................... 71 
INCENTIVO AO ESPORTE ................................................................................................................. 72 
Lei Federal de Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/06) ....................................................... 72 
 
 
Incentivo ao esporte ................................................................................................................ 73 
Captação com a Lei nº 11.438/06 .......................................................................................... 74 
Proponentes que captam com a Lei nº 11.438/06 .............................................................. 75 
CENTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DO ESPORTE ................................................................ 76 
Que é o Cies .............................................................................................................................. 76 
Premiação ................................................................................................................................. 77 
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO CIES E MELHORES EXEMPLOS ................................................... 77 
Relevância do tema ................................................................................................................. 77 
Originalidade do tema em relação aos estudos .................................................................. 78 
Originalidade, criatividade e pensamento independente na análise de problemas ..... 79 
Qualidade das análises ........................................................................................................... 79 
Relevância dos métodos utilizados ....................................................................................... 79 
Relevância das fontes utilizadas ............................................................................................ 80 
Uso de conteúdo do FIFA/CIES em Gestão de Esportes ..................................................... 80 
Qualidade das conclusões ...................................................................................................... 81 
Qualidade do relatório ............................................................................................................ 81 
PROJETOS ESPORTIVOS DE EXCELÊNCIA ....................................................................................... 82 
Projetos esportivos de excelência no Brasil ......................................................................... 82 
Projeto Boxe Vidigal ........................................................................................................... 82 
Projeto Jogo da Paz ............................................................................................................ 83 
Projetos esportivos de excelência no mundo ...................................................................... 84 
Projeto Juventude na Islândia ........................................................................................... 84 
Mandela, esporte e inclusão ............................................................................................. 85 
Projetos vencedores do FIFA/CIES em Gestão de Esportes ............................................... 86 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 88 
BIBLIOGRAFIA COMENTADA .............................................................................................................. 92 
PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 93 
 
 
 
 
 
 
No primeiro módulo, refletiremos sobre o saber humano e a pesquisa científica. 
Identificaremos os tipos de conhecimentos e priorizaremos o conhecimento científico. 
Ressaltaremos também as etapas de planejamento, procedimentos, classificação e métodos da 
pesquisa científica. Destacaremos todas as principais etapas como problema de pesquisa, passando 
por objetivos e outros, até os métodos de coleta de dados. Durante todo o módulo, daremos 
exemplos de projetos esportivos. 
 
Saber humano 
Humanidade e conhecimento 
A ciência está muito perto de nós, e em todos os momentos os nossos conhecimentos acerca 
das coisas no nosso entrono são contaminados pela produção científica. O conhecimento científico 
entra no nosso meio social por intermédio de agentes como a mídia ou de instituições como a escola. 
O que sabemos não é, exatamente, o saber científico puro, mas algo misturado com outros 
tipos de saberes. Sim, existe mais de um tipo de saber, retomaremos isso mais à frente. Desse modo, 
parte das nossas atitudes e dos nossos comportamentos deriva desses conhecimentos misturados, 
pois todos eles juntos formam um conhecimento social. Então, antes de continuarmos, é preciso 
distinguir os tipos de conhecimentos que existem. 
Lakatos e Marconi (2011) podem ajudar-nos nessa distinção entre conhecimento 
religioso; conhecimento do senso comum; conhecimento tácito; conhecimento filosófico e 
conhecimento científico. 
MÓDULO I – FUNDAMENTOS DO 
TRABALHO CIENTÍFICO 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Conhecimento religioso 
Esta variante de conhecimento é bastante antiga e se baseia na fé religiosa. Sendo dogmática, 
apresenta verdades absolutas. Só a fé pode dar explicações para a diversidade de mistérios que 
circundam a vida humana. 
Não carece de verificações, pois o sagrado é condição suficiente para atestar verdades, e os 
seus valores são incontestáveis. Não podemos,entretanto, fixar o nosso pensamento em 
conhecimentos inerentes a apenas uma religião específica, pois falar em conhecimento religioso é 
falar em todo tipo de conhecimento advindo da fé. 
Os gregos, por exemplo, muito antes do nascimento da fé cristã, criam que Deméter lhes 
proporcionava a alimentação, sendo, portanto, uma deusa relacionada à agricultura, na mitologia 
grega. Assim, o conhecimento religioso não é inferior aos demais tipos de conhecimento, ele tem o 
seu lugar e a sua importância nas sociedades. 
 
Conhecimento do senso comum 
Também conhecido como conhecimento empírico ou popular, que se baseia na experiência 
e na observação. À medida que o ser humano se engaja no mundo, ele constrói o seu saber empírico, 
a partir da sua interação com as coisas e da observação de fenômenos. 
Neste tipo de conhecimento não há uma preocupação direta com a reflexão crítica a respeito 
de observações. É espontâneo, trata-se de uma teoria ingênua baseada em deduções simples, mas 
com grande valor social. Dá-se na intersecção dos campos social, cultural e psicológico, 
operacionalizando comportamentos e atitudes dos indivíduos e grupos. Também tem a sua 
importância, pois muito do que sabemos hoje é derivado do conhecimento popular, como o uso 
do fogo, por exemplo. 
 
Conhecimento tácito 
Muito parecido com o conhecimento empírico, ele se baseia na experiência individual do ser 
humano ao longo da vida, é o conhecimento particular do indivíduo. Por ser um modelo de saber 
subjetivo, dificilmente pode ser explicado para outra pessoa. A própria etimologia da palavra tácito 
vem do latim, tacitus, e significa “implícito, silencioso ou não expresso em palavras”. 
Uma das formas mais eficientes de se transmitir esse conhecimento é por meio da convivência 
próxima cotidiana. Por se tratar de habilidades e qualidades individuais, é bastante importante para 
a sociedade. Um mateiro, por exemplo, tem a habilidade de se locomover pelas matas com grande 
destreza; assim, as suas habilidades podem ser muito úteis para encontrar pessoas perdidas na mata, 
ou orientar expedições, por exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
 
Conhecimento filosófico 
Assim como o conhecimento empírico, o filosófico também surge a partir das relações do 
homem com o mundo na sua vida cotidiana, entretanto, aflora de reflexões e especulações a fim de 
responder questões que o cercam, sejam elas de ordem imaterial ou subjetivas. 
A sua construção é fruto da capacidade reflexiva do ser humano. Está em constante 
transformação e distancia-se do conhecimento científico à medida que não necessita de 
comprovação científica, mas é fruto de um conhecimento racional. 
Acredita-se que os gregos foram os primeiros a sistematizar esse tipo de conhecimento, sendo 
Sócrates um divisor do conhecimento filosófico no estudo da Filosofia. Este tipo de conhecimento 
é de grande relevância para a humanidade, pois conceitos que buscam explicar a vida humana e o 
mundo advêm de saberes filosóficos. 
 
Conhecimento científico 
Trata-se do conjunto de saberes cientificamente comprovados. Hoje, sabe-se que a 
comprovação científica é aproximativa e provisória. Nas ciências, diversas teorias que tiveram 
grande valia em determinadas épocas foram refutadas com o avanço da epistemologia. 
Ele relaciona-se com o pensamento analítico e crítico, também com a lógica. As ciências 
preocupam-se com aquilo que pode ser estudado, testado e observado a partir de métodos inerentes 
às ciências. É de muita importância para o ser humano, e muitos medicamentos foram 
desenvolvidos a partir do conhecimento científico. 
Como é possível perceber, todos os tipos de conhecimento são de grande valia para a 
humanidade, cada um na sua devida situação social. Não se pode valorizar um em detrimento de 
outro, o que ocorre é que eles têm os seus devidos lugares na vida humana. 
 
Conhecimento científico nas ciências sociais 
Agora, vamos ver como o conhecimento científico se insere nas ciências sociais? O tipo de 
conhecimento que priorizaremos aqui será o científico, pois esse conhecimento congrega os tipos 
de saberes necessários para a construção de um projeto acadêmico. 
Você sabia que não se pode pensar em um único tipo de ciência? Elas são divididas, 
basicamente, em ciências naturais e ciências sociais. A grande diferença entre esses dois tipos de 
ciência é o objeto de pesquisa, ou seja, a que cada uma delas se dedica a investigar e os métodos que 
usam para cumprir tal objetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
As ciências naturais, as primeiras a existirem, preocupam-se com as características da natureza, 
gerais e fundamentais, também se interessa em investigar as leis que a regem. Dentro desse tipo de 
ciência encontram-se, entre outros, a Astronomia, a Biologia, a Física e a Geologia. 
As ciências sociais, por sua vez, ocupam-se do estudo de objetos históricos, social e 
particularmente construídos em determinados espaços e tempos, conforme salienta Minayo 
(2009). Dentro desse tipo de ciência encontram-se, entre outros, a Psicossociologia, a 
Antropologia e a Sociologia. 
O trabalho que você desenvolverá será vinculado ao campo das ciências sociais. Vamos então 
aprender um pouco mais sobre esse tipo de ciência? 
Elas vieram posteriormente às ciências naturais. Dizer que o seu objeto é histórico é entender 
que o estudo em ciências sociais deve considerar, conforme indica Minayo (2009), que grupos 
sociais são marcados por um passado, que também lhes serve como referência para a construção do 
seu futuro. Logo, o estudo em ciências sociais tem caráter específico, por tratar de casos singulares; 
provisório, por ser marcado pela efemeridade, ou seja, o que é hoje, amanhã será diferente; e 
dinâmico, pela sua vivacidade. 
Minayo (2009) elucida, ainda, a questão da relação pesquisador e objeto de pesquisa, que 
possuem uma identidade em comum. Sendo assim, muitas vezes pesquisamos sujeitos e fenômenos 
muito parecidos com situações que vivenciamos na nossa vida. Algumas vezes, podemos, 
literalmente, ser parte do grupo social que investigamos. 
Para a pesquisadora, outro ponto a considerar é que não há ciência neutra, nem mesmo as ciências 
naturais, pois qualquer posicionamento tomado diante de um objeto de pesquisa – inclusive a escolha 
por ele, e não por outro – é tomado com base nas referências históricas e culturais do pesquisador. No 
entanto, ocorre que a sua produção ultrapassa os seus próprios interesses. 
Por fim, ela destaca que o objeto de pesquisa em ciências sociais é essencialmente qualitativo, 
já que a suntuosidade da realidade é tão grande que não cabe na sua totalidade em quaisquer teorias; 
portanto, as ciências sociais utilizam mecanismos que possibilitam uma aproximação da realidade. 
Isso ocorre pela transposição do fenômeno social em objeto de pesquisa, ou seja, uma 
simplificação da realidade, para que ela possa ser registrada, observada, analisada e para que a partir 
dela seja possível gerar informações. 
Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001) explicam que o discurso científico de um 
pesquisador em ciências sociais precisa ser claro, permitindo a crítica e a corroboração de outros 
pesquisadores. Para eles, o desenvolvimento das ciências é uma tarefa coletiva; assim, quando se 
produz algo em ciências, faz-se levando em consideração a produção já existente, ponderando um 
conjunto de conhecimentos construídos e partilhados pela comunidade científica. 
Ainda segundo os autores, o discurso científico precisa ser o mais claro e o menos ambíguo 
possível, explicando fenômenos, e não apenas descrevendo-os. 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
 
Teorias 
Você certamente já ouviu muitas pessoas falarem sobre teorias, não é mesmo? Mas o que a 
ciência entende como teoria? 
Todo conhecimento elaborado pela comunidade científica sobre determinado problema que 
nos ajuda a elucidá-lo é chamado de teoria. Essas teorias servem-nos como lentes de aumentopor 
onde enxergamos o nosso problema de pesquisa. Podemos dizer que teorias funcionam como 
peneiras, que separam o que é incumbência da nossa pesquisa daquilo que, apesar de muito 
interessante, não nos diz respeito (MINAYO, 2009). 
De modo geral, quando se investiga um fenômeno social, deve-se considerar o que a ciência 
já sabe sobre esse fenômeno, ou seja, o que outros pesquisadores já descobriram e revelaram em 
pesquisas anteriores às nossas. 
Esse arcabouço teórico, além de nos colocar atualizados a respeito do que vamos pesquisar, 
fornece um conjunto metodológico para que cheguemos ao nosso objetivo com a pesquisa. Afinal, 
para cada tipo de fenômeno social, existe um referencial teórico-metodológico específico. Assim, 
problemas relacionados a diferenças entre classes sociais podem com facilidade utilizar a teoria 
marxista. Por outro lado, quando se pretende investigar processos psicossociais, pode-se, 
simplesmente, lançar mão da teoria das representações sociais. 
Em síntese, para cada tipo de fenômeno, problema, processo existe uma teoria adequada para 
o estudo. Em caso de fenômenos até então desconhecidos, Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001) 
sugerem o uso de estudos exploratórios para descrever tais fenômenos, sendo, assim, um primeiro 
passo na constituição de um caminho para futuras possibilidades de explicação. 
Calçado pelo referencial teórico, quando o pesquisador vai para o campo de pesquisa coletar 
dados, ele já sabe exatamente quais são as técnicas mais indicadas para a coleta e posterior análise. 
Então, a teoria lhe dá bases para extrair do contexto social aquilo que é de fato relevante para a 
pesquisa. Portanto, podemos dizer que a teoria delimita o olhar do pesquisador àquilo que importa 
para a sua pesquisa, evitando o desperdício de recursos. 
Em resumo, as teorias: 
 
(a) Colaboram para esclarecer melhor o objeto de investigação; 
(b) Ajudam a levantar questões, a focalizar o problema, as perguntas e 
estabelecer hipóteses com mais propriedade; 
(c) Permitem maior clareza na organização dos dados; 
(d) E iluminam a análise dos dados, embora não possam direcionar 
totalmente essa atividade que deve se beneficiar dos achados empíricos, sob 
pena de anulação da originalidade propiciada pela pergunta inicial 
(MINAYO, 2009, p. 17). 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
Vale ressaltar que a teoria não deve ser vista como uma camisa de força. Ela orienta a pesquisa, 
mas existe liberdade do pesquisador em propor novas soluções para os problemas, podendo inclusive 
utilizar mais de uma teoria para compor o seu quadro teórico. 
 
Pesquisa científica 
Revisão de literatura 
Você já percebeu como é comum que as pessoas pensem que o cientista é um curioso que, 
rapidamente, elabora uma pesquisa? Isso é um engano, pois a pesquisa científica não é bem assim. 
Ocorre que o interesse por determinados problemas de pesquisa, normalmente, vem de 
pesquisas e leituras prévias do cientista. Então, em muitos casos, as pesquisas científicas ocorrem a 
partir da percepção de problemas, lacunas, falhas ou temas ainda não muito estudados em pesquisas 
anteriores. 
Os achados científicos não foram descobertos do nada, como muitos imaginam. Os avanços 
nas ciências não são obras de um único cientista isolado, mas resultam de um trabalho conjunto, 
feito ao longo da história da ciência. 
A pesquisa científica é um trabalho de continuidade, e as pesquisas vão evoluindo a partir de 
outras pesquisas já feitas. Não se recomeça do zero! Por isso, mesmo quando uma pesquisa científica 
não atinge o seu objetivo, ainda assim, ela tem grande validade para a ciência, uma vez que mostra 
para futuros pesquisadores que aquele percurso trilhado não ajuda a chegar ao objetivo pretendido. 
Assim, outro pesquisador que pretenda atingir o mesmo objetivo não seguirá aquele caminho 
trilhado pelo seu colega. Portanto, é de suma importância conhecer a produção científica feita sobre 
o tema que queremos pesquisar. Desse modo, dificilmente utilizaremos técnicas e métodos de 
pesquisa que não nos ajudarão a atingirmos o nosso objetivo. 
Além disso, se conhecermos os estudos feitos sobre o nosso tema, podemos fazê-lo avançar, 
fazendo novas investigações sobre ele, abordando novos aspectos do problema de pesquisa que ainda 
não foram abordados. 
 
Fichamento 
O fichamento é uma ficha onde você coloca informações sobre os textos que leu, importante 
para que você reserve informações úteis para a sua pesquisa. Ele deve conter: síntese das ideias do 
autor, citações que julgar relevantes, perguntas que o texto não responde acerca do problema, bem 
como os seus comentários pessoais e as suas reflexões sobre o que leu. 
Vamos ver mais detalhes sobre um fichamento? 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
 
 
Lakatos e Marconi (2007, p. 75) recomendam que se usem fichas, e o “formato internacional 
é de 7,5 cm x 12,5 cm. Se o pesquisador quiser acrescentar um resumo à referência, poderá utilizar 
a ficha de tamanho 7,5 cm x 15,5 cm. Nela devem ser anotados os elementos essenciais (referências 
bibliográficas), que permitam a identificação das publicações”. 
Os autores sugerem como elementos de referência bibliográfica para a ficha: 
a) Autor (sobrenome e nome); 
b) Organizador (se houver); 
c) Título e subtítulo (do livro ou artigo); 
d) Título original (quando tradução) ou tradução do título (quando 
em idioma pouco difundido); 
e) Tradutor, prefaciador, comentador etc.; 
f) Número de edição (a partir da segunda); 
g) Local de publicação; 
h) Editora; 
i) Ano de publicação; 
j) Editora; 
k) Ano de publicação; 
l) Número de páginas ou de volumes (se houver); 
m) Indicação de figuras, tabelas etc.; 
n) Título da série, número de publicação na série; 
o) Indicação de separata e 
p) Indicação de bibliografias e resumos (LAKATOS; MARKONI, 
2007, p. 75). 
 
Delimitação do problema de pesquisa 
A percepção de um problema ocorre a partir do interesse do pesquisador por um determinado 
tema e do bom conhecimento da literatura da área do tema em questão. Nesse caso, é fundamental 
que o pesquisador tenha familiaridade com as pesquisas mais recentes da área que deseja pesquisar. 
Então, dessa revisão de literatura, é possível verificar diversos problemas evidenciados por outros 
pesquisadores, que merecem aprofundamento. Também podemos encontrar diferenças entre 
resultados de diferentes pesquisas sobre um mesmo tema, assim, podemos identificar a necessidade 
de se realizar uma nova análise do problema (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2001). 
Depois que encontramos um problema interessante para a pesquisa, devemos delimitá-lo. A 
delimitação do problema deve ser feita por meio de uma apresentação do tema da pesquisa, que deve 
ser problematizado, “afunilado” até chegar ao problema, ou seja, a questão que se pretende responder. 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 O problema pode ser escrito em forma de perguntas que queremos responder com a pesquisa. 
Vale ressaltar que é muito importante que o tema seja bem contextualizado. A boa construção de 
um problema de pesquisa leva à formulação de boas hipóteses. 
Vamos então ver um exemplo de problema de pesquisa? 
 
Exemplo de problema de pesquisa de projeto esportivo a partir do artigo “O futebol como rito de 
integração e segregação no ambiente de trabalho” (IRIGARAY, 2008). 
Os esportes podem se tornar um instrumento de reificação de estereótipos de gênero, raça ou 
orientação sexual e, também, fator de integração e segregação nas interações sociais. No Brasil, 
especificamente, este papel cabe ao futebol. O futebol, ao favorecer ou inviabilizar interações 
sociais, delimita espaços no corpus social. No ambiente de trabalho, falar de futebol e jogar futebol 
são atividades fundamentais para o processo de socialização organizacional. Por isso, a pergunta 
de investigação desse artigo ficou assim formulada: até que ponto o futebol exerce uma função 
social de integração e segregaçãono ambiente de trabalho, nas organizações brasileiras? 
 
Formulação de hipóteses 
Hipóteses são respostas possíveis às questões ou aos problemas levantados anteriormente. A 
formulação de hipóteses ajuda a traçar um caminho possível para o estudo do problema em questão, 
mesmo quando não respondem, definitivamente, os problemas levantados. 
Conforme salienta Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001), hipóteses devem ser passíveis 
de teste e compatíveis com parte do conhecimento científico. Ou seja, devem ser apoiadas por 
conhecimentos científicos prévios. Portanto, é fundamental que o pesquisador tenha prévio 
conhecimento da situação, por isso a necessidade de um bom embasamento teórico, e isso se 
consegue com muitas leituras de pesquisas feitas sobre o tema que vamos investigar. 
Hipóteses estabelecem relações entre variáveis, portanto, só é necessária a formulação de 
hipóteses em pesquisas em que se pretenda controlar variáveis. O problema de pesquisa deve ser 
formulado sob a forma de pergunta e a hipótese sob a forma de afirmação. Depois da pesquisa, as 
hipóteses serão confirmadas ou refutadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
 
 
Vamos então ver um exemplo de hipóteses? 
 
Exemplo de hipóteses de projeto esportivo a partir do artigo “Reflexões sobre a produção do 
conhecimento em educação física e ciências do esporte” (NETO; GÜNTHER; BOSSLE; 
WITTIZORECKI; MOLINA, 2006). 
Veja primeiro o problema de pesquisa deste projeto: 
Qual o papel do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) no contexto da produção de 
conhecimento em Educação Física/Ciências do Esporte (EF/CE) no Brasil? 
Para construir as hipóteses de trabalho foi feita uma revisão bibliográfica nos anais dos 
Congressos Brasileiros de Ciências do Esporte (Conbrace) e na coleção completa da Revista 
Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE) e também visitaram demoradamente a página do 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e buscaram informações 
junto aos Programas de Pós-Graduação (PPGs) do País. 
As hipóteses elaboradas foram: 
1ª hipótese – O CBCE tem defendido atitudes e procedimentos científicos eticamente 
comprometidos com os interesses sociais dos segmentos majoritários da população, 
historicamente excluídos dos efeitos gerados pela produção científica da área de conhecimento. 
2ª hipótese – O CBCE tem defendido a pluralidade epistemológica entre os seus pesquisadores, 
a democratização dos recursos públicos para a pesquisa e estratégias que possibilitem o 
desenvolvimento científico equânime da EF/CE em todo o território nacional. 
3ª hipótese – O CBCE caracteriza-se como um balão de ensaio para projetos de pesquisa 
inovadores e identifica-se como um espaço de debate e reflexão político-epistemológicos sobre 
o conhecimento produzido em EF/CE. 
4ª hipótese – O CBCE tem contribuído com a pós-graduação stricto sensu em Educação Física e 
vem defendendo a pesquisa e a transferência do conhecimento nela produzido para a formação 
inicial em Educação Física. 
5ª hipótese – Há pouca convergência de interesses de pesquisa nas investigações realizadas no 
universo compreendido pelas linhas de pesquisa desenvolvidas na pós-graduação em EF/CE, 
pelos projetos de pesquisa apoiados pelas agências de fomento. 
 
Depois da pesquisa, todas as cinco hipóteses foram confirmadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Planejamento da pesquisa 
Introdução 
A introdução, em muitos projetos de pesquisa, acaba sendo o seu “calcanhar de Aquiles”, 
porque ela é um primeiro contato do leitor com o projeto. Então, se a sua introdução estiver 
malfeita, o seu projeto pode não ser aprovado. Então, como podemos nos prevenir para que isso 
não ocorra com as nossas introduções? 
Na introdução, o pesquisador deve apresentar o seu problema de pesquisa. Isso deve ser feito 
com a introdução do problema nas discussões feitas pela ciência acerca do tema escolhido. 
Mais uma vez, vale reforçar a importância de uma boa revisão de literatura, pois esse 
importante passo serve de base para a escrita da introdução. 
O pesquisador deve dar um panorama do problema em que a pesquisa se inscreve; 
posteriormente, deve apresentar as lacunas e inconsistências sobre o problema encontrados na 
literatura revista; em seguida, deve apresentar o problema da pesquisa. 
Conforme salientam Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001), na apresentação do 
problema, vale considerar a apresentação de dados numéricos que causem impacto no leitor. 
 
Para ilustrar o que se explica acima, apresentamos a seguir a introdução do projeto esportivo 
“Uma análise da gestão de pessoas nas organizações que atuam no esporte brasileiro: estudo de 
caso sobre um clube paulista de voleibol” (LIMA et al.). 
Apresentação de um panorama do problema onde a pesquisa se inscreve: 
A atividade esportiva suscita diversos sentimentos e comportamentos em um indivíduo fazendo 
com que ele a pratique, torça por uma equipe, compre produtos esportivos relacionados ou não 
à sua equipe e seja exigente na escolha de equipamentos para serem utilizados na prática. Há 
muito tempo a atividade esportiva pode ser considerada muito mais que um hábito de lazer, 
inúmeros precedentes históricos justificam tal afirmação, pois o esporte, assim como as mais 
diferentes atividades humanas, foi transformado em indústria, que produz produtos e serviços 
colocados à disposição dos consumidores no mercado. 
Com essas características, o esporte tem ganhado maiores dimensões e se tornado um mercado 
atraente, seja através da comercialização de produtos ou serviços, podendo se tornar um negócio 
lucrativo visado por empresas dentro do setor, como clubes e lojas de equipamentos esportivos, 
e fora dele, como empresas que enxergam uma oportunidade vantajosa ao atuar neste meio 
como patrocinadoras ou investidoras (CHELLADURAI, 2009; TOLEDO, 2006). 
Tendo esse contexto como pressuposto, a atividade em questão é gerida como qualquer item 
disponível para o mercado consumidor, entretanto a transformação do esporte em um produto 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
ou serviço não foi acompanhada por uma evolução em sua gestão, ocasionando o atraso da 
aplicação da teoria administrativa moderna nesse setor. 
Se a prática administrativa se preocupa no cotidiano com a solução dos problemas específicos e 
concretos que aparecem no mundo real das organizações, a teoria administrativa, por sua vez, 
se estabelece em uma compreensão mais profunda dos fenômenos administrativos em geral. 
Mesmo que tardia, com velocidade maior para algumas modalidades do que para outras, a 
percepção da necessidade de introduzir conceitos teóricos e práticos da administração no 
universo esportivo tem ganhado força e espaço, tanto no meio acadêmico quanto no mercado 
(SOUCIE, 2002). 
A terminologia Gestão do Esporte pode ser considerada uma nomenclatura mais atual, que 
remete a Administração Esportiva. Considerando que a Gestão é lançar mão de diversas funções 
e conhecimentos necessários para, através das pessoas, se atingirem os objetivos de uma 
organização de forma eficiente e eficaz, pode-se considerar que a Gestão do Esporte está 
relacionada com diversas funções em uma organização esportiva, relacionadas com 
conhecimentos e competências ligados ao Esporte e a Administração, que serão utilizados por 
pessoas competentes para se alcançar objetivos de forma eficiente e eficaz, levando em conta 
ainda que o conceito Gestão do Esporte pode ser interpretado de maneira diferente de cultura 
para cultura, de país para país (MAZZEI; BASTOS, 2012). 
Problemas revelados pela literatura: 
Mesmo que o Brasil seja reconhecido pelo bom desempenho de seus atletas em inúmeras 
modalidades, a evolução da gestão nesse setor se deu de forma desorganizada acarretando uma 
deficiência em diversos pontos importantes que constroem a problemática do atraso na gestão 
do esporte no Brasil, como exemplo a falta de gerenciamento estratégico de pessoas.Apresentação do problema de pesquisa: 
Atualmente, o fator humano constitui célula vital tanto das organizações esportivas como em 
qualquer outra organização e deve ser enxergado como o ativo mais importante embutido no 
produto ou serviço oferecido e sem o qual nada seria feito. Logo, a gestão de pessoas torna-se 
fator importante para a discussão acadêmica e para a problemática da gestão esportiva no Brasil 
(MOCSÁNYI; BASTOS, 2005). 
 
Objetivo geral 
O objetivo geral está ligado ao problema de pesquisa e deve ser formulado a partir de uma 
frase concisa e clara. Com a leitura do objetivo, o leitor deve entender claramente a intenção do 
projeto de pesquisa. 
Veja de forma bem simples: problema de pesquisa é a grande dúvida do projeto; hipóteses 
são possíveis respostas; e objetivo geral é a resposta final ao problema de pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
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Segue o objetivo do projeto esportivo “Uma análise da gestão de pessoas nas organizações que 
atuam no esporte brasileiro: estudo de caso sobre um clube paulista de voleibol” (LIMA, et al.). 
Apresentação do objetivo: 
A trajetória de sucesso do voleibol pode trazer com ela respostas para a atual necessidade da 
gestão esportiva no Brasil. Considerando o capital humano como peça-chave para o bom 
desempenho de qualquer organização este trabalho teve como objetivo verificar como um clube 
de voleibol brasileiro gerencia o capital humano, identificando a existência e o desenvolvimento 
de cada processo de gestão de pessoas em suas atividades. 
 
Objetivos específicos 
Os objetivos específicos são mais detalhados que o objetivo geral e também ajudam a chegar 
ao objetivo geral. 
 
Veja exemplos de objetivos específicos a partir do artigo “Análise da carreira esportiva de jovens 
atletas de futebol na transição da fase amadora para a fase profissional: escolaridade, iniciação, 
contexto sócio-familiar e planejamento da carreira” (MARQUES; SAMULSKI, 2009). 
Objetivos do estudo: 
a) Levantar dados relativos à escolaridade dos atletas. 
b) Identificar fatores relevantes na formação esportiva inicial dos atletas. 
c) Caracterizar o contexto familiar e social dos atletas. 
d) Identificar os fatores que influenciam no planejamento da carreira esportiva dos 
atletas. 
 
Todos os objetivos devem ser escritos com o verbo no infinitivo. 
 
Referencial teórico 
Aqui é importante mostrar a linha de pesquisa científica que está sendo seguida. O caminho 
teórico que está sendo adotado. O quadro teórico também indica a metodologia a ser adotada. 
Assim, define o modo como olharemos para o nosso problema de pesquisa. 
Devemos apresentar os conceitos e as proposições que servirão de pressupostos para a nossa 
pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Segue quadro teórico do projeto esportivo “Governança corporativa nos esportes: análise dos 
últimos 23 anos de produção acadêmica em periódicos internacionais” (RIBEIRO; COSTA; 
FERREIRA, 2015). 
Apresentação do quadro teórico norteador da pesquisa: 
Nos últimos anos, o esporte, como um todo, vem sofrendo muitas modificações, que passam a 
apontar a importância desse setor na atividade econômica e o papel desempenhado pelas 
organizações esportivas na inclusão social (ALVES; PIERANTI, 2007). Neste panorama, ressalta-se 
a importância da governança nos esportes para a gestão das organizações esportivas (FERKINS, 
2007). Contudo, tal tema ainda foi pouco explorado pelos pesquisadores, entretanto, há um 
pequeno, mas em evolução, número de estudos que buscam evidenciar a governança nos 
esportes, principalmente pesquisas com o foco no Conselho de Administração (FERKINS, 2007). 
Algumas teorias, tais como a Teoria dos Stakeholders (FREEMAN, 1984), a Teoria dos Recursos 
(BARNEY, 1991) e, principalmente, a Teoria da Agência (JENSEN; MECKLING, 1976), que é a Teoria 
dominante de Governança Corporativa desde o trabalho pioneiro de Berle e Means (1932) (HOLT, 
2009), têm sido empregadas para explicar o fenômeno da governança nos esportes (FERKINS; 
SHILBURY, 2012), que é um dos principais desafios deste século para as entidades esportivas 
(GROENEVELD, 2009). 
O termo “sport governance” (HOYE; CUSKELLY, 2003) surgiu pela primeira vez, na literatura 
acadêmica, no trabalho de Chalip (1995), como forma de melhorar a política, a formulação e 
implementação estratégica das organizações esportivas. Assim, a “sport governance” evidencia 
as boas práticas de Governança Corporativa no contexto do esporte (FERKINS; SHILBURY, 2012). 
De maneira geral, a Governança Corporativa tem uma linhagem antiga quanto à formação de 
empresas (VINTEN, 1998), fornecendo um ponto de partida útil para melhor entender como se 
aplica a governança nas organizações esportivas, sendo elas amadoras ou profissionais, a partir 
de uma perspectiva da gestão do esporte, bem como sob a ótica de fatores econômicos, políticos 
e sociais que impactam nas funções da governança promulgada dentro de organismos 
desportivos (HOYE; CUSKELLY, 2003). 
A governança nos esportes é responsável pelo funcionamento e pela direção geral da 
organização esportiva e é componente preponderante na institucionalização de códigos de boas 
práticas de Governança Corporativa em organismos públicos e/ou privados, agências e equipes 
profissionais de esporte em todo o mundo (FERKINS et al., 2009; MCNAMEE; FLEMING, 2007). 
Em suma, a Governança Corporativa é essencial para que as organizações desportivas sejam 
administradas de maneira eficaz e sobrevivam às difíceis circunstâncias econômicas que cercam 
o cenário esportivo. Diante desta visão e para melhor entender esta relação, seguem adiante 
algumas pesquisas internacionais e nacionais que evidenciam a importância que a Governança 
Corporativa tem para o esporte. 
 
 
 
 
 
 
 
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Michie e Oughton (2005) analisaram a Governança Corporativa de clubes profissionais de futebol 
que disputaram a England’s Premier and Football Leagues, por meio de suas respectivas 
demonstrações financeiras. Verificaram que muitos clubes se beneficiaram com as boas práticas 
de governança, como, por exemplo, a evidenciação mais transparente de informações, contudo, 
também destacaram que os padrões de governança destes clubes são inferiores aos de 
empresas listadas na Bolsa de Valores de Londres. 
Marques e Costa (2009) fizeram um estudo comparativo entre três agremiações de futebol no 
estado de São Paulo: Santos Futebol Clube, Botafogo Futebol Clube e Paulista Futebol Clube. Tal 
pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso múltiplo, que possibilitou que fosse 
analisada a aplicação das boas práticas de Governança Corporativa nestes clubes. Os autores 
verificaram que a Governança Corporativa pode se constituir num importante diferencial 
competitivo para estas entidades esportivas, contribuindo para a profissionalização de sua 
gestão e sua legitimação perante aos seus stakeholders. 
 
Importância do estudo 
Por mais que você tenha plena certeza de que o seu projeto tem muita impotência, é preciso 
comunicar isso a quem vai ler o projeto. Vamos ver como se faz? 
Aqui, você deve esclarecer a relevância de estudo. Isso pode ser explicado mostrando a 
importância do trabalho para a criação de políticas públicas, para a melhoria de práticas 
profissionais e para o avanço do conhecimento em determinada área científica, por exemplo 
(ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2001). 
Vale ressaltar a importância de indicar, na literatura revista, dados que vão ao encontro dos seus 
objetivos com a pesquisa. Pode-se, também, mostrar elementos como tabelas, quadros e resultados de 
pesquisas quantitativas que sirvam de apoio para ratificar a importância do seu estudo. 
Pesquisas do tipo censo e survey podem ser boas aliadas nessa etapa. Para isso, é fundamental 
que você tenha feito uma boa revisão bibliográfica e com bons fichamentos. 
As informações contidas nos fichamentos são muito úteis durante todo o processo de 
pesquisa,pois a qualquer momento o pesquisador pode recorrer às suas anotações para utilizá-las 
no seu texto. 
 
Veja exemplo de relevância do projeto esportivo “O futebol como rito de integração e segregação 
no ambiente de trabalho” (IRIGARAY, 2008). 
Esta pesquisa torna-se relevante por seu ineditismo em estudar a correlação do futebol, importante 
manifestação cultural brasileira, e seu papel nas interações sociais nos ambientes de trabalho. 
Ademais, sob a ótica da ética organizacional (PAUCHANT, 2006), uma melhor compreensão da 
realidade das mulheres e dos indivíduos homossexuais no ambiente de trabalho poderá resultar 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
em sugestões que contribuam para a melhoria tanto de sua qualidade de vida quanto do 
ambiente organizacional (MORIN, 2006). 
Não obstante, esta pesquisa é espaciotemporalmente limitada, dado que a coleta de dados se 
restringiu a grandes empresas, nas áreas metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, entre os 
anos de 2005 e 2008. 
 
Procedimentos metodológicos 
Pesquisa qualitativa 
Esse tipo de pesquisa se preocupa com o aprofundamento na compreensão de um problema 
inserido em um determinado contexto social. Nele, a interpretação dos dados pelo pesquisador é 
muito importante. Nesse caso, o pesquisador deve ter muito cuidado para não contaminar os dados 
da sua pesquisa com preconceitos e opiniões pessoais. 
Contaminar os dados significa interferir neles de maneira que a pesquisa perca a sua validade 
científica. Creswell (2010, p. 26) define a pesquisa qualitativa como “um meio para explorar e entender 
o significado que os indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano”. 
 
Métodos 
Para Creswell (2010), um conjunto variado de métodos está relacionado à pesquisa 
qualitativa, como coleta aberta de dados, análise textual verbal ou não verbal e a representação de 
informações em figuras e em quadros. 
 
Veja exemplo de pesquisa qualitativa do projeto esportivo “O futebol como rito de integração e 
segregação no ambiente de trabalho” (IRIGARAY, 2008). 
O futebol é um importante meio de interação social, inclusive no ambiente de trabalho. No 
entanto, esta prática esportiva tem se revelado a verdadeira reificação da hegemonia masculina, 
na medida que exclui as mulheres e os gays. Neste sentido, este estudo buscou investigar como 
o futebol exerce uma função social de integração e segregação no ambiente de trabalho, nas 
organizações brasileiras. Foi conduzida uma pesquisa de campo em 38 diferentes empresas, no 
Rio de Janeiro e São Paulo, entre os meses de agosto de 2005 e março de 2008, na qual foram 
ouvidos homens e mulheres, hétero e homossexuais. Os homens heterossexuais revelaram que 
falar de futebol e participar das peladas é um meio de se identificarem, estreitarem laços de 
amizade e cumplicidade e ter acesso a informações e privilégios. As mulheres, tanto as hétero 
quanto as homossexuais, bem como os gays, têm ciência deste papel das práticas esportivas nas 
 
 
 
 
 
 
 
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corporações, aquiescem aos ritos e rituais da hegemonia masculina e se engajam em uma 
estratégia notadamente defensiva. Estes grupos também revelaram que estas práticas 
segregacionistas causam-lhes sofrimento e sequestro seu senso de pertencimento às 
organizações, nas quais eles estão inseridos. 
 
Pesquisa quantitativa 
Desse tipo de pesquisa emergem dados numéricos, e o produto pode ser quantificado. O 
método quantitativo pretende mensurar um problema em quantidade. 
Para Creswell (2010), por meio da pesquisa quantitativa podem-se testar teorias objetivas, 
analisando o tipo de relação que há entre as suas variáveis. 
 
Métodos 
Para Creswell (2010), os métodos quantitativos podem ser envolvidos nas etapas de coleta, 
análise, interpretação e redação dos resultados de uma pesquisa. Vamos ver um exemplo de 
pesquisa quantitativa? 
 
Veja exemplo de pesquisa quantitativa do projeto esportivo “Satisfação de estudantes 
universitários de Educação Física com experiências acadêmicas” (PEREIRA, 2018). 
A presente pesquisa se caracteriza como descritiva, com abordagem quantitativa dos dados 
(FERREIRA, 2015). A população estudada foi composta de 494 estudantes matriculados nos cursos 
de formação inicial em Educação Física de uma universidade pública do estado de Santa 
Catarina/Brasil, sendo 236 do curso de licenciatura e 258 do curso de bacharelado. A amostra, não 
probabilística por voluntariado, foi constituída por 132 indivíduos (56%) do curso de licenciatura e 
114 (44%) do curso de bacharelado, totalizando 246 estudantes (50% da população). Destaca-se que 
141 (57%) estudantes eram do sexo masculino e 105 (43%) do sexo feminino. 
 
Pesquisa mista 
Esse tipo de pesquisa faz uma combinação associada de métodos quantitativos e qualitativos. 
Ela ajuda na apreensão de dados de aspecto multifacetado, pois envolve o uso de técnicas 
qualitativas e quantitativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Métodos 
Os métodos são uma combinação de qualitativos e quantitativos, de modo geral, um 
prevalece sobre o outro. A escolha dos métodos parte da escolha dos dados que serão coletados. 
 
Segue um exemplo de método de pesquisa mista a partir do projeto esportivo “Análise da carreira 
esportiva de jovens atletas de futebol na transição da fase amadora para a fase profissional: 
escolaridade, iniciação, contexto sócio-familiar e planejamento da carreira” (MARQUES; 
SAMULSKI, 2009)”. 
Esta pesquisa teve um componente combinado de coleta e análise de dados que buscou 
aproveitar os benefícios do estudo quantitativo e qualitativo. Segundo Thomas e Nelson (2002), 
a pesquisa quantitativa tende a centralizar-se na análise da situação problema ao separar e 
examinar os componentes de um fenômeno, enquanto a pesquisa qualitativa busca 
compreender o significado para os participantes de uma experiência em um ambiente específico 
e de que maneira os componentes combinam-se para formar o todo. 
 
Classificação da pesquisa científica 
A pesquisa científica pode ser classificada quanto à natureza, quanto aos objetivos e quanto 
aos procedimentos. 
 
Quanto à natureza 
Gerhardt e Silveira (2009) dividem a pesquisa de acordo com a sua natureza, os seus objetivos 
e os seus procedimentos. Quanto à natureza, a pesquisa pode ser: básica ou aplicada. 
 
Pesquisa básica 
Tem foco em produzir novos conhecimentos científicos. Não está diretamente relacionada à 
aplicação prática. 
 
Pesquisa aplicada 
Envolve o desenvolvimento de conhecimentos com finalidade de aplicação prática. É dirigida 
à solução de demandas específicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quanto aos objetivos 
Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser: exploratória, descritiva ou explicativa. 
 
Pesquisa exploratória 
Este tipo de pesquisa visa a uma aproximação com o problema de pesquisa. Quando se 
conhece o objeto de pesquisa, fica mais fácil a elaboração de hipóteses sobre ele. Como salienta Gil 
(2007), esse tipo de pesquisa pode envolver entrevistas, levantamento bibliográfico, entrevistas e 
análise de exemplos que provoquem o entendimento. 
 
Pesquisa descritiva 
Busca a descrição de fenômenos de uma dada situação real. São exemplos deste tipo de 
pesquisa: pesquisa ex post facto, análise documental e estudos de caso. 
 
Pesquisa explicativa 
Busca evidenciar e explicar elementos que estão relacionados à ocorrência de determinados 
fenômenos. Ela ajuda a detalhar fenômenos, as suas causas e os seus pormenores. De acordo com 
Gil (2007), este tipo de pesquisa pode ser denominado como pesquisa experimental ou pesquisa ex 
post facto. 
 
Quanto aos procedimentos 
Quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser: experimental, bibliográfica, documental, de 
campo, ex post facto, de levantamento, survey, estudo de caso, participante, ação ou etnográfica. 
 
Pesquisa experimental 
A pesquisa experimental visa ao teste de hipóteses que o pesquisador julgue relevantes.Para 
isso, é importante elencar as variáveis que deverão ser testadas por rigorosos métodos. É sempre 
muito relevante fazer uma avaliação dos métodos de coleta de dados neste tipo de pesquisa, uma 
vez que a precisão é de fundamental relevância. 
Esta pesquisa pode ser feita em laboratório, onde as condições do ambiente são preparadas 
para a pesquisa, ou mesmo no campo, onde também devem ser preparadas as condições perfeitas 
para que o estudo seja conduzido sem interferências do meio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
 
Pesquisa bibliográfica 
Quaisquer trabalhos acadêmicos iniciam com a pesquisa bibliográfica, a qual possibilita que 
o pesquisador imerja na produção acadêmica da área a ser investigada, porém algumas pesquisas são 
unicamente bibliográficas. Esse tipo de pesquisa tem o propósito de verificar múltiplas posições 
ideológicas acerca de um problema. 
A pesquisa bibliográfica pode ser feita a partir de fontes primárias e secundárias. Ela sempre 
proporciona uma visão do problema para o pesquisador. 
 
Pesquisa documental 
Enquanto a pesquisa bibliográfica privilegia informações de livros e artigos científicos, a 
pesquisa documental abrange uma grande gama de fontes, tais como jornais, revistas, 
videogravações, indumentária, cartas, documentos, normas, etc. Ela explora mais recursos 
documentais considerados cientificamente autênticos, contemporâneos ou do passado, mas que 
possam servir como referências para o desenvolvimento da pesquisa científica. 
 
Pesquisa de campo 
É aquela pesquisa que aproxima o pesquisador ao espaço onde se dá a investigação. No caso 
de ciências sociais, principalmente as qualitativas, levam o pesquisador ao sujeito. A coleta e a análise 
podem ser feitas dentro do ambiente natural onde ocorrem os fenômenos investigados. É necessário 
que haja um bom preparo do pesquisador para que haja o mínimo de interferência possível no 
cenário da pesquisa, a fim de não contaminar os seus dados. 
 
Pesquisa ex post facto 
A tradução significa pesquisa após o fato passado, e se dá no caso da investigação de 
fenômenos já ocorridos, não sendo possível controlar as variáveis. Visa a identificar a relação entre 
causa e efeito em fenômenos ocorridos, como no caso da Copa do Mundo no Brasil. O que se 
transformou no ensino do futebol no País após a ocorrência da Copa do Mundo no Brasil? 
 
Pesquisa de levantamento 
Visa a verificar dentro de uma amostragem, ou seja, um grupo estudado, a confirmação ou 
não de qualquer informação. Para Fonseca (2002), existem dois tipos de levantamento: o tipo 
survey e o censo, sendo que para a coleta de informações podem-se aplicar questionários. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este tipo de pesquisa é normalmente associado à coleta de opiniões de um determinado grupo 
sobre uma situação. Por exemplo: a opinião dos brasileiros a respeito do desempenho do atletismo 
brasileiro nos próximos jogos olímpicos. 
Os dados, neste tipo de pesquisa, podem ser coletados com bastante rapidez e também podem 
ser dispostos em tabelas e quadros, o que facilita bastante a compreensão. 
 
Pesquisa survey 
Esse tipo de pesquisa busca dados quantitativos diretamente com os sujeitos do grupo de 
interesse, verificando as suas opiniões e características. Para Santos (1999), é especialmente indicada 
para pesquisas exploratórias e descritivas. As pesquisas eleitorais e de audiência de programas de 
televisão são exemplos do tipo survey. 
Não é indicada como único método para coleta de dados referentes a problemas complexos, 
como aqueles que dependem de investigação de causas de fenômenos sociais de múltiplas facetas, 
por exemplo, no caso do estudo de representações sociais. 
 
Estudo de caso 
Este tipo de pesquisa visa a realizar um estudo com um indivíduo ou um caso individual 
específico, como uma escola bem-sucedida ou malsucedida. Assim, é possível tratar os dados com 
profundidade. É característico da metodologia qualitativa. 
Este método contribui bastante para a compreensão de processos organizacionais e 
fenômenos individuais. Em estudos de caso, é importante que os fenômenos sejam observados no 
seu ambiente natural. 
 
Segue exemplo de estudo de caso do projeto esportivo “Situações de estresse no vôlei de praia 
de alto rendimento: um estudo de caso com uma dupla olímpica” (STEFANELLO, 2007). 
Participantes do estudo: 
Este estudo de caso descritivo foi realizado com uma dupla masculina de atletas profissionais do 
vôlei de praia, primeira colocada no ranking nacional (campeã do circuito brasileiro) e 
internacional (campeã do circuito mundial e campeã mundial) em 2003, tendo por base o 
trabalho de suporte psicológico desenvolvido, por cerca de dois anos, durante a sua preparação 
para as Olimpíadas de Atenas (2004). As idades dos atletas eram de 29 e 31 anos (Atletas A e B, 
respectivamente) e ambos já haviam participado de olimpíadas anteriores: em 1996 (Atleta B) e 
2000 (Atletas A e B). Importante ressaltar que não são conhecidos dados de atletas de alto 
rendimento nessa modalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
 
 
Cuidados éticos: 
Inicialmente, atletas e comissão técnica foram informados a respeito do trabalho a ser realizado 
(aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Universidade Federal) e das formas de 
divulgação dos resultados. Foi assegurado aos atletas que poderiam afastar-se do estudo no 
momento em que desejassem, obtendo-se, assim, o consentimento, a adesão e o 
comprometimento do grupo para o trabalho pretendido. 
Coleta de dados: 
É importante ressaltar que o período referente à colecta dos dados tratados especificamente 
neste estudo (maio a agosto) correspondeu, apenas, a uma das fases do programa de 
treinamento de competências psicológicas, contemplando seis etapas do circuito mundial que 
antecederam os Jogos Olímpicos de 2004 (etapas da China, Sérvia e Montenegro, Portugal, Suíça, 
Alemanha e Noruega), totalizando 26 jogos. Durante essa fase do treinamento psicológico (fase 
de prática), os atletas deveriam reconhecer seus pontos fortes e frágeis frente às diversas 
situações de pressão competitiva, procurando integrar, em situações competitivas reais e de 
forma sistemática na sua actuação esportiva, as competências psicológicas treinadas na fase 
anterior (fase de aquisição de técnicas e estratégias psicológicas), a fim de potencializar suas 
capacidades (pontos fortes) e corrigir seus déficits (pontos fracos), de modo a obter o necessário 
autocontrole para actuar no seu mais alto nível de rendimento. 
O treinamento psicológico envolveu várias competências psicológicas, porém apenas os aspectos 
relacionados ao estresse competitivo foram abordados no presente estudo. Dessa forma, um 
segmento específico do instrumento feedback de execução, adaptado de Ravizza, destinado à 
avaliação do estresse competitivo em situações competitivas reais, foi empregado. O instrumento 
feedback de execução (modelo completo em anexo) é uma técnica que auxilia o atleta a 
reconhecer as situações que tendem a afectar negativamente o seu rendimento, aumentando a 
sua conscientização acerca da sua própria actuação e permitindo-lhe desenvolver estratégias de 
confronto para enfrentá-las apropriadamente. No segmento específico do feedback de execução 
utilizado no presente estudo, os atletas deveriam registrar as situações geradoras de estresse 
em cada partida, o modo como vivenciavam o estresse (pensamentos, ações e/ou sensações) e 
as técnicas e/ou estratégias psicológicas utilizadas para manter ou recuperar o autocontrole 
diante dos diferentes agentes estressantes. O preenchimento da ficha era feito por escrito pelos 
próprios atletas 30 minutos após o encerramento de cada partida, para que pudessem reflectir 
sobre os acontecimentos do jogo e sobre a sua actuação. 
 
Pesquisa participante 
A pesquisa participante tem cunho prático e político, sem perder de vista o rigor 
metodológico. Ocorre a partir da inserçãodo pesquisador no campo em que se dá a pesquisa, sucede 
então uma interação entre o pesquisador e o seu objeto de pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
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De modo geral, a pesquisa participante busca um envolvimento do sujeito participante no 
próprio processo de pesquisa, sendo, portanto, uma pesquisa coletiva. O objetivo da pesquisa 
participante é a resolução de problemas encontrados durante a pesquisa, portanto, parte sempre de 
uma perspectiva social do cotidiano dos sujeitos envolvidos. 
 
Pesquisa ação 
A pesquisa ação tem cunho social, e o seu objetivo é possibilitar a intervenção do pesquisador 
na realidade dos fenômenos observados no seu estado natural. Do mesmo modo que na pesquisa 
participante, os sujeitos se envolvem no processo de pesquisa. 
Este tipo de pesquisa, em geral, busca a melhora de situações e processos como o trabalho 
docente. Onde o professor reflete sobre as suas práticas profissionais e a partir daí, pode melhorá-las. 
Ocorre que o sujeito envolvido na pesquisa ação tem a oportunidade de trocar conhecimentos 
com o pesquisador. Ambos contribuem para a pesquisa, ambos interagem com a realidade do campo 
de pesquisa e partir dessa observação, têm a possibilidade de pensar sobre ela e modificá-la. 
Algumas diferenças podem ser identificadas entre a pesquisa participante e a pesquisa ação. Na 
primeira, todos os envolvidos são sujeitos participantes, incluindo o pesquisador; na segunda, não. A 
pesquisa ação requer um rigoroso planejamento, já a pesquisa participante não requer planejamento. 
Na pesquisa ação, o pesquisador se apropria dos dados e os utiliza para promover ações 
transformadoras. No caso da pesquisa participante, as decisões são plenamente compartilhadas entre 
pesquisador e comunidade participante da pesquisa. 
 
Pesquisa etnográfica 
Este tipo de pesquisa vem da Antropologia. É, notadamente, desenvolvido no âmbito das 
ciências sociais e tem como foco o estudo cultural de determinados grupos humanos. 
A pesquisa etnográfica tem-se expandido para outros campos de conhecimento além da 
Antropologia, como a Administração e o Marketing. Metodologias ativas, como o design thinking, 
têm utilizado essa técnica para coleta de dados junto a sujeitos participantes. 
A etnografia revela traços culturais de determinados grupos sociais, como língua, 
indumentária, simbolismos, hábitos, valores, crenças, etc. 
Outra forma de investigação etnografia é aquela que se dá em ambiente virtual, chamada de 
etnografia virtual, que coleta dados em ambiente virtual. É sempre importante que o pesquisador 
considere, além daquilo que vê a partir da sua imersão no campo da pesquisa, elementos implícitos 
no sistema simbólico do grupo investigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Métodos de coleta de dados 
Quanto aos métodos de coleta de dados, temos: entrevista dirigida, entrevista semidirigida, 
entrevista não dirigida, formulários, questionários, observação participante, observação não 
participante, sociometria, história de vida, narrativas, escalas sociais, técnica de associação e 
grupo focal. 
 
Entrevista dirigida 
Este tipo de entrevista refere-se a um roteiro de perguntas que deve ser rigorosamente seguido. 
O entrevistador não deve pular as questões, trocar a ordem ou mesmo adaptá-las às situações que 
podem variar ao longo do processo de entrevista. 
As questões referem-se ao tema sobre o qual se dá a pesquisa. O sujeito participante deve 
responder o que foi perguntado. Em alguns casos, as perguntas são seguidas de respostas; então, o 
sujeito deve escolher uma das opções de respostas. 
A entrevista dirigida ou estruturada é bastante rígida e proporciona maior controle pelo 
pesquisador no processo de entrevista. Uma das suas grandes vantagens é que os dados que são 
gerados a partir dessa entrevista são mais fáceis de serem analisados, mas ela não permite um 
aprofundamento nas questões inerentes ao problema colocado. Para isso, é preferencial que se 
utilizem outros tipos de entrevista, como a semidirigida e a não dirigida (CASTRO; FERREIRA; 
GONZALEZ, 2013). 
Veja alguns exemplos de perguntas para entrevista dirigida para projeto esportivo: 
� Quais são os seus principais pontos fortes e fracos? 
� Qual foi a situação mais complexa que enfrentou durante um jogo? 
� Quais são as modalidades esportivas que você pratica? 
 
Entrevista semidirigida 
Combina perguntas abertas e fechadas. Este tipo de entrevista permite explorar um pouco 
mais cada resposta fornecida pelo sujeito participante. Nesse caso, o pesquisador prepara um roteiro 
que deve ser seguido com certa flexibilidade, podendo adaptar as perguntas às diversas variações de 
situações que podem ocorrer no processo de entrevista. Além disso, é possível pular perguntas e 
trocar a ordem (CASTRO; FERREIRA; GONZALEZ, 2013). 
Em alguns casos, quando crer que a pergunta não foi compreendida pelo sujeito participante, 
o entrevistador pode reformular a questão ou repeti-la mais à frente. É preciso estar bastante atento 
às respostas, para que perguntas que já foram respondidas não sejam refeitas. 
 
 
 
 
 
 
 
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O sujeito participante tem a liberdade para discorrer sobre cada pergunta feita, apesar de as 
perguntas principais serem previamente definidas. O entrevistador deve dirigir a entrevista no 
momento em que julgar oportuno. Porém, em algumas vezes, o sujeito participante pode sair 
completamente do tema da entrevista. Nesse caso, cuidadosamente, deve-se reconduzi a entrevista 
no sentido do roteiro proposto. 
Outro aspecto relevante é que neste tipo de entrevistas, sempre que uma pergunta não for 
bem respondida, ou seja, quando a resposta não contribuir claramente para a elucidação do 
problema, há a possibilidade de se acrescentarem novas perguntas, sempre no intuído de aumentar 
os dados úteis para a análise. 
Veja alguns exemplos de perguntas para entrevista semidirigida de projeto esportivo: 
� No cenário esportivo brasileiro contemporâneo, quais são os fatores que dificultam e 
facilitam a criação de políticas públicas de incentivo à prática de esporte pela população? 
Por quê? 
� Como você explicaria o cenário esportivo brasileiro atual para um jovem que pretende 
iniciar uma carreira esportiva no Brasil? 
 
Entrevista não dirigida 
Este é o tipo de entrevista mais flexível que as anteriores. Aqui, parte-se de temas previamente 
elaborados, e o sujeito participante fala livremente. Essa entrevista tem um aspecto de conversa 
informal, mas a rigorosidade está na abordagem temática. Vai sendo esquematizada à medida que 
a entrevista vai sendo realizada. 
A entrevista aberta proporciona uma grande quantidade de dados ao pesquisador. É 
normalmente conduzida pela fala do sujeito. Ela é normalmente associada às pesquisas 
exploratórias, em que se busca preestabelecer conhecimentos sobre temas diversos. Entretanto, não 
serve unicamente a esse tipo de pesquisa, podendo ser aplica a outros tipos, pois geram muitas 
informações sobre as questões colocadas e é rica em termos de detalhamento de cada tópico 
abordado (CASTRO; FERREIRA; GONZALEZ, 2013). 
Entrevistas não dirigidas ou abertas exploram amplamente cada tema proposto pelo 
entrevistador. A cada pergunta feita, o sujeito tem a liberdade de construir a sua resposta, e o 
pesquisador deve ter o cuidado de interferir o mínimo possível. 
A interferência, quando ocorrer, deve ser no sentido de encorajar o sujeito a falar mais, isso 
evita que a entrevista acabe repentinamente. 
Veja alguns exemplos de itens para entrevista não dirigida de projeto esportivo: 
� Fale sobre o cenário esportivo brasileiro contemporâneo. 
� Explique a importância dos esportes na vida de uma criança. 
 
 
 
 
 
 
 
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Formulários 
Formulários, em geral, são preenchidos pelo próprio entrevistador. É muito importante que 
ele esteja presente no momento de preencher o formulário, pois podem surgir dúvidas sobre as 
respostas a serem