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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS CAMPUS SALINAS – MG LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA II PRÁTICA 8: EXTRAÇÃO COM SOLVENTES (SIMPLES E MÚLTIPLA) Discentes: Eliesio Lucas Souza Santos João Paulo Costa Ribeiro Docente: Bruno Vilachã Salinas-MG Outubro/2022 1- RESUMO O presente trabalho vem mostrar a realização de uma aula experimental que contou com a utilização de ácido acético, éter etílico, solução indicadora de fenolftaleína e solução aquosa de hidróxido de sódio a fim de abordar o assunto “Extração Com Solventes: Simples e Múltipla”. O experimento foi realizado por discentes do Curso de Licenciatura em Química, no período noturno, no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, localizado na cidade de Salinas/MG. Os processos de extração, a partir de solventes, são bastante utilizados em laboratórios de química. A extração com solventes trata-se de um método para separar um componente ou componentes específicos de uma mistura heterogênea de líquidos baseado em suas diferentes solubilidades em dois líquidos diferentes imiscíveis, normalmente água e um solvente orgânico. Com isso, adotou-se uma metodologia em que buscou-se a lavagem do solvente em que se desenvolveu a prática. Ademais, foi possível, observar e entender, como acontece na prática as duas maneiras que se caracterizam o processo de extração: a extração simples e a extração múltipla. 2- REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Lampan et al (2012) transferência de um soluto de um solvente para outro é chamada extração, de forma mais precisa, extração líquido-líquido. Nesse tipo de extração o soluto é extraído de um solvente para outro porque o soluto é mais solúvel no segundo solvente que no primeiro. Os dois solventes não podem ser miscíveis , ou seja, não podem se misturar completamente, e devem formar duas fases ou camadas separadas, para que esse procedimento funcione. A extração é utilizada de muitas maneiras, na química orgânica. Muitos produtos naturais (produtos químicos orgânicos que existem na natureza) estão presentes em tecidos animais e vegetais que tenham muita água. Extrair esses tecidos com um solvente imiscível em água é útil para isolar os produtos naturais. Frequentemente, o éter é utilizado para tal propósito (LAMPMAN et al, 2012). A extração com solventes é utilizada para remover contaminantes solúveis ou isolar componentes de uma mistura. Este método é baseado na 2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Solubilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido https://pt.wikipedia.org/wiki/Miscibilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua https://pt.wikipedia.org/wiki/Solvente solubilidade dos componentes que se deseja extrair da mistura em certo solvente a ser utilizado para a extração. De acordo com Moreira e Magalhães (2017) existem dois tipos de extração: simples e múltipla. A extração simples é empregada para separar um composto orgânico de soluções ou suspensões aquosas onde se encontram. Fundamenta-se no fato de que as substâncias orgânicas são, em geral, solúveis em solventes orgânicos e menos solúveis em H2O, de modo que, ao se formar duas fases pela adição do solvente, após agitação, a substância passa em maior parte da fase aquosa para o solvente. Uma decantação posterior e sequente destilação do solvente permite separar a substância desejada (MOREIRA e MAGALHÃES, 2017). A extração múltipla é mais comumente utilizada, devido maior eficácia; nela a solução aquosa original que já foi extraída uma vez é colocada novamente dentro do funil de separação com uma nova porção do solvente orgânico para uma segunda extração.Esse processo pode ser repetido quantas vezes forem necessárias para garantir uma boa extração da substância desejada. Terminado o processo de extração múltipla a fase orgânica é então combinada dentro de um recipiente e a fase aquosa poderá ser retirada (MOREIRA e MAGALHÃES, 2017). É preciso, nestes métodos, utilizar solventes que dissolvam a substância a ser extraída. Normalmente é usado à água e algum solvente orgânico, já que a água é imiscível com a maioria dos compostos orgânicos, criando assim uma fase polar e outra apolar. Há características desejáveis destes solventes, pois eles devem ser quimicamente estáveis, ter baixa toxicidade, não ser corrosivo, apresentar baixo custo e ser facilmente recuperado (LAMPMAN et al, 2012). Também pode-se usar solventes que reajam químicamente com o composto desejado. De toda forma é importante que após adicionar este solvente que deve reagir, haja outras “lavagens” da mistura com esta substância reativa, para poder garantir que o máximo do composto realmente reagiu com esse solvente, podendo ser retirado do funil (LAMPMAN et al, 2012). 3- OBJETIVOS Realizar as extrações, simples e múltiplas, do ácido acético (CH3COOH) a partir da solução aquosa de hidróxido de sódio (NaOH). 3 4- MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Aparatos Argola, pisseta, 2 suportes universais, 2 garras e 1 pera. 4.2 Vidrarias 3 erlenmeyer 125 mL, bureta graduada 25 mL, 1 funil de separação, balão volumétrico de 50 mL e pipeta graduada. 4.3 Reagentes Ácido acético (CH3COOH), éter etílico ( (C2H5)2O), solução aquosa de hidróxido de sódio (NaOH) e solução indicadora de fenolftaleína. 4.4 Metodologia O experimento consistiu na realização da extração simples e múltipla com o solvente utilizado, ou seja, o CH3COOH. Para dar início as extrações preparou-se uma solução aquosa de CH3COOH em que colocou-se no balão volumétrico uma porção considerável de água, 1 mL de CH3COOH e, posteriormente, completou-se o volume, do balão, com água destilada. Agitou-se até a homogeneização da solução resultante, tal solução foi denominada solução A. Posteriormente, pipetou-se 10 mL da solução A e transferiu-a para um erlenmeyer de 125 mL em que adicionou-se 3 gotas de solução indicadora de fenolftaleína. A finalizar essas partes, encheu-se a bureta com solução padronizada de NaOH e titulou-se a solução A do erlenmeyer. Ao obter-se a coloração rósea anotou-se o volume consumido de NaOH. Completou-se a bureta e titulou-se, novamente, uma amostra da solução A. Calculou-se a massa do ácido acético presente na solução. Em seguida deu início ao processo da extração simples em que pipetou-se 10 mL da solução A transferindo-a para o funil de separação. Adicionou-se 30 mL de (C2H5)2O e agitou-se a mistura, na capela de exaustão (pois o (C2H5)2O é 4 muito volátil), conferindo se não havia vazamento no funil de separação e aliviando a pressão interna do funil. Com o funil já inserido no suporte universal, deixou-se a solução A em repouso até que se formaram as duas fases, sendo uma fase a água e a outra o (C2H5)2O. Logo após, recolheu-se a parte aquosa em um erlenmeyer 125 mL e adicionou-se 3 gotas da solução indicadora de fenolftaleína. Com a solução aquosa recolhida colocou-a na bureta de 25 mL, inserida no suporte universal, e completou-se o volume da bureta com solução de NaOH. Com isso, titulou-se a solução do CH3COOH até que se observou a coloração rósea. Anotou-se o volume consumido de NaOH. Ao finalizar a extração simples, realizou-se a extração múltipla em que pipetou-se 10 mL da solução A e transferiu-a para o funil de separação. Utilizou-se 20 mL de éter etílico. Separou-se a fase aquosa da fase orgânica e retornou-a para o funil de separação. Extraiu-se, novamente, a fase aquosa com mais 20 mL de éter etílico. Recolheu-se a fase aquosa em um erlenmeyer de 125 mL e adicionou-se 3 gotas de solução indicadora de fenolftaleína. Diluiu-se a solução de NaOH de concentração 0,1 mol. L-1 cujo volume era 200 mL, para uma solução de NaOH de concentração 6 molar (M), ou seja, diluiu-se 3,33 mL de solução de NaOH. Logo após, colocou-se na bureta de 25 mL a solução padronizada de NaOH e titulou-se a solução do CH3COOH até que surgiu-se e permaneceu-se a cor rósea. Anotou-se o volume consumido de NaOH. Ao final do experimento, foram descartadasas soluções utilizadas,cada uma descartada da maneira correta. Logo após, higienizou-se a bancada e as vidrarias organizando, assim, o espaço utilizado para o pratica. 5- RESULTADOS E DISCUSSÃO Após titulação da solução A, já com a solução de NaOH já inserida na bureta, obteve-se um consumo de 12,5 mL de solução de NaOH. A partir daí é possível calcular-se a massa do CH3COOH presente na solução aquosa a partir das seguintes equações: [𝑁𝑎𝑂𝐻] 𝑥 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 = [𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻] 𝑥 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 Equação 1: Determinação da concentração do 𝐶𝐻3𝑂𝑂𝐻 Onde tem-se: 5 = 0,1 mol x L-1[𝑁𝑎𝑂𝐻] = 12,5 mL = 0,0125 L𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 = ?[𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻] = 10 mL = 0,01 L𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 Portanto: 0,1 x 0,0125 = x 0,01 = 0,125 mol[𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻] ⇒ [𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻] A partir da concentração de CH3COOH, ou seja, 0,125 mol é possível determinar a massa de tal ácido presente na solução aquosa a partir do seguinte cálculo: 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 −−−−−− 60, 06 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 0, 125 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 −− 𝑥 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 Portanto, a massa de CH3COOH presente na solução aquosa é de 7,5075 g. Segundo Moreira e Magalhães (2017) para esse tipo de determinação da massa de um ácido é importante a solução indicadora de fenolftaleína, pois ela é um dos indicadores ácido-base são substâncias, que mudam de cor, de acordo com a acidez do meio. A fenolftaleína é um indicador que é incolor em meio ácido e róseo em meio básico, essa mudança de cor é chamada de viragem, ou seja, é possível determinar quando ocorra a neutralização do ácido utilizado. Consequentemente, a partir da concentração desse ácido e do seu volume foi possível determinar a massa do ácido na solução. Para a extração simples o valor consumido de NaOH foi de 13,5 mL. Dessa forma é possível determinar a massa do CH3COOH, como ver se abaixo: Cálculo da massa do CH3COOH presente na solução aquosa 0,1 mol de NaOH —— 1 L x ———— 0,0135 L 6 x= 0,00135 L de CH3COOH na fase aquosa da extração simples 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 −−−−−− 60, 06 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 0, 00135 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 −− 𝑥 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 Portanto a massa de CH3COOH na solução aquosa obtida na extração simples é de 0,081081 g. Com isso é possível obter-se o rendimento do ácido ácido acético na extração simples, conforme observa-se abaixo: 7,5075 g solução aquosa inicial —— 100% 0,081081 g de ácido extraído —— x x= 1.08 % A partir da extração simples Borges e Takahata (2002) explica que ela é embasada no princípio da distribuição de um soluto entre dois solventes imiscíveis. Esta distribuição é expressa quantitativamente em termos de um coeficiente de partição (K) que indica que um soluto S, em contato com dois líquidos imiscíveis (A e O), distribui-se entre estes de tal forma que, no equilíbrio, a razão da concentração de S em cada fase será constante, em determinada temperatura: K= [So] / [SA] Sendo [S]o = concentração do soluto na fase orgânica e [S]A = concentração do soluto na fase aquosa. Portanto K = 0,0125 / 0,00135 ⇒ K = 9,259 Segundo Simoni et al (2002) quando K pertence a 100 > K > 1 pode-se recuperar a maior parte do soluto por extrações sucessivas com a fase orgânica. Ou seja, com extrações múltiplas é possível recuperar a maior parte do soluto para o procedimento da presente prática baseado no valor de K obtido. |Além disso com a realização da extração simples observou-se a formação de duas fases, ou seja, a fase orgânica e a fase aquosa, ambas incolores. Moreira e Magalhães (2017) mostra que essas duas fases caracterizam compostos imiscíveis. Dessa forma o sistema se constitui bifásico e incolor. Além disso, percebeu-se que uma das fases ficou oleaginosa e a outra aquosa, Moreira e Magalhães (2017) mostra que esse efeito se justifica pela 7 diferença na polaridade, sendo o composto aquoso polar e o orgânico apolar. A água apresenta um caráter fortemente polar, por isso ela é ótima para solubilização de compostos com tendências polares, pois uma substância polar é mais solúvel em solventes polares e menos solúveis em solventes não polares. E os compostos orgânicos são em geral, mais solúveis em solventes também orgânicos e pouco solúveis em água. Para a extração múltipla após realizar os processos de diluição da solução aquosa de NaOH e titulação em que se observou a formação da coloração rósea, assim como visto na imagem 1, consumiu-se 11,1 mL do NaOH. Imagem 1: Titulação na extração múltipla em que apareceu a coloração rósea. Fonte: Autores , 2022 Com o valor consumado é possível determinar a massa de CH3COOH na solução aquosa conforme feito abaixo: 0,1 mol de NaOH —— 1 L x ———— 0,0111 ⇒ 0,00111 L de CH3COOH na fase aquosa da extração múltipla. 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 −−−−−− 60, 06 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 0, 00111 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 −− 𝑥 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 Portanto a massa de ácido acético na solução aquosa na extração múltipla é igual a 0,066. Dessa forma, realiza-se o cálculo da porcentagem do ácido extraído, como observa-se abaixo: 8 7,5075 g solução aquosa inicial —— 100% 0,066 g de ácido extraído —— x x= 0.879 % Ao finalizar as duas extrações percebe-se que o valor consumado de NaOH foi de 12,5 ml e na extração múltipla de 11,1 mL, ou seja, constata se que o processo da extração múltipla segundo Moreira e Magalhães (2017) é mais eficiente e mais rápida que a extração simples, pois o volume de NaOH consumido na extração simples foi um pouco maior que o volume consumido na extração múltipla, o que tornou o processo simples sendo mais lento e menos vantajoso. Se tratando do rendimento percebe-se que o rendimento na extração múltipla foi inferior ao da extração simples, reforçando, assim a ideia de Durst (2012) que diz que quanto maior o número de extrações, menor será o acréscimo no rendimento obtido, tal fator pode ser explicado pelas diferentes concentrações da solução aquosa de NaOH em cada um dos processos. 6- CONCLUSÃO A partir das informações abordadas neste experimento é possível adquirir uma melhor compreensão sobre a técnica de extração de solventes que se baseia em separar e isolar componentes de uma mistura e de remover impureza solúveis indesejáveis através do processo de lavagem. Ademais, conclui-se que a escolha do solvente extrator deve estar fundamentada nas propriedades físico-químicas do composto como: as forças intermoleculares, que possam facilitar a solubilidade como solvente extrator, densidade, polaridade, entre outros. Com isso o resultado foi satisfatório. 9 7- REFERÊNCIAS BORGES, Edilson Grünheidt; TAKAHATA, Yuji. Estudo QSPR sobre os coeficientes de partição: descritores mecânico-quânticos e análise multivariada. Química Nova, v. 25, p. 1061-1066, 2002. DURST, H. P. Química orgánica experimental. Reverté, 2021. Lampman, G. M., & Pavia, D. L., Engel, R. G., & Kriz, G. S. (2012). Química Orgânica experimental: técnicas de escala pequena. Tradução de Solange Aparecida Visconti, 3. MOREIRA, L.; MAGALHÃES, L.; “EXTRAÇÃO COM SOLVENTES”. Universidade Estadual de Santa Cruz DCET – Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas. Ilhéus-Ba, 2017. SIMONI, Déborah de Alencar et al. Um experimento com propostas múltiplas para um laboratório de química geral. Química Nova, v. 25, p. 1034-1039, 2002. 10 extração simples. RESPOSTAS As questões foram respondidas ao longo do relatório. 11