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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE 
SÃO CRISTÓVÃO – ESTADO DE SERGIPE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Proc. nº 202083502211 
Reclamantes: Wiclayf Oliveira de Jesus 
Reclamada: 
 
 
EMPRESA X, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada em sede 
de Petição Inicial, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, por conduto de 
seus advogados e bastante procuradores devidamente constituídos, apresentar sua 
defesa sob a forma de CONTESTAÇÃO à Petição Inicial acima epigrafada que lhe move 
Wiclayf Oliveira de Jesus, já qualificados nos autos, o que faz na forma e sob as razões 
de fato e de direito adiante declinadas. 
 
 I – DO RESUMO FÁTICO DA INICIAL 
 
Os autores alegam, que em 09/10/2020 adquiriram um produto 
denominado “TRUFAS”, da marca “Vitamassa”, dentre outros produtos na loja de 
conveniência da requerida. 
 
Relata, que ao consumir o referido produto, tipo biscoito, veio de pronto 
a passou a sentir náuseas, tontura, diarreia e fortes dores estomacais. 
 
Preocupados, com a situação verificaram e notaram verificou que o 
alimento apresentava mofo e data de validade ultrapassada, estando impróprio para 
o consumo. Em virtude das dores e tontura constante, autor procurou socorro médico no 
Hospital Gabriel Soares, sendo que após ser atendido por voltas das 23 horas do dia 
09/10/2020 - mesmo dia em que comprou e consumiu o produto ofertado pelas 
requeridas. 
 
 
Sendo assim, pugnam pela indenização de danos materiais e 
indenização por danos morais no valor de R$ R$ 10.024,59 (dez mil e vinte e quatro reais 
e cinquenta e nove centavos) 
 
Este é, em breve linhas, o resumo da exordial. 
 
II – PRELIMINARMENTE 
 
 
2.1- DA INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL PARA 
JULGAR O PRESENTE CASO – NECESSIDADE DE PERÍCIA 
TÉCNICA 
 
É cediço que a competência dos Juizados Especiais Cíveis conforme reza 
o artigo 3º da Lei 9.099/95, é limitada apenas para “conciliação, processo e 
julgamento das causas cíveis de menor complexidade.”. 
 
Contudo, os Autores, sabendo da complexidade da causa, que 
certamente demanda a produção de prova pericial para a verificação que o fato se deu 
pela ingestão do produto vencido, assim o autor, optou pelo rito mais célere, informal, 
simples e eminentemente oral, da Lei 9.099/95, cujos artigos 35, caput, 2º e 5º, 
interpretados conjuntamente, impedem e proíbem a realização de tal espécie de prova. 
 
Neste sentido, segue ementa, onde em caso análogo, o nobre 
magistrado julgou como sabedoria entendendo haver complexidade e a necessidade de 
perícia: 
 
“ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO XVI 
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL 
Processo nº 0022225-65.2012.8.19.0203 Parte Autora (s): 
INGRID MEIRELLES DE FREITAS FERNANDES Parte Ré (s): 
LOJAS AMERICANAS S/A NOKIA DO BRASIL TECNOLOGIA 
LTDA PLL ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM CELULARES LTDA. 
PROJETO DE SENTENÇA Dispensado o relatório, de acordo 
com o artigo 38, da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
decido. Trata-se de ação de obrigação de fazer, pelo rito 
sumaríssimo da Lei n° 9.099/95, objetivando a parte autora, 
a condenação da parte ré a restituir de R$399,00 referentes 
ao valor do produto e ao pagamento de R$5.000,00 à título 
de danos morais sofridos em decorrência dos transtornos e 
aborrecimentos ocasionados pelas partes rés. Rejeito a 
preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelas partes 
 
rés, pois a parte autora lhes imputam conduta danosa, e 
desta forma, a apuração de sua responsabilidade é matéria 
de mérito e, como tal será analisada. A presente demanda 
refere-se à vício do produto, relativo a aparelho celular de 
fabricação da segunda parte ré, adquirido pela autora na 
primeira parte ré, que apresentou defeito com dias de uso, 
não tendo o problema sido solucionado pelas partes rés. O 
aparelho foi devolvido pela assistência técnica, ora terceira 
parte ré, sem que tenha sido solucionado o problema. 
Contudo, acolho a preliminar de incompetência do 
Juizado Especial Cível ante a complexidade da matéria, 
arguida pelas partes rés, pois entendo que se faz 
necessária a realização de perícia técnica para o 
deslinde da questão, pois a terceira parte ré devolveu 
o produto para a parte autora ao argumento de que o 
problema era originário de mau uso, por ter sido 
exposto a umidade. A parte autora acostou aos autos laudo 
da assistência técnica autorizada que conclui pela 
´infiltração´ no aparelho (fls. 14/16), ressaltando-se que, 
este, ao ser entregue para conserto, já apresentava sinais de 
desgaste (fls. 14). Todavia, trata-se de relatório técnico 
produzido unilateralmente, no qual descreve que foi 
constatado a oxidação nos componentes internos, estando 
danificado o produto pela mau uso, sem que se possa, com 
base nele, deduzir se o problema da ´infiltração´ 
supostamente existente tenha sido causado por más 
condições de uso por parte da consumidora, o que remete à 
necessidade de uma perícia técnica. Assim, e como o sistema 
dos Juizados Especiais Cíveis é informado pelos Princípios da 
Celeridade e Simplicidade, não cabe este tipo de prova por 
ser incompatível com a finalidade da norma. Logo, não é apto 
este Juízo para a realização da perícia, própria da jurisdição 
comum. Portanto, acolho a preliminar de incompetência do 
Juizado para o julgamento deste feito, pelo fato de versarem 
os autos acerca de matéria complexa, sendo imperiosa a 
produção de prova pericial técnica para melhor resguardo do 
direito envolvido. Posto isso, JULGO EXTINTO o processo 
sem resolução do mérito, com base nos artigos 3º, 
caput e do artigo 51, II da Lei 9.099/95. Sem custas 
ou honorários, na forma do art. 55 da Lei 9.099/95. 
Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa 
e arquivem-se. Publique-se, registre-se e intimem-se. 
Submeto a presente decisão à apreciação do MM. Juiz de 
Direito, como prescreve o art. 40 da lei referida acima. Rio 
de Janeiro, 25 de janeiro de 2013. Juliana Siqueira Juíza 
Leiga HOMOLOGO, por sentença, a decisão proferida pelo 
Juiz Leigo, nos termos do art. 40 da Lei n° 9.099/95, para 
que produza seus jurídicos efeitos. Rio de janeiro, 25 de 
janeiro de 2013. SIMONE CAVALIERI FROTA Juiz de Direito. 
(g.n) 
 
Por estas razões, a continuidade desta ação perante este MM. Juízo 
implicará no cerceamento de defesa à Empresa Ré, pois está impedida de fazer prova 
 
negativa dos fatos narrados pelo Autor, gerando afronta aos princípios do contraditório e 
do devido processo legal, com base no artigo 5º, LVI e LV da Constituição Federal. 
 
Ante o exposto, requer a parte Ré que seja indeferida a petição inicial e 
extinto o processo sem resolução do mérito, com fulcro nos artigos 51, inciso II da lei 
9099/95, combinado com o art. 3º do mesmo diploma. 
 
II – QUANTO AO MÉRITO – REALIDADE FÁTICA 
 
As argumentações postas em sede de inicial pelos Reclamantes não 
estão integralmente dentro da realidade dos fatos e, consequentemente, não possuem o 
cunho ou o condão jurídico necessário para almejar um possível abalo e/ou sofrimento 
suportado pelos Autores, o que não enseja o pagamento de danos morais. 
 
Passa-se a elucidar. 
 
O vindicante afirma que ao realizar a ingestão dos biscoitos, já 
começaram a sentir dores abdominais, vindo a se consultar e serem medicados no 
Hospital Gabriel Soares. 
 
Vale ressaltar, que inexiste provas nos autos quanto a ingestão 
do alimento, bem como imagens que comprovem o suposto bolor alegado pelo 
requerente. 
 
Ressalta-se ainda, Douto Julgador, que um alimento com bolor teria um 
gosto completamente horrível, sendo impossível sua ingestão. 
 
Corroborando ainda, veja-se que o autor trabalhou normalmente nos 
outros dias, até novo internamento, o que se exclui a possibilidade de intoxicação por 
ingestão de produto vencido. 
 
Ademais, nobre julgador, inexiste exames que comprovem que as dores 
abdominaisforam causadas pela suposta ingestão do biscoito. 
 
Por amor ao debate, veja-se que cerca de 03 horas após o suposto 
consumo o autor já se queixava perante o médico que se encontrava com o 
quadro de diarreia, in verbis: 
 
 
 
 
Quase que instantâneo! 
 
 Analisando as demais provas, temos as incoerências apresentadas 
entres os documentos e depoimentos prestados aos médicos. 
 
Explico. 
 
 
 
 
 
Veja-se, que o autor declara para os médicos que se encontra a 4 
(quatro) dias com tontura, náuseas, diarreia e vomito, bem como calafrios. 
 
Agora, veja-se a folha de ponto apresentada pelo autor, in verbis: 
 
 
 
Quem trabalharia ao longo dessa jornada com todos esses 
sintomas? 
 
 
Além disso, diversos estudos médicos afirmam que é muito raro 
alguém ter intoxicação alimentar ou ter qualquer problema sério por ter comido produto 
industrializado com alto grau de conservantes mesmo que vencido. 
 
As propriedades químicas dos conservantes, como o pH baixo, o meio 
anaeróbico, fazem com que nada de ruim se prolifere em curto lapso temporal não gere 
consequências ruins à saúde. 
 
E ainda, não pode se descartar, o fato de que o Reclamante consumiu 
algo durante o dia que podem ter lhe causado o mal estar, não podendo atribuir a causa 
exclusiva ao produto. 
 
III – DO DIREITO 
 
 
3.1 – DA AUSÊNCIA DE DANOS MATERIAIS – INEXISTENCIA DE 
DESPESAS - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO 
 
Quanto ao pedido de DANO MATERIAL, serão feitas ressalvas no que 
concerne tal pedido, pois como no presente caso trata-se de uma relação de consumo, 
aplica-se o disposto no Código de Defesa do Consumidor (CDC). 
 
Entretanto, inexiste nos autos qualquer comprovação de conduta ilícita 
da requerida, que enseje na condenação de danos materiais. 
 
Assim como não existe prova do dano, nem mesmo de nexo de 
causalidade entre uma conduta ilícita da Ré e de um alegado dano pelo Requerente, haja 
vista que não se pode imputar a suposta doença desenvolvida ao consumo de produtos 
vendidos pela Ré. 
 
Dessa forma, não há elementos probatórios suficientes para 
imputar qualquer ressarcimento a requerida, o que resulta na IMPROCEDÊNCIA 
do pedido vindicado pelo autor relacionados à indenização por danos materiais. 
 
3.2 – DA AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE – 
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE DANOS MORAIS 
 
É de amplo e irrestrito conhecimento que não se pode falar em dever 
indenizatório quando inexistem provas dos danos suportados, isso porque o pleito 
reparatório não pode ser salvaguardado, sob o prisma jurídico, quando o autor se 
desincumbe, voluntariamente, do seu ônus probandi. 
 
Destarte, pela própria narração da inicial conclui-se que a Ré não teve 
nenhuma participação direta no evento que deu origem aos danos experimentados pelos 
Autores. 
 
Com efeito, segundo doutrina, para haver ato ilícito “stricto sensu” é 
preciso que o agente tenha agido culposamente, praticando um dano injusto para a 
vítima. 
 
 
Esses elementos – conduta culposa e dano injusto – não podem se 
apresentar isoladamente, devem estar interligados por um vínculo de causa e efeito, pois 
só assim o dano será imputável ao autor do ato culposo. 
 
Segundo Humberto Theodoro Júnior, a respeito do nexo de causalidade 
leciona que “Dentre as várias teorias já aventadas na doutrina, principalmente com raízes 
no direito penal, duas são as que maior repercussão tivera: a da equivalência dos 
antecedentes e a da causalidade adequada”. (Comentários ao Novo Código Civil, 2ª edição, 
Volume III, Coordenador Sálvio de Figueiredo Teixeira, pág. 95.) 
 
Para a teoria da equivalência dos antecedentes (também denominada 
teoria da conditio sine qua non) tudo o que concorre para que um resultado se dê, deve 
ser tratado como causa. 
 
Pela teoria da causalidade adequada, segundo o ilustre jurista, é a que 
tem sido mais aceita pelo direito civil contemporâneo. 
 
Causa em sua ótica é o antecedente não apenas necessário, mas 
também adequado à produção do resultado. 
 
“Não se pode, segundo essa teoria, atribuir a 
responsabilidade a quem se inseriu, simplesmente, no 
processo de desencadeamento do fato danoso, mas apenas 
àqueles que atuaram com ações adequadas ao resultado; de 
maneira que cada um dos diversos partícipes reparará 
apenas nas consequências naturais e prováveis de sua ação. 
Nem todos, portanto, responderão pela reparação do 
resultado danoso final, mas apenas os que praticaram fato 
naturalmente adequado ao produzi-lo. (...) A análise da 
causalidade adequada não deve ser feita no momento do ato 
ilícito, mas deve retroagir ao instante em que o fato 
indigitado ocorreu. Ali é que se apreciará, isoladamente, sua 
idoneidade para produzir o ato danoso que mais tarde veio a 
acontecer”. (g.n.) 
 
Dessas lições, levando em conta as circunstâncias em que ocorreram os 
mal-estar, bem assim a suposta contribuição (nenhuma) da Ré, conclui-se que este 
 
último nenhuma responsabilidade ou culpa teve para com os danos suportados por 
aquela, pois, não existe nexo de causalidade ligando a Ré ao ocorrido com a vítima. 
 
Veja-se o relatório médico: 
 
 
 
 
Frisa-se, ainda, que se o prejuízo da vítima não foi efeito (consequência) 
da conduta do agente, ainda que esta tenha sido injurídica, não lhe terá acarretado a 
obrigação de indenizar. 
 
Quando se fala em indenização de danos é necessário que haja um ato 
ilícito a ser reputado ao agente causador deste, para que então se desencadeie a 
obrigação de indenizar por tais danos. 
 
A explicação do que é ato ilícito pode ser encontrada no Código Civil em 
seu artigo 186, senão vejamos: 
 
Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Na responsabilidade civil, o centro de exame é o ato ilícito. O dever de 
indenizar vai repousar justamente no exame da transgressão ao dever de conduta que 
constitui o ato ilícito. 
 
 
conduta do agente para acarretar responsabilidade civil deve 
comprovadamente causar dano ou prejuízo a vítima. Sem o dano não há que se falar 
em responsabilidade civil, pois sem ele não há o que reparar. 
 
Maria Helena Diniz (2003, pag. 112) conceitua dano como a “lesão 
(diminuição ou destruição) que, devido a certo evento, sofre uma pessoa, contra sua 
vontade, em vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral.” 
 
A Constituição Federal assegura no caput do artigo 5º e inciso X o 
direito a reparação do dano, seja ele moral ou material: 
 
“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
á vida, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos 
termos seguintes: 
[...] 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” 
 
Sendo assim, o dano é o prejuízo resultante da lesão a um bem ou 
direito. É a perda ou redução do patrimônio material ou moral do lesado em decorrência 
da conduta do agente, gerando para o lesado o direito de ser ressarcido para que haja 
o retorno de sua situação ao estado em que se encontrava antes do dano ou para que 
seja compensado caso não exista possibilidade de reparação, o que não ocorrera no 
caso em tela. 
Inaplicável, também, o art. 927 do Código Civil. 
Primeiramente, há de se convir, é um tremendo exagero falar em ato 
ilícito praticado pela Ré, considerando sua suposta participação (nenhuma) na na 
realização do evento. 
Art. 927 do Código Civil – Aquele que, por ato ilícito (arts. 
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo. 
 
 
De acordo com Enunciado 38, da Segunda Jornada de Direito Civil, 
promovida pelo Centro de Estudos do Conselhode Justiça Federal (Brasília, set/02), 
interpretando o art. 927 do Código Civil, aduz que “a responsabilidade fundada no risco 
da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo 
Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do 
dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da 
coletividade”. (g.n.) 
 
Bem explica Humberto Theodoro Júnior, ao comentar referido dispositivo 
que “A posição do novo Código corresponde a um compromisso com a responsabilidade 
delitual subjetiva, ou seja, com o dever de indenizar fundado na culpa, como base do 
sistema normativo. (Comentários ao Novo Código Civil, 2ª edição, Volume III, 
Coordenador Sálvio de Figueiredo Teixeira, pág. 29) 
 
Cabe ao juiz avaliar, no caso concreto, “a atividade costumeira do 
ofensor e não uma atividade esporádica eventual, qual seja, aquela que, por um momento 
ou por uma circunstância possa ser um ato de risco”. 
 
Igualmente, bem a propósito, preleciona o insigne Ministro do Colendo 
Superior Tribunal de Justiça, Carlos Alberto Menezes Direito11, comentando, juntamente 
com Sérgio Cavalieri Filho, a responsabilidade civil no novo Código Civil, que “Deverá o 
julgador, retrocedendo ao momento da conduta, colocar-se no lugar do agente e, com 
base no conhecimento das leis da natureza, bem como na situação particular em que se 
encontrava o agente, emitir o seu juízo sobre a idoneidade da causa para a ocorrência do 
dano”. 
 
E na trilha dos ensinamentos de Carlos Alberto Menezes Direito, “Logo, 
o bom senso está a indicar que a obrigação de indenizar não decorrerá da simples 
natureza da atividade, ainda que tenha uma periculosidade inerente. Para não chegarmos 
a uma inteligência absurda, devemos entender que a expressão “por sua natureza” não 
diz respeito à natureza do serviço, tampouco ao risco que ele produz, mas à uma 
inteligência absurda, devemos entender que a expressão “por sua natureza” não diz 
respeito à natureza do serviço, tampouco ao risco que ele produz, mas à natureza da 
obrigação assumida por aquele que presta os serviços”. 
 
 
Corroborando com todo entendimento acima questionado, seguem 
Ementas: 
 
APELAÇAO CÍVEL. AÇAO DE REPARAÇAO POR DANOS MORAIS. 
INGESTAO DE ALIMENTO IMPRÓPRIO AO CONSUMO. 
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇAO DO NEXO DE CAUSALIDADE. 
DANO NAO CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 
1. A aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor apenas 
permite que seja dispensada a prova acerca do elemento subjetivo. 
Todavia, mantém-se a obrigação do consumidor lesado em 
evidenciar os requisitos ensejadores do dano moral. 2. A 
autora/apelada não demonstrou que o alimento consumido 
foi o único e exclusivo causador da enfermidade. 3. Exigir que 
o estabelecimento comercial comprove que o produto consumido - 
já descartado - não ocasionou a infecção ou ainda que outro produto 
ingerido possa ter ensejado o desconforto é medida 
desproporcional, em verdadeira afronta ao Princípio da Distribuição 
Dinâmica do Ônus da Prova. Recurso conhecido e provido. Decisão 
Por Maioria. ( TJ-SE – AC: 2010210638 SE, Relator: Cezário 
Siqueira Neto, Data de Julgamento: 08/02/2011, 2º Câmara Cível) 
 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AQUISIÇÃO DE 
PRODUTO IMPRÓPRIO PARA CONSUMO. POTE DE SORVETE. 
AUSÊNCIA DE PROVA DA INGESTÃO. MERCADORIA ADQUIRIDA 
COM PRAZO DE VALIDADE VENCIDO. DANOS MORAIS NÃO 
CONFIGURADOS. 1. O sistema processual brasileiro não 
admite a prova diabólica, de modo que o ônus de demonstrar 
o nexo de causalidade - ingestão do alimento - e a ocorrência 
do evento danoso - indisposições estomacais - pertencia à 
autora e do qual não se desincumbiu satisfatoriamente. 2. A 
mera aquisição de mercadoria com prazo de validade 
expirado não enseja danos morais. Com efeito, ao 
consumidor cabe verificar os prazos de validade dos 
produtos que adquire. E o vencimento do prazo de validade 
de alimento traduz circunstância que, em princípio, rompe o 
nexo de causalidade e, por via de consequência, afasta o 
dever de indenizar por danos morais decorrentes da eventual 
ingestão de produto impróprio para consumo. Precedentes 
jurisprudenciais. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 
 
70068874791, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Carlos Eduardo Richinitti, Julgado em 08/06/2016) 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA PELO DANO 
MORAL. RITO SUMÁRIO. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO. 
ALEGAÇÃO DE MAL ESTAR EM RAZÃO DE CONSUMO DE 
CERVEJA COM DATA DE VALIDADE VENCIDA ADQUIRIDA NO 
PARQUE AQUÁTICO. RESPONSABILIDADE CIVIL. SENTENÇA DE 
PROCEDÊNCIA. APELA A EMPRESA RÉ PUGNANDO PELA 
REFORMA IN TOTUM OU REDUÇÃO DO QUANTUM 
INDENIZATÓRIO. NÃO HÁ COMPROVAÇÃO DE QUE A CAUSA 
DO MAL ESTAR DA AUTORA TENHA DECORRIDO DO 
PRODUTO DA RÉ. ART.373 INC. I DO NCPC. FATO DO 
SERVIÇO NÃO CONFIGURADO. REFORMA DA SENTENÇA. 
PROVIMENTO AO RECURSO. (TJ-RJ- 
APL:00412023720148190203 RIO DE JANEIRO JACAREPAGUA 
REGIONAL 4º VARA CÍVEL , Relator: FABIO UCHOA PINTO DE 
MIRANDA MONTENEGRO, Data de Julgamento: 04/05/2016, 
VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR, Data de 
Publicação: 06/05/2016). 
 
 
Sendo assim, no presente litígio, é impossível comprovar que a 
promovida tenha concorrido para a ocorrência de ato ilícito passível de indenização, 
conforme a presente e insaciável peça contestatória em busca da Justiça pretende e 
fatalmente conseguirá provar tais argumentos. 
 
3.3 – Do Quantum Indenizatório Pleiteado 
 
Apenas por amor ao debate e, sobretudo, em obediência ao Princípio da 
Eventualidade, uma vez não acatando este preclaro Juízo pela total improcedência do 
pedido indenizatório frente a todos os argumentos até aqui ventilados, o que só se admite 
por hipótese, mister tecer considerações sobre o quantum indenizatório pedido. 
 
Ocorre que, para a aplicação de indenização por dano moral deve-se 
aplicar o princípio da razoabilidade, concluindo que o valor dependerá, em última análise, 
do bom senso do Julgador. 
 
 
Para haver indenização, como já repisado, não apenas as atitudes do 
agente supostamente causador do dano devem ser analisadas, como também a 
idoneidade do lesado e o nexo de causalidade existente entre ambos devem se configurar 
para que, em um momento posterior, avalie-se a magnitude do dano ocorrido. 
 
Infelizmente, as pessoas continuam a fazer uso da ação indenizatória 
com o objetivo de enriquecimento ilícito ou de receber dinheiro que necessitam 
urgentemente sem muito esforço, desvirtuando o real propósito do legislador 
constitucional ao reconhecer a necessidade de reparação de danos morais em casos 
concretos. 
 
É de total relevância ressaltar que o Autor não sofreu qualquer 
constrangimento nem abalo a sua honra ou reputação, não havendo fundamento para 
justificar tão vultosa quantia indenizatória. 
 
Outros aspectos também são importantes para que se chegue a uma 
espécie de consenso sobre o valor arbitrado, quais sejam, a capacidade de pagamento 
do autor da pretensa lesão e a proporcionalidade existente entre a extensão do dano 
causado e o valor que se pretende a título indenizatório. 
 
Aquele que pleiteia a indenização deve demonstrar dolo ou culpa, 
mesmo que levíssima, do causador do dano. Não é o caso dos autos, data vênia. 
 
Sabe-se que, genericamente, na reparação do dano moral, devem estar 
conjugadas duas finalidades: 
 
I) a primeira, a punição ao infrator pelo fato de ter ofendido um 
bem jurídico da vítima e 
 
II) a segunda, premiar o ofendido com uma soma que não se 
constitui no pretio doloris, mas sim, o meio de lhe satisfazer de 
qualquer espécie de dano, seja de ordem intelectual ou moral. 
 
O Autor não apenas alegou um dano hipotético, sem qualquer 
corroboração fática, como também pretende de forma implícita uma soma por demais 
descabida. 
A doutrina é uníssonasobre o assunto ora levantado, senão vejamos: 
 
 
“No arbitramento da indenização em reparação de dano 
moral, o juiz terá em conta, notadamente: 
 
I – a intensidade do sofrimento, a gravidade, a natureza e a 
posição social e política deste; 
 
II – a intensidade do dolo ou o grau de culpa do 
responsável e sua situação econômica. 
 
Outrossim, ao se fixar a indenização por dano moral, o seu 
montante deve ser capaz e proporcionar à vítima a 
satisfação justa e medida do abalo sofrido, sem, entretanto, 
haver enriquecimento sem causa”1 
 
Assim, diante do ora ventilado, e uma vez caracterizada a existência de 
dano moral indenizável, admitida apenas por hipótese no caso ora examinado, pugna a 
empresa Requerida para que seja o quantum arbitrado dentro de patamares que 
obedeçam aos Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade, evitando assim o 
enriquecimento sem causa do Autor. 
 
IV – DOS REQUERIMENTOS 
 
Diante do exposto, roga a Reclamada para que sejam acolhida as 
preliminares apresentadas e no mérito que sejam julgados IMPROCEDENTES os pedidos 
declinados na exordial, por qualquer das vertentes narradas ao longo da defesa, caso o 
juiz entenda que houve dano moral indenizável que fixe o valor com prudência e 
obedecendo os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 
 
Requer, ademais que o Autor seja condenado ao pagamento das custas 
processuais e honorários advocatícios. 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos no 
direito, que se julgue necessário. 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
Cidade de Aracaju, Estado de Sergipe, 01 de dezembro de 2020. 
 
 
 
1 JOSÉ RAFFAELLI SANTINI, in Dano Moral, 3ª ed. P. 39 (RT 675/100)

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