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A ilha- uma prisão sem grades e as terorias de Lapassade

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Faculdade Alfredo Nasser
Curso de Graduação em Psicologia
Técnicas de Intervenção em Grupo
 A Ilha: uma Prisão Sem Grades e a Teoria de Lapassade
 
Dhully Ferreira, Kelli Madalena, Liriel Vitória Rodrigues, Ranyelly Souza e Vanessa Nilza
Aparecida de Goiânia,
2022
1. Introdução
A disciplina Intervenção em Grupo abrange assuntos diversificados acerca da constituição da subjetividade e como ela é atravessada pelos grupos e pela instituição. Temas como os da Fases de Grupo em Georges Lapassade é muito discutido e de muita relevância neste âmbito acadêmico. Para Lapassade o processo grupal e a instituição acontecem juntos, a vida do grupo é formada por uma tensão entre a serialidade, que é a dispersão dos indivíduos; e a totalidade, que é a fusão dos mesmos. Para Sartre e Lapassade (1982) “este processo é dialético, constituído pela eterna tensão entre a serialidade e a totalidade. Há uma ameaça constante da dissolução do grupo e a volta à serialidade, onde cada integrante assume e firma a sua individualidade, sendo mais um na presença dos demais. Ao mesmo tempo, há uma busca constante pela totalidade, onde cada um dos integrantes participa com os demais, introjeta-os e dá sentido à relação estabelecida”.
George Lapassade abordou sobre as fases de grupo e seus impactos no sujeito. As fases são constituídas pela fusão, juramente, organização, terror, instituição e burocracia. Elas não acontecem de maneira linear, mas são de ordem fenomenológica. Na fusão, há uma identificação com o outro e é o primeiro encontro. As pessoas se juntam em prol de um objetivo. O grupo obedece a ordem de todos, pois não existe líder. O juramento é contemplado como o esforço de um possível novo contato. Nessa fase existe um objetivo em comum entre as pessoas que irá comprometer todos os envolvidos. Os sujeitos possuem poder sobre todos e todos sobre cada um, favorecendo a liberdade ou estabelecendo controle sob a mesma. Na organização, os indivíduos, também, têm um objetivo em comum, onde começam a cobrar de si mesmos por meio do grupo e sua função passa a ser tarefa a preencher, ele pertence ao grupo na medida que desempenha a tarefa. Porém, possuem a ideia que ainda há “poder de negociação”. 
Lapassade instituiu uma fase de grupo denominada de Terror, no qual se refere ao medo que os indivíduos possuem, devido se sentirem ameaçados pela dissolução do grupo. Isto é, o mesmo de forma talvez não tão abrupta consegue dentro do seu funcionamento psíquico identificar as incongruências que estão sendo efetivamente realizadas na figura que ele representa no ambiente, bem como as distorções que são visivelmente apresentadas pelo regime em pauta. Nessa fase o sujeito já não desenvolve o seu papel de forma coesa, sua imagem é sutilmente violada, sua voz é categoricamente silenciada. A Instituição gera inevitavelmente um efeito burocrático em menor ou maior grau. Os indivíduos envolvidos se assujeitam e há a cristalização dos papéis. Existe um chefe que centraliza o poder, impossibilitando uma terceira pessoa tornar-se regulador. E na Burocracia há a fixação das regras e hierarquias, advindas do surgimento do soberano. Os grupos são desfeitos e a subjetividade é eliminada do processo.
Diante do exposto, é muito importante a compreensão das Fases de Grupo de Lapassade e como ela atravessa todas as relações sociais. Em vista disso, no decorrer do trabalho será apresentado uma análise correlacionando a teoria de Lapassade com o filme “A ilha: Uma prisão sem grades”. O filme foi dirigido por  Christian Duguay e teve seu lançamento em 2008, retratando temas sobre comportamentos de adolescentes ditos como rebeldes e o papel da família e da sociedade diante disso. No decorrer do filme é evidenciado que um grupo de jovens rebeldes são enviados para uma casa de reabilitação em um remoto campo das Ilhas Fiji. Mas o que seus pais acreditam ser uma respeitosa e artística instituição de luxo em um lugar calmo e perto da natureza se torna uma prisão onde esses jovens são levados a um pesadelo. E é neste verdadeiro campo de batalha que eles serão submetidos a diversos abusos e lavagens cerebrais. Submetidos as situações extremas e com a sanidade mental ameaçada, estes jovens deverão enfrentar o diretor militarista e sua utópica visão de ordem, para conseguirem escapar.
		
2. Desenvolvimento 
No filme “A Ilha – Uma prisão sem grade” em uma cena especifica, o diretor do acampamento Serenidade coloca seu principal ajudante, o ex o combatente do exército, chamado Logan na arena para ser punido pelos jovens. O guarda colocou um jovem para fazer exercícios forçados no mar, o que ocasionou a sua morte, pois não sabia nadar. Assim, o comandante do acampamento expos seu delito na arena para que os jovens o punissem. Por conseguinte, os jovens se uniram, pois haviam se sentido vítimas e notaram que aquela atitude tinha sido intolerável, representando traços iniciais de uma fusão. As pessoas do acampamento se uniram, devido a identificação dos seus sofrimentos pessoais com os dos demais. Os adolescentes se juntaram e colocaram para fora toda raiva diante da situação. Assim, a relação de identificação e luta em prol de um objetivo caracteriza a passagem pela fusão. Essa fase não existe apenas nessa cena, pois quando os mesmos se reuniram para destruir o acampamento para saírem do local expressa, também, esse estágio proposto por Lapassade. 
Não obstante é de suma importância fazer menção de uma fase um tanto eminente no contexto teórico de Lapassade. O juramento é visto em diversas passagens do filme, porém há uma específica que evidencia o real sentido do seu significado. Pensando que o juramento é contemplado como um possível novo contato, na dramática história que o filme narra, o jovem Ben após ser separado de sua namorada Sophi busca meios efetivos para encontrar a jovem, é pensando nisso que ele oculta a verdade para que seus pais o enviem para o mesmo destino que sua namorada, procurando um novo contato com a jovem. O plano do rapaz de chegar até a ilha foi sistematicamente alcançado, dessa forma ao chegar no acampamento buscou rapidamente se certificar que Sophia estava naquele lugar, após muitas buscas conseguiu ir ao encontra da moça e assim fortalecendo a ideia de juntos abandonarem o acampamento Serenidade esse é então um exemplo contundente na passagem pelo juramento. 
A instituição é marcada pelo aparecimento de uma hierarquia institucionalizada, que impede uma terceira pessoa torna-se reguladora. No filme “A Ilha: Uma prisão sem grade”, o que marca essa visão de Lapassade, é a partir do momento que cada indivíduo que entra naquela organização e já é submetido a forma que rege o lugar, aonde o ambiente é instituído, cheio de regras, cristalizado, com ideias fixas e já estabelecidas. Os membros sofrem influências dos que estão acima, onde já tem tarefas pré-definidas. Uma cena que é notório esse acontecimento é no momento em que uma pessoa entra e recebe uma camiseta preta que para eles simbolizam o estado de confusão mental. Ao longo do programa se seguirem e colaborarem, terão a camiseta amarela e pôr fim a branca, se transformando em fiscais dos outros participantes, e com a esperança de poderem voltar para casa.
Nesse ambiente tem, também, a Burocracia, tendo definições de regras, hierarquização e a divisão de responsabilidades. A Burocracia é uma relação de poder que vai atravessar toda a vida social e há uma alienação sobre as decisões a fazer do cotidiano em favor aos dirigentes. Nesse contexto vai ter uma pessoa que será a soberana, que irá concentrar todo o poder, essa pessoa vai comandar e levando em conta suas visões e opiniões, pois acha que suas palavras são absolutas. É perceptível isso em todo o filme, o terapeuta Dr. Heil, impõem todo seu poder nos jovens que era mandado para aquela ilha para passarem por um processo de aprendizagem, para resolver possíveis desvios comportamentais, entretanto, o processo era pautado totalmente na visão doDr. Heil que impunha uma educação autoritária, regida e cristalizada sobre os jovens, e isso era passado para os jovens que estava no campo a mais tempo e que tinha como objetivo de sair da Ilha, gerando uma alienação na grande maioria, para poderem ter acesso as camisas amarelas, e, consequentemente, a branca.
De acordo com as fases de Grupo de Lapassade, no início do filme a ilha se apresentou como uma Organização, pois havia o trabalho interno de todos os participantes que precisavam realizar as tarefas e atividades em conjunto, com o mesmo objetivo. Porém, existia as relações de poder, se tornando instituição, pois os participantes possuíam um líder, que detinha o poder sobre todos que estavam lá, devido ao grande abuso nas relações de poder, o ambiente tornou-se cristalizado, onde não cabem mudanças e todos os participantes são obrigados a seguir as regras estabelecidas pelo líder.
O terror não é ditadura de um subgrupo minoritário; é, ao contrário, uma estrutura fundamental do grupo em sua totalidade: “o terror nunca é um sistema que se estabelece pela vontade de uma minoria, mas é o reaparecimento da relação fundamental do grupo” (p.579) que funda a ditadura do terror. De forma subsequente, é interessante utilizar como dispositivo exemplificador o filme “A ilha: Uma prisão sem grades”. O filme ilustra a vida de uma jovem chamada Sophi que possui uma menoridade. Inicialmente a jovem apresenta indícios de um envolvimento com drogas ilícitas e consequentemente com desordens comportamentais sociais dentre outros fatores. Ao se deparar com a condição de Sophi, sua mãe e seu padrasto Kall ver como possibilidade de recuperação ingressar a jovem num acampamento bem promissor dentro do drama que estão vivendo e assim fizeram. No entanto, o que eles não sabiam, é que o lugar era de sobremaneira regido por diretrizes adoecedoras dentre outras nuances. 
Onde é possível identificar o terror presente na experiência de Sophi ao ir contra sua própria vontade para o acampamento, foi em um dado momento que a jovem devido à exaustão do seu físico se recusou a realizar uma tarefa com as demais detentas, ou seja, para as outras jovens o trabalho abusivo estava de certa forma naturalizado naquele lugar, em contrapartida para Sophi, além de estar cansada fisicamente suponhamos, aquilo era violentador, ter de trabalhar sem forças físicas para ter que cumprir assiduamente aquela demanda. Mesmo com medo, mesmo envolvida pelo o terror ela conseguia identificar que tudo aquilo não era aceitável. Esse movimento de questionar o meio, mostra as evidências que Sofi estava experienciando a fase do terror claramente.
3. Conclusão
Conclui-se a partir de cada tópico elucidado que as fases dos grupos instituídas por Georges Lapassade, são notoriamente visualizadas nos âmbitos subjetivos, nos meios sociais, tendo como alcance outros espaços que constrói o que chamamos de contexto existencial. É sabido teoricamente que: serialidade, totalidade, fusão, juramento, organização, terror, instituição, burocracia... perpassam, atravessam as subjetividades de forma contundente dentro da dialética e realisticamente não se trata de algo linear. Isso incorre na ideia de que o ser humano de fato é um ser inacabado; isto é, os sujeitos são mutáveis, e esta dinâmica apresentada por Lapassade corrobora a refletida ideia das mutabilidades dos seres. 
O filme “A ilha: Uma prisão sem grades” nos mostra através de uma dramática as subsequências do solicitado, que de fato era a correlação do filme com a proposta que Lapassade nos apresenta. O exercício de olhar para a história vivenciada pelos jovens no filme, mostra a hostilidade dos jogos emocionais nos oportunizando avaliar o quanto ambientes não bem elaborados podem comprometer seriamente a saúde mental de um sujeito.
Assim não poderíamos finalizar essa contextualização, sem a exposição da significativa relevância dessas respectivas fases na vida de um ser. Pois a contribuição na esfera emocional parte de um conceito de mutualidade; o melhoramento ou até mesmo a cura de um sujeito é entendido como uma resposta positiva a nossa sociedade. Em muitos momentos somos amedrontados pelos acontecimentos sociais, pensando na falibilidade que habita a vida de muitos, as barganhas que ocultam a real conduta de um ser, e os desejos congelados que carregamos, pelo que um dia foi oriundo de alguém que tentou ser linear. De fato, é isso, o processo não é linear. Somos seres inacabados, vivendo consequentemente em uma sociedade inacabada, e, com uma mutualidade de questões. As diferenças são concretas, isto precisa ser aceitável perante uma política individualista. É preciso aceitar e vivenciar os dinamismos. Lapassade foi enfático, nos trazendo a luz o óbvio.
4. Referências
CARLOS, S. A. O Processo Grupal. Em: STREY, M. (org). Psicologia Social Contemporânea: Livro-Texto. 18ª ed. Petrópolis: Vozes. 2013.
Lapassade, G. (1989). Grupos, Organizações e Instituições; 3 ed. Rio de Janeiro: Francisco Ales. 1989.
A ILHA Prisão Sem Grades. Cineclick. s.d.Disponível em:  <https://cineclick.uol.com.br/a-ilha-prisao-sem-grades>. Acesso em: 13 de out. de 2022.

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