Enfermidade dos Neonatos dos Equinos

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Eduarda Gostinski 2022 Medicina Veterinária
Clínica de Animais de Produção
Enfermidade dos Neonatos dos Equinos
1. Adaptação neonatal
Cuidado com a mãe: Manejo adequado,
idade, enfermidades e conformação
perineal.
Parto:
● Momento delicado para a mãe e
para a cria;
● Segurança;
● Tranquilidade;
● Aumento da temperatura cutânea
(sudorese localizada ou
generalizada);
● Intranquilidade: olhar para os
flancos, contrações involuntárias
dos membros posteriores;
● Batidas da cauda sobre o períneo;
● Emergências: Partos assistidos;
● Parto requer adaptações imediatas
à nova condição de vida:
○ Frequência cardíaca.
○ Frequência respiratória.
○ Temperatura.
O que esperar logo após o parto?
● Decúbito esternal: 60 segundos;
● Ruptura do cordão umbilical;
● Reflexo de sucção: 10 minutos;
● Estação: 1 hora;
● Ingestão do colostro: dentro das
primeiras 2 horas;
● Liberação do mecônio (primeiras
fezes do recém nascido): 6 a 12
horas, se passar disso há um
problema de retenção de mecônio;
● Micção: 4 a 18 horas.
Funções vitais
1 -2
hora
s
< 1
sema
na
1 mês Adult
o
FC
(bpm)
80 -
130
70 -
100
30 -
60
28 -
40
FR 30 - 20 - 12 - 10 -
(mpm) 50 40 20 18
T (C°) 37,0 37,2 -
38,9
37,5 -
38,5
37,5 -
38,0
MC (/3
minuto
s)
1 - 3
● Agamaglobulinemia;
● Sistema imunológico imaturo;
● O que pode dar errado?
○ Distocias / atrasos no
parto;
○ Prematuro;
○ Alterações congênitas;
○ Alterações maternas;
○ Morte materna.
2. Enfermidades perinatais
➔ Síndrome da asfixia do
periparto
Sinonímia: Síndrome do mau ajustamento
neonatal, síndrome de má-adaptação
neonatal e Encefalopatia
hipóxico-isquêmica.
Definição: Desordem não-infecciosa do
SNC de potros associadas com
anormalidades de comportamento. Pode
ou não estar acompanhada de disfunção
múltipla dos sistemas orgânicos
(principalmente respiratórios).
Ocorrência: Potros no terço final da
gestação e também dentro dos primeiros
30 dias pós-parto.
Etiologia:
● Falta de oxigenação celular;
● Fatores maternos;
○ Alterações placentárias;
○ Distocias;
○ Torções umbilicais;
● Fatores neonatais;
○ Deficiência de surfactantes;
○ Prematuridade;
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○ Aspiração de mecônio.
Causas maternas:
● Anemia;
● Alterações cardio-respiratórias;
● Hipotensão;
● Contrações uterinas anormais.
Causas placentárias:
● Placentite;
● Edema placentário;
● Separação prematura da placenta;
● Redução do fluxo sanguíneo no
cordão umbilical.
Causas inter-parto:
● Distocia;
● Paralisia uterina;
● Causas neonatais;
● Prematuridade;
● Aspiração de mecônio;
● Anemia – hemorragia e
isoeritrólise.
Causas neonatais:
● Prematuridade;
● Aspiração de mecônio;
● Anemia – hemorragia e
isoeritrólise.
Manifestações clínicas:
● Variável;
● Encefalopatia: letargia, depressão,
convulsões, hipóxia e isquemia;
● Transtornos cárdio-respiratórios:
dispneia e bradicardia;
● Fisicamente: dificuldade em
manter-se em estação.
Diagnóstico:
● Manifestações clínicas;
● Exame clínico: anamnese e apgar;
● Exames complementares:
hemogasometria, avaliação do
líquor: normal ou com alterações
hemorrágicas (aumento de
proteínas e aumento de hemácias
– Xantocromia).
Tratamento:
● Suporte;
○ Oxigenioterapia;
● Fluidoterapia: Glicose 5%;
● Anticonvulsivantes: Diazepam;
● Anti-inflamatórios: DMSO.
Prognóstico:
● Dependente: duração, severidade,
qualidade do primeiro atendimento
animal, septicemia, dificuldade em
se levantarem, convulsões
recorrentes.
➔ Falha de transferência de
imunidade passiva
Definição: o animal não ingere a
quantidade adequada de imunoglobulinas.
Etiologia:
● Origem materna: rejeição materna,
agalaxia (pariu mas não deu leite),
óbito da mãe, partos distócicos e
baixa qualidade colostral;
● Origem neonatal: potros
prematuros, má absorção intestinal
e anormalidades congênitas.
Diagnóstico:
● Turbidez do sulfato de zinco;
● Colostrômetro: 1,050 – 1,060;
● Eletroforese:
○ Ideal: acima 800 mg/dL;
○ Normal: 400 a 800 mg/dL;
○ Parcial: 200 a 400 mg/dL;
○ Total: Abaixo de 200
mg/dL.
Tratamento:
● Banco de colostro e plasma;
● Até 12 horas do nascimento:
Colostro via oral a cada 2 horas;
● Após 12 horas: Plasma via
intravenosa de 20 a 40mL/Kg.
3. Enfermidades neonatais
➔ Retenção do mecônio
Definição: Não eliminação das primeiras
fezes do recém-nascido (> 12 horas).
Composição do mecônio: muco, bile,
debris celulares, secreção intestinal e
líquido amniótico. Coloração: verde
escuro.
Ocorrência: gestação prolongada,
ingestão tardia do colostro e prematuros.
Manifestações clínicas:
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● Desconforto abdominal: mímica de
defecação, gemidos, tenesmo;
● Distensão abdominal;
● Intranquilidade.
Diagnóstico:
● Anamnese;
● Manifestações clínicas;
● Exames complementares: Raio X
e Ultrassonografia.
Tratamento:
● Sondagem nasogástrica: Óleo
mineral – retenção interna;
● Extração mecânica;
● Enemas;
● Sonda de borracha: Glicerina
líquida + água morna (1:1 – 500
mL) e repetição até 3 vezes;
● Analgésicos: Cetoprofeno;
● Fluidoterapia: Correção do
desequilíbrio eletrolítico;
● Cirurgia: Casos extremos.
➔ Isoeritrólise neonatal
Sinonímia: Anemia hemolítica do
recém-nascido.
Definição: incompatibilidade sanguínea,
isoimunização da mãe contra hemácias
do potro-anticorpo, ocorre entre 24 a 48
horas pós-parto, contato do sangue
materno e fetal em decorrência de
alterações placentárias.
Patogenia: a mãe é negativa e o potro é
positivo, com o contato dos sangues,
ocorre a produção de anticorpos e com o
contato com a mãe, esses anticorpos
causam a destruição das hemácias do
potro.
Manifestações clínicas: depressão,
letargia, apatia, desinteresse à mãe,
mucosas brancas – amareladas,
taquicardia, taquipneia, decúbito
prolongado, coma e morte.
Diagnóstico:
● Histórico;
● Manifestações clínicas;
● Exames complementares: teste de
aglutinação do colostro e plasma=
1 gota de sangue do potro + 1 gota
de colostro da mãe ou sangue do
potro + soro da mãe;
● Hemograma: hemácias < 6
milhões/mm3 e hematócrito <
25%;
● Bioquímico: bilirrubina –
hiperbilirrubinemia;
● Urinálise: hemoglobinúria.
Tratamento:
● Evitar amamentação até 40 horas
de vida;
● Ordenhar a égua – evitar mastite;
● Transfusão de sangue;
● Utilização do colostro de outra
égua;
● Oxigenioterapia;
● Minimizar o estresse.
Prevenção:
● Animais compatíveis;
● Realização de testes de
compatibilidade;
● Colostro de outra égua;
● Ordenha a cada 2 horas – 3 a 5
dias: Amamentação do potro.
➔ Persistência do úraco
Definição: Pequeno conduto junto aos
vasos umbilicais para eliminação da urina.
Etiologia:
● Torções umbilicais;
● Onfalites – infecções.
Manifestações clínicas:
● Gotejamento de urina pelo umbigo;
● Mímicas de micção;
● Umbigo úmido e com aumento de
temperatura;
● Miíase no umbigo;
● Sensibilidade local;
● Febre e apatia - septicemia.
Diagnóstico:
● Histórico;
● Manifestações clínicas;
● Exames complementares:
Sondagem do úraco.
Tratamento:
● Cura espontânea;
● Cauterização química: iodo;
● Antimicrobiano: penicilina;
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● Cirúrgico: tratamento radical.
➔ Úlceras gastroduodenais
Definição: Lesões na mucosa gástrica da
região glandular e/ou na porção proximal
do duodeno e desequilíbrios entre os
fatores protetores e agressores da
mucosa.
Ocorrência: Potros de 1 dia a 4 meses.
Etiologia:
● Estresse: desmama, enfermidade
e térmico;
● Uso de AINES;
● Nutrição inadequada.
Manifestações clínicas: sialorréia,
bruxismo, anorexia, depressão, decúbito
prolongado, cólica leve, refluxo gástrico,
dor durante a palpação e após
alimentação.
Diagnóstico:
● Manifestações clínicas;
● Exames complementares:
gastroscopia, refluxo gástrico
(sangue oculto), fezes (sangue
oculto) e raio X contrastado.
Tratamento:
● Suspensão dos AINE;
● Lesões assintomáticas: cura
espontânea;
● Inibidores da secreção gástrica:
cimetidina, ranitidina e omeprazol;
● Protetores de mucosa: salicilato de
bismuto.
➔ Poliartrite séptica
Definição: Acometimento de várias
articulações ao mesmo tempo.
Ocorrência: potros com menosde 60 dias
e consequente a septicemia.
● Via clássica: FTIP + inflamação
umbilical;
● Alta mortalidade: Prejuízo à futura
performance.
Manifestações clínicas:
● Sinais de septicemia: apatia, febre
e mucosas avermelhadas;
● Sinais de poliartrite: decúbito,
relutância à locomoção e aumento
da articulação com dor e efusão.
Diagnóstico:
● Anamnese;
● Exame físico;
● Inspeção: relutância a locomoção,
aumento das articulações;
● Palpação: dor nas articulações;
● Exames complementares:
○ Punção articular;
○ Líquido sinovial;
○ Exame físico: aspecto
turvo;
○ Grande quantidade de
fibrina;
○ Mais de 10.000 leucócitos
(>15% de
polimorfonucleares);
○ Cultura e antibiograma.
Tratamento:
● Lavagem articular: Alterações
significativas no exame
laboratorial;
● Antibioticoterapia: Sistêmico;
● Anti-inflamatórios: Dor.
➔ Onfaloflebite
Definição: Processo inflamatório da veia
umbilical.
Ocorrência: Comum em animais com
falha de transferência de imunidade
passiva.
Consequências: septicemia e morte.
Patogenia:
● Rompimento do cordão umbilical
(Porta de entrada);
● Etiologia: Escherichia coli,
Streptococcus zooepidemicus e
clostridium sp.
Manifestações clínicas:
● Cordão umbilical enegrecido;
● Aumento de volume;
● Secreção purulenta.
Evolução: anorexia, apatia, febre, diarreia
e secreção nasal.
Tratamento:
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● Antibioticoterapia sistêmica:
Penicilina;
● Tratamento local: antissépticos e
antimicrobianos tópicos;
● Remoção cirúrgica.
➔ Septicemia
Definição: Invasão de microrganismos na
corrente sanguínea.
Ocorrência: Maior causa de morte antes
dos 7 dias.
Entrada pode ser oral, respiratória ou
umbilical.
Etiologia:
● Fatores predisponentes:
○ Fator maternal: infecção
uterina e placentite;
○ Fator ambiental: problemas
de higiene;
○ Fator neonatal: prematuros,
FTIP e desinfecção
umbilical deficiente.
Manifestações clínicas:
● Depressão progressiva;
● Envolvimento de vários órgãos;
● desidratação, hipoperfusão por
choque, hipotermia, acidose e
hipoventilação, consequente
atelectasia;
● Diagnóstico: Hemocultura
(definitivo).
Tratamento:
● Suporte:
○ Antibioticoterapia;
○ Aumentar a temperatura de
forma gradual para não
aumentar a necessidade
energética e causar a
vasodilatação (desvio de
sangue de órgãos vitais);
○ Rever imunoglobulinas pois
mesmo com transferência
normal, há consumo.