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Medicina Veterinária 
Preventiva
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Vivian Lindmayer Cisi
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Meire Silva
História e Importância da Medicina Veterinária Preventiva 
e Saúde Pública Veterinária 
História e Importância da Medicina 
Veterinária Preventiva e Saúde 
Pública Veterinária 
 
 
• Apresentar para o aluno o papel do Médico Veterinário na Saúde Pública e familiarizá-lo 
com os principais termos técnicos utilizados em epidemiologia e Saúde Pública.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• História da Medicina Veterinária Preventiva;
• Conceitos e Definições Importantes Utilizados 
em Epidemiologia e Saúde Pública.
UNIDADE História e Importância da Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde Pública Veterinária
História da Medicina Veterinária Preventiva 
A Medicina Veterinária surgiu como uma área do conhecimento para promover a 
saúde dos animais, tentando diminuir prejuízos causados pelas doenças que os atin-
giam. No entanto, com o passar do tempo, aumentou-se a luta do homem contra as 
enfermidades que colocam em risco a saúde dos seus animais e as doenças humanas 
adquiridas pelo estreito convívio entre eles (COSTA, 2011 apud GOMES, 2017, p. 1).
O surgimento da Medicina Veterinária preventiva remonta à Idade Média, na qual 
a expansão das nações levou aos esforços no controle de doenças animais em larga 
escala. Dentro dos exércitos, por exemplo, houve a criação de estruturas organizadas 
de pessoas que curavam os animais devido à importância militar que o cavalo assu-
mia (PFUETZENREITER et al., 2004). 
No Brasil não foi diferente. A Medicina Veterinária surgiu por volta de 1810 pelo 
Conde de Linhares, Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da Guerra, que 
criou o primeiro cargo de Veterinário para orientar tecnicamente o 1° Regimento de 
Cavalaria do Exército (GERMINIANI, 1998).
Você Sabia?
As primeiras escolas de Medicina Veterinária brasileiras surgiram em 1910, mas, somen-
te no dia 9 de setembro de 1933, o então presidente Getúlio Vargas autorizou a atuação 
e ensino da Medicina Veterinária. Por conta disso, nessa data, comemora-se o Dia do 
Médico Veterinário.
O Brasil passou por muitas etapas até conseguir a implantação de práticas volta-
das para a Medicina Preventiva e a Saúde Pública, devido ao seu tamanho territorial 
e às dificuldades decorrentes de problemas administrativos, científicos, tecnológicos 
e industriais (BRASIL, 2017). 
Uma fase muito importante na história da Saúde Pública Veterinária teve início 
após a Segunda Guerra, caracterizada pelo trabalho voltado para a população, com 
o uso da epidemiologia no desenvolvimento de programas de controle de zoonoses 
pelas agências de Saúde Pública. 
A Veterinária, com seu direcionamento à coletividade e ações preventivas, au-
xiliou na implantação de táticas como: quarentena, sacrifício de animais enfermos 
e trabalho educacional dos proprietários desses animais em prol da prevenção de 
enfermidades em humanos (PFUETZENREITER et al., 2004).
Como consequência da interação com profissionais da Medicina humana, os mé-
dicos veterinários começaram a ocupar várias posições nas áreas técnicas e adminis-
trativas da Saúde Pública. Em 1946 a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou 
oficialmente o termo “Saúde Pública Veterinária”, definindo as áreas de atuação 
8
9
para a Medicina Veterinária, sendo as principais atribuições: o controle de zoonoses, 
higiene dos alimentos, trabalhos de laboratório, de biologia e as atividades experi-
mentais (BARBOSA, 2014).
O Médico Veterinário se incorpora muito facilmente ao grupo de profissionais de 
saúde por estar habituado a proteger a população contra as enfermidades coletivas.
 Tendo como referência que as zoonoses representam 75% das doenças infeccio-
sas emergentes no mundo, 60% dos patógenos humanos são zoonóticos e 80% dos 
patógenos que podem ser usados em bioterrorismo são de origem animal, segundo 
o Conselho Federal de Medicina Veterinária, aumenta a importância e responsabili-
dade da Saúde Pública veterinária (CRMV-PR, 2010). 
No entanto, infelizmente, a maioria da população desconhece a importância do 
Médico Veterinário como promotor da Saúde humana, reconhecendo somente a 
Área de clínica e cirurgia. 
Você Sabia?
75% das doenças humanas emergentes ou reemergentes do último século são zoono-
ses, isto é, doenças de origem animal que, além de causarem fatalidades humanas e 
animais, afetam a economia de países.
Assim:
Atualmente as principais atribuições do Médico Veterinário na Saúde Pú-
blica são: diagnóstico, controle e vigilância em zoonoses; estudos compa-
rativos da epidemiologia de enfermidades não infecciosas dos animais em 
relação aos seres humanos; intercâmbio de informações entre a pesquisa 
médica veterinária e a pesquisa médica humana; estudo sobre substân-
cias tóxicas e venenos provenientes dos animais peçonhentos; inspeção 
de alimentos e vigilância sanitária; estudo de problemas de saúde re-
lacionados às indústrias de produção de alimentos de origem animal, 
incluindo o destino adequado de dejetos; estabelecimento de interligação 
e cooperação entre as organizações de Saúde Pública e Veterinária com 
outras unidades relacionadas com animais; e consulta técnica sobre as-
suntos de saúde humana relativos aos animais. (GOMES, 2017)
Você vai perceber que, apesar do vasto campo de trabalho, grande parte das 
atividades desempenhadas pelos profissionais que atuam na área de Medicina Vete-
rinária preventiva e Saúde Pública envolvem formas de conhecimento que orientam 
medidas específicas para a proteção, manutenção e recuperação da saúde animal em 
favor da saúde humana, por meio do monitoramento, prevenção, controle e erradi-
cação das doenças, especialmente as zoonoses.
Uma doença de grande preocupação em Saúde Pública no Brasil é a leishma-
niose visceral. É uma zoonose com acometimento sistêmico de evolução crônica e 
potencialmente fatal. Inicialmente, ocorria no meio rural, no entando, recentemente, 
expandiu-se para as áreas urbanas de médio e grande porte (BRASIL, 2020). 
9
UNIDADE História e Importância da Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde Pública Veterinária
Dentre as causas dessa reconfiguração geográfica, está a migração interna, mui-
tas vezes motivada por questões socioeconômicas como secas prolongadas e falta de 
oportunidade de trabalho (MIRANDA, 2008). 
Nos deslocamentos de um lugar para o outro, as famílias provenientes de regiões 
endêmicas levam consigo seus animais de estimação, como, por exemplo, o cão, que 
pode atuar como reservatório dessa zoonose (FERREIRA, 2020). 
No Estado de São Paulo, alguns casos recentes chamaram a atenção das autorida-
des sanitárias, como a confirmação de mais de 150 casos positivos de leishmaniose 
visceral em cães no interior do Estado. De acordo com a Organização Pan-America-
na de Saúde, em 2016, foram registrados 3.200 casos em seres humanos no Brasil, 
sendo 119 em São Paulo, com 275 e 11 óbitos, respectivamente. A prevenção e a 
eliminação desse tipo de doença no homem depende, em grande parte, das medidas 
adotadas contra essas doenças nos animais (CRMV-SP, 2017, OPAS, 2018). 
Em relação aos problemas relacionados à promoção, proteção e manutenção da Saúde, 
quais desafios os médicos de seres humanos e médicos veterinários tem em comum?
O mundo tem sofrido importantes mudanças sócio-político-econômicas que geram qua-
dros de extrema desigualdade social. Entender essas situações e como enfrenta-las é 
um desafio de enorme complexidade, que necessita de abordagens diferenciadas por 
equipes multidisciplinares.
Uma característica importante dessa zoonose é que, nos centros urbanos, o cão 
infectado, mesmo sem a manifestação de sinais clínicos, é o principal reservatório 
do parasita. Ainda, muitos estudos indicam que, onde há cães contaminados, existe 
maior número de humanos que são infectados por leishmania (FERREIRA, 2020). 
Dessa forma, podemos entender a importânciada atuação do Médico Veterinário 
para o controle dessa doença, pois quando os veterinários fazem o diagnóstico da 
infecção em cães, é possível estabelecer medidas preventivas para evitar a dissemi-
nação da doença tanto para outros cães, como para seres humanos, por exemplo. 
Antes de iniciarmos o estudo aprofundado na Medicina preventiva, é muito im-
portante entendermos os termos técnicos utilizados nessa grande área de conheci-
mento, assunto que abordaremos no tópico a seguir.
Conceitos e Definições Importantes 
Utilizados em Epidemiologia 
e Saúde Pública
A epidemiologia é uma Disciplina básica da Saúde Pública voltada para a compre-
ensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia, 
por exemplo, da clínica médica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo proces-
so, mas em termos individuais (WALDMAN; ROSA, 1998).
10
11
De forma geral, as doenças infecciosas resultam da interação entre o hospedeiro, 
o agente etiológico e o ambiente. Esse modelo biológico é conhecido como tríade 
epidemiológica, no qual o hospedeiro é um animal suscetível, os agentes infecciosos 
são microorganismos (bactérias, vírus, protozoários por exemplo) e o ambiente é o 
cenário no qual ocorre a exposição dos hospedeiros aos agentes (PANTOJA, 2016).
Figura 1 – Na tríade epidemiológica, o hospedeiro é um animal suscetível, os agentes infecciosos são 
microorganismos, e o ambiente é o cenário no qual ocorre a exposição dos hospedeiros aos agentes
Fonte: Adaptado de Getty Images
A transmissão de um agente entre hospedeiros é um processo complexo que en-
volve diferentes etapas, desde a eliminação de um microorganismo a partir do hos-
pedeiro infectado até a entrada do micro-organismo em outro hospedeiro suscetível. 
Nesse contexto, é importante entendermos o conceito de Cadeia Epidemiológica 
(ou Cadeia de Transmissão, ou Cadeia de infecção). 
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (2010), a cadeia epi-
demiológica representa um conjunto de elementos relacionados que demonstra o 
processo de propagação de doenças transmissíveis em populações animais. 
Esses elementos constituem: a fonte de infecção, a via de eliminação, a via de 
transmissão, a porta de entrada e o hospedeiro susceptível.
Para entendermos melhor esse conceito, vamos refletir. 
Como seria a cadeia epidemiológica do vírus da raiva? 
A fonte de infecção poderia ser um morcego infectado por exemplo. Nesse caso, 
a via de eliminação do vírus seria a saliva desse morcego, a via de transmissão seria 
a mordedura e a porta de entrada no novo hospedeiro suscetível, como um bovino, 
a lesão provocada pela mordedura do morcego. 
Vale ressaltar que a cadeia epidemiológica dos diversos agentes infecciosos varia 
de forma considerável. Pode ser tão simples como o contato direto entre superfícies, 
11
UNIDADE História e Importância da Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde Pública Veterinária
tal qual como ocorre na transmissão venéreas de alguns agentes, ou tão complexo 
como a passagem por hospedeiros intermediários ou vetores até que o agente infecte 
o hospedeiro definitivo (PANTOJA, 2016). 
Um exemplo clássico de cadeia epidemiológica mais complexa é a leishmaniose, 
cujo insetos vetores são os flebotomíneos. 
Outro conceito de fundamental importância é o da “História natural da doença”. 
Se o contato agente-hospedeiro for efetivo, ocorrerá infecção que, por sua vez, é 
definida como a invasão e a posterior multiplicação do agente no tecido do hospe-
deiro. A sequência de eventos e a variedade de respostas de animal à infecção são 
de grande valia para o diagnóstico e controle das enfermidades, sendo descrita em 
um modelo biológico conhecido como história natural da doença (PANTOJA, 2016).
História natural da doença: refere-se à evolução de uma doença no indivíduo através 
do tempo, na ausência de intervenção.
Nas doenças transmissíveis, o período de latência é o tempo que transcorre desde 
a infecção até que o indivíduo se torne infectado. O período de incubação é o tempo 
que transcorre desde a infecção até a apresentação dos sinais clínicos (OPAS, 2010). 
Conhecer o período de incubação de cada doença possibilita a aplicação de me-
didas preventivas, como a quarentena. Por meio do isolamento e da observação de 
animais por tempos maiores do que o período de incubação, tentamos assegurar 
que o animal não tenha doença clínica ou que as manifestações não clínicas sejam 
detectadas por testes diagnósticos antes de sua introdução em uma nova população 
(PANTOJA, 2016).
Você Sabia?
A Guia de Trânsito Animal (GTA) é o documento oficial para transporte animal no Brasil, 
e contém informações essenciais sobre a rastreabilidade (origem, destino, finalidade, es-
pécie, vacinações, entre outros). Cada espécie animal possui uma norma específica. Para 
o trânsito interestadual de bovinos e bubalinos destinados à reprodução, por exemplo, 
deve ser exigida apresentação de atestado negativo a teste de diagnóstico para brucelose.
O período de transmissibilidade é definido como o tempo durante o qual o agente 
é eliminado por secreções e excreções do hospedeiro, de modo a haver transmis-
são da doença para outros animais. A fase subclínica das infecções é caracterizada 
pela ausência de sinais clínicos, embora haja processos patológicos que resultem, 
frequentemente, em diminuição da produtividade animal. O início dos sinais clínicos, 
momento denominado horizonte clínico, marca a transição entre as fases subclínica 
e clínica da doença (WALDMAN, ROSA, 1998; PANTOJA, 2016).
 De acordo com Waldman e Rosa (1998), o conceito de iceberg, nos mostra que, 
muitas vezes, boa parte dos casos ficam abaixo do horizonte clínico, ou seja, a ponta 
12
13
do iceberg seria a pequena proporção de animais que apresentam a fase clínica. 
Portanto, a maior parte dos casos não pode ser identificada com fundamento em 
sinais clínicos.
De fato, o grande desafio de sistemas de saúde, seja animal, seja humano, é des-
cobrir os agentes causadores de doenças onde quer que eles se encontram. 
Nesse âmbito, Côrtes (2002) aponta algumas questões básicas que precisam 
ser respondidas: 
Onde os agentes se encontram? Como agem? O que provocam? Como persistem 
na natureza? Como podem ser introduzidos e como se disseminam em uma popu-
lação? Onde e quando encontram condições adequadas para desenvolver sua ação? 
Qual a intensidade de sua ocorrência?
Uma das ações que auxiliam na resposta a essas questões é a V igilância Epidemio-
lógica, caracterizada como um conjunto de procedimentos de natureza sistemática 
e permanente, por meio do qual tomamos conhecimento dos eventos relacionados 
com a presença de doenças e os respectivos meios de combate, em uma determina-
da área geográfica (CÔRTES, 2002). 
Você Sabia?
A vigilância epidemiológica foi o tema central da 21ª Assembleia Mundial de Saúde re-
alizada em 1968, na qual se estabeleceu a abrangência do conceito, que permitia apli-
cação a variados problemas de Saúde Pública. No Brasil, a Campanha de Erradicação da 
Varíola, em 1996, é reconhecida como marco da institucionalização das ações de vigi-
lância no país.
Algumas das funções da Vigilância Epidemiológica preconizadas pelo Ministério 
da Saúde são: coleta de dados, processamento dos dados coletados, análise e inter-
pretação dos dados processados, recomendação das medidas de controle apropria-
das, promoção das ações de controle indicadas, avaliação da eficácia e efetividade 
das medidas adotadas e divulgação de informações pertinentes (BRASIL, 2005).
O cumprimento das funções de Vigilância Epidemiológica depende da disponibi-
lidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de informação 
para a ação.
A Vigilância utiliza muito, no seu dia a dia e em seu planejamento, “Indicadores 
de Saúde”. 
O Indicador de Saúde revela a situação de Saúde (ou um aspecto dela) da população 
ou de um indivíduo. É montado a partir de dados referenciados no tempo e no espaço 
e facilitam a análise e o olhar com significânciasobre a realidade, por meio de sua 
simples leitura ou por meio do acompanhamento dos dados no tempo ( CVS, 2004). 
A seguir, vejamos alguns dos principais indicadores de saúde utilizados. Morta-
lidade refere-se ao conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo do 
13
UNIDADE História e Importância da Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde Pública Veterinária
tempo. Morbidade refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquirem doenças num 
dado intervalo de tempo em uma determinada população (CVS, 2004). A letalida-
de mede a severidade de uma doença e é definida como a proporção de mortes 
dentre aqueles doentes por uma causa específica em um certo período de tempo 
(BONITA et al., 2010). 
Por sua vez, a incidência indica o número de casos novos ocorridos em certo 
período de tempo em uma população específica, enquanto prevalência refere-se ao 
número de casos (novos e velhos) encontrados em uma população definida em um 
determinado ponto no tempo (BONITA et al, 2010). 
É importante lembrar que dados sobre prevalência e incidência tornam-se mais úteis 
quando transformados em taxas. Uma taxa é calculada dividindo-se o número de casos 
pelo número de indivíduos em risco e é expressa como casos por 10n indivíduos.
Entende-se por controle de doenças o conjunto de medidas adotadas com o 
objetivo de reduzir a incidência e/ou prevalência das doenças ou, ainda, erradicá-
-las. A erradicação, por sua vez, representa a eliminação da transmissão do agente 
infeccioso, de tal modo que seja possível suspender as medidas de controle tradicio-
nalmente adotadas para o controle da doença em determinada população ou região 
(SOUZA et al. 2018).
Para entendermos melhor esses conceitos, vamos adotar como exemplo os pro-
gramas oficiais de controle de doenças de grande impacto em saúde animal do Mi-
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
A fim de assegurar a saúde animal, existem estratégias elaboradas pelo governo 
Federal em sintonia com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que visam a 
dar suporte a doenças de grande impacto em saúde animal e Saúde Pública. 
Entre as medidas inseridas em cada plano específico para o controle dessas do-
enças, podemos citar: vacinação de animais, base cadastral e auditoria do Sistema 
Agro-Produtivo, atenção veterinária com vigilância epidemiológica ativa e passiva, 
educação sanitária e controle do trânsito de animais (MAPA, 2020). 
Entre os programas de controle oficial, estão: Programa Nacional de Erradicação 
e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), Programa Nacional de Controle e Erradica-
ção da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), Programa Nacional de Sa-
nidade Avícola (PNSA) e Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros 
(PNCRH), entre outros.
Posteriormente, nessa Disciplina, estudaremos os programas de sanidade animal 
com mais detalhes. O Ministério da Saúde também possui programas de controle de 
doenças de grande impacto em Saúde Pública, sendo muitas delas zoonoses como, 
por exemplo, o Programa Nacional de Controle da Malária e Programa Nacional de 
Controle da Dengue. 
Em relação à erradicação de doenças na Medicina Veterinária, podemos citar a 
peste bovina, enfermidade infecto-contagiosa de origem viral altamente contagiosa 
que afeta animais de casco fendido (principalmente bovinos e búfalos) (CFMV, 2020). 
14
15
Foi uma das enfermidades animais de maior impacto na Humanidade. No século 19, 
na África, a introdução do vírus nas populações de bovinos e em animais selvagens, 
que nunca tinham tido contato com esse agente, foi responsável por eliminar rebanhos 
inteiros, causando a fome em diversos países (HEINEMANN; CORTEZ, 2016). 
Em 1994, a OIE, junto com a Organização das Nações Unidas para Alimentação 
e Agricultura (FAO) lançaram o Programa de Erradicação Global da Peste Bovina. 
Em junho de 2011, ambas as Agências declararam a erradicação da Peste Bovina no 
mundo (HEINEMANN, CORTEZ, 2016). 
Você Sabia?
A peste bovina, causada por um Morbillivirus da família Paramyxoviridae, é uma doença 
febril aguda, de alta transmissibilidade. É a segunda doença a ser erradicada no mundo 
(depois da varíola em humanos, em 1980) e a primeira em animais. O mérito é atribuído 
ao trabalho massivo da comunidade veterinária.
O ressurgimento de doenças que se considerava estarem controladas e a identifi-
cação de novos agentes infecciosos levam as “doenças emergentes e reemergentes” 
a figurarem hoje como um dos principais centro das atenções de profissionais da 
saúde, acadêmicos, agentes de políticas públicas, das instituições governamentais ou 
não, nacionais ou internacionais (PAZ; BERCINI, 2009).
Doença emergente é o surgimento ou a identificação de um novo problema de saúde 
ou um novo agente infeccioso como, por exemplo, o novo coronavírus (COVID-19), 
que foi identificado em 2019, em Wuhan, China. É um novo coronavírus, que não 
havia sido identificado anteriormente em humanos (CRODA; GARCIA, 2020).
Doença reemergente é uma doença transmissível previamente conhecida, que 
reaparece como problema de Saúde Pública após uma etapa de significativo declínio 
de sua incidência e aparente controle (OPAS, 2010). 
De forma geral, as doenças reemergentes indicam mudança no comportamento 
epidemiológico de doenças já conhecidas, que haviam sido controladas, mas que 
voltaram a representar ameaça à saúde humana. Inclui-se aí a introdução de agentes 
já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Na história recente 
do Brasil, por exemplo, registra-se o retorno da dengue e do cólera e a expansão da 
leishmaniose visceral (BOULOS, 2001).
Quais são os principais fatores envolvidos na determinação da emergência e reemergência 
de doenças infecciosas?
Alguns motivos apontados por especialistas para o aparecimento das doenças emergentes 
são, por um lado, as alterações climáticas, o conjunto das atividades humanas que atingem, 
direta ou indiretamente, o ambiente, com destaque para o crescimento e assentamento 
populacional, e o uso indiscriminado de antibióticos.
15
UNIDADE História e Importância da Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde Pública Veterinária
Muitos estudos indicam que 75% das doenças humanas emergentes ou re-
emergentes do último século são zoonoses, isto é, doenças de origem animal 
(ZANELLA, 2016). 
Nesse sentido, vamos relembrar alguns conceitos importantes. 
Endemia é a presença contínua de uma enfermidade ou de um agente infeccioso 
em uma zona geográfica determinada. Por sua vez, epidemia é o termo utilizado 
para situações em que a doença envolve grande número de indivíduos e atinge uma 
larga área geográfica (BRASIL, 2018).
A definição clássica de zoonoses é a de doenças que são transmitidas de animais 
para humanos ou de humanos para os animais. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define zoonoses como “Doenças ou 
infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos” 
(OMS, 2020). 
No entanto, as zoonoses podem ser classificadas de acordo com o sentido da 
transmissão. De acordo com Vasconcellos (2013), antropozoonoses são doenças 
primárias de animais que, eventualmente, podem ser transmitidas aos seres huma-
nos, como, por exemplo, a raiva. 
Por sua vez, zooanthroponoses são doenças primárias de humanos e que even-
tualmente podem acometer os animais, como, por exemplo, tuberculose em ani-
mais, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bacilo do tipo humano. 
Por último, amphixenosis, agentes de doenças que se transmitem com igual 
intensidade entre animais, entre os seres humanos e também entre animais e seres 
humanos, como, por exemplo, Estafilococose.
Posteriormente, veremos maiores detalhes sobre zoonoses e Medidas Preventivas 
relacionadas! 
16
17
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Medicina Veterinária do Coletivo: Fundamentos e Práticas
O livro Medicina Veterinária do Coletivo: fundamentos e práticas, de autoria de 
Rita de Cassia Maria Garcia,Néstor Calderón e Daniel Friguglietti Brandespim, 
é uma obra pioneira no país. Traz diversas questões em saúde, a partir de uma 
perspectiva multidisciplinar, aborda questões práticas de medicina de abrigos, 
Medicina Veterinária legal e medicina preventiva: GARCIA, R. C. M.; CLADERÓN, 
N.; BRANDESPIN, D. Medicina Veterinária do Coletivo: fundamentos e práticas. 
Campo Limpo Paulista: Integrativa Vet, 2019.
 Vídeos
Da Colonização à Abolição: a História das Epidemias no Brasil 1/2
Esta série de pequenos vídeos traz um pouco da história das principais doenças 
que abateram o Brasil desde a chegada dos colonizadores portugueses. Fica claro 
o impacto de doenças com potencial zoonótico que representam um desafio às
autoridades sanitárias até os dias de hoje.
https://youtu.be/HRTkFCe7xwI
A História da Saúde Pública no Brasil – 500 Anos na Busca de Soluções
Vídeo elaborado pela FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz), considerada uma das 
principais Instituições mundiais de pesquisa em Saúde Pública, sobre a história da 
Saúde Pública no Brasil, traz reflexões importantes para o desenvolvimento do 
raciocínio crítico do aluno sobre saúde, diferenças sociais no país e, muitas vezes, 
falta de investimento do governo em Políticas Públicas de Saúde.
https://bit.ly/3232W4W
 Leitura
O Papel e a Importância do Médico Veterinário na Saúde Pública
De formal geral, a formação do Médico Veterinário está muito focada na clínica 
(principalmente de pequenos animais) ou na produção animal (de acordo com o 
perfil regional). No entanto, poucos estudantes têm conhecimento que existe um 
mercado de trabalho promissor dentro dos serviços de Saúde Pública para o Médico 
Veterinário. No site do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, você 
encontrará excelentes informações a respeito da atuação do Médico Veterinário na 
Saúde Pública. 
https://bit.ly/2FziLc7
17
UNIDADE História e Importância da Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde Pública Veterinária
Referências
BARBOSA, D. S. A inserção do Médico Veterinário nos Núcleos de Apoio à Saúde 
da Família (NASF): novos caminhos de atuação na Saúde Pública. Journal of 
Management & Primary Health Care, v. 5, n. 1, p. 1-3, 2014.
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTROM, T. Epidemiologia básica. 2.ed. 
São Paulo: Santos, 2010. 213p. 
BOULOS, M. Doenças emergentes e reemergentes no Brasil. Ciência Hoje, v. 29, 
n. 170, p. 58-60, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 5.ed. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2005. 816p. 
________. Ministério da Saúde. Guia para Investigações de Surtos ou Epide-
mias. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 64p. 
________. Ministério da Saúde. Cronologia histórica da Saúde Pública. 2017. Dis-
ponível em: <http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publica>. Aces-
so em: 05/07/2020.
________. Ministério da Saúde. Leishmaniose Visceral: o que é, causas, sin-
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