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Thaís Regina Lemfers Medicina Veterinária, 4º semestre – 2013/02 picoRNAviridae Os membros desta família – os picornavírus – são vírus pequenos, icosaédricos, sem envelope e possuem uma molécula de RNA linear de polaridade positiva como genoma. O nome da família é derivado de pico (pequeno) e RNA, em referência ao genoma de ácido ribonucléico. Vírus pequeno, saúde humana e veterinária Poliovírus humano – PV Vírus da febre aftosa Variedade de 17 gêneros e espécies: FMDV – bovinos, ovinos, caprinos, suínos – vírus da febre aftosa SVDV – suínos – doença vesicular de suínos – diferencial de febre aftosa - Animais silvestres: reservatórios (?) Detecção em animais assintomáticos e com sinal clínico (diarreia): Tipos virais diferentes Carga viral Outros agentes Infecção mais frequente em jovens (menor ou com 6 meses) Diferenças relevantes: - Capacidade de permanecer em pH ácido - Ele tem uma proteína no capsídeo – VP1 – diferenças antigênicas nesta proteína Características gerais: Icosaédrico, 25-30nm, não – envelopado O RNA genômico possui uma proteína denominada VPg covalentemente ligada na sua extremidade 5’, e uma cauda poliA na extremidade 3’ (Figura 21.2). Pelo fato de possuir polaridade positiva e poder ser traduzido diretamente pelos ribossomos, o RNA genômico é infeccioso quando introduzido artificialmente em células permissivas. O capsídeo possui uma superfície externa regular, é perfeitamente simétrico, e é composto por 60 unidades estruturais. Cada uma dessas unidades, denominadas protômero, é formada por uma cópia das quatro proteínas estruturais: VP1, VP2, VP3 e VP4. Essas proteínas são produzidas pela clivagem enzimática de uma poliproteína precursora (P1). Capsídeo: VP1, VP2, VP3 e VP4 RNA fita simples de polaridade positiva Linear 7 – 8,5kbp VPg (ligada na 5’), cauda poliA Resistencia a solvente lipídicos – éter, clorofórmio, álcool Altamente resiste ao ambiente – epidemiologia Thaís Regina Lemfers Medicina Veterinária, 4º semestre – 2013/02 Aos que tem infecção por trato digestivo – possuem o nível de pH flexível O RNA genômico e os RNA mensageiros (mRNAs) dos picornavírus não possuem cap na extremidade 5’. Por isso, a sua tradução depende do reconhecimento pelos ribossomos por meio de um mecanismo diferente dos mRNAs celulares. Os RNAs virais são reconhecidos pelos ribossomos através de uma estrutura secundária localizada na região não-traduzida (untranslated region – 5’UTR) denominada sítio interno de entrada dos ribossomos (IRES). Próximo à extremidade 5’, existe uma longa região não-traduzida (5’UTR), precedendo o códon de iniciação da única e longa seqüência aberta de leitura (open reading frame, ORF). A região 5’UTR possui função na tradução, influi na virulência e, possivelmente, desempenhe alguma função na morfogênese das partículas víricas. Próximo à extremidade 3’, existe outra região não- traduzida (3’UTR) que contém sítios importantes para a replicação do genoma e infecções produtivas. Proteínas estruturais: - Proteína percursora – P1 - Conferem estabilidade viral - VP1: Receptores canyons – pólio e rino Loops – afto - Host range e Ac – sorotipos e subtipos Proteínas não estruturais: - Proteínas percursora – P2 e P3, replicação do genoma, processamento de proteínas Ausência de mecanismos de correção – mutações - Aumento da capacidade citolítica em cultivo: arredondamento, retração, picnose nuclear, regeneração - Sinais clínicos aparecem rapidamente - Febre aftosa: sete sorotipos, prejuízo econômico, vacina com sorotipos: AOC, SC NÃO É VACINADA! Transmissão – aerossóis, contato direto e indireto. Área de contingência, mais 3km de área infectada, mais 10km de área de vigilância, 25km Sinais: lesões vesiculares, cavidade oral, língua, região interdigital, focinho Thaís Regina Lemfers Medicina Veterinária, 4º semestre – 2013/02 Replicação: Adsorção: VP1 (canyons ou loops) Penetração: endocitose ou por poros formados pela VP1 Desnudamento Replicação genômica e montagem Local: citoplasma Ocorre a tradução da ORF na poliproteina – clivada – proteínas para a replicação 1 ORF – poliproteina – clivada – P1 (capsídeo), P2 e P3 (não estruturais) ssRNA + (genômico) RNA complementar negativo ssRNA + genômico Clivagem de fatores celulares para tradução dependente de cap Tradução direcionada por IRES rápida e eficiente Liberação – lise celular O ciclo de replicação dos picornavírus ocorre integralmente no citoplasma das células hospedeiras. O RNA genômico serve como molde para a tradução e para a replicação, resultando em uma interação complexa entre fatores de tradução do hospedeiro e de replicação do RNA. Para isso, a tradução e síntese de RNA fita negativa (intermediário replicativo) dos poliovírus são coordenadas pela interação de um complexo de fatores virais e celulares. Isso ocorre em pequenas vesículas, originadas a partir de membranas celulares, nas quais as proteínas não estruturais do vírus ficam associadas. Após o desnudamento e liberação no citoplasma, o RNA viral é traduzido diretamente pelos polirribossomos. O IRES forma uma estrutura secundária complexa que serve de sítio de ligação para os ribossomos, ou seja, o reconhecimento do RNA é independente de cap, ao contrário do que ocorre com os mRNAs celulares. A seguir, os ribossomos são direcionados ao códon de iniciação da tradução, sem a necessidade de escanear as seqüências anteriores, como ocorre nos mRNAs que possuem cap. A tradução da ORF resulta em uma poliproteína, que é rapidamente clivada nos precursores P1, P2 e P3 e, em seguida, origina as proteínas individuais. As proteínas não-estruturais possuem papel importante na replicação do genoma e em funções relacionadas. As etapas finais do ciclo replicativo envolvem a montagem dos capsídeos e a maturação dos vírions por clivagem da VP0 em VP2 e VP4. Os mecanismos de montagem e maturação ainda necessitam maior entendimento.
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