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RESUMO - RASTREAMENTO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

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RESUMO – RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO E 
PLANEJAMENTO REPRODUTIVO 
 
 RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO 
O câncer do colo do útero está associado à infecção persistente por subtipos 
oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-
18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais (BRUNI et al., 2019). 
A infecção pelo HPV é muito comum. 
Estima-se que cerca de 80% das 
mulheres sexualmente ativas irão 
adquiri-la ao longo de suas vidas. 
Aproximadamente 291 milhões de 
mulheres no mundo são portadoras do 
HPV, sendo que 32% estão infectadas 
pelos subtipos 16, 18 ou ambos 
(SANJOSÉ S et, 2007). 
 A transmissão pela via sexual explica 
por que a maioria dos casos ocorre 
durante a vida sexual ativa. Como o 
HPV é transmitido às mulheres pelos 
homens, o uso de preservativo protege 
as mulheres em até 70% das vezes. 
 ATENÇÃO BÁSICA 
O controle do câncer do colo do útero requer ações articuladas em todos os níveis de 
atenção. O uso de preservativos, a realização do exame preventivo, a vacinação contra 
o HPV (não protegem contra todos os tipos oncogênicos), orientações quanto aos 
hábitos e estilo de vida são ações que são realizadas na atenção básica. 
 O ÊXITO DAS AÇÕES DE RASTREAMENTO DEPENDE DOS SEGUINTES 
PILARES: 
 Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada; 
 Alcançar a meta de cobertura da população alvo; 
 Garantir acesso a diagnóstico e tratamento; 
 Garantir a qualidade das ações; 
 Monitorar e gerenciar continuamente as ações. 
 
 VACINA DO HPV 
 Vacina quadrivalente (tipos 6, 11, 16 e 18); 
 Indicada para meninas de 9 -14a e meninos de 11-14ª; 
 Esquema composto por duas doses | intervalo de 6 meses; 
 Para PVHIV, pessoas transplantadas de órgãos sólidos ou medula óssea e 
pacientes oncológicos, a faixa etária indicada para imunização é de 9 a 26 anos, 
sendo o esquema de vacinação composto por três doses (0, 2 e 6 meses); 
Figura: Fatores de risco que levam ao aparecimento 
do câncer do colo uterino. 
 O exame preventivo de colo uterino segue indicado, conforme as diretrizes 
brasileiras para o rastreamento do CA do colo. 
 
 DIAGNÓSTICO 
Exame clínico, Preventivo (Papanicolau); 
Colposcopia – exame que permite visualizar a vagina e o colo de útero com um 
aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões; 
Biópsia – retirada de pequena amostra de tecido para análise no microscópio. 
 EXAME PREVENTIVO 
O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é 
o exame citopatológico. 
 Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se 
ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 
3 anos. 
 O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já 
tiveram ou têm atividade sexual. 
 Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade e, naquelas 
mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos 
quando essas mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos 
consecutivos nos últimos cinco anos. 
 Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao 
exame citopatológico, deve-se realizar dois exames com intervalo de um a três 
anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser 
dispensadas de exames adicionais. 
Situações Especiais 
Gestantes: o rastreamento em gestantes deve seguir as recomendações de 
periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres, devendo sempre ser 
considerada uma oportunidade a procura ao serviço de saúde para realização de pré-
natal. 
Mulheres na pós-menopausa: devem ser rastreadas de acordo com as orientações 
para as demais mulheres. Se necessário, proceder à estrogenização previamente à 
realização da coleta! 
Histerectomizadas: mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, 
sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, 
podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores 
normais. 
Em casos de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher 
deverá ser acompanhada de acordo com a lesão tratada. 
Mulheres sem história de atividade sexual: não devem ser submetidas ao 
rastreamento do câncer do colo do útero. 
Imunossuprimidas: o exame citopatológico deve ser realizado nesse grupo de 
mulheres após o início da atividade sexual com intervalos semestrais no primeiro ano 
e, se normais, manter seguimento anual enquanto se mantiver o fator de 
imunossupressão. 
Mulheres HIV positivas com contagem de linfócitos CD4+ abaixo de 200 células/mm3 
devem ter priorizada a correção dos níveis de CD4+ e, enquanto isso, devem ter o 
rastreamento citológico a cada seis meses. 
o ORIENTAÇÕES PARA GARANTIR UM RESULTADO CORRETO 
 Abstinência sexual de 48 h; 
 Evitar uso de duchas, medicamentos vaginais, lubrificantes, anticoncepcionais 
locais nas 48 horas que antecedem o exame; 
 Evitar a realização de exames intravaginais, como Ultrassonografia Transvaginal 
(devido à utilização do gel transdutor); 
 Não estar menstruada (no caso de sangramento vaginal anormal, o exame é 
mandatório e a coleta se indicada, poderá ser realizada); 
 Trazer cartão de vacina; 
 Mulheres menopausadas devem fazer consulta médica previamente. 
 
o MATERIAS 
Luvas de procedimento | Espéculo vaginal | Espátula de ayres (pra coletar o escamoso 
na ectocérvice) | Escova endocervical (pra coletar o clandular na endocérvice) | Lâmina. 
o EXAME PREVENTIVO (Check list para coleta de material) 
1. Verificar se a sala de exame está limpa e equipada; 
2. Observar a arrumação dos materiais e quantidade necessária para a coleta; 
3. Testar os equipamentos (foco de luz, mesa ginecológica, etc); 
4. Preencher a requisição de exame citopatológico em local reservado; 
5. Identificar a lâmina corretamente; 
6. Lavar as mãos; 
7. Colocar a paciente em posição ginecológica, cobrindo-a com lençol; 
8. Calçar as luvas; 
9. Realizar exame fisico: mucosas, mamas, região pélvica; 
10. Escolher o tamanho do espéculo de acordo com a indagação sobre o n° de 
partos vaginais; 
11. Testar o espéculo escolhido e reservar; 
12. Fazer inspeção da vulva, região perianal e intróito vaginal; 
13. Introduzir o espéculo cuidadosamente, inspecionando a vagina, o colo do útero 
e OE; 
14. Coletar o material do ecto e endocérvice; 
15. Estender o material no lado da lâmina correspondente a parte fosca e fixar 
imediatamente; 
16. Fechar o espéculo e retirá-lo suavemente. 
17. Retirar as luvas e lavar as mãos. 
18. Completar a requisição com o registro dos achados no exame. 
19. Registrar Anamnese; Exame Físico e Especular; Diagnóstico de Enfermagem; 
Prescrição de Enfermagem; Orientação e Registrar retorno no prontuário; 
20. Realizar Manejo das ISTs, se necessário; 
21. Orientar a paciente sobre o resultado e entregar o cartão com a data marcada; 
22. Organizar a sala para receber a próxima paciente. 
 
 
 ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA (RESULTADO DA ANÁLISE) 
Amostra insatisfatória para avaliação = Amostra cuja leitura esteja prejudicada 
(material acelular ou hipocelular (75% do esfregaço) por presença de sangue, piócitos, 
artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular). 
 Repetir em 6 a 12 semanas com correção do problema que motivou o resultado 
insatisfatório. 
Amostra satisfatória para avaliação = Amostra que apresenta células em quantidade 
representativa, bem distribuídas de tal modo que sua observação permita uma 
conclusão diagnóstica. 
Células presentes na amostra > células representativas dos epitélios do colo do útero: 
 Células escamosas (na ectocérvice); 
 Células glandular (na endocérvice; 
 Células metaplásicas – representativas da junção escamocolunar (JEC) > sua 
presença na amostra tem sido considerada como indicador da qualidadeda 
coleta, pelo fato de essa coleta buscar obter elementos celulares representativos 
do local onde se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do útero. 
Esfregaços normais somente com células escamosas = Resultado citológico dentro 
dos limites da normalidade no material examinado Inflamação sem identificação de 
agente > alterações celulares epiteliais, geralmente determinadas pela ação de agentes 
físicos (radioativos, mecânicos ou térmicos, químicos, como medicamentos e acidez 
vaginal sobre o epitélio glandular, DIU). 
 Deve ser repetido com intervalo de 1 ano, e com dois exames normais anuais 
consecutivos, o intervalo poderá ser de 3 anos. 
 
 ACHADOS MICROBIOLÓGICOS 
Lactobacillus sp. − Cocos. − Outros Bacilos: São considerados achados normais, pois 
fazem parte da microbiota normal da vagina. Na ausência de sinais e sintomas, a 
presença desses microorganismos não caracteriza infecção que necessite tratamento. 
Paciente com sintomatologia (corrimento, prurido ou odor genital anormal) na presença 
de agentes patogênicos como Gardnerella/mobiluncus sp e Candida sp deve ser 
tratada; 
Pacientes sugestivos de Trichomonas vaginalis deverão ser tratados independente 
de sintomatologia e o seu parceiro também deve ser tratado por se tratar de uma IST. 
 ZONAS DE TRANSFORMAÇÃO 
A região do colo uterino onde o epitélio colunar foi e/ou está sendo substituído pelo 
novo epitélio escamoso metaplásico é denominada de zona de transformação. É 
necessário verificar a representatividade da Zona de Transformação porque é 
principalmente nesta área que surgem as lesões precursoras do câncer do colo do 
útero. 
 NOMENCLATURA CITOLÓGICA BRASILEIRA: 
 
 RESUMO DE RECOMENDAÇÕES PARA CONDUTA INICIAL FRENTE AOS 
RESULTADOS ALTERADOS DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS NAS 
UNIDADES DE ATENÇÃO BÁSICA: 
 
 RETORNO 
 Interpretação do resultado do exame e conduta; 
 Orientação sobre periodicidade de realização do exame: 
- 2 exames negativos com intervalo de 1 ano, se os resultados forem normais, o 
exame deve ser feito a cada 3 anos; 
- Em caso de mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame, 
dois exames com intervalo de 1 a 3 anos. Se ambos negativos, elas podem ser 
dispensadas e exames adicionais. 
 Comunicação da alteração detectada no exame para a mulher e realização de 
apoio emocional e esclarecimento de suas dúvidas. Abordar, a depender do 
resultado, sobre a necessidade de acompanhamento por meio de exame 
citopatológico, colposcopia ou outros procedimentos. É comum a remissão 
espontânea de lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau; 
 Garantia da continuidade do cuidado em momento oportuno e encaminhamento 
para serviços de referência em diagnóstico e/ou tratamento do câncer de colo 
do útero, conforme necessidade. 
 
 ACOMPANHAMENTO 
 Realizar encaminhamento dos casos que necessitam de avaliação nos serviços 
de referência de acordo com os critérios estabelecidos; 
 Contato contínuo com mulheres com resultado alterado, para estimular a adesão 
ao tratamento e detectar as faltosas; 
 Realização de busca ativa de mulheres dentro da população-alvo e com exame 
em atraso; 
 Seguimento de casos alterados. 
 
 PLANO DE AÇÃO PARA LIDAR COM O PROBLEMA DAS FALTANTES 
 
AÇÃO RECURSOS 
 Busca ativa com ACs; 
 Realizar ações de capacitação da 
equipe; 
 Elaborar convites para enviar as 
mulheres; 
 Realização de palestras; 
 Realizar campanhas e anunciá-la no 
carro de som; 
 Busca ativa, agendamento e 
realização dos exames na UBS; 
 Melhorar o acolhimento; 
 Divulgar nas redes sociais; 
 Ter o apoio da equipe 
multiprofissional; 
 Ter a presença de um ginecologista 
na UBS; 
 Preventivo itinerário. 
 Transporte para deslocamento 
da equipe; 
 Papel e caneta para as 
capacitações; 
 Impressão dos convites; 
 Transporte para deslocamento 
da equipe; 
 Disponibilidade do carro de 
som para anunciar as 
campanhas; 
 Horários disponíveis para 
agendamento dos exames e 
material para exames;

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