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APOSTILA - LITERATURA INFANTO JUVENIL (1)

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Prévia do material em texto

Literatura 
Infanto Juvenil
Professora Especialista Paula Regina Dias de Oliveira 
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
MOREIRA, Greicy Juliana.
OLIVEIRA, Paula Regina Dias de.
Literatura Infanto Juvenil.
Greicy. Juliana Moreira.
Paula. Regina Dias de Oliveira.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 102 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORAS
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira 
●	 Mestre em Letra (UEM).
●	 Especialista em Língua Portuguesa - Teoria e Prática (América do Sul).
●	 Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Faculdade Maringá).
●	 Especialista em Educação Especial com Ênfase em Libras (Bom Bosco).
●	 Especialista em Educação Empreendedora (Puc -RJ).
●	 Especialista em Gestão de Pessoas (Faculdade Maringá).
●	 Licenciatura em Letras - Português.
●	 Segunda Licenciatura ( Pedagogia - Unicesumar - em andamento).
●	 Professora da Pós-Graduação (UNIFCV).
●	 Tutora Pedagógica e de Pós-graduação da (UNIFCV).
●	 Professora conteudista na área de Educação (UNIFCV/UNIFATECIE).
●	 Instrutora	de	cursos	Técnicos	e	Profissionalizantes	(SENAC-PR).
●	 Experiência na área de Educação há 12 anos.
●	 Experiência no Ensino Técnico e Superior e Pós-Graduação (presencial e à 
distância): desde 2010 até os dias atuais.
Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8929294723407914 
Professora Esp. Paula Regina Dias de Oliveira
●	 Especialista em Docência no Ensino Superior (Unicesumar)
●	 Especialista em EAD e as Novas Tecnologias Educacionais (UniCesumar). 
●	 Licenciatura em Pedagogia (FAPI – Faculdades de Pinhais).
●	 Tutora Educacional - Modalidade Presencial em disciplinas Híbridas (UNIFCV).
●	 Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da pós-graduação 
(UNIFCV).
●	 Professora mediadora na área da Educação (UNIFCV).
Ampla experiência como tutora educacional e como professora mediadora em 
disciplinas do curso de Pedagogia na modalidade EAD. Experiência como facilitadora em 
cursos	de	formação	profissional.	Experiência	em	docência	na	educação	infantil.
Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2006860851344290
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=B8DA4EF97D4AE655B42127C955EE8B8E
http://lattes.cnpq.br/2006860851344290
http://lattes.cnpq.br/2006860851344290
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 5
A Literatura Infanto-Juvenil
UNIDADE II ................................................................................................... 25
A Literatura Infanto-Juvenil
UNIDADE III .................................................................................................. 53
Ensino da Literatura Infanto-Juvenil
UNIDADE IV .................................................................................................. 73
Prática Pedagógica e Literatura Infanto-juvenil
5
Plano de Estudo:
• Conceito 
• Aspectos históricos
•	Especificidade
Objetivos de Aprendizagem:
Ao	final	desta	unidade	você	será	capaz	de:	
• Apresentar e discutir alguns conceitos de literatura infanto juvenil, discutir suas concep-
ções, promover a compreensão crítica no que se refere a literatura infanto juvenil. 
• Apresentar uma introdução à História da Literatura Infanto juvenil, bem como compreen-
der o seu desenvolvimento desde a Idade Medieval até os dias atuais.
• Discutir algumas questões acerca dessa literatura, a relação entre o leitor e o texto, além 
das	suas	características	e	especificidades.
UNIDADE I
A Literatura Infanto-Juvenil
Professora Especialista Paula Regina Dias de Oliveira
6UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
INTRODUÇÃO
Nos	dias	atuais,	formar	leitores	literários	tem	se	tornado	um	grande	desafio,	pois	
circulam em nossa sociedade discursos variados e muitas são as formas de expressão, e 
o texto literário tem tentado se manter ativo em meio a essa imensa variedade de textos. 
Mais	afinal,	o	que	é	a	literatura?	O	que	a	diferencia	dos	demais	gêneros	e	por	que	ela	é	tão	
importante	na	formação	da	criança	e	do	adolescente?
A	literatura	infanto	juvenil	é	formada	por	um	conjunto	de	textos	diversificados	em	
que	a	classificação	desse	gênero	se	dá	pelo	público	que	deseja	atingir.	Essa	característica	
é fundamental e compartilhada entre os diversos gêneros. 
Falar um pouco sobre a importância dos textos literários, seu conceito, sua história 
e	especificidades	é	um	dos	objetivos	desta	unidade,	pois	a	literatura	infanto	juvenil	exerce	
uma função importante na formação, cultural social e educativa da criança e do adolescente.
Assim, abordaremos primeiramente o conceito e com base nele, para após tra-
çarmos um percurso histórico mostrando suas transformações desde a Idade Média até a 
Idade Contemporânea. Com base em uma visão crítica e pedagógica deste gênero falare-
mos	sobre	suas	especificidades	e	suas	características	e	o	impacto	que	ela	produz	no	leitor.	
Espero com esse percurso, contribuir para seus estudos no que se refere a co-
nhecer e compreender a importância da literatura infanto juvenil na formação pedagógica, 
social e cultural dos estudantes e na formação de futuros leitores.
Venha comigo e bons estudos!
7UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
1.CONCEITO
1.1 O que é Literatura?
O texto a seguir inicia com uma intenção de se realizar um passeio pela imaginação 
que permeia a Literatura Infanto-juvenil. Para tanto, é preciso conhecer alguns conceitos 
básicos sobre Literatura. Os primeiros conceitos se referem a Arte e a Literatura, seguidos 
da Literatura para crianças e adolescentes. 
Ao falar-se em Literatura, logo se remete ao ato de ler, a interação entre o leitor 
e um texto literário. Todavia, a obra de arte literária vai além de uma simples leitura, pois 
possui	 especificidades	 e	 características	 que	 outros	 textos	 não	 possuem.	 É	 importante	
ressaltar aqui que a discussão que permeia o conceito de Literatura, suas singularidades e 
especificidades	não	são	fáceis.	Diversas	correntes	teóricas	tentaram	defini-las,	porém	não	
obtiveram sucesso, pois são discussões que ocorreram em sentidos diferentes, sociedades 
e épocas distintas. 
A	Literatura	expressa	uma	experiência	humana,	 porém	de	maneira	específica	e	
isso	dificilmente	poderá	ser	definido	com	exatidão.	Cada	época	produziu	e	compreendeu	a	
literatura do seu jeito. E conhecer esse jeito, é conhecer a singularidade de cada momento 
histórico da caminhada humana, bem como a sua evolução no decorrer desse período. 
(COELHO, 2000).
Assim	percebe-se	que	a	Literatura	está	em	constante	modificação,	e	que	ao	longo	
do tempo desenhou-se uma linha que demonstra esse vai e vem que nas palavras de Coe-
lho	2000,	(p.14)“se	reflete	nas	definições	que	o	fenômeno	literário	recebeu	desde	Platão	e	
Aristóteles no século IV a.C., os quais deram início a discussão do tema”.
8UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
O	 fato	de	o	 fenômeno	 literário	não	possuir	uma	única	definição	só	demonstra	a	
sua complexidade e a sua capacidade de se renovarao longo do tempo. Por esse motivo, 
conceituar a Literatura depende de muitas vertentes. E mesmo que não haja um consenso 
entre os teóricos sobre esse assunto como já mencionado anteriormente, sabe-se que 
existem	algumas	especificidades	e	características	que	são	próprias	do	texto	literário.
	Souza	(2000),	sugere	a	seguinte	definição	para	a	Literatura,
[ ] parte do conjunto da produção escrita e, eventualmente, certas modalidades 
de composições verbais de natureza oral (não escrita), dotadas de proprieda-
des	não	específicas,	que	basicamente	se	resumem	numa	elaboração	especial	
da	linguagem	e	na	constituição	de	universos	ficcionais	e	imaginários.	(p.42).	
Corroborando com os estudos até aqui, Souza se refere a literatura como uma das 
possibilidades	de	utilização	e	exploração	da	linguagem	e	da	ficção,	ou	seja,	pela	capacida-
de	que	o	indivíduo	tem	de	criar	um	universo	ficcional	por	meio	do	fenômeno	literário.	Neste	
sentido,	pressupõe-se	que	a	autora	define	a	obra	literária	como	uma	construção	interna,	o	
qual há um domínio da linguagem e do seu criador, no entanto, não se pode esquecer que 
o que dá corpo à obra literária é a interação que se dá entre o texto e o leitor por meio da 
leitura.	É	o	leitor	que	atribui	o	significado	àquilo	que	antes	era	apenas	um	amontoado	de	
sinais	gráficos	que	foram	impressos	em	uma	folha	de	papel.
SAIBA MAIS
Alguns Teóricos nos apresentam diferentes conceitos sobre a Arte e Literatura. 
De acordo com Tavares (1981), a Arte no seu conceito amplo ou real se refere a aplica-
ção do conhecimento a ação. “o meio adequado à realização de qualquer obra”. Já no 
conceito	filosófico	ou	estético,	a	Arte	é	uma	forma	superior	de	conhecimento	intuitivo,	
para	ele	“É	a	representação	sensível	da	beleza,	através	da	intuição”.	
Já para o autor, na época clássica no que se refere ao sentido amplo, a “Arte Literária 
consiste na realização dos preceitos estéticos na invenção, da disposição e da elocu-
ção, porém no sentido restrito, a Arte Literária é a arte que cria, pela palavra, uma imita-
ção da realidade”. (p. 17-30).
Fonte: TAVARES, Hênio. Teoria Literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981.
9UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
Foi com o passar dos séculos que a distinção entre o lógico e o imaginário se con-
sagrou. De acordo com Costa (2007), o “texto literário traz a marca da invenção e da quebra 
de padrões de escrita e de representação do mundo e do homem” (p. 16). Foi com base 
nessa diferenciação entre o lógico e o imaginário que foi possível chegar aos conceitos de 
Literatura que temos hoje.
1.1.2 Conceitos que envolvem a Literatura Infanto-juvenil
No	que	se	refere	a	literatura	infanto-juvenil,	ela	é	composta	por	histórias	fictícias	
infantis e está destinada a crianças, adolescentes e jovens. Essas obras incluem, poemas, 
novelas, obras que envolvam a cultura e o folclore ou simplesmente textos (obras que 
retratam a vida real). Tais obras são desenvolvidas de acordo com a idade do leitor. Ao 
analisar uma obra literária desenvolvida para crianças com faixa etária entre três e quatro 
anos, por exemplo, verá que esta é repleta desenhos, com poucas palavras, além de serem 
obras muito coloridas. Já uma obra escrita para o público adolescente e jovem, raramente 
haverá desenhos, em sua maioria são constituídas apenas por textos. 
1.1.3 Conceitos que envolvem a Literatura Infantil
A Literatura Infantil está destinada, como o nome diz, ao público infantil com faixa 
etária entre dois e dez anos de idade. Essas obras precisam ser de fácil leitura e enten-
dimento pela criança que a lê, além disso deve despertar o interesse e, principalmente 
estimular a imaginação da criança. 
Criados	por	professores	e	pedagogos	no	final	do	século	no	final	do	século	XVII,	os	
primeiros livros infantis tinham como objetivo apenas criar hábitos e valores. Hoje, além 
desses objetivos, a leitura deve apresentar uma outra visão da realidade, ou seja, a diversão 
e o lazer, que são importantes fatores no que se refere ao desenvolvimento psicossocial do 
leitor. 
Neste sentido pode-se dizer que a Literatura Infantil de acordo com Aguiar (2001, 
Apud Costa, 2007), trata-se de um “objeto cultural. São histórias ou poemas que ao longo 
dos séculos cativam as crianças. Alguns livros nem foram escritos para elas, mas passaram 
a ser considerados literatura infantil (p.16)”. 
Abaixo	pode-se	verificar	algumas	características	das	obras	literárias	destinadas	as	
crianças, bem como suas características e exceções: 
10UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
●	 As obras literárias desenvolvidas para atender ao público infantil com faixa etá-
ria entre dois e quatro anos, são compostas por pequenos grupos de palavras 
e frases simples. São coloridos, com muitas imagens. Isso acontece, pois nesta 
fase	as	crianças	iniciando	o	processo	de	aprendizagem	da	leitura	e	codificação	
dos signos.
●	 Os livros destinados aos leitores com idade entre quatro e seis anos, são com-
postos por grupos maiores de palavras e frases, porém sem lançar mão dos 
estímulos visuais.
●	 Para as crianças com idade entre sete e dez anos as obras literárias possuem 
um número reduzido de imagem, já priorizando o texto. Como nessa idade a 
criança já está na fase escolar, e já conseguem racionalizar, os textos passam 
a ser mais complexos, com o intuito de estimular a criança a encontrar por si só 
as respostas as indagações que estão no texto. 
Apesar	de	ser	possível	verificar	que	as	obras	literárias	possuem	algumas	caracte-
rísticas em comum, elas também possuem algumas exceções, como temas não apropria-
dos para tais faixas etárias, livros que retratam guerras, que abordam fatos como crimes e 
vícios. 
Essas	obras	especificamente,	possuem	entre	oitenta	a	cem	páginas,	ou	seja,	são	
relativamente pequenas, além disso, contam com estímulos visuais, a linguagem e a escrita 
são simples e as histórias são retratadas de maneira clara. Em alguns casos possuem ca-
ráter didático, explicando ao leitor regras e comportamentos sociais, e geralmente contam 
com	um	final	feliz.	
Ademais, pode-se então considerar que a literatura infantil, apesar de estar associa-
da	a	criança,	é	aquela	que	vai	ao	encontro	das	necessidades	do	leitor	e	que	se	identificam	
com ele, não sendo necessariamente desenvolvida somente para atender ao público infantil. 
Ela deve ser considerada como uma arte e deleite, e deve ir além da intenção pedagógica e 
didática ou como um estímulo ao hábito da leitura, ela deve despertar a criança que existe 
em cada um de nós por meio do imaginário e da fantasia.
1.1.4 Conceitos que envolvem a Literatura Juvenil
A Literatura Juvenil é aquela obra destinada ao público com faixa etária entre dez e 
quinze anos de idade. Essas obras costumam incluir temas e fatores que podem despertar 
11UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
o interesse do jovem adolescente, como temas controversos e romances. Alguns aspectos 
relacionados	ao	seu	futuro	no	que	se	refere	a	sua	escolha	profissional,	na	busca	por	au-
toafirmação,	também	são	temas	muito	comuns	para	essa	faixa	etária,	além	de	personagens	
que possuem a mesma faixa etária dos leitores, bem como o número elevado de páginas. 
Tais obras costumam ter em média duzentas a trezentas páginas. 
Diante das abordagens acima sobre as características da Literatura infanto-juvenil, 
é	possível	perceber	que	a	produção	literária	precisa	atender	há	alguns	critérios	e	especifi-
cidades, uma vez que eles é que vão distinguir um texto literário de um texto não literário. 
No tópico três desta unidade trataremos de forma mais aprofundada sobre algumas espe-
cificidades	do	texto	literário.	
REFLITA
“Dentro do contexto da literatura infantil, a função pedagógica implica a ação educativa 
do livro sobre a criança. De um lado, relação comunicativa leitor-obra, tendo por inter-
mediário o pedagógico, que dirige e orienta o uso da informação; de outro, a cadeia 
de mediadores que interceptam a relação livro-criança:família, escola, biblioteca e o 
próprio	mercado	editorial,	agentes	controladores	de	usos	que	dificultam	à	criança	a	de-
cisão e escolha do que e como ler. Extremamente pragmática, essa função pedagógica 
tem em vista uma interferência sobre o universo do usuário através do livro infantil, da 
ação de sua linguagem, servindo-se da força material que palavras e imagens possuem, 
como signos que são, de atuar sobre a mente daquele que as usa; no caso, a criança”.
(PALO; OLIVEIRA 2006, p.13)
Fonte: PALO, Maria José; OLIVEIRA, Maria Rosa D. Literatura Infantil: Voz de Criança. 4 Ed. São Paulo: 
Ática, 2006.
12UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
2. ASPECTOS HISTÓRICOS
2.1 O Discurso na Literatura Infanto juvenil da Idade Média e Moderna.
A	partir	 do	momento	 em	que	 a	 literatura	 deixou	 de	 sofrer	 influência	 religiosa,	 a	
concepção de leitura sofreu mudanças. Essas mudanças se deram na época moderna 
e teve como aporte o Romantismo que fazia reconhecer a burguesia como classe social 
dominante na época. Esse resgate tem repercutido até os dias atuais. A nova maneira de 
escrita	que	já	influencia	o	público	adulto,	passou	a	favorecer	o	público	infantil	com	a	fina-
lidade	de	modificar	o	comportamento	da	criança,	apresentando	em	suas	obras	situações	
que vão reforçar valores sociais já existentes e que são apresentados a sociedade como 
modelo a serem compreendidos e seguidos. 
Desta forma, ao apresentar algum aspecto histórico no que se refere a literatura 
infanto-juvenil, bem como compreender as características que marcaram esse gênero, 
deve-se levar em conta que ela surge atrelada a um dado momento histórico, o que nos 
permite vincular a esse período o surgimento da literatura infantil. Fator esse importante, 
uma vez que no período que antecede tais fatos, a literatura tinha a função apenas de for-
madora,	a	fim	apenas	de	integrar	a	criança	a	sociedade.	Contribuindo	com	os	pensamentos	
aqui explicitados, Zilberman (1987), descreve que na sociedade antiga não existia infância, 
[...]nenhum espaço separado do mundo adulto. As crianças trabalhavam e 
viviam junto com os adultos, testemunhavam os processos naturais da exis-
tência (nascimento, morte, doença), participavam junto deles da vida pública 
(política), nas festas, guerras, audiências, execuções, etc., tendo assim seu 
13UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
lugar assegurado nas tradições culturais comuns: na narração de histórias, 
nos cantos, nos jogos (p.5). 
Da mesma forma, Lajolo e Zilberman, ainda pressupunham que por ter apenas ca-
ráter formador da moral burguesa e por constituir uma atividade que era realizada somente 
dentro dos lares daquela época, a valorização da família serviu como principal incentivo da 
leitura como sendo apenas uma prática social, ou seja, “ser leitor, papel que, como pessoa 
física, exercemos, é função social, para a qual se canalizam ações individuais, esforços 
coletivos	e	necessidades	econômicas”	(LAJOLO;	ZILBERMAN,	1999,	p.14).	Este	contexto	
histórico	define	qual	o	papel	a	criança	deve	assumir	na	sociedade,	bem	como	o	avanço	da	
burguesia demonstrando assim, a função da literatura infantil na Idade Média.
Lajolo	e	Zilberman	(1999)	ainda	definem	a	família	como	centralizadora,	que	forta-
lecem o Estado e que dá privilégios a criança a tendo como merecedora de uma atenção 
especial, que possui status próprio, o qual sobre elas recaem as preocupações com a 
religião, saúde e educação. 
Essa	definição	se	origina	da	estrutura	social	rígida	que	existia	na	Idade	Média	e	
que era caracterizada pela divisão das classes sociais, onde o poder era centralizado nas 
propriedades, em que a linhagem hierárquica existente não dava voz a família nuclear. 
Somente alguns séculos após o período medieval é que a burguesia passa a ganhar força 
e a partir daí é que começam as transformações na sociedade moderna. 
Assim, de acordo com Zilberman (1987), 
A entidade designada como família moderna é um acontecimento do Século 
das	 Luzes.	Os	 diferentes	 historiadores	 coincidem	na	afirmação	de	 que	 foi	
ao redor de 1750 que se assistiu à complementação de um processo que 
principiou	no	final	da	Idade	Média,	com	a	decadência	das	linhagens	e	a	des-
valorização dos laços de parentesco, e culminou com a conformação de uma 
unidade familiar unicelular, amante da privacidade e voltada a preservação 
das	ligações	efetivas	entre	pais	e	filhos.	(p.5).
Diante	do	exposto	acima	pode-se	perceber	que	essa	nova	configuração	é	a	prin-
cipal responsável pelas transformações que aconteceram entre a Idade Média e Moderna, 
em que, mudam-se não só as relações sociais mais também a subjetividade do indivíduo 
em detrimento de um modo de vida que antes não existia e o qual a partir dele emerge um 
novo sujeito. 
É	a	partir	do	século	18	que,	com	a	ascensão	da	burguesia	a	situação	da	criança	
passa por mudanças, o qual a infância começa a ser valorizada. Há então a separação 
entre a vida pública e o setor privado, entre a família e o setor de negócios. A infância e a 
idade adulta passam a ser fases diferentes da vida, opondo-se casa e trabalho, preparando 
14UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
a	criança	para	os	compromissos	futuros.	(ZILBERMAN,	1988).	Dentro	desse	cenário	fica	
então explícito a valorização e os cuidados que a criança passa a receber podendo assim 
ser mais bem orientada com o intuito de se tornar um adulto capaz de se adaptar a socie-
dade daquele período histórico. 
Ainda neste contexto, observa-se que a educação ganha um novo sentido e que 
a	pedagogia	encontra	um	lugar	de	destaque	em	meio	a	configuração	e	transmissão	que	
emerge da ideologia burguesa daquele período, promovendo a necessidade de uma forma-
ção	social,	pessoal,	profissional,	cognitiva	e	ética.	Os	clássicos	e	os	contos	de	fadas	que	
provém dos folclores e que são frutos de duas fontes distintas e contrapostas de materiais 
literários, passam por uma renovação e adaptação, contribuindo desta forma para a forma-
ção cultural. (ZILBERMAN, 1988). 
A pedagogia e a literatura infanto-juvenil estão vinculadas, no sentido de formar 
futuros cidadãos que sejam pensantes, atuantes e capazes de desempenhar de maneira 
adequada o seu papel social. Neste dado momento histórico o que é considerado relevante 
é o caráter formador que a literatura tem para oferecer. A literatura infanto juvenil ganha uma 
roupagem adaptada e acessível ao público jovem, com base em obras literárias já existen-
tes, como os contos de fadas, ou clássicos da literatura adulta. Neste modelo é valorizado 
o	potencial	educativo	que	é	proposto	pelo	material	a	fim	de	garantir	pela	escola	burguesa	
uma formação de qualidade aos leitores. Daí a importância da escola nas transformações 
sociais,	pois	o	êxito	no	processo	de	privatização	da	 família	 -	que	 tem	sua	afirmação	na	
burguesia e que é menor na classe operária – acabou por gerar uma lacuna no tocante a 
socialização da criança, pois conforme relata Zilberman (1987), 
Se	 a	 configuração	 da	 família	 burguesa	 leva	 a	 valorização	 dos	 filhos	 e	 à	
diferenciação da infância enquanto faixa etária e estrato social, há conco-
mitantemente, e por causa disto, um isolamento da criança, separando-a 
do mundo adulto e da realidade exterior. Nesta medida, a escola adquirirá 
nova	significação,	ao	tornar-se	o	traço	de	união	entre	os	meninos	e	o	mundo,	
restabelecendo e unidade perdida. (p.9).
Como é a escola que faz essa ligação entre a criança e o mundo, cabe a ela decidir 
e	apresenta-lo	de	forma	adequada,	selecionando	e	filtrando	os	aspectos	que	consideram	
mais importantes ao indivíduo em formação, bem como informar a criança de que maneira 
ela deve se portar diante deste mundo e o que a sociedade espera dela. 
Os primeiros textos de literatura infanto juvenil surgiram dentro deste contexto, com 
base em adaptações folclóricas e de textos da literatura adulta, constituindo- se o gênero 
literário,	porém	como	fruto	de	interesses	pedagógicos	para	finseducativos,	culminado	que	
as primeiras obras literárias para o público infanto-juvenil chamaram mais a atenção dos 
15UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
pedagogos do que dos estudiosos de literatura. Somente posteriormente é que os textos 
destinados a criança passaram a ser estudado por estudiosos da literatura, dando uma 
atenção	especial	a	esse	primeiro	material	que	foi	produzido	a	fim	de	estudá-lo.
REFLITA
Leitura e Oralidade:
As obras de Literatura infanto juvenil buscam o resgatar a oralidade na escritura, indo 
desta forma ao encontro da narração. A fala é natural ao ser humano e já existia antes 
mesmo da descoberta da escrita. Expressões faciais e corporais, além dos gestos eram 
importantes recursos da comunicação oral e permitiam a troca de informações e senti-
mentos entre os interlocutores de maneira mais direta. Palo e Oliveira (2001) relatam 
que “[...] o discurso oral cria uma cena múltipla (verbal e não verbal) e inclusiva, na qual, 
o que menos conta é o que se diz, já que tudo está no modo como se diz e, mais ainda, 
na tensão dialética entre o dito e o calado; entre aquilo que a fala articula e a gestualida-
de desarticula e ega. Sua vida faz-se na fugacidade do presente, instante em que tudo 
está não estando. Discurso precário, um quase discurso, sempre em disponibilidade 
para incorporar um novo dado em risco com o acaso.” (p.44) Neste sentido, oralidade é, 
um aspecto característico e fundamental do texto literário infanto juvenil.
2.2 A Literatura Infanto juvenil na Contemporaneidade e o seu retrato na Educação 
Brasileira.
A literatura Infanto juvenil, na contemporaneidade ainda é considerada como objeto 
de análise por teóricos e críticos literários, mesmo sendo reconhecida pelo alto potencial 
pedagógico que possui. Fato esse que é demonstrado pela inclusão do estudo da literatura 
infanto juvenil nas últimas décadas em disciplinas dos cursos de Letras no Brasil. 
A sua valorização se dá devido a sua função representativa que é própria da arte 
ficcional,	proporcionando	uma	visão	da	 realidade.	Eram	obras	originalmente	criada	para	
uso	das	crianças,	porém	passou	a	receber	status	científico	a	partir	do	momento	em	que	foi	
possível perceber que além dos adultos produzirem as obras, eles também as manipula-
vam com o objetivo de dominar a infância. Entretanto é preciso que haja não somente uma 
16UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
integração,	mais	uma	reflexão	sobre	a	organização	da	disciplina	e	dos	cursos	ligados	a	ela.	
Ela	deve	servir	como	um	instrumento	que	visa	enfrentar	as	dificuldades	que	dificultam	o	
trabalho realizado com as crianças. (ZILBERMAN, 1998).
A instrumentalização do professor para trabalhar com a literatura infanto juvenil na 
escola, conforme a autora diz, se torna importante. Não obstante a isso, primeiro fez-se 
necessário que os textos destinados às crianças fossem reconhecidos como arte literária, 
passassem por uma nova apreciação analítica, para que, enquanto um material cultural 
destinado a criança, pudesse se melhor avaliado, já que diversas vezes esses materiais 
eram prejudicados em sua forma artística em detrimento das intenções de domínio e dou-
trinação da infância.
Ao retratar os princípios da educação no Brasil, Mauad (1999) observa que junta-
mente com a literatura de caráter universal, prevalecia uma literatura moralista, advinda do 
século	XIX.	Tal	 literatura	tinha	como	objetivo	a	formação	do	caráter,	da	moral,	e	serviam	
como modelos a serem seguidos por crianças e jovens. Publicações em que os títulos 
já indicavam quando o conteúdo era destinado a meninos, onde algumas delas traziam 
relatos sobre condutas e códigos morais e, para as meninas, onde algumas obras, eram de-
dicadas as mães de família, com histórias morais cujo objetivo era ensinar princípios, usos 
e costumes. Entretanto foi somente na virada da modernidade para a pós-modernidade que 
a	literatura	brasileira	se	desenvolveu,	e	a	partir	daí	“passou	a	refletir	de	maneira	estética	
esse sistema social complexo vivendo entre o pré-capitalismo de algumas regiões [...] e as 
grandes cidades”. (RICHE 1999, p.130).
Vislumbra-se então dois cenários distintos, em que de um lado estão crianças 
com pouco ou nenhum acesso a livros infantis e obras literárias, enquanto do outro lado o 
acesso é de sobremaneira facilitado aos livros e obras literárias, bem como a outros bens 
de consumo. Apesar desta discrepância existente no Brasil, a intenção aqui é enfatizar 
que atualmente o livro infantil busca retratar a realidade, os problemas sociais, políticos e 
econômicos	do	País,	porém	sem	fugir	as	suas	especificidades	como	o	uso	do	lúdico,	o	des-
pertar e transmitir sentimentos, emoções, curiosidades e produzir novas experiências ao 
leitor. Em contrapartida, tem como função levar o pequeno leitor a compreender a realidade 
que o cerca de maneira intensa.
A	leitura	de	uma	obra	literária	permite	a	reflexão	e	o	questionamento,	podendo	des-
sa forma facilitar ao homem a compreensão dos ensinamentos impostos pela sociedade, 
mas para que isso aconteça é preciso que se concentre na infância essa formação. Diante 
disso entende-se que esse movimento que circunda literatura contemporânea, a transforma 
17UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
em suporte para as experiências do mundo real a partir do momento que oferecer um 
formato de texto que esteja aberto as múltiplas leituras, ou seja, ao despertar na criança, 
dúvidas referentes ao mundo, as histórias contemporâneas dão oportunidade a crianças de 
elaborar		questionamentos	que	a	levarão	a	refletir.	Ações	e	atitudes	essas,	que	provém	da	
leitura. 
Os contos clássicos, por sua vez, têm como função instigar a sensibilidade artística 
da criança equilibrando fantasia e realidade. Apesar de saber que o que está lendo não 
é	verdade,	ela	entra	no	mundo	 imaginário	fingido	acreditar	no	que	 lê.	Esses	contos	não	
impedem que a criança desenvolva o raciocínio lógico, pois não atenuam a sua inteligência 
e viajar no mundo da imaginação é sobremaneira importante e necessária para o desen-
volvimento infantil. A leitura do texto literário “pode se constituir num fator de liberdade e 
transformação dos homens”. (SILVA 1986, p. 21).
Resultado disso é que a leitura literária, seja ela de um texto que retrata a realidade 
ou	um	texto	divertido,	ao	permitir	a	criança	refletir	e	pensar	de	forma	crítica,	está	cumprindo	
o seu papel social. 
A função social no que se refere a uma coletividade contemporânea só se cumpre, 
quando os códigos culturais que fazem parte do conhecimento acadêmico são compreen-
didos, uma vez que constituem uma forma de sobrevivência e poder. A transmissão do 
conhecimento literário permanece e acontece por meio da leitura, seja ela propagada e 
armazenada	por	meio	do	livro	físico	ou	eletrônico.
18UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
3. ESPECIFICIDADES
3.1 A diferença entre leitura literária e demais gêneros textuais
A	leitura	literária	por	possuir	características	e	especificidades	próprias	se	difere	dos	
demais textos que que circulam na sociedade, uma vez que, a comunicação diferenciada 
que existe entre o leitor e o texto são fatores importantes ao considerar um objeto como 
sendo literário, bem como os efeitos que o texto produz ao leitor e a subjetividade que esse 
objeto	empresta	na	concretização	da	leitura	são	características	marcantes	e		específicas	
da leitura literária. 
Essas	 especificidades	 tornam	 possível	 ao	 leitor	 expandir	 suas	 fronteiras	 do	 co-
nhecido que são absorvidas por meio da imaginação, porém sem esquecer suas próprias 
dimensões, tais fronteiras são decifradas por meio do intelecto. A leitura literária ainda 
constitui uma atividade sintetizadora à medida que permite ao leitor penetrar no âmbito 
da alteridade sem que este perca de vista a sua subjetividade e história. Por este motivo 
torna-se	uma	atividade	completa	e	que	dificilmente	poderá	ser	substituída	por	outra.	(ZIL-BERMAN, 1990). 
Ela também permite uma interação entre leitor e texto, que resulta da atividade 
intelectual e fantasiosa, permitindo ao indivíduo experimentar o outro sem se perder de 
vista. Quando isso ocorre, há uma ampliação de horizontes e expectativas que que se 
dá a partir do momento em que o texto oferece ao leitor uma nova visão da realidade ou 
19UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
lhe causa algum impacto. Desta forma, pressupõe-se a leitura literária como sendo uma 
atividade ampla que proporciona novos saberes.
Ao se referir a literatura, Machado (2001), nos mostra dois caminhos que se encon-
tram intimamente ligados no texto literário, 
Ler literatura, livros que levem a um esforço de decifração, além de ser um 
prazer, é um exercício de pensar, analisar, criticar. Um ato de resistência cul-
tural.	Perguntar	“para	onde	queremos	ir?”	“e	como?”	pressupõe	uma	recusa	
de estereótipo e uma aposta na invenção. Pelo menos, uma certa curiosidade 
de uma opinião que não é exatamente a nossa - e o benefício da dúvida, sem 
a convicção do monopólio da verdade. Só a cultura criadora, com sua exube-
rância, pode alimentar permanentemente essa verdade pujante e nova. (p.88). 
É	possível	 perceber	no	 texto	da	autora	que	ela	apresenta	a	 leitura	 literária	 como	
uma forma de resistência cultural, além disso ela ainda enfatiza não só o saber mais também 
o prazer. Demonstrando assim o caráter individual e social da literatura. A capacidade de 
refletir	e	criticar	desenvolvida	por	meio	da	leitura	é	o	que	torna	o	indivíduo	um	ser	ativo	na	
transformação social, além disso a leitura o prepara para interpretar a sua realidade social de 
maneira mais aprofundada e em contrapartida pode prepará-lo para ser atuante e consciente 
no seu dia a dia. Em estudos realizados sobre a literatura juvenil, é aceitável que a “literatura 
tem a capacidade de dar [aos adolescentes] um lugar no mundo, algo tangível em que eles 
podem se apegar enquanto passam pelas suas próprias versões dos processos de transição 
presentes em cada [livro].” (BICKMORE; YOUNGBLOOD, 2014, p.262, tradução livre).
O adolescente por sua vez, como um sujeito que está em fase de transição deve ter 
sua passagem entre a infância e vida adulta concebida de maneira satisfatória. A literatura 
neste	 contexto	 tem	 como	 função	 auxiliar	 o	 adolescente	 no	 enfrentamento	 dos	 conflitos	
decorrentes	desta	fase,	mostrando	a	ele	que	não	é	o	único	a	enfrentar	tais	dificuldades	e	
que é possível superá-las. Para o adolescente o interesse pelo conteúdo é um diferencial 
na escolha de um livro, seja ele em seu aspecto educacional ou apenas por diversão, o que 
pressupõe	que	a	necessidade	de	que	os	temas	literários	abordados	sejam	diversificados.	
Diante disso, as temáticas propostas para essa faixa etária precisam apresentar um 
equilíbrio, não ser muito sério, de difícil interpretação, nem muito simples, ou irrelevante. 
Esses aspectos devem ser considerados principalmente se a leitura estiver relacionada às 
experiências	do	adolescente	leitor.	Mas	como	acontece	a	resolução	dos	conflitos	existentes,	
uma	vez	que	a	literatura	pressupõe	como	objetivo	a	promoção	do	aprendizado?
O	que	se	percebe	nessas	narrativas	é	que	conflitos	são	encerrados	definitivamente	
onde	os	finais	são	mais	tradicionais.	Todavia	aquele	modelo	de	conclusão	em	que	se	vê	
somente a tomada de decisão e um encorajamento a mudança não é possível saber se 
20UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
os	conflitos	foram	realmente	encerrados.	Nos	dois	modelos,	entretanto,	o	conceito	de	final	
feliz	é	subjetivo	e	pode	haver	finais	tristes,	mas	ainda	assim	se	faz	válido	o	otimismo	na	
literatura infanto juvenil e que de fato buscam a reconciliar indivíduo e sociedade, mesmo 
que está possa se mostrar contrária ao indivíduo. Isso demonstra um sutil conservadorismo 
que ainda existe mais que pode passar despercebido. 
E	o	que	de	 fato	dizer	 sobre	as	características	da	 literatura	 infanto	 juvenil?	Hunt	
(2010)	 afirma	que	 a	 literatura	 infantil	 e	 juvenil	 “se	 define	 exclusivamente	 em	 termos	 de	
um	público	que	não	pode	ser	definido”	(p.27).	Neste	sentido	entende-se	é	que	a	literatura	
infanto-juvenil é, heterogênea, e que conforme a idade do leitor vai aumentando, sua com-
preensão em relação aos textos literários e ao mundo vão se ampliando e assim também o 
nível de complexidade e exigências de leitura. (COLOMER, 2003).
Uma das características deste gênero textual e que indicam a sua heterogeneidade 
é a idade do leitor e do protagonista da história, devendo ser parecidas, além disso o estilo 
da linguagem e o vocabulário utilizado também são determinadas pelo leitor, tendo em vista 
as	diferentes	necessidades	de	acordo	com	a	idade,	dificultando	assim	a	sua	classificação.	
Outro	fator	que	dificulta	falar	sobre	suas	especificidades		é	a	interação	com	outras	mídias	e	
formatos, pois tanto a literatura infantil quanto a juvenil são um campos que compreendem 
quase todos os gêneros literários, e por compartilhar com o público infantil conforme descri-
to	por	Hunt	(2010)	“gêneros	específicos:	a	narrativa	para	escola,	textos	dirigidos	a	cada	um	
dos sexos entre outros[...]”, (p.44). Apesar da interação com outros gêneros esses textos 
estão	divididos	entre	fantasia	e	ficção.	
A literatura infanto juvenil contribui com a formação social, a compreensão de 
mundo, mostrando para o leitor a realidade ao seu redor e como estas funcionam, além 
de possui caráter educativo, podendo ser utilizada na escola com o objetivo de trabalhar 
habilidades nas crianças e não só uma forma de diversão e lazer, como acontece com a 
literatura adulta.
Enfim,	 a	 literatura	 infanto	 juvenil	 está	 em	 constante	 evolução,	 sempre	 se	
transformando e se reinventando, dado que “uma característica central da literatura da 
juventude	seria	ter	como	finalidade	descrever	e	identificar	o	que	é	juventude”	(CHAMBERS,	
2010, p.273) e a literatura precisa acompanhar os processos de mudança que envolvem a 
criança e o adolescente.
Diante dos nossos estudos, este tópico teve como intuito apresentar de maneira 
simples	um	panorama	básico	sobre	as	especificidades	e	características	da	literatura	infanto	
juvenil	a	fim	de	contribuir	um	pouco	com	o	conhecimento	acerca	do	assunto.
21UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer o conceito da literatura infanto 
juvenil. Foi possível perceber que a obra de arte literária vai além de uma simples leitu-
ra,	pois	possui	especificidades	e	características	que	outros	textos	não	possuem.	Nos	foi	
permitido	 verificar	 que	 cada	 época	 produziu	 e	 compreendeu	 a	 literatura	 do	 seu	 jeito.	E	
conhecer esse jeito, é conhecer a singularidade de cada momento histórico da caminhada 
humana.	Também	entendemos	que	a	Literatura	está	em	constante	modificação,	e	que	ao	
longo do tempo desenhou-se uma linha que explica esse vai e vem o que demonstra a sua 
capacidade de se renovar ao longo do tempo.
Nossos estudos nos mostrou que a intenção do livro infantil é retratar a realidade, 
os	problemas	sociais,	políticos	e	econômicos	do	País,	sem	fugir	as	suas	especificidades	
como o uso do lúdico, o despertar e transmitir sentimentos, emoções e que em contra-
partida a literatura juvenil é aquela obra destinada ao público com faixa etária entre dez 
e quinze anos de idade e que costumam incluir temas e fatores que podem despertar o 
interesse do jovem adolescente, como temas controversos e romances. Diante de algumas 
características destas obras literárias foi possível perceber que a produção literária precisa 
atender	há	alguns	critérios	e	especificidades,	uma	vez	que	eles	é	que	vão	distinguir	um	
texto literário de um texto não literário.
No	tópico	dois	da	unidade	ficou	claro	que	ao	apresentar	algum	aspecto	histórico	
no que se refere a literatura infanto-juvenil, bem como compreender as características que 
marcaram esse gênero,deve-se levar em conta que ela surge atrelada a um dado momento 
histórico, o que nos permite vincular a esse período ao surgimento da literatura infantil. E 
por ter apenas caráter formador da moral burguesa e realizada somente dentro dos lares 
daquela época, a valorização da família serviu como principal incentivo da leitura como 
sendo apenas uma prática social.
Porém	verificou-se	que	a	partir	do	século	18	que,	com	a	ascensão	da	burguesia	
a situação da criança passa por mudanças, o qual a infância começa a ser valorizada. 
Há então a separação entre a vida pública e o setor privado, entre a família e o setor de 
negócios. A infância e a idade adulta passam a ser fases diferentes da vida, opondo-se 
casa e trabalho, preparando a criança para os compromissos futuros.
22UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
Ainda neste contexto, observa-se que a educação ganha um novo sentido e que 
a	pedagogia	encontra	um	lugar	de	destaque	em	meio	a	configuração	e	transmissão	que	
emerge da ideologia burguesa daquele período, promovendo a necessidade de uma forma-
ção	social,	pessoal,	profissional,	cognitiva	e	ética.
Por	fim,	no	tópico	três,	abordamos	as	especificidades	da	literatura	infanto	juvenil,	
e	verificamos	que	elas	tornam	possível	ao	leitor	expandir	suas	fronteiras	do	conhecido	que	
são absorvidas por meio da imaginação, porém sem esquecer suas próprias dimensões, 
tais fronteiras são decifradas por meio do intelecto e que neste contexto tem como função 
auxiliar	o	adolescente	no	enfrentamento	dos	conflitos	decorrentes	desta	fase,	mostrando	a	
ele	que	não	é	o	único	a	enfrentar	tais	dificuldades	e	que	é	possível	superá-las.
Respondendo a nossa indagação na introdução da unidade a literatura infanto ju-
venil contribui com a formação social, a compreensão de mundo, mostrando para o leitor a 
realidade ao seu redor e como estas funcionam, além de possui caráter educativo, podendo 
ser utilizada na escola com o objetivo de trabalhar habilidades nas crianças e não só uma 
forma de diversão e lazer, como acontece com a literatura adulta.
Bons estudos e até a próxima unidade!
23UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
LEITURA COMPLEMENTAR
A ORIGEM HISTÓRICA DA LITERATURA INFANTIL
Você	sabia	que	literatura	infantil	surgiu	no	século	XVII	com	Fenélon	(1651-1715),	
justamente com a função de educar moralmente as crianças. O texto abaixo retirado de um 
artigo publicado na revista UNIVEM, retrata um pouco dessa história, o que vem comple-
mentar os nossos estudos no que se refere a literatura infanto-juvenil em seus aspectos 
históricos no que se refere ao uso da literatura infantil como foco na moral e na formação 
adulta do indivíduo. 
De acordo com a autora do artigo, as histórias tinham uma estrutura maniqueísta, 
a	fim	de	demarcar	claramente	o	bem	a	ser	aprendido	e	o	mal	a	ser	desprezado.	A	maioria	
dos contos de fadas, fábulas e mesmo muitos textos contemporâneos incluem-se nessa 
tradição. Naquele momento, a literatura infantil constitui-se como gênero em meio a trans-
formações sociais e repercussões no meio artístico. Em 1697, Charles (1628- 1703) Perrault 
traz a público Histórias ou contos do tempo passado, com suas moralidades: Contos de 
Mão Gansa. Ganham, então, forma editorial as seguintes histórias: A Bela Adormecida no 
bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, As Fadas, A Gata Borralheira, Henrique 
do Topete e O Pequeno Polegar. Os contos de fada conhecidos atualmente surgiram na 
França,	ao	final	do	século	XVII,	com	Perrault,	que	editou	as	narrativas	folclóricas	contadas	
pelos camponeses, retirando passagens obscenas de conteúdo incestuoso e canibalismo. 
Assim, acredita-se que, antes do cunho pedagógico, houve o objetivo de leitura e contem-
plação pela mente adulta. Acredita-se também que a mitologia grega já possuía um modo 
particular de transmitir o contexto da história de “Chapeuzinho Vermelho”. Posteriormente, 
Charles Perrault trouxe a história moralizadora e mais adequada aos ambientes sociais 
que conviviam na época. A história da menina e do lobo sofreu ainda alterações por Hans 
Christian Andersen e pelos Irmãos Grimm. Segundo Cunha (1987), “no Brasil, como não 
poderia deixar de ser, a literatura infantil tem início com obras pedagógicas e, sobretudo, 
adaptadas	de	produções	portuguesas,	demonstrando	a	dependência	típica	das	colônias”	
(p. 20). Pode-se dizer que a literatura infantil brasileira teve início com Monteiro Lobato, 
com uma literatura centralizada em algumas personagens em especial.
Para ler o artigo na integra acesse o link da revista.
Fonte: SILVA, Aline Luiza da. A trajetória da Literatura Infantil: Da Origem Histórica e do Conceito Mercadoló-
gico ao Caráter Pedagógico da Atualidade. REGRAD	–	Revista	Eletrônica	de	Graduação	–	UNIVEM.		v.	2	-	n.	
2 - jul/dez – 2009. Disponível em: <http://revista.univem.edu.br/index.php/REGRAD/article/viewFile/234/239>
http://revista.univem.edu.br/index.php/REGRAD/article/viewFile/234/239
24UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• A sociedade literária e a torta de casca de batata 
•	Mary	Ann	Shaffer,	Annie	Barrows
• Editora Rocco, 2009.
• A sociedade literária e a torta de casca de batata conta a história 
de Juliet Ashton, uma escritora em busca de um tema para seu 
próximo livro. Ela acaba encontrando-o na carta de um desconhe-
cido de Guernsey, Dawsey Adams, que entra em contato com a 
jornalista	para	 fazer	uma	consulta	bibliográfica.	Começa	aí	uma	
intensa	 troca	 de	 cartas	 a	 partir	 da	 qual	 é	 possível	 identificar	 o	
gosto literário de cada um e o impacto transformador que a guerra 
teve na vida de todos. As correspondências despertam o interesse 
de Juliet sobre a distante localidade e narram o envolvimento dos 
moradores no clube de leituras – a Sociedade Literária e a Torta 
de Casca de Batata –, além de servirem de ponto de partida para o 
próximo livro da escritora britânica. O clube, criado antes de existir 
de fato, foi formado de improviso, como um álibi para proteger 
seus membros dos alemães. O que nenhum dos integrantes da 
Sociedade imaginava era que os encontros pudessem aproximar 
os vizinhos, trazer consolo e esperança e, principalmente, auxiliar 
a	manter,	na	medida	do	possível,	a	mente	sã.	As	reflexões	e	as	
discussões a respeito das obras os livraram dos pensamentos 
sobre	as	dificuldades	que	enfrentavam	e	ainda	serviram	para	apro-
ximar pessoas de classes e interesses tão díspares, de pescador 
a frenólogo, de dona de casa a enfermeira. Instigada pela força 
dos depoimentos, a jornalista decide visitar Guernsey, onde a con-
vivência com as pessoas que conheceu por cartas e a descoberta 
sobre as experiências dos ilhéus lhe dão uma nova perspectiva. 
A viagem proporciona à escritora mais do que material para seu 
livro. Guernsey oferece a chance de recomeçar após a Guerra, 
fazer amizades sinceras e encontrar o amor – em suas diversas 
formas. O que ela encontra por lá, e as relações que trava, mudam 
sua vida para sempre. Em 2018 o livro ganha versão para cinema 
estrelada por Lily James, Michiel Huisman e Mathew Goode.
FILME/VÍDEO 
• A Livraria.
• 2017.
• A viúva Florence Green, interpretada pela atriz Emily Mortimer, 
chega a um pequeno vilarejo no litoral da Inglaterra, na década de 
1950, com objetivo de abrir uma livraria. Mas, ela não contava que 
seu sonho fosse afrontar pessoas poderosas do lugar, e ainda, 
o preconceito de uma população inteira em relação ao hábito da 
leitura.	O	filme	tem	uma	linda	fotografia	e	os	diálogos	quase	soam	
desnecessários diante dos sentimentos que parecem correr ape-
nas pelos olhos dos atores. No elenco, também estão Bill Nighy 
e Patricia Clarkson.
25
Plano de Estudo:
• Relação entre cultura e literatura
• A formação do leitor
• Leitura e conceito de letramento
Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender a relação entre a cultura e a literatura, como forma conhecimento, mais 
também como uma função social na formação do indivíduo;
• Entender algumas questões relacionadas ao uso daliteratura infantil na escola, como 
aspectos fundamentais na formação do leitor; 
• Relembrar os conceitos de letramento, e entendê-lo como caminho para uma adequada 
escolarização e formação de leitores em idade escolar.
UNIDADE II
A Literatura Infanto-Juvenil
Professora Especialista Paula Regina Dias de Oliveira
26UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
INTRODUÇÃO
Caro leitor, 
A arte está presente a séculos na vida do homem, seja qual for sua forma de apre-
sentação.	Por	meio	dos	livros,	das	músicas,	enfim,	ela	é	vista	como	um	fazer,	como	um	
conjunto de atos e situações que transformam. Ela é um produto oferecido pelo homem, 
porém	influenciado	pela	cultura.	Essa	arte	também	pode	ser	expressa	por	meio	de	textos	
escritos, o que denominamos de literatura. 
A literatura é responsável por transformar a experiências dos discursos em obras 
literárias.	Mais	qual	a	relação	que	se	estabelece	entre	a	cultura	e	a	literatura?	E	como	essa	
relação	pode	contribuir	para	a	formação	do	leitor	e	na	sua	formação	social?	
Nos tópicos a seguir discutiremos um pouco sobre esses questionamentos, bus-
cando compreender essa relação, em seguida conheceremos alguns dos aspectos que 
compreendem a cultura, bem como a importância da cultura na escola e da literatura de 
cordel como forma de ensino-aprendizagem da língua materna. 
Estudaremos algumas questões que estão relacionadas ao uso da literatura infantil 
na escola, como a contação de histórias e a iniciação a leitura, que são alguns dos aspectos 
fundamentais na formação do leitor. 
E	para	finalizarmos	nossos	estudos,	discutiremos	sobre	o	letramento	literário	e	qual	
o seu objetivo na formação de futuros leitores, também relembraremos alguns conceitos 
de letramento literário e traremos algumas sugestões metodológicas sobre como trabalhar 
este assunto em sala de aula para uma escolarização correta do texto literário. 
Esperamos que este estudo o ajude a ampliar seus conhecimentos sobre a im-
portância da literatura em sala de aula, além do papel que a escola deve exercer nesse 
processo de ensino-aprendizagem para que a prática da leitura, ao mesmo instigante e 
prazerosa para o aluno. 
Então,	vamos	começar?
27UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
1 RELAÇÃO ENTRE CULTURA E LITERATURA
Na	unidade	I	deste	material	verificamos	que	a	literatura	é	uma	forma	de	comunica-
ção	em	que	se	trabalham	emoções,	sensações,	sentimentos,	desenvolvem-se	afinidades	
entre	 leitor	e	personagens,	bem	como	a	 representação	da	 realidade	ou	ficção,	que	são	
criados pelo autor por meio do texto. A literatura, é um sistema semântico, onde a conota-
ção se destaca e está intimamente relacionada às diferenças sociais. (PROENÇA FILHO, 
2009).	Diante	da	afirmação	de	Proença,	deve-se	trazer	a	mente	que	a	literatura	está	ligada	
a uma cultura, um povo e a sociedade. Assim sendo, ela se torna um produto cultural, onde 
o escritor busca os elementos que precisa para compor e organizar suas representações.
Pode-se dizer que: 
Língua, cultura e literatura, estão intrinsecamente ligados, isso acontece, 
pois, a literatura por se tratar de uma produção cultural, acompanha o desen-
volvimento social e cultural, se utiliza da língua para formar-se, e esta mesma 
língua é responsável por passar os conhecimentos da sociedade para o ser 
humano. A linguagem é literária é conotativa, pois se amplia em função do 
universo dos falantes, além de se prender às diferenças sociais e, também ao 
desenvolvimento da cultura (LIPPE, 2016, p. 71). 
Assim, ao falarmos de literatura, é importante considerar que ela é fruto da existên-
cia de uma cultura, se não houver cultura, não há literatura, uma vez que a cultura depende 
das pessoas que se organizam dentro de uma determinada sociedade. Baseados nesta 
concepção,	pode-se	dizer	que	o	leitor	é	influenciado	pelo	autor	da	obra,	e	dessa	maneira	
vai construindo seu ambiente social.
28UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
1.1 Aspectos que compreendem a cultura
A cultura pode ser compreendida por meio de três aspectos a seguir: 
1. A cultura visa orientar o senso emocional do leitor, sendo considerada um tronco 
que abarca normas, linguagens, mitos e símbolos. 
2. Na concepção católica a cultura deve servir como um espelho para o homem 
onde as qualidades do corpo e da alma são aprimoradas por meio do conheci-
mento, visando manter conservadas as experiências de espírito.
3. Já para a antropologia a cultura busca as soluções para os problemas da hu-
manidade por meio da integração entre o pensar e sentir de uma determinada 
comunidade. 
Os aspectos acima deixam visível que a cultura está intrinsecamente relacionada 
ao homem e sociedade, considerando ainda, o que já foi e o que ainda está sendo feito 
todos os dias. Dessa forma pressupõe que a literatura acompanha as transformações que 
ocorrem	na	cultura	de	uma	sociedade	e	as	reflete	nas	obras	literárias.	
Aqueles conhecimentos que são adquiridos desde a infância em forma de lingua-
gem, são produtos da sociedade o qual estamos inseridos e fazemos parte. Deste modo, 
em termos sociais, a caracterização da cultura permite que ela seja setorizada, podendo 
ser tratada como literatura europeia, ocidental, romana, e consequentemente literatura 
brasileira. (PROENÇA FILHO, 2009). 
Pode-se dizer então que a língua está inclusa na relação existente entre cultura 
e	literatura,	e	que	a	linguagem	literária	é	conotativa,	sugerindo	significados	diferentes	do	
original. Ainda é correto dizer que a literatura representa o nível de cultura existente em 
uma	determinada	sociedade.	Lembrando	que,	uma	obra	ficcional	não	 indica	necessaria-
mente a realidade social e que a literatura, por sua vez apresenta questionamentos a serem 
respondidos por uma sociedade, ou seja, ela surge da sociedade e depois volta para ela. 
(LIPPE, 2016).
29UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
1.2 A Cultura popular 
A leitura é um ato social, é uma atividade peculiar ao sujeito contemporâneo e que 
está presente em seu cotidiano. Neste contexto é sabido que a literatura popular consiste 
em produções de uma sociedade, onde se mantém viva a memória dessas produções que 
constituem de uma tradição. Com o passar do tempo novos elementos foram acrescenta-
dos, principalmente no campo das práticas modernas e da oralidade, estas responsáveis 
pelo aumento do contingente tradicional. (BARROS, 2002).
Como mencionando anteriormente em nossos estudos, são essas tradições que 
nos tornam legítimos enquanto nação e sociedade. Fato este que faz com que se acredite 
que a literatura popular, tanto oral quanto escrita se tornam vivas nos dias atuais em diver-
sas festas e comemorações. (CANCLINI, 2000).
Embora a tecnologia e do uso em massa de outros canais de comunicação, as 
transformações ocorridas no decorrer dos tempos modernos não conseguiram extinguir 
com as culturas populares tradicionais. Na contramão da modernidade, essas culturas se 
desenvolveram nas últimas décadas transformando-se. Há uma interação com as tradições 
tecendo ligações com outros setores fazendo com que a literatura não permaneça estável, 
mas que ela se transforme juntamente com a sociedade. (BARROS, 2002).
Ao se falar em cultura popular no Brasil é preciso considerar ainda a existência de 
dois sistemas de conhecimento que atuam de maneira mais ou menos dialógica e mesmo 
que	em	graus	diferentes,	um	influencia	o	outro	e	implica	hábitos	mentais,	e	padrões	sociais,	
éticos e estéticos. (AZEVEDO, 2008). 
O quadro a seguir descreve as principais características desses dois sistemas de 
conhecimento:
30UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
Quadro 1: Principais características dos sistemas de conhecimento
SISTEMAS DE CULTURA OFI-
CIAL OU MODERNA
-Representado pelo poder público, elites culturais e eco-
nômicas;
- Padrões, conteúdos e valores organizados de forma sis-
temática, formatada e esquematizada;
- Paradigmas transmitidos por escolas e universidades;
- Totalmente dependenteda escrita;
- Utiliza livros, metodologias, teorias, jornais, revistas, pu-
blicidade, etc;
-	É	homogêneo,	com	informações	fixadas	em	textos	es-
critos.
SISTEMA DE CONHECIMENTO 
DE CULTURA POPULAR
-	É	paralelo	à	cultura	oficial;
- Possui um conjunto imenso de manifestações; 
- Se desenvolve de forma caótica, espontânea e não pro-
gramada;
 - Se constrói no dia a dia da vida cotidiana;
-	É	diversificada,	heterogênea	e	heterodoxa;
- Possui variadas facetas e graduações nas diferentes re-
giões do país.
- Não é a mesma cultura da escola, do saber sistemático, 
erudito,	científico,	técnico	e	impessoal;
- Como conhecimento, costuma ser desprezada pelo mo-
delo	oficial.
Fonte: AZEVEDO, Ricardo. Cultura popular, literatura e padrões culturais. 2008. Disponível em: <<http://
www.ricardoazevedo.com.br/>>. Acesso em: 30 jun. 2020.
Mesmo	que	muitas	 vezes	 desprezadas	 pelo	modelo	 de	 cultura	 oficial,	 a	 cultura	
popular é conhecida em seu discurso pelo vínculo que possui com a oralidade, sendo 
marcada pela transmissão feita de maneira informal e espontânea através do boca a boca, 
essa cultura ainda é chamada de cultura é a chamada empírica, uma vez que o Brasil é 
um país muito abrangente, marcada pela diversidade cultural, com costumes e crenças 
diferentes.	Diferente	do	texto	escrito	-	cultura	oficial	-	que	por	estar	fixado,	o	seu	discurso	
escrito pode atravessar o tempo. 
Além disso, o discurso do texto deve ser mais complexo, seguir uma ordem, ser 
esclarecedor e, também prever alguns questionamentos do possível leitor. Em síntese, po-
de-se dizer que tanto o discurso escrito quanto o discurso oral possuem objetivos diferentes, 
exigem diferentes estratégias de pensamento, bem como seguem a modelos construtivos 
diferentes. (AZEVEDO, 2008).
31UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
SAIBA MAIS
Cultura	é	um	termo	com	muitíssimos	significados.	A	seguir	três	dos	mais	importantes:
Cultura no pensamento da sociologia: “Uma cultura constitui um corpo complexo de 
normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estrutu-
ram os instintos, orientam as emoções”. (MORIN, apud PROENÇA FILHO, 2009, p. 37).
Cultura no pensamento católico: “pela palavra ‘cultura’ em sentido geral, indicam-se 
todas as coisas com as quais o homem aperfeiçoa e desenvolve as variadas qualidades 
da alma e do corpo; procura submeter a seu poder pelo conhecimento e pelo trabalho, 
o próprio orbe terrestre, torna a vida social mais humana, tanto na família quanto na co-
munidade	civil,	pelo	progresso	dos	costumes	e	da	instituição;	enfim,	exprime,	comunica	
e conserva, em suas obras, no decurso do tempo, as grandes experiências espirituais e 
as aspirações, para que sirvam ao proveito de muitos e ainda, de todo o gênero huma-
no”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 37).
Cultura no pensamento antropológico: “o conjunto e a integração dos modos de pen-
sar, sentir e fazer adotados por uma comunidade, na busca de soluções para os proble-
mas da vida humana associativa”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 37).
Fonte: PROENÇA FILHO, D. A linguagem literária. 8 ed. rev. São Paulo: Ática, 2009. (Série Princípios).
1.3 A cultura na escola e literatura de cordel como forma de ensino-aprendizagem da 
língua materna 
A escola é um lugar onde se pode vislumbrar a diversidade cultural, todavia, apesar 
de estar tão presente neste ambiente, muitas vezes ela não tem sido tão valorizada e 
trabalhada como deveria. Os livros literários estimulam a imaginação, a fantasia, que são 
fundamentais para o desenvolvimento, por esse motivo, eles precisam ser explorados de 
maneira que o aluno se sinta envolvido pela leitura. Colaborando com nossos estudos 
Cosson (2006, p. 16), diz que: 
32UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
Na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não 
apenas porque possibilita a criação do hábito da leitura ou porque nos forne-
ce, como nenhum outro tipo de leitura faz, os instrumentos necessários para 
conhecer	e	articular	com	proficiência	o	mundo	feito	linguagem.
Neste	 sentido	 fica	 claro	 que	a	 linguagem	está	 presente	em	 todos	os	 lugares,	 e	
oportuniza contatos, interação, aprendizagem, conhecimento, e por meio dela os indivíduos 
se tornam humanizados. A poesia contida na literatura desenvolve no aluno a sensibilidade 
e o caráter humanizador, daí a sua importância na escola. Considerando a função cultural 
social que a arte e a obra literária exercem na vida do indivíduo, é necessário escolher 
um gênero literário que revele essa diversidade cultural existente no Brasil, com intuito de 
respeitar tais diferenças. (AUGUSTI; SILVA, 2016)
No Brasil, a literatura ou poesia de cordel como é chamada, é uma manifestação 
cultural muito importante por suas características. Composta por poemas escritos, em 
formato de músicas ou mesmo vídeos que enfatizam a cultura/literatura nordestina, são ca-
pazes de despertar nos alunos o interesse pela leitura literária e o respeito pela diversidade. 
Esse gênero carrega consigo expressões e histórias que estão relacionadas com a cultura 
popular e por suas peculiaridades literárias, em relação a outros gêneros não literários. 
(AUGUSTI; SILVA, 2016).
Diante	disso	fica	evidente	a	importância	do	uso	da	literatura	de	cordel	no	ambiente	
escolar, mais para isso é preciso repensar o processo de ensino-aprendizagem e as meto-
dologias utilizadas, tanto no que se refere a sua história quanto ao seu modelo ideológico, 
sem	que	haja	paradigmas	em	relação	ao	caráter	literário.	A	finalidade	da	literatura	de	cordel	
deve ser a de levar o aluno a compreender e reconhecer a função social do cordel enquanto 
linguagem literária na formação do leitor. Sendo assim, compreende-se que: 
[...]	crescemos	como	leitores	quando	somos	desafiados	por	leituras	progres-
sivamente mais complexas. Portanto, é papel do professor partir daquilo que 
o	aluno	já	conhece	para	aquilo	que	ele	desconhece,	a	fim	de	proporcionar	o	
crescimento do leitor por meio da ampliação de seus horizontes de leitura. 
(COSSON, 2006, p. 35)
Tal	desafio	é	pertinente,	uma	vez	que	possibilita	por	meio	da	diversidade	de	textos	
literários, uma ação didática que é sobremaneira necessária para a formação do leitor 
amadurecido. 
De acordo com Bordini; Aguiar (1993, p. 86), uso da literatura de cordel como méto-
do de ensino em que se reconhece a função social do gênero, enfatiza a comparação entre 
o familiar e o novo, entre o próximo e o distante no tempo e no espaço por meio de cinco 
etapas a seguir:
33UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
A Primeira Etapa refere-se à Determinação do Horizonte de Expectativas- 
momento	de	verificação	dos	interesses	dos	alunos,	a	fim	de	prever	estratégias	
de ruptura e transformação dos discentes. A Segunda Etapa destaca o Aten-
dimento do Horizonte de Expectativas -momento de proporcionar aos alunos 
experiências com textos literários que satisfaçam suas necessidades quanto 
ao objeto escolhido e às estratégias de ensino. A Terceira Etapa apresenta 
a Ruptura do Horizonte de Expectativas momento de trabalhar com textos e 
atividades de leitura que abalem as certezas e costumes dos alunos. A Quarta 
Etapa está relacionada ao Questionamento do Horizonte de Expectativas- 
fase em que serão comparados os dois momentos anteriores relacionando 
texto com vivência pessoal. A Quinta e última Etapa refere-se à Ampliação do 
Horizonte de Expectativas- etapa em que os alunos tomarão consciência das 
alterações e aquisições através da experiência com a literatura.
Neste contexto o professor deve ser o mediador do processo de ensino-apren-
dizagem,	em	que	seu	papel	é	o	de	estar	atento	às	dificuldades	do	aluno.	O	professor	de	
intervir apresentando ao aluno o autor do texto, trazer para o ambiente de aprendizagem o 
contexto histórico que envolve o texto apresentado, comentar sobre o local em que a his-
tória	acontece,	a	época,	qual	o	objetivo	do	texto,	enfim,	juntos,	professor	e	alunos	deverão	
explorarjuntos os textos, analisar as informações nele contidas, utilizar das pistas que ele 
oferece	a	fim	de	descobrir	as	informações	que	estão	implícitas	por	meio	da	interpretação	e	
assim	dar	significado	ao	texto.	(AUGUSTI;	SILVA,	2016)
Essas ações farão com que o aluno desenvolva a autonomia e o gosto pela leitura, 
porém é preciso levar em conta que este é um trabalho progressivo e gradual que deve 
acontecer de maneira frequente nas aulas, mais que deve ser realizado de forma que não 
sufoque a viva interação do aluno com a obra literária, o que pode prejudicar a formação do 
futuro leitor literário. Ainda é válido ressaltar que o professor é referência para os alunos, 
portanto a leitura deve ser uma prática em sua vida. Quando o professor ama a leitura 
literária e faz dela uma prática, ao ler para os alunos ele mergulha no contexto da história, 
e consegue transmitir ao aluno seu entusiasmo, podendo até contagiá-los. (AUGUSTI; 
SILVA, 2016)
Como já estudado na unidade I deste material, o acesso aos livros na Idade Mé-
dia era algo que pertencia a classe alta, e o acesso à escola era privilégio dos senhores 
detentores de posse. Entretanto nos dias atuais ainda é possível perceber fragmentos da 
desigualdade social daquela época. Desta maneira, os livros devem estar presentes nas 
aulas, em locais onde os alunos possam manuseá-los livremente, os livros devem ser di-
versificados,	pois	muitas	vezes	o	aluno	só	tem	acesso	a	eles	na	escola.	
Para	finalizar	nossos	estudos	acerca	do	uso	da	 literatura	de	cordel	no	ambiente	
escolar, não podemos deixar de enfatizar a importância de o professor intermediar o conta-
34UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
to do aluno com o texto escrito, porém sem desmerecer seu potencial, pois a leitura é um 
processo de constante aquisição. 
Sob esta perspectiva, o aluno quando vem para a escola já traz consigo uma 
bagagem de conhecimento denominado conhecimento empírico, é na neste espaço que 
ele	ampliará	seus	conhecimentos	e	os	transformará	em	conhecimentos	científicos	e	estes	
precisam	ser	significativos	para	ele.	O	aluno	precisa	entender	que	a	escola	vai	ensinar	o	
que	ele	precisa	saber	para	se	tornar	um	cidadão	autônomo,	participativo	e	crítico	garantindo	
assim seu espaço na sociedade.
35UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
2 A FORMAÇÃO DO LEITOR
Neste tópico estudaremos algumas questões que estão relacionadas ao uso da 
literatura infantil na escola, como a contação de histórias e a iniciação a leitura, que são 
alguns dos aspectos fundamentais na formação do leitor. 
2.1 A contação de histórias na formação do leitor
Iniciaremos nossa conversa com uma questão muito comum em nossa área, que 
é	 “como	 formar	 um	 leitor”?	Na	 área	 da	 educação	 alguns	 questionamentos	 referentes	 a	
formação de um leitor, são fundamentais. O trabalho que o professor vai exercer e as 
escolhas que ele pode fazer ajudarão na compreensão do seu trabalho. 
O professor é responsável por escolher a obra que seja apropriada ao leitor infantil, 
escolher recursos metodológicos que sejam mais efetivos e que estimulem tanto a leitura, 
quanto a compreensão das obras, em que os alunos consigam verbalizar o que aprendeu.
(ZILBERMAN, 1982, p.26 apud COSTA, 2007). Porém para que o professor consiga al-
cançar esses objetivos é preciso que ele esteja habilitado para isso. E isso acontecerá no 
ensino superior. 
Costa (2007, p. 41-42), ainda menciona alguns fatores que são necessários a essas 
habilidades, 
[...]como o conhecimento de um acervo literário representativo; o domínio de 
critérios estéticos de modo a discernir quais são as obras de valor; conhecer 
36UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
o conjunto literário destinado às crianças, com destaque para a sua trajetória 
histórica, bem como os autores da atualidade de maior representatividade; 
saber manipular técnicas e métodos de leitura. 
Se o professor possuir essas habilidades, pode-se pressupor que ao realizar um 
trabalho	com	a	literatura	infantil,	este	produza	resultado	satisfatório	e	eficaz.	A	construção	
da literatura é algo que depende de alguns princípios que vão norteá-la, pois é um processo 
lento que vai se formando gradativamente, uma vez que ler é encontrar sentido e se inte-
ressar pela leitura, aprender e se sentir competente para realizar as tarefas de leitura, além 
de	sentir	que	a	aprendizagem	como	uma	experiência	emocional	e	gratificante.	(SOLÉ,	1998	
p. 172, apud COSTA, 2007). 
Diante disso é claro que a qualidade e a dedicação quando empreendidas no ensino 
da leitura produzirão no leitor infantil o prazer em ler, fará com que se sinta satisfeito com 
a leitura e com o resultado obtido por meio do texto lido. Tal prazer pode ser resultante da 
emoção	motivada	por	um	poema,	ou	por	se	identificar	com	algum	personagem	ou	mesmo	
com a história, ou simplesmente por ter aprendido algo com a leitura. 
Aprender	 a	 ler,	 também	 significa	 aprender	 a	 ser	 ativo	 ante	 a	 leitura,	 ter	
objetivos para ela, se auto interrogar sobre o conteúdo e sobre a própria 
compreensão.	Em	suma,	significa	aprender	a	ser	ativo,	curioso	e	a	exercer	
controle	 sobre	a	própria	aprendizagem,	 (SOLÉ	1998,	p.	 172	apud	COSTA	
2007, p. 44).
Entende-se então que o papel do professor é o de conduzir o aluno e orientá-lo, mais 
sem lhe dar uma resposta pronta. Ele deve estimular o pensamento do leitor, incentivá-lo, 
instigá-lo a levantar questionamentos sobre o que leu, deixando que ele chegue sozinho às 
respostas.	Costa	(2007,	p.	44),	afirma	que,	“professor	e	aluno	devem	integrar-se	com	igual	
determinação e vontade na aprendizagem do intercâmbio produtivo com textos literários”. 
Para que esse processo de desenvolvimento dê certo, é preciso que ele esteja estruturado 
em três pilares, são eles: autor, leitor e professor. 
O autor é o responsável pela produção da obra, é ele quem vai atribuir a ela as 
intenções e sua beleza. O leitor é o aluno que busca sentido no texto por meio de sua ex-
periência pessoais e também pelo repertório que já possui e por último vem o professor, tão 
importante quanto o autor, pois devido a sua maturidade, seu conhecimento e metodologia, 
vai mediar o aluno, possibilitando a ele um ambiente favorável à leitura.
37UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
REFLITA
Você sabia que ler desenvolve o cognitivo, amplia vocabulário, ativa o senso crítico 
e	estimula	a	percepção	 intelectual?	Além	disso,	 favorece	a	 inserção	do	 indivíduo	na	
sociedade, onde os textos escritos estão acima dos textos verbais, ou seja, a leitura o 
capacita a exercer sua cidadania. Porém nem sempre foi assim:
“Do ponto de vista histórico, a situação de desigualdade entre elementos alfabetizados e 
analfabetos produziu uma relação de domínio dos primeiros sobre os segundos, que se 
acrescentou a todas as outras formas de dominação social. Já a Revolução Francesa de 
1789	postulará	a	abertura	de	escolas	públicas	com	o	fim	de	levar	as	letras	até	o	povo,	de	
modo a promover uma maior igualdade social” (BORDINI; AGUIAR 1993, p.10).
Ainda neste contexto histórico , surgiu a escola pública, porém as diferenças sociais 
permaneceram, uma vez que a escola constituiu um caráter dominador e da elite, fazen-
do com que os menos favorecidos permanecessem excluídos e não tivessem acesso a 
essa cultura, o que acontece até os dias atuais, pois muitos ainda continuam sem aces-
so e excluídos da sociedade. 
Fonte: BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor (alternativas 
metodológicas). 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
2.2 A formação do hábito da leitura na visão de Richard Bamberger
Sobre o hábito da leitura, Bamberger (2000, p. 24-25 apud COSTA 2007, p. 45-54), 
diz que para a formação do leitor é importante: 
Promover a prontidão para a leitura em todos os níveis: 
●	 Ler em voz alta e falar, sobre a leitura os alunos na pré-escola e nos primeiros 
anos do ensino fundamental é de extremaimportância, pois ajuda a desenvolver 
o vocabulário e desperta o interesse pela leitura. 
●	 Proporcionar	 o	 contato	 da	 criança	 com	 textos	diversificados,	 desde	poemas,	
contos,	mostrar	figuras,	ajudam	a	estimular	a	imaginação,	fazendo	com	que	a	
criança mergulhe no universo da imaginação. 
●	 Promover um ambiente que seja agradável e que favoreça a leitura.
38UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
Com esse processo a criança aprenderá a reconhecer o herói da história, o tempo 
da história, espaço, movimento, personagens, ação narrativa, bem como se familiarizar 
com as metáforas, sinestesias e imagens. A criança também pode demonstrar que sente 
prazer na leitura de determinada história, ao pedir que contem para ela várias vezes a 
mesma narrativa. Isso é importante e deve ser estimulado. 
Prática da leitura silenciosa:
●	 É	muito	importante	na	formação	do	leitor	que	ele	se	habitue	a	leitura	silenciosa,	
pois ela é quem dá a base da educação individual e ajuda a desenvolver o 
imaginário, as emoções, sem que precise da intervenção do adulto.
Nos dias atuais, os livros infantis são bem proveitosos, pois vem repleto de ilustra-
ções e textos escritos, permitindo a criança que ainda não está alfabetizada a convivência 
com os livros através das imagens que estes oferecem. A leitura dessas imagens leva a 
criança a entrar no universo da leitura mesmo que não verbalmente. Daí a importância 
de estimular esse comportamento na criança pois ele irá prepará-la para os textos mais 
complexos que ela terá contato futuramente.
Ensino individualizado da leitura em todos os níveis da escolarização:
●	 Pesquisas indicam que quando o método de ensino da leitura é individualizado, 
o prazer e interesse são maiores. 
●	 Apesar da leitura individualizada despertar maior prazer, ele não deve ser dog-
matizado e o professor deve estar preparado para perceber em quais momentos 
a leitura deve ser trabalhada individualmente ou em grupo. 
Alternar entre a leitura silenciosa e leitura em voz alta é recomendável na literatura, 
essa leitura em voz alta geralmente é realizada pelo professor, para que o ritmo e a entona-
ção da leitura não se percam. (COSTA, 2007).
39UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
Adaptação das habilidades envolvidas na leitura quanto ao material e aos objetivos 
da leitura:
●	 O leitor passa a ler melhor e assimilar mais rápido o conteúdo à medida que vai 
ganhando prática e autonomia na leitura. 
●	 Levar em consideração que cada texto requer uma desenvoltura diferente é um 
fator importante na prática pedagógica que deve adequar a escolha dos textos 
de acordo com os objetivos que desejam alcançar.
Assim, exercitar a leitura em voz alta é importante, pois ela exige do leitor entonação 
vocal e interpretação, mais sempre levando em consideração a importância de realizar uma 
leitura	prévia	a	fim	de	se	familiarizar	com	o	conteúdo.	
Se a leitura for realizada pela criança, o professor deve prepará-la para que realize 
a interpretação em voz alta da forma mais adequada possível. Deve-se evitar improvisos, 
erros e defeitos de prosódia e dicção e balbucios que comprometem a qualidade da ento-
nação. (COSTA, 2007).
Treinamento sistemático de consecução da leitura:
●	 Neste momento, avaliar a velocidade e compreensão em relação a leitura é 
importante. 
●	 Primeiramente, é importante delimitar o sentido de velocidade e de compreensão 
do	texto.	A	velocidade	se	refere	a	habilidade	de	ampliação	do	período	de	fixação	
e de aumento da concentração. Já a compreensão se refere a capacidade do 
leitor assimilar o conteúdo na mesma proporção em que o texto progride, ou 
seja,	conforme	o	aluno	lê,	ele	assimila	e	compreende	o	significado	do	texto	lido.	
●	 Ao	final	o	professor	poderá	avaliar	o	progresso	do	aluno	levantando	questiona-
mentos, testes e discutindo sobre o tema trabalhado. 
É	válido	ressaltar	que	não	se	deve	utilizar	a	leitura	silenciosa	ou	em	voz	alta	como	
parâmetro	para	a	avaliação	do	domínio	da	ortografia,	ela	deve	ser,	na	verdade,	um	exercício	
que desperte prazer no leitor.
40UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
Mensuração e avaliação do progresso:
●	 Acompanhar	 de	 perto	 o	 progresso	 do	 aluno	 é	 importante.	 É	 necessário	 que	
sejam realizadas avaliações diferenciadas, de acordo com o desenvolvimento 
de formação do leitor. 
●	 O	professor	deve	evitar	o	uso	de	fichas	e	resumos	que	forcem	a	interpretação	
e avaliação do aluno, esses processos são engessados e não contribuem para 
o desenvolvimento. 
●	 Durante o processo de avaliação é interessante que o professor utilize sua 
criatividade	para	encontrar	formas	de	avaliação	que	sejam	coerentes	e	eficazes	
no decorrer da rotina escolar. 
Seleção de material de leitura para o ensino:
●	 É	importante	que	o	aluno	tenha	acesso	a	um	material	diversificado,	assim	ele	
terá a chance de descobrir o que mais lhe agrada, o que é mais interessante 
e o que é mais divertido para ele. Isso faz com que sua capacidade de leitura 
aumente, além de contribuir para a que o hábito da leitura se torne algo cons-
tante na vida do leitor. 
Os bons livros infantis, por conseguinte, são o fundamento do ensino da 
leitura. Os interesses pelo enredo e pelo destino das personagens levam a 
criança a terminar o livro num certo prazo de tempo. Quando isso acontece, 
obtém-se	o	efeito	prático	tão	necessário	à	compreensão	na	leitura.	É	nesse	
ponto	que	a	 influência	da	sala	de	aula	se	combina	com	as	 inclinações	na	
esfera pessoal (BAMBERGER, 2000, p. 24 apud COSTA, 2007, p. 52).
Neste sentido, o professor, deve ter consciência de que para que seu trabalho 
com o texto literário seja efetivo, ele deve ter sua sensibilidade em relação às obras bem 
apuradas e desenvolvidas. Deve conhecer as obras, quais são mais apropriadas, quando 
foram publicadas, quantas edições possuem, além de conhecer um pouco da história dos 
autores. Ele também precisa ter um conhecimento detalhado sobre as funções que a litera-
tura possui, de forma que por meio desses conhecimentos saiba como utilizar cada texto. 
Ademais, é importante que o professor que ensina a literatura e a prática da leitura 
esteja ciente dos interesses dos alunos, conheça os livros infantis da atualidade, sem deixar 
de	lado	os	clássicos	da	literatura	infantil,		tenha	consciência	filosófica,	seja	desprovido	de	
preconceitos, goste de textos que promovam a emancipação e sejam inovadores. Devem 
ser bons leitores, ter conhecimento e uma formação sólida das letras, ter fundamentação 
41UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
teórico-metodológica. Essas são algumas das características positivas que poderão contri-
buir	para	um	trabalho	produtivo	e	eficaz	para	o	desenvolvimento	e	formação	do	leitor.	
Em contrapartida, ao papel do professor, a escola também precisa estar adaptada e 
habilitada oferecendo subsídios ao professor, para que este consiga desempenhar seu pa-
pel. Possuir uma biblioteca que disponha de um bom acervo, é fundamental neste processo 
e, sobretudo, ter programas de ensino que valorizem a leitura e a integração entre aluno e 
professor, esta, por sua vez deve ser democrática e simétrica. (COSTA, 2007). 
Para	finalizarmos	nossos	estudos	em	relação	a	formação	do	leitor,	e	não	menos	
importante, é a qualidade empregada na literatura infantil brasileira, uma vez que, o uso do 
lúdico e o descompromisso textual, atrelados a linguagem empregada e diversidade dos 
temas torna mais prazerosa a experiência da leitura.
42UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil
4 LITERATURA E CONCEITO DE LETRAMENTO
O	letramento	é	um	assunto	muito	discutido	entre	os	profissionais	da	educação,	e	
apesar de ser um tema novo, tem sido propagado não só no mundo acadêmico, ele vem 
ganhando espaço na escolas, nos cursos de formação para professores e também em 
pesquisas acadêmicas, sendo assim pode-se perceber que de certo modo o letramento é 
algo que está intrinsecamente ligado a vida em sociedade. No ambiente

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