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Literatura Infanto Juvenil Professora Especialista Paula Regina Dias de Oliveira Professora Mestre Greicy Juliana Moreira Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; MOREIRA, Greicy Juliana. OLIVEIRA, Paula Regina Dias de. Literatura Infanto Juvenil. Greicy. Juliana Moreira. Paula. Regina Dias de Oliveira. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 102 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORAS Professora Mestre Greicy Juliana Moreira ● Mestre em Letra (UEM). ● Especialista em Língua Portuguesa - Teoria e Prática (América do Sul). ● Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Faculdade Maringá). ● Especialista em Educação Especial com Ênfase em Libras (Bom Bosco). ● Especialista em Educação Empreendedora (Puc -RJ). ● Especialista em Gestão de Pessoas (Faculdade Maringá). ● Licenciatura em Letras - Português. ● Segunda Licenciatura ( Pedagogia - Unicesumar - em andamento). ● Professora da Pós-Graduação (UNIFCV). ● Tutora Pedagógica e de Pós-graduação da (UNIFCV). ● Professora conteudista na área de Educação (UNIFCV/UNIFATECIE). ● Instrutora de cursos Técnicos e Profissionalizantes (SENAC-PR). ● Experiência na área de Educação há 12 anos. ● Experiência no Ensino Técnico e Superior e Pós-Graduação (presencial e à distância): desde 2010 até os dias atuais. Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8929294723407914 Professora Esp. Paula Regina Dias de Oliveira ● Especialista em Docência no Ensino Superior (Unicesumar) ● Especialista em EAD e as Novas Tecnologias Educacionais (UniCesumar). ● Licenciatura em Pedagogia (FAPI – Faculdades de Pinhais). ● Tutora Educacional - Modalidade Presencial em disciplinas Híbridas (UNIFCV). ● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da pós-graduação (UNIFCV). ● Professora mediadora na área da Educação (UNIFCV). Ampla experiência como tutora educacional e como professora mediadora em disciplinas do curso de Pedagogia na modalidade EAD. Experiência como facilitadora em cursos de formação profissional. Experiência em docência na educação infantil. Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2006860851344290 https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=B8DA4EF97D4AE655B42127C955EE8B8E http://lattes.cnpq.br/2006860851344290 http://lattes.cnpq.br/2006860851344290 SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 5 A Literatura Infanto-Juvenil UNIDADE II ................................................................................................... 25 A Literatura Infanto-Juvenil UNIDADE III .................................................................................................. 53 Ensino da Literatura Infanto-Juvenil UNIDADE IV .................................................................................................. 73 Prática Pedagógica e Literatura Infanto-juvenil 5 Plano de Estudo: • Conceito • Aspectos históricos • Especificidade Objetivos de Aprendizagem: Ao final desta unidade você será capaz de: • Apresentar e discutir alguns conceitos de literatura infanto juvenil, discutir suas concep- ções, promover a compreensão crítica no que se refere a literatura infanto juvenil. • Apresentar uma introdução à História da Literatura Infanto juvenil, bem como compreen- der o seu desenvolvimento desde a Idade Medieval até os dias atuais. • Discutir algumas questões acerca dessa literatura, a relação entre o leitor e o texto, além das suas características e especificidades. UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil Professora Especialista Paula Regina Dias de Oliveira 6UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil INTRODUÇÃO Nos dias atuais, formar leitores literários tem se tornado um grande desafio, pois circulam em nossa sociedade discursos variados e muitas são as formas de expressão, e o texto literário tem tentado se manter ativo em meio a essa imensa variedade de textos. Mais afinal, o que é a literatura? O que a diferencia dos demais gêneros e por que ela é tão importante na formação da criança e do adolescente? A literatura infanto juvenil é formada por um conjunto de textos diversificados em que a classificação desse gênero se dá pelo público que deseja atingir. Essa característica é fundamental e compartilhada entre os diversos gêneros. Falar um pouco sobre a importância dos textos literários, seu conceito, sua história e especificidades é um dos objetivos desta unidade, pois a literatura infanto juvenil exerce uma função importante na formação, cultural social e educativa da criança e do adolescente. Assim, abordaremos primeiramente o conceito e com base nele, para após tra- çarmos um percurso histórico mostrando suas transformações desde a Idade Média até a Idade Contemporânea. Com base em uma visão crítica e pedagógica deste gênero falare- mos sobre suas especificidades e suas características e o impacto que ela produz no leitor. Espero com esse percurso, contribuir para seus estudos no que se refere a co- nhecer e compreender a importância da literatura infanto juvenil na formação pedagógica, social e cultural dos estudantes e na formação de futuros leitores. Venha comigo e bons estudos! 7UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil 1.CONCEITO 1.1 O que é Literatura? O texto a seguir inicia com uma intenção de se realizar um passeio pela imaginação que permeia a Literatura Infanto-juvenil. Para tanto, é preciso conhecer alguns conceitos básicos sobre Literatura. Os primeiros conceitos se referem a Arte e a Literatura, seguidos da Literatura para crianças e adolescentes. Ao falar-se em Literatura, logo se remete ao ato de ler, a interação entre o leitor e um texto literário. Todavia, a obra de arte literária vai além de uma simples leitura, pois possui especificidades e características que outros textos não possuem. É importante ressaltar aqui que a discussão que permeia o conceito de Literatura, suas singularidades e especificidades não são fáceis. Diversas correntes teóricas tentaram defini-las, porém não obtiveram sucesso, pois são discussões que ocorreram em sentidos diferentes, sociedades e épocas distintas. A Literatura expressa uma experiência humana, porém de maneira específica e isso dificilmente poderá ser definido com exatidão. Cada época produziu e compreendeu a literatura do seu jeito. E conhecer esse jeito, é conhecer a singularidade de cada momento histórico da caminhada humana, bem como a sua evolução no decorrer desse período. (COELHO, 2000). Assim percebe-se que a Literatura está em constante modificação, e que ao longo do tempo desenhou-se uma linha que demonstra esse vai e vem que nas palavras de Coe- lho 2000, (p.14)“se reflete nas definições que o fenômeno literário recebeu desde Platão e Aristóteles no século IV a.C., os quais deram início a discussão do tema”. 8UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil O fato de o fenômeno literário não possuir uma única definição só demonstra a sua complexidade e a sua capacidade de se renovarao longo do tempo. Por esse motivo, conceituar a Literatura depende de muitas vertentes. E mesmo que não haja um consenso entre os teóricos sobre esse assunto como já mencionado anteriormente, sabe-se que existem algumas especificidades e características que são próprias do texto literário. Souza (2000), sugere a seguinte definição para a Literatura, [ ] parte do conjunto da produção escrita e, eventualmente, certas modalidades de composições verbais de natureza oral (não escrita), dotadas de proprieda- des não específicas, que basicamente se resumem numa elaboração especial da linguagem e na constituição de universos ficcionais e imaginários. (p.42). Corroborando com os estudos até aqui, Souza se refere a literatura como uma das possibilidades de utilização e exploração da linguagem e da ficção, ou seja, pela capacida- de que o indivíduo tem de criar um universo ficcional por meio do fenômeno literário. Neste sentido, pressupõe-se que a autora define a obra literária como uma construção interna, o qual há um domínio da linguagem e do seu criador, no entanto, não se pode esquecer que o que dá corpo à obra literária é a interação que se dá entre o texto e o leitor por meio da leitura. É o leitor que atribui o significado àquilo que antes era apenas um amontoado de sinais gráficos que foram impressos em uma folha de papel. SAIBA MAIS Alguns Teóricos nos apresentam diferentes conceitos sobre a Arte e Literatura. De acordo com Tavares (1981), a Arte no seu conceito amplo ou real se refere a aplica- ção do conhecimento a ação. “o meio adequado à realização de qualquer obra”. Já no conceito filosófico ou estético, a Arte é uma forma superior de conhecimento intuitivo, para ele “É a representação sensível da beleza, através da intuição”. Já para o autor, na época clássica no que se refere ao sentido amplo, a “Arte Literária consiste na realização dos preceitos estéticos na invenção, da disposição e da elocu- ção, porém no sentido restrito, a Arte Literária é a arte que cria, pela palavra, uma imita- ção da realidade”. (p. 17-30). Fonte: TAVARES, Hênio. Teoria Literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981. 9UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil Foi com o passar dos séculos que a distinção entre o lógico e o imaginário se con- sagrou. De acordo com Costa (2007), o “texto literário traz a marca da invenção e da quebra de padrões de escrita e de representação do mundo e do homem” (p. 16). Foi com base nessa diferenciação entre o lógico e o imaginário que foi possível chegar aos conceitos de Literatura que temos hoje. 1.1.2 Conceitos que envolvem a Literatura Infanto-juvenil No que se refere a literatura infanto-juvenil, ela é composta por histórias fictícias infantis e está destinada a crianças, adolescentes e jovens. Essas obras incluem, poemas, novelas, obras que envolvam a cultura e o folclore ou simplesmente textos (obras que retratam a vida real). Tais obras são desenvolvidas de acordo com a idade do leitor. Ao analisar uma obra literária desenvolvida para crianças com faixa etária entre três e quatro anos, por exemplo, verá que esta é repleta desenhos, com poucas palavras, além de serem obras muito coloridas. Já uma obra escrita para o público adolescente e jovem, raramente haverá desenhos, em sua maioria são constituídas apenas por textos. 1.1.3 Conceitos que envolvem a Literatura Infantil A Literatura Infantil está destinada, como o nome diz, ao público infantil com faixa etária entre dois e dez anos de idade. Essas obras precisam ser de fácil leitura e enten- dimento pela criança que a lê, além disso deve despertar o interesse e, principalmente estimular a imaginação da criança. Criados por professores e pedagogos no final do século no final do século XVII, os primeiros livros infantis tinham como objetivo apenas criar hábitos e valores. Hoje, além desses objetivos, a leitura deve apresentar uma outra visão da realidade, ou seja, a diversão e o lazer, que são importantes fatores no que se refere ao desenvolvimento psicossocial do leitor. Neste sentido pode-se dizer que a Literatura Infantil de acordo com Aguiar (2001, Apud Costa, 2007), trata-se de um “objeto cultural. São histórias ou poemas que ao longo dos séculos cativam as crianças. Alguns livros nem foram escritos para elas, mas passaram a ser considerados literatura infantil (p.16)”. Abaixo pode-se verificar algumas características das obras literárias destinadas as crianças, bem como suas características e exceções: 10UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil ● As obras literárias desenvolvidas para atender ao público infantil com faixa etá- ria entre dois e quatro anos, são compostas por pequenos grupos de palavras e frases simples. São coloridos, com muitas imagens. Isso acontece, pois nesta fase as crianças iniciando o processo de aprendizagem da leitura e codificação dos signos. ● Os livros destinados aos leitores com idade entre quatro e seis anos, são com- postos por grupos maiores de palavras e frases, porém sem lançar mão dos estímulos visuais. ● Para as crianças com idade entre sete e dez anos as obras literárias possuem um número reduzido de imagem, já priorizando o texto. Como nessa idade a criança já está na fase escolar, e já conseguem racionalizar, os textos passam a ser mais complexos, com o intuito de estimular a criança a encontrar por si só as respostas as indagações que estão no texto. Apesar de ser possível verificar que as obras literárias possuem algumas caracte- rísticas em comum, elas também possuem algumas exceções, como temas não apropria- dos para tais faixas etárias, livros que retratam guerras, que abordam fatos como crimes e vícios. Essas obras especificamente, possuem entre oitenta a cem páginas, ou seja, são relativamente pequenas, além disso, contam com estímulos visuais, a linguagem e a escrita são simples e as histórias são retratadas de maneira clara. Em alguns casos possuem ca- ráter didático, explicando ao leitor regras e comportamentos sociais, e geralmente contam com um final feliz. Ademais, pode-se então considerar que a literatura infantil, apesar de estar associa- da a criança, é aquela que vai ao encontro das necessidades do leitor e que se identificam com ele, não sendo necessariamente desenvolvida somente para atender ao público infantil. Ela deve ser considerada como uma arte e deleite, e deve ir além da intenção pedagógica e didática ou como um estímulo ao hábito da leitura, ela deve despertar a criança que existe em cada um de nós por meio do imaginário e da fantasia. 1.1.4 Conceitos que envolvem a Literatura Juvenil A Literatura Juvenil é aquela obra destinada ao público com faixa etária entre dez e quinze anos de idade. Essas obras costumam incluir temas e fatores que podem despertar 11UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil o interesse do jovem adolescente, como temas controversos e romances. Alguns aspectos relacionados ao seu futuro no que se refere a sua escolha profissional, na busca por au- toafirmação, também são temas muito comuns para essa faixa etária, além de personagens que possuem a mesma faixa etária dos leitores, bem como o número elevado de páginas. Tais obras costumam ter em média duzentas a trezentas páginas. Diante das abordagens acima sobre as características da Literatura infanto-juvenil, é possível perceber que a produção literária precisa atender há alguns critérios e especifi- cidades, uma vez que eles é que vão distinguir um texto literário de um texto não literário. No tópico três desta unidade trataremos de forma mais aprofundada sobre algumas espe- cificidades do texto literário. REFLITA “Dentro do contexto da literatura infantil, a função pedagógica implica a ação educativa do livro sobre a criança. De um lado, relação comunicativa leitor-obra, tendo por inter- mediário o pedagógico, que dirige e orienta o uso da informação; de outro, a cadeia de mediadores que interceptam a relação livro-criança:família, escola, biblioteca e o próprio mercado editorial, agentes controladores de usos que dificultam à criança a de- cisão e escolha do que e como ler. Extremamente pragmática, essa função pedagógica tem em vista uma interferência sobre o universo do usuário através do livro infantil, da ação de sua linguagem, servindo-se da força material que palavras e imagens possuem, como signos que são, de atuar sobre a mente daquele que as usa; no caso, a criança”. (PALO; OLIVEIRA 2006, p.13) Fonte: PALO, Maria José; OLIVEIRA, Maria Rosa D. Literatura Infantil: Voz de Criança. 4 Ed. São Paulo: Ática, 2006. 12UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil 2. ASPECTOS HISTÓRICOS 2.1 O Discurso na Literatura Infanto juvenil da Idade Média e Moderna. A partir do momento em que a literatura deixou de sofrer influência religiosa, a concepção de leitura sofreu mudanças. Essas mudanças se deram na época moderna e teve como aporte o Romantismo que fazia reconhecer a burguesia como classe social dominante na época. Esse resgate tem repercutido até os dias atuais. A nova maneira de escrita que já influencia o público adulto, passou a favorecer o público infantil com a fina- lidade de modificar o comportamento da criança, apresentando em suas obras situações que vão reforçar valores sociais já existentes e que são apresentados a sociedade como modelo a serem compreendidos e seguidos. Desta forma, ao apresentar algum aspecto histórico no que se refere a literatura infanto-juvenil, bem como compreender as características que marcaram esse gênero, deve-se levar em conta que ela surge atrelada a um dado momento histórico, o que nos permite vincular a esse período o surgimento da literatura infantil. Fator esse importante, uma vez que no período que antecede tais fatos, a literatura tinha a função apenas de for- madora, a fim apenas de integrar a criança a sociedade. Contribuindo com os pensamentos aqui explicitados, Zilberman (1987), descreve que na sociedade antiga não existia infância, [...]nenhum espaço separado do mundo adulto. As crianças trabalhavam e viviam junto com os adultos, testemunhavam os processos naturais da exis- tência (nascimento, morte, doença), participavam junto deles da vida pública (política), nas festas, guerras, audiências, execuções, etc., tendo assim seu 13UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil lugar assegurado nas tradições culturais comuns: na narração de histórias, nos cantos, nos jogos (p.5). Da mesma forma, Lajolo e Zilberman, ainda pressupunham que por ter apenas ca- ráter formador da moral burguesa e por constituir uma atividade que era realizada somente dentro dos lares daquela época, a valorização da família serviu como principal incentivo da leitura como sendo apenas uma prática social, ou seja, “ser leitor, papel que, como pessoa física, exercemos, é função social, para a qual se canalizam ações individuais, esforços coletivos e necessidades econômicas” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1999, p.14). Este contexto histórico define qual o papel a criança deve assumir na sociedade, bem como o avanço da burguesia demonstrando assim, a função da literatura infantil na Idade Média. Lajolo e Zilberman (1999) ainda definem a família como centralizadora, que forta- lecem o Estado e que dá privilégios a criança a tendo como merecedora de uma atenção especial, que possui status próprio, o qual sobre elas recaem as preocupações com a religião, saúde e educação. Essa definição se origina da estrutura social rígida que existia na Idade Média e que era caracterizada pela divisão das classes sociais, onde o poder era centralizado nas propriedades, em que a linhagem hierárquica existente não dava voz a família nuclear. Somente alguns séculos após o período medieval é que a burguesia passa a ganhar força e a partir daí é que começam as transformações na sociedade moderna. Assim, de acordo com Zilberman (1987), A entidade designada como família moderna é um acontecimento do Século das Luzes. Os diferentes historiadores coincidem na afirmação de que foi ao redor de 1750 que se assistiu à complementação de um processo que principiou no final da Idade Média, com a decadência das linhagens e a des- valorização dos laços de parentesco, e culminou com a conformação de uma unidade familiar unicelular, amante da privacidade e voltada a preservação das ligações efetivas entre pais e filhos. (p.5). Diante do exposto acima pode-se perceber que essa nova configuração é a prin- cipal responsável pelas transformações que aconteceram entre a Idade Média e Moderna, em que, mudam-se não só as relações sociais mais também a subjetividade do indivíduo em detrimento de um modo de vida que antes não existia e o qual a partir dele emerge um novo sujeito. É a partir do século 18 que, com a ascensão da burguesia a situação da criança passa por mudanças, o qual a infância começa a ser valorizada. Há então a separação entre a vida pública e o setor privado, entre a família e o setor de negócios. A infância e a idade adulta passam a ser fases diferentes da vida, opondo-se casa e trabalho, preparando 14UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil a criança para os compromissos futuros. (ZILBERMAN, 1988). Dentro desse cenário fica então explícito a valorização e os cuidados que a criança passa a receber podendo assim ser mais bem orientada com o intuito de se tornar um adulto capaz de se adaptar a socie- dade daquele período histórico. Ainda neste contexto, observa-se que a educação ganha um novo sentido e que a pedagogia encontra um lugar de destaque em meio a configuração e transmissão que emerge da ideologia burguesa daquele período, promovendo a necessidade de uma forma- ção social, pessoal, profissional, cognitiva e ética. Os clássicos e os contos de fadas que provém dos folclores e que são frutos de duas fontes distintas e contrapostas de materiais literários, passam por uma renovação e adaptação, contribuindo desta forma para a forma- ção cultural. (ZILBERMAN, 1988). A pedagogia e a literatura infanto-juvenil estão vinculadas, no sentido de formar futuros cidadãos que sejam pensantes, atuantes e capazes de desempenhar de maneira adequada o seu papel social. Neste dado momento histórico o que é considerado relevante é o caráter formador que a literatura tem para oferecer. A literatura infanto juvenil ganha uma roupagem adaptada e acessível ao público jovem, com base em obras literárias já existen- tes, como os contos de fadas, ou clássicos da literatura adulta. Neste modelo é valorizado o potencial educativo que é proposto pelo material a fim de garantir pela escola burguesa uma formação de qualidade aos leitores. Daí a importância da escola nas transformações sociais, pois o êxito no processo de privatização da família - que tem sua afirmação na burguesia e que é menor na classe operária – acabou por gerar uma lacuna no tocante a socialização da criança, pois conforme relata Zilberman (1987), Se a configuração da família burguesa leva a valorização dos filhos e à diferenciação da infância enquanto faixa etária e estrato social, há conco- mitantemente, e por causa disto, um isolamento da criança, separando-a do mundo adulto e da realidade exterior. Nesta medida, a escola adquirirá nova significação, ao tornar-se o traço de união entre os meninos e o mundo, restabelecendo e unidade perdida. (p.9). Como é a escola que faz essa ligação entre a criança e o mundo, cabe a ela decidir e apresenta-lo de forma adequada, selecionando e filtrando os aspectos que consideram mais importantes ao indivíduo em formação, bem como informar a criança de que maneira ela deve se portar diante deste mundo e o que a sociedade espera dela. Os primeiros textos de literatura infanto juvenil surgiram dentro deste contexto, com base em adaptações folclóricas e de textos da literatura adulta, constituindo- se o gênero literário, porém como fruto de interesses pedagógicos para finseducativos, culminado que as primeiras obras literárias para o público infanto-juvenil chamaram mais a atenção dos 15UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil pedagogos do que dos estudiosos de literatura. Somente posteriormente é que os textos destinados a criança passaram a ser estudado por estudiosos da literatura, dando uma atenção especial a esse primeiro material que foi produzido a fim de estudá-lo. REFLITA Leitura e Oralidade: As obras de Literatura infanto juvenil buscam o resgatar a oralidade na escritura, indo desta forma ao encontro da narração. A fala é natural ao ser humano e já existia antes mesmo da descoberta da escrita. Expressões faciais e corporais, além dos gestos eram importantes recursos da comunicação oral e permitiam a troca de informações e senti- mentos entre os interlocutores de maneira mais direta. Palo e Oliveira (2001) relatam que “[...] o discurso oral cria uma cena múltipla (verbal e não verbal) e inclusiva, na qual, o que menos conta é o que se diz, já que tudo está no modo como se diz e, mais ainda, na tensão dialética entre o dito e o calado; entre aquilo que a fala articula e a gestualida- de desarticula e ega. Sua vida faz-se na fugacidade do presente, instante em que tudo está não estando. Discurso precário, um quase discurso, sempre em disponibilidade para incorporar um novo dado em risco com o acaso.” (p.44) Neste sentido, oralidade é, um aspecto característico e fundamental do texto literário infanto juvenil. 2.2 A Literatura Infanto juvenil na Contemporaneidade e o seu retrato na Educação Brasileira. A literatura Infanto juvenil, na contemporaneidade ainda é considerada como objeto de análise por teóricos e críticos literários, mesmo sendo reconhecida pelo alto potencial pedagógico que possui. Fato esse que é demonstrado pela inclusão do estudo da literatura infanto juvenil nas últimas décadas em disciplinas dos cursos de Letras no Brasil. A sua valorização se dá devido a sua função representativa que é própria da arte ficcional, proporcionando uma visão da realidade. Eram obras originalmente criada para uso das crianças, porém passou a receber status científico a partir do momento em que foi possível perceber que além dos adultos produzirem as obras, eles também as manipula- vam com o objetivo de dominar a infância. Entretanto é preciso que haja não somente uma 16UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil integração, mais uma reflexão sobre a organização da disciplina e dos cursos ligados a ela. Ela deve servir como um instrumento que visa enfrentar as dificuldades que dificultam o trabalho realizado com as crianças. (ZILBERMAN, 1998). A instrumentalização do professor para trabalhar com a literatura infanto juvenil na escola, conforme a autora diz, se torna importante. Não obstante a isso, primeiro fez-se necessário que os textos destinados às crianças fossem reconhecidos como arte literária, passassem por uma nova apreciação analítica, para que, enquanto um material cultural destinado a criança, pudesse se melhor avaliado, já que diversas vezes esses materiais eram prejudicados em sua forma artística em detrimento das intenções de domínio e dou- trinação da infância. Ao retratar os princípios da educação no Brasil, Mauad (1999) observa que junta- mente com a literatura de caráter universal, prevalecia uma literatura moralista, advinda do século XIX. Tal literatura tinha como objetivo a formação do caráter, da moral, e serviam como modelos a serem seguidos por crianças e jovens. Publicações em que os títulos já indicavam quando o conteúdo era destinado a meninos, onde algumas delas traziam relatos sobre condutas e códigos morais e, para as meninas, onde algumas obras, eram de- dicadas as mães de família, com histórias morais cujo objetivo era ensinar princípios, usos e costumes. Entretanto foi somente na virada da modernidade para a pós-modernidade que a literatura brasileira se desenvolveu, e a partir daí “passou a refletir de maneira estética esse sistema social complexo vivendo entre o pré-capitalismo de algumas regiões [...] e as grandes cidades”. (RICHE 1999, p.130). Vislumbra-se então dois cenários distintos, em que de um lado estão crianças com pouco ou nenhum acesso a livros infantis e obras literárias, enquanto do outro lado o acesso é de sobremaneira facilitado aos livros e obras literárias, bem como a outros bens de consumo. Apesar desta discrepância existente no Brasil, a intenção aqui é enfatizar que atualmente o livro infantil busca retratar a realidade, os problemas sociais, políticos e econômicos do País, porém sem fugir as suas especificidades como o uso do lúdico, o des- pertar e transmitir sentimentos, emoções, curiosidades e produzir novas experiências ao leitor. Em contrapartida, tem como função levar o pequeno leitor a compreender a realidade que o cerca de maneira intensa. A leitura de uma obra literária permite a reflexão e o questionamento, podendo des- sa forma facilitar ao homem a compreensão dos ensinamentos impostos pela sociedade, mas para que isso aconteça é preciso que se concentre na infância essa formação. Diante disso entende-se que esse movimento que circunda literatura contemporânea, a transforma 17UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil em suporte para as experiências do mundo real a partir do momento que oferecer um formato de texto que esteja aberto as múltiplas leituras, ou seja, ao despertar na criança, dúvidas referentes ao mundo, as histórias contemporâneas dão oportunidade a crianças de elaborar questionamentos que a levarão a refletir. Ações e atitudes essas, que provém da leitura. Os contos clássicos, por sua vez, têm como função instigar a sensibilidade artística da criança equilibrando fantasia e realidade. Apesar de saber que o que está lendo não é verdade, ela entra no mundo imaginário fingido acreditar no que lê. Esses contos não impedem que a criança desenvolva o raciocínio lógico, pois não atenuam a sua inteligência e viajar no mundo da imaginação é sobremaneira importante e necessária para o desen- volvimento infantil. A leitura do texto literário “pode se constituir num fator de liberdade e transformação dos homens”. (SILVA 1986, p. 21). Resultado disso é que a leitura literária, seja ela de um texto que retrata a realidade ou um texto divertido, ao permitir a criança refletir e pensar de forma crítica, está cumprindo o seu papel social. A função social no que se refere a uma coletividade contemporânea só se cumpre, quando os códigos culturais que fazem parte do conhecimento acadêmico são compreen- didos, uma vez que constituem uma forma de sobrevivência e poder. A transmissão do conhecimento literário permanece e acontece por meio da leitura, seja ela propagada e armazenada por meio do livro físico ou eletrônico. 18UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil 3. ESPECIFICIDADES 3.1 A diferença entre leitura literária e demais gêneros textuais A leitura literária por possuir características e especificidades próprias se difere dos demais textos que que circulam na sociedade, uma vez que, a comunicação diferenciada que existe entre o leitor e o texto são fatores importantes ao considerar um objeto como sendo literário, bem como os efeitos que o texto produz ao leitor e a subjetividade que esse objeto empresta na concretização da leitura são características marcantes e específicas da leitura literária. Essas especificidades tornam possível ao leitor expandir suas fronteiras do co- nhecido que são absorvidas por meio da imaginação, porém sem esquecer suas próprias dimensões, tais fronteiras são decifradas por meio do intelecto. A leitura literária ainda constitui uma atividade sintetizadora à medida que permite ao leitor penetrar no âmbito da alteridade sem que este perca de vista a sua subjetividade e história. Por este motivo torna-se uma atividade completa e que dificilmente poderá ser substituída por outra. (ZIL-BERMAN, 1990). Ela também permite uma interação entre leitor e texto, que resulta da atividade intelectual e fantasiosa, permitindo ao indivíduo experimentar o outro sem se perder de vista. Quando isso ocorre, há uma ampliação de horizontes e expectativas que que se dá a partir do momento em que o texto oferece ao leitor uma nova visão da realidade ou 19UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil lhe causa algum impacto. Desta forma, pressupõe-se a leitura literária como sendo uma atividade ampla que proporciona novos saberes. Ao se referir a literatura, Machado (2001), nos mostra dois caminhos que se encon- tram intimamente ligados no texto literário, Ler literatura, livros que levem a um esforço de decifração, além de ser um prazer, é um exercício de pensar, analisar, criticar. Um ato de resistência cul- tural. Perguntar “para onde queremos ir?” “e como?” pressupõe uma recusa de estereótipo e uma aposta na invenção. Pelo menos, uma certa curiosidade de uma opinião que não é exatamente a nossa - e o benefício da dúvida, sem a convicção do monopólio da verdade. Só a cultura criadora, com sua exube- rância, pode alimentar permanentemente essa verdade pujante e nova. (p.88). É possível perceber no texto da autora que ela apresenta a leitura literária como uma forma de resistência cultural, além disso ela ainda enfatiza não só o saber mais também o prazer. Demonstrando assim o caráter individual e social da literatura. A capacidade de refletir e criticar desenvolvida por meio da leitura é o que torna o indivíduo um ser ativo na transformação social, além disso a leitura o prepara para interpretar a sua realidade social de maneira mais aprofundada e em contrapartida pode prepará-lo para ser atuante e consciente no seu dia a dia. Em estudos realizados sobre a literatura juvenil, é aceitável que a “literatura tem a capacidade de dar [aos adolescentes] um lugar no mundo, algo tangível em que eles podem se apegar enquanto passam pelas suas próprias versões dos processos de transição presentes em cada [livro].” (BICKMORE; YOUNGBLOOD, 2014, p.262, tradução livre). O adolescente por sua vez, como um sujeito que está em fase de transição deve ter sua passagem entre a infância e vida adulta concebida de maneira satisfatória. A literatura neste contexto tem como função auxiliar o adolescente no enfrentamento dos conflitos decorrentes desta fase, mostrando a ele que não é o único a enfrentar tais dificuldades e que é possível superá-las. Para o adolescente o interesse pelo conteúdo é um diferencial na escolha de um livro, seja ele em seu aspecto educacional ou apenas por diversão, o que pressupõe que a necessidade de que os temas literários abordados sejam diversificados. Diante disso, as temáticas propostas para essa faixa etária precisam apresentar um equilíbrio, não ser muito sério, de difícil interpretação, nem muito simples, ou irrelevante. Esses aspectos devem ser considerados principalmente se a leitura estiver relacionada às experiências do adolescente leitor. Mas como acontece a resolução dos conflitos existentes, uma vez que a literatura pressupõe como objetivo a promoção do aprendizado? O que se percebe nessas narrativas é que conflitos são encerrados definitivamente onde os finais são mais tradicionais. Todavia aquele modelo de conclusão em que se vê somente a tomada de decisão e um encorajamento a mudança não é possível saber se 20UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil os conflitos foram realmente encerrados. Nos dois modelos, entretanto, o conceito de final feliz é subjetivo e pode haver finais tristes, mas ainda assim se faz válido o otimismo na literatura infanto juvenil e que de fato buscam a reconciliar indivíduo e sociedade, mesmo que está possa se mostrar contrária ao indivíduo. Isso demonstra um sutil conservadorismo que ainda existe mais que pode passar despercebido. E o que de fato dizer sobre as características da literatura infanto juvenil? Hunt (2010) afirma que a literatura infantil e juvenil “se define exclusivamente em termos de um público que não pode ser definido” (p.27). Neste sentido entende-se é que a literatura infanto-juvenil é, heterogênea, e que conforme a idade do leitor vai aumentando, sua com- preensão em relação aos textos literários e ao mundo vão se ampliando e assim também o nível de complexidade e exigências de leitura. (COLOMER, 2003). Uma das características deste gênero textual e que indicam a sua heterogeneidade é a idade do leitor e do protagonista da história, devendo ser parecidas, além disso o estilo da linguagem e o vocabulário utilizado também são determinadas pelo leitor, tendo em vista as diferentes necessidades de acordo com a idade, dificultando assim a sua classificação. Outro fator que dificulta falar sobre suas especificidades é a interação com outras mídias e formatos, pois tanto a literatura infantil quanto a juvenil são um campos que compreendem quase todos os gêneros literários, e por compartilhar com o público infantil conforme descri- to por Hunt (2010) “gêneros específicos: a narrativa para escola, textos dirigidos a cada um dos sexos entre outros[...]”, (p.44). Apesar da interação com outros gêneros esses textos estão divididos entre fantasia e ficção. A literatura infanto juvenil contribui com a formação social, a compreensão de mundo, mostrando para o leitor a realidade ao seu redor e como estas funcionam, além de possui caráter educativo, podendo ser utilizada na escola com o objetivo de trabalhar habilidades nas crianças e não só uma forma de diversão e lazer, como acontece com a literatura adulta. Enfim, a literatura infanto juvenil está em constante evolução, sempre se transformando e se reinventando, dado que “uma característica central da literatura da juventude seria ter como finalidade descrever e identificar o que é juventude” (CHAMBERS, 2010, p.273) e a literatura precisa acompanhar os processos de mudança que envolvem a criança e o adolescente. Diante dos nossos estudos, este tópico teve como intuito apresentar de maneira simples um panorama básico sobre as especificidades e características da literatura infanto juvenil a fim de contribuir um pouco com o conhecimento acerca do assunto. 21UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer o conceito da literatura infanto juvenil. Foi possível perceber que a obra de arte literária vai além de uma simples leitu- ra, pois possui especificidades e características que outros textos não possuem. Nos foi permitido verificar que cada época produziu e compreendeu a literatura do seu jeito. E conhecer esse jeito, é conhecer a singularidade de cada momento histórico da caminhada humana. Também entendemos que a Literatura está em constante modificação, e que ao longo do tempo desenhou-se uma linha que explica esse vai e vem o que demonstra a sua capacidade de se renovar ao longo do tempo. Nossos estudos nos mostrou que a intenção do livro infantil é retratar a realidade, os problemas sociais, políticos e econômicos do País, sem fugir as suas especificidades como o uso do lúdico, o despertar e transmitir sentimentos, emoções e que em contra- partida a literatura juvenil é aquela obra destinada ao público com faixa etária entre dez e quinze anos de idade e que costumam incluir temas e fatores que podem despertar o interesse do jovem adolescente, como temas controversos e romances. Diante de algumas características destas obras literárias foi possível perceber que a produção literária precisa atender há alguns critérios e especificidades, uma vez que eles é que vão distinguir um texto literário de um texto não literário. No tópico dois da unidade ficou claro que ao apresentar algum aspecto histórico no que se refere a literatura infanto-juvenil, bem como compreender as características que marcaram esse gênero,deve-se levar em conta que ela surge atrelada a um dado momento histórico, o que nos permite vincular a esse período ao surgimento da literatura infantil. E por ter apenas caráter formador da moral burguesa e realizada somente dentro dos lares daquela época, a valorização da família serviu como principal incentivo da leitura como sendo apenas uma prática social. Porém verificou-se que a partir do século 18 que, com a ascensão da burguesia a situação da criança passa por mudanças, o qual a infância começa a ser valorizada. Há então a separação entre a vida pública e o setor privado, entre a família e o setor de negócios. A infância e a idade adulta passam a ser fases diferentes da vida, opondo-se casa e trabalho, preparando a criança para os compromissos futuros. 22UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil Ainda neste contexto, observa-se que a educação ganha um novo sentido e que a pedagogia encontra um lugar de destaque em meio a configuração e transmissão que emerge da ideologia burguesa daquele período, promovendo a necessidade de uma forma- ção social, pessoal, profissional, cognitiva e ética. Por fim, no tópico três, abordamos as especificidades da literatura infanto juvenil, e verificamos que elas tornam possível ao leitor expandir suas fronteiras do conhecido que são absorvidas por meio da imaginação, porém sem esquecer suas próprias dimensões, tais fronteiras são decifradas por meio do intelecto e que neste contexto tem como função auxiliar o adolescente no enfrentamento dos conflitos decorrentes desta fase, mostrando a ele que não é o único a enfrentar tais dificuldades e que é possível superá-las. Respondendo a nossa indagação na introdução da unidade a literatura infanto ju- venil contribui com a formação social, a compreensão de mundo, mostrando para o leitor a realidade ao seu redor e como estas funcionam, além de possui caráter educativo, podendo ser utilizada na escola com o objetivo de trabalhar habilidades nas crianças e não só uma forma de diversão e lazer, como acontece com a literatura adulta. Bons estudos e até a próxima unidade! 23UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil LEITURA COMPLEMENTAR A ORIGEM HISTÓRICA DA LITERATURA INFANTIL Você sabia que literatura infantil surgiu no século XVII com Fenélon (1651-1715), justamente com a função de educar moralmente as crianças. O texto abaixo retirado de um artigo publicado na revista UNIVEM, retrata um pouco dessa história, o que vem comple- mentar os nossos estudos no que se refere a literatura infanto-juvenil em seus aspectos históricos no que se refere ao uso da literatura infantil como foco na moral e na formação adulta do indivíduo. De acordo com a autora do artigo, as histórias tinham uma estrutura maniqueísta, a fim de demarcar claramente o bem a ser aprendido e o mal a ser desprezado. A maioria dos contos de fadas, fábulas e mesmo muitos textos contemporâneos incluem-se nessa tradição. Naquele momento, a literatura infantil constitui-se como gênero em meio a trans- formações sociais e repercussões no meio artístico. Em 1697, Charles (1628- 1703) Perrault traz a público Histórias ou contos do tempo passado, com suas moralidades: Contos de Mão Gansa. Ganham, então, forma editorial as seguintes histórias: A Bela Adormecida no bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, As Fadas, A Gata Borralheira, Henrique do Topete e O Pequeno Polegar. Os contos de fada conhecidos atualmente surgiram na França, ao final do século XVII, com Perrault, que editou as narrativas folclóricas contadas pelos camponeses, retirando passagens obscenas de conteúdo incestuoso e canibalismo. Assim, acredita-se que, antes do cunho pedagógico, houve o objetivo de leitura e contem- plação pela mente adulta. Acredita-se também que a mitologia grega já possuía um modo particular de transmitir o contexto da história de “Chapeuzinho Vermelho”. Posteriormente, Charles Perrault trouxe a história moralizadora e mais adequada aos ambientes sociais que conviviam na época. A história da menina e do lobo sofreu ainda alterações por Hans Christian Andersen e pelos Irmãos Grimm. Segundo Cunha (1987), “no Brasil, como não poderia deixar de ser, a literatura infantil tem início com obras pedagógicas e, sobretudo, adaptadas de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das colônias” (p. 20). Pode-se dizer que a literatura infantil brasileira teve início com Monteiro Lobato, com uma literatura centralizada em algumas personagens em especial. Para ler o artigo na integra acesse o link da revista. Fonte: SILVA, Aline Luiza da. A trajetória da Literatura Infantil: Da Origem Histórica e do Conceito Mercadoló- gico ao Caráter Pedagógico da Atualidade. REGRAD – Revista Eletrônica de Graduação – UNIVEM. v. 2 - n. 2 - jul/dez – 2009. Disponível em: <http://revista.univem.edu.br/index.php/REGRAD/article/viewFile/234/239> http://revista.univem.edu.br/index.php/REGRAD/article/viewFile/234/239 24UNIDADE I A Literatura Infanto-Juvenil MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • A sociedade literária e a torta de casca de batata • Mary Ann Shaffer, Annie Barrows • Editora Rocco, 2009. • A sociedade literária e a torta de casca de batata conta a história de Juliet Ashton, uma escritora em busca de um tema para seu próximo livro. Ela acaba encontrando-o na carta de um desconhe- cido de Guernsey, Dawsey Adams, que entra em contato com a jornalista para fazer uma consulta bibliográfica. Começa aí uma intensa troca de cartas a partir da qual é possível identificar o gosto literário de cada um e o impacto transformador que a guerra teve na vida de todos. As correspondências despertam o interesse de Juliet sobre a distante localidade e narram o envolvimento dos moradores no clube de leituras – a Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata –, além de servirem de ponto de partida para o próximo livro da escritora britânica. O clube, criado antes de existir de fato, foi formado de improviso, como um álibi para proteger seus membros dos alemães. O que nenhum dos integrantes da Sociedade imaginava era que os encontros pudessem aproximar os vizinhos, trazer consolo e esperança e, principalmente, auxiliar a manter, na medida do possível, a mente sã. As reflexões e as discussões a respeito das obras os livraram dos pensamentos sobre as dificuldades que enfrentavam e ainda serviram para apro- ximar pessoas de classes e interesses tão díspares, de pescador a frenólogo, de dona de casa a enfermeira. Instigada pela força dos depoimentos, a jornalista decide visitar Guernsey, onde a con- vivência com as pessoas que conheceu por cartas e a descoberta sobre as experiências dos ilhéus lhe dão uma nova perspectiva. A viagem proporciona à escritora mais do que material para seu livro. Guernsey oferece a chance de recomeçar após a Guerra, fazer amizades sinceras e encontrar o amor – em suas diversas formas. O que ela encontra por lá, e as relações que trava, mudam sua vida para sempre. Em 2018 o livro ganha versão para cinema estrelada por Lily James, Michiel Huisman e Mathew Goode. FILME/VÍDEO • A Livraria. • 2017. • A viúva Florence Green, interpretada pela atriz Emily Mortimer, chega a um pequeno vilarejo no litoral da Inglaterra, na década de 1950, com objetivo de abrir uma livraria. Mas, ela não contava que seu sonho fosse afrontar pessoas poderosas do lugar, e ainda, o preconceito de uma população inteira em relação ao hábito da leitura. O filme tem uma linda fotografia e os diálogos quase soam desnecessários diante dos sentimentos que parecem correr ape- nas pelos olhos dos atores. No elenco, também estão Bill Nighy e Patricia Clarkson. 25 Plano de Estudo: • Relação entre cultura e literatura • A formação do leitor • Leitura e conceito de letramento Objetivos de Aprendizagem: • Compreender a relação entre a cultura e a literatura, como forma conhecimento, mais também como uma função social na formação do indivíduo; • Entender algumas questões relacionadas ao uso daliteratura infantil na escola, como aspectos fundamentais na formação do leitor; • Relembrar os conceitos de letramento, e entendê-lo como caminho para uma adequada escolarização e formação de leitores em idade escolar. UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil Professora Especialista Paula Regina Dias de Oliveira 26UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil INTRODUÇÃO Caro leitor, A arte está presente a séculos na vida do homem, seja qual for sua forma de apre- sentação. Por meio dos livros, das músicas, enfim, ela é vista como um fazer, como um conjunto de atos e situações que transformam. Ela é um produto oferecido pelo homem, porém influenciado pela cultura. Essa arte também pode ser expressa por meio de textos escritos, o que denominamos de literatura. A literatura é responsável por transformar a experiências dos discursos em obras literárias. Mais qual a relação que se estabelece entre a cultura e a literatura? E como essa relação pode contribuir para a formação do leitor e na sua formação social? Nos tópicos a seguir discutiremos um pouco sobre esses questionamentos, bus- cando compreender essa relação, em seguida conheceremos alguns dos aspectos que compreendem a cultura, bem como a importância da cultura na escola e da literatura de cordel como forma de ensino-aprendizagem da língua materna. Estudaremos algumas questões que estão relacionadas ao uso da literatura infantil na escola, como a contação de histórias e a iniciação a leitura, que são alguns dos aspectos fundamentais na formação do leitor. E para finalizarmos nossos estudos, discutiremos sobre o letramento literário e qual o seu objetivo na formação de futuros leitores, também relembraremos alguns conceitos de letramento literário e traremos algumas sugestões metodológicas sobre como trabalhar este assunto em sala de aula para uma escolarização correta do texto literário. Esperamos que este estudo o ajude a ampliar seus conhecimentos sobre a im- portância da literatura em sala de aula, além do papel que a escola deve exercer nesse processo de ensino-aprendizagem para que a prática da leitura, ao mesmo instigante e prazerosa para o aluno. Então, vamos começar? 27UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil 1 RELAÇÃO ENTRE CULTURA E LITERATURA Na unidade I deste material verificamos que a literatura é uma forma de comunica- ção em que se trabalham emoções, sensações, sentimentos, desenvolvem-se afinidades entre leitor e personagens, bem como a representação da realidade ou ficção, que são criados pelo autor por meio do texto. A literatura, é um sistema semântico, onde a conota- ção se destaca e está intimamente relacionada às diferenças sociais. (PROENÇA FILHO, 2009). Diante da afirmação de Proença, deve-se trazer a mente que a literatura está ligada a uma cultura, um povo e a sociedade. Assim sendo, ela se torna um produto cultural, onde o escritor busca os elementos que precisa para compor e organizar suas representações. Pode-se dizer que: Língua, cultura e literatura, estão intrinsecamente ligados, isso acontece, pois, a literatura por se tratar de uma produção cultural, acompanha o desen- volvimento social e cultural, se utiliza da língua para formar-se, e esta mesma língua é responsável por passar os conhecimentos da sociedade para o ser humano. A linguagem é literária é conotativa, pois se amplia em função do universo dos falantes, além de se prender às diferenças sociais e, também ao desenvolvimento da cultura (LIPPE, 2016, p. 71). Assim, ao falarmos de literatura, é importante considerar que ela é fruto da existên- cia de uma cultura, se não houver cultura, não há literatura, uma vez que a cultura depende das pessoas que se organizam dentro de uma determinada sociedade. Baseados nesta concepção, pode-se dizer que o leitor é influenciado pelo autor da obra, e dessa maneira vai construindo seu ambiente social. 28UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil 1.1 Aspectos que compreendem a cultura A cultura pode ser compreendida por meio de três aspectos a seguir: 1. A cultura visa orientar o senso emocional do leitor, sendo considerada um tronco que abarca normas, linguagens, mitos e símbolos. 2. Na concepção católica a cultura deve servir como um espelho para o homem onde as qualidades do corpo e da alma são aprimoradas por meio do conheci- mento, visando manter conservadas as experiências de espírito. 3. Já para a antropologia a cultura busca as soluções para os problemas da hu- manidade por meio da integração entre o pensar e sentir de uma determinada comunidade. Os aspectos acima deixam visível que a cultura está intrinsecamente relacionada ao homem e sociedade, considerando ainda, o que já foi e o que ainda está sendo feito todos os dias. Dessa forma pressupõe que a literatura acompanha as transformações que ocorrem na cultura de uma sociedade e as reflete nas obras literárias. Aqueles conhecimentos que são adquiridos desde a infância em forma de lingua- gem, são produtos da sociedade o qual estamos inseridos e fazemos parte. Deste modo, em termos sociais, a caracterização da cultura permite que ela seja setorizada, podendo ser tratada como literatura europeia, ocidental, romana, e consequentemente literatura brasileira. (PROENÇA FILHO, 2009). Pode-se dizer então que a língua está inclusa na relação existente entre cultura e literatura, e que a linguagem literária é conotativa, sugerindo significados diferentes do original. Ainda é correto dizer que a literatura representa o nível de cultura existente em uma determinada sociedade. Lembrando que, uma obra ficcional não indica necessaria- mente a realidade social e que a literatura, por sua vez apresenta questionamentos a serem respondidos por uma sociedade, ou seja, ela surge da sociedade e depois volta para ela. (LIPPE, 2016). 29UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil 1.2 A Cultura popular A leitura é um ato social, é uma atividade peculiar ao sujeito contemporâneo e que está presente em seu cotidiano. Neste contexto é sabido que a literatura popular consiste em produções de uma sociedade, onde se mantém viva a memória dessas produções que constituem de uma tradição. Com o passar do tempo novos elementos foram acrescenta- dos, principalmente no campo das práticas modernas e da oralidade, estas responsáveis pelo aumento do contingente tradicional. (BARROS, 2002). Como mencionando anteriormente em nossos estudos, são essas tradições que nos tornam legítimos enquanto nação e sociedade. Fato este que faz com que se acredite que a literatura popular, tanto oral quanto escrita se tornam vivas nos dias atuais em diver- sas festas e comemorações. (CANCLINI, 2000). Embora a tecnologia e do uso em massa de outros canais de comunicação, as transformações ocorridas no decorrer dos tempos modernos não conseguiram extinguir com as culturas populares tradicionais. Na contramão da modernidade, essas culturas se desenvolveram nas últimas décadas transformando-se. Há uma interação com as tradições tecendo ligações com outros setores fazendo com que a literatura não permaneça estável, mas que ela se transforme juntamente com a sociedade. (BARROS, 2002). Ao se falar em cultura popular no Brasil é preciso considerar ainda a existência de dois sistemas de conhecimento que atuam de maneira mais ou menos dialógica e mesmo que em graus diferentes, um influencia o outro e implica hábitos mentais, e padrões sociais, éticos e estéticos. (AZEVEDO, 2008). O quadro a seguir descreve as principais características desses dois sistemas de conhecimento: 30UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil Quadro 1: Principais características dos sistemas de conhecimento SISTEMAS DE CULTURA OFI- CIAL OU MODERNA -Representado pelo poder público, elites culturais e eco- nômicas; - Padrões, conteúdos e valores organizados de forma sis- temática, formatada e esquematizada; - Paradigmas transmitidos por escolas e universidades; - Totalmente dependenteda escrita; - Utiliza livros, metodologias, teorias, jornais, revistas, pu- blicidade, etc; - É homogêneo, com informações fixadas em textos es- critos. SISTEMA DE CONHECIMENTO DE CULTURA POPULAR - É paralelo à cultura oficial; - Possui um conjunto imenso de manifestações; - Se desenvolve de forma caótica, espontânea e não pro- gramada; - Se constrói no dia a dia da vida cotidiana; - É diversificada, heterogênea e heterodoxa; - Possui variadas facetas e graduações nas diferentes re- giões do país. - Não é a mesma cultura da escola, do saber sistemático, erudito, científico, técnico e impessoal; - Como conhecimento, costuma ser desprezada pelo mo- delo oficial. Fonte: AZEVEDO, Ricardo. Cultura popular, literatura e padrões culturais. 2008. Disponível em: <<http:// www.ricardoazevedo.com.br/>>. Acesso em: 30 jun. 2020. Mesmo que muitas vezes desprezadas pelo modelo de cultura oficial, a cultura popular é conhecida em seu discurso pelo vínculo que possui com a oralidade, sendo marcada pela transmissão feita de maneira informal e espontânea através do boca a boca, essa cultura ainda é chamada de cultura é a chamada empírica, uma vez que o Brasil é um país muito abrangente, marcada pela diversidade cultural, com costumes e crenças diferentes. Diferente do texto escrito - cultura oficial - que por estar fixado, o seu discurso escrito pode atravessar o tempo. Além disso, o discurso do texto deve ser mais complexo, seguir uma ordem, ser esclarecedor e, também prever alguns questionamentos do possível leitor. Em síntese, po- de-se dizer que tanto o discurso escrito quanto o discurso oral possuem objetivos diferentes, exigem diferentes estratégias de pensamento, bem como seguem a modelos construtivos diferentes. (AZEVEDO, 2008). 31UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil SAIBA MAIS Cultura é um termo com muitíssimos significados. A seguir três dos mais importantes: Cultura no pensamento da sociologia: “Uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estrutu- ram os instintos, orientam as emoções”. (MORIN, apud PROENÇA FILHO, 2009, p. 37). Cultura no pensamento católico: “pela palavra ‘cultura’ em sentido geral, indicam-se todas as coisas com as quais o homem aperfeiçoa e desenvolve as variadas qualidades da alma e do corpo; procura submeter a seu poder pelo conhecimento e pelo trabalho, o próprio orbe terrestre, torna a vida social mais humana, tanto na família quanto na co- munidade civil, pelo progresso dos costumes e da instituição; enfim, exprime, comunica e conserva, em suas obras, no decurso do tempo, as grandes experiências espirituais e as aspirações, para que sirvam ao proveito de muitos e ainda, de todo o gênero huma- no”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 37). Cultura no pensamento antropológico: “o conjunto e a integração dos modos de pen- sar, sentir e fazer adotados por uma comunidade, na busca de soluções para os proble- mas da vida humana associativa”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 37). Fonte: PROENÇA FILHO, D. A linguagem literária. 8 ed. rev. São Paulo: Ática, 2009. (Série Princípios). 1.3 A cultura na escola e literatura de cordel como forma de ensino-aprendizagem da língua materna A escola é um lugar onde se pode vislumbrar a diversidade cultural, todavia, apesar de estar tão presente neste ambiente, muitas vezes ela não tem sido tão valorizada e trabalhada como deveria. Os livros literários estimulam a imaginação, a fantasia, que são fundamentais para o desenvolvimento, por esse motivo, eles precisam ser explorados de maneira que o aluno se sinta envolvido pela leitura. Colaborando com nossos estudos Cosson (2006, p. 16), diz que: 32UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil Na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não apenas porque possibilita a criação do hábito da leitura ou porque nos forne- ce, como nenhum outro tipo de leitura faz, os instrumentos necessários para conhecer e articular com proficiência o mundo feito linguagem. Neste sentido fica claro que a linguagem está presente em todos os lugares, e oportuniza contatos, interação, aprendizagem, conhecimento, e por meio dela os indivíduos se tornam humanizados. A poesia contida na literatura desenvolve no aluno a sensibilidade e o caráter humanizador, daí a sua importância na escola. Considerando a função cultural social que a arte e a obra literária exercem na vida do indivíduo, é necessário escolher um gênero literário que revele essa diversidade cultural existente no Brasil, com intuito de respeitar tais diferenças. (AUGUSTI; SILVA, 2016) No Brasil, a literatura ou poesia de cordel como é chamada, é uma manifestação cultural muito importante por suas características. Composta por poemas escritos, em formato de músicas ou mesmo vídeos que enfatizam a cultura/literatura nordestina, são ca- pazes de despertar nos alunos o interesse pela leitura literária e o respeito pela diversidade. Esse gênero carrega consigo expressões e histórias que estão relacionadas com a cultura popular e por suas peculiaridades literárias, em relação a outros gêneros não literários. (AUGUSTI; SILVA, 2016). Diante disso fica evidente a importância do uso da literatura de cordel no ambiente escolar, mais para isso é preciso repensar o processo de ensino-aprendizagem e as meto- dologias utilizadas, tanto no que se refere a sua história quanto ao seu modelo ideológico, sem que haja paradigmas em relação ao caráter literário. A finalidade da literatura de cordel deve ser a de levar o aluno a compreender e reconhecer a função social do cordel enquanto linguagem literária na formação do leitor. Sendo assim, compreende-se que: [...] crescemos como leitores quando somos desafiados por leituras progres- sivamente mais complexas. Portanto, é papel do professor partir daquilo que o aluno já conhece para aquilo que ele desconhece, a fim de proporcionar o crescimento do leitor por meio da ampliação de seus horizontes de leitura. (COSSON, 2006, p. 35) Tal desafio é pertinente, uma vez que possibilita por meio da diversidade de textos literários, uma ação didática que é sobremaneira necessária para a formação do leitor amadurecido. De acordo com Bordini; Aguiar (1993, p. 86), uso da literatura de cordel como méto- do de ensino em que se reconhece a função social do gênero, enfatiza a comparação entre o familiar e o novo, entre o próximo e o distante no tempo e no espaço por meio de cinco etapas a seguir: 33UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil A Primeira Etapa refere-se à Determinação do Horizonte de Expectativas- momento de verificação dos interesses dos alunos, a fim de prever estratégias de ruptura e transformação dos discentes. A Segunda Etapa destaca o Aten- dimento do Horizonte de Expectativas -momento de proporcionar aos alunos experiências com textos literários que satisfaçam suas necessidades quanto ao objeto escolhido e às estratégias de ensino. A Terceira Etapa apresenta a Ruptura do Horizonte de Expectativas momento de trabalhar com textos e atividades de leitura que abalem as certezas e costumes dos alunos. A Quarta Etapa está relacionada ao Questionamento do Horizonte de Expectativas- fase em que serão comparados os dois momentos anteriores relacionando texto com vivência pessoal. A Quinta e última Etapa refere-se à Ampliação do Horizonte de Expectativas- etapa em que os alunos tomarão consciência das alterações e aquisições através da experiência com a literatura. Neste contexto o professor deve ser o mediador do processo de ensino-apren- dizagem, em que seu papel é o de estar atento às dificuldades do aluno. O professor de intervir apresentando ao aluno o autor do texto, trazer para o ambiente de aprendizagem o contexto histórico que envolve o texto apresentado, comentar sobre o local em que a his- tória acontece, a época, qual o objetivo do texto, enfim, juntos, professor e alunos deverão explorarjuntos os textos, analisar as informações nele contidas, utilizar das pistas que ele oferece a fim de descobrir as informações que estão implícitas por meio da interpretação e assim dar significado ao texto. (AUGUSTI; SILVA, 2016) Essas ações farão com que o aluno desenvolva a autonomia e o gosto pela leitura, porém é preciso levar em conta que este é um trabalho progressivo e gradual que deve acontecer de maneira frequente nas aulas, mais que deve ser realizado de forma que não sufoque a viva interação do aluno com a obra literária, o que pode prejudicar a formação do futuro leitor literário. Ainda é válido ressaltar que o professor é referência para os alunos, portanto a leitura deve ser uma prática em sua vida. Quando o professor ama a leitura literária e faz dela uma prática, ao ler para os alunos ele mergulha no contexto da história, e consegue transmitir ao aluno seu entusiasmo, podendo até contagiá-los. (AUGUSTI; SILVA, 2016) Como já estudado na unidade I deste material, o acesso aos livros na Idade Mé- dia era algo que pertencia a classe alta, e o acesso à escola era privilégio dos senhores detentores de posse. Entretanto nos dias atuais ainda é possível perceber fragmentos da desigualdade social daquela época. Desta maneira, os livros devem estar presentes nas aulas, em locais onde os alunos possam manuseá-los livremente, os livros devem ser di- versificados, pois muitas vezes o aluno só tem acesso a eles na escola. Para finalizar nossos estudos acerca do uso da literatura de cordel no ambiente escolar, não podemos deixar de enfatizar a importância de o professor intermediar o conta- 34UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil to do aluno com o texto escrito, porém sem desmerecer seu potencial, pois a leitura é um processo de constante aquisição. Sob esta perspectiva, o aluno quando vem para a escola já traz consigo uma bagagem de conhecimento denominado conhecimento empírico, é na neste espaço que ele ampliará seus conhecimentos e os transformará em conhecimentos científicos e estes precisam ser significativos para ele. O aluno precisa entender que a escola vai ensinar o que ele precisa saber para se tornar um cidadão autônomo, participativo e crítico garantindo assim seu espaço na sociedade. 35UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil 2 A FORMAÇÃO DO LEITOR Neste tópico estudaremos algumas questões que estão relacionadas ao uso da literatura infantil na escola, como a contação de histórias e a iniciação a leitura, que são alguns dos aspectos fundamentais na formação do leitor. 2.1 A contação de histórias na formação do leitor Iniciaremos nossa conversa com uma questão muito comum em nossa área, que é “como formar um leitor”? Na área da educação alguns questionamentos referentes a formação de um leitor, são fundamentais. O trabalho que o professor vai exercer e as escolhas que ele pode fazer ajudarão na compreensão do seu trabalho. O professor é responsável por escolher a obra que seja apropriada ao leitor infantil, escolher recursos metodológicos que sejam mais efetivos e que estimulem tanto a leitura, quanto a compreensão das obras, em que os alunos consigam verbalizar o que aprendeu. (ZILBERMAN, 1982, p.26 apud COSTA, 2007). Porém para que o professor consiga al- cançar esses objetivos é preciso que ele esteja habilitado para isso. E isso acontecerá no ensino superior. Costa (2007, p. 41-42), ainda menciona alguns fatores que são necessários a essas habilidades, [...]como o conhecimento de um acervo literário representativo; o domínio de critérios estéticos de modo a discernir quais são as obras de valor; conhecer 36UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil o conjunto literário destinado às crianças, com destaque para a sua trajetória histórica, bem como os autores da atualidade de maior representatividade; saber manipular técnicas e métodos de leitura. Se o professor possuir essas habilidades, pode-se pressupor que ao realizar um trabalho com a literatura infantil, este produza resultado satisfatório e eficaz. A construção da literatura é algo que depende de alguns princípios que vão norteá-la, pois é um processo lento que vai se formando gradativamente, uma vez que ler é encontrar sentido e se inte- ressar pela leitura, aprender e se sentir competente para realizar as tarefas de leitura, além de sentir que a aprendizagem como uma experiência emocional e gratificante. (SOLÉ, 1998 p. 172, apud COSTA, 2007). Diante disso é claro que a qualidade e a dedicação quando empreendidas no ensino da leitura produzirão no leitor infantil o prazer em ler, fará com que se sinta satisfeito com a leitura e com o resultado obtido por meio do texto lido. Tal prazer pode ser resultante da emoção motivada por um poema, ou por se identificar com algum personagem ou mesmo com a história, ou simplesmente por ter aprendido algo com a leitura. Aprender a ler, também significa aprender a ser ativo ante a leitura, ter objetivos para ela, se auto interrogar sobre o conteúdo e sobre a própria compreensão. Em suma, significa aprender a ser ativo, curioso e a exercer controle sobre a própria aprendizagem, (SOLÉ 1998, p. 172 apud COSTA 2007, p. 44). Entende-se então que o papel do professor é o de conduzir o aluno e orientá-lo, mais sem lhe dar uma resposta pronta. Ele deve estimular o pensamento do leitor, incentivá-lo, instigá-lo a levantar questionamentos sobre o que leu, deixando que ele chegue sozinho às respostas. Costa (2007, p. 44), afirma que, “professor e aluno devem integrar-se com igual determinação e vontade na aprendizagem do intercâmbio produtivo com textos literários”. Para que esse processo de desenvolvimento dê certo, é preciso que ele esteja estruturado em três pilares, são eles: autor, leitor e professor. O autor é o responsável pela produção da obra, é ele quem vai atribuir a ela as intenções e sua beleza. O leitor é o aluno que busca sentido no texto por meio de sua ex- periência pessoais e também pelo repertório que já possui e por último vem o professor, tão importante quanto o autor, pois devido a sua maturidade, seu conhecimento e metodologia, vai mediar o aluno, possibilitando a ele um ambiente favorável à leitura. 37UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil REFLITA Você sabia que ler desenvolve o cognitivo, amplia vocabulário, ativa o senso crítico e estimula a percepção intelectual? Além disso, favorece a inserção do indivíduo na sociedade, onde os textos escritos estão acima dos textos verbais, ou seja, a leitura o capacita a exercer sua cidadania. Porém nem sempre foi assim: “Do ponto de vista histórico, a situação de desigualdade entre elementos alfabetizados e analfabetos produziu uma relação de domínio dos primeiros sobre os segundos, que se acrescentou a todas as outras formas de dominação social. Já a Revolução Francesa de 1789 postulará a abertura de escolas públicas com o fim de levar as letras até o povo, de modo a promover uma maior igualdade social” (BORDINI; AGUIAR 1993, p.10). Ainda neste contexto histórico , surgiu a escola pública, porém as diferenças sociais permaneceram, uma vez que a escola constituiu um caráter dominador e da elite, fazen- do com que os menos favorecidos permanecessem excluídos e não tivessem acesso a essa cultura, o que acontece até os dias atuais, pois muitos ainda continuam sem aces- so e excluídos da sociedade. Fonte: BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor (alternativas metodológicas). 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. 2.2 A formação do hábito da leitura na visão de Richard Bamberger Sobre o hábito da leitura, Bamberger (2000, p. 24-25 apud COSTA 2007, p. 45-54), diz que para a formação do leitor é importante: Promover a prontidão para a leitura em todos os níveis: ● Ler em voz alta e falar, sobre a leitura os alunos na pré-escola e nos primeiros anos do ensino fundamental é de extremaimportância, pois ajuda a desenvolver o vocabulário e desperta o interesse pela leitura. ● Proporcionar o contato da criança com textos diversificados, desde poemas, contos, mostrar figuras, ajudam a estimular a imaginação, fazendo com que a criança mergulhe no universo da imaginação. ● Promover um ambiente que seja agradável e que favoreça a leitura. 38UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil Com esse processo a criança aprenderá a reconhecer o herói da história, o tempo da história, espaço, movimento, personagens, ação narrativa, bem como se familiarizar com as metáforas, sinestesias e imagens. A criança também pode demonstrar que sente prazer na leitura de determinada história, ao pedir que contem para ela várias vezes a mesma narrativa. Isso é importante e deve ser estimulado. Prática da leitura silenciosa: ● É muito importante na formação do leitor que ele se habitue a leitura silenciosa, pois ela é quem dá a base da educação individual e ajuda a desenvolver o imaginário, as emoções, sem que precise da intervenção do adulto. Nos dias atuais, os livros infantis são bem proveitosos, pois vem repleto de ilustra- ções e textos escritos, permitindo a criança que ainda não está alfabetizada a convivência com os livros através das imagens que estes oferecem. A leitura dessas imagens leva a criança a entrar no universo da leitura mesmo que não verbalmente. Daí a importância de estimular esse comportamento na criança pois ele irá prepará-la para os textos mais complexos que ela terá contato futuramente. Ensino individualizado da leitura em todos os níveis da escolarização: ● Pesquisas indicam que quando o método de ensino da leitura é individualizado, o prazer e interesse são maiores. ● Apesar da leitura individualizada despertar maior prazer, ele não deve ser dog- matizado e o professor deve estar preparado para perceber em quais momentos a leitura deve ser trabalhada individualmente ou em grupo. Alternar entre a leitura silenciosa e leitura em voz alta é recomendável na literatura, essa leitura em voz alta geralmente é realizada pelo professor, para que o ritmo e a entona- ção da leitura não se percam. (COSTA, 2007). 39UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil Adaptação das habilidades envolvidas na leitura quanto ao material e aos objetivos da leitura: ● O leitor passa a ler melhor e assimilar mais rápido o conteúdo à medida que vai ganhando prática e autonomia na leitura. ● Levar em consideração que cada texto requer uma desenvoltura diferente é um fator importante na prática pedagógica que deve adequar a escolha dos textos de acordo com os objetivos que desejam alcançar. Assim, exercitar a leitura em voz alta é importante, pois ela exige do leitor entonação vocal e interpretação, mais sempre levando em consideração a importância de realizar uma leitura prévia a fim de se familiarizar com o conteúdo. Se a leitura for realizada pela criança, o professor deve prepará-la para que realize a interpretação em voz alta da forma mais adequada possível. Deve-se evitar improvisos, erros e defeitos de prosódia e dicção e balbucios que comprometem a qualidade da ento- nação. (COSTA, 2007). Treinamento sistemático de consecução da leitura: ● Neste momento, avaliar a velocidade e compreensão em relação a leitura é importante. ● Primeiramente, é importante delimitar o sentido de velocidade e de compreensão do texto. A velocidade se refere a habilidade de ampliação do período de fixação e de aumento da concentração. Já a compreensão se refere a capacidade do leitor assimilar o conteúdo na mesma proporção em que o texto progride, ou seja, conforme o aluno lê, ele assimila e compreende o significado do texto lido. ● Ao final o professor poderá avaliar o progresso do aluno levantando questiona- mentos, testes e discutindo sobre o tema trabalhado. É válido ressaltar que não se deve utilizar a leitura silenciosa ou em voz alta como parâmetro para a avaliação do domínio da ortografia, ela deve ser, na verdade, um exercício que desperte prazer no leitor. 40UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil Mensuração e avaliação do progresso: ● Acompanhar de perto o progresso do aluno é importante. É necessário que sejam realizadas avaliações diferenciadas, de acordo com o desenvolvimento de formação do leitor. ● O professor deve evitar o uso de fichas e resumos que forcem a interpretação e avaliação do aluno, esses processos são engessados e não contribuem para o desenvolvimento. ● Durante o processo de avaliação é interessante que o professor utilize sua criatividade para encontrar formas de avaliação que sejam coerentes e eficazes no decorrer da rotina escolar. Seleção de material de leitura para o ensino: ● É importante que o aluno tenha acesso a um material diversificado, assim ele terá a chance de descobrir o que mais lhe agrada, o que é mais interessante e o que é mais divertido para ele. Isso faz com que sua capacidade de leitura aumente, além de contribuir para a que o hábito da leitura se torne algo cons- tante na vida do leitor. Os bons livros infantis, por conseguinte, são o fundamento do ensino da leitura. Os interesses pelo enredo e pelo destino das personagens levam a criança a terminar o livro num certo prazo de tempo. Quando isso acontece, obtém-se o efeito prático tão necessário à compreensão na leitura. É nesse ponto que a influência da sala de aula se combina com as inclinações na esfera pessoal (BAMBERGER, 2000, p. 24 apud COSTA, 2007, p. 52). Neste sentido, o professor, deve ter consciência de que para que seu trabalho com o texto literário seja efetivo, ele deve ter sua sensibilidade em relação às obras bem apuradas e desenvolvidas. Deve conhecer as obras, quais são mais apropriadas, quando foram publicadas, quantas edições possuem, além de conhecer um pouco da história dos autores. Ele também precisa ter um conhecimento detalhado sobre as funções que a litera- tura possui, de forma que por meio desses conhecimentos saiba como utilizar cada texto. Ademais, é importante que o professor que ensina a literatura e a prática da leitura esteja ciente dos interesses dos alunos, conheça os livros infantis da atualidade, sem deixar de lado os clássicos da literatura infantil, tenha consciência filosófica, seja desprovido de preconceitos, goste de textos que promovam a emancipação e sejam inovadores. Devem ser bons leitores, ter conhecimento e uma formação sólida das letras, ter fundamentação 41UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil teórico-metodológica. Essas são algumas das características positivas que poderão contri- buir para um trabalho produtivo e eficaz para o desenvolvimento e formação do leitor. Em contrapartida, ao papel do professor, a escola também precisa estar adaptada e habilitada oferecendo subsídios ao professor, para que este consiga desempenhar seu pa- pel. Possuir uma biblioteca que disponha de um bom acervo, é fundamental neste processo e, sobretudo, ter programas de ensino que valorizem a leitura e a integração entre aluno e professor, esta, por sua vez deve ser democrática e simétrica. (COSTA, 2007). Para finalizarmos nossos estudos em relação a formação do leitor, e não menos importante, é a qualidade empregada na literatura infantil brasileira, uma vez que, o uso do lúdico e o descompromisso textual, atrelados a linguagem empregada e diversidade dos temas torna mais prazerosa a experiência da leitura. 42UNIDADE II A Literatura Infanto-Juvenil 4 LITERATURA E CONCEITO DE LETRAMENTO O letramento é um assunto muito discutido entre os profissionais da educação, e apesar de ser um tema novo, tem sido propagado não só no mundo acadêmico, ele vem ganhando espaço na escolas, nos cursos de formação para professores e também em pesquisas acadêmicas, sendo assim pode-se perceber que de certo modo o letramento é algo que está intrinsecamente ligado a vida em sociedade. No ambiente
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