Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Insuficiência Renal Aguda Aproximação ao paciente de Urgência e na Unidade de Cuidados Intensivos Dr. Nuno Paixão Hospital Veterinário Central Serviço de Urgência, Cuidados Intensivos e Anestesia npa@eveccs.org IRA - Definição Síndrome clínico caracterizado por uma redução subita da função renal ou do débito urinário, com subsequente azotémia e falha na regulação de fluidos, electrólitos e equilíbrio ácido- base Anatomia e fisiologia renal Funções não excretórias: Regulação da pressão arterial Eritropoiese Metabolismo da vit. D Funções excretórias Filtrado glomerular Anatomia e fisiologia renal Anatomia e fisiologia renal Anatomia e fisiologia renal IRA - Causas Deplecção de volume Ins. cardíaca Ins. renal pré-renal Embolismo Leptospirose Pielonefrite Glomerulonefrite Nefrite Isquémia Nefrotoxicidade Nefrose Ins. renal intríseca Uroabdomen Obstrução bilateral Ins. renal pós renal IRA IRA – Causas pré renal e pós renal Deplecção de volume: – Vómito; Diarreia – Diurese – Hemorragia – Sequestro em terceiro espaço – Pancreatite – Peritonite – Trauma – Queimaduras Cardíacas: – Doenças valvulares – Cardiomiopatias – Medicação anti-hipertensiva Neurogénica: – Sepsis – Anafilaxia – Hipoalbuminémia – Sindrome nefrótico – Doença hepática Intra renal e ureteral: – Calculos renais – Neoplasia da papila renal – Fibrose retro-peritoneal – Precepitação de cristais por ácido urico ou sulfamidas – Precepitação de metotrexato ou acliclovir Bexiga: – Cálculos vesicais – Coágulos sanguíneos – Hipertrofia prostática – Carcinoma da Bexiga – Bexiga neurogénica Uretra: – Cálculos – Plugs – Fimose – Cosntrição IRA – Causas renais intrínsecas Vasculares: – Trombose da artéria renal – Trombose da veia renal – Hipertensão maligna – Sindrome urémico hemolitico – Trombocitopénia trombótica Doenças sistémicas: – Lupus eritematoso sistémico – Endocardite – Vasculite sistémica Doença renal primária: – Glomerolonefrite estreptococcica – Infecções sitémicas Drogas: – Etilenoglicol – Metais pesados Infecções: – Mieloma multipla – Necrose tubular aguda – Isquémia – Shock – Sepsis Todas as causas de azotémia pre renal severa: – Nefrotoxinas – Antibióticos – Anti-inflamatórios não esteroides – Agentes de contraste neurológico – Pigmentos IRA - Diagnóstico Princípios gerais: – Identificação de complicações que poêm a vida em risco: Hiperkalémia Acidose metabólica severa Deplecção de volume Infecção / sepsis – Localização da causa de azotémia – Determinação do volume urinário – Distinção entre IRA e IR Crônica – Determinação da causa específica Hiperkalémia K > 5.5 mEq/l Manifestações clínicas: – Fraqueza e paralisia neuromuscular – Supressão da amóniogenese renal – Bradicardia Hiperkalémia Achados electrocardiográficos: Bradicardia Diminuição da amplitude da onda P Aumento da duração do complexo QRS Onda T Spike Objectivos do tratamento da hiperkalémia: Reverter os efeitos tóxicos no coração Transferir o potássio do compartimento extracelular para o intracelular Diminuir os níveis de potássio orgânico Hiperkalémia Tratamento: – Retirar todos os fluidos que contenham potássio – Gluconato de cálcio: – 2 a 10 ml de solução a 10% – Bicarbonato de sódio: – 0,25 a 1 mEq/kg IV – Dextrose a 25%: – 1 mg / kg IV com insulina (0,5 a 1 U/kg IV) – Bolos de fluidos sem potássio para o diluir IRA - Diagnóstico História: Exposição a toxinas Doenças infecciosas Medicações recentes Sedação pesada ou anestesia recente IRA - Diagnóstico Achados laboratoriais: Leucocitose Trombocitopénia Azotémia, hiperfosfatémia, acidose metabólica Hiperkalémia Hipocalcémia - devido a etileno-glicol Hipercalcémia poderá levar a IRA IRA – Gases sanguíneos Acidose metabólica AG = ((Na+K)-(Cl + HCO3)) – Aumento do AG: – IR aguda ou cronica – Intoxicação por etilenoglicol -- >40 – Diabetes cetoacidótica – Acidose láctica – Intoxicação por salicilatos - >40 Acidose metabólica - Tratamento Tratamento só está recomendado em acidose severa : pH < 7.2 HCO3 < 12 mmol/ L Geralmente associada com bradicardia Correcção de um terço da dose calculada durante 30 min. Monitorização cardíaca constante Monitorização de gases sanguíneos cada 4 a 6 h Dose de bicarbonato = 0.4 x kg x (12 – Bicar. do paciente) IRA – Diagnóstico - FENa Fracção de Excreção de Sódio: – É a fracção de Na, que passa no glomérulo e é excretada na urina Na Urina / Na Plasma FENa = --------------------------------- x 100 Crea. Urina / Crea. plasma IRA – Diagnóstico - FENa Normal = < 1% De forma geral, mas com excepções: < 1% => Pré renal > 2% => Intrínseca IRA – Diagnóstico – Na urinário Quando a perfusão renal diminui, a reabsorção de Na é maior e a sua excreção é menor Lesões intrinsecas aumentam a excreção. – Na urina < 20 mEq/L pré renal IRA – Indices soro/urina Pré renal Renal Pós renal Na urinário <20 mEq/L >20 mEq/L >20 mEq/L Cl urinário <20 mEq/L >20 mEq/L ---- FENa < 1% > 2% >2% Osmol. Urina >500 <350 <350 U/S creat. >40 <20 <20 U/S ureia >8 <3 <3 S ureia/crea >20 +/- 10 +/- 10 IRA - Diagnóstico Titulação de lepstospirose: Único titulo > 1:3200 4 titulos consecutivos crescentes em 2 a 4 semanas Provas de coagulação: PT; PTT; F CID IRA – Diagnóstico - Urianálise – Isostenúria - < 1.025 – Glicosúria – poderá indicar disfunção tubular – Proteinúria – devido a lesão tubular – Piúria – Nefrite, infecções urinárias – Cilindros urinários ou rolhões: – Leucócitários – Granulares e epiteliais – Hiporato/oxalato de calcio Ins. Renal História Avaliação laboratorial Avaliação radiográfica I.R. Crônica Ins. Renal Aguda Pré-renal Pós-renal Ins. Cardíaca congestiva Localização anatómica Hipotensão ; Sepsis FE Na variável FE Na < 1% Urianálise variável Urianálise com rolhões não celulares Proteinúria variável Proteinúria variável Tipo Urianálise FE Na% Proteinúria Vários NTA R. epiteliais granulares >3 1-2 + Tox. Shock; sepsis Nefrite Intersticial WBC; eos; epiteliais >3 1-2 + Alergia Pielonefrite Vasculite RBC Variável 2-4 + Dça multisistémi ca; drogas Glomerulon efrite RBC; WBC; <1 2-4 + Dças sistémicas Hepato renal Bilirrubina <1 0-1 + Ins. Hepática Ins. renal intrínseca IRA – Cilindro granular IRA – Cilindros de eritrócitos IRA – Cilindro de leucócitos IRA – Cilindro tubular renal Complicações clínicas da IRA Cardiovasculares: – Edema pulmonar – Arritmias – Hipertensão – Efusão pericárdica – Embolismo pulmonar Hematologicos: – Anemia – Diáteses hemorrágicas Infeciosas: – Pneumonia – Septicémia – Infecções urinárias – Infecções de feridas Metabólicas: – Hiponatrémia – Hiperkalémia – Acidose – Hipocalcémia – Hiperfosfatémia – Hipermagnesémia Neurológicas: – Irritabilidade neuromuscular – Alterações mentais – Coma; Convulsões Gastrointestinais: – Vómito – Diarreia – Ulceras – Hemorragia gastro duodenal – Má nutrição IRA – Tratamento Objectivos: – Minimizar mais danos renais: Descontinuar as drogas toxicas Corrigir desordens pre e pós renais Tratar as causas – Promover a diurese se existir oliguria – Combater consequências metabólicas da urémia Hiperkalémia Acidémia Vómito IRA - Procedimentos monitorização Pesar o paciente Catéter intra venoso: Periférico Central Catéter intra vesical Urianálise BUN; Glu; Crea; F; Ca; Electrólitos CO2; PCV/ TS Rx IRA - Fluidoterapia Tratamento inicial: – Grau de desidratação: ml = %desi. X kg x 1000 Durante período de 4 a 8 h Cuidado com Ins. Cardíaca Cuidado com sobrehidratação Dose de manutenção em adição á rehidratação Fluidos são seleccionados com base nos electrólitos: Na Cl 0,9% Lactato de ringer, se não ocorrer hiperkalémia NaCl 0,45% ou 2,5% dextrose em situações de hipernatrémiaIRA - Fluidoterapia Tratamento inicial (cont.): – No início deve-se assumir sempre um déficit de 3 a 5% – Cuidado com os vómitos ou diarreia IRA - Fluidoterapia Tratamento de manutenção: – 50 a 60 ml/kg/dia – Perdas no vómito e diarreia Caso começe a comer e beber: – 20 ml/kg/dia – Perdas diárias IRA - Tratamento Controle da acidose Controle do vómito: – Cimetidina – 10 mg/kg – Ranitidina – 2 a 4 mg/kg – Metoclopramina em CRI 1 a 2 mg/kg/dia – Clorpromazina, cuidado com hipotensões IRA - Monitorização Peso corporal – duas vezes ao dia 1 kg = 1000 ml Volume urinário: – Deve ser sempre monitorizado – Animal hidratado => 2 a 5 ml/kh/hr – Inf. Urinária deve ser evitada a todo custo: – Sistema fechado – Deixar o minimo tempo possível – Evitar AB e fazer culturas IRA - Monitorização Valores de laboratório: – Gases sanguíneos – Electrólitos – BUN, Creat, fósforo – PCV / TP IRA – Oliguria em não oligúria Indicações: – Oliguria persistente apesar de hidratado – Melhora o maneio do paciente – O seu sucesso melhora o prognóstico Contra-indicações: – Desidratação – Pacientes que não estão oligúricos IRA – Oliguria em não oligúria Diurese por fluidos: – Após hidratação – Deve-se ter muito cuidado, pois a administração destes fluidos, podem levar a sobre hidratação IRA – Manitol – É um diurético osmótico – Promove o fluxo urinário tubular aumentando a taxa de filtração glomerular e reduzindo a reabsorção de Na nos tubulos proximais – Melhor diurético osmótico que a dextrose – Efeitos benéficos potenciais: Diminuição do edema tubulo-renal Exerce efeitos diuréticos em todo o nefrónio Previne a obstrução tubular por detritos celulares Reduz a injuria por reperfusão – Cuidado, pois pode potenciar a sobrecarga vascular e pacientes oligúricos persistentes IRA – Diuréticos osmóticos Manitol ( cont.): – Protocolo de tratamento: 0,25 a 0,5 g/kg IV durante 5 a 10 min. Produção de urina deve começar em 15 min. Caso contrário: A mesma dose todas as 6 a 8 horas ou Solução a 5 ou 10% diluidos nos fluidos IV a dose de 2 a 5 ml/min. Caso não se produza urina: Repetir de 15 em 15 min. Até uma dose de 1,5 g/kg Caso não se verifique ainda, parar com o manitol IRA – Dextrose Dextrose: – 0,5 a 1 g/kg IV durante 15 a 20 min. – Dextrose a 20% => 0.2 g dex/ml – Caso não se verifique diurese (1 a 4ml/min): Parar com o tratamento pois corremos riscos de sobre hidratação – Caso ocorra diurese: Repetir a dose cada 8 ou 12 h, mantendo os fluidos de manutenção entre doses ou Dextrose a 10% durante 12 a 24 h IRA - Dopamina – É uma catecolamina, com efeitos dopaminergicos, alfa e beta adrenérgicos, que são dose dependentes – Neste protocolo, usam-se doses dopaminérgicas – Receptores dopaminicos estão presentes nas cels vasculares ( não nos gatos) e nas cels. Tubulares – A actuação nos gatos, deve-se ao aumento do débito cardíaco IRA - Dopamina – Em doses baixas leva a vasodilatação renal com consequente aumento do fluxo sanguíneo renal – 2 a 5 ug/kg/min – 30 mg dopamina em 500ml , dá uma concentração de 60 ug/ml IRA - Dopamina – Efeitos secundários ( principalmente em doses altas que afectam os receptores alfa: – Taquicardia e arritmias – Vasoconstrição renal – Monitorização cardíaca é fundamental – Caso ocorra diurese, deve-se manter a dopamina durante 12 a 24 horas, até que os fluidos de manutenção o consigam IRA - Furosemida – Diurético de ansa – Causa vasodilatação da arteríola eferente, resultando em aumento da perfusão sanguínea renal, débito urinário e possívelmente da taxa de filtração glomerular – Inibe a reabsorção de cloro no ramo ascendente da ansa de henle, após a sua secreção no tubulo proximal – Depois o sódio segue o cloro no fluido tubular, resultando em diurese IRA - Furosemida – 2 a 4 mg/kg, que deve levar a diurese em 30 min. – Se não ocorrer diurese: Repetir em 30 e 60 min – Ocorrendo diurese mas que subsequente desce para perto de 2 ml/kg/hr, iniciar em CRI a 1 mg/kg/h, durante 4 horas – Mais efectiva quando usada em conjugação com a dopamina – 1 mg/kg IV, de hora a hora IRA – Falha na terapêutica Dialise peritoneal Hemodiálise Eutanásia Muito muito obrigado!
Compartilhar