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Descorna em bezerros: dor e cicatrização O que é a descorna bovina e qual a finalidade? A descorna consiste na retirada do chifre dos bovinos e é frequente em todo o mundo e tem por justificativa evitar a ocorrência de lesões e acidentes entre os animais e aos tratadores. Além disso, permitir que maior número de animais tenha acesso ao comedouro, facilidade de manejo e transporte e diminuição da competição e dos comportamentos de dominância. A retirada dos cornos e uma pratica rotineira nas fazendas leiteiras. Bezerros de ate 8 semanas de idade, quando os botões córneos são de 5 a 10mm de comprimento. Descorna e suas razões Segurança do tratador. Facilitar o manejo. Maior risco de lesões durante o manejo e transporte de animais não descornados. Desvalorização da carcaça. Descornar Impactos no BEA, procedimento que causa dor. Estratégias de controle de dor. Limite de idade. Habilidade para realizar o procedimento. Avaliação da dor nos animais Reconhecimento-dor. Avaliação do nível de dor em animais X humanos. Animais de produção- dor subvalorizada. Determinar objetivamente o nível de dor do animal. Avaliação: índice de produtividade/ alterações comportamentais/ parâmetros fisiológicos. Índices de produtividade Ganho de peso. Consumo diário de leite. Peso ao desmame. Alterações comportamentais Movimentos da orelha. Esfregar a cabeça. Mudanças de posturas. Parâmetros fisiológicos Cortisol FR e FC Temperatura da lesão Métodos de avaliação de dor em bezerros Subjetivos Etograma. Escala visual analógica. Escala de classificação numérica. Escala de caretas. Objetivos Cortisol. Substancia P. Limiar nociceptivo mecânico. Atividade. Monitoramento. Mensuração de temperatura ocular. Frequência cardíaca e variabilidade da frequência cardíaca. Consumo de ração. Ganho de peso médio diário. Anatomia do corno bovino Retirada do corno A remoção do chifre pode ser realizada por meio do amochamento ou da descorna. Mochar = remoção do botão córneo antes de estar anexado ao crânio do animal. Descornar = remoção do corno uma vez que o mesmo esteja ligado ao crânio do animal. Amputação. Procedimento cirúrgico. O amochamento consiste na destruição das células queratogênicas que ainda não se fundiram ao crânio e, portanto, é realizado em animais com até dois meses de idade. Após essa idade o procedimento é cirúrgico, chamado de descorna que tem por objetivo amputar o corno já formado e fundido. Independente da prática, ambas causa um forte estímulo mecânico, químico ou térmico devido à lesão tecidual aplicada de forma aguda e com alta intensidade. Segundo uma pesquisa realizada com veterinários neozelandeses, o amochamento ou descorna, juntamente com a castração, são considerados os procedimentos mais dolorosos e que acarretam maior prejuízo ao desempenho dos bezerros (Laven et al., 2009). E por esse motivo, a mitigação da dor se torna essencial. Assim, sempre que possível, a experiência da dor não deve ser sentida ou deve ser minimizada, o que inclui o uso de fármacos assim como métodos adequados de contenção do animal são contidos a fim de assegurar o bem-estar. Porém, frequentemente práticas são realizadas sem o apoio de qualquer tipo de analgesia ou anestesia, com base em argumentos econômicos, de falta de mão de obra, procedimento doloroso de curta duração ou status subdesenvolvido do sistema neurológico dos animais. Contudo, a implementação de legislações por pressão da sociedade e consumidores com o intuito de assegurar o bem-estar dos animais, tem mudado esse cenário em diversos países. Anestesia para descorna de bovinos A anestesia geral ou sedação apenas é obrigatória no procedimento de descorna cirúrgica e tem por objetivo auxiliar na contenção do bovino, porém não elimina o desconforto induzido pela dor e por isso https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/bemestar-animal-do-optativo-ao-obrigatorio-220126/ seu uso deve estar associado a anestesia local. Drogas anti-inflamatórias são amplamente utilizadas e imprescindíveis na maioria desse tipo de prática realizadas rotineiramente nos animais, visando aliviar a condição inflamatória, sendo a principal ferramenta no tratamento da dor. Em adição à analgesia, são conhecidos por seus efeitos anti-inflamatórios e antipiréticos. Estudos têm demonstrado os benefícios da analgesia preemptiva (aplicação pré- operatória que irá auxiliar na dor e desconforto pós-operatório) sendo essa uma das maiores inovações na mitigação da dor em bovinos e ovinos. Os fármacos mais efetivos incluem o flunexin- meglumine, cetoprofeno, fenilbutazona e carprofeno, que é um fármaco específico. Animais que recebem AINE antes da descorna em associação ao anestésico tendem a demonstrar melhora na frequência dos comportamentos de dor e maior ganho de peso nos dias subsequentes, demonstrando a eficiência desses fármacos no combate à dor pós amochamento, seja por ferro quente ou pasta cáustica. Formas de amochamento de bezerros O procedimento de amochamento tanto por ferro quente/elétrico ou através de cauterização química (uso de pastas cáusticas) deve ser realizado em animais com idade inferior a dois meses, pois nesse período o botão cornual que dará origem ao chifre ainda está flutuante na pele, o que facilita a prática de remoção e o processo de cicatrização, diminuindo o trauma ao qual o animal é submetido e evitando complicações pós-operatórias como as sinusites. . A cauterização química com uso de pasta cáustica causa dor intensa com elevados níveis de cortisol por até 6 horas, contudo causa dor por menos tempo quando comparado ao uso de ferro quente. A pasta cáustica deve ser aplicada apenas no botão cornual com prévia tosa dos pelos. O uso de quantidade excessiva pode fazer com que o produto escorra pela pele ocasionando lesões, inclusive nos olhos. Algumas pesquisas apontam que o amochamento com ferro quente tende a elevar em até cinco vezes a resposta de dor, além de apresentar cicatrização mais lenta e, portanto que demanda maiores cuidados. No entanto, com o uso de anestesia e analgesia adequadas, as concentrações de cortisol tendem a se manter normais. Para o uso de ferro quente, o pelo também deve ser previamente retirado do local, e quando o ferro estiver candente, deve ser pressionado sobre o botão córneo, evitando utilizar força excessiva. O equipamento deve ser movimentado circularmente, de forma cuidadosa para que a pele não seja queimada, e então o botão será extraído. A queimadura não deve ser aprofundada para que não atinja estruturas do crânio (Figura 4). Após o procedimento pomada cicatrizante e repelente deve ser utilizada para facilitar o processo de cicatrização.
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