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LEGISLAÇÃO APLICADA A LOGÍSTICA CAPÍTULO 4 - ATRAVÉS DA REGULAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS É POSSÍVEL MITIGAR OS RISCOS ASSOCIADOS A ESSAS OPERAÇÕES? Francisco José Mattoso Paiva Introdução Quando você compra um produto e faz a opção por recebê-lo em sua residência, você se torna mais um consumidor responsável pela necessidade de um serviço de transporte rodoviário de carga. No Brasil, esse é o tipo de transporte mais comum para entrega de produtos ao mercado em função da sua capacidade de penetração e atendimento, superior à capacidade dos demais modais de transporte. Agora, que tipo de requisitos são necessários para que o produto que você adquiriu possa ser entregue em sua residência, garantindo que toda a operação de transporte, desde a origem até o destino, ocorra de forma segura? Haverá alguma legislação específica para normatizar esse tipo de operação? E se, por alguma razão, após algum tempo, você tiver a necessidade de descartar esse produto, poderá esse tipo de operação ser realizado também de forma segura? Neste capítulo, você irá conhecer as principais particularidades a respeito do transporte de cargas no Brasil e a legislação existente para a regulação desse tipo de operação. Além disso, você conhecerá os requisitos para o transporte de cargas perigosas, que possui um dos maiores riscos de acidentes nas estradas brasileiras, estas muitas vezes precárias e com manutenção deficiente. Por fim, você verá a forma com que os produtos se comportam no mercado e quais são as condições legais para a chamada logística reversa, para recolhimento de produtos danificados. Agora é com você! Há um mundo de informações a respeito desses assuntos à sua disposição. Bons estudos! 4.1 Transporte rodoviário de cargas Sendo o modal rodoviário o principal meio de transporte de cargas no Brasil, é necessário que sejam estabelecidos mecanismos de documentação e controle de suas operações, de forma a garantir segurança ao tomador de serviço. Além disso, o próprio transportador é beneficiário dessa regulamentação, pois esta evita que empresas não idôneas possam participar desse mercado. No Brasil, a legislação estabelece a necessidade de registro dos transportadores em um cadastro nacional, além da emissão de documentos que contenham as informações relacionadas ao transporte e que, por serem hoje emitidos eletronicamente, garantem uma melhor forma de fiscalização. Neste tópico, você irá conhecer as particularidades sobre o transporte rodoviário de cargas no Brasil e os requisitos estabelecidos pela legislação para o cadastro nacional de transportadores rodoviários de cargas e para o conhecimento de transporte eletrônico. Acompanhe! 4.1.1 Particularidades do transporte rodoviário de cargas Os pesquisadores Bowersox e Closs (2009, p. 279) definem que “o principal objetivo do transporte é movimentar produtos de um local de origem até um determinado destino minimizando ao mesmo tempo os custos financeiros, temporais e ambientais”. Os autores argumentam que além do desempenho da entrega dos produtos, deve ser atendida a necessidade dos clientes em relação à disponibilidade de informações a respeito das cargas. Clique nas abas abaixo e aprenda mais sobre esse tema. Segundo Wanke (2010, p. 5), “Com relação à disponibilidade, que representa a quantidade de localidades onde o modal se encontra presente, o modal rodoviário é a melhor opção, pois quase não apresenta limites de onde chegar”. Hoje, por exemplo, ao adquirir um produto, o cliente tem o desejo de obter informações a respeito dos prazos e da localização da carga enquanto o produto não for entregue, a partir do momento em que a compra é concretizada. Tempos atrás, essa não era uma exigência, tendo se tornado comum posteriormente, quando a tecnologia passou a permitir o rastreamento das entregas feitas pelas transportadoras de cargas. O transporte rodoviário de cargas no Brasil é, sem dúvida, o mais frequente entre os diferentes modais de transporte. A estrutura da cadeia de suprimento de produtos ao mercado pressupõe a necessidade de ligação entre o fabricante, o atacadista, o varejista e o mercado. Nesse caso, a facilidade de acesso do modal rodoviário acaba sendo um fator preponderante para uma maior adequação a esse serviço. VOCÊ O CONHECE? Juscelino Kubitshchek foi o grande responsável pelo crescimento do transporte rodoviário no Brasil, conhecido como rodoviarismo. Durante seu governo (1955 a 1960), houve uma forte política de atração da indústria automobilística que levou à desarticulação do transporte ferroviário em detrimento do transporte rodoviário, passando as rodovias a cumprirem um papel de integração econômica (PAULA, 2010). No Brasil, a Lei n. 11.442, de 5 de janeiro de 2007, regula o transporte de cargas no território nacional, estabelecendo seus mecanismos operacionais e as responsabilidades dos transportadores (BRASIL, 2007). Essa lei estabelece duas categorias para o exercício da atividade de transporte de cargas no país: o Transportador Autônomo de Cargas (TAC) e a Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas (ETC), sendo o primeiro uma pessoa física, e o segundo, pessoa jurídica que tem o transporte de cargas como atividade principal. Em ambos os casos, deve ser comprovada a propriedade de, pelo menos, um veículo automotor de cargas (BRASIL, 2007). Também no Brasil existem dois importantes documentos para o exercício da atividade de transporte de cargas: o Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), cuja regulação é definida pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), e o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas (CTRC), fiscalizado pela Receita Federal. Em relação ao transporte de cargas consideradas perigosas, a Lei n. 11.442 estabelece que seja observado o que é definido pela legislação federal por meio da Lei n. 10.233 (BRASIL, 2001). São consideradas perigosas as cargas que apresentam riscos à saúde, ao meio ambiente ou à segurança do cliente. 4.1.2 Registro nacional de transportadores rodoviários de cargas Segundo a ANTT, o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) traz benefícios aos transportadores, aos usuários e ao país. Aos transportadores, é benéfico por representar um mecanismo de habilitação formal que regulariza o exercício da atividade, inibindo a atuação de empresas não qualificadas. Aos usuários, é importante por permitir uma maior segurança na contratação dos transportadores, reduzindo o risco de roubo de cargas e, consequentemente, os custos com seguro das cargas. Por fim, ao país, tal registro traz benefícios por se constituir em um cadastro de empresas, permitindo uma fiscalização mais eficaz (ANTT, s/d). Figura 1 - O transporte rodoviário de cargas é feito por diferentes tipos de caminhões. Fonte: Blaze986, Shutterstock, 2019. Por meio da Resolução n. 4.799, de 27 de julho de 2015, a ANTT regulamenta os procedimentos para inscrição e manutenção do RNTRC. Este é constituído por Transportador Rodoviário Remunerado de Carga (TRRC) e Transportador Rodoviário de Carga Própria (TCP). O TRRC se caracteriza pelo transporte em que o valor pago como remuneração é explicitado no documento fiscal da carga. Já o TCP se caracteriza pelos transportes em que, por exemplo, a própria empresa é emitente e recebedora da carga (ANTT, 2015). VOCÊ SABIA? Apesar de obrigatório para a maioria das operações, o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas pode não ser necessário em determinadas situações. É o caso, por exemplo, dos transportadores que transportam exclusivamente carga própria. Nesse caso, o registro no RNTRC não é obrigatório pois a operação não se caracteriza como um transporte remunerado de carga (ANTT, s/d). Figura 2 - O transportador rodoviário deve ser cadastrado no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários. Fonte: Marta Design, Shutterstock, 2019. Clique nos itens e confira algumas definições estabelecidas pela Resolução n. 4.799 (ANTT, 2015). Os procedimentos para inscrição e manutençãodo cadastro. A necessidade de cadastramento da frota de veículos e dos implementos rodoviários n cadastro do transportador. A existência de um Responsável Técnico do transportador, que deverá responder pel cumprimento das normas aplicáveis. A obrigatoriedade de identificação visual dos veículos e implementos rodoviário cadastrados. Na realização de transporte remunerado de cargas, é obrigatória a emissão de um documento caracterizando a operação, relacionando as obrigações e as responsabilidades das partes envolvidas. O transportador fica obrigado, por exemplo, a informar ao expedidor o prazo previsto para entrega da carga e a data de chegada da carga ao seu destino (ANTT, s/d). As infrações ao estabelecido pela Resolução n. 4.799 podem ser punidas com advertência, multa, suspensão e até mesmo com cancelamento do cadastro, podendo, no caso de serem cometidas duas ou mais infrações, haver aplicação cumulativa de sanções (ANTT, s/d). Clique nas setas e conheça algumas infrações cometidas pelo transportador, entre outras (ANTT, s/d). • • • • Evasão, obstrução ou qualquer prática que dificulte a fiscalização do transporte de cargas. Contratação de transporte de carga sem o respectivo registro no RNTRC. Emissão de documentos não conformes ao regulamentado. • • • • Infração 1 Infração 2 Infração 3 Infração 4 Como se pode observar, por meio da Resolução n. 4.799, ficam estabelecidos os requisitos que garantem que o transporte de cargas seja realizado por meio de transportadora idônea, garantindo, dessa forma, que não ocorram situações que possam imputar prejuízos aos expedidores e recebedores de cargas. 4.1.3 Conhecimento de transporte rodoviário de cargas (CTRC) O Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas (CTRC) é um documento emitido pelas transportadoras para dar conhecimento a respeito das cargas transportadas aos envolvidos nas operações. Desde 2007, ele foi substituído pelo Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), por meio do Ajuste SINIEF n. 9, de 25 de outubro de 2007 (CONFAZ, 2007). Com isso, o CT-e passa a ser um documento de armazenamento unicamente digital, cuja validade jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente (CONFAZ, 2007). Ausência do fornecimento da documentação comprobatória da operação na origem ou no destino da carga. Apresentação de informação falsa ou não atualização do respectivo cadastro. • VOCÊ SABIA? A implantação do Conhecimento de Transporte Eletrônico permitiu uma maior agilidade na emissão desse documento, além da maior capacidade de armazenamento. Desde sua implantação, foram emitidos mais de dois bilhões de certificados eletrônicos por mais de 77 mil emissores (RECEITA FEDERAL, s/d). Conheça o Portal do CT-e, disponível em: <http://www.cte.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx (http://www.cte.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx)>. Infração 5 http://www.cte.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx É importante ressaltar que para as operações multimodais de cargas, existe um modelo específico de CT-e – o CT-e multimodal – para atender às particularidades desse tipo de operação, que envolve, por exemplo, a figura de um Operador de Transporte Multimodal (OTM). Clique nas a abas e conheça mais sobre o assunto. Ressalta-se que a instituição do CT-e permitiu uma maior agilidade e confiabilidade na troca de informações, contribuindo para uma melhor fiscalização da atividade de transporte rodoviário de cargas no país. Cabe ao transportador e para quem o serviço foi realizado, a guarda do arquivo digital do CT- e, devendo ser apresentado à administração tributária sempre que solicitado. O prazo de guarda é estabelecido pela legislação tributária pertinente (CONFAZ, 2007). Para estar apto à utilização do CT-e, o emitente passará por uma avaliação feita pela administração tributária competente, que deverá informar ao emitente quaisquer tipos de anormalidades observadas e registrar qualquer situação que impeça o uso desse documento. Após a autorização do uso do CT-e, o arquivo eletrônico não poderá ser alterado (CONFAZ, 2007). A administração tributária responsável pela autorização de uso do CT-e é que irá transmitir eletronicamente o documento para a Receita Federal, para as unidades federativas envolvidas (do tomador de serviço, do início e do término da prestação do serviço) e para a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), quando o destinatário da carga estiver localizado em área de incentivo fiscal (CONFAZ, 2007). 4.2 Cargas perigosas Algumas cargas, pelas características físicas e químicas que possuem, podem apresentar riscos de diferentes naturezas durante o seu transporte, como riscos à saúde, ao meio ambiente ou à segurança das pessoas. Por essa razão, o transporte de cargas perigosas possui requisitos específicos, não aplicáveis a cargas de outras naturezas. Mas que tipos de requisitos são esses? Como podemos garantir o adequado transporte das cargas perigosas? Neste tópico, você vai conhecer de que forma as cargas perigosas são classificadas e quais são os principais riscos que elas apresentam ao tripé saúde, meio ambiente e segurança. Você verá também de que forma a legislação é aplicada para reduzir tais riscos. 4.2.1 Classificação de cargas perigosas O transporte rodoviário de cargas consideradas perigosas é submetido às regras definidas no Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e nas Resoluções da ANTT n. 3.665/11 e n. 5.232/16 (ANTT, s/d). Por meio da Resolução n. 5.232/16, as substâncias, incluindo suas misturas ou soluções, são classificadas em nove diferentes classes, de acordo com os riscos a elas associados (ANTT, 2016). Clique nas abas, para conhecê-las. Figura 3 - Materiais radioativos são um dos tipos de cargas perigosas. Fonte: simo988, Shutterstock, 2019. Explosivos Gases Líquidos inflamáveis Sólidos inflamáveis Qualquer substância que seja capaz de produzir gases por reações químicas, capazes de provocar danos às regiões próximas. Definidos como qualquer substância que seja completamente gasosa nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP – 20 oC e 101,3 kPa) ou que tenha pressão de vapor superior a 300 kPa a 50ºC. Qualquer líquido (ou sua mistura) que apresente ponto de fulgor inferior a 60ºC. O ponto de fulgor é um ensaio realizado em laboratório que avalia o risco de os gases produzidos por um líquido em uma determinada temperatura inflamarem na presença de uma chama. Assim como os líquidos, alguns sólidos podem entrar em combustão ou podem produzir fogo quando em atrito. Além disso, há situações em que essas substâncias podem apresentar combustão espontânea. Existe ainda uma outra classe de produtos formada por aqueles que mesmo não incluídos nas categorias acima, podem trazer danos ou prejuízos ao transporte. 4.2.2 Principais riscos à saúde Substâncias oxidantes Substâncias tóxicas Materiais radioativos Substâncias corrosivas Substâncias que mesmo não sendo combustíveis podem, pela geração de oxigênio, provocar a combustão de outros materiais. Substâncias capazes de provocar mortes ou lesões à saúde quando ingeridas, inaladas ou em contato com a pele. Qualquer material com atividade específica superior a 70 kBq/kg. Substâncias que, por ação química, trazem danos quando em contato com tecidos vivos ou podem destruir outras cargas ou mesmo o próprio veículo. O transporte rodoviário de determinadas cargas pode representar riscos à saúde. É o caso, por exemplo, das cargas tóxicas, radioativas ou corrosivas. Seus riscos podem afetar não apenas os trabalhadores envolvidos no transporte, mas também a população de regiões por onde a carga é transportada. Acidentes com caminhões representam um grande risco quando a carga derramada é tóxica e pode atingir rios ou mananciais de abastecimento de um determinado grupo de pessoas. Assim, é muito importante que emergências como essa sejam imediatamente tratadas, de modo que se tenha o mínimo de efeitos à população. Segundo a Associação Brasileirada Indústria Química (ABIQUIM, s/d), as principais causas de acidentes rodoviários nas estradas envolvem: falta de manutenção ou veículos muito velhos; problemas de sinalização ou infraestrutura das rodovias; falhas humanas, voluntárias ou não, incluindo aquelas oriundas de falta de treinamento. Os riscos à saúde oferecidos pelos produtos podem ser minimizados por meio de ações que visam dar uma resposta rápida a situações emergenciais nas estradas. CASO No dia 11 de setembro de 2018, um caminhão que transportava amônia, um gás incolor à temperatura ambiente, tombou na rodovia BR-381, na região de Antônio Dias, próximo ao Rio Doce, em Minas Gerais. Como havia um alto risco de explosão, a rodovia teve que ser interditada nos dois sentidos por um período que se estendeu por mais de três horas, sendo depois gradualmente liberada no sistema pare-e-siga. Para reduzir os riscos de explosão, os bombeiros fizeram o resfriamento da carga por meio de mangueiras de água direcionadas ao veículo. A carga só começou a ser removida da carreta tombada na noite do dia do acidente, sendo que a rodovia teve de ser interrompida novamente para a operação que fez o transbordo da carga tombada para um novo veículo. Situações como essas são comuns nas rodovias brasileiras, representando um risco real de grandes acidentes caso medidas de segurança não sejam imediatamente tomadas, como foi feito neste caso (VALE, 2018). • • • Mas não são apenas os vazamentos decorrentes de acidentes que representam riscos à saúde no transporte de cargas. Por isso é que a embalagem dos produtos que apresentam riscos à saúde deve ser considerada nesse transporte. De uma maneira geral, o tipo de embalagem varia em função do grau de perigo da carga, devendo esta ser identificada de modo que os riscos associados possam ser facilmente identificados e prevenido qualquer tipo de situação anormal. 4.2.3 Principais riscos ao meio ambiente Um segundo tipo de risco associado ao transporte rodoviário de cargas é o risco ambiental, que assim como os riscos à saúde, pode ser oriundo de acidentes e vazamentos de cargas nas estradas. Também produtos sólidos, quando carregados sem que sejam adequadamente embalados, podem gerar poeira que contamina o ar atmosférico, trazendo prejuízos ao ambiente. O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), exige a emissão de uma Autorização Ambiental para Transporte de Produtos Perigosos tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas (IBAMA, 2016). Figura 4 - Os acidentes nas estradas devem ter respostas rápidas. Fonte: Shutterstock, 2019. Nos casos em que o transportador realizar as operações dentro de uma única federação (seja estado ou o Distrito Federal), ele deverá então se submeter à autorização ambiental para transporte de carga emitida pelo respectivo órgão ambiental estadual. Nos transportes interestaduais, a autorização ambiental para transporte de cargas substitui as autorizações estaduais (IBAMA, 2016). São várias as cargas sujeitas à autorização ambiental para transporte, incluindo, por exemplo, o carvão de origem vegetal, visto que ele é categorizado como carga sujeita à combustão espontânea. O mesmo se aplica aos resíduos, sejam aqueles contaminados por substâncias consideradas perigosas pela legislação vigente, ou ainda os resíduos clínicos, biomédicos ou de saúde (IBAMA, 2016). 4.2.4 Principais riscos à segurança pública Entre as cargas que apresentam maior risco à segurança pública, estão aquelas que transportam produtos explosivos, combustíveis ou inflamáveis. Acidentes com cargas explosivas podem trazer sérios danos e, dependendo da carga, tais danos podem ter uma abrangência muito grande. Assista, no vídeo a seguir, a uma situação prática dos riscos associados ao manuseio e transporte de produtos inflamáveis. Por meio da NR-19, o Ministério do Trabalho estabelece os requisitos básicos para o transporte de explosivos, tais como o uso de embalagens regulamentadas para transporte do material, a proteção no transporte contra umidade e incidência de raios solares, a correta identificação do local de carga e descarga do produto, entre outras medidas (BRASIL, 1978). Outra exigência, prevista na mesma norma regulamentadora, é de que materiais como munições, pólvora, explosivos e artifícios pirotécnicos sejam transportados separadamente, para evitar reações entre os produtos (BRASIL, 1978). VOCÊ QUER LER? Inúmeros são os fatores que podem provocar um acidente ambiental, alguns de grande potencial agressivo ao meio ambiente. Muitas vezes, as causas de tais acidentes poderiam ter sido evitadas se fosse dada maior atenção aos requisitos básicos do transporte de cargas perigosas. Ferreira e França (2016), no artigo “Transportes de produtos perigosos: acidentes ambientais”, analisam a importância da responsabilidade nesse tipo de transporte. Acesse o artigo em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_033.pdf (http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_033.pdf)>. http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_033.pdf Toda a operação de transferência deve ser realizada com atenção, verificando a adequação do local antes da operação e evitando que os produtos sejam manuseados sem cautela (por exemplo, não podem ser jogados, rolados etc.), sob o risco de provocarem algum centelhamento que possa levar à explosão dos produtos (BRASIL, 1978). Figura 5 - Os explosivos representam um grande risco à segurança no transporte. Fonte: Risto Viita, Shutterstock, 2019. VOCÊ QUER LER? Os fabricantes de produtos explosivos devem estar sempre atentos aos critérios para o escoamento de sua produção pelas rodovias brasileiras, em razão do grande número de riscos associados a esse tipo de carga. Leia o estudo realizado por Lopes, Oliveira Neto e Oliveira (2017) sobre os critérios para movimentação e transporte rodoviário de cargas explosivas, disponível em: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/28025355.pdf (https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/28025355.pdf)>. https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/28025355.pdf O uso de instrumentos que possam provocar centelhas é absolutamente proibido. Portanto, no manuseio desses produtos, é proibido o uso de fósforos, isqueiros, ou qualquer outro instrumento que possa provocar centelhamento. Outro requisito importante é que, salvo alguma excepcionalidade, as operações devem ser realizadas durante o dia e com tempo bom (BRASIL, 1978). 4.3 Transporte de cargas perigosas O transporte de cargas entre origem e destino é uma operação intrínseca à logística das empresas e, independentemente do fato de a carga ser perigosa, ela deve ser viabilizada de forma monitorada a fim de garantir o controle dos riscos a ela associados. Para garantir a segurança da carga e da população nesse transporte, existe legislação específica, considerando as características das cargas e os riscos associados ao seu transporte. Além disso, o planejamento e a gestão deste se tornam, nesse contexto, temas importantes para as empresas fornecedoras e também para os transportadores. Pronto para conhecer mais sobre o transporte de cargas perigosas? Vamos lá! 4.3.1 Riscos associados ao transporte de cargas perigosas Oliveira et al. (2016, p. 3) caracterizam a carga perigosa como “a reunião de vários produtos perigosos compatíveis, embalados ou a granel que só apresenta perigo quando transportada”. Essa definição é interessante pois diferencia a carga perigosa de produto perigoso. Sendo algo que apresenta perigo apenas quando transportada, a carga perigosa pode, em algumas situações, ser constituída de um produto que, sozinho, não traz perigo algum. Vamos imaginar, por exemplo, um equipamento industrial, que pese toneladas, mas que não represente nenhum perigo enquanto está armazenado. Ao ser transportado, no entanto, em função do seu peso, ele pode representar um sério risco, sendo, nesse caso, considerado uma carga perigosa. Figura 6 - Um contêiner pode ser consideradouma carga perigosa quando transportado. Fonte: Steve Design, Shutterstock, 2019. Lieggio Jr. (2008) comenta que existem três fatores para o estabelecimento de um risco: fonte de perigo, fonte de exposição e efeitos adversos. Para aprender mais sobre esse tema, clique nas abas abaixo. Fonte de perigo Fonte de exposição Efeitos adversos As fontes de perigo são condições que aumentam os riscos e, segundo Lieggio Jr. (2008, p. 81), o transporte rodoviário de cargas perigosas conjuga várias dessas fontes “porque, além das características de sua carga, insere-se em um ambiente em que trafegam simultaneamente outras fontes de perigo”. Unicamente, a fonte de perigo não é suficiente para que se tenha o risco, sendo necessária a fonte de exposição que, segundo Lieggio Jr. (2008, p. 82), “No que diz respeito aos produtos químicos, são as características de periculosidade (inflamabilidade, explosividade, toxicidade, radioatividade), vias de exposição, condições da exposição e a sensibilidade da entidade exposta que determinam o risco”. Os efeitos adversos são aqueles decorrentes das fontes de perigo e de exposição e se manifestam de acordo com seu grau em relação a quem recebe os efeitos, dependendo, portanto, de aspectos como resistência física, condições de exposição e sensibilidade de quem está exposto ao risco (LIEGGIO JR., 2008). Como exemplo, podemos citar um derramamento de produto altamente tóxico, mas que por ser sólido, só apresenta risco a curta distância. Portanto, se houver uma comunidade distante do local do derramamento, ela não sofrerá qualquer efeito pelo fato de estar distante e pelo produto, por ser sólido, poder ser recolhido com facilidade. O mesmo não aconteceria com um produto líquido, que teria maior facilidade de escoamento no solo, atingindo rios ou lençóis freáticos, e trazendo impactos diretos à população. Portanto, os riscos associados ao transporte de cargas dependem de vários fatores, não estando apenas vinculados ao tipo de carga. Isso faz com que seja necessário avaliar todos os aspectos que contribuem para a existência do risco nessas operações. 4.3.2 Regulamentação do transporte de cargas perigosas Considerando a necessidade de movimentação de cargas – em alguns casos consideradas perigosas pelos riscos a elas associados – entre fabricantes e mercados, a regulamentação visa prevenir incidentes que possam trazer danos às pessoas e à própria carga. Dessa forma, foram estabelecidos requisitos quanto à embalagem, identificação, cuidados etc. em relação a este tipo de carga, cabendo ao expedidor cumprir com tais requisitos e ao recebedor garantir que eles sejam atendidos. O recebedor que não atentar para o cumprimento desses requisitos também estará sendo responsável por eventuais danos ocorridos na descarga do produto, por exemplo. VOCÊ QUER VER? A falta de atenção no manuseio de produtos durante o transporte rodoviário pode trazer sérios prejuízos às empresas, que muitas vezes, além da multa recebida em uma eventual fiscalização, precisará repor a carga ou o meio de transporte. O canal Pé na Estrada acompanhou um dia de fiscalização de cargas em uma estrada brasileira. Confira esta reportagem no link: <https://www.youtube.com/watch? v=CcY2rmpfyZo (https://www.youtube.com/watch?v=CcY2rmpfyZo)>. https://www.youtube.com/watch?v=CcY2rmpfyZo O Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988, aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, o qual não inclui o transporte executado pelas Forças Armadas, que deverá obedecer à legislação específica. O transporte de produtos explosivos e radioativos também deverá observar, respectivamente, as normas específicas do Ministério do Exército e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (BRASIL, 1988). O Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos define algumas particularidades em relação às operações de carga, transporte e descarga de produtos perigosos. Para conhecê-los, clique nos itens abaixo. Nas operações de carga e descarga, o local deve ser bem sinalizado, com rótulos e painéi indicando os riscos associados à operação em andamento. No caso de importação de produto, caberá ao importador garantir junto ao fornecedor atendimento a todos os requisitos estabelecidos pelo regulamento. Os veículos e equipamentos utilizados devem ser fabricados dentro das normas brasileiras cabendo ao INMETRO atestar sua adequação ao uso. Figura 7 - A legislação estabeleceu requisitos para embalagem e identificação de cargas perigosas. Fonte: Risto Viita, Shutterstock, 2019. • • • • O roteiro do veículo durante o transporte deverá evitar áreas densamente povoadas, área de reserva florestais ou de mananciais de água. O motorista do veículo, além da documentação usual para condução, deverá estar apto operação por meio de treinamento específico, que oriente quanto aos seus riscos (BRASIL 1988). Importante ressaltar que esses são alguns dos requisitos que devem ser cumpridos no transporte de cargas perigosas, devendo os envolvidos conhecerem toda a regulamentação para que a operação possa ser realizada de forma segura, com riscos minimizados ao longo de todo o trajeto. O não cumprimento ao estabelecido no regulamento implicará na aplicação de multas, cujos valores variam em função da infração e, até mesmo, em casos mais críticos, poderá ocorrer o cancelamento do registro do transportador, que ficará, dessa forma, impossibilitado de realizar novas operações até que seja regularizada toda a ocorrência. 4.3.3 Planejamento e gestão do transporte de cargas perigosas Sabendo dos riscos associados ao transporte de cargas e a legislação que regula essas operações, conclui-se que o planejamento e a gestão do transporte de cargas perigosas são temas relevantes a serem considerados pelos envolvidos em tais operações. Lieggio Jr. (2008) comenta que o gerenciamento de riscos é um processo contínuo e que deve contemplar quatro etapas: identificação, análise, avaliação e controle de riscos. O autor ainda complementa argumentando que o planejamento do transporte de cargas perigosas pode envolver ações no sentido de programar o embarque fora dos horários de maior incidência de acidentes, reduzindo a probabilidade de ocorrências. • Figura 8 - O planejamento do transporte de cargas perigosas deve ser uma preocupação constante das empresas. Fonte: Shutterstock, 2019. Apesar de todas as ações prévias ao transporte de cargas, Lieggio Jr. (2008, p. 94) cita que “[...] para garantir a segurança durante o transporte é necessário dispor de recursos materiais e humanos, no ambiente rodoviário, para atender a emergências com os veículos, sejam decorrentes de acidentes de tráfego ou não, independente da ocorrência de vazamentos”. Portanto, o planejamento do transporte de cargas perigosas depende de um conhecimento prévio da legislação pertinente, das características da carga, dos riscos associados ao seu manuseio, do roteiro do veículo entre a origem e o destino, da documentação necessária, entre outros. A gestão do transporte deve considerar a escolha adequada dos equipamentos para a operação, além do controle das etapas do processo, de forma a garantir o atendimento aos requisitos legais e à minimização dos riscos associados à operação. 4.4 Logística reversa Os diferentes ciclos de vida dos produtos, bem como o maior desenvolvimento econômico que gerou, consequentemente, um aumento na produção de resíduos, influenciaram no posicionamento das empresas no mercado, fazendo com que estas passassem a demonstrar uma maior preocupação com os impactos de seus produtos no meio ambiente. Com a maior preocupação em dispor de uma produção sustentável, as empresas passaram a necessitar de estruturas que permitissem o recolhimento dos produtos usados nos diferentes pontos do mercado de forma que eles fossem a elas devolvidos para uso ou descarte adequado. Essa nova estrutura, chamada de logística reversa, tem no Brasil legislação específica, por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga às empresas disporemde logística reversa para alguns produtos. Neste tópico, você irá estudar como se comportam os produtos ao longo de sua vida, como as empresas estruturaram suas logísticas reversas e qual a legislação aplicável a essas operações. Pronto para começar? 4.4.1 Ciclo de vida dos produtos O conceito de ciclo de vida do produto (CVP) assume, segundo Kotler (2006), que todo produto tem uma vida limitada, exigindo diferentes estratégias para cada estágio desse ciclo. Essas estratégias de marketing impactam também as operações logísticas, que precisam se adaptar a elas. Para melhor entender o CVP, considere a vida de uma pessoa: ela nasce, cresce, amadurece e, com o passar do tempo, envelhece até chegar ao final de sua vida. Os produtos, da mesma forma, apresentam diferentes estágios durante o período em que são colocados à disposição de seus clientes. Kotler (2006) comenta que o CVP, em geral, é dividido em quatro etapas: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Clique nas setas para conhecê-las. Na primeira etapa, o produto é introduzido no mercado, apresentando, em geral, um baixo crescimento de vendas, pois ainda não é conhecido por todo o mercado, necessitando, portanto, de investimentos em comunicação para sua divulgação. • • Primeira etapa Segunda etapa Na segunda etapa, o mercado começa a aceitar o produto com mais facilidade, o que provoca um aumento de suas vendas. Na terceira etapa, o produto alcança a aceitação da maior parte do mercado e isso acaba por produzir nova redução em suas vendas. Em geral, nessa etapa, o produto já enfrenta concorrentes no mercado, o que acaba por influenciar também em suas vendas. Finalmente, na última etapa, o produto começa a ser substituído por outros produtos e suas vendas entram em um declínio acentuado, reduzindo significativamente o seu lucro (KOTLER, 2006). • • Figura 9 - Comportamento usual do CVP. Fonte: BaLL LunLa, Shutterstock, 2019. Terceira etapa Quarta etapa É claro que nem todos os produtos seguem exatamente esse perfil, que Kotler (2006) chama de “forma de sino”. As empresas buscam estratégias que permitam alongar esse ciclo de vida, alterando o perfil das etapas. Por exemplo, o lançamento de inovações nos produtos, muitas vezes, retarda seu tempo de declínio. Outra possibilidade está naqueles produtos de uso contínuo, que necessitam de reposição depois de um determinado tempo, e que não apresentarão a etapa de declínio. Você se imagina, por exemplo, sem um aparelho celular? Claro que os modelos vão se alterando, mas o celular, enquanto produto, está sempre presente no mercado. Considerando, então, as diferentes etapas que compõem o CVP, podemos concluir que as operações logísticas das empresas devem se adequar aos movimentos de mercado nelas observados, já que a função primordial da logística é fazer o produto chegar ao cliente conforme as necessidades por eles expressas. 4.4.2 Sustentabilidade Segundo Silva e Quelhas (2006, p. 386), “O rápido crescimento industrial dos dois últimos séculos tem melhorado o padrão de vida do ser humano, entretanto esse crescimento, frequentemente, tem determinado elevados custos ambientais”. Por exemplo, o maior padrão de vida tem gerado, em consequência, uma maior quantidade de resíduos gerados pelo uso dos produtos. Shibao, Moori e Santos (2010) comentam que, muitas vezes, o descarte dos resíduos é feito de forma não segura, sendo lançado na natureza e poluindo o meio ambiente. Considerando o aumento de consumo aliado a esse tipo de descarte, percebe-se o grande risco imposto ao meio ambiente. VOCÊ SABIA? Por meio da Rede Empresarial Brasileira de Avaliação de Ciclo de Vida, os consumidores podem conhecer quais são os riscos ambientais envolvidos em todas as etapas de produção e, com isso, fazer escolhas ambientalmente conscientes, da mesma forma que as empresas passam a ter uma maior preocupação com a sustentabilidade de seus produtos, visando à garantia de seus mercados (BRASIL, 2013). Nesse sentido é que as empresas, preocupadas com a imagem que seus produtos possam ter diante do mercado, passaram a desenvolver políticas de redução da produção de resíduos ou de seu reaproveitamento, dispondo de estruturas para tanto. A logística necessária para esse tipo de operação, como vimos, é chamada de logística reversa. Figura 10 - Pilhas e baterias são exemplos de produtos que precisam de um descarte adequado para garantir a sustentabilidade ambiental. Fonte: mariva2017, Shutterstock, 2019. VOCÊ QUER VER? O desenvolvimento tecnológico fez com que o homem passasse a utilizar, em seu dia a dia, cada vez mais equipamentos eletrônicos e celulares. Com isso, ele trouxe também um grande passivo que é o descarte desses equipamentos, sempre maior em função da velocidade de atualização de seus modelos. O Canal Futura (2014), em reportagem, apresenta um projeto de reciclagem de eletrônicos no Vale do São Francisco. Confira em: <https://www.youtube.com/watch?v=UQJyTlntIKc (https://www.youtube.com/watch?v=UQJyTlntIKc)>. https://www.youtube.com/watch?v=UQJyTlntIKc Clique nas setas abaixo, para aprender mais sobre o tema. Apesar de semelhante ao processo de distribuição, é importante observar que a logística reversa apresenta algumas particularidades. Shibao, Moori e Santos (2010), por exemplo, citam que, em geral, os pontos de recolhimento dos produtos usados são em número bem maior do que o de sua fabricação, pois estão dispersos em várias regiões de seus mercados. Outro comentário feito pelos autores é que os produtos usados, geralmente, apresentam um valor baixo. Isso pode significar um custo mais elevado para a empresa, que precisa então estudar alternativas economicamente viáveis para sua logística reversa. 4.4.3 Legislação aplicada à logística reversa No Brasil, a Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecendo alguns requisitos relacionados à implantação de logística reversa em alguns setores. O artigo 33 dessa lei estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxicos (seus resíduos e embalagens), pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes (seus resíduos e embalagens), lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e seus componentes são obrigados a estruturar um sistema de logística reversa para retorno do produto após o uso pelo consumidor (BRASIL, 2010). Dessa forma, foi instituída a responsabilidade compartilhada entre os diversos participantes da cadeia de suprimento. A PNRS estabelece que os consumidores deverão devolver os produtos objeto dessa política aos comerciantes ou distribuidores que, por sua vez, deverão providenciar a devolução ao fabricante ou importador (BRASIL, 2010). Assim, segundo o Ministério do Meio Ambiente (s/d), a PNRS “coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis”. Segundo Shibao, Moori e Santos (2010), são inúmeras as situações em que as empresas passaram a reutilizar seus produtos descartados. Os autores citam os exemplos das indústrias de latas de alumínio, que desenvolveram mecanismos de coleta de latas descartadas que são, posteriormente, reaproveitadas em seus processos de produção. O mesmo se observa nas indústrias de garrafas de vidro e na siderurgia. Deve-se entender, no entanto, que nem sempre os produtos retornados às empresas são utilizados em seus processos. Muitas vezes, a empresa os vende para outra empresa ou simplesmente os acondiciona para que sejam adequadamente jogados no lixo. O importante é que o produto retorne à empresa que o produziu por meio da logística reversa (SHIBAO; MOORI; SANTOS, 2010). Síntese Concluímos aqui a unidade referente à regulação do transporte de cargas no Brasil. A partir deste estudo, você conheceu os requisitos estabelecidos pela legislação para o transporte de cargas, especialmente aquelas consideradas perigosas, além das operações de logísticareversa para descarte de produtos inutilizados. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: conhecer as particularidades relacionadas ao transporte de cargas e os principais instrumentos relacionados a essa operação, como o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas e o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas; identificar os diferentes tipos de cargas perigosas e os principais riscos que estas representam à saúde, ao meio ambiente e à segurança, além de conhecer a legislação pertinente ao seu transporte; analisar a legislação pertinente à logística reversa, que é o tipo de operação utilizada para garantir a devolução de produtos inutilizados, de forma que o adequado descarte impacte positivamente na sustentabilidade ambiental. • • • Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA (ABIQUIM). Programa “Olho vivo na estrada”: a prevenção de comportamentos inseguros nas estradas. ABIQUIM, São Paulo, s/d. 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