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LEGISLAÇÃO APLICADA A LOGÍSTICA
CAPÍTULO 4 - ATRAVÉS DA REGULAÇÃO DO
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS É
POSSÍVEL MITIGAR OS RISCOS
ASSOCIADOS A ESSAS OPERAÇÕES?
Francisco José Mattoso Paiva
Introdução
Quando você compra um produto e faz a opção por recebê-lo em sua residência, você se torna mais um
consumidor responsável pela necessidade de um serviço de transporte rodoviário de carga. No Brasil,
esse é o tipo de transporte mais comum para entrega de produtos ao mercado em função da sua
capacidade de penetração e atendimento, superior à capacidade dos demais modais de transporte.
Agora, que tipo de requisitos são necessários para que o produto que você adquiriu possa ser entregue
em sua residência, garantindo que toda a operação de transporte, desde a origem até o destino, ocorra
de forma segura? Haverá alguma legislação específica para normatizar esse tipo de operação? E se, por
alguma razão, após algum tempo, você tiver a necessidade de descartar esse produto, poderá esse tipo
de operação ser realizado também de forma segura?
Neste capítulo, você irá conhecer as principais particularidades a respeito do transporte de cargas no
Brasil e a legislação existente para a regulação desse tipo de operação. Além disso, você conhecerá os
requisitos para o transporte de cargas perigosas, que possui um dos maiores riscos de acidentes nas
estradas brasileiras, estas muitas vezes precárias e com manutenção deficiente. Por fim, você verá a
forma com que os produtos se comportam no mercado e quais são as condições legais para a chamada
logística reversa, para recolhimento de produtos danificados.
Agora é com você! Há um mundo de informações a respeito desses assuntos à sua disposição. Bons
estudos!
4.1 Transporte rodoviário de cargas
Sendo o modal rodoviário o principal meio de transporte de cargas no Brasil, é necessário que sejam
estabelecidos mecanismos de documentação e controle de suas operações, de forma a garantir
segurança ao tomador de serviço. Além disso, o próprio transportador é beneficiário dessa
regulamentação, pois esta evita que empresas não idôneas possam participar desse mercado.
No Brasil, a legislação estabelece a necessidade de registro dos transportadores em um cadastro
nacional, além da emissão de documentos que contenham as informações relacionadas ao transporte e
que, por serem hoje emitidos eletronicamente, garantem uma melhor forma de fiscalização.
Neste tópico, você irá conhecer as particularidades sobre o transporte rodoviário de cargas no Brasil e
os requisitos estabelecidos pela legislação para o cadastro nacional de transportadores rodoviários de
cargas e para o conhecimento de transporte eletrônico. Acompanhe!
4.1.1 Particularidades do transporte rodoviário de cargas
Os pesquisadores Bowersox e Closs (2009, p. 279) definem que “o principal objetivo do transporte é
movimentar produtos de um local de origem até um determinado destino minimizando ao mesmo tempo
os custos financeiros, temporais e ambientais”. Os autores argumentam que além do desempenho da
entrega dos produtos, deve ser atendida a necessidade dos clientes em relação à disponibilidade de
informações a respeito das cargas.
Clique nas abas abaixo e aprenda mais sobre esse tema.
Segundo Wanke (2010, p. 5), “Com relação à disponibilidade, que representa a quantidade de localidades
onde o modal se encontra presente, o modal rodoviário é a melhor opção, pois quase não apresenta
limites de onde chegar”. 
Hoje, por exemplo, ao adquirir um produto, o cliente tem o desejo de obter informações a
respeito dos prazos e da localização da carga enquanto o produto não for entregue, a partir
do momento em que a compra é concretizada. Tempos atrás, essa não era uma exigência,
tendo se tornado comum posteriormente, quando a tecnologia passou a permitir o
rastreamento das entregas feitas pelas transportadoras de cargas. 
O transporte rodoviário de cargas no Brasil é, sem dúvida, o mais frequente entre os
diferentes modais de transporte. A estrutura da cadeia de suprimento de produtos ao
mercado pressupõe a necessidade de ligação entre o fabricante, o atacadista, o varejista e o
mercado. Nesse caso, a facilidade de acesso do modal rodoviário acaba sendo um fator
preponderante para uma maior adequação a esse serviço.  
VOCÊ O CONHECE?
Juscelino Kubitshchek foi o grande responsável pelo crescimento do transporte
rodoviário no Brasil, conhecido como rodoviarismo. Durante seu governo (1955 a
1960), houve uma forte política de atração da indústria automobilística que levou à
desarticulação do transporte ferroviário em detrimento do transporte rodoviário,
passando as rodovias a cumprirem um papel de integração econômica (PAULA,
2010). 
No Brasil, a Lei n. 11.442, de 5 de janeiro de 2007, regula o transporte de cargas no território nacional,
estabelecendo seus mecanismos operacionais e as responsabilidades dos transportadores (BRASIL,
2007). Essa lei estabelece duas categorias para o exercício da atividade de transporte de cargas no país:
o Transportador Autônomo de Cargas (TAC) e a Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas (ETC),
sendo o primeiro uma pessoa física, e o segundo, pessoa jurídica que tem o transporte de cargas como
atividade principal. Em ambos os casos, deve ser comprovada a propriedade de, pelo menos, um veículo
automotor de cargas (BRASIL, 2007).
Também no Brasil existem dois importantes documentos para o exercício da atividade de transporte de
cargas: o Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), cuja regulação é
definida pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), e o Conhecimento de Transporte
Rodoviário de Cargas (CTRC), fiscalizado pela Receita Federal.
Em relação ao transporte de cargas consideradas perigosas, a Lei n. 11.442 estabelece que seja
observado o que é definido pela legislação federal por meio da Lei n. 10.233 (BRASIL, 2001). São
consideradas perigosas as cargas que apresentam riscos à saúde, ao meio ambiente ou à segurança do
cliente.
4.1.2 Registro nacional de transportadores rodoviários de cargas 
Segundo a ANTT, o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) traz
benefícios aos transportadores, aos usuários e ao país. Aos transportadores, é benéfico por representar
um mecanismo de habilitação formal que regulariza o exercício da atividade, inibindo a atuação de
empresas não qualificadas. Aos usuários, é importante por permitir uma maior segurança na
contratação dos transportadores, reduzindo o risco de roubo de cargas e, consequentemente, os custos
com seguro das cargas. Por fim, ao país, tal registro traz benefícios por se constituir em um cadastro de
empresas, permitindo uma fiscalização mais eficaz (ANTT, s/d). 
Figura 1 - O transporte rodoviário de cargas é feito por diferentes tipos de caminhões.
Fonte: Blaze986, Shutterstock, 2019.
Por meio da Resolução n. 4.799, de 27 de julho de 2015, a ANTT regulamenta os procedimentos para
inscrição e manutenção do RNTRC. Este é constituído por Transportador Rodoviário Remunerado de
Carga (TRRC) e Transportador Rodoviário de Carga Própria (TCP). O TRRC se caracteriza pelo
transporte em que o valor pago como remuneração é explicitado no documento fiscal da carga. Já o
TCP se caracteriza pelos transportes em que, por exemplo, a própria empresa é emitente e recebedora
da carga (ANTT, 2015). 
VOCÊ SABIA?
Apesar de obrigatório para a maioria das operações, o Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas pode não ser necessário em
determinadas situações. É o caso, por exemplo, dos transportadores que
transportam exclusivamente carga própria. Nesse caso, o registro no RNTRC
não é obrigatório pois a operação não se caracteriza como um transporte
remunerado de carga (ANTT, s/d). 
Figura 2 - O transportador rodoviário deve ser cadastrado no Registro Nacional de Transportadores
Rodoviários.
Fonte: Marta Design, Shutterstock, 2019.
Clique nos itens e confira algumas definições estabelecidas pela Resolução n. 4.799 (ANTT, 2015). 
Os procedimentos para inscrição e manutençãodo cadastro.
A necessidade de cadastramento da frota de veículos e dos implementos rodoviários n
cadastro do transportador.
A existência de um Responsável Técnico do transportador, que deverá responder pel
cumprimento das normas aplicáveis.
A obrigatoriedade de identificação visual dos veículos e implementos rodoviário
cadastrados.
Na realização de transporte remunerado de cargas, é obrigatória a emissão de um documento
caracterizando a operação, relacionando as obrigações e as responsabilidades das partes envolvidas. O
transportador fica obrigado, por exemplo, a informar ao expedidor o prazo previsto para entrega da carga
e a data de chegada da carga ao seu destino (ANTT, s/d). 
As infrações ao estabelecido pela Resolução n. 4.799 podem ser punidas com advertência, multa,
suspensão e até mesmo com cancelamento do cadastro, podendo, no caso de serem cometidas duas
ou mais infrações, haver aplicação cumulativa de sanções (ANTT, s/d).
Clique nas setas e conheça algumas infrações cometidas pelo transportador, entre outras (ANTT, s/d).
•
•
•
•
Evasão, obstrução ou qualquer prática que dificulte a fiscalização do transporte de cargas.
Contratação de transporte de carga sem o respectivo registro no RNTRC. 
Emissão de documentos não conformes ao regulamentado. 
•
•
•
•
Infração 1
Infração 2 
Infração 3 
Infração 4 
Como se pode observar, por meio da Resolução n. 4.799, ficam estabelecidos os requisitos que
garantem que o transporte de cargas seja realizado por meio de transportadora idônea, garantindo,
dessa forma, que não ocorram situações que possam imputar prejuízos aos expedidores e recebedores
de cargas. 
4.1.3 Conhecimento de transporte rodoviário de cargas (CTRC)
O Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas (CTRC) é um documento emitido pelas
transportadoras para dar conhecimento a respeito das cargas transportadas aos envolvidos nas
operações. Desde 2007, ele foi substituído pelo Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), por meio
do Ajuste SINIEF n. 9, de 25 de outubro de 2007 (CONFAZ, 2007). 
Com isso, o CT-e passa a ser um documento de armazenamento unicamente digital, cuja validade
jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente (CONFAZ, 2007).
Ausência do fornecimento da documentação comprobatória da operação na origem ou no
destino da carga. 
Apresentação de informação falsa ou não atualização do respectivo cadastro. 
•
VOCÊ SABIA?
A implantação do Conhecimento de Transporte Eletrônico permitiu uma maior
agilidade na emissão desse documento, além da maior capacidade de
armazenamento. Desde sua implantação, foram emitidos mais de dois bilhões
de certificados eletrônicos por mais de 77 mil emissores (RECEITA FEDERAL,
s/d). Conheça o Portal do CT-e, disponível em:
<http://www.cte.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx
(http://www.cte.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx)>. 
Infração 5 
http://www.cte.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx
É importante ressaltar que para as operações multimodais de cargas, existe um modelo específico de
CT-e – o CT-e multimodal – para atender às particularidades desse tipo de operação, que envolve, por
exemplo, a figura de um Operador de Transporte Multimodal (OTM).
Clique nas a abas e conheça mais sobre o assunto.
Ressalta-se que a instituição do CT-e permitiu uma maior agilidade e confiabilidade na troca de
informações, contribuindo para uma melhor fiscalização da atividade de transporte rodoviário de cargas
no país. 
Cabe ao transportador e para quem o serviço foi realizado, a guarda do arquivo digital do CT-
e, devendo ser apresentado à administração tributária sempre que solicitado. O prazo de
guarda é estabelecido pela legislação tributária pertinente (CONFAZ, 2007). 
Para estar apto à utilização do CT-e, o emitente passará por uma avaliação feita pela
administração tributária competente, que deverá informar ao emitente quaisquer tipos de
anormalidades observadas e registrar qualquer situação que impeça o uso desse
documento. Após a autorização do uso do CT-e, o arquivo eletrônico não poderá ser alterado
(CONFAZ, 2007). 
A administração tributária responsável pela autorização de uso do CT-e é que irá transmitir
eletronicamente o documento para a Receita Federal, para as unidades federativas
envolvidas (do tomador de serviço, do início e do término da prestação do serviço) e para a
Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), quando o destinatário da carga
estiver localizado em área de incentivo fiscal (CONFAZ, 2007).  
4.2 Cargas perigosas
Algumas cargas, pelas características físicas e químicas que possuem, podem apresentar riscos de
diferentes naturezas durante o seu transporte, como riscos à saúde, ao meio ambiente ou à segurança
das pessoas. Por essa razão, o transporte de cargas perigosas possui requisitos específicos, não
aplicáveis a cargas de outras naturezas. Mas que tipos de requisitos são esses? Como podemos garantir
o adequado transporte das cargas perigosas?
Neste tópico, você vai conhecer de que forma as cargas perigosas são classificadas e quais são os
principais riscos que elas apresentam ao tripé saúde, meio ambiente e segurança. Você verá também de
que forma a legislação é aplicada para reduzir tais riscos.
4.2.1 Classificação de cargas perigosas
O transporte rodoviário de cargas consideradas perigosas é submetido às regras definidas no
Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e nas Resoluções da ANTT n.
3.665/11 e n. 5.232/16 (ANTT, s/d). 
Por meio da Resolução n. 5.232/16, as substâncias, incluindo suas misturas ou soluções, são
classificadas em nove diferentes classes, de acordo com os riscos a elas associados (ANTT, 2016).
Clique nas abas, para conhecê-las. 
Figura 3 - Materiais radioativos são um dos tipos de cargas perigosas.
Fonte: simo988, Shutterstock, 2019.
Explosivos 
Gases 
Líquidos inflamáveis 
Sólidos inflamáveis 
Qualquer substância que seja capaz de produzir gases por
reações químicas, capazes de provocar danos às regiões
próximas. 
Definidos como qualquer substância que seja completamente
gasosa nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP
– 20 oC e 101,3 kPa) ou que tenha pressão de vapor superior a
300 kPa a 50ºC. 
Qualquer líquido (ou sua mistura) que apresente ponto de fulgor
inferior a 60ºC. O ponto de fulgor é um ensaio realizado em
laboratório que avalia o risco de os gases produzidos por um
líquido em uma determinada temperatura inflamarem na
presença de uma chama. 
Assim como os líquidos, alguns sólidos podem entrar em
combustão ou podem produzir fogo quando em atrito. Além
disso, há situações em que essas substâncias podem apresentar
combustão espontânea. 
Existe ainda uma outra classe de produtos formada por aqueles que mesmo não incluídos nas
categorias acima, podem trazer danos ou prejuízos ao transporte. 
4.2.2 Principais riscos à saúde
Substâncias oxidantes 
Substâncias tóxicas 
Materiais radioativos 
Substâncias corrosivas 
Substâncias que mesmo não sendo combustíveis podem, pela
geração de oxigênio, provocar a combustão de outros materiais. 
Substâncias capazes de provocar mortes ou lesões à saúde
quando ingeridas, inaladas ou em contato com a pele. 
Qualquer material com atividade específica superior a 70 kBq/kg. 
Substâncias que, por ação química, trazem danos quando em
contato com tecidos vivos ou podem destruir outras cargas ou
mesmo o próprio veículo. 
O transporte rodoviário de determinadas cargas pode representar riscos à saúde. É o caso, por exemplo,
das cargas tóxicas, radioativas ou corrosivas. Seus riscos podem afetar não apenas os trabalhadores
envolvidos no transporte, mas também a população de regiões por onde a carga é transportada.
Acidentes com caminhões representam um grande risco quando a carga derramada é tóxica e pode
atingir rios ou mananciais de abastecimento de um determinado grupo de pessoas. Assim, é muito
importante que emergências como essa sejam imediatamente tratadas, de modo que se tenha o mínimo
de efeitos à população. 
Segundo a Associação Brasileirada Indústria Química (ABIQUIM, s/d), as principais causas de acidentes
rodoviários nas estradas envolvem:
falta de manutenção ou veículos muito velhos; 
problemas de sinalização ou infraestrutura das rodovias;
falhas humanas, voluntárias ou não, incluindo aquelas oriundas
de falta de treinamento.
Os riscos à saúde oferecidos pelos produtos podem ser minimizados por meio de ações que visam dar
uma resposta rápida a situações emergenciais nas estradas. 
CASO
No dia 11 de setembro de 2018, um caminhão que transportava amônia, um
gás incolor à temperatura ambiente, tombou na rodovia BR-381, na região de
Antônio Dias, próximo ao Rio Doce, em Minas Gerais. Como havia um alto
risco de explosão, a rodovia teve que ser interditada nos dois sentidos por um
período que se estendeu por mais de três horas, sendo depois gradualmente
liberada no sistema pare-e-siga. 
Para reduzir os riscos de explosão, os bombeiros fizeram o resfriamento da
carga por meio de mangueiras de água direcionadas ao veículo. A carga só
começou a ser removida da carreta tombada na noite do dia do acidente,
sendo que a rodovia teve de ser interrompida novamente para a operação que
fez o transbordo da carga tombada para um novo veículo.
Situações como essas são comuns nas rodovias brasileiras, representando
um risco real de grandes acidentes caso medidas de segurança não sejam
imediatamente tomadas, como foi feito neste caso (VALE, 2018).
•
•
•
Mas não são apenas os vazamentos decorrentes de acidentes que representam riscos à saúde no
transporte de cargas. Por isso é que a embalagem dos produtos que apresentam riscos à saúde deve
ser considerada nesse transporte. De uma maneira geral, o tipo de embalagem varia em função do grau
de perigo da carga, devendo esta ser identificada de modo que os riscos associados possam ser
facilmente identificados e prevenido qualquer tipo de situação anormal. 
4.2.3 Principais riscos ao meio ambiente
Um segundo tipo de risco associado ao transporte rodoviário de cargas é o risco ambiental, que assim
como os riscos à saúde, pode ser oriundo de acidentes e vazamentos de cargas nas estradas. Também
produtos sólidos, quando carregados sem que sejam adequadamente embalados, podem gerar poeira
que contamina o ar atmosférico, trazendo prejuízos ao ambiente.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), exige a emissão de uma Autorização Ambiental para Transporte de
Produtos Perigosos tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas (IBAMA, 2016).
Figura 4 - Os acidentes nas estradas devem ter respostas rápidas.
Fonte: Shutterstock, 2019.
Nos casos em que o transportador realizar as operações dentro de uma única federação (seja estado ou
o Distrito Federal), ele deverá então se submeter à autorização ambiental para transporte de carga
emitida pelo respectivo órgão ambiental estadual. Nos transportes interestaduais, a autorização
ambiental para transporte de cargas substitui as autorizações estaduais (IBAMA, 2016).
São várias as cargas sujeitas à autorização ambiental para transporte, incluindo, por exemplo, o carvão
de origem vegetal, visto que ele é categorizado como carga sujeita à combustão espontânea. O mesmo
se aplica aos resíduos, sejam aqueles contaminados por substâncias consideradas perigosas pela
legislação vigente, ou ainda os resíduos clínicos, biomédicos ou de saúde (IBAMA, 2016). 
4.2.4 Principais riscos à segurança pública
Entre as cargas que apresentam maior risco à segurança pública, estão aquelas que transportam
produtos explosivos, combustíveis ou inflamáveis. Acidentes com cargas explosivas podem trazer sérios
danos e, dependendo da carga, tais danos podem ter uma abrangência muito grande.
Assista, no vídeo a seguir, a uma situação prática dos riscos associados ao manuseio e transporte de
produtos inflamáveis. 
Por meio da NR-19, o Ministério do Trabalho estabelece os requisitos básicos para o transporte de
explosivos, tais como o uso de embalagens regulamentadas para transporte do material, a proteção no
transporte contra umidade e incidência de raios solares, a correta identificação do local de carga e
descarga do produto, entre outras medidas (BRASIL, 1978).
Outra exigência, prevista na mesma norma regulamentadora, é de que materiais como munições,
pólvora, explosivos e artifícios pirotécnicos sejam transportados separadamente, para evitar reações
entre os produtos (BRASIL, 1978).
VOCÊ QUER LER?
Inúmeros são os fatores que podem provocar um acidente ambiental, alguns de
grande potencial agressivo ao meio ambiente. Muitas vezes, as causas de tais
acidentes poderiam ter sido evitadas se fosse dada maior atenção aos requisitos
básicos do transporte de cargas perigosas. Ferreira e França (2016), no artigo
“Transportes de produtos perigosos: acidentes ambientais”, analisam a importância
da responsabilidade nesse tipo de transporte. Acesse o artigo em:
<http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_033.pdf
(http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_033.pdf)>. 
http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_033.pdf
Toda a operação de transferência deve ser realizada com atenção, verificando a adequação do local
antes da operação e evitando que os produtos sejam manuseados sem cautela (por exemplo, não
podem ser jogados, rolados etc.), sob o risco de provocarem algum centelhamento que possa levar à
explosão dos produtos (BRASIL, 1978). 
Figura 5 - Os explosivos representam um grande risco à segurança no transporte.
Fonte: Risto Viita, Shutterstock, 2019.
VOCÊ QUER LER?
Os fabricantes de produtos explosivos devem estar sempre atentos aos critérios
para o escoamento de sua produção pelas rodovias brasileiras, em razão do grande
número de riscos associados a esse tipo de carga. Leia o estudo realizado por
Lopes, Oliveira Neto e Oliveira (2017) sobre os critérios para movimentação e
transporte rodoviário de cargas explosivas, disponível em:
<https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/28025355.pdf
(https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/28025355.pdf)>. 
https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/28025355.pdf
O uso de instrumentos que possam provocar centelhas é absolutamente proibido. Portanto, no
manuseio desses produtos, é proibido o uso de fósforos, isqueiros, ou qualquer outro instrumento que
possa provocar centelhamento. Outro requisito importante é que, salvo alguma excepcionalidade, as
operações devem ser realizadas durante o dia e com tempo bom (BRASIL, 1978). 
4.3 Transporte de cargas perigosas
O transporte de cargas entre origem e destino é uma operação intrínseca à logística das empresas e,
independentemente do fato de a carga ser perigosa, ela deve ser viabilizada de forma monitorada a fim
de garantir o controle dos riscos a ela associados.
Para garantir a segurança da carga e da população nesse transporte, existe legislação específica,
considerando as características das cargas e os riscos associados ao seu transporte. Além disso, o
planejamento e a gestão deste se tornam, nesse contexto, temas importantes para as empresas
fornecedoras e também para os transportadores. 
Pronto para conhecer mais sobre o transporte de cargas perigosas? Vamos lá!
4.3.1 Riscos associados ao transporte de cargas perigosas
Oliveira et al. (2016, p. 3) caracterizam a carga perigosa como “a reunião de vários produtos perigosos
compatíveis, embalados ou a granel que só apresenta perigo quando transportada”. Essa definição é
interessante pois diferencia a carga perigosa de produto perigoso. Sendo algo que apresenta perigo
apenas quando transportada, a carga perigosa pode, em algumas situações, ser constituída de um
produto que, sozinho, não traz perigo algum.
Vamos imaginar, por exemplo, um equipamento industrial, que pese toneladas, mas que não represente
nenhum perigo enquanto está armazenado. Ao ser transportado, no entanto, em função do seu peso, ele
pode representar um sério risco, sendo, nesse caso, considerado uma carga perigosa.
Figura 6 - Um contêiner pode ser consideradouma carga perigosa quando transportado.
Fonte: Steve Design, Shutterstock, 2019.
Lieggio Jr. (2008) comenta que existem três fatores para o estabelecimento de um risco: fonte de perigo,
fonte de exposição e efeitos adversos. Para aprender mais sobre esse tema, clique nas abas abaixo.
Fonte de perigo
Fonte de exposição 
Efeitos adversos
As fontes de perigo são condições que aumentam os riscos e,
segundo Lieggio Jr. (2008, p. 81), o transporte rodoviário de
cargas perigosas conjuga várias dessas fontes “porque, além
das características de sua carga, insere-se em um ambiente em
que trafegam simultaneamente outras fontes de perigo”. 
Unicamente, a fonte de perigo não é suficiente para que se tenha
o risco, sendo necessária a fonte de exposição que, segundo
Lieggio Jr. (2008, p. 82), “No que diz respeito aos produtos
químicos, são as características de periculosidade
(inflamabilidade, explosividade, toxicidade, radioatividade), vias
de exposição, condições da exposição e a sensibilidade da
entidade exposta que determinam o risco”.  
Os efeitos adversos são aqueles decorrentes das fontes de
perigo e de exposição e se manifestam de acordo com seu grau
em relação a quem recebe os efeitos, dependendo, portanto, de
aspectos como resistência física, condições de exposição e
sensibilidade de quem está exposto ao risco (LIEGGIO JR.,
2008). Como exemplo, podemos citar um derramamento de
produto altamente tóxico, mas que por ser sólido, só apresenta
risco a curta distância. Portanto, se houver uma comunidade
distante do local do derramamento, ela não sofrerá qualquer
efeito pelo fato de estar distante e pelo produto, por ser sólido,
poder ser recolhido com facilidade. O mesmo não aconteceria
com um produto líquido, que teria maior facilidade de
escoamento no solo, atingindo rios ou lençóis freáticos, e
trazendo impactos diretos à população. 
Portanto, os riscos associados ao transporte de cargas dependem de vários fatores, não estando
apenas vinculados ao tipo de carga. Isso faz com que seja necessário avaliar todos os aspectos que
contribuem para a existência do risco nessas operações. 
4.3.2 Regulamentação do transporte de cargas perigosas
Considerando a necessidade de movimentação de cargas – em alguns casos consideradas perigosas
pelos riscos a elas associados – entre fabricantes e mercados, a regulamentação visa prevenir
incidentes que possam trazer danos às pessoas e à própria carga. Dessa forma, foram estabelecidos
requisitos quanto à embalagem, identificação, cuidados etc. em relação a este tipo de carga, cabendo ao
expedidor cumprir com tais requisitos e ao recebedor garantir que eles sejam atendidos. O recebedor
que não atentar para o cumprimento desses requisitos também estará sendo responsável por eventuais
danos ocorridos na descarga do produto, por exemplo. 
VOCÊ QUER VER?
A falta de atenção no manuseio de produtos durante o transporte rodoviário pode
trazer sérios prejuízos às empresas, que muitas vezes, além da multa recebida em
uma eventual fiscalização, precisará repor a carga ou o meio de transporte. O canal
Pé na Estrada acompanhou um dia de fiscalização de cargas em uma estrada
brasileira. Confira esta reportagem no link: <https://www.youtube.com/watch?
v=CcY2rmpfyZo (https://www.youtube.com/watch?v=CcY2rmpfyZo)>. 
https://www.youtube.com/watch?v=CcY2rmpfyZo
O Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988, aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário de
Produtos Perigosos, o qual não inclui o transporte executado pelas Forças Armadas, que deverá
obedecer à legislação específica. O transporte de produtos explosivos e radioativos também deverá
observar, respectivamente, as normas específicas do Ministério do Exército e da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (BRASIL, 1988).
O Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos define algumas particularidades em
relação às operações de carga, transporte e descarga de produtos perigosos. Para conhecê-los, clique
nos itens abaixo.
Nas operações de carga e descarga, o local deve ser bem sinalizado, com rótulos e painéi
indicando os riscos associados à operação em andamento.
No caso de importação de produto, caberá ao importador garantir junto ao fornecedor 
atendimento a todos os requisitos estabelecidos pelo regulamento.
Os veículos e equipamentos utilizados devem ser fabricados dentro das normas brasileiras
cabendo ao INMETRO atestar sua adequação ao uso.
Figura 7 - A legislação estabeleceu requisitos para embalagem e identificação de cargas perigosas.
Fonte: Risto Viita, Shutterstock, 2019.
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O roteiro do veículo durante o transporte deverá evitar áreas densamente povoadas, área
de reserva florestais ou de mananciais de água.
O motorista do veículo, além da documentação usual para condução, deverá estar apto 
operação por meio de treinamento específico, que oriente quanto aos seus riscos (BRASIL
1988).
Importante ressaltar que esses são alguns dos requisitos que devem ser cumpridos no transporte de
cargas perigosas, devendo os envolvidos conhecerem toda a regulamentação para que a operação
possa ser realizada de forma segura, com riscos minimizados ao longo de todo o trajeto.
O não cumprimento ao estabelecido no regulamento implicará na aplicação de multas, cujos valores
variam em função da infração e, até mesmo, em casos mais críticos, poderá ocorrer o cancelamento do
registro do transportador, que ficará, dessa forma, impossibilitado de realizar novas operações até que
seja regularizada toda a ocorrência.
4.3.3 Planejamento e gestão do transporte de cargas perigosas
Sabendo dos riscos associados ao transporte de cargas e a legislação que regula essas operações,
conclui-se que o planejamento e a gestão do transporte de cargas perigosas são temas relevantes a
serem considerados pelos envolvidos em tais operações. 
Lieggio Jr. (2008) comenta que o gerenciamento de riscos é um processo contínuo e que deve
contemplar quatro etapas: identificação, análise, avaliação e controle de riscos. O autor ainda
complementa argumentando que o planejamento do transporte de cargas perigosas pode envolver
ações no sentido de programar o embarque fora dos horários de maior incidência de acidentes,
reduzindo a probabilidade de ocorrências.
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Figura 8 - O planejamento do transporte de cargas perigosas deve ser uma preocupação constante das
empresas.
Fonte: Shutterstock, 2019.
Apesar de todas as ações prévias ao transporte de cargas, Lieggio Jr. (2008, p. 94) cita que “[...] para
garantir a segurança durante o transporte é necessário dispor de recursos materiais e humanos, no
ambiente rodoviário, para atender a emergências com os veículos, sejam decorrentes de acidentes de
tráfego ou não, independente da ocorrência de vazamentos”.
Portanto, o planejamento do transporte de cargas perigosas depende de um conhecimento prévio da
legislação pertinente, das características da carga, dos riscos associados ao seu manuseio, do roteiro
do veículo entre a origem e o destino, da documentação necessária, entre outros.
A gestão do transporte deve considerar a escolha adequada dos equipamentos para a operação, além
do controle das etapas do processo, de forma a garantir o atendimento aos requisitos legais e à
minimização dos riscos associados à operação.
4.4 Logística reversa
Os diferentes ciclos de vida dos produtos, bem como o maior desenvolvimento econômico que gerou,
consequentemente, um aumento na produção de resíduos, influenciaram no posicionamento das
empresas no mercado, fazendo com que estas passassem a demonstrar uma maior preocupação com
os impactos de seus produtos no meio ambiente.
Com a maior preocupação em dispor de uma produção sustentável, as empresas passaram a necessitar
de estruturas que permitissem o recolhimento dos produtos usados nos diferentes pontos do mercado
de forma que eles fossem a elas devolvidos para uso ou descarte adequado. 
Essa nova estrutura, chamada de logística reversa, tem no Brasil legislação específica, por meio da
Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga às empresas disporemde logística reversa para
alguns produtos.
Neste tópico, você irá estudar como se comportam os produtos ao longo de sua vida, como as
empresas estruturaram suas logísticas reversas e qual a legislação aplicável a essas operações. Pronto
para começar?
4.4.1 Ciclo de vida dos produtos
O conceito de ciclo de vida do produto (CVP) assume, segundo Kotler (2006), que todo produto tem uma
vida limitada, exigindo diferentes estratégias para cada estágio desse ciclo.  Essas estratégias de
marketing impactam também as operações logísticas, que precisam se adaptar a elas. Para melhor
entender o CVP, considere a vida de uma pessoa: ela nasce, cresce, amadurece e, com o passar do
tempo, envelhece até chegar ao final de sua vida. Os produtos, da mesma forma, apresentam diferentes
estágios durante o período em que são colocados à disposição de seus clientes.
Kotler (2006) comenta que o CVP, em geral, é dividido em quatro etapas: introdução, crescimento,
maturidade e declínio. Clique nas setas para conhecê-las. 
Na primeira etapa, o produto é introduzido no mercado, apresentando, em geral, um baixo
crescimento de vendas, pois ainda não é conhecido por todo o mercado, necessitando, portanto,
de investimentos em comunicação para sua divulgação.  
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Primeira etapa
Segunda etapa
Na segunda etapa, o mercado começa a aceitar o produto com mais facilidade, o que provoca
um aumento de suas vendas.  
Na terceira etapa, o produto alcança a aceitação da maior parte do mercado e isso acaba por
produzir nova redução em suas vendas. Em geral, nessa etapa, o produto já enfrenta
concorrentes no mercado, o que acaba por influenciar também em suas vendas.  
Finalmente, na última etapa, o produto começa a ser substituído por outros produtos e suas
vendas entram em um declínio acentuado, reduzindo significativamente o seu lucro (KOTLER,
2006). 
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Figura 9 - Comportamento usual do CVP.
Fonte: BaLL LunLa, Shutterstock, 2019.
Terceira etapa
Quarta etapa
É claro que nem todos os produtos seguem exatamente esse perfil, que Kotler (2006) chama de “forma
de sino”. As empresas buscam estratégias que permitam alongar esse ciclo de vida, alterando o perfil
das etapas. Por exemplo, o lançamento de inovações nos produtos, muitas vezes, retarda seu tempo de
declínio. Outra possibilidade está naqueles produtos de uso contínuo, que necessitam de reposição
depois de um determinado tempo, e que não apresentarão a etapa de declínio. Você se imagina, por
exemplo, sem um aparelho celular? Claro que os modelos vão se alterando, mas o celular, enquanto
produto, está sempre presente no mercado. 
Considerando, então, as diferentes etapas que compõem o CVP, podemos concluir que as operações
logísticas das empresas devem se adequar aos movimentos de mercado nelas observados, já que a
função primordial da logística é fazer o produto chegar ao cliente conforme as necessidades por eles
expressas. 
4.4.2 Sustentabilidade
Segundo Silva e Quelhas (2006, p. 386), “O rápido crescimento industrial dos dois últimos séculos tem
melhorado o padrão de vida do ser humano, entretanto esse crescimento, frequentemente, tem
determinado elevados custos ambientais”. Por exemplo, o maior padrão de vida tem gerado, em
consequência, uma maior quantidade de resíduos gerados pelo uso dos produtos.
Shibao, Moori e Santos (2010) comentam que, muitas vezes, o descarte dos resíduos é feito de forma
não segura, sendo lançado na natureza e poluindo o meio ambiente. Considerando o aumento de
consumo aliado a esse tipo de descarte, percebe-se o grande risco imposto ao meio ambiente.
VOCÊ SABIA?
Por meio da Rede Empresarial Brasileira de Avaliação de Ciclo de Vida, os
consumidores podem conhecer quais são os riscos ambientais envolvidos em
todas as etapas de produção e, com isso, fazer escolhas ambientalmente
conscientes, da mesma forma que as empresas passam a ter uma maior
preocupação com a sustentabilidade de seus produtos, visando à garantia de
seus mercados (BRASIL, 2013). 
Nesse sentido é que as empresas, preocupadas com a imagem que seus produtos possam ter diante do
mercado, passaram a desenvolver políticas de redução da produção de resíduos ou de seu
reaproveitamento, dispondo de estruturas para tanto. A logística necessária para esse tipo de operação,
como vimos, é chamada de logística reversa. 
Figura 10 - Pilhas e baterias são exemplos de produtos que precisam de um descarte adequado para
garantir a sustentabilidade ambiental.
Fonte: mariva2017, Shutterstock, 2019.
VOCÊ QUER VER?
O desenvolvimento tecnológico fez com que o homem passasse a utilizar, em seu
dia a dia, cada vez mais equipamentos eletrônicos e celulares. Com isso, ele trouxe
também um grande passivo que é o descarte desses equipamentos, sempre maior
em função da velocidade de atualização de seus modelos. O Canal Futura (2014),
em reportagem, apresenta um projeto de reciclagem de eletrônicos no Vale do São
Francisco. Confira em: <https://www.youtube.com/watch?v=UQJyTlntIKc
(https://www.youtube.com/watch?v=UQJyTlntIKc)>. 
https://www.youtube.com/watch?v=UQJyTlntIKc
Clique nas setas abaixo, para aprender mais sobre o tema.
Apesar de semelhante ao processo de distribuição, é importante observar que a logística reversa
apresenta algumas particularidades. Shibao, Moori e Santos (2010), por exemplo, citam que, em geral, os
pontos de recolhimento dos produtos usados são em número bem maior do que o de sua fabricação,
pois estão dispersos em várias regiões de seus mercados. Outro comentário feito pelos autores é que
os produtos usados, geralmente, apresentam um valor baixo. Isso pode significar um custo mais elevado
para a empresa, que precisa então estudar alternativas economicamente viáveis para sua logística
reversa. 
4.4.3 Legislação aplicada à logística reversa
No Brasil, a Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), estabelecendo alguns requisitos relacionados à implantação de logística reversa em alguns
setores. O artigo 33 dessa lei estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
de agrotóxicos (seus resíduos e embalagens), pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes (seus resíduos
e embalagens), lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e seus componentes são obrigados
a estruturar um sistema de logística reversa para retorno do produto após o uso pelo consumidor
(BRASIL, 2010). Dessa forma, foi instituída a responsabilidade compartilhada entre os diversos
participantes da cadeia de suprimento.
A PNRS estabelece que os consumidores deverão devolver os produtos objeto dessa política aos
comerciantes ou distribuidores que, por sua vez, deverão providenciar a devolução ao fabricante ou
importador (BRASIL, 2010). Assim, segundo o Ministério do Meio Ambiente (s/d), a PNRS “coloca o
Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e
inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis”.
Segundo Shibao, Moori e Santos (2010), são inúmeras as situações em que as empresas
passaram a reutilizar seus produtos descartados. Os autores citam os exemplos das
indústrias de latas de alumínio, que desenvolveram mecanismos de coleta de latas
descartadas que são, posteriormente, reaproveitadas em seus processos de produção. O
mesmo se observa nas indústrias de garrafas de vidro e na siderurgia. 
Deve-se entender, no entanto, que nem sempre os produtos retornados às empresas são
utilizados em seus processos. Muitas vezes, a empresa os vende para outra empresa ou
simplesmente os acondiciona para que sejam adequadamente jogados no lixo. O importante
é que o produto retorne à empresa que o produziu por meio da logística reversa (SHIBAO;
MOORI; SANTOS, 2010). 
Síntese
Concluímos aqui a unidade referente à regulação do transporte de cargas no Brasil. A partir deste
estudo, você conheceu os requisitos estabelecidos pela legislação para o transporte de cargas,
especialmente aquelas consideradas perigosas, além das operações de logísticareversa para descarte
de produtos inutilizados. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer as particularidades relacionadas ao transporte de
cargas e os principais instrumentos relacionados a essa operação,
como o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de
Cargas e o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas;
identificar os diferentes tipos de cargas perigosas e os principais
riscos que estas representam à saúde, ao meio ambiente e à
segurança, além de conhecer a legislação pertinente ao seu
transporte;
analisar a legislação pertinente à logística reversa, que é o tipo de
operação utilizada para garantir a devolução de produtos
inutilizados, de forma que o adequado descarte impacte
positivamente na sustentabilidade ambiental.
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Bibliografia
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