Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE Do ponto de vista econômico, a alimentação é o aspecto que requer mais atenção na criação de animais. Nesse contexto, a fabricação de ração se destaca como uma atividade extremamente importante em nosso país. Prova disso é que o Brasil se encontra no terceiro colocado no ranking mundial de produtores de ração. SEGURANÇA E QUALIDADE O recebimento da matéria-prima tem influência direta na qualidade da ração produzida, dado que a matéria-prima recebida deve possuir boas propriedades. Avalia-se pontos, como: - Especificações; - Ausência de pragas; - Nível de garantia; - Coloração e granulometria. A armazenagem de grãos pode acontecer em um momento anterior à fábrica ou na própria fábrica, a depender do projeto e entre outros fatores. CONSTRUÇÃO/ IMPLANTAÇÃO DE FÁBRICA DE RAÇÕES - Compra criteriosa de máquinas e equipamentos (qualidade e dimensionamento); - Espaço para implantação do projeto; - Capacidade de produção e qualidade; - Potencial de crescimento futuro (expansão); - Necessidade de energia elétrica; - Custos operacionais; - Capital inicial e capital de giro; - Confiança e fidelidade (mercado consumidor); - Disponibilidade de manutenção e seus custos. - Recepção/ descarga; - Armazenamento; - Moagem/ Beneficiamento; - Pesagem/ Dosagem/ Mistura; - Peletização/ Extrusão (quando for o caso); - Estocagem/ envase; - Expedição. INTRODUÇÃO ETAPAS EM FÁBRICAS DE RAÇÃO Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE ESQUEMA BÁSICO DOS PROCESOS EM UMA FÁBRICA DE RAÇÃO PROCESOS EM UMA FÁBRICA DE RAÇÃO Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM CICLO DE PRODUÇÃO DE RAÇÕES Recepção de matérias-primas a granel; Armazenagem de grãos, cereais e outros ingredientes; Pré-limpeza acoplada à mesa dessimétrica; Moagem acoplada ao sistema de aspiração; Silos dosadores; Balanças para macro e microingredientes; Dosadores de líquidos; Misturador horizontal; Expander, peletizadora, resfriador e engordurador; Extrusora, secador e engordurador; Ensaque de rações comerciais; Silos de expedição de rações a granel; Área de carregamento de caminhões graneleiros; Conjunto de elevadores; Rosca transportadora. PONTOS CRÍTICOS NAS FÁBRICAS DE RAÇÕES - Boas fórmulas; - Recepção/ armazenamento: observar presença de impurezas e umidade no ambiente, como também realizar o controle de roedores, pássaros, insetos e microrganismos. Controlando a temperatura e injeção de ar dos silos. - Moagem; - Dosagem; - Mistura; - Processamento; - Produto acabado/ transporte. PONTOS CRÍTICOS COMUNS A TODAS AS ETAPAS - Acúmulo de pós e equipamentos batendo; - Goteiras e infiltrações no ambiente da fábrica; - Tempo de estocagem das matérias primas e produtos acabados; - Organização e limpeza geral da fábrica - Pessoas responsáveis; - Organização e limpeza. Calador composto manual para amostragens de cargas em sacarias Calador composto manual para amostragens de cargas a granel Sonda pneumática para amostragens de cargas a granel Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE CONTROLE DE QUALIDADE - Análises proximais; - Controle dos ingredientes; - Controle no processo de produção. RECEPÇÃO E DESCARGA DOS INGREDIENTES - Manuais x Automatizados; - Moegas; (Com sistema de desempoeiramento). - Elevadores; - Silos. EQUIPAMENTOS TRANSPORTADORES ELEVADOR DE CANECAS - Difícil limpeza; - Problemas com contaminação cruzadas. CORREIA TRANSPORTADORA - Gera muita poeira. ROSCAS TRANSPORTADORAS - Quando muito velozes podem desmisturar; - Facilmente causam contaminação cruzada; - Uso proibido após a mistura; - Proibido para microingredientes (ex: premixes); - Difícil limpeza. SILOS - Diferentes tamanhos e formatos; Moegas com sistema de desempoeiramento Silos para microingredientes líquidos, com dique (barreira protetora). Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE PENEIRAS (VIBRATÓRIA OU ROTATIVA) - Equipamentos para pré-limpeza CAÇAMBAS DOSADORAS/ TRANSPORTADORAS - Redler ou transportador corrente - Tende a causar contaminação cruzada; - Podem preferencialmente substituídos por drags. DGRAG OU TRANSPORTADOR DE PALHETAS - Excelente transportador - Dificulta descargas intermediárias; SISTEMA TRANSPORTADOR PNEUMÁTICO COM VÁLVULA PC EM ELEMENTOS DE DOSAGEM (ROSCAS E VÁLVULAS) Frequente gargalo em fábricas (promove automação da dosagem, reduzindo ao máximo a queda livre de matérias primas entre o elemento dosador e a balança de dosagem); Organização, limpeza e desinfecção. Queda de produto após parada (deve-se tomar cuidado com as roscas de dosagem para evitar contaminação cruzada). PC NA DOSAGEM Silos de dosagem: precisam estar em número suficiente, tendo como base o número de fórmulas e ingredientes utilizados. Tamanho dos silos: determinados em ração da quantidade diária utilizada, estoque e compra de matérias-primas, como também da capacidade de recepção da fábrica. Projeto dos silos: Deve-se levar em consideração as características físicas dos produtos (forma e tamanho das partículas, umidade, densidade, fluidez, adesividade), proporcionando um fluxo contínuo de descarga (sem acúmulo em cantos). PC EM RELAÇÃO AOS SILOS DE DOSAGEM A limpeza dos silos deve ser feita da seguinte forma: - Totalmente varridos pelo menos 2x por semana; - Totalmente esvaziados, limpos e desinfetados 1x no mês. CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE BALANÇAS - Manter os equipamentos sempre limpos; - Evitar deslocamentos de balanças; PONTOS CRÍTICOS Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE - Nunca alterar as regulagens ou realizar lubrificações na ausência do técnico autorizado (realizar as manutenções recomendadas pelo fabricante). - Evitar queda livre de ingredientes no prato ou plataforma; - Proibir freadas bruscas de veículos nas balanças rodoviárias; - Tarar diariamente com pesos padrões; - Monitorar semanalmente os dosadores de ingredientes líquidos; REGRAS PRÁTICAS NAS PESAGENS - Conhecer todos os ingredientes a serem pesados; - Os operadores devem treinados; - Nunca tentar estimar ou adivinhar pesos; - Não relaxar nas aferições das balanças (realizar manutenção periódica); - Evitar o deslocamento ou transporte de balanças; - Padronizar as unidades de pesagem (Kg, g e T); - Checar diariamente o saldo de estoque (microingredientes); - Investigar todas as variações de pesos observadas ou suspeitas; - Detectar anormalidades e corrigir rapidamente o problema; - Utilizar equipamentos de segurança para evitar acidentes e contaminações. PC EM BALANÇAS DE DOSAGEM RESPEITAR A PRECISÃO DAS BALANÇAS: - Menor ingrediente a ser pesado na balança; - Regra básica: Y(menor componente) = 0,04 * X(capac. da balança) EXEMPLO PRÁTICO: Capacidade da balança: 2000Kg Menor pesagem (componente): Y = 0,04 * 2000 = 80Kg QUANTIDADE DE BALANÇAS: Deve ser medida em função do número de silos e de elementos dosadores, como também do ciclo de produção (tempo gasto por batelada). REGRA BÁSICA 1ª BALANÇA: tamanho da batelada; 2ª BALANÇA: menor componente pesado corresponde a 1% da batelada; 3ª BALANÇA: menor componente pesado corresponde a 0,1% da batelada. EXEMPLO PRÁTICO: Fábrica com bateladas de 4000Kg Capacidade da 1ª balança: 4000Kg Capacidade da 2ª balança: 4000 * 1% = 40Kg Y = 0,04 * X -> 40 = 0,04 * X X = 40 / 0,04 = 1000Kg Capacidade da 3ª balança: 4000 * 0,1% = 4Kg Y = 0,04 * X -> 4 = 0,04 * X X = 4 / 0,04 = 100Kg Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE PLANO DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO: - Evitar contaminação; VAZAMENTOEM COMPORTAS - Contaminação cruzada; AFERIÇÃO - Uso de pesos padrões (frequência semanal e semestral); MOAGEM DAS MATÉRIAS PRIMAS A moagem é o primeiro processamento e tem por finalidade: - Aumento da superfície (maior digestibilidade); - Facilitar manipulação dos ingredientes; - Melhorar o processo de mistura (homogeneidade); - Melhorar a eficiência e qualidade física do produto final. Equipamento mais utilizado: Moinho de martelo (versatilidade e facilidade de manutenção). GRANULOMETRIA DOS INGREDIENTES Moagens mais grosseiras: Maior rendimento dos moinhos, gerando menor desgaste dos equipamentos e acessórios. Esse processo exige menor mão de obra para manutenção, como também menor consumo de energia elétrica, assim, se tem um menor custo de ração produzida por hora trabalhada. Moagem adequada ao tipo de animal: Melhora o consumo alimentar e gerando menos desperdícios, além de facilitar a digestão e aumentar a eficiência enzimática, assim, melhorando o desempenho dos animais a campo. Por fim, proporcionando maior economia e redução dos custos de produção animal. SISTEMAS DE MOAGEM DE MATÉRIAS PRIMAS Moagem separada (pré-moagem): Cada ingrediente é moído separadamente, esse tipo de moagem é mais utilizado em fábricas de grande porte. VANTAGENS: - Operação à plena carga por longos períodos de tempo; - Múltiplos moinhos operam simultaneamente com diversos produtos; - Menor potência para acionamento; - Maior simplicidade e facilidade de alimentação; - Maior flexibilidade na obtenção de diferentes granulometrias; - Menor desgaste e consumo de energia elétrica. DESVANTAGENS: - Maior quantidade de silos de estocagem; - Maior mão de obra para manutenção. Moagem conjunta (pós-moagem): Os ingredientes são previamente pesados e pré-misturados, esse tipo de moagem é adotado em fábricas de pequeno porte. Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE VANTAGENS: - Maior flexibilidade na moagem de ingredientes com amplas diferenças físicas; - Menor quantidade de silos de estocagem; - Menor investimento inicial. DESVANTAGENS: - O sistema faz parte da linha de produção; - Maior potência para o acionamento; - Maior dificuldade no controle dos alimentadores; - Matérias primas devem ser previamente misturadas. PONTOS CRÍTICOS DA MOAGEM - Capacidade dos moinhos; - Limpeza, organização e desinfecção; - Medição da granulometria (4 a 5x por dia, cuidado para não moer muito fino e diagnosticar problemas); - Alimentação dos moinhos (cuidado com alimentadores manuais); - Exaustão/ aspiração (aumento da produção e resfriamento do equipamento); - Aquecimento dos ingredientes (condensação nos silos e transportadores; comprometimento da disponibilidade dos nutrientes – Maillard). - Umidade dos ingredientes - Outros (desgaste dos martelos, distância entre os martelos e as peneiiras). PONTOS CRÍTICOS DA MISTURA Requisitos para um bom misturador: - Qualidade da mistura (usar indicador, fazer coleta de amostras); - Não conter grande quantidade de resíduos remanescentes após a descarga do misturador (máx. 0,2%); - Possíveis problemas (projeto mal elaborado, equipamento desgastado, adição errada dos líquidos etc); - Avaliação dos misturadores (qualidade no mín. 2x/ano; resíduos no mín. 4x/ano; vazamentos diariamente; limpeza frequente). Obs.: Atentar para o tempo correto para obtenção de uma boa mistura. O sistema de mistura é o principal foco de contaminação cruzada. MISTURA – SEQUÊNCIA DE ADIÇÃO 1. Os macroingredientes devem ser adicionados sempre do maior para o de menor volume; 2. Os ingredientes de maior densidade; 3. Microingredientes; Aguarda o tempo de mistura... 4. Adição de líquidos; Aguarda o tempo total para obtenção da mistura completa. Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE MISTURADORES EM Y VERTICAIS - Tempo de mistura mais longo; - Descarga da mistura mais demorada; - Maior risco de resíduos (contaminação cruzada). HORIZONTAIS - Tempo de mistura mais curto; - Descarga da mistura mais rápida. PONTOS CRÍTICOS NA DESMISTURA Dentre os principais problemas, podemos citar: - Instalação de equipamentos impróprios após o misturador; - Silos muito altos; - Segregação dos componentes da fórmula em função dos pesos específicos muito diferentes (Ex.: farinha de pena x calcário); - Transporte a granel de rações fareladas por longas distâncias. PONTOS CRÍTICOS NO RECEBIMENTO E ESTOCAGEM DE LÍQUIDOS - A capacidade de recepção e estocagem; - Controle da temperatura (importante no armazenamento de gorduras e melaço); - Diques de contenção em silos que armazenam líquidos (evitar danos ambientais). ADIÇÃO DE LÍQUIDOS Na adição de líquidos deve ser tomar alguns cuidados, são eles: - Não adicionar mais de 5% de líquidos (se necessário utilizar mais que isso, instalar um homogeneizador para líquidos). - Utilizar pressão de injeção adequada; TEMPO DE RETENÇÃO DOS PÉLETES NO SECADOR/RESFRIADOR O tempo de permanência dos péletes vai variar em função de alguns pontos, são eles: - Nível de umidade, diâmetro, densidade da massa e adição dos líquidos. Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia – UFAPE PONTOS CRÍTICOS LIGADO A AO SECADOR/REFRIADOR Após as etapas de peletização/extrusão, os péletes são direcionados ao secador/ resfriador. Eles entram quentes e úmidos e lá sã submetidos a umidade e temperaturas diferentes. Se o processo for realizado de forma incorreta e descontrolada, a ração fica muito quebradiça e perde qualidade. PONTOS CRÍTICOS NA ESTOCAGEM DE ENSACADOS - A ração ensacada deve ser armazena sobre paletes com ventilação por baixo; - Os sacos devem ser identificados corretamente; - Deve ser feito um controle rigoroso de roedores e pássaros no armazém; - As pilhas devem ser organizadas de forma a seguir a premissa de “o que entra primeiro, sai primeiro”. CAMINHÕES TRANSPORTADORES DE RAÇÃO E MATÉRIAS-PRIMAS Devem ser submetidos a procedimentos de limpeza e desinfecção. É importante observar se existem furos nos graneleiros, lonas e gavetas. Para fazer o carregamento desses caminhões não é indicado o uso de rosca transportadora, uma vez que rações fareladas podem ser desmisturadas, e as peletizadas podem sofrer quebra dos péletes. AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO EFETIVA DE UMA FÁBRICA - Produção total diária de rações (toneladas); - Tipos de rações e suplementos produzidos; - Atividade total da fábrica (horas); - Tempo total de paralização da produção (horas); - Tempo total de trabalho efetivo (horas); - Produção por hora total (toneladas); - Produção por hora trabalhada (toneladas); - Produção perdida pelo tempo de paralização (toneladas); - Período de paralização (%); - Perda de produção de rações (%); - Pessoal em atividade diária (número de funcionários); - Produção de ração diária por operador ou funcionário (toneladas). “Fazer ração não é tão difícil o quanto parece, mas fazer ração bem feita é um pouco mais complicado.” Klein (1999).
Compartilhar