Prévia do material em texto
ENXERTOS, RETALHOS E EXPANSORES - TOCE INTRODUÇÃO À CIRURGIA PLÁSTICA Temas de maior incidência: ➢ Enxertos e retalhos ➢ Queimaduras ➢ Trauma de membros superiores e inferiores ➢ Tumores de pele ➢ Ginecomastia ➢ Reconstrução de mama após mastectomias (câncer de mama) ➢ Fissurados → deve esperar granular para fazer enxerto ENXERTO E RETALHO São os pilares da cirurgia plástica. Todo retalho é preso a um pedículo, exceto o retalho em ilha. O transplante tecidual consiste na retirada de qualquer tecido de seu local de origem (área doadora) e seu transporte para outro local (área receptora, onde se localiza o defeito, que é um termo técnico). (Ex.: quando se tira um tumor e fica um buraquinho, essa depressão é o "defeito"). Quando preservada a estrutura vascular (pedículo), é um retalho. Quando não tem a vascularização mantida (tira a pele e coloca numa cuba), é chamado de enxerto. ENXERTO CUTÂNEO CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE TECIDO - pele, cartilagem (rinoplastia), enxerto ósseo, tecido adiposos (lipoenxertia). TIPOS DE INDIVÍDUOS ENVOLVIDOS ● Autoenxerto (mesma pessoa é doadora e receptora), ex.: autoenxerto cutâneo no grande queimado. ● Homologo, homoenxerto ou aloenxerto (entre seres distintos mas da mesma espécie), ex.: pele de cadáver. ● Xenoenxerto ou heteroenxerto (espécies diferentes) ex.: de pele de tilápia, pele de porco, usados na diminuição da "perda" cutânea do queimado (o paciente não fica com pele de tilápia pra sempre). ● Isoenxerto (uma nuance do homoenxerto): indivíduos distintos, mesma espécie e mesma linhagem genética, como gêmeos univitelinos. FORMA DE AUTO-ENXERTO CUTÂNEO - laminar ou em tiras, estampilhas e em malha. QUANTO À ESPESSURA DA PELE ● Pele parcial - composto de epiderme e derme parcial (papilar). Mais fina e delgada. Feita com dermátomo elétrico de Padget, antigamente com a faca de Blair. Possui extensa área doadora, podendo se retirar várias vezes. Indicado para casos de grandes queimados. Cicatrização por segunda intenção. Menor quantidade de fibras elásticas, mais fino. Sofre menor contração primária e maior contração secundária ● Pele total - composto de epiderme e derme total (papilar e reticular). Retirado manualmente com pinça e bisturi ("tirar na mão"). Retira-se um pouco da gordura para ‘emagrecer o tecido’ Mais estético, melhor qualidade, menor área doadora. Mais grosso, cheio de fibras elásticas, por isso sofre maior contração primária e menor contração secundária, por ser de maior qualidade. Mais resistente ao atrito, constituindo melhor indicação para essas áreas, como planta do pé. Além disso, possui melhor resultado estético. As suas áreas doadoras são fechadas por síntese (sutura), e estão presentes em menor quantidade. A retirada do tecido doador dói menos. Ex.: região retroauricular, supraclavicular, inguinal e até abdome inferior (miniabdome). SE LIGA! É importante termos em mente a diferença da contratura primária e secundária que ocorre entre os enxertos de pele parcial e total. A contratura primária ocorre logo após a retirada do enxerto de pele, pois depende da espessura da derme (quantidade de fibras da matriz extracelular). Já a contratura secundária ocorre durante o processo de integração e estabilização do enxerto, pois depende da contração das fibras de colágeno durante a cicatrização. Os enxertos de pele parcial possuem uma contratura secundária maior que a primária, porque apresentam maior quantidade de tecido cicatricial. Já os enxertos de pele total, apresentam maior contração primária do que a secundária. TOTAL PARCIAL Mais fibras elásticas; Maior retração primária e menor secundária; Maior resistência ao atrito; Melhor resultado estético; Fechado por sutura; Área menor. Mais doloroso; Áreas menores. Mar���l� Si�ões C����ca��� - Cur�� �� Med����a - UF�� - 2022.2 - 13/09/22 ENXERTOS, RETALHOS E EXPANSORES - TOCE Primeiro paciente, garotinho de 1 ano e meio. Caiu óleo aquecido na cabeça dele. Depois de 3 semanas, fica essa área granulada,"pedindo enxerto". Na imagem ao lado, vê-se o dermátomo elétrico de Padget, a cuba com a pele dentro e o expansor, onde coloca a pele e ela sai furadinha. POR QUE "PEDINDO ENXERTO"? Porque na queimadura de terceiro grau perde tecido e terminações nervosas, você vai retirar a pele e a ferida vai cicatrizar por segunda intenção. Mas se for uma área muito grande, vai retrair tudo. Aí não tem jeito, tem que enxertar. Outra coisa, em queimadura de segundo grau, começa a epitelizar em 2 semanas. Nesse garoto, tem 3 semanas e ainda não epitelizou. Se deixasse sem enxerto, iria demorar muito e retrair tudo. O dermátomo retira lâminas de pele. Aqui vocês veem a área doadora na coxa, e dói muito! O enxerto em lâmina a gente colocou na região mais frontal do paciente. O em malha a gente colocou na parte posterior (ele tem uma pega melhor, mas pior qualidade), ele tá mais expandido e parece uma redinha. A melhor área doadora nesses casos é a coxa, depois o glúteo. A queimadura por atingir grandes áreas tem que ser enxerto parcial. FISIOLOGIA DA INTERAÇÃO (PEGA) DO AUTO-ENXERTO CUTÂNEO 1. Embebição plasmática, até 48h (como se ficasse na "aguinha" do tecido, que nutre a pele enxertada) 2. Inosculação, 2 a 5 dias (início da formação dos vasos e da comunicação, entre leito receptor e enxertos) 3. Neovascularização, após 5 dias, enxerto considerado completamente integrado com 21 dias. INDICAÇÕES DE AUTO ENXERTO CUTÂNEO ● Extensos defeitos, grande queimado, áreas cruentas decorrentes de infecções necrotizantes. ● Traumas com avulsão da pele, desenluvamento aberto, desenluvamento fechado (Morel Lavallée). ● Lesões cutâneas tangenciais na mão e em extremidades. ALGUNS CUIDADOS/DICAS NA PEGA DO ENXERTO ● Hematoma, seroma e infecção; ● Fenestrar o enxerto; ● Imobilizar e compressão entre o enxerto e o leito receptor. Curativo de Brown. ● Gaze vaselinada - não aderência ao curativo e posterior descolamento do enxerto de seu leito receptor, no momento de abertura do curativo. ● Evitar usar agentes de desbridamento químico, enzimas como colagenase e não ‘comer’ muito o enxerto. ● Abertura cuidadosa no 5° a 7° dia. ● Área doadora = gaze vaselinada + hipoglós. RETALHOS Menção mais antiga da cirurgia plástica é de um retalho, chamado "retalho indiano", datando de 600 anos a.C., para lesões de ponta nasal. CLASSIFICAÇÃO ● Quanto ao pedículo: axial ou acaso (randomizado). ● Quanto à mobilização: rotação, avanço em V-Y, transposição. ● Quanto à composição tissular: tecido cutâneo, fasciocutâneo ou miocutâneo Mar���l� Si�ões C����ca��� - Cur�� �� Med����a - UF�� - 2022.2 - 13/09/22 ENXERTOS, RETALHOS E EXPANSORES - TOCE → Plástica em Z ou Zetaplastia → RETALHO BILOBADO → RETALHO ROMBOIDE (DE LIMBERG) "Cavalo de batalha" do cirurgião reparador. É o que mais é feito. É um retalho de transposição, com ângulos internos de 60º e 120º. → RETALHO MÉDIO FRONTAL Mar���l� Si�ões C����ca��� - Cur�� �� Med����a - UF�� - 2022.2 - 13/09/22 ENXERTOS, RETALHOS E EXPANSORES - TOCE → RETALHO NASOGENIANO É o em ilha. Único que se corta por todos os lados, o fluxo sanguíneo vem de baixo. Pedículo em ilha e avanço em V-Y (ele tem um formato em V e quando avançar formará um Y). → RETALHO NASOGENIANO EM DUPLA, UNILATERAL E BILATERAL. → RETALHO MIOCUTÂNEO Um retalho miocutâneo de músculo e pele. NÃO SE FAZ ENXERTO EM TENDÃO!! TRAUMA DE MÃO POR MAKITA 1° PASSO - retirar adornos (anéis, aliança,...) fazer RX Mar���l� Si�ões C����ca��� - Cur�� �� Med����a - UF�� - 2022.2 - 13/09/22 ENXERTOS, RETALHOS E EXPANSORES - TOCE → RETALHO DE CROSS-FINGER OU DEDO CRUZADO Retalho cutâneo + auto enxerto cutâneo Tem autonomização (neovascularização) É separado com 3 semanas - é o tempo geral para enxerto Cuidado com tabagista, neste caso o tempo é maior pela vasoconstrição provocada pela nicotina. EXPANSORES DE TECIDO O expansor (de silicone) expande o tecido e faz um aumento de pele na região. ● Fenômeno fisiológico: gestação e rápido aumento de peso corporal ● Fenômeno patológico: crescimento de tumores.INDICAÇÕES ● Produzir retalho de avanço para cobrir grandes defeitos, como perda de substância, cicatriz de queimadura, nevus gigante ● Reconstrução de mama submuscular, criando local para o implante definitivo. CONTRAINDICAÇÕES ● Áreas irradiadas, pós-tratamento de radioterapia - iniciar após um prazo maior. ● Tabagismo (não é contraindicação absoluta, mas fornece um risco maior) ● Lesões ainda infectadas (fascite necrosante) ● Áreas adjacentes a tumores malignos ● Pacientes psicologicamente instáveis COMPORTAMENTO DE CADA TECIDO: ➢ Epiderme - aumento de espessura (a única), devido ao aumento do estrato espinhoso. ➢ Derme - diminuição da espessura, tanto da papilar quanto da reticular. ➢ Tecido subcutâneo - diminuição da espessura ➢ Folículo piloso - não há alteração estrutural ou do número, apenas o espaçamento. ➢ Músculo - diminuição ➢ Osso - inalterado. Poderá haver depressão temporária, observada em calota craniana de crianças. SÍNDROME DE LYELL OU NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA (NET) E SÍNDROME DE STEVENS JOHNSON A síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica são duas formas da mesma doença potencialmente fatal que provoca erupção cutânea, descamação da pele e bolhas nas membranas mucosas. A síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica são comumente causadas por medicamentos ou por infecções. Os sintomas típicos de ambas as doenças incluem descamação da pele, febre, dores pelo corpo, uma erupção vermelha plana e bolhas e feridas nas membranas mucosas. As pessoas afetadas são normalmente internadas em uma unidade de tratamento de queimaduras, recebem líquidos e algumas vezes medicamentos, e o uso de todos os medicamentos suspeitos é interrompido. A necrólise epidérmica tóxica (NET), também conhecida por síndrome de Lyell (SL), é uma reação alérgica mediada por linfócitos CD8 que evolui com necrose da epiderme por apoptose dos queratinócitos. A etiologia é desconhecida, mas é desencadeada pelo uso de fármacos. A necrólise epidérmica tóxica causa grandes áreas de descamação de pele (afetando mais de 30% do corpo). SINAL DE NIKOLSKY POSITIVO: desprendimento da pele com leve fricção. É inflamatória mas NÃO causa edema. Mar���l� Si�ões C����ca��� - Cur�� �� Med����a - UF�� - 2022.2 - 13/09/22 ENXERTOS, RETALHOS E EXPANSORES - TOCE A síndrome de Stevens-Johnson causa apenas pequenas áreas de descamação da pele (afetando menos de 10% do corpo). Um envolvimento de 15% a 30% da superfície corporal é considerado sobreposição da síndrome de Stevens-Johnson e da necrólise epidérmica tóxica. SÍNDROME DE FOURNIER Se caracteriza por infecção necrotizante perineal que acomete os planos profundos do escroto, pênis, períneo e que pode se estender à raiz da coxa e abdome inferior. Seu início é insidioso, tem progressão fulminante, leva a grandes perdas teciduais e muitas vezes ao óbito. Infecção necrosante. A gangrena progride numa velocidade de 2,5 cm²/h. Paciente tem 25% de chance de óbito. QUADRO CLÍNICO: 1- Início súbito 2- Indivíduos jovens e sadios 3- Evolução rápida e progressiva para a gangrena. 4- Não tem causa aparente. O QUE FAZER? Desbridamento e reconstrução. É viável fazer um curativo nesta região? Não, terapia hiperbárica. Os benefícios da terapia hiperbárica incluem fornecer oxigenação adequada para a função de fagocitose neutrófilos, inibir o crescimento de germes anaeróbicos por hiperoxigenação tecidual, aumentar a proliferação de fibroblastos e aumentar a angiogênese (tecido de granulação). Após o controle do quadro infeccioso, o retalho fasciocutâneo anteromedial da coxa apresenta-se como uma boa opção para a confecção da "neobolsa" escrotal, sendo de fácil execução, em tempo cirúrgico único e possibilita fechamento primário da área doadora. GINECOMASTIAS CLASSIFICAÇÃO DE GINECOMASTIAS Simon e cols: Quanto a relação entre pele e volume. GRAU 1: aumento pequeno, porém visível do tecido mamário. GRAU 2A: aumento moderado de tecido mamário SEM excesso cutâneo. GRAU 2B: aumento moderado de tecido mamário COM excesso cutâneo. GRAU 3: grande aumento com acentuada redundância cutânea. COMPLICAÇÕES DA GINECOMASTIA ➢ HEMATOMA: 24 horas. Hemostasia rigorosa e revisada, controle de PA, anamnese questionar HPP de HAS. Curativo compressivo, mas cuidado com a amplitude respiratória. ➢ SEROMA: uma semana de pós-operatório, dreno e compressão pós-operatória de 15 dias. Atadura crepom em ‘vai e vem’ e apósito nas 24 horas e atadura elástica e apósito (cirurgia de varizes) até o 15° dia. ➢ DEPRESSÃO RETROAREOLAR: ressecção em excesso ➢ NECROSE DE ARÉOLA: ressecção exagerada → pior complicação. ➢ ASSIMETRIA IMPORTANTE ➢ CICATRIZES HIPERTRÓFICAS ➢ NÃO ALCANÇAR EXPECTATIVA DO PACIENTE: necessário conversa prévia no consultório, discussão sobre cicatrizes e a possibilidade de um resultado que não coincida com a expectativa. LEGENDA: PROVA Mar���l� Si�ões C����ca��� - Cur�� �� Med����a - UF�� - 2022.2 - 13/09/22