Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa. MSc. Juliana Garcia UNIDADE II Citopatologia e Citologia Clínica Classificação de Papanicolaou – nomenclatura europeia Classe I – citologia normal, ausência de células atípicas; Classe II – citologia inflamatória, células atípicas sem sinal de malignidade: displasia leve; displasia moderada; Classe III – Displasia acentuada, citologia atípica sugestiva de malignidade; Classe IV – Carcinoma “in situ”, citologia atípica sugestiva de malignidade; Classe V – Carcinoma invasor, citologia atípica conclusiva de malignidade; Entretanto, essa classificação não se preocupava com a possibilidade de lesões precursoras, mas apenas verificava presença ou ausência de células malignas. Além disso, não era possível fazer uma correlação com os aspectos histopatológicos (INCA, 2012). Classificações do exame citopatológico cérvico-vaginal Classificação de Reagan No final dos anos 1950, James W. Reagan levou em consideração as alterações histológicas e introduziu o termo displasia para distinguir o epitélio normal de um epitélio cervical anormal (atípico), bem como um carcinoma in situ. E essa classificação foi dividida em: normal, com atipia, displasia leve. Moderada, acentuada (que depende do grau de comprometimento da espessura epitelial por células atípicas). Carcinoma in situ e carcinoma escamoso ou adenocarcinoma. No entanto, o diagnóstico continuava inespecífico, e não correlacionou direto com o prognóstico da lesão. Classificação de Reagan Classificação de Richart (americana – NIC, neoplasia intracervical) Sugere outra nomenclatura para o diagnóstico citológico das alterações invasivas no epitélio escamoso do colo do útero, que denominou Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC), substituindo as displasias e carcinoma in situ, classificado em: Neoplasia Intraepitelial Cervical grau I (NIC I), que se refere à displasia leve; Neoplasia Intraepitelial Cervical grau II (NIC II), corresponde à displasia moderada; Neoplasia Intraepitelial Cervical grau III (NIC III), que está relacionada à displasia severa e carcinoma in situ. Classificação de Richart Classificação de Bethesda: discordâncias encontradas entre os diagnósticos citopatológicos e os achados histológicos, em 1988 um grupo de pesquisadores (citologistas, histopatologistas, ginecologistas, entre outros) participou da conferência em Bethesda, Maryland (EUA), onde ajudaram a desenvolver uma nova nomenclatura, designada como Sistema de Bethesda, com objetivo de padronizar as descrições dos achados citopatológicos. Estabeleceu-se que, para representar o epitélio escamoso, deve-se usar a sigla ASC (do inglês, Atypical Squamous Cells) que significa atipia de células escamosas. Muitas vezes podem representar como alterações sugestivas de lesão intraepitelial escamosa de baixo grau, no entanto, não apresentam um resultado qualitativamente ou quantitativamente para a interpretação definitiva. Classificações do exame citopatológico cérvico-vaginal ASC é subdividida em dois grupos: ASC-US (do inglês, Atypical Squamous Cells of Undetermined Significance); ASC-H (do inglês, Atypical Squamous Cells cannot exclude High-Grade Squamous Intraepithelial Lesions). ASC-US significa a presença de atipia de células escamosas de significado indeterminado. É comum encontrar no laudo citopatológico cérvico-vaginal o resultado de ASC-US. Entretanto, não significa necessariamente que são alterações malignas, podem ser resultado de uma inflamação e até desaparecer espontaneamente. A sigla ASC-H representa atipia de células escamosas de significado indeterminado, não excluindo lesão de alto grau. Classificação de Bethesda Pelo sistema de Bethesda, quando são observadas alterações nas células escamosas, é utilizada a sigla LSIL (do inglês, Lowgrade Squamous Intraepithelial Lesion) que representa lesão intraepitelial escamosa de baixo grau, considerada uma displasia leve e NIC grau I. Quando estas alterações são caracterizadas por alterações na morfologia da célula é sugestivo de invasão com grande probabilidade de ser uma lesão pré-maligna. Neste caso é utilizada a sigla HSIL (do inglês, High Grade Cervical Squamous Intraepithelial Lesion), que significa lesão intraepitelial escamosa de alto grau, sendo considerada displasia moderada a severa (NIC graus I e III). LSIL é menos provável que ocorra uma progressão para o carcinoma invasivo. HSIL podem evoluir para um carcinoma invasivo dependendo da infecção causada por tipos de HPV. Classificação de Bethesda O termo AGUS (do inglês, Atypical Glandular Cells of Undetermined Significance) foi inserido e significa a presença de atipia de células glandulares de significado indeterminado, estas alterações em células epiteliais glandulares podem compreender células endocervicais e endometriais. E tais alterações morfológicas significativas podem evoluir para carcinoma in situ. Classificação de Bethesda Evolução da nomenclatura citopatológica e histológica Fonte: Adaptado de: INCA, 2016 ,p.26. Classificação citológica de Papanicolaou (1941) Classificação histológica da OMS (1952) Classificação histológica de Richart (1967) Sistema Bethesda (2001) Classificação Citológica Brasileira (2006) Classe I Negativo Negativo Negativo Negativo Classe II Negativo Negativo Alterações benignas Atipias de significado indeterminado Alterações benignas Atipias de significado indeterminado Classe III Displasia leve Displasia moderada Displasia acentuada NIC I NIC II NIC III LSIL HSIL HSIL LSIL HSIL HSIL Classe IV Carcinoma in situ NIC III HSIL Adenocarcinoma in situ HSIL Adenocarcinoma in situ Classe V Carcinoma invasor Carcinoma invasor Carcinoma invasor Carcinoma invasor Os tipos de adequação da amostra são descritos a seguir: Satisfatório para avaliação: descrever a presença ou ausência de células endocervicais/zona de transformação e quaisquer outros indicadores de qualidade. Por exemplo, presença parcial de hemácias, inflamação, entre outros etc. Insatisfatório para avaliação: necessário especificar o motivo pelo qual a amostra foi rejeitada ou não processada. Ou especificar o motivo se a amostra foi processada e avaliada, no entanto, foi considerada insatisfatória para avaliação de anormalidade epitelial. Como um bom indicador da qualidade do exame, considera-se a presença de células metaplásicas ou endocervicais, representativas da junção escamocolunar (JEC). Isto ocorre devido ao fato delas se originarem no local onde se apresenta a maioria dos cânceres de colo do útero. Adequação da amostra Colpocitologia oncótica, em lâminas, material vaginal e colo uterino. Citologia oncótica cérvico-vaginal. Material Citologia convencional – esfregaço(s) em lâmina(s). Número de lâminas 1 lâmina. Adequação do material Espécime satisfatória para avaliação. Exemplo de laudo Epitélios representados na amostra Escamoso; Glandular. Interpretação Negativo para lesão intraepitelial e malignidade. Alterações celulares benignas reativas e/ou reparativas. Inflamação. Exemplo de laudo Observações Exsudato neutrofílico. Presença de hemácias. Microbiologia Lactobacillus sp. Exemplo de laudo O exame colpocitológico (Papanicolaou) é um exame de rastreamento que auxilia a detecção do câncer cervical e as lesões precursoras ou pré-malignas. Resultados falso-positivos e falso-negativos podem ocorrer. O teste deve ser realizado em intervalos regulares de tempo. Resultados negativos em 3 anos consecutivos reduzem a possibilidade de falso-negativo a menos de 1%. Resultados positivos devem ser confirmados histologicamente antes de qualquer procedimento terapêutico definitivo. Exemplo de laudo Referências: 1- Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero/ Instituto Nacional de Câncer.Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Rio de Janeiro: INCA, 2016. ISBN 978-85- 7318-184-5. 2- Nayar R, Wilbur DC. The Bethesda System for Reporting Cervical Cytology: Definitions, Criteria and Explanatory Notes. 3rd ed. London: Springer; 2015. Laudado por: CRM DRA. ////////// Citotécnico://///////// Exemplo de laudo De acordo com seu conhecimento, observe a figura, sobre as características das células no esfregaço cérvico-vaginal, qual seria a classificação a ser representada? Interatividade Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detaail.php?flag=o&lang=4&Id=cyt14611&cat=f1c2 Representa: NIC III (HSIL) - citoplasma e relação núcleo. Bethesda Quando estas alterações são caracterizadas por alterações na morfologia da célula é sugestivo de invasão com grande probabilidade de ser uma lesão pré-maligna. Neste caso é utilizada a sigla HSIL (do inglês, High Grade Cervical Squamous Intraepithelial Lesion), que significa lesão intraepitelial escamosa de alto grau, sendo considerada displasia moderada a severa (NIC graus I e III). Resposta Critérios de inflamação em relação ao citoplasma: Citoplasma esgarçado. Borda citoplasmática dobrada. Apagamento ou perda da borda citoplasmática. Metacromasia: dupla tonalidade de cores. Ceratinização: citoplasma enrugado (amarelo, vermelho ou alaranjado). Achados encontrados no exame citopatológico cérvico-vaginal Critérios de inflamação em relação ao núcleo: Cariopicnose: ocorre em células superficiais, núcleo se constringe, sem cromatina. Cariomegalia: núcleo assume proporções gigantescas (radiação, quimio). Cariorrexe: cromatina se condensa em várias partículas, núcleo fragmentado. Rarefação do núcleo: cromatina se dissolve e se torna indistinta, cora-se palidamente. Multinucleação: células escamosas e colunares, algumas vezes, mostram dois ou mais núcleos dentro do citoplasma. Critérios de malignidade: Aumento do volume nuclear – cariomegalia. Hipercromasia. Distribuição irregular da cromatina. Presença ou não de nucléolos aumentados em tamanho e número. Forma irregular do núcleo – polimorfismo. Multinucleação. Espessamento irregular da membrana. Alteração da relação núcleo/citoplasma aumentado. Chanfradura nuclear. Achados encontrados no exame citopatológico cérvico-vaginal Hiperplasia: Multiplicação celular. Células arranjadas, pequenas, poligonais, com bordas pouco definidas. Citoplasma cianofílico, fortemente agregado. Núcleo pequeno e uniforme de cromatina finamente granular, nucléolo ausente. Achados encontrados no exame citopatológico cérvico-vaginal Discariose: Variação de forma e volume dos núcleos das células do epitélio pavimentoso. Alterações: Aumento do volume nuclear; Hipercromatismo; Padrão cromático alterado; Disqueratose – definição: células escamosas anormais, com maturação exagerada do citoplasma e diferenciação anormal do núcleo; Diátese: células muito pequenas, geralmente isoladas ou pouco maiores que linfócitos, apresentando escasso ou ausente citoplasma, núcleos densamente hipercromáticos e com cromatina muito grosseira com espaços vazios. Discariose Displasia leve Displasia moderada Displasia acentuada Carcinoma microinvasor Carcinoma “in situ” Carcinoma invasor Critérios de malignidade Células discarióticas superficiais e intermediárias, ausência de restos, necróticas, presença ou não de processo inflamatório; Características: Citoplasma Maduro, bem preservado; Cianofílico ou eosinofílico; Relação núcleo citoplasma ligeiramente aumentada. Graduação das lesões cérvico-vaginais: Displasia leve – NIC I – Classe II – LSIL Características: Núcleo Volume moderadamente aumentado; Formato arredondado ou oval; Membrana nuclear lisa e fina; Presença de cariossoma; Nucléolos não são proeminentes; Hipercromasia leve. Cromatina Finamente granular; Aumentada e distribuída de forma homogênea. Na lesão intraepitelial escamosa de baixo grau, as células escamosas superficiais e intermediárias observadas nos esfregaços cérvico-vaginais apresentam citoplasma abundante apesar das atipias nucleares, além disso, também há boa maturação celular, os núcleos com mais de três vezes o tamanho do núcleo de células intermediárias normais, binucleação e multinucleação são comuns e frequentemente apresentam coilocitose. Graduação das lesões cérvico-vaginais: Displasia leve – NIC I – Classe II – LSIL Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.php?flag=0&lang=4&Id=cyt14924&cat=F1b Células discarióticas intermediárias e parabasais; Ausência de restos necróticos; Presença ou não de processo inflamatório. Características: Núcleo Aumento de volume; Formato arredondado, elíptico e irregular; Membrana irregular e espessa. Displasia moderada – NIC II – Classe II – HSIL Características: Cromatina Grosseira e irregular; Presença ou não de nucléolos; Hipercromatismo mais acentuado. Citoplasma Forma poligonal ou arredondada; Cianofílico com membrana definida; Relação núcleo/citoplasma ainda mais aumentado. Célula binucleada (seta) com dois núcleos aumentados de tamanho e hipercromáticos. Displasia moderada – NIC II – Classe II – HSIL Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.php?flag=0&lang=4&Id=cyto7891&cat=F1a1c A lesão intraepitelial escamosa de alto grau acomete as células mais profundas (intermediárias, parabasais e basais) do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. Estas células podem ser observadas no esfregaço cérvico-vaginal isoladas em grupos ou agregados tipo sincício, além disso, podem apresentar células parabasais com núcleo aumentado, contornos nucleares irregulares, com anisocariose e anisocitose em uma população homogênea de células. São caracterizadas por apresentarem células do tipo metaplásicas imaturas ou que parecem com as células de reserva, células ovais ou redondas, há um aumento em relação ao núcleo e citoplasma, e apresentam aumento do volume nuclear, irregularidades marcadas na borda do núcleo e citoplasma delicado, denso ou queratinizado, além da presença de pequenos vacúolos. Displasia acentuada – NIC III – Classe III – HSIL Células discarióticas profundas basais e parabasais; Ausência de restos necróticos; Conhecidas como displasia irregular ou alto risco de se transformar em maligna; 90% das displasias severas evoluem para câncer. Características: Cromatina Grosseira, com formação de grumos densos com aspecto de sal com pimenta. Displasia acentuada – NIC III – Classe III – HSIL Características: Núcleo Aumento de tamanho; Formato irregular; Presença ou não de nucléolos; Membrana nuclear espessa e irregular com dobras e fissuras. Citoplasma Pequeno cianofílico; Formato arredondado; Relação núcleo/citoplasma totalmente aumentado. Células parabasais com núcleos aumentados, contornos nucleares irregulares (setas) e cromatina grosseira. Displasia acentuada – NIC III – Classe III – HSIL Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.php?flag=0&lang=4&Id=cyt14611&cat=F1c2 Carcinoma escamoso (epidermoide) invasor: O carcinoma escamoso (epidermoide) invasor acomete todas as células epiteliais, normalmente em abundância no esfregaço cérvico-vaginal. Além disso, estas células podem descamar sozinhas ou em arranjos (sincícios) e apresentam tamanho variável, com seu formato ovalado, esférico, alongado ou bizarro. Os citoplasmas normalmente configuram uma coloração cianofílica e às vezes eosinofílica. Neoplasias malignas cérvico-vaginais O núcleo apresenta tamanho variável, hipercromático, distribuição muito irregular da cromatina, membrana nuclear irregular e os nucléolos estão presentes. A presença de mitoses atípicas pode ser vistana amostra, também pode ser evidenciada inflamação acentuada e materiais necróticos, tais como: sangue, fibrina, células inflamatórias, restos celulares, material proteináceo denominado de diátese tumoral, Neoplasias malignas cérvico-vaginais que é uma característica do carcinoma invasivo. Células malignas pleomórficas, isoladas ou agrupadas, às vezes queratinizadas ou necróticas, com formas bizarras (setas). Fundo inflamatório, hemorrágico e necrótico Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.php?flag=0&lang=4&Id=cyt10131&cat=F1d Adenocarcinoma endocervical in situ: O adenocarcinoma in situ ocorre em células endocervicais (epitélio cilíndrico simples), causando alterações nestas células, mas sem invasão tecidual. Quando é analisado o esfregaço cérvico-vaginal, observa-se que as células apresentam formato cuboide ou ainda paliçadas (tiras ou arranjos) em aglomerados, às vezes sobrepostas como rosetas ou arranjos glandulares que correspondem aos conjuntos circulares de células com núcleos periféricos e citoplasma voltado em direção ao centro. A perda do padrão em favo de mel é evidente e raramente encontramos células anormais isoladas. Aumento da celularidade na forma de amplos agrupamentos epiteliais e o citoplasma das células é cianofílico e mal definido. Os núcleos são hipercromáticos e volumosos, com variação de tamanho e muitas vezes apresentam cromatina granular. Nucléolos únicos ou ausentes. Além disso, possuem as bordas franjadas (plumagem) devido à protrusão nuclear. Neoplasias malignas cérvico-vaginais Adenocarcinoma endocervical in situ (AIS): grande aglomerado de células colunares atípicas do tipo endocervical, com núcleos ovais, aumentados de tamanho, às vezes alongados (setas). O aspecto em plumagem (feathering) é nitidamente observado na periferia do aglomerado. Neoplasias malignas cérvico-vaginais Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.php?flag=0&lang=4&Id=cyto6152&cat=F2b Adenocarcinoma endocervical invasivo: Características importantes do adenocarcinoma invasivo que são observadas nos esfregaços, tais como: pleomorfismo nuclear, bordas nucleares espessas e irregulares, a cromatina irregularmente distribuída, presença de nucléolos mais proeminentes e diátese tumoral, quando presentes, indicam invasão. Contudo, as células apresentam uma formação arquitetural paliçada ou colunar das células endocervicais (epitélio cilíndrico simples) e podem se apresentar em aglomerados papilar ou glandular, mitoses são mais frequentes. O citoplasma claro pode apresentar vacúolos discretos e escassos. Neoplasias malignas cérvico-vaginais Adenocarcinoma invasor: aumento médio de uma área com uma população significativa de células colunares atípicas, dispostas em agregados irregulares. Notar também a presença de células atípicas bem preservadas isoladas. Enorme desorganização e dispersão celular. Neoplasias malignas cérvico-vaginais Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.php?flag=0&lang=4&Id=cyt16235&cat=F2c Adenocarcinoma endometrial O adenocarcinoma endometrial acomete as células endometriais (epitélio cilíndrico simples). As características citológicas do adenocarcinoma endometrial observado no esfregaço são células isoladas ou distribuídas em pequenos conjuntos, citoplasma escasso, cianofílico e vacuolizado. Também pode ter variação do tamanho nuclear, perda da polaridade nuclear, hipercromasia moderada com a cromatina irregularmente distribuída, pode ser evidenciada a presença de nucléolos, que é proporcional ao aumento do grau da lesão. Contudo, em cerca de um terço dos casos pode ser vista a presença de diátese tumoral. Neoplasias malignas cérvico-vaginais Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_detail.p hp?flag=0&lang=4&Id=cyt19074&cat=G1 Nas neoplasias malignas cérvico-vaginais, a classificação é de grande aglomerado de células colunares atípicas do tipo endocervical, com núcleos ovais aumentados de tamanho, às vezes alongados. O aspecto em plumagem (feathering) é nitidamente observado na periferia do aglomerado. Refere-se a qual neoplasia? Interatividade Adenocarcinoma endocervical in situ. Resposta Citologia em meio líquido: Surgiu na década de 1990 para realização de exames citopatológicos para o rastreamento do câncer do colo do útero. Esta técnica surgiu para resolver algumas limitações da citologia convencional, por exemplo, sobreposição celular ou baixa representatividade celular no esfregaço, causada por uma coleta inadequada ou até mesmo amostra insuficiente. Diante disso, foi desenvolvido um sistema que retém apenas as células epiteliais e remove artefatos, sangue ou muco. Consequentemente, esta metodologia aumenta a sensibilidade, especificidade e melhora a eficiência no manejo de amostras, e também na produtividade do laboratório. Outro aspecto importante é a possibilidade de realizar testes complementares como de biologia molecular no mesmo material encaminhado para o estudo citológico. Outros métodos diagnósticos complementares à citopatologia cérvico-vaginal O procedimento técnico da citologia em meio líquido consiste na suspensão e centrifugação de células provenientes do material coletado em líquido fixador, obtendo-se, a seguir, uma fina camada de células sobre a lâmina. Com menor quantidade de matriz de fundo, a citologia em meio líquido também foi chamada de citologia de monocamada ou camada fina. Vantagens: melhor preservação celular e distribuição das células analisadas; também reduz a quantidade de muco, exsudato inflamatório e hemácias. Diminui o tempo de leitura, além disso, é possível repetir o teste da amostra sem a necessidade de coletar uma nova amostra. Pode ser usado para testes de biologia molecular para vírus como o Papiloma vírus humano, Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, entre outros microrganismos patogênicos e o número de amostras insatisfatórias para avaliação diminui também. As desvantagens são o alto custo de equipamentos, manutenção e treinamento técnico. Citologia em meio líquido ThinPrep (Pap test) O método ThinPrep (Pap test) significa em português preparado fino. É realizado o preparo da lâmina microscópica da citologia em base líquida, que pode ser realizada por equipamentos semiautomatizados (ThinPrep Processor 2000) ou completamente automatizados, que depois passam por um processo de filtragem do líquido que impede que artefatos, hemácias, células inflamatórias e elementos de obscurecimento sejam transferidos para a lâmina. No final, permite que a transferência do material seja em uma única camada fina de células. Citologia em meio líquido Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_list.php?cat=A2b&lang=4 Citologia em meio líquido Citologia em meio líquido: células escamosas superficiais e intermediárias e um grupamento de células colunares endocervicais. Fonte: https://screening.iarc.fr/atlascyto_list.php?cat=A2e&lang=4 BD SurePath™ (Prep Mate e Prep Stain) são equipamentos automatizados e permitem o processamento e coloração das amostras cervicais. Mas, antes de processar a amostra é necessário utilizar um kit de coleta contendo uma escova endocervical específica, que após a coleta da amostra cérvico-vaginal é colocada em um recipiente com líquido preservante, no qual preserva as células por um mês sem refrigeração, em temperatura ambiente (15 ºC a 30 ºC) e por seis meses em temperatura de 2ºC a 8ºC. Depois de fazer a coleta é utilizado o equipamento PrepMate™ que automatiza o processo de enriquecimento inicial da mistura e distribuição da amostra. Posteriormente, a coloração da lâmina é realizada pelo equipamento automatizado PrepStain™, que no final fornece resultados padronizados e de alta qualidade na citologia em meio líquido. SurePath (BD Sure Path™ Pap test) A leitura automatizada para o rastreamentode alterações do colo de útero é realizada através do sistema BD FocalPoint™ GSImaging System e BD FocalPoint™ GS Review Station onde, por meio de um computador, todas as imagens das células das lâminas são digitalizadas, avaliadas e quantificadas em algoritmos que identificam tanto alterações em células escamosas como em glandulares, atribuindo-se uma pontuação (0,0 a 1,0). Consequentemente, o equipamento armazena todos os dados das lâminas e depois localiza e indica os locais com anormalidade significativa. Este equipamento rastreia 240 lâminas em 24 horas, é um método eficaz que aumenta a exatidão do exame. SurePath (BD Sure Path™ Pap test) A maioria das técnicas utilizadas na rotina clínica consegue diagnosticar as lesões cervicais. No entanto, não permitem detectar a presença do vírus, e para determinar o genótipo do vírus são necessários métodos complementares, por exemplo, reação em cadeia da polimerase (PCR), criado em 1983, é uma técnica de biologia molecular que promove, in vitro, a geração de um milhão de cópias a partir de uma única molécula de DNA, na presença da enzima DNA polimerase após amplificação de 30 ciclos. A reação de PCR se baseia no anelamento e extensão enzimática de um par de oligonucleotídeos utilizados como iniciadores (primers), que delimitam a sequência de DNA de fita dupla, alvo da amplificação. Reação de cadeia de polimerase (PCR) O avanço das técnicas de biologia molecular permitiu o conhecimento dos genomas de muitos tipos de Papilomavírus Humano (HPV), e o método de PCR é excelente e mais sensível para a identificação da genotipagem do vírus existente nas amostras cérvico- vaginais, pois auxilia na resolução do diagnóstico citopatológico e histopatológico das lesões precursoras do câncer do colo de útero e proporciona um tratamento mais apropriado para cada paciente. Reação de cadeia de polimerase (PCR) A captura híbrida 2 (CH2) é o método molecular utilizado para a detecção de HPV. Esta técnica baseia-se na hibridização de DNA de HPV alvo, com sondas de RNA específicas contra os tipos de HPV considerados de baixo risco e alto risco oncogênico em amostras cérvico-vaginais. As principais etapas desta técnica são: desnaturação, depois é realizada a hibridização, captura dos híbridos, reação dos híbridos com o conjugado, e posteriormente a detecção dos híbridos através quimioluminescência. Quando o resultado da captura híbrida for negativo e as técnicas de PCR apresentarem resultado positivo, deve-se considerar o resultado da PCR, pois as técnicas de PCR são realizadas com iniciadores (primers) específicos para a detecção dos tipos de HPV de baixo e alto risco. Captura híbrida A técnica de imuno-histoquímica é realizada através da reação antígeno-anticorpo, a detecção pode ser pelo método direto ou indireto. O método direto detecta um anticorpo marcado conjugado, que reage com o antígeno que está presente na amostra do tecido através da detecção do cromógeno por meio da enzima catalizadora que está ligada ao anticorpo. Já no método indireto, um anticorpo primário não marcado reage com o antígeno presente no tecido, um segundo anticorpo ligado a uma enzima catalizadora se liga ao complexo primário, resultando em um tecido marcado com a coloração específica do cromógeno. Imuno-histoquímica Histologicamente, o condiloma imaturo é uma lesão que ocorre devido à proliferação de células escamosas imaturas com atipia citológica e está a associado à infecção pelo HPV, geralmente pelos tipos de HPV de baixo risco, 6 e 11. A definição diagnóstica da condiloma imaturo é dada pelo estudo histopatológico, muitas vezes sendo necessários testes complementares como a imuno-histoquímica para os marcadores p16 e CK 17. Alguns estudos demonstraram uso de marcadores p16 e Ki-67, para auxiliar no diagnóstico histopatológico e como marcadores prognósticos das lesões intraepiteliais do colo uterino. Além disso, sugere que p16 melhora a concordância diagnóstica de NIC 2 ou lesões mais graves, mas o mesmo não ocorre de forma significativa na categoria de NIC 3 ou lesões mais graves. Imuno-histoquímica ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar