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Hitória e geogrfia do Mato Grosso

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SISTEMA DE ENSINO
HISTÓRIA E 
GEOGRAFIA DE 
MATO GROSSO
História do Mato Grosso I
Livro Eletrônico
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História do Mato Grosso I
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Cleber Monteiro
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................3
História do Mato Grosso I ...........................................................................................................................................4
Formação Histórico-Territorial do Estado do Mato Grosso ....................................................................4
Tratado de Tordesilhas ................................................................................................................................................5
Bandeiras Paulistas .......................................................................................................................................................6
A Fundação de Cuiabá ...................................................................................................................................................7
Os Irmãos Leme .................................................................................................................................................................8
As Monções .......................................................................................................................................................................12
Consolidação da Posse Portuguesa ...................................................................................................................14
Tratados e Limites .........................................................................................................................................................16
A Província de Mato Grosso e o Império Brasileiro ....................................................................................19
Oficialização da Capital em Cuiabá ....................................................................................................................20
A Rusga ................................................................................................................................................................................21
Guerra da Tríplice Aliança ........................................................................................................................................ 22
Escravidão Africana e Resistência .....................................................................................................................25
Economia de Mato Grosso durante a Colônia e a República ............................................................... 29
Erva-Mate ..........................................................................................................................................................................29
Poaia .....................................................................................................................................................................................29
Cana-de-Açúcar ..............................................................................................................................................................30
Pecuária e Saladeiros ..................................................................................................................................................31
Resumo ...............................................................................................................................................................................32
Questões de Concurso ...............................................................................................................................................35
Gabarito ..............................................................................................................................................................................55
Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................56
Referências .......................................................................................................................................................................85
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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História do Mato Grosso I
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Cleber Monteiro
ApresentAção
Olá, futuro(a) concursado(a)!
Como você está? Firme e forte nos estudos? Sou o professor Cleber Monteiro, graduado 
em Geografia e pós-graduado em coordenação pedagógica e supervisão escolar. Aprovado 
nos concursos da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) e Polícia Militar do Estado 
de Santa Catarina (PMSC). Atualmente sou professor do Colégio Militar Dom Pedro II, em Bra-
sília, e ministro aulas em vários cursinhos preparatórios para carreiras militares e concursos 
públicos, nas disciplinas de geopolítica, RIDE-DF, atualidades, história e geografia dos estados 
e municípios. E agora estamos juntos pelo Gran Cursos, para que você possa conseguir a sua 
tão sonhada aprovação no serviço público.
Você verá ao longo desse material que estudar a história e a geografia de um município, 
por maior que seja o conteúdo, é supertranquilo. Como em todas as outras disciplinas, iremos 
usar estratégia para que você poupe seu tempo e consiga assimilar o maior número de co-
nhecimento necessário para a sua prova, sempre focando naqueles assuntos pertinentes em 
certames anteriores.
Ao longo desse material, você encontrará dicas e lembretes que o(a) ajudarão na com-
preensão do conteúdo. Nessa etapa iremos focar e destrinchar a história colonial e imperial 
do Mato Grosso e os principais acontecimentos. Ao final, teremos uma bateria de questões 
comentadas para serem resolvidas. Lembre-se, só passa em concurso quem faz questões, 
portanto faça todas!
Eu e toda a equipe do GRAN estamos aqui para oferecer tudo o que for necessário para sua 
aprovação. Em caso de dúvidas, entre em contato pelo fórum que terei um enorme prazer em 
lhe atender. Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir.
Cleber Monteiro - @Profclebermonteiro
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História do Mato Grosso I
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Cleber Monteiro
HISTÓRIA DO MATO GROSSO I
FormAção Histórico-territoriAl do estAdo do mAto Grosso
A chegada dos portugueses ao Brasil foi um acontecimento histórico que marcou a expan-
são ultramarina europeia. Mas eles não estavam sozinhos nessas novas terras, pois a partir da 
chegada de Cristóvão Colombo em 1492, os espanhóis começaram a ocupar terras da região 
e, consequentemente, gerando disputas com os portugueses.
Após diversas negociações, Portugal e Espanha assinaram um acordo denominado como 
Tratado de Tordesilhas para delimitar a divisão do mundo descoberto e por descobrir. Foi tra-
çada uma linha imaginária a 2.055 km das ilhas de Cabo Verde, sendo território da Espanha as 
terras localizadas a oeste da linha e aos portugueses as que estavam a leste. Dessa Maneira, 
Portugal permaneceu com o domínio da costa atlântica da América do Sul, porém o território 
que seria o atual estado de MatoGrosso pertenceria a Espanha.
Disponível em: < https://bonifacio.net.br/tratado-de-tordesilhas/>. Acesso em: 19 de jan. 2022
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História do Mato Grosso I
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Cleber Monteiro
trAtAdo de tordesilHAs
Inicialmente o território mato-grossense era espanhol, dessa forma eles foram os primei-
ros a explorar a região. O pioneiro foi o português Aleixo Garcia, que era membro da expedição 
espanhola, que com outros cinco companheiros organizaram uma expedição com mais de 
dois mil índios e se dirigiram para o interior do continente. Eles chegaram ao Pantanal Mato-
-Grossense através do Rio Paraguai e atingiram o Império inca, próximo à Bolívia, onde saque-
aram vilarejos e resolveram retornar ao litoral para buscar reforços.
Aleixo Garcia participou da caravana que naufragou no Rio da Prata e refugiou-se na ilha de 
Santa Catarina. Na ilha, Garcia e outros sobreviventes criaram relações amistosas com índios 
Guaranis e os indagava constantemente sobre a existência de metais preciosos. Ele foi assas-
sinado em Mato Grosso após um ataque realizado pelos Paiaguá ao acampamento criado por 
ele próximo à atual cidade de Corumbá.
As entradas espanholas no território Mato-Grossense apresentavam um caráter explorató-
rio e se limitavam ao Pantanal, que era denominado pelos espanhóis de Laguna de los Xarayes 
(Lagoa de Xarayes). Ocupada por diversos povos indígenas, os espanhóis afirmavam que ali 
tinha uma grande quantidade de metais preciosos e que, por meio dos rios que a cortavam, 
seria possível chegar ao Império Inca citado por Aleixo Garcia.
Várias expedições criaram portos na Lagoa de Xarayes, tornando-se base para a conquista 
e exploração daquela região. Porém, como as terras localizavam-se além da Linha de Tordesi-
lhas e era alvo de constante disputa entre os portugueses, os espanhóis focaram apenas em 
explorar reservas metálicas, não realizando núcleos urbanos.
Em 1542, o governador Alvar Nuñez Cabeza de Vaca realizou uma expedição com 90 homens 
à Lagoa de Xarayes e entregou seu comando a Domingo Martinez de Irala. Em 1543, chegaram 
a grandes baías que estavam ligadas ao Rio Paraguai por diversos cursos de água. Na margem 
da Lagoa Gaíba, ele tomou posse da área em nome da Coroa espanhola e a chamou de Puerto 
de los Reys, o primeiro posto avançado de apoio e o principal entroncamento para a exploração 
do Mato Grosso. Em 1543, Cabeza de Vaca mandou construir uma capela para congregar os 
Sacocie, Chané e Guaxarapo, etnias que se tornaram cristãos e desenvolviam relações pacíficas 
com os conquistadores. Uma outra obra atribuída a Domingo Martinez de Irala em Mato Grosso, 
foi a de Puerto San Fernando, no Rio Paraguai, próximo à atual cidade de Corumbá, em 1547.
O primeiro povoado em Mato Grosso foi estabelecido em 1580 por Ruy Diaz de Melgarejo, 
nas margens do atual Rio Miranda, chamado de Santiago de Xerez. Esse mesmo povoado foi 
refundado em 1593 por Ruy Diaz de Guzman, permanecendo até 1632, quando seus morado-
res abandonaram a região por pressão dos bandeirantes paulistas. Portanto, as tentativas de 
ocupação espanhola na região não prosperaram, fazendo com que vilas, missões jesuíticas e 
portos fossem abandonados. Esse abandono foi motivado também pela descoberta das mi-
nas do Potosi, em 1545, e a comprovação de que não existiam riquezas no Lago de Xarayes. 
Tudo isso contribuiu para ocupação portuguesa na região.
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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
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BAndeirAs pAulistAs
Desde o século XVI, portugueses organizavam expedições para explorar o interior do Bra-
sil. Mas foi somente o século XVII que os bandeirantes ganharam maior relevância, sendo São 
Paulo o centro irradiador. O bandeirismo foi fundamental para a expansão geográfica dos do-
mínios portugueses, consequentemente, ultrapassando o meridiano de Tordesilhas.
O
bj
et
iv
os
 d
as
 b
an
de
ira
s
Buscar indígenas para 
serem comercializados 
como escravos;
Ataques aos quilombos;
Busca de metais 
preciosos.
Entre as principais bandeiras pioneiras que devastaram o território de Mato Grosso, podemos 
destacar as de André Fernandes, que contornou a ilha do Bananal e atravessou os municípios 
de Novo Santo Antônio, São Félix do Araguaia, Luciara e Santa Terezinha, e a de Antônio Raposo 
Tavares, que organizou vários ataques às missões jesuíticas do Itatim e iniciando a travessia do 
continente sul-americano pelos rios Paraguai, Guaporé, Mamoré, Madeira, até atingir a foz do Rio 
Amazonas. A expedição de Manoel de Campos Bicudo também merece destaque, pois esteve na 
confluência dos rios Cuiabá e Coxipó, além da Chapada dos Guimarães e na região do Araguaia.
Disponível em: < http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/band_apres.html>. Acesso em: 19 de jan. 2021.
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História do Mato Grosso I
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
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A FundAção de cuiABá
Em 1717, a bandeira de Antônio Pires de Campos atingiu a foz do Rio Coxipó, local no 
qual existia um pouso de passagem para os bandeirantes. Ao analisar a região, encontrou-se 
com uma aldeia da nação Coxiponé. Ele realizou várias prisões de indígenas e queimou suas 
malocas. Quando retornava para São Paulo, deparou-se com a bandeira de Pascoal Moreira 
Cabral, que resolveu concluir as ações de Antônio Pires aos remanescentes Coxiponé. Porém, 
os nativos impuseram uma forte resistência à nova bandeira, obrigando-os a recuarem para 
São Gonçalo Velho e esperarem reforços para continuar a empreitada.
Na região, Pascoal Moreira Cabral descobriu nas margens do Rio Coxipó a presença de 
ouro, alterando os objetivos iniciais dos bandeirantes, ou seja, iriam parar de buscar índios para 
serem aprisionados para começar a exploração do metal precioso. Mas a chegada de outras 
expedições fez com que Pascoal buscasse meios para reivindicar a descoberta e garantir o 
direito a exploração. Ele fez um termo comunicando às autoridades paulistas o grande achado 
e, posteriormente, despachou ao governador o registro escrito e algumas amostras de ouro.
Esse documento foi datado em 8 de abril de 1719, e foi a data escolhida para assinalar a 
fundação de Cuiabá. São Gonçalo Velho deixou o aspecto de acampamento provisório e tor-
nou-se o primeiro arraial na área do atual município de Cuiabá.
A descoberta das minas auríferas provocou uma intensa onda migratória de paulistas para 
a região de Cuiabá, aliás os paulistas tinham sido expulsos de Minas Gerais após a derrota na 
Guerra dos Emboabas. A notícia da descoberta se espalhou de uma forma muito rápida, sendo 
apresentado ao Conselho Ultramarino, em Lisboa, no dia 31 de outubro de 1719. Importante 
lembrar que inúmeras expedições formadas por paulistas e forasteiros foram para Cuiabá des-
conhecendo o caminho que deveriam percorrer, fazendo com que ao invés de encontrar o ouro 
encontrassem a morte.
Em 1721 surge um novo arraial na região dos riosCoxipó e Mutuca, criado pelo bandeirante 
Antônio de Almeida Lara, recebeu o nome de Forquilha. Nele foi erguida a Capela de Nossa Se-
nhora da Penha de França e celebrada uma missa em ação de graças pelos minerais achados. 
Futuramente, esse arraial foi chamado como Coxipó do Ouro e teve como padroeira Nossa 
Senhora do Rosário, sendo elevado à condição de distrito do município de Cuiabá.
Uma nova reserva de ouro foi encontrada em 1722 por dois índios que trabalhavam na 
condição de escravos. O achado localizava-se na região onde atualmente ergue-se a Igreja de 
Nossa Senhora do Rosário e São benedito, na margem do Córrego Prainha. No primeiro mês 
foi extraído, aproximadamente, 400 arrobas de ouro, o que seria algo próximo a seis mil quilos. 
Vários sertanistas foram para a região que ficou conhecida como Lavras do Sutil, originando o 
um novo arraial sob a invocação do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, posteriormente simplificado 
para Cuiabá.
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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
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Disponível em: < https://moisesmartinsjr.wordpress.com/2016/01/12/ata-da-fundacao-de-cuiaba/>. Acesso em: 
19 de jan. 2021.
Essa nova área de exploração aumentou o interesse da Coroa Portuguesa, que tinha cons-
tantes disputas com os espanhóis. Os portugueses poderiam perder o controle das minas para 
os próprios súditos, pois a ocupação do Vela do Rio Cuiabá foi resultado da ação de indivíduos, 
movidos por ambição de riquezas, sem que houvesse participação direta do Estado no finan-
ciamento deste empreendimento.
os irmãos leme
Os metais descobertos em Cuiabá despertaram grandes temores nas autoridades metro-
politanas e em seus representantes na Colônia. Eles tinham o receio que a região se tornasse 
alvo de cobiça espanhola, aliás, as minas eram vizinhas aos seus domínios. Por outro lado, o 
alto fluxo migratório reuniu muitas pessoas em um local distante e inóspitos, fora do controle 
da Coroa Portuguesa. Essa realidade poderia criar lideranças que desafiariam o poder central 
e estimulariam uma revolta contra Portugal.
Era necessário então estabelecer a autoridade nas minas cuiabanas, instalando um apa-
rato político-administrativo e fiscal na região capaz de conter a inquietude da população. É 
importante lembrar que muitos habitantes daquele local já tinham vivenciado realidades pare-
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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
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cidas em Minas Gerais, como, por exemplo, a Revolta de Vila Rica. A missão foi atribuída a Ro-
drigo César de Menezes, governador da capitania de São Paulo, à qual Mato Grosso pertencia 
até o ano de 1748.
Para administrar a região das minas nos primeiros anos de ocupação portuguesa, os pró-
prios moradores elegeram Fernando Dias Falcão para capitão-mor e Pascoal Moreira Cabral 
para o cargo de guarda-mor. Em 1719, João Leme da Silva e Lourenço Leme, irmãos sertanis-
tas oriundos de Itu, onde moravam, desembarcaram em São Gonçalo Velho. Considerados fora 
da lei, trouxeram uma lista extensa de violências praticadas em São Paulo e nas Minas Gerais. 
Entre os delitos, existiam estupros e assassinatos, destacando o do sertanista Antônio Fernan-
des de Abreu, em 1717.
A ordem nas minas começou a ser ameaçada pelos irmãos, que romperam com Moreira 
Cabral e Dias Falcão. Um dos pontos da discórdia foi a disputa pela vigararia de Cuiabá, pois 
os irmãos queriam que o Padre Manuel de Campos Bicudo, assumisse a função eclesiástica. 
Porém, essa função era exercida pelo Padre Francisco Justo, nomeado pelo Rio de Janeiro. Os 
Leme afirmavam que Moreira Cabral e Dias Falcão não iriam expulsar o sacerdote de Cuiabá, e 
logo começaram a realizar contra ele uma série de violências para forçar sua fuga.
A Coroa Portuguesa já tinha experiência para colocar em prática meios de controle da po-
pulação mineradora. O governador atribuiu aos irmãos importantes cargos de mando em Cuia-
bá: provedor dos quintos para Lourenço Leme e mestre de campo regente para João Leme. 
Dessa forma, o governo central conseguia uma aproximação dos poderosos locais a estrutura 
estatal, tornando-os agentes para a instalação do governo metropolitano nos sertões cuiaba-
nos, em troca de benefícios.
Em 1723, os irmãos retornaram à São Paulo a fim de receberem os regimentos e a investi-
dura nos cargos, hospedando-se na residência do provedor. Porém, este desejava tomar posse 
da riqueza amealhada pelos dois sertanistas nas minas cuiabanas e convenceu o filho de 
Antônio Fernandes de Abreu a formalizar denúncia à ouvidoria contra os Leme. Porém João e 
Lourenço recusaram os cargos que foram investidos, pois afirmaram que ocupavam cargos de 
maior importância em Minas Gerais. Essa recusa foi interpretada como uma manifestação de 
rebeldia e insolência ao governador paulista. Uma ordem de prisão foi decretada pelo ouvidor, 
mas os irmãos escaparam do cerco e refugiaram-se na mata com seus homens.
Mas, em 1723, João Leme foi encontrado e enviado para a Bahia, sendo executado em um 
cadafalso, já Lourenço foi morto a tiros enquanto dormia, após ser denunciado pela própria 
madrinha, onde tinha buscado refúgio.
A morte desses dois irmãos permitiu a Rodrigo César de Menezes organizar sua política 
para promoção da presença do Estado português na região central da América do Sul. Para 
diminuir os abusos que ocorriam em Cuiabá, o governador tomou diversas medidas, entre elas:
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M
ed
id
as
Obrigatoriedade de 
passaporte para quem 
quisesse passar às minas
Interdição do caminho 
que atravessava o Campo 
das Vacarias 
Evitando incidente com as 
autoridades espanholas
Proibição de abertura de 
novas picadas na direção 
de Cuiabá.
Essas medidas eram disciplinadoras para o povoamento tão distante, com o objetivo de 
impedir qualquer movimento desordenado.
Para estabelecer a governança portuguesa na região, necessitava da vinda do governador 
ao arraial, pois era preciso fiscalizar as minas cuiabanas, proporcionando maior eficiência na 
arrecadação dos impostos devidos à Coroa, motivar a descoberta e exploração de novas áreas 
auríferas, além de integrar aquela região à América portuguesa.
No dia 16 de julho de 1726, Rodrigo César de Menezes partiu para Cuiabá acompanhado 
por aproximadamente três mil pessoas, chegando ao destino quatro meses depois. Uma das 
primeiras providências tomadas pelo governador foi cumprir a determinação de Dom João V: 
fundar uma vila nas proximidades de Cuiabá. Em 1º de janeiro de 1727, o arraial surgido nas 
Lavras do Sutil tornou-se a Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, implantando uma estru-
tura político-administrativa e jurídica para atender os objetivos da Coroa Portuguesa na região.
Dessa maneira, Cuiabá ganhou uma posição privilegiada entre as cidades do mundo por-
tuguês, pois se tornou sede de município com aparato judiciárioe administrativo na própria 
localidade. Quando Cuiabá é elevada a categoria de vila, Rodrigo César de Menezes come-
çou a organizar o espaço português em território mato-grossense, criando os fundamentos 
do Estado metropolitano. Uma outra medida adotada foi a concessão de sesmarias, espécie 
de recompensa oferecida pela Metrópole. Cultivar a terra era um pré-requisito para receber a 
sesmaria, o que era necessário ter poder econômico e escravos pelo suplicante para conseguir 
as terras.
Mudar a sede do governo paulista para Cuiabá possibilitou uma estruturação na organi-
zação fiscal na própria área mineradora, ocasionando um aumento da Fazenda Real, fortale-
cendo economicamente o reino português. Ele ainda foi o responsável pela criação da Casa 
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de Fundição na própria capital paulista para marcar com o selo português o ouro retirado das 
lavras, estabeleceu cobrança dos quintos por bateias e mandou levantar posto de registro no 
Rio Grande para fiscalizar todos os produtos que por ali passavam.
Logo após seu desembarque na região mineradora, impôs punições aos cativos que ocul-
tavam o ouro extraído das lavras, além de combater práticas julgadas desviantes aos propósi-
tos de aumento do tesouro real, como jogatinas, bebedeiras, prostituição, arruaças e roubos.
Todas essas medidas rigorosas impostas aos moradores de Cuiabá tinham o objetivo de 
contribuir para o enriquecimento da Coroa portuguesa. Porém, dentro da própria estrutura go-
vernamental, tinha pessoas que defendiam o pensamento oposto, como podemos observar 
nos roubos dos quintos reais recolhidos nas minas cuiabanas.
Em 1728, foi encaminhado a Lisboa o quinto recolhido nas minas durante a estada do go-
vernador. A contribuição dos cuiabanos foi recebida em cerimônia por Dom João V e vários 
membros da família e do governo. Quando abriram as caixas lacradas em São Paulo, tomou-se 
conhecimento de que o ouro foi trocado por chumbo. Esse fato escancarou a corrupção na 
administração dos territórios ultramarinos. O furto havia sido cometido por algum funcionário 
que tinha acesso aos quintos reais, sendo futuramente identificado e responsabilizado Sebas-
tião Fernandes do Rego, o mesmo que havia tramado contra os irmãos Leme em 1723.
As práticas administrativas tomadas por Rodrigo César em Cuiabá ocorreram em um perí-
odo em que a produção já estava em decadência na geração do ouro de aluvião. Essa queda 
na produção associada à rígida estrutura administrativa e fiscal provocou um intenso êxodo 
populacional para outras regiões. Muitas pessoas retornaram para São Paulo, outras foram 
para o Goiás e outras foram direcionadas para minas secundárias mato-grossenses. Portanto, 
Rodrigo César contribuiu para aumentar a ocupação do território com a formação de núcleos 
mineradores próximo aos atuais municípios de Acorizal, Chapada dos Guimarães, Diamanti-
no, Nortelândia, Nossa Senhora do Livramento, Poconé, Rosário Oeste e Vila Bela da Santíssi-
ma Trindade.
A área de exploração que teve maior importância durante a dispersão populacional foi a 
das minas do Vale do Guaporé, local onde posteriormente criaram a Vila Bela da Santíssima 
Trindade. A descoberta foi atribuída aos irmãos Fernando e Artur Paes de Barros, que locali-
zaram os aluviões auríferos próximos ao Rio Galera, afluente do Guaporé, após passarem por 
uma mata densa e fechada a que denominaram como Mato Grosso. Novos descobertas de 
ouro originaram vários novos arraiais. Os portugueses precisavam assegurar a posse dos ter-
ritórios explorados, pois juridicamente eram terras espanholas.
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As monções
A política das sesmarias, estabelecida por Rodrigo César de Menezes em Cuiabá, gerou 
uma estrutura de produção voltada para gêneros básicos, pois o abastecimento dos distritos 
mineradores adquiria uma importância para manter a ordem e o desenvolvimento da área con-
quistada. Dessa forma, o estabelecimento de propriedades rurais resulta no surgimento de 
sistema agropastoril com o objetivo de abastecimento interno das minas, provendo as neces-
sidades alimentares básicas da população.
Desde a descoberta de metais preciosos até por volta de 1838, a comunicação entre Cuia-
bá e São Paulo ocorreu através da navegação fluvial, surgindo as monções. Elas ocorriam 
de duas formas distintas: as formadas pelo governo e as efetuadas por particulares. As do 
governo levavam forças militares e autoridades administrativas, já as monções particulares 
realizavam comércio com as áreas mineradoras.
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na
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Instrumentos de 
trabalho
escravos
animais
porcos
galinhas
bois
cavalos
produtos 
manufaturados
Sal
vinho
armas
pólvora
tecidos
Objetos para 
culto religiosos
Geralmente, o roteiro percorrido utilizava os rios Tietê, Grande (Paraná), Pardo, Coxim, Ta-
quari, Paraguai, Porrudos (São Lourenço) e Cuiabá. As saídas das monções com destino para 
Cuiabá ocorriam entre abril e junho. Cada batelão poderia levar até seis mil quilos de mercado-
ria, sendo movimentado por remos e guiados por um piloto que mantinha o curso da embarca-
ção com um leme.
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O percurso hídrico, que era superior a 3.500 Km e durava aproximadamente cinco meses 
para ser finalizado, apresentava diversos obstáculos, entre eles:
• ambientes inóspitos;
• variação do volume de água nos rios;
• cachoeiras que precisavam ser transpostas;
• enfermidades tropicais;
• dificuldades na obtenção de alimentos;
• naufrágios;
• ataques indígenas.
Devido a esses fatores, nem todos os comboios foram bem-sucedidos em suas empreita-
das. Portanto, nem sempre embarcar no porto em São Paulo significaria que os viajantes iriam 
desembarcar nas minas cuiabanas, pois os perigos eram diversos. Importante destacar que 
os custos da difícil viagem eram repassados aos produtos que os comerciantes revendiam em 
Cuiabá, tornando-os extremamente caros, sendo o ouro a moeda corrente utilizada.
Disponível em: < http://historiografiamatogrossense.blogspot.com/2009/03/atividades-de-historia-de-mato-
-grosso_30.html>. Acesso em 19 de jan. 2021.
Durante as monções, um dos maiores perigos enfrentados eram os ataques de sociedades 
indígenas, motivo pelo qual os viajantes preferiam percorrer o trajeto em comboio para mini-
mizar os possíveis ataques.
A Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá era extremamente dependente das monções 
para suprir os gêneros para a subsistência da população, o que era inconstante, incerta e variá-
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vel a oferta por conta das dificuldades para chegar à região, principalmente devido aos ataques 
indígenas. Tudo isso fez necessária a abertura de um sistema terrestre para as tropas de ani-
mais de carga. Mediante a essa necessidade, em 1736 o sertanista Antônio de Pinho Azevedo 
iniciou a abertura caminhos terrestres para Vila Boa de Goiás, onde a rota interligaria a outras 
regiões do Centro-sul da Colônia.
A Vila Real tornou-se o terminal para os tropeiros oriundos de São Paulo, Rio de Janeiro e 
Salvador. Eles eram responsáveis por levarem mercadorias destinadas aos centros urbanos da 
Capitania. A partir de Cuiabá uma pequena malha viária se estendia da Chapada dos Guima-
rães, Diamantino, Vila Maria e Vila Bela da Santíssima Trindade, onde os produtos eram vendi-
dos pelos comerciantes cuiabanos. Com a regressão no sistema fluvial, a região de Mato Gros-
so se tornou extremamente dependente dos tropeiros, e a via terrestre passou a ser o principal 
meio de transporte de cargas e comunicação até a abertura da navegação no Rio Paraguai.
consolidAção dA posse portuGuesA
A ação dos bandeirantes e as descobertas auríferas foram fatores que promoveram a ex-
pansão do território português para o oeste até se encontrar com os territórios da Espanha, 
no Vale do Guaporé. Mas essa expansão foi realizada com limites imprecisos e emaranhados, 
sem respaldo do Tratado de Tordesilhas. Dessa forma, as conquistas necessitavam de meios 
diplomáticos e maior controle metropolitano do território para garantir a posse sobre as áreas 
espanholas.
A primeira ação portuguesa para integrar Mato Grosso ao seu domínio foi realizada junto 
ao papa Bento XIV. Em 1745, mediante a bula Candor lucis Aeternar, o papa criou a prelazia 
de Cuiabá. Essa medida representou uma elevada importância na política europeia, pois Dom 
João V obteve, através do líder da Igreja Católica, o reconhecimento de sua expansão territorial 
para o oeste e, dessa forma, a violação do Tratado de Tordesilhas.
Somente em 1783 foi nomeado o primeiro titular, Dom frei José Nicolau de Azevedo Cou-
tinho Gentil, mas o prelado não se apresentou para a posse, motivando a escolha de outra 
pessoa: Dom Luís de Castro Pereira, sendo investido em 1808 no cargo. Durante o período que 
ficou vacante, Cuiabá continuou sob a jurisdição da Diocese do Rio de Janeiro.
Continuando sua política de concretizar as conquistas territoriais portuguesas sobre o ter-
ritório de mato-grossense, outra providência tomada foi a criação da capitania de Mato Grosso, 
que foi desmembrada de São Paulo. A instância político administrativa foi criada para super-
visionar os interesses metropolitanos na região através de governo sediado na própria área, 
formalizada em 1748. A Capitania abrangia os atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso 
do Sul e Rondônia.
A Capitania fazia uma imensa fronteira com os territórios da Espanha e era vista pelos 
portugueses como uma barreira de proteção ao avanço hispânico, tendo as seguintes carac-
terísticas:
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• Proteger seus núcleos populacionais;
• Proteger as minas auríferas;
• Coibir o avanço das missões jesuíticas espanholas;
• Garantir o tráfego fluvial pelos rios Paraguai e Guaporé.
O primeiro governador da Capitania foi Antônio Rolim de Moura, em 1748. Em 1749, rece-
beu um documento da Rainha Mariana Vitória, com 32 medidas que deveriam ser praticadas 
na administração da Capitania. Entre elas podemos destacar:
• Fundar a capital no Vale do Guaporé e estimular seu povoamento com privilégios e isen-
ções de impostos;
• Criar tropas militares para guarnecer a fronteira e manter a segurança do território;
• Agir com diplomacia junto aos colonos de Castela nas questões fronteiriças;
• Proceder a levantamento cartográfico para fixar os limites de Mato Grosso com a capi-
tania de Goiás e o Grão-Pará;
• Verificar a possibilidade de estabelecer navegação e comércio com o Grão-Pará pela 
Bacia Amazônica;
• Criar aldeamento para índios mansos;
• Incentivar a criação de gado e de cavalos;
• Proibir a extração de diamantes.
O governador da capitania de Mato Grosso era o responsável pela execução da política 
metropolitana para a região, organizando as iniciativas de povoamento e produção, além de 
melhorar a fiscalização e o controle do processo de colonização. Porém, não podemos esque-
cer que sua função era também essencialmente militar e diplomática, já que era responsável 
por coordenar a defesa do território e estabelecer negociações com as autoridades coloniais 
espanholas em nome da monarquia portuguesa.
As Instruções Régias recebidas por Rolim de Moura deixavam claro que, por motivos estra-
tégicos, a sede do governo da Capitania não seria em Cuiabá, o mais antigo e principal núcleo 
urbano do oeste da Colônia. Essa atitude provocou insatisfação entre os moradores da Vila 
Real, que se sentiram desprestigiados pela Coroa.
Continuando com o cumprimento da ordem régia, Rolim de Moura foi até o Vale do Guaporé 
para fundar a vila-capital. Após inspecionar alguns arraiais, o governador decidiu pelo lugar 
chamado de Pouso Alegre. Teoricamente, esse sítio preenchia todos os requisitos estabeleci-
dos, entre eles se localizava nas margens do Rio Guaporé, terreno alto e um clima ameno.
Em 19 de março de 1752, o governo fundou a Vila Bela da Santíssima Trindade em um 
evento que contou com a presença de autoridades. Aos poucos o aparato político-administra-
tivo existente em Cuiabá foi transferido para Vila Bela. Porém, os cuiabanos tiveram conces-
sões, pois a Vila Real continuou sendo a sede da prelazia, além de ter a moradia do juiz de fora.
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Para aumentar a força do governo em Mato Grosso, foi implantada toda estrutura em Vila 
Bela da Santíssima Trindade, apresentada nos edifícios públicos em torno da praça central, 
que era uma referência para orientar as construções do aparto urbano.
A política de ocupação de Vila Bela da Santíssima Trindade foi ditada pelos imperativos 
geopolíticos da monarquia portuguesa, um contraponto ao processo de ocupação espontânea 
e desordenada que vivenciou Cuiabá. Para contrabalancear as longas distâncias em que a vila-
-capital se colocava dos demais centros e dos preços elevados das mercadorias, o governador 
concedeu isenção de impostos por 10 anos e suspendeu a execução de dívidas contraídas em 
outras localidades por três anos. Além de honras e privilégios expressos na doação de sesma-
rias e títulos da Coroa portuguesa. Isso resultou, no ano de 1755, em uma população de 500 
indivíduos na região.
Mas as observações positivas do governador sobre a nova capital estavam equivocadas, 
pois o quadro sanitário de Vila Bela era insalubre devido a doenças, febres e cheias do Rio 
Guaporé que inundavam parte da cidade. Essa situação foi bem explorada pela elite cuiabana 
para reivindicar a mudança da sede do governo para a Vila Real.
O sistema hidrográfico de Vila Bela da SantíssimaTrindade estava vinculado à Bacia Ama-
zônica e a interligando à uma extensa rede fluvial (Guaporé, Madeira e Amazonas). Por estar 
mais próxima de Belém, a importação de mercadorias e escravos era mais vantajosa do que as 
oriundas de Cuiabá. A operacionalização nesse sistema começou em 1754 e ficou conhecida 
como monções do norte, e o roteiro fluvial que ligava Cuiabá a São Paulo pela Bacia Platina 
passou a ser denominado de monções do Sul.
As trocas comerciais das monções do norte foram intensificadas quando surgiu a Compa-
nhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, responsável pela integração do Vale do Guaporé e 
das capitanias da Amazônia portuguesa ao sistema mercantilista colonial, chegando ao porto 
de Vila Bela duas monções por ano. A consolidação dessa rota comercial contribuiu para o en-
fraquecimento das monções do sul, mas, mesmo fornecendo mercadorias mais baratas e com 
maior regularidade, a empresa sofria críticas da população e das autoridades da Capitania por 
não suprir totalmente o mercado local, principalmente no que se referia à mão de obra escrava.
A redução na produção das Minas do Mato Grosso gerou um endividamento dos comer-
ciantes e moradores do Vale do Guaporé, acumulando grandes prejuízos e decaindo as rotas 
comerciais. Em 1788, a empresa foi extinta e criou uma queda brusca na oferta de gêneros e 
escravos na região. O abastecimento ficou cada vez mais precário e esporádico, e passou a 
ser feito por intermédio de Cuiabá, forçando um aumento nos preços das mercadorias e uma 
dependência da Vila-capital à Vila Real.
trAtAdos e limites
A soberania portuguesa sobre a região de Mato Grosso envolveu a assinatura de outro 
acordo: o Tratado de Madri. Negociado entre os governos ibéricos desde a década de 1740, 
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o tratado abarcou, além de Mato Grosso, as questões fronteiriças ao sul e norte da Colônia, 
atendendo aos interesses de ambas as partes.
Durante a negociação do acordo, Alexandre de Gusmão utilizou o princípio do uti possidetis 
para garantir a ampliação do território colonial. De acordo com esse fundamento, a determi-
nação da posse era dada pela efetiva ocupação, permitindo a Portugal incorporar todos os 
domínios conquistados pelos bandeirantes, sertanejos, religiosos e militares que violaram o 
Tratado de Tordesilhas. Em relação aos espanhóis, para manter o controle sobre a região plati-
na, ficaram com a Colônia do Sacramento e cederam aos portugueses a região dos Sete Povos 
das Missões, onde a população deveria ser transferida para outro local do território espanhol.
Em 1751, foram formadas pelas coroas ibéricas uma comissão para demarcar os limites 
sul-americanos. Em 1754, eles realizaram um marco divisório na foz do Rio Jauru, em uma 
área longe de inundações, de maneira a dividir fisicamente o espaço referente a cada monar-
quia e a não gerar mais discussões futuras sobre a posse.
Mas a demarcação das novas fronteiras criou uma forte resistência na região dos Sete 
Povos das Missões. Esse fato ganhou mais força durante a Guerra dos Sete Anos, na Europa, e 
suspendeu o Tratado de Madri temporariamente. Em 1761, foi instituído o Tratado de El Pardo, 
cancelando a última demarcação fronteiriça e estabelecendo que os limites voltassem a ser 
o determinado pelo Tratado de Tordesilhas em 1494. Inclusive, o Tratado de El Pardo ordenou 
que todas as balizas fronteiriças criadas fossem destruídas. Porém o Marco do Jauru conse-
guiu manter-se de pé e foi assentado, em 1883, na Praça Barão do Rio Branco, em Cáceres.
Os acordos em relação à fronteira ficaram pendentes até 1777, com a assinatura do Trata-
do de Santo Ildefonso. Esse novo tratado redefiniu as fronteiras criadas pelo Tratado de Madri, 
pois usou como base a ocupação efetiva como garantia de posse dos territórios.
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Cessão da Colônia do 
Sacramento e dos Sete Povos das 
Missões aos espanhóis
Devolução aos portugueses da 
Ilha de Santa Catarina, ocupada 
pelos espanhóis durante a Guerra 
dos Sete Anos
Nesse contexto, a fronteira mato-grossense foi mapeada pelos engenheiros portugueses 
Ricardo Franco de Almeida Serra e Joaquim José Ferreira, além dos astrônomos Antônio Pires 
da Silva Pontes Lemos E Francisco José Lacerda e Almeida. Já a Espanha, sem avançar em 
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terras que pertenciam a Portugal, atuou com Félix de Azara. Eles não criaram demarcações, 
apenas produziram dados cartográficos e medições astronômicas na região próxima ao Rio 
Guaporé e o Rio Igurei.
Porém o acordo de 1777 gerou uma disputa sobre os territórios entre os rios Apa e Blanco 
e se estendia até o Ivinhema, no Sul da capitania de Mato Grosso, onde o pacto determinava 
como território espanhol uma região ocupada por luso-brasileiros e que o governador Luís de 
Albuquerque se recusava a desocupar.
Durante o governo de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, quarto capitão-ge-
neral, que um verdadeiro escudo protetor foi construído na fronteira oeste. O principal objetivo 
era seu povoamento, militarização e defesa da região.
Você deve estar se perguntando: E os outros três capitães-generais? Fizeram o quê? O 
primeiro fundou a Vila Bela da Santíssima Trindade (1752), a Missão de São José (1754) e o 
Forte Nossa Senhora da Conceição (1763), que posteriormente passou a ser chamado Forte 
Bragança. Os sucessores, João Pedro da Câmara e Luís Pinto de Souza Coutinho, focaram no 
incremento populacional da Vila-capital, seu desenvolvimento econômico e seu fortalecimen-
to militar.
Mas foi Luís de Albuquerque que buscou implantar outras vilas, fortalezas e grandes proje-
tos militares entre os imensos sertões, para barrar um possível avanço espanhol nas terras a 
oeste de Mato Grosso. O principal objetivo da criação das vilas e fortes era reafirmar a perten-
ça daquele território ao reino português.
Suas ações relacionadas à defesa e militarização da fronteira podem ser observadas na 
edificação do Forte Coimbra, construído na margem direita do Rio Paraguai, entre os anos 
de 1775 e 1792, e no Forte Príncipe da Beira, na margem do Rio Guaporé. Para ajudar o For-
te Coimbra na consolidação do domínio português, foi estabelecido em 1778 o povoado de 
Albuquerque (atual Corumbá). Já o Forte Príncipe da Beira tinha o apoio de vários povoados 
habitados por indígenas, sendo Balsemão, Lamego e Leomil os maiores.
As preocupações de Luís de Albuquerque também estavam voltadas para o controle inter-
no do território, como apresenta a construção dos registros de Jauru, atual Porto Esperidião, e 
da Ínsua, na estrada entre Mato Grosso e Goiás, os dois no ano de 1774. Nesses locais estraté-
gicos de vias de circulação, eram cobrados impostos devidos à Coroa. A estratégia portuguesa 
de manter a posse e oficializar seu domínio foi completada com a construção do Presídio de 
Miranda (1792) e do Forte Iguatemi (1767), ambos no sul da capitania.
A criação dessas povoações e fortalezas só foi possível porque a Coroa portuguesa mudou 
para os colonos parte dos custos pela defesa militar da fronteira. Dessa forma, a elite da Capi-
tania era instada a assumir parte das despesas com expedições,construções e manutenção 
de fortes, instalação de povoações. Já os colonos deveriam ser convertidos em força armada 
quando a soberania portuguesa fosse ameaçada. Em caso de ameaça de outros países, as 
províncias do Grão-Pará e a capitania de Goiás deveriam reforçar a fronteira com Mato Grosso. 
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É importante lembrar que os colonos aceitaram esses encargos em busca de privilégios hono-
ríficos e benefícios diversos.
Outra forma utilizada para consolidar os núcleos urbanos foi a incorporação de índios 
nos propósitos colonizadores. Nesse processo, os índios foram fundamentais para a forma-
ção de núcleos urbanos em lugares inóspitos e isolados, sendo utilizados como soldados e 
povoadores.
Uma maneira comum na época era cooptar aldeados em Moxos e Chiquitos, de modo a 
transferi-los com suas famílias para o lado português da fronteira. Com a expulsão da Com-
panhia de Jesus das colônias espanholas, ocorreu uma intensa migração dos ameríndios de 
Moxos e Chiquitos para a Capitania de Mato Grosso. Para os portugueses, a integração desses 
índios não seria apenas um incremento populacional, mas também o despovoamento dos ter-
ritórios espanhóis. Entre os povoados que tinham em sua composição indígenas das missões 
espanholas, podemos citar São Pedro Del Rey, Albuquerque e Vila Maria.
A provínciA de mAto Grosso e o império BrAsileiro
Com a proclamação da separação política entre a Colônia e a Metrópole portuguesa, em 
1822, o Brasil começou a utilizar a monarquia forma de governo. Em 5 de janeiro de 1823 foi 
apresentada em Cuiabá a notícia do rompimento dos laços que ligavam o Brasil a Portugal. 
Uma missa foi realizada na Igreja Matriz e, em 22 de janeiro, a junta governativa foi reunida na 
Câmara Municipal para manifestar oficialmente a adesão da província de Mato Grosso à Inde-
pendência do Brasil e à aclamação de Dom Pedro I como imperador da Nação. Algo parecido 
ocorreu na cidade de Mato Grosso, em 12 de março de 1823.
Nas eleições para a formação do Governo Provisório, foram escolhidos sete membros, 
sendo dois da junta cuiabana, três da junta de Mato Grosso e os demais não tinham nenhuma 
ligação com as anteriores. Cumprindo a ordem do imperador, no dia 20 de agosto de 1823, o 
Governo Provisório tomou posse na cidade de Mato Grosso.
A denominação cidade de Mato Grosso foi utilizada durante 160 anos; somente em 1978 a 
localidade voltou a ostentar em sua toponímia a designação Vila Bela da Santíssima Trindade.
Porém o novo governo envolveu o império brasileiro em um problema diplomático que im-
pediu a cidade de Mato Grosso a voltar a ostentar a condição de capital de fato da província. 
Denomina-se esse período como o Incidente de Chiquitos, que ocorreu quando o governador 
dessa província hispânica, Sebastián Ramos, queria continuar com os privilégios do cargo que 
ocupava e ofereceu ao governo de Mato Grosso a anexação de Chiquitos ao Império. Mas essa 
incorporação seria temporária, pois quando vencessem as tropas que lutavam pela indepen-
dência da Bolívia, a província de Chiquitos deveria retornar ao controle da Coroa espanhola.
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Vários membros do governo provisório, querendo impressionar o imperador, negociaram 
essa anexação em nome do império. Essa ação foi compreendida pelas antigas colônias es-
panholas como uma ação expansionista brasileira, fazendo com que Sebastián Ramos procla-
masse o imperador brasileiro em Santa Ana de Chiquitos e a considerar sua jurisdição incorpo-
rada ao Brasil, recebendo o nome de Província Unida de Mato Grosso.
Mas com desconfiança dos seus vizinhos, Dom Pedro I desfez o mal-entendido e desapro-
vou a atitude das autoridades de Mato Grosso. Antes disso, o padre Manoel Alves da Cunha já 
tinha convocado uma sessão do Governo Provisório e aprovou uma resolução desautorizando 
a anexação.
oFiciAlizAção dA cApitAl em cuiABá
Dom Pedro I, cumprindo o artigo 165 da Constituição de 1824, nomeou José Saturnino da 
Costa Pereira para governar a Presidência da Província de Mato Grosso. Ele tomou posse em 
1825 na cidade de Cuiabá, mesmo sabendo que a resolução do império afirmava a capital no 
Vale do Guaporé, onde o Governo Provisório tomou posse. Isso, novamente, gerou um conflito 
de poder entre as duas localidades, pois a cidade de Mato retornou a ostentar a condição de 
capital no campo das formalidades, e Cuiabá era a capital de fato, mesmo sem a existência de 
um ato que torna isso legítimo.
Em Mato Grosso, a Assembleia Legislativa foi instalada na cidade de Cuiabá em 1835. Os 
deputados eleitos desenvolveram um papel importante na criação de um corpo regimental 
direcionado para a regulação da realidade mato-grossense. Em 28 de agosto de 1835, uma 
das primeiras leis foi criada. O deputado Poupino Caldas oficializou a transferência da capital 
para Cuiabá, encerrando a disputa existente desde o período colonial. A lei trazia apenas dois 
artigos, sendo eles:
"FICA DECLARADA 
CAPITAL DA 
PROVÍNCIA DE 
MATO GROSSO A 
CIDADE DE CUIABÁ"
"FICAM REVOGADAS 
AS DISPOSIÇÕES EM 
CONTRÁRIO."
Com a transferência da capital, a antiga Vila Bela foi oficialmente destituída de suas prer-
rogativas, sendo que as origens estão em um grande projeto realizado pela Coroa portuguesa. 
Vila Bela tornou-se esquecida na memória histórica brasileira e praticamente todas as suas 
construções ruíram. Somente algumas fundações permaneceram nos dias atuais, entre elas 
as Igrejas de Santo Antônio dos Militares e de Nossa Senhora do Carmo. A Igreja Matriz da 
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Santíssima Trindade manteve suas monumentais paredes em adobe. No início do século XX, o 
Marechal Rondon salvou da destruição o Palácio dos Capitães-Generais, reformando-o e trans-
formando-o na sede de estação telegráfica. Atualmente lá é o Museu Histórico e a Secretaria 
de Cultura do município.
A rusGA
Após o período de independência, o cenário político do Brasil fragmentou-se em duas es-
feras supremas em que tinham o poder como uma verdadeira disputa. Os políticos liberais 
apoiavam a autonomia das províncias diante da política e uma verdadeira reforma de práticas 
estabelecidas no período da colonização. Em contrapartida, os portugueses fundamentavam 
sua defesa em centralizar a política e retificar os privilégios desfrutados antes da Proclamação 
da Independência.
Após a saída de Dom Pedro I e o início do governo regencial, a competição entre os grupos 
políticos se tornou ainda mais acirrada, chegando ao ponto de desencadear diversas revoltas 
pelo Brasil. No Mato Grosso, o conflito entre os liberais e os conservadores era representado 
pela “Sociedade dos Zelosos da Independência” e a “Sociedade Filantrópica”, respectivamente. 
Em 1834, os desacordos na provínciaresultaram em um confronto bastante violento chama-
do de Rusga.
De acordo com os historiadores, os mato-grossenses liberais sistematizaram uma insur-
reição que tinha como objetivo a retirada dos portugueses do poder com a força das armas. 
Entretanto, antes do levante, as autoridades descobriram e, na tentativa de atrapalhar esse 
movimento, decidiram então colocar o tenente-coronel João Poupino Caldas, que era aliado 
dos liberais, como o novo governador da província, ainda assim, não obtiveram o resultado de 
conter a fúria dos revoltosos.
Em 30 de maio de 1834, entre tiros e palavras de repúdio contrários aos portugueses, apro-
ximadamente 80 revoltosos saíram do Campo do Ourique e tomaram posse do Quartel dos 
Guardas Municipais. Assim, contiveram a reação dos soldados oficiais e nas ruas da capital 
estavam à procura dos “bicudos”, tal termo era depreciativo e direcionado aos portugueses e 
teve origem no nome do bandeirante Manuel de Campos Bicudo, que foi o primeiro homem 
branco a se fixar na região.
O objetivo dos “rusguentos” era de furtar a casa dos portugueses e assassinar os inimigos, 
tendo isso como uma espécie de troféu. De acordo com os relatos das pessoas da época, 
centenas de pessoas foram mortas pelas ações violentas que dominaram as ruas de Cuiabá. 
Foram tomadas todas as providências cabíveis após esse incidente e todos os participantes e 
líderes da Rusga foram presos e julgados pelas autoridades da época.
Poupino Caldas, que era o governador da província de Mato Grosso, tentou contornar a 
situação, não denunciando o que ocorreu para os órgãos do governo regencial. Entretanto, a 
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cidade se encontrava em uma situação caótica, pediu socorro ao governo central, que nomeou 
Antônio Pedro de Alencastro como governador da província.
Dessa forma, com o auxílio dos líderes liberais, os mandantes do movimento foram presos 
e enviados para o Rio de Janeiro. O último episódio dessa revolta ocorreu em 1836, quando 
João Poupino Caldas resolveu deixar a província após o desprestígio político. No dia de sua 
partida, um conspirador anônimo o assassinou com uma bala de prata, projétil que era utiliza-
do para matar alguém que era considerado traidor. A força do grupo Liberal foi fator determi-
nante para encaminhar os destinos de Mato Grosso e seus desdobramentos.
A Rusga não foi uma revolta que demonstrou forte conteúdo social, pois sua liderança não 
queria gerar mudanças estruturais na ordem estabelecida. Ela representou na verdade um con-
flito entre as oligarquias sobre o futuro da condução governativa em Mato Grosso, e questiona-
vam a centralização do poder no Rio de Janeiro, pois os líderes do movimento não aceitavam 
o fato de o presidente da Província e o comandante serem nomeados pela Regência.
O número de mortes na Rusga é impreciso e divergente, pois parte significativa da do-
cumentação sobre o episódio foi queimada nas décadas da rebelião, impedindo um cálculo 
mais exato.
GuerrA dA tríplice AliAnçA
A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi, dentre todos os conflitos que se sucederam entre 
nações no continente sul-americano, o mais prolongado e cruento. Por muito tempo perdurou 
nos livros a narrativa de que o confronto tenha sido incitado pelas inclinações dos imperialis-
tas britânicos, visto que o desenvolvimento autossustentável paraguaio não se encaixava no 
esquema inglês que tinha como objetivo conservar os países sul-americanos como provedores 
de matéria-prima e consumidores dos produtos industrializados. Dessa forma, transformava 
a Inglaterra no principal país que beneficiou e financiou essa luta armada, fazendo com que o 
Brasil e a Argentina agissem como marionetes do imperialismo britânico, para que neutralizas-
se o modelo de desenvolvimento do Paraguai.
Entretanto, essa versão propagada nos livros pelos historiadores de 1960 foi superada, 
pois não foi possível encontrar base em fontes históricas documentais. As abordagens atuais 
afirmam que a Guerra do Paraguai foi produto do processo de consolidação e estruturação 
dos Estados Nacionais no continente e suas razões expressam uma dinâmica a fim de realizar 
um equilíbrio das forças na região platina, que corresponde ao Brasil, Argentina, Uruguai e Pa-
raguai. Esse último, desde 1811, quando ocorreu sua independência, vem obtendo progresso 
econômico no decorrer do governo de Solano López, buscando fazer ampliações na anexação 
ao mercado internacional por meio de exportações de produtos primários e para se consolidar 
como potência regional, devido à participação mais ativa no continente, em principal no Uru-
guai, em que competia a atuação com o Brasil e Argentina.
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A imposição territorial de Solano López estimulou os receios de que ele alimentava proje-
tos de expansão, para ampliar o território paraguaio com a agregação das áreas inerentes aos 
países vizinhos. Assim, esse revigoramento econômico e o crescimento do Paraguai se carac-
terizavam como ameaças aos interesses brasileiros e argentinos, não ingleses.
A imposição territorial paraguaia se refletia sobre o sul da província de Mato Grosso, sobre 
a área definida pelos rios Blanco, Apa e Ivinhema. Tal questão teve início no Tratado de Santo 
Ildefonso, que foi assinado entre Espanha e Portugal em 1777, constatando a região como 
posse dos espanhóis, embora a ocupação dos luso-brasileiros. O Paraguai vinha debatendo a 
assinatura dos acordos de limites com o Brasil desde o governo do seu primeiro presidente, 
José Gaspar Rodríguez de Francia, tendo como parâmetro o Tratado de Santo Ildefonso. O 
Brasil partia do princípio de que cada país seria responsável pelo território que está ocupando, 
consolidando assim o domínio efetivo do Brasil sobre a área que foi requerida pelo Paraguai.
Área mato-grossense reivindicada pelo Paraguai. Fonte: Albuquerque et al, 1986.
Além da adversidade sobre as fronteiras, a diplomacia do Brasil buscava a autorização de 
livre-navegação do Rio Paraguai, que era uma rota essencial para a província do Mato Grosso 
desde 1830, por razão da agilidade e viabilidade no transporte de mercadorias e pessoas, o 
que promove o comércio e insere a província no capitalismo mercantil.
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Com a intenção de garantir que a província do Mato Grosso não seria tomada, visto que 
havia a distância da Corte e pouca presença estatal na região, o imperador Dom Pedro II enca-
minhou, em 1844, o responsável pelos negócios do Império, José Antônio Pimenta Bueno para 
que reconhecesse a independência do Paraguai e instituísse um Tratado de Aliança, Comércio, 
Navegação, Extradição e Limites que não foi legitimado pelo Império, porque utilizava como 
base o Tratado de Santo Ildefonso, o que gerou diversasdificuldades, porque os governantes 
do Paraguai decidiram por discutir a possível liberação das navegações pelo Rio Paraguai so-
mente após solucionar as questões vinculadas à delimitação das fronteiras.
Em 06 de Abril de 1856, na cidade do Rio de Janeiro, José Maria da Silva Paranhos assinou 
com o mandatário do Paraguai, José Berges, o Tratado de Amizade, Navegação e Comércio, 
que protelou por seis anos a discussão acerca das fronteiras entre os países, porém autorizan-
do a circulação das embarcações para a província do Mato Grosso, por meio do Rio Paraguai. 
Entretanto, tal acordo não subtraiu as tensões, e o governo do Paraguai seguiu, através dos 
regulamentos, dificultando a travessia dos navios do Brasil, que se dirigiam ao Mato Grosso.
As autoridades do Paraguai estavam convencidas de que a livre-navegação possibilitaria o 
fortalecimento do exército da província mato-grossense por parte do Império, representando 
assim uma ameaça ao Paraguai. Com efeito, desde o ano de 1858, o governo central bus-
cou reforçar a Província militarmente, investindo na infraestrutura militar, atribuindo uma vasta 
quantidade de armamento e munições, provendo aumento no quadro de efetivo, tendo em 
vista que as autoridades cogitavam um possível combate armado com a República Guarani.
Tal preocupação se tornou enfática ao notar-se que o acordo firmado em 1856 já se aproxi-
mava do vencimento e o governo do Brasil não pretendia ceder ao Paraguai o território. Tendo 
em vista o ambiente desfavorável a possíveis negociações, as instalações militares da Provín-
cia se concentraram em Corumbá e formaram colônias militares. Porém, o contingente militar 
era frágil quando comparado ao Paraguai, que possuía um exército extremamente bem arma-
do, com um minucioso planejamento, contando até mesmo com espiões que passavam as 
informações a Solano López.
O Brasil decidiu romper as relações com o Uruguai e buscar conquistar as cidades uru-
guaias. Então, em setembro de 1864 as tropas brasileiras entraram no país, junto dos aliados 
de Venâncio Flores, determinando, assim, um governo provisório que correspondia aos interes-
ses do Brasil. Porém esse acontecimento foi o estopim e comprometeu completamente a rela-
ção entre esses países. Não demorou muito para que Solano López decidisse atacar o Brasil.
Diante do cenário de uma iminente guerra, o governo brasileiro sugeriu à Argentina e ao 
Uruguai o firmamento de um tratado, que ficou conhecido como Tratado da Tríplice Aliança, 
que foi assinado no dia 01 de maio de 1865, em que definiram como principal condição o for-
necimento dos recursos adequados para a luta contra o Paraguai.
As principais batalhas foram a de Riachuelo, em junho de 1865, que foi a mais decisiva, 
sendo vencida pela marinha brasileira; a de Tuiuti, em maio de 1866, que ficou marcada pela 
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transferência de Duque de Caxias; a batalha da Laguna, em 1867, em que os soldados do Brasil 
tentaram retomar Mato Grosso, que estava sob domínio paraguaio, porém não obteve sucesso, e 
também a saída da Argentina e do Uruguai da guerra, devido à ausência de condições de autos-
sustentação dentro do conflito; a batalha de Humaitá, em 1868, sendo bastante decisiva para o 
fim do conflito, os paraguaios foram perdendo força e, por fim, a Invasão à Assunção, no ano de 
1869, em que as tropas brasileiras conquistaram a cidade de Assunção e Dom Pedro II se negou 
a realizar um acordo com Solano López, o que ocasionou na caçada ao presidente paraguaio.
O fim da guerra se deu no dia 01 de março de 1870, quando as tropas brasileiras consegui-
ram capturar Solano López, que acabou sendo morto por um soldado. A Guerra do Paraguai foi 
a maior do continente sul-americano, de 1864 a 1870, e trouxe consequências negativas, como 
a formação dos exércitos paraguaios com crianças, mulheres e idosos. Acerca do número de 
mortos, não se tem um resultado preciso, mas estima-se que mais de 75% da população do 
Paraguai foi morta e a perda territorial de aproximadamente 140 mil km para a Argentina e 
para o Brasil.
Para os brasileiros, a guerra retirou a vida de aproximadamente 50 mil pessoas e deixou 
uma dívida de cerca de 614 mil contos de réis, o que foi considerado um desastre econômico. 
Acredita-se que muitas vidas teriam sido poupadas se tivessem dado espaço para as estraté-
gias de diplomacia e bom diálogo entre os países.
escrAvidão AFricAnA e resistênciA
Os escravos africanos em Mato Grosso foram empregados com a descoberta das primeiras 
minas auríferas no Rio Coxipó, pela bandeira de Pascoal Moreira Cabral, em 1719. A exploração 
dessas minas necessitava de uma mão de obra abundante, motivo pelo qual, no ano seguinte, 
Fernando Dias Falcão voltou de São Paulo com tudo que necessitava para essa produção.
Se formos analisar profundamente, os primeiros escravos africanos entraram na região de 
Mato Grosso com as expedições dos bandeirantes, sendo utilizados como carregadores, cozi-
nheiros e remadores. Ao longo da história, foram criadas rotas diferentes para entrada dos cativos 
na capitania, sendo elas a fluvial das monções do sul, a fluvial das monções do norte e a terrestre, 
que ligava Cuiabá à Bahia através do território goiano. Pesquisas recentes mostram que, durante 
o século XVIII, as monções do sul foram o principal meio de entrada de escravos em Mato Grosso.
A quantidade exata de escravos que vieram para Mato Grosso nunca será conhecida, pois 
a cobrança da capitação, imposto anual que recaía sobre o número de escravos, fazia com que 
muitos proprietários sonegassem informações.
O fato de ser uma capitania distante, com difícil acesso e instável na produção aurífera fazia 
com que os escravos fossem mercadorias de custo elevado na região. Em 1817, por exemplo, 
o preço médio de um escravo era de aproximadamente 250 mil réis, quantia correspondente a 
845 quilos de farinha de mandioca. Mesmo com um elevado custo, existiu um grande fluxo de 
mão de obra escrava para Mato Grosso.
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Importante lembrar que muitos escravos chegavam em péssimas condições devido ao 
transporte nos navios da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e nos batelões 
das monções do sul. Os que eram levados por vias terrestres eram obrigados a percorrer lon-
gos caminhos a pé. Ao chegarem em Mato Grosso, eram direcionados para as minas, onde a 
vida útil não ultrapassava uma década devido a rotina de castigos físicos, condições precárias 
de alimentação, insalubridade e proliferação de doenças. A alta taxa de mortalidade exigia 
uma reposição constante da força de trabalho escravo na região.
Os escravos podiam ser classificados em vários tipos. Em Cuiabá, a região com maior núcleo 
urbano, encontravam-se os escravos de ganho, que são aqueles que realizavam trabalhos tem-
porários em troca de pagamentos revertidos para seus proprietários.
Sabendo da realidade que ocorria em outras regiões do Brasil, o dia a dia dos africanos 
em Mato Grosso foi sendo acompanhado por atos de resistência diante da condição em que 
se encontravam. Essa resistência pode ser observada em fugas, na criação de quilombos, em 
suicídios, no assassinato de senhorese feitores e por meio de ações camufladas ou explícitas, 
como o boicote ao trabalho ou na produção. Qualquer desses atos, quando bem-sucedidos, ge-
ravam grandes prejuízos aos seus donos. E, por conta disso, foi necessário criar vários meios 
para coibir essas ações.
À vigilância eram acrescidas leis que procuravam controlar e disciplinar os cativos. Eles foram 
proibidos de transitar à noite pelas ruas da cidade sem permissão de seus donos e quando saíam 
das fazendas e vilas, deveriam ter uma permissão rubricada pelos proprietários com identificação 
do destino para o qual se dirigiam e prazo de validade. Locais que tinham uma grande aglomera-
ção de escravos, como feiras e chafarizes, eram ambientes com forte vigilância policial.
Disponível em: < https://www.geledes.org.br/fotografia-de-negros-escravos-no-brasil/>. Acesso em: 19 de jan. 2022.
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Um dos grandes medos da população livre que habitava em áreas com grandes quantida-
des de cativos era o de revolta generalizada. Em Mato Grosso, foi perceptível essa ameaça em 
dois momentos diferentes, sendo o primeiro em 1835, e foi incentivado pela Revolta dos Malês 
que ocorreu na Bahia. A ameaça de insurreição escrava voltou devido à Guerra do Paraguai, 
sendo que as forças militares da Província concentraram sua atenção no combate ao inimigo 
principal e deixava as propriedades rurais vulneráveis a ataques de quilombolas.
A fuga era uma das principais maneiras de rebeldia dos cativos no século XVIII e XIX. Um 
dos responsáveis pela repressão, captura e retorno dos escravos fugidos era o capitão do 
mato. Em Cuiabá, a patente de capitão do mato foi introduzida por Rodrigo César de Menezes 
que nomeou os primeiros e criou uma remuneração para cada escravo recuperado.
Devido às características geográficas do território mato-grossense, as fugas dos escravos 
eram com destinos variados. A pequena densidade demográfica dos núcleos urbanos possibi-
litava que os moradores conhecessem e identificassem os escravos, isso fazia com que a ci-
dade fosse um destino de fuga pouco provável para os cativos, resultando a procura de lugares 
mais distantes, as matas, aldeias indígenas, domínios espanhóis e quilombolas.
Muitos dos escravos fugidos se reuniam em quilombos, que eram comunidades negras li-
vres que também recebiam indígenas, brancos pobres e mestiços. Normalmente, essas comu-
nidades localizavam-se em regiões de difícil acesso, mas sempre próximo a rios, em áreas de 
relevo elevado e de matas. Alguns quilombos foram organizados em território espanhol, onde 
mantinham trocas comerciais com povoados nas proximidades, além de estruturar uma rede 
de informações com o restante da sociedade.
A presença de quilombos em Mato Grosso acompanhou o processo de ocupação da região, 
mas a maior foi erguida sem muito planejamento e com pouca duração. Outros, porém, pro-
longaram-se por anos e chegaram aos ouvidos de várias comunidades escravas, fazendo com 
que os senhores solicitassem ao governo a destruição desses quilombos. Entre os quilombos 
presentes na capitania e nas regiões próximas destacamos o do Sepotuba, do Quariterê, do 
Porrudos, Baures, Piolho e Pindaituba. Na segunda metade do século XIX ganha destaque o do 
Roncador, Jangada, Serra Dourada, do Rio Manso e novamente o Sepotuba.
O quilombo do Sepotuba, localizado na região de Vila Maria, é considerado o mais dura-
douro de Mato Grosso. Criado em 1769, nunca foi destruído e sobreviveu até o final do período 
escravista. Experimentou um grande crescimento durante a Guerra do Paraguai, pois recebeu 
grande número de soldados desertores. Porém os quilombos do Rio Manso e do Quariterê 
(Quilombo do Piolho) são os mais estudados pelos historiadores, localizando-se, respectiva-
mente, na região da Chapada dos Guimãres e no Vale do Guaporé.
Com o fim da Guerra do Paraguai, a elite Imperial começou a propor diferentes formas de 
trabalho escravo, motivando a campanha abolicionista. Nesse contexto, foram aprovadas a Lei 
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do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885), que emanciparam parcelas da popula-
ção cativa, mas buscavam adiar ao máximo a abolição definitiva.
Em Mato Grosso não ocorreu diferente ao restante do país. A campanha abolicionista con-
seguiu o apoio de diversos setores da sociedade mato-grossense como notamos com a funda-
ção da Sociedade Emancipadora Mato-Grossense (1872), da Sociedade Abolicionista de Mato 
Grosso (1883), da Sociedade Abolicionista Galdino Pimentel (1886), todas na capital, além do 
Clube Emancipador Mirandense (1885), na vila de Miranda.
As discussões chegaram a ser travadas na Assembleia Legislativa. Em 1870 foi apresenta-
do projeto de lei autorizando o Poder Executivo a destinar anualmente a quantia de seis contos 
de réis para a libertação de crianças do sexo feminino nascidas de ventre escravo. Infelizmente, 
o projeto acabou sendo rejeitado pela comissão de orçamento por sobrecarregar os recursos 
do tesouro provincial. No ano seguinte, a Assembleia Legislativa sancionou a lei instituindo 12 
loterias na Província, sendo seis para manumissão de escravos menores do sexo feminino.
Somente no dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, que governava interinamente o País, 
assinou a Lei Áurea decretando a libertação de todas as pessoas que estavam na condição de 
escravas no Brasil. Os cuiabanos só souberam da notícia no dia 6 de junho. Em Mato Grosso, 
os mais afetados pela abolição da escravatura foram os engenhos de açúcar que eram extre-
mamente dependentes da mão de obra escrava.
economiA de mAto Grosso durAnte A colôniA e A repúBlicA
ervA-mAte
A erva-mate é uma planta nativa do continente sul-americano, na área central da Bacia Pla-
tina, região que abrangia o sul do antigo Mato Grosso. O hábito de usar as folhas dessa árvore 
em uma bebida estimulante tem origem nos índios Guarani, sendo incorporado pelos europeus 
que aprenderam a preparar a bebida. Logo se criou um grande mercado consumidor na Améri-
ca espanhola, tendo o Paraguai como principal fornecedor.
No Mato Grosso, as plantas eram naturais, estavam prontas para serem exploradas e en-
contravam-se em terras onde o interessado dependia de concessões dos poderes públicos, 
sendo o governo central no Império e o governo do estado de Mato Grosso na República. A 
exploração da erva só se concretizou na região após o término da Guerra do Paraguai, ocasião 
em que foi reaberta a navegação pela Bacia Platina possibilitando acesso fácil à Argentina, o 
principal mercado e onde a erva era industrializada.
Entre 1872 e 1874, o sul do território mato-grossense foi explorado por uma comissão che-
fiada pelo coronel Rufino Enéas Gustavo Galvão com o objetivo de delimitar os limites entre o 
Brasil e a o Paraguai. A comissão tinha tropas de apoio sob o comando do major Antônio Maria 
Coelho, sendo assistido por Tomás Laranjeira, um mascate de uma casa comercial de Porto 
Alegre fornecedora de mantimentos para o Exército brasileiro desde a Guerra do Paraguai.
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