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SISTEMA DE ENSINO HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA História do Estado de Rondônia Livro Eletrônico 2 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Sumário Apresentação ................................................................................................................................... 3 História do Estado de Rondônia .................................................................................................. 6 1. Exploração, Conquista, Ocupação e Colonização da Amazônia ........................................ 6 2. Mercantilismo e Políticas de Colonização dos Vales do Madeira e Guaporé ...............15 2.1. A Colonização do Vale do Madeira e Guaporé ...................................................................15 3. Submissão do Indígena e Resistência Escrava .................................................................. 23 4. Navegação no Rio Madeira .....................................................................................................28 5. Abertura do Rio Amazonas à Navegação Internacional ................................................... 30 6. Exploração e Colonização do Oeste da Amazônia ............................................................. 36 6.1. O Ciclo da Borracha ................................................................................................................38 6.2. A Marcha para o Oeste .........................................................................................................42 6.3. Chico Mendes .........................................................................................................................44 7. O Processo de Ocupação e Expropriação Indígena na Área do Beni ..............................44 8. Mão de obra para os Seringais do Alto Madeira ................................................................46 9. Questão Acreana e Construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré .......................49 9.1. Questão Acreana ....................................................................................................................49 9.2. Construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré ........................................................51 10. Território Federal do Guaporé .............................................................................................. 54 11. Criação do Estado de Rondônia ............................................................................................ 56 Resumo ............................................................................................................................................ 59 Mapas Mentais .............................................................................................................................. 63 Questões Comentadas em Aula ................................................................................................. 66 Questões de Concurso ................................................................................................................. 69 Gabarito ...........................................................................................................................................86 Gabarito Comentado .................................................................................................................... 87 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos ApresentAção Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem? É muito importante que você tenha um grande escopo de conhecimento sobre a Geografia e a História de Rondônia, conhecimento esse que possibilitará que você tenha um alto índice de acertos nas questões ou, melhor ainda, que você gabarite a prova e encaminhe com solidez a sua aprovação em um cargo público. Para tanto, a base que norteará todo o nosso curso será o diálogo, favorecendo uma boa interação entre aluno(a) e professor e a resolução oportuna das eventuais e possíveis dúvidas que porventura surgirem. Antes, porém, peço licença para uma breve apresentação. Me chamo Daniel Vasconcellos, sou de Patos de Minas, interior de Minas Gerais. Pouco antes de me formar em História, coisa de um ano antes, 2003, comecei a trabalhar como pro- fessor no ensino médio. Tomei gosto pela coisa. Gosto do que faço, amo a docência. Foi muito rápido, quando percebi já atuava em cursinhos preparatórios para concursos públicos, vesti- bulares e no ensino médio da rede particular no interior de Minas. Passei a ministrar também aulas de Filosofia, Sociologia e Geografia. Não faltava trabalho. Tive a sorte de ser “engolido” pelo sistema particular de ensino e recebia um salário ra- zoável, pelo menos pra quem desejava uma vida pacata no interior. Com isso não criei o inte- resse por concurso público. Era feliz: trabalhava com o que gostava, mas... os ventos muda- ram. Em 2013, após perder minha maior carga horária de trabalho, resolvi ir para Brasília, onde ainda resido. Entre agosto e dezembro de 2013 tentei os concursos do Ministério do Trabalho, Câmara dos Deputados e Secretaria de Educação do Distrito Federal. Fiquei muito mal quando não vi meu nome aprovado no concurso da Câmara. Me sentia preparado, mas não era a minha área. A concorrência era enorme para um salário de R$ 18.000. Três meses de preparação é muito pouco tempo. Para um concurso deste porte eu já deveria estar me preparando. Tudo é plane- jamento e disciplina. Mas o negócio é levantar a cabeça, estudar mais e focar no próximo. Em dezembro fiz as provas para a Secretaria de Educação, em fevereiro saiu o resultado e em julho já estava fa- zendo o que gosto de novo! Mas o melhor de tudo: fazendo o que gosto, ganhando bem e com estabilidade!!! A estabilidade é a cereja do bolo do serviço público. Não existe mais aquela pressão de todos os finais de anos letivos em que ficávamos apreensivos sem saber ao certo se teríamos emprego no ano seguinte. Em apenas um ano minha vida deu uma guinada radical e hoje só me arrependo de não ter buscado os concursos públicos antes. Se existe algo que eu possa passar com essa experiência é que não se pode perder tempo! Você precisa se dedicar, mas com planejamento, sem desespero. Esse material foi feito com muito carinho para que seu tempo seja otimizado, para que você não perca tempo com o que O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos não tem possibilidade aparecer na prova. Vamos ajudá-lo(a) a alcançar seu objetivo, e digo mais, num curto espaço de tempo. Você verá, meu(minha) caro(a) aluno(a) que o sacrifício vale muito! Não vá se sentir cul- pado por não dedicar o tempo que seria justo à sua família e a seus amigos. Aquele encontro fica pra depois, e vai ser muito mais prazeroso porque carregado da alegria pela conquista do seu esforço! Então vamos!!! Bora buscar seu cargo! Conte comigo em tudo o que for preciso para alcançar seu objetivo. Metodologia A ideia do curso é que você não precise utilizar nenhum outro material além deste para se preparar para as questões de História. Cada detalhe do curso foi meticulosamente preparado para sanar todas as dúvidas que puderem surgir. Na parte teórica você encontrará umanarrativa leve e objetiva, com intuito de que consiga enxergar, compreender a História de Rondônia como um processo e problematizar os aspectos geográficos. Variados exemplos, esquemas e mapas mentais serão utilizados para que con- siga criar links cognitivos. Você, em curto espaço de tempo, conseguirá ler uma alternativa e perceber o seu erro por um pequeno detalhe, saberá identificar a única alternativa lógica para o Universo da Geografia e da História de Rondônia. Ao final da aula, os principais pontos dos temas estudados serão reunidos em um RESU- MO. É ele o responsável para que você não tenha que voltar a ler as aulas incontáveis vezes. Esse resumo terá a função de fazer você recordar o que fora estudado como uma cadeia códigos que se conecta com sua memória, fazendo se lembrar, inclusive, de como o assunto poderá ser cobrado. Além disso, as questões sobre Geografia e História de Rondônia elaboradas pela Cebraspe serão comentadas para que você entenda o “jeito” da banca. Uma lista de exercícios com ques- tões sobre o tema também o(a) ajudará na fixação do conteúdo. Detalharemos cada fato relevante à compreensão do processo, mas isto só terá sentido na medida em que ajudá-lo(a) a resolver as questões, a fazer bem a prova. Não vamos perder tempo com detalhes menores já que o objetivo não é que você escreva um artigo científico sobre “a influência do ciclo da borracha na Primeira Guerra Mundial”. Não se preocupe, ao final do curso você estará muito bem-preparado para realizar uma excelente prova. Suporte A dúvida é o princípio do conhecimento. Questionar, indagar... é assim que a humanida- de chegou no atual estágio de desenvolvimento. Por isso, questione. Não tenha receio em perguntar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Caso a dúvida não seja sanada de maneira firme, objetiva, o processo de aprendizagem pode ser comprometido. Por isso, não hesite em questionar. Estarei à disposição para sanar quaisquer dúvidas que tiver. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos HISTÓRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA Estimado(a) concurseiro(a), para entender como a CESPE/CEBRASPE lhe cobrará o conhe- cimento, é importante que sigamos estritamente a ordem dos conteúdos listados no edital. As palavras usadas para nomear cada tópico carregam em si uma intencionalidade, um recorte da temática. A história de Rondônia, e aí inclui-se os povos nativos, obviamente é anterior à chegada dos europeus. Os primeiros habitantes a ocupar a região denominada “Flona do Jamari”, em Rondônia, estão na Amazônia há mais de 12 mil anos. São as populações indígenas. Porém, apenas por volta de 1688, através das missões jesuítas, ocorreram os primeiros contatos de identificação. No século XVI, esses povos foram expulsos, principalmente da região hoje deno- minada Rondônia. Tais fatores marcaram os primeiros imbróglios de movimentos migratórios. Os colonizadores portugueses começaram a percorrer o território do atual estado de Ron- dônia no século XVII. Mas, somente no século seguinte, com a descoberta e a exploração de ouro no local, aumentou o interesse pelas terras daquela região. Em 1776, a construção do Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, estimulou a implantação dos primeiros núcleos coloniais, que só prosperaram no fim do século XIX, com a arrancada da exploração da borracha. Vamos desbravar a tão rica história dessa região do país. 1. explorAção, ConquistA, oCupAção e ColonizAção dA AmAzôniA Caro(a) aluno(a), considerada a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia possuía mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, porém, em virtude do intenso desmatamen- to, a área original tem se reduzido drasticamente. Esse bioma está presente em oito países sul-americanos (Brasil, Suriname, Venezuela, Guiana, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia), além do território da Guiana Francesa. A história da ocupação da Amazônia está intimamente ligada ao desenvolvimento de ci- clos econômicos e às disputas territoriais pelo controle dessas atividades. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Apesar da grande potencialidade econômica da Amazônia, enxergada por portugueses e, posteriormente, pelos governos republicanos brasileiros, foram exatamente as características geográficas da região que praticamente a mantiveram fora do mapa econômico de Espanha e Portugal durante séculos. À exceção de um ou outro ciclo econômico, a Amazônia somente entrou de fato no mapa econômico brasileiro somente no século XX. A ocupação da Região Norte se iniciou no século XVI com expedições espanholas, portu- guesas, holandesas e inglesas. Hoje, a Amazônia é motivo de cobiça de variadas nações que colocam em risco constante às fronteiras dos países da qual ela faz parte. Querido(a), é no contexto das Grandes Navegações que a região Norte será colonizada. No século XV, portugueses e espanhóis partiram para o desbravamento de novos mares, em busca de novas rotas comerciais e de novas terras. Em 1488, em busca de um novo caminho para as Índias, região famosa em especiarias cobiçadas pelos europeus, a expedição portuguesa de Bartolomeu Dias encontrou uma passa- gem ao sul da África, que fora batizada de Cabo da Boa Esperança. Mas é a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, a “descoberta” mais signifi- cativa do período. O genovês convenceu os reis católicos espanhóis (Fernando II de Aragão e Isabel de Castela) a financiar sua expedição para provar que a terra era redonda, encontrando um caminho para as índias pelo ocidente. Aportou em 12 de outubro com as caravelas Pinta, Niña e Santa Maria. Portugal e Espanha eram as duas grandes potências marítimas. As recentes descobertas exigiam um acordo pela divisão das terras que poderiam ser descobertas. Assim, o Papa agiu como mediador em um acordo, determinando a Bula Intercoetera em 1493. Insatisfeito com a proposta, Portugal exigiu uma nova negociação que culminou no Tratado de Tordesilhas. O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o reino de Portugal e a Coroa de Castela (Espanha) para dividir as terras do globo, “descobertas e por descobrir”, por ambas as Coroas fora da Europa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Tratado de Tordesilhas Linha imaginária de Tordesilhas sobre as atuais fronteiras políticas. Note que, de acordo com oTratado de Tordesilhas, a maior parte da Amazônia pertenceria à Espanha. Celebrado do Tratado, as descobertas continuaram. Em 1498 a expedição de Vasco da Gama chegou às Índias e, em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. Foi o navegador espanhol Vicente Pinzón que, em janeiro de 1500, primeiro aportou no litoral do nordeste brasileiro. Depois, navegou pelo litoral norte e navegou pela foz do Rio Ama- zonas, o qual chamou de Mar Dulce. Foi o primeiro europeu a navegar pelo litoral do Amapá, o rio Oiapoque e seguir rumo às Guianas e ao Caribe. Portanto, querido(a) aluno(a), os espanhóis foram os primeiros a chegar ao Brasil. Entretanto, pelo tratado de Tordesilhas, a maioria do litoral brasileiro, velejado pelos espanhóis, pertencia à Portugal. Entenda: mesmo sendo os que chegaram primeiro, as terras não poderiam ser colonizadas. A única exceção era a região O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Norte. Assim, ainda em 1500, outro espanhol, Diogo de Lepe, primo de Pinzón, também navega pela costa brasileira. Outro navegador espanhol de grande importância para nossos estudos foi Francisco Orellana. Ao participar da expedição de Francisco Pizarro aos Andes, em 1540, acabou se desencontrando do restante das embarcações e desceu o Rio Amazonas. Foi, portanto, o pri- meiro europeu a navegar por toda a extensão do Rio Amazonas. Retornando à Espanha, rece- be autorização do rei para colonizar e explorar a região. Desse modo, em 1549, navega pela região, mas se perde e morre. O contato dos exploradores europeus com os povos nativos foi caracterizado pela subjuga- ção. Crentes na sua superioridade civilizacional, os colonizadores promoveram a aculturação e usaram de violência para efetivar o domínio das novas terras e de suas riquezas, inclusive os escravizando, como veremos mais adiante. O insucesso da expedição de Francisco Orellana acabou tirando o entusiasmo dos espa- nhóis com a região e abrindo espaço para que outras nações realizassem incursões no terri- tório. Antes, porém, é necessário que entendamos o que levou os portugueses a ocuparem a região e como foi organizada essa colonização. Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500 e, no entanto, não ocuparam o território de imediato. Daí a nomenclatura Pré-colonial para nos referirmos aos trinta anos que se segui- ram. Portanto, entre 1500 e 1530, a ocupação territorial se limitou a FEITORIAS no litoral: uma mistura de forte para defesa do território e armazém. Mas por que isso? A resposta fica mais interessante e compreensível quando feita em partes: a) por que a Coroa Portuguesa decidiu não explorar a colônia brasileira entre os anos de 1500 e 1530? • Porque não encontraram metais preciosos em expedições; • Porque o comércio com as Índias era suficientemente lucrativo; • Porque em 1500 a única nação que detinha tecnologia naval para tomar a colônia bra- sileira de Portugal era a Espanha, que celebrou o Tratado de Tordesilhas com Portugal. b) por que a Coroa Portuguesa decidiu explorar a colônia brasileira a partir dos anos de 1530? • Porque tiveram notícias da descoberta de ouro e prata na América espanhola; • Porque o comércio com as Índias entrou em crise; • Porque países como França, Inglaterra, Holanda e Bélgica desenvolveram suas frotas marítimas e passaram a representar uma grande ameaça ao controle português sobre a colônia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Entre 1500 e 1530, o único produto explorado era o pau-brasil. Como ainda não havíamos passado pela Revolução Industrial, não existiam corantes sintéticos. O pau-brasil foi muito utilizado nas manufaturas têxteis. As concessões para exploração eram dadas pela Coroa e chamadas de estanco. Para cortar a madeira e levar aos navios, era necessária uma grande quantidade de mão de obra. A modalidade de exploração da mão de obra indígena recebeu o nome de escambo: troca de presentes, de artefatos e de animais que não existiam aqui pelo trabalho dos índios. A escravidão indígena será sim utilizada no início da colonização, mas logo será substituída pela mão de obra africana pois a Coroa Portuguesa seguirá ao ordena- mento da Igreja em não escravizar os nativos, considerados “almas puras do paraíso”. Querido(a) aluno(a), a Coroa Portuguesa voltou seus olhos para a colônia brasileira e de- cidiu povoá-la, explorá-la, a fim de resolver sua crise econômica e impedir que outras nações tomassem seu território. O problema é que a Coroa Portuguesa não tinha recursos financeiros para promover essa empreitada. Eis então a solução proposta: terceirizar a tarefa da coloniza- ção, entregando lotes de terras a fidalgos (nobres portugueses). Nasceram assim as Capita- nias Hereditárias. Observe: Capitanias Hereditárias eram faixas de terra que partiam do litoral para o interior até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. De início, foram quinze Capitanias entregues para usu- fruto do donatário. É importante destacar que o donatário não era dono da terra, ele possuía o direito de explorá-la, direito esse estendido a seus descendentes. No campo jurídico, existiam dois documentos para regulamentar as relações entre a Coroa Portuguesa e os donatários: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos • Carta de Doação: documento que dava ao donatário o direito de exploração da terra e repassava esse direito a seus descendentes. Também autorizava o donatário a construir vilas e engenhos com o objetivo de povoar. • Carta Foral: documento que regulamentava tributos e a divisão dos lucros da Capitania entre a Coroa e os donatários. O sistema de Capitanias era extremamente vantajoso para a Coroa Portuguesa, pois trans- feria a responsabilidade da empresa de colonização para os fidalgos. Entretanto, os donatá- rios passaram por grandes dificuldades: desenvolver a colônia com poucos recursos financei- ros, a distância em relação à metrópole (Portugal) e os constantes conflitos com os nativos. Diante dessas dificuldades, a maioria das Capitanias não conseguiu vingar, desenvolver sua economia e gerar tributos para a Coroa. As únicas exceções, em função do sucesso na explo- ração do açúcar, foram a Capitania de Pernambuco e a Capitania de São Vicente. Como vimos, a região da Amazônia pertencia à Espanha. Entretanto, como os espanhóis se desencantaram com a região, em função do fracasso da expedição de Francisco Orellana, os portugueses passam a se interessar pela área. Em 1553, Luís Melo da Silva passa pelo litoral Norte, mas sua expedição acaba massacrada por índios na região da Guiana. Holandeses se instalaram ao longo dos rios para buscar as drogas do sertão e especiarias para o mercado europeu. Os espanhóis, por sua vez, acabaram explorando o pau-brasil, utili- zando mão de obra indígena atravésdo escambo. Nascia, assim, o extrativismo madeireiro. Es- ses fatos contribuíram para a ocupação da região por europeus e a consequente escravização e aculturação dos povos nativos. Mas o primeiro ciclo econômico significativo na região Norte se deu em meados do século XVII, com a criação da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Portugal re- solveu ocupar definitivamente a região e expulsar os estrangeiros objetivando o monopólio da exploração das drogas do sertão e do cultivo de algodão e tabaco. Entretanto, é no final do século XIX que ocorreria o grande ciclo econômico na região, o chamado “ciclo da borracha”. A floresta amazônica era berço natural de seringueiras das quais era extraído o látex. Foi esse ciclo o responsável perlo primeiro surto de ocupação. Para lá se dirigiram muitos nordestinos fugindo da seca. Um dos maiores ícones da opulência do ciclo da borracha é o teatro Amazonas. Principal cartão postal da cidade de Manaus, está localizado no centro da cidade, no Largo de São Se- bastião, e foi inaugurado em 31 de dezembro de 1896. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Apesar do sucesso da atividade extrativista, o ciclo da borracha se esgotou no início do século XX, principalmente por causa da concorrência inglesa. Os ingleses levaram mudas de seringueiras para suas colônias asiáticas derrubando o preço do látex no mercado interna- cional com essa nova fonte de matéria prima. No período entre as duas guerras mundiais, de 1918 a 1939, a demanda pela borracha chegou a ser reaquecida pela necessidade da indústria automobilística norte americana, mas logo se esgotou. Como herança do ciclo da borracha podemos destacar a construção das ferrovias Madei- ra-Mamoré e Belém-Bragança, o aumento do povoamento da região por nordestinos e imi- grantes europeus e o crescimento das capitais Manaus (AM) e Belém (PA). O Estado do Amazonas passou a ser colonizado a partir de 1669, quando foi fundado o Forte de São José da Barra do Rio Negro, na área onde hoje fica Manaus, pelo capitão portu- guês Francisco da Mota Falcão. A fortificação serviu como base para o povoamento da bacia amazônica, ainda que de maneira incipiente. Tal construção permitia a subida dos rios Negro e Branco, no atual estado de Roraima, de onde se chegava ao Orinoco. Também começou a ocupação dos rios Solimões e Madeira. Os primeiros colonos enfrentaram hostilidade dos nativos, como as tribos dos torás e manaós (daí a origem do nome de Manaus) do cacique Ajuricaba, que atacavam os povoamentos dos colonos e destruíam casas e instalações. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos O Estado do Maranhão virou “Grão-Pará e Maranhão” em 1737 e sua sede foi transferida de São Luís para Belém do Pará. O Tratado de Madri de 1750 confirmou a posse portuguesa sobre a área. Para estudar e demarcar os limites, o governador do Estado, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, instituiu uma comissão com base em Mariuá em 1754. Em 1755 foi criada a Capitania de São José do Rio Negro, no atual Amazonas, subordinada ao Grão-Pará. A Região Norte do Brasil entrou no mapa das políticas públicas apenas na segunda me- tade do século XX, a começar pela construção da rodovia Belém-Brasília, cuja conclusão se deu em 1958. Interessados na potencialidade do extrativismo mineral na Região Norte, os governos mili- tares pós 1964 desenvolveram projetos desenvolvimentistas. Vamos a eles: Os militares promoveram a expansão das fronteiras agrícolas com a doação de terras para colonos e incentivos financeiros. Assim, em 1967, foi criada a SUDAM (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia) e a SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Ma- naus). Aqui merece destaque a importância econômica da Zona Franca de Manaus, um polo industrial que ofereceu incentivos fiscais para atrair multinacionais do ramo eletrônico. Tam- bém foram criados o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o BASA (Banco da Amazônia). Ainda no governo dos militares, na década de 1970, foi criado o Projeto RADAM (Reconhe- cimento da Amazônia) em que se realizaram estudos sobre as potencialidades econômicas de exploração dos recursos naturais da região. Outras obras de infraestrutura de grande importância também foram realizadas durante o governo dos militares como rodovias (Transamazônica, Cuiabá-Santarém, Porto Velho-Ma- naus), empreendimentos agropecuários e minerais (Projeto Jarí e Projeto Carajás). Como con- sequência, também forma necessários empreendimentos de geração e transmissão de ener- gia, que buscaram o aproveitamento das águas dos rios presentes na região. Exemplo disso fora as construções de grandes usinas hidrelétricas, como Tucuruí e Balbina, que se estendeu até o início da década de 1980. Detalhe importante é que esses investimentos ocasionaram grande impacto ambiental, aumentando o desmatamento, migração de espécies de animais e comprometimento das po- pulações locais em função das áreas alagadas pelos reservatórios. Recentemente, os deba- tes em relação à construção da Usina de Belo Monte no estado do Pará remontam a essa realidade. Durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1986-1988, ganhou corpo a discussão acerca da divisão do estado de Goiás. Houve grande mobilização popular e política na região norte do território goiano. O governador Henrique Santillo, eleito em 1986, tornou-se um grande articulador da demanda. Assim, a Constituição de 1988, também chamada “Constituição Cida- dã”, criou o Estado do Tocantins, que passou a integrar a Região Norte do país. Seu território O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos contemplava desde aproximadamente o paralelo 13º até a região do Bico do Papagaio, na divisa do Estado com o Pará e o Maranhão. Nas últimas décadas a expansão da fronteira agropecuária e o extrativismo ilegal de madeira e minério têm provocado graves impactos ambientais. Entretanto, inúmeros movi- mentos ambientalistas, nacionais e internacionais, tem conseguido impedir uma degradação ainda maior. Para fiscalizar as fronteiras da Amazônia Brasileira, o extrativismo ilegal, a disputa por terras e o tráfico de drogas, foram criados os projetos Calha Norte e SIVAM. O Projeto Calha Norte foi posto em prática em 1985, com a instalação de bases militares do Exército e da Ae- ronáutica ao longo da calha norte dos rios Amazonas e Solimões, nas áreas fronteiriças com a Colômbia, a Venezuela, a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa. O projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), por sua vez, foi instituído em 1998 e implantado efetivamente em 2002, com o objetivo de instalação de recursos tecnológicos e de sensoriamento remoto, utili- zando radares e satélites. 001. (FCC/PREFEITURA DE MACAPÁ–AP/ADMINISTRADOR HOSPITALAR/2018)As polí- ticas do regime militar para a Região Amazônica, em nome da integração nacional e moder- nização econômica da região, tiveram forte impacto no então Território do Amapá, e foram marcadas pelas seguintes medidas: a) Repressão política a grileiros, reforma agrária e criação da Zona Franca da Foz do Amazonas. b) Incentivos fiscais, política de distribuição de lotes de terra e abertura de estradas. c) Construção de conjuntos habitacionais, criação de zonas industriais e construção de quar- téis na Calha Norte. d) Intervenção federal, militarização da atividade mineradora e programa de desmatamento controlado. e) Estatização da pesca da Lagosta, criação de zonas de preservação ambiental e introdução da mineração Meu(minha) caro(a), os governos militares buscaram a integração econômica da Amazônia através de incentivos fiscais (Zona Franca de Manaus), da distribuição de terras e da constru- ção de rodovias como a Transamazônica e a Belém-Brasília. Letra b. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos 2. merCAntilismo e polítiCAs de ColonizAção dos VAles do mAdeirA e GuAporé Prezado(a), para estudarmos a colonização dos Vales do Rio Madeira e do Rio Guaporé, primeiro é preciso a compreensão do mercantilismo, ainda que não aprofundemos no assunto: Mercantilismo: os estados europeus, potências coloniais, tinham como objetivos a ob- tenção de metais preciosos (para fabricação de moedas), manutenção da balança comercial favorável, protecionismo alfandegário, acúmulo de riquezas nas mãos dos reis e ênfase no comércio marítimo. Este sistema econômico era embasado na relação de controle da Metró- pole sobre suas colônias praticando o chamado exclusivo colonial ou pacto colonial, no qual a colônia só poderia vender e comprar da metrópole. Podemos resumir suas principais carac- terísticas: • Metalismo: valorização do ouro e da prata como medida de riqueza de um Estado. • Balança comercial favorável: O Estado deveria exportar (vender) mais do que importar (comprar). • Incentivo a novas atividades econômicas, comércio e navegações: Para abastecer as manufaturas eram necessários novos produtos e mercados consumidores. • Concessão de monopólios: os reinos concediam monopólios (exclusividade de explora- ção e produção de mercadorias) através das Companhias de Comércio, que por sua vez aumentavam a arrecadação da Coroa. • Sociedade estamental: No Antigo Regime, as posições sociais eram definidas pelo nascimento, característica de uma sociedade estamental, onde era muito difícil a mo- bilidade entre as classes sociais. Isso fazia com que se perpetuasse os privilégios de determinados grupos. Os nobres, por exemplo, tinham acesso a cargos e títulos, o que significava renda vitalícia e isenção de impostos. • Pacto Colonial, ou Exclusivo Comercial Metropolitano: um sistema de leis e normas que as metrópoles impunham às suas colônias durante o período colonial, ou seja: as me- trópoles eram os países que se beneficiavam dos produtos e da atividade econômica de seus territórios coloniais. 2.1. A ColonizAção do VAle do mAdeirA e GuAporé No início da colonização, as atividades comerciais de troca de mercadorias, dentro da ló- gica do mercantilismo, predominaram de maneira embrionária. Nesse sentido, estrangeiros praticavam o contrabando. O primeiro ciclo econômico significativo na região Norte se deu em meados do século XVII, com a criação da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Portugal resolveu ocupar definitivamente a região e expulsar os estrangeiros objetivando o monopólio da explo- ração das drogas do sertão e do cultivo de algodão e tabaco. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos A colonização do Vale do Madeira e do Guaporé foi organizada pelos portugueses dentro da lógica mercantilista, visando a exclusividade comercial da metrópole sobre a colônia. Localizado entre a colônia portuguesa e espanhola, “periferia dos núcleos coloniais”, o Vale do Rio Madeira divide as bacias hidrográficas Platina e Amazônica. Seu domínio se ini- ciou antes mesmo do Tratado de Madri, marcada pela instabilidade econômica e um modelo de colonização sempre incerto. Ainda no século XVI representantes da coroa portuguesa se aventuraram pelas brenhas amazônicas, passando pelos vales do Madeira-Guaporé-Mamoré. Na realidade, se pensava em utilizar essa região como ponte de passagem e ligação entre as colônias do Sul e as do extremo Norte. Uma ligação extremamente arriscada e difícil de ser realizada. Um dos primeiros passos de Portugal para assegurar sua posse sobre a região do Guaporé foi a ocupação desses vales, de onde extraia ouro e as drogas do sertão. Essa ocupação se deu pela ação dos bandeirantes e missionários jesuítas. Além disso, a ocupação se realizou pela presença militar, o que pode ser comprovado pelas inúmeras construções fortificadas. Era necessária, entretanto, uma ocupação estável para assegurar a posse. Somente as expedições de aprisionamento de indígenas e a colheita das drogas do sertão não assegurava a presença colonizadora e definitiva. Ale disso, não cessava a constância dos conflitos, tanto com os índios como com os castelhanos, que também estavam ocupando a região de oeste para leste. 2.1.1. Jesuítas e Bandeirantes Os jesuítas e bandeirantes foram os primeiros a ocupar a região. Os primeiros contatos com os europeus com o rio Madeira ocorreram a partir de 1542 quando Francisco Orellana, vin- do dos Andes (Peru), descendo o rio Amazonas, passou em sua foz denominando-o rio Grande. Pedro Teixeira, em 1637, chefiando uma expedição portuguesa com destino a Quito, Vi- ce-Reino do Peru, partiu da Vila de Cametá no Grão-Pará, subiu o rio Amazonas. Ao passar pela foz do rio Madeira, foi informado pelos indígenas habitantes da ilha de Tupinambara que aquele era o rio Cayaria, em cujas margens habitavam várias nações indígenas. Disseram ain- da que provinha de elevadas montanhas nas quais vivia um povo rico e muito poderoso. Em vista a grande quantidade de troncos de madeiras flutuando em suas águas, Pedro Teixeira o registrou em seu diário de viagem com o nome de rio Madeira. Antônio Raposo Tavares, em 1650, com sua bandeira composta por mamelucos paulistas e indígenas, percorreu desde o local de sua formação até a sua foz na margem direita do rio Amazonas, por esse prosseguindo descendo o seu curso até alcançar, em 1651, o Forte de Gurupá, nas proximidades da foz desse rio no Oceano Atlântico litoral do Grão-Pará. Esta bandeira constituída por duzentos paulistas e mil duzentos e sessenta índios saiu de São Paulo em 1647, margeando os rios Tietê, Paraná e Paraguai, tomando o rumo do Oeste atingindo as possessões espanholas nos Andes, retrocedendo na direção do Leste encontran- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA DanielVasconcellos do as nascentes do rio Grande La Plata ou Mamoré. Tomou seu curso navegando-o em balsas rústicas, vencendo suas corredeiras, saltos e cachoeiras chegando a sua foz, desta prosse- guindo pelo rio Cayari (Madeira) até sua desembocadura no rio Amazonas. Em 1640 os padres jesuítas iniciaram contatos com as nações indígenas do vale baixo do rio Madeira. Em 1669, os padres Manoel Pires e Grazoni fundaram a missão de Tupinambara na ilha com essa mesma denominação, situada próxima a foz do rio Madeira, com a finalidade de centralizar a catequese dos indígenas, apoiar a conquista do vale do rio Madeira e impedir que os índios continuassem a comercializar com os holandeses assentados no rio Negro. Em 1687, os padres Jesuítas instalaram várias missões no rio Madeira em aldeias indíge- nas dos com as quais conseguiram fazer alianças. A partir de sua foz rumo as nascentes, en- contravam-se instaladas missões em Abacaxis, Paranaparixaria, Canumã, Onicoré e Tarerise. A ação missionária expandia-se proporcionalmente ao aumento das atividades coletoras de especiarias (drogas do sertão) e sua comercialização pelos padres e índios com os comer- ciantes das bandeiras fluviais do Grão-Pará, pelo processo de escambo. As missões do rio Madeira além de suas atividades catequéticas exerciam também as de empórios comerciais. No final do século 17, na região amazônica, não havia alternativas econômicas nem capital para desenvolver qualquer atividade diferente da exploração das drogas do sertão. Portanto, a ordem de Portugal era para intensificar a construção de missões e aldeamentos na colô- nia administrados por religiosos (principalmente jesuítas). O objetivo era dar continuidade à ocupação e expansão do território por meio da catequese e do trabalho agrícola. Além disso, ordenou-se a construção de um sistema de defesa (fortes) para assegurar o domínio da área. Os missionários, como vimos, partiam em expedições ao interior da floresta para “descer” os indígenas e trazê-los aos aldeamentos. Ali, eles eram divididos para trabalhar nas proprieda- des rurais de colonos portugueses, nas missões das ordens religiosas e para o governo. Para os missionários, catequizar os índios era, além de ensinar a moral cristã, retirá-los da barbárie e integrá-los à sociedade da colônia. Assim, entre os valores europeus repassados aos povos indígenas estava principalmente a função do trabalho. O índio deveria tornar-se um bom cristão e trabalhador. O período da administração pombalina foi marcado pela criação do Diretório dos Índios e pela expulsão de todos os jesuítas da região em 1759. Nos quarenta anos do Diretório dos Índios, o número de indígenas trabalhadores envolvi- dos com esse sistema sofreu uma grande redução. Em 1757 havia cerca de 30 mil indígenas, enquanto em 1798 restavam apenas cerca de 19 mil (final do Diretório dos Índios). Os índios submetidos a esse sistema sofreram com o excesso de trabalho e maus tratos praticados por diretores escolhidos entre colonos e oficiais militares da colônia. Esses homens, diferente dos padres que conduziam as antigas missões, eram rústicos e despreparados. Pombal era contra o domínio dos padres jesuítas sobre os índios na colônia e os acusava de praticarem comércio ilegal e de incitarem as populações indígenas contra a Coroa Por- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos tuguesa. O poder dos jesuítas, cada vez maior, era, portanto, um desafio ao governo. Após a sua expulsão em 1759, toda a riqueza acumulada pelos jesuítas foi confiscada e vendida: 135 mil cabeças de gado, 1.500 cavalos, 22 fazendas, edifícios, plantações de cacau, entre outras benfeitorias. Os aldeamentos formados por indígenas catequisados durante o trabalho dos missioná- rios nos séculos 16 e 17 passaram no século 18 para a condição de vilas ou aldeias. Nesse período, Marquês de Pombal retirou o caráter religioso dessas formações popula- cionais e buscou transformar o índio em um trabalhador livre. Um decreto de 1755 impedia que os missionários controlassem as aldeias indígenas. Ou seja, qualquer colonizador europeu podia ter acesso a elas. Embora esse decreto afirmasse que os índios deveriam ter os mesmos direitos que os cidadãos livres comuns, na prática, não foi dado a eles o direito de administrar suas próprias aldeias. Isto é, Pombal colocou, no lugar dos missionários, colonos portugueses (diretores) para conduzir a mão de obra indígena nessas novas vilas e aldeias. 2.1.2. Descoberta do Ouro em Cuiabá Após a Guerra dos Emboabas (envolveu paulistas e estrangeiros pelo domínio da explora- ção da região das minas), em 1709, os paulistas, impossibilitados de explorar o ouro de Minas Gerais, passaram a buscar novas zonas de mineração, descobrindo-as nos atuais Estados de Mato Grosso e Goiás. Em 1719, a bandeira de Pascoal Moreira Cabral, subindo o rio Cuiabá à caça de índios, encontrou ouro nas margens do rio Coxipó-Mirim e, em 1725, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva descobriu ouro em Goiás. A descoberta de ouro na região marcou o início das monções, expedições fluviais regulares que faziam a comunicação entre São Pau- lo e Cuiabá. O arraial passou a se chamar Vila Real do Senhor Jesus do Cuiabá, em 1.727. Naquele perí- odo, Miguel Sutil também descobriu a maior veia aurífera da época que foi batizada de “Lavras do Sutil”. Enquanto foi capital, Vila Bela da Santíssima Trindade obteve um progresso muito grande devido aos investimentos em infraestrutura e incentivos fiscais para os novos moradores. No entanto, as dificuldades de povoar a região (distância, doenças, falta de rotas comerciais) e o estabelecimento de um importante centro comercial em Cuiabá acabaram forçando a transfe- rência da capital em 1835. Os moradores abandonaram a região, deixando casas, estabeleci- mentos comerciais e escravos para trás. 2.1.3. Descoberta do Ouro no Estado de Rondônia Devido a decadência do ouro em Cuiabá, aventureiros sertanistas e apresadores de índios se aventuraram para a região do Guaporé, como os irmãos Fernando e Arthur Paes de Barros que descobriram ouro em 1734. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Essa descoberta fez com a Capitania de São Paulo ordenasse a “guerra justa” para eli- minar os índios Payaguá, e a dizimação quase total dos Parecis, que passaram a ser mão de obra escrava. A produção na região era inconstante pois a presença de pessoas estava vinculada ao ouro, aos mitos do Eldorado e do Lago de Ouro que se renovava com novos achados. O Ciclo do Ouro, que ocorre na segunda metade do século XVIII, teve como principal símbo- lo em Rondônia a construção do Real Forte Príncipe da Beira, inaugurado em 31 de agosto de 1783, tendo como principal objetivo efetivar a política de expansão da Coroa Portuguesa, asse- gurar a posse das terras conquistadas, além de funcionar como posto avançado de vigilância e combate na defesa dos interesses de Portugal, do avanço militar e da cobiça espanhola. A descoberta de riquezas minerais na região do Rio Guaporé fez com que Portugal se apressasse em povoá-la, temendo que os vizinhos espanhóis fizessem o mesmo. Foi, então, criada a Capitania de Mato Grosso e sua capital instaladaem 19 de março de 1752 com o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade. Ao mesmo tempo, o comércio e o contrabando através das rotas fluviais, das monções, intensificaram a colonização do Vale do Guaporé e a fundação de Vila Bela da Santíssima Trindade. Vale a pena destacar que, nessa época, a tecnologia de mineração era muito rudimentar o que fazia cada faisqueira ou lavra possuir uma vida útil muito curta, o que, por sua vez, provo- cava um processo migratório constante, em busca de novos veios auríferos. Também é preciso destacar que os trabalhos nas lavras e faisqueiras era extremamente insalubre. Mesmo assim, os “campos d’oro”, como era conhecido o vale do Guaporé, sobreviveram. Principalmente em virtude da abundância de minério, mas não prosperou, pois a abundância era aparente. Não se ergueram cidades ao redor da febre do ouro guaporeano porque a febre do ouro passou logo. A partir de 1770, houve um esgotamento das minas, e isso não foi acompanhado de um re- ordenamento de forças produtivas. Com esse declínio, as pessoas brancas foram abandonan- do a região do Vale do Guaporé, ficando apenas os negros ou mestiços. Além disso as tensões fronteiriças se deslocaram, o Vale do Guaporé não era mais o foco. Devido à baixa produtividade da Capitania, foi extinta em 1778, o que agravou mais ainda os problemas no Vale do Guaporé, inviabilizando também a rota comercial Amazonas - Madei- ra - Guaporé; No final do século XVIII, o vale do Guaporé foi sendo abandonado pelos mineradores que procuravam regiões mais ricas, pela falta de investimento, visto ser improdutiva e também pelos governadores Gerais que passavam a maior parte de seu tempo em Cuiabá. No vale permaneciam apenas os negros libertos, entregues à própria sorte. E, com isso, estava sendo decretada a sorte da região: o abandono. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos 2.1.4. Rotas Fluviais e as Monções A palavra monção era usada pelos portugueses para denominar os ventos periódicos que ocorriam na costa da Ásia Meridional. Esses ventos, que durante seis meses sopram do conti- nente para o Oceano Índico e nos seis meses seguintes em sentido contrário, determinavam a saída das expedições marítimas de Lisboa para o Oriente. Na Colônia, as expedições que utilizavam as vias fluviais foram chamadas de monções, não por causa dos ventos, mas por se submeterem ao regime dos rios, partindo sempre na época das cheias (março e abril), quando os rios eram facilmente navegáveis, tornando a via- gem menos difícil e arriscada. As monções partiam das atuais cidades de Porto Feliz e Itu, às margens do rio Tietê, levan- do em média cinco meses até alcançar as minas de Cuiabá. No início, as monções transportavam paulistas para as minas cuiabanas, mas logo torna- ram-se expedições de abastecimento, isto é, bandeiras de comércio, levando mercadorias para as zonas mineradoras. A população das minas necessitava adquirir tudo que precisava, pois só estava interessada em achar ouro e enriquecer rapidamente. A agricultura nunca se desenvolveu plenamente no Vale do Guaporé, sempre ficou em segundo plano, pois a mineração ditava as regras. Além disso, as roças eram atacadas por muitas pragas. A pecuária era mais aceita, pois havia uma facilidade para que o gado, principal- mente vindo de São Paulo, adentrasse a região. Mas, devido a precariedade de abastecimento, prevalecia o contrabando com os espanhóis. Foi com vistas nessa presença constante que, ainda antes da assinatura do Tratado de Madri, D. Antônio Rolim de Moura recebeu a incumbência de povoar a região do Guaporé. Em 1748 foi criada a capitania de Mato Grosso. A nova Capitania teve como governador D. Antonio Rolim de Moura Tavares. Isso dava o controle definitivo sobre a produção de ouro e diamantes das minas de Mato Grosso. A construção da Vila Bela da Santíssima Trindade, a mando de Antonio Rolim, em 1752, primeiramente, ocorreu em uma área de nome Pouso Alegre. Após enchente, se mudou mais para cima, em 1753. Os edifícios públicos não tinham a “grandiosidade barroca” das construções de Minas Gerais ou do Nordeste devido a cana de açúcar. Além de assegurar a presença portuguesa, a capital seria um ponto de coleta de im- postos sobre a mineração O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Localização de Vila Bela da Santíssima Trindade em Mato Grosso A posição geográfica da Vila Bela da Santíssima Trindade era estratégica pois tinha fácil acesso à bacia amazônica pelo rio Guaporé e se ligava ao Grão-Pará e ao Porto de Belém. Além disso, se interligava a Cuiabá, Vila Maria (Cáceres) e a bacia Platina, além da interligação com São Paulo (Rios Paraguai-Cuiabá-Taquari-Pardo-Paraná e Tietê). Durante a administração de Antonio Rolim, fundaram um núcleo urbano, instalaram um “aparato militar”, povoaram a região e buscaram protegê-la de possíveis ataques dos espa- nhóis. Devido à forte tensão na fronteira oeste entre castelhanos e lusitanos, a nova Capitania inibiria um possível avanço dos espanhóis em direção leste. O abastecimento da região, inicialmente era feito através de caravanas paulistas. Com a descoberta da possibilidade da rota fluvial, o abastecimento passou a ser feito a partir de Be- lém, pelos rios Amazonas, Madeira, Mamoré, Guaporé. Mas isso só depois de 1754, quando foi franqueada a navegação. Os rios que serviam de rota para o contrabando passaram a servir de caminho de integra- ção e rota de recolhimento de impostos. Entretanto, essa forma de abastecimento não bara- teou o custo das mercadorias. Mesmo com a criação da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, o abastecimento continuou insuficiente, caro e mantendo o endividamento dos mineradores, o que ampliou o ciclo da escravidão: passavam a ser escravos, além do ne- gro e do índio, o colono branco que dependia desses meios e vias de transporte. O comércio estava atrelado à mineração. Através das rotas fluviais, vinham escravos, teci- dos, utensílios domésticos, armas, munições, sal, açúcar, vinhos, queijos, carnes, papel, mate- riais de construção, objetos de mineração ou para culto religioso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos A vida dos navegantes era penosa e perigosa, mesmo assim esse comércio era rentável, sendo intensificado com a criação da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, na parte norte da colônia. Além de abastecer a região, canalizava toda a produção que era retirado de MT que era escoada pela rota do Maranhão. 2.1.5. Sociedade no Vale do Guaporé Colonial O vale do Guaporé, principalmente a partir do séc. XVIII, transformou-se em uma espécie de abrigo de indesejáveis e depósito dos proscritos do sistema. Prisão sem paredes ou grades, onde os desclassificados poderiam ser úteis para o poder. Brancos endividadose criminosos viriam a ser a elite dos colonizadores do vale. Em contrapartida, o conjunto de anônimos era formado por indigentes de outras áreas, prevalecendo a população negra e mestiça. Muitos romances poderiam ser escritos contando as sagas e epopeias de quantos se aventuraram, desbravaram e morreram nas brenhas amazônicas e de Rondônia. A política dos governadores da província do Mato Grosso permitia que brancos, mamelu- cos e mestiços mais claros conseguissem o prestígio que seria impossível em outras regiões. A sociedade poderia ser assim descrita: a elite branca, formada pelos governadores e seus au- xiliares, os ricos proprietários e os comerciantes; as camadas médias formadas pelos peque- nos e médios comerciantes e alguns ex-escravos já donos de lavras, homens pobres e livres, mineradores e agricultores e homens que compunham as expedições dos sertanistas. Por fim, os escravos negros e, em menor, número índios. Como a maioria da população era constituída de homens, era comum e elevado o índice de violência. As péssimas condições sanitárias mais o ambiente natural ocasionavam um elevado nú- mero de doenças, fazendo com que a morte acompanhasse o dia-a-dia das pessoas. As princi- pais doenças eram malária, corruções, febres catarrais, pneumonia, diarreia, tuberculose, febre amarela, tifo e cólera. Quase todas mortais, por falta de acesso a tratamento. Entre as principais causas de decadência do vale do Guaporé podem ser mencionadas a insalubridade, a decadência do ouro, a dificuldade de acesso e permanência e a hostilidade indígena. Além disso, nas primeiras décadas do século XIX, a capital foi transferida para Cuia- bá, onde os capitães generais já passavam a maior parte do tempo, permanecendo Vila Bela abandonada, como herança aos negros que ali ficaram abandonados. 002. (CESPE/CEBRASPE/TCE-RO/ANALISTA DE INFORMÁTICA/2013) No século XVIII, a fundação de missões jesuíticas espanholas, na margem esquerda do rio Guaporé, foi uma clara ameaça à soberania de Portugal nas bacias dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira. Por isso, houve ações da metrópole portuguesa com o intuito de proteger o território na margem O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos direita da Bacia do Guaporé, atual estado de Rondônia. Com relação a esse assunto, julgue os itens a seguir. O governo português construiu a fortaleza militar do Príncipe da Beira às margens do rio Guaporé, o que originou os primeiros núcleos colonizadores que se desenvolveram no século XIX nessa região. Localizado na margem direita do rio Guaporé, atual município de Costa Marques, Rondônia, a fortaleza do Príncipe da Beira foi fundada em 1775. Em posição dominante na fronteira com a Bolívia, esta fortaleza é considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa, no Brasil Colonial, fruto da política pombalina de limites com a coroa espanhola na América do Sul, definida pelos tratados firmados entre as duas coroas entre 1750 e 1777. O Forte Príncipe da Beira é muito parecido com a Fortaleza de São José de Macapá, sua contem- porânea, é Distrito do município de Costa Marques e acolhe uma comunidade remanescente de quilombolas certificada pela Fundação Palmares em 19/08/2005. Certo. 3. submissão do indíGenA e resistênCiA esCrAVA No século XVII, indígenas da região onde hoje fica o Estado de Rondônia, na divisa entre as comarcas do Mato Grosso e Rio Negro, trabalhavam na coleta de especiarias como salsapar- rilha, canela e copaíba para colonos e proprietários de terras contratados por companhias de comércio internacional. O trabalho era remunerado, mas quem ficava com o dinheiro eram os missionários, encarregados de converter os indígenas ao catolicismo. As atividades missionárias encontravam obstáculos à sua expansão impostos pela resis- tência das nações indígenas, principalmente a dos Tora, Mura, Mundurukos, Parintintin, inten- sificando-se as hostilidades a partir de 1715, após o capitão João de Barros Guerra por ordem do governador o Grão Pará, Cristóvão de Costa Freire, haver atacado os Toras, expulsando-os da foz do rio Madeira, perseguindo-os até acima os Manicoré. Essa repressão deu-se em de- corrência desses índios terem expulsados os colonos do rio Madeira, em represália por esses colonos terem aprisionados indígenas dessa nação e os vendidos como escravos. Os muras foram atacados por tropas de resgates comandadas pelo capitão Diogo Pinto Gaya (1718/1722) em Maicy, sendo aprisionados mais de quarenta indígenas, levando-os para Santa Maria do Grão-Pará. Tais ações bélicas geraram não só o permanente estado de guerra dos Muras, Toras, Parintintins, como também a desconfiança das outras nações em relações aos bons propósitos dos padres e dos colonos. Apesar da resistência dos indígenas à invasão de seus territórios, as atividades missioná- rias e comerciais se expandiam. Os padres assentavam missões agregando os indígenas e os comerciantes com suas bandeiras fluviais, cada vez em maior número, percorrendo os baixos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos cursos do rio Madeira e penetrando em seus afluentes. Entre os quais o rio Jamari abundante em cacau, trocando ferramentas e outros produtos manufaturados por especiarias da floresta (drogas do sertão) com os índios e com os padres que mantinham o controle desse rendo- so comércio. O padre Jódoco Peres, superior dos jesuítas de Tupinambarana, em 1683, subiu o rio Ma- deira durante nove dias até alcançar a aldeia dos índios, Iruris, na qual pretendia instalar uma missão, não obteve êxito. Essa missão só foi instalada em 1689. Em 1712 o padre jesuíta João Sam Payo, entrou no rio Madeira se estabelecendo na al- deia indígena de Canumã, erigindo igreja e casas, iniciando o seu trabalho missionário no vale desse rio. A intensa ação missionária e a rentável atividade de coleta e comercialização de especia- rias no rio Madeira, estimularam a organização no Grão-Pará, de uma bandeira fluvial. Chefiada pelo sargento-Mor Francisco de Melo Palheta, foi composta por trinta soldados e noventa e oito índios flecheiros embarcados em sete canoas com a incumbência de proceder minu- cioso levantamento dafisiografia do vale do rio Madeira, percorrer todo seu curso, descobrir suas vertentes, contatar pacificamente com seus habitantes nativos, proceder o levantamento das atividades econômicas e políticas dos colonos e padre lusos, bem como de concorrentes estrangeiros Em 1723, o padre João Sam Payo, fundou a missão de Santo Antônio próximo a foz do rio Jamari, dentro da área, atualmente limitada pelo Estado de Rondônia, mudando-a posterior mente para o lago Cuniã a fim de proteger os índios dos ataques dos indígenas adversários e dos aventureiros que trafegavam pelo rio Madeira. A resistência dos índios Muras, Parintintins e Caripunas detiveram a expansão das mis- sões jesuíticas na cachoeira de Santo Antônio, obrigando os padres, colonos e indígenas alia- dos destes, a recuarem até o próximo a foz do rio Jamari nas vizinhanças do rio Beata. Daí se deslocaram até a foz do rio Jí-Paraná, na qual instalaram a missão de Camuam. Apesar disso, foram também desalojados em decorrência dos constantes ataquesdos indígenas, bem como pelo surto de doenças. Abandonaram o local deslocando-se rio abaixo até a missão de Troca- no (atual cidade de Borba), na qual os padres dispunham de recursos bélicos para se defende- rem, inclusive com dois pequenos canhões. Enfrentando a hostilidade dos indígenas, os padres prosseguiram o trabalho catequético de aldeamento e pacificação das nações aborígines, com vista a consolidar a ocupação lusa no vale do rio Madeira, em observação à política de expansão territorial no continente ameri- cano, disposta pelo governo metropolitano português. Consoante ao alcance desse objetivo, o padre João Sam Payo, em 1728, explorou os bai- xos e médio cursos do Jamari. Organizou uma expedição qual subiu o rio Madeira alcançando a cachoeira Aroya (Santo Antônio), daí prosseguindo vencendo as cachoeiras, saltos e corre- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos deiras dos Macacos, Laguerites (Teotônio), Morrinhos, Calderao do Inferno, Jirau, Três Irmãos, Paredão e Perdeira. Tanto no percurso de ida como no de retorno, os expedicionários mantiveram os possí- veis contatos com os indígenas na tentativa de captar sua mensagem e os convencer a se tornarem aliados e súditos do rei de Portugal, bem como a aceitarem habitar em missões e a seguirem os procedimentos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Em face permanente estado de beligerância do Muras, que atacavam e destruíam alde- amentos jesuíticos, povoamentos coloniais e embarcações dos comerciantes droguistas do sertão, o padre provincial da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão, solicitou ao rei de Portugal que fosse declarada “guerra justa” (1738 - 1739) à nação Mura. Entretanto, pela Car- ta Régia de 10 de março de 1739, Dom João V, monarca português, determinou a suspensão das hostilidades por considerá-las injustas e desnecessárias. Os Muras permaneceram oferecendo resistência à ocupação lusa no vale do rio Madeira. Mesmo assim, no decorrer dos séculos XVII e XVIII, foram fundadas várias missões e povoa- dos. O governo criou núcleos coloniais com destacamento militar para protegerem os colonos, evitar o contrabando de ouro, cobrar os quintos devidos ao rei e auxiliar os navegantes nas travessias das cachoeiras. Ao longo de cerca de 250 anos de conquista e colonização portuguesa, muitos povos in- dígenas foram mortos pela arma de fogo dos conquistadores e sobretudo foram dizimados pelas doenças contagiosas trazidas pelos europeus (varíola, sarampo, catapora, gripe, tuber- culose e doenças venéreas). Assim, as populações indígenas na Amazônia foram reduzidas de maneira drástica. À épo- ca do primeiro contato europeu havia aproximadamente 5 milhões de índios na bacia amazô- nica, dos quais 3 milhões viviam no Brasil. Atualmente há apenas cerca de 430 mil indígenas na Amazônia. Calcula-se que a população no vale do Guaporé, naquela época, era formada por cerca de sete mil escravos africanos e menos de mil portugueses. A vida útil de um escravo no Vale do Guaporé era de aproximadamente dois anos, nos canaviais do Nordeste chegava a 10 anos e na Bacia do Madeira, onde foram feitas tentativas de implantação de colônias, não passava de seis meses. Os negros eram uma alternativa necessária para a suposta liberdade dos indígenas. Além disso, eles eram mais resistentes às doenças e eram considerados mais trabalhadores pelos portugueses. Os escravos africanos trabalhavam na monocultura de produtos para a exporta- ção, geralmente cacau, café, arroz e açúcar. Os índios, em contrapartida, cultivavam mandioca e arroz para o consumo local. E, principalmente, estavam envolvidos nas árduas expedições anuais de coleta nas florestas. Durante o período colonial os navios negreiros provenientes da costa da África destina- vam-se preferencialmente aos ricos portos do litoral do nordeste brasileiro, notadamente Bahia O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos e Pernambuco. A “carga” desses navios, os africanos escravizados, era distribuída pela exten- sa área de produção de nossa maior riqueza colonial, maior mesmo que o ouro, o açúcar. Contrapondo-se ao rico mercado do açúcar encontrava-se a distante Amazônia. Constituía- -se essa região em um mercado secundário de compra de escravos de origem africana. Várias razões podem explicar essa situação. A primeira razão é o caráter periférico da economia ama- zônica naquele período, em relação à economia do açúcar, e depois do ouro. A segunda razão é que a região possuía uma economia pobre, tinha como base principal de sua economia o extrativismo: produtos florestais conhecidos como drogas do sertão tais como a salsaparrilha, a canela, copaíba, enfim uma infinidade de artigos. Além disso, desde cedo, desenvolveu-se o extrativismo pesqueiro, importante produção no comércio regional. Mas a maior produção extrativa da Amazônia no século XVIII era o cacau nativo, contudo era produto de qualidade inferior ao cacau agrícola das colônias espanholas, portanto menos procurado e de menor valor no mercado internacional. No baixo Amazonas, ou seja, nas proximidades de Belém, concentravam-se atividades agrí- colas e pecuárias. Derivava dessa economia o pouco acúmulo de capitais regionais e a opção pela mão de obra indígena escravizada, ou em condição análoga ao trabalho escravo, em detri- mento da mão de obra escrava de origem africana. Além do mais, temos que considerar o custo do trabalhador, para se ter ideia um escravo africano em Belém custava dez vezes mais que um escravo nativo no início do século XVIII. A criação da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão (1755) abria possibilida- des para a colocação da força de trabalho escravizada na África em quantidade e regularidade. A oferta desse trabalhador novamente teve pequeno impacto face à relativa pobreza da eco- nomia extrativista das drogas do sertão. Parte dessa força de trabalho foi adquirida para a Ca- pitania do Mato Grosso, ocupada na mineração do ouro no Vale do Guaporé, setor econômico que pouco utilizava a mão-de-obra de origem indígena, Os escravos eram usados em diferentes atividades: nas faisqueiras, nas lavras e sesma- rias. Nas grandes propriedades eram controlados pelos feitores, em geral de origem negra. Mas entre os pequenos proprietários havia uma relação mais próxima, nem por isso menos sujeita a revoltas, fugas e insurreições. Também havia os “pretos Del Rey”, escravos de pro- priedade da coroa, que estavam a serviço do governador, para a edificação de obras públicas. Esses escravos eram vistos como verdadeiros equipamentos de serviço público. Eram poucos e os governadores se obrigavam a alugar mais escravos junto aos proprietários. Em 1752, Ro- lim de Moura criou a Companhia dos Homens Pretos e Mulatos. Considerada como a mais insalubre do mundo, a região do Madeira era propensa a doen- ças tropicais como o Maculo, uma febre diarreica que matava o portador em poucos dias e provocava grande sofrimento. A partir de 1815, a extração do ouro deixou de ser atrativa no Vale do Guaporé e muitos negros que não serviam para o trabalho foram deixados para trás. Descendentes deles vivem hoje em vários quilombos no Vale do Guaporé. O conteúdo deste livro eletrônicoé licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Devido às péssimas condições de vida, escravos do vale do Guaporé tendiam a se revoltar individual e coletivamente. Durante a segunda metade do século XVII eram comuns as fugas de escravos, formando quilombos, com um destaque para o de Quariterê (do Piolho) que exis- tiu de 1752 a 1795, ano em que foi destruído. Acredita-se que o primeiro líder do Quilombo do Piolho tenha sido José Piolho. Com a sua morte, Teresa de Benguela, que era sua mulher, assumiu a liderança do quilombo. Em 1770, logo que a existência do quilombo ficou conhecida pelas autoridades coloniais, uma bandeira foi organizada para destruí-lo. A bandeira contava com trinta homens e vinha sob o comando de João Leme de Prado. A bandeira percorreu um mês de Vila Bela da Santíssima Trindade até o quilombo. A bandeira atacou o quilombo de surpresa e prendeu a maioria de seus moradores; outra parte foi morta durante o combate, e outra fugiu. Aqueles que foram capturados, vieram a ser torturados em praça pública para servir de exemplo para aqueles que pretendiam se rebelar. Mais tarde, em 1791, uma nova bandeira foi organizada: desta vez, para capturar aqueles que tinham fugido do primeiro ataque ao Qui- lombo do Piolho. A nova bandeira tinha 45 homens e era comandada pelo alferes de dragão Francisco Pedro de Melo. Dessa vez, o Quilombo do Piolho foi completamente destruído. A fim de impedir novas revoltas e garantir os interesses de Portugal, foi construída, no local onde fi- cava o quilombo, a Aldeia da Carlota. Os escravos aprisionados pela bandeira acabaram sendo libertados por Cáceres que lhes ordenou fundarem a aldeia de Carlota. Nações Indígenas de Rondônia: Caripunas: Ocupam o Parque Indígena Karipuna no vale do rio Jaci-Paraná, ainda não demar- cado. Os caripunas numerosíssimos no final do século XIX e início do Século XX, foram os mais prejudicados com a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, no Alto Madeira, sendo hos- tilizado e dizimados pelos construtores dessa obra. Chegaram a ser considerados extintos. Porém, em 1970, os Caripunas reapareceram em cena ao atacarem um seringal no vale do rio Jaci-Paraná, com perdas de vidas de ambas as partes. Em 1973, um topógrafo localizou uma de suas aldeias e comunicou o achado a FUNAI, a qual conseguiu manter contato com seus habitantes em 1976. Os sertanistas tomaram conhecimento da existência de outras aldeias, porém ainda não conseguiram manter contato com essas. Os Caripunas estão reduzidos a pequenos grupos arredios. Pakaás Novos: Atualmente a maior área indígena em Rondônia, habitam no Município de Gua- jará-Mirim as reservas de Ribeirão (48.000 há) na margem do rio Ribeirão; Lage (110 há) na margem do rio Lages; Pacaás Novos (21.800 há) na margem esquerda do rio Pacaás Novos e rio Negro-Ocaia (104.000 há) na margem do rio do mesmo nome, afluente do rio Pacaás Novos. Estes vivem sob o controle da FUNAI. Há um grupo sob o controle da diocese de Gua- jará Mirim, localizado em Sagarana, na margem do rio Guaporé. Os Pakaás Novos entram em conflito armado, revidando as violências de que foram vítimas por parte dos construtores da O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos ferrovia Madeira-Mamoré e dos seringueiros, no início do século XX. Atualmente, estão sob a violência muito mais agressiva, a dominação ideológica descaracterizando-os e despojando- -os dos seus valores culturais atávicos de nação. Violência praticada pelas missões religiosas nacionais e estrangeiras de várias matizes e credos. Karitianas: Ocupam uma reserva de 57.000 há próxima a cidade de Porto Velho. Seu contato com os brancos ocorreu a partir da Segunda metade do século XIX quando a região foi pene- trada pelos seringueiros. Tapari, Makurap e Jatobi: Vivem nos Postos Indígenas do Rio Branco e do Rio Guaporé, são poucos indivíduos remanescentes destas nações que tiveram próxima a extinção vítimas das ações hostis dos seringalistas. Kaxacaris: Habitam a região limítrofe entre os municípios de Porto Velho e Lábrea/AM. Uru-Eu-Wau-Wau: Grupo arredio em fase de contato com a FUNAI, habitam os municípios de Ariquemes e Guajará-Mirim. São provavelmente do grupo tupi. Tubarão Latundé: Habitam a reserva do mesmo nome no município de Vilhena. Cinta Larga: Ocupam a área do Projeto Indígena do Roosevelt com 190.000 há, parte integrante da reserva do Parque Indígena do Aripuanã, localizada em terras dos Estados de Rondônia e Mato Grosso. Suruis: Habitam os postos indígenas 7 de Setembro e Quatorze, no Município de Cacoal, a reserva indígena 7 de Setembro ocupa terras de Rondônia e Mato Grosso. Os Suruis foram atingidos pela construção da BR 364, ocorrendo a invasão de seus territórios pelos migrantes sulistas lhes ocasionando graves prejuízos. Gaviões: Ocupam uma reserva com área de 160.000 há já demarcada, suas aldeias situam-se às margens dos Igarapés Lourdes e Homônios, afluentes da margem direita do rio Ji-Paraná, próximo a cidade de Ji-Paraná. Em contato com o branco a mais de 40 anos, em transações comerciais e de trabalho com os seringalistas e admissão de missionários religiosos estran- geiros em suas aldeias. Atualmente mantêm contato com a população da cidade de Ji-Paraná, onde se abastecem no comércio local. Araras: Ocupam a mesma reserva dos Gaviões, hoje em contato pacífico com o branco, após mais de cem anos de tenaz resistência. Os Araras se constituem no terror das missões reli- giosas que tentaram se estabelecer no vale do Ji-Paraná. Só em 1950, dizimados por doenças fizeram os primeiros contatos amigáveis com os seringalistas. 4. nAVeGAção no rio mAdeirA Os primeiros contatos com os europeus com o rio Madeira ocorreram a partir de 1542 quando Francisco Orellana, vindo dos Andes (Peru), descendo o rio Amazonas, passou em sua foz denominando-o rio Grande. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 111www.grancursosonline.com.br História do Estado de Rondônia HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA Daniel Vasconcellos Como vimos, Nuflo do Chavez saindo de Santa Cruz de La Sierra dos Moxos (atual repúbli- ca da Bolívia) em 1560, percorreu todo o curso do rio Madeira desde o local se sua formação (na confluência dos rios Beni e Mamoré), até a sua foz na margem direita do rio Amazonas. Também vimos que Pedro Teixeira, em 1637, navegou o Rio Madeira. Antônio Raposo Ta- vares, em 1650, percorreu desde o local de sua formação até a sua foz na margem direita do rio Amazonas, por esse prosseguindo descendo o seu curso até alcançar, em 1651, o Forte de Gurupá, nas proximidades da foz desse rio no Oceano Atlântico litoral do Grão-Pará. O rio Madeira era pela primeira vez percorrido por luso-brasileiros. Fornecendo à coroa portuguesa o conhecimento de sua extensão, dos habitantes de suas margens e de seu provável potencial econômico. Consolidada a ocupação portuguesa na foz do rio Amazonas com a expulsão dos france- ses, ingleses e holandeses
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