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Letícia Pimentel – ESM Enfermagem e Saúde da Mulher 2022/2023 Letícia Pimentel Puerpério é o período que se estende desde a dequitadura até terminar a involução uterina e o organismo da mulher ficar em condições de nova gravidez (45 dias) (4 a 6 semanas) Modificações durante o puerpério Involução Uterina: Processo de Autólise: uma instabilidade da membrana lipossómica promove a rotura da mesma destruindo-a causando assim atrofia dos tecidos e a contração e retração permanente da fibra muscular do útero (2 a 3 horas) Contrações Uterinas Rítmicas: importante função para corrigir a hemorragia no local de inserção da placenta e da qual a homeostasia depende, fundamentalmente, do tónus uterino • Nas primíparas, o útero tende a manter-se em contração tônica depois do parto. Contudo, nas multíparas, o útero em geral contrai-se vigorosamente a intervalos regulares, e isso provoca as chamadas contrações puerperais, que são semelhantes as contrações do trabalho de parto, embora mais brandas. • Em mulheres que amamentam: § Contrações aumentam de intensidade e frequência quando o bebé mama, provavelmente em razão da secreção de ocitocina – como resposta ao Reflexo Neuroendócrino. • Também são mais frequentes (acentuadas) nas multíparas, pela perda da tonicidade da fibra muscular, o que necessitam de contrai-se com mais frequência para obter o tónus adequado. Útero: À palpação o útero apresenta uma consistência globosa, como um punho fechado e em tamanho aproximado de uma cabeça fetal – Globo de Segurança de Pinard (Ligaduras Vivas de Pinard). A contração do órgão realiza a oclusão dos casos sanguíneos periféricos, obliteração e trombose dos vasos mais calibrosos e intramiometriais, para evitar possível hemorragia. Após a dequitadura e a formação do globo de segurança, sobe ficando o seu fundo cerca de um dedo acima da cicatriz umbilical. O fundo do corpo uterino situa-se entre o umbigo e a sínfise púbica. Passadas 12 horas -> o útero ultrapassa de novo a cicatriz umbilical 48 horas -> desloca-se do hipocôndrio direito para o nível periumbilical 3º dia -> diminuição de tamanho 1cm/dia 6º dia -> Útero a meia distância entre o umbigo e o bordo superior da sínfise púbica 10º dia -> Útero encontra-.se “escondido” (encontra-se na sínfise púbica, não sendo possível palpar) Regeneração do Endométrio: Até ao 4º/5º dia – preenchimento da cavidade uterina com uma camada de fibrina com infiltração leucocitária Até o 25º dia – Cicatrização e regeneração espontânea do endométrio Até o 45º dia – Proliferação do endométrio por estimulação do estrogénio Após o 45º dia – Descamação do endométrio não secretor (ainda não houve ovulação) Nota: considera-se anormal uma amenorreia superior a 2 meses e patológica, aquela que exceda os 6 meses. Peso do útero: Após o parto – 1 Kg 1ª semana mais tarde – 500gr O intervalo que transcorre depois do nascimento, durante o qual as alterações anatómicas e fisiológicas maternas induzidas pela gravidez retornam a seu estado original. A 1 menstruação das mulheres que não amamentam -> acontece após 45 dias Na maioria das mulheres que não amamentam -> o 1º e o 2º ciclo são anovulatórios Nas mulheres que amamentam a menstruação aparece mais tarde e apresenta um grande números de ciclo anovulatórios, devido à lactação que causa um estado refratário temporal dos ovários e nas Gonadotrofinas Hipofisárias (o ovário não responde à estimulação de FSH quando aos níveis de prolactina estão elevados) Enfermagem e Saúde da Mulher 2022/2023 Letícia Pimentel 2ª semana – 300gr No final da 6ª semana – não chega a 100gr Colo uterino: O colo uterino volta ao seu tamanho normal após a 1ª semana (nunca retorna ao seu aspeto pré-gravidez) O orifício cervical está fechado aos 10º -12º dias, já não é permeável a um dedo. O orifício externo apresenta uma ligeira deiscência que no caso de uma multípara perde o seu aspeto punctiforme e apresenta-se com um aspeto de uma fenda transversal. O orifício cervical externo vai diminuindo mais lentamente (20º dia) Vagina: Recupera a elasticidade inicial, aparecendo as pregas na mucosa, ainda antes de um mês Grau de Tropismo da Mucosa -> só após 6 semanas ou mais tarde (por falta de estímulos de estrogénio, que também contribuem para pouca lubrificação vaginal o que ocasiona, por vezes, dor nas relações sexuais) A vulva perde o seu aspeto congestivo e readquire a sua tonicidade pelo 2º dia. Parede Abdominal: Permanece flácida durante algum tempo As estrias mudam de aspeto – são menos visíveis e a sua cor passa a branco Caso a distensão abdominal for intensa – na linha média do abdómem pode-se apreciar à palpação uma separação marcada dos músculos retos (diástase) Sistema Vascular: A regressão da maioria das alterações ocorre nos primeiros dias após o parto O aumento de volume total do sangue durante a gravidez é de 35% (redução gradual – atinge valores normais por volta da 2ª semana) No parto perda sanguínea » 400ml Sinais Vitais: Pulso -> Bradicardia transitória – máximo 48 horas TA -> não existem alterações significativas Temperatura -> Nas primeiras 24 horas pode haver um aumento por motivos de fadiga muscular; Aparelho Urinário: A velocidade de filtração glomerular está elevada na 1 semana Diurese -> 3.000 cm3/dia, nos primeiros 4-5 dias (a mulher já não precisa desses líquidos, por isso vai eliminá-los) Em consequência do parto, existe uma diminuição do tónus vesical que comporta uma diminuição da vontade de urinar e uma maior capacidade vesical, pode causar: o Sobredistensão acompanhada de incontinência o Esvaziamento incompleto da bexiga o Retenção urinária Aparelho Digestivo: A motilidade e o tónus Gastrointestinal voltam à normalidade na 2ª semana pós-parto. Pode ocorrer obstipação por: o Restrição de líquidos o Reto distendido o Fármacos administrados o Dor (causada pela episiotomia e hemorroidas) Perda de Peso: Feto e placenta Líquido Amniótico Perda sanguínea Aumento de transpiração Aumento de diurese, na 1 semana Involução Uterina Lóquios Fases do puerpério Divide-se em três períodos: o Imediato (primeiras 2h) o Precoce (primeiros 2 dias) o Tardio (os dias seguintes, até à alta puerperal) Puerpério Imediato Sala de Partos: 1. Cuidados ao períneo § Traumatismo perineal (suturar se necessário – episiorrafia) § Lavar/desinfetar com soro antissético Nota: As lesões do colo uterino, vagina, vulva, hímen e períneo, cicatrizam de um modo rápido em média 2 semanas. Nota: No 3º/4º dia pós-parto -> Aumento da temperatura corporal, pode ser atribuído ao exagerado engurgitamento vascular e linfático das glândulas mamárias (Pode também dever-se a Infeção Puerperal – Elevada taxa de morte) 9Kg (1 semana) Enfermagem e Saúde da Mulher 2022/2023 Letícia Pimentel § Secar com compressas esterilizadas § Colocar penso esterilizado 2. Monitorizar SV 3. Passar a senhora para a maca/cama § Posicionar a senhora em decúbito dorsal (para que os órgãos regressem às suas cavidades anatómicas respetivas) § Transportar com suavidade Unidade de Cuidados/Sala de Recobro 1. Cama: deve estar aquecida 2. Cuidados de higiene: § Face, costas, axilas, região mamária, região nadegueira, coxas § Colocar celulose na região perineal § Vestir camisa da puérpera 3. Alimentação: § Oferecer uma refeição, quente e rica em hidratos de carbono § Colocar á disposição líquidos 4. Esclarecimento: § Posicionamento: permanecer em decúbito dorsal § Movimentação: Movimentar os brações, mãos e pernas 5. Conforto e sono: § Ambiente escurecido, ventilado e sem ruídos/silencioso, seguro, “secreto” § Suspender visitas (falar com a família) 6. Monitorizar os sinais vitais: § 15/15 minutos na primeirahora § 30/30 minutos na segunda hora § Palpar útero de 15/15 minutos § Vigilância de perda vaginal Puerpério precoce 1. Exame Físico Observações gerais: § Involução uterina § Estado das mamas § Postura § Facilidade de movimentos § Expressão facial § Afetividade § Sinais Vitais § Queixas subjetivas § Monitorização dos sinais vitais (bradicardia puerperal) § Observação dos membros inferiores (pode ser uma elevação mínima, não se pode fazer elevação devido hipervolémia pode causar edema pulmonar, tem de se fazer é movimentação dos membros. § Primeiro levante (6 horas após parto, de uma forma progressiva e dependendo do estado geral da puérpera, se tiver condições para fazer antes das 6h pode fazer, se ao fim das 6h não tiver feito, tem de fazer) § Exercícios pós-parto 2. Avaliar involução uterina 3. Vigiar/avaliar lóquios 4. Vigiar a eliminação vesical 5. Vigiar o períneo 6. Vigiar estado das hemorroides 7. Autocuidado: higiene § Banho de emersão não está indicado na 1ª semana (o colo está aberto e existe ferida placentária -> risco de infeção) § Higiene dos seios em 1º lugar § Cuidados perineais 8. Despiste precoce da sintomatologia de infeção puerperal § Dor pélvica/pulso rápido/cefaleias/tax>37,5/38ºC 9. Promover bom sono e repouso 10. Alimentação 11. Esclarecimento § De encontro às necessidades da mãe/filho § Sempre presente Puerpério tardio 1. Sinais vitais (devem estar normalizados) 2. Lóquios: § Sero-hemáticos em menor quantidade (após 3º dia) § Serosos em menor quantidade (alguns dias depois) § Ao 10º dia passam a ser amarelos ou esbranquiçados, se a involução uterina é normal 3. Relações sexuais (o órgão genital sofreu alterações durante a gravidez e lesões durante o parto, o que leva a dor e diminuição da líbido. Assim, é necessário algum tempo para restabelecer relações sexuais, sendo que depende dos caos, não havendo um tempo definido) 4. Consulta Puerperal – 40 dias após parto Lóquios Perda de sangue, muco e tecidos do interior do útero durante o período puerperal. São resultado da involução uterina, durante a qual a decídua basal sofre necrose e descama. Incluem: o Secreções do colo e vagina o Produtos de descamação o Pequenos coágulos o Resto de caduca (endométrio pós-gravídico) o Exsudados Passam por 3 fases: o 1º dia – Hemáticos (sangue + decídua + restos) o 3º/4º dia – Soro hemáticos (sangue envelhecido + restos placentários + leucócitos + soro) o > 8 dias – Serosos (leucócitos + decídua + células epiteliais + muco + soro + bactérias Saturação de dois pensos durante uma hora é considerado excessivo. Enfermagem e Saúde da Mulher 2022/2023 Letícia Pimentel Alta clínica Tem lugar ao 2/3 dias caso o parto seja via vaginal ou 4 a 5 dias após parto cirúrgico Alta puerperal Tem lugar, sensivelmente, aos 40 dias pós-parto Avaliação do estado geral (físico/emocional) da mulher; Avaliação ginecológica: exame ginecológico completo de episiotomia, involução uterina, exame citopatológico e flora vaginal Avaliação mamária Avaliação da evolução da lactação Esclarecimento de todas as dúvidas Orientação anticoncecional Art. 7º da lei nº142/99 de 31 de Agosto Incumbe especialmente ao Estado para a proteção da maternidade, da paternidade, do nascimento e da criança, no domínio dos cuidados de saúde o Garantir a acessibilidade aos Serviços de Saúde Reprodutiva, nomeadamente, cuidados contracetivos, pré- concecionais e de vigilância de gravidez o Dotar os Centros de Saúde de meios humanos e técnicos necessários ao cumprimento do preceituado na alínea anterior o Promover e incrementar a visitação domiciliária à grávida ou puérpera, assim como ao filho até aos 90 dias de idade, em caso de impedimento de deslocação dos Serviços de Saúde ou com a finalidade de desenvolver a educação para a saúde Visita Domiciliária Uma medida adicional de acompanhamento no pós-parto A visita domiciliária deve ser planeada em colaboração com a família e agendada de acordo com as necessidades identificadas Pode ocorrer uma visita 24 horas após saída da Maternidade Serão planeadas outras visitas durante a primeira semana, caso necessário A decisão de manter visitas será tomada em função das necessidades da família Intervenção de enfermagem na visita domiciliária Aconselhamento de apoio Orientação antecipada Ensino ou acompanhamento Registo
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