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20/09/2016 1 Assistência de Enfermagem no Puerpério Profa. Hellen Catunda 2016.2 Objetivos da Aula Ao término da aula o aluno deve ser capaz de: • Definir o puerpério e suas fases; • Identificar as alterações fisiológicas e psicológicas do puerpério; • Compreender o processo de cuidar da enfermagem à mulher no período puerperal; • Evidenciar as principais intervenções de enfermagem à puérpera. 2 20/09/2016 2 Definição • Momento que sucede ao nascimento da criança, logo após a expulsão da placenta, também denominado período pós-parto; • Caracterizado por restauração dos órgãos e sistemas a um estado semelhante ao período que antecedeu a gestação, com alteração emocional, em que existe maior vulnerabilidade psíquica. 3 Por que enfocar o puerpério? Em 2010, foram investigados 74% dos óbitos maternos brasileiros, sendo que 17% dessas mortes ocorreram durante a gestação, 9% durante o parto e 56% no puerpério. (Boletim 2012, MS) A principal causa de morte materna obstétrica direta no Brasil é a hipertensão (13,8/100 mil nascidos vivos), seguida das hemorragias (7,9/100 mil nascidos vivos) e das infecções puerperais (4,4/100 mil). (Boletim 2012, MS) 4 20/09/2016 3 Classificação do Puerpério Pós-parto Imediato: do 1º ao 10º dia após o nascimento. Pós-parto Tardio: do 11º ao 45º dia de parturição. Pós-parto Remoto: acima de 45 dias do nascimento. Por via de regra, completa-se a involução puerperal no prazo de 6 semanas após o parto. 5 Modificações Anatômicas e Fisiológicas do Puerpério 6 20/09/2016 4 Adaptações Maternas Pós-Parto A. órgãos reprodutivos B. Alterações sistêmicas 7 Adaptações de órgãos reprodutivos 8 20/09/2016 5 Útero Nas primeiras 12 horas do pós-parto, o fundo uterino encontra-se na cicatriz umbilical, estando novamente na cavidade da pelve ao final da segunda semana; O útero começa a contrair- se fortemente logo após a expulsão da placenta. Dor 9 Útero - Avaliação a cada 15 minutos (1ª hora), duas vezes ao dia posteriormente; - Pedir para esvaziar a bexiga antes do exame; - Detectar altura, localização e tônus do fundo uterino. 10 20/09/2016 6 Cérvice Permanece dilatada nas primeiras 12 horas após o parto; Involução diária do orifício externo, estando fechado após 1 semana do parto; Formato em fenda para mulheres que entraram em trabalho de parto. 11 Endométrio - Trombose dos orifícios vasculares abertos no sítio placentário; - Desagregação da decídua externa (Lóquios); - Regeneração do endométrio e das glândulas endometriais; - Cavidade uterina inteiramente epitelizada em torno de 25 dias pós-parto. 12 20/09/2016 7 Lóquios É a eliminação do conteúdo uterino que ocorre após o parto; Constituído pela decídua remanescente, que sofre necrose e é eliminada; Avaliar quantidade, coloração, coágulos e odor. 13 Classificação dos Lóquios 1-3 dias: sanguinolentos ou rubros, vermelho-vivo, consistência sanguinolenta, odor de menstruação, aumento temporário ao amamentar ou ao se levantar após um período deitada. 4-9 dias: sero-sanguinolento; róseo e/ou amarronzado 10 dias a 3 semanas: serosos; esbranquiçado ou creme, odor de menstruação 14 20/09/2016 8 Vulva e Vagina A vagina permanece edemaciada e dilatada por aproximadamente três semanas. A involução geralmente se completa por volta de seis semanas após o parto; Atrofia fisiológica da mucosa; Atentar ao aspecto da episiotomia, lacerações, hematomas e hemorroidas; Aspecto fisiológico: rosado, sem sinais de equimoses ou edema. Avaliar esfíncter anal e mucosa retal. 15 Ovulação • Retorno variado; • Ocorre em média em 10 (7 a 12) semanas em mulheres que não estão amamentando. • O primeiro ciclo menstrual é frequentemente anovulatório. • Cerca de 70% das mulheres que não amamentam menstruam até 12 semanas após o parto. 16 20/09/2016 9 Mamas - Macias nas primeiras 48 a 72 horas; - Sensação de formigamento ou peso nas mamas (apojadura); - Deve ser avaliada a simetria, consistência, tamanho, sensibilidade, nódulos, áreas de calor; - Investigar mamilos (tipo, desconforto, alterações); - Verificar secreções diferenciadas de colostro, leite de transição e maduro; - Atentar para sinais de complicações. 17 Exame das mamas AVALIAR OS TIPOS DE MAMILOS PROTUSO PLANO INVERTIDO 18 20/09/2016 10 Adaptações sistêmicas 19 Trato Urinário • A diurese REGULAR ocorre entre o segundo e o quinto dia após o parto; • No primeiro dia: distensão aumentada, esvaziamento incompleto e urina residual; • Causas: anestesia, traumas vesicais, uso de sonda vesical e edema vulvar. • Atenção: risco de infecção urinária. Observar sinais e sintomas de febre e disúria. 20 20/09/2016 11 Intestino - Redução da motilidade intestinal; - Retorno do funcionamento no 3º ou 4º dia; - Auscultar sons nos quatro quadrantes; - Verificar movimentos intestinais e hemorroidas. 21 Sistema Cardiovascular • A perda normal de sangue num parto vaginal é de 500 ml, sendo de 1.000 ml em cesarianas. • Débito cardíaco e volume plasmático aumentados nas primeiras semanas. 22 20/09/2016 12 Alterações Psicológicas • Estado especial, de sensibilidade exacerbada: preocupação materna primária. • O puerpério é um momento provisório, de maior vulnerabilidade psíquica. • A mulher sente a perda do corpo gravídico e o não retorno imediato do corpo original; • A puérpera pode apresentar ansiedades referentes à sensação de perda de partes importantes de si mesma, de algo valioso e de limitação pela necessidade de assumir novas tarefas e de não poder realizar as atividades anteriores. • A chegada do bebê desperta ansiedades e angústias; • O bebê deixa de ser idealizado e passa a ser vivenciado como um ser real 23 • As necessidades próprias da mulher são postergadas em função das necessidades do bebê; • Necessidade de reorganização e redirecionamento do desejo sexual, levando-se em conta as exigências do bebê e as mudanças físicas decorrentes do parto e da amamentação. 24 20/09/2016 13 25 Fatores de riscos para alterações psicológicas • História de depressão em gestações ou puerpérios anteriores; • Gestação indesejada; • Eventos traumáticos na gravidez e no parto; • Baixo suporte social; • Baixo nível socioeconômico; • Adolescência; • Transtornos de humor; • Outros. 26 20/09/2016 14 CUIDADOS DE ENFERMAGEM Primeira hora Alojamento conjunto Unidade básica 27 FICHA PERINATAL 28 20/09/2016 15 Cuidados na Primeira Hora • Chamado de 4º período ou Greemberg; • Administração de ocitocina 10 unidades IM; • Massagear o útero após a saída da placenta; • Proporcionar um ambiente tranquilo; • Oferecer um cobertor para aquecê-la; • Trocar roupas, se úmidas ou sujas; • Avaliar sinais vitais a cada 15 minutos; • Avaliar a presença do globo de segurança de Pinard a cada 15 minutos por duas horas; • Observar o sangramento vaginal; • Avaliar e corrigir lacerações; • Apoiar o início do aleitamento materno precoce. 29 Cuidados de Enfermagem no alojamento conjunto • Controle dos sinais vitais a cada 4 ou 6 horas;• Palpação uterina, atenção para: sinais de subinvolução e dor; • Avaliação dos lóquios (quantidade, cor e alterações no odor); • Analgesia na presença de dor (cólica, cefaleia...); • Exame diário das mamas, ferida operatória e membros inferiores. 30 20/09/2016 16 Investigar • Vínculo entre mãe e filho; • Investigar condição psicoemocional (estado de humor, preocupações, desânimo); • Identificar nível de adaptação e fadiga; • Relações com a família; • Nível de independência; • Padrões de sono e repouso; • Aleitamento materno. 31 Avaliação da Ferida Operatória Avaliar diariamente, observando: Seroma Hematoma Sinais flogisticos São cuidados indispensáveis: Curativo diário para feridas infeccionadas Antibióticos e analgésicos 32 20/09/2016 17 33 34 20/09/2016 18 Avaliação dos Membros Inferiores • Avaliar diariamente presença de sinal de HOMANS; • Estar atento para alterações como dor e rubor em um membro; • Orientar deambulação precoce; • Administrar anticoagulantes em pacientes de risco. 35 ALIMENTAÇÃO DA PUÉRPERA • Consumir dieta variada, incluindo pães e cereais, frutas, legumes, verduras, derivados do leite e carnes; • Consumir três ou mais porções de derivados do leite por dia; • Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A; • Certificar-se de que a sede está sendo saciada; • Evitar dietas e medicamentos que promovam rápida perda de peso (mais de 500g por semana); • Consumir com moderação café e outros produtos cafeinados. 36 20/09/2016 19 Consulta/visita na primeira semana (7 a 10 dias) • Recomenda-se uma visita domiciliar na primeira semana após a alta do bebê. Caso o RN tenha sido classificado como de risco, a visita deverá acontecer nos primeiros 3 dias após a alta. • O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde e uma visita domiciliar, entre 7 a 10 dias após o parto, devem ser incentivados desde o pré- natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita domiciliar. 37 Objetivos da consulta da primeira semana • Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém- nascido; • Orientar e apoiar a família para a amamentação; • Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido; • Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido; • Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las; • Orientar o planejamento familiar; • Agendar consulta de puerpério até 42 dias após o parto. 38 20/09/2016 20 Ações relacionadas à puérpera • As condições da gestação; • As condições do atendimento ao parto; • Os dados do parto (data; tipo de parto; se parto cesárea, qual indicação deste tipo de parto); • Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto (febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização de Rh); • Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis e HIV durante a gestação e/ou o parto; • O uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros). 39 • Verifique possíveis intercorrências: alterações emocionais, hipertensão, febre, dor pélvica ou nas mamas, corrimento com odor fétido, sangramentos intensos; • Observe a formação do vínculo entre a mãe e o filho; • Observe e avalie a mamada para a garantia do adequado posicionamento e da pega da aréola. • Em caso de ingurgitamento mamário, mais comum entre o terceiro e o quinto dia pós-parto, oriente a mulher quanto à ordenha manual, ao armazenamento e à doação do leite excedente a um Banco de Leite Humano; • Identifique os problemas e as necessidades da mulher e do recém-nascido com base na avaliação realizada. 40 20/09/2016 21 Orientar a puérpera sobre: • Higiene, alimentação, atividades físicas; • Atividade sexual (20 dias após o parto); • Cuidados com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento; • Cuidados com o recém-nascido; • Direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas). 41 Consulta puerperal (até 42 dias) • Reavaliação das condições de saúde da mulher e do recém-nascido, o registro das alterações, a investigação e o registro da amamentação, o retorno da menstruação e da atividade sexual, a realização das ações educativas e a condução das possíveis intercorrências. • Caso a mulher não tenha comparecido para a consulta na primeira semana após o parto, realize as ações previstas!!! 42 20/09/2016 22 Avaliação clínico-ginecológica • Verifique os dados vitais; • Avalie o estado psíquico da mulher; • Observe seu estado geral: a pele, as mucosas, a presença de edema, a cicatriz (parto normal com episiotomia ou laceração/cesárea) e os membros inferiores; • Examine as mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios, infecciosos ou cicatrizes que dificultem a amamentação; • Examine o abdômen, verificando a condição do útero e se há dor à palpação; • Examine o períneo e os genitais externos (verifique sinais de infecção, a presença e as características de lóquios). 43 • Pergunte a ela como se sente e indague questões sobre: • Aleitamento (frequência das mamadas, dia e noite, dificuldades na amamentação, satisfação do RN com as mamadas, condições das mamas); • Alimentação, sono, atividades; • Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre; • Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar método contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência); • Sua condição psicoemocional (estado de humor, preocupações, desânimo, fadiga, outros); • Sua condição social. 44 20/09/2016 23 Complicações do Puerpério 45 Infecção Puerperal Caracterizada como qualquer infecção bacteriana após o parto; Ex. Endometrite, infecção de ferida operatória, abscesso pélvico, fasceíte, mastite, ITU; Fatores de riscos: infecção pré-operatória, perda sanguínea, excesso de toques vaginais, ruptura prematura de membranas, infecção por HIV e outros. 46 20/09/2016 24 Diagnóstico da Infecção Puerperal Clínico: febre, dor, calafrios, loquiação fétida, dor no baixo ventre, sinais flogísticos na ferida operatória; Laboratorial: hemograma, hemocultura e cultura da ferida operatória; Outros: USG pélvica. 47 Tratamento Uso de antibiótico Analgésicos e antipiréticos Curativo diário (2 a 3 vezes ao dia) Desbridamento cirúrgico Curetagem uterina 48 20/09/2016 25 Hemorragia no Pós-parto • Define-se como a perda sanguínea vaginal superior a 500ml após o parto vaginal ou mais de 1000ml após cesariana, sendo imediata, quando ocorre nas primeiras 24 horas do puerpério, ou tardia, quando após esse período, ocorrendo antes de seis semanas (FREITAS et al, 2011). 49 Fatores de Riscos Multiparidade Trabalho de parto Prolongado Placenta retida Parto instrumentado Curetagem uterina pós-parto Atonia uterina Pré-eclâmpsia (plaquetopenia) 50 20/09/2016 26 Atonia Uterina • Presença de subinvolução uterina com sangramento intenso; • Incidência de 1 em cada 20 nascimentos, responsável por 80% dos casos de hemorragia; • Conduta: esvaziamento vesical, massagem uterina, ocitocina, hidratação, hemotransfusão, uso de tampão uterino e histerectomia. 51 Retenção Placentária • Observada quando uma dequitação demora um período superior a 30 minutos; • Realizaranalgesia para exploração da cavidade uterina; • Acreta – retida em todo miométrio superficialmente, increta (profundamente no miométrio) e percreta (ultrapassa o útero); • Conduta: histerectomia 52 20/09/2016 27 Ruptura Uterina • Causa principal: cesáreas anteriores. • Estabilizar a paciente (zerar dieta, punção de um acesso calibroso, hidratação e hemotransfusão (s/n), avaliação dos sinais de choque); • Encaminhar ao centro cirúrgico (histerorrafia ou histerectomia); 53 Cuidados de Enfermagem na Hemorragia Pós-Parto • Massagem uterina • Monitorizar a paciente • Punção de dois acessos venosos (calibrosos) • Administração de medicações uterolíticas; • Repor volume e sangue; • Encaminhar para revisão do trajeto 54 20/09/2016 28 55
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