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Traum� Torácic� Introdução Responsável por 25% das mortes no politrauma Consequências ● Alteração na relação ventilação/perfusão - Contusão pulmonar ● Desequilíbrio na pressão intratorácica - Pneumotórax hipertensivo ● Hipovolemia e choque hemorrágico - Lesão do coração e grandes vasos ● Insuficiência cardíaca - Contusão miocárdica No politrauma a principal causa de choque é a hemorragia, mas no trauma torácico devemos lembrar do choque obstrutivo e cardiogênico (principalmente no paciente não responsivo a administração de volume) Toracotomia Indicações ● Hemotórax maciço ● Lesões penetrantes na parede torácica anterior com tamponamento cardíaco ● Ferida de grandes dimensões na caixa torácica ● Lesões de vasos nobres + instabilidade hemodinâmica ● Lesões traqueobrônquicas extensas ● Evidência de perfuração esofagiana Toracotomia de reanimação - Toracotomia ântero-lateral esquerda ao nível do 4-5 EIC ● Parada circulatória traumática que não responde às medidas iniciais - RCP fechada + drenagem (pneumotórax) + Ventilação mecânica com O2 a 100% + Epinefrina prévia (FV) + centro capacitado para esse procedimento Traumatismo da Parede Torácica Comprometimento de 1 a 2 arcos costais + ausência de lesão pleural ou pulmonar Conduta - Analgesia (eventualmente pode precisar de bloqueio intercostal ou analgesia epidural) Fratura do 1 ao 3 arco costal - Atentar para comprometimento de grandes vasos Fratura do 10 ao 12 arco costal - Atentar para lesão de baço e fígado Fratura do esterno - Atentar para contusao miocardica, aorta, pulmonar e perfuração esofagiana Lesões por esmagamento torácico (compressão da veia cava) - Edema e petéquias no tronco superior, MMSS e face, e edema cerebral Pneumotórax Hipertensivo Trauma não é a principal causa - Ventilação mecânica Outras causas - Iatrogenia (punção venosa central) Ruptura alveolar em saco de papel - Escape de ar para o espaço pleural por ruptura do parênquima Clínica: ● Dispneia importante ● MV diminuído ou abolido ● Hipertimpanismo ● Choque obstrutivo ○ Turgência jugular ○ Hipotensão ● Desvio da traqueia ● Enfisema subcutâneo Diagnóstico - Clínico (pode até fazer um FAST, mas se a clínica for clara, não tem porquê) Conduta imediata - Toracocentese de alívio (4 ou 5 espaço intercostal anterior na linha axilar média ou 2 espaço intercostal na linha hemiclavicular na criança) Conduta definitiva - Drenagem em selo d água (5 espaço intercostal anterior na linha axilar média) Drenou e não melhorou? ● Checar a técnica ● Lesão de grande vias aéreas (geralmente brônquio fonte) ○ Sinais - Borbulhamento intenso do dreno e não ocorre reexpansão do pulmão ○ Diagnóstico - Broncoscopia ○ Conduta imediata - IOT seletiva ou segundo dreno ○ Conduta definitiva - Toracotomia Pneumotórax Aberto Lesão > 2/3 do diâmetro da traquéia (o ar vai entrar pela região de menor resistência, ou seja, pela lesão e não pela via aérea) Conduta imediata - Curativo em 3 pontas Conduta definitiva - Drenagem em selo d'água (não drenar no sítio da lesão) + fechamento (drenar antes de fechar, para não transformar em pneumotórax hipertensivo) Pneumotórax Simples Definição - Pneumotórax sem desvio do mediastino Pode ocorrer no trauma, mas é mais comum pneumotórax espontâneo Conduta ● Pneumotórax pequeno (<⅓ do volume pulmonar), sem grandes repercussões - Não drenar (Exceto: Transporte aéreo, Ventilação mecânica) ● Pneumotórax simples grande - Sempre drenar Tórax Instável Fratura em 2 ou mais arcos costais consecutivos em pelo menos 2 pontos em cada arco Clínica ● Dor ● Respiração paradoxal - Segmento instável faz o movimento contrário ao tórax ● Insuficiência respiratória - Paciente sente tanta dor ao respirar, que acaba parando de respirar ● Pode haver contusão pulmonar Conduta ● Analgesia (opióide EV, bloqueio intercostal ou analgesia epidural) + O2 ● IOT com VM - Pacientes com FR>40 irpm, hipoxemia, rebaixamento, Doença pulmonar crônica ou lesões abdominais concomitantes Contusão Pulmonar Mais frequente em trauma fechado (encontrado em 40% dos casos) Diagnóstico - consolidação ao RX (podem se tornar evidentes apenas 24-48 horas após o trauma) Fazer diagnóstico diferencial com atelectasia (Respeita a segmentação pulmonar) Conduta ● Analgesia + O2 + Oximetria + Gasometría + ECG contínuo ● IOT + VM se hipoxemia (sat < 90% ou PaO2 < 60 mmHg) ● Parcimônia na administração de líquidos - Pode piorar o infiltrado pulmonar Hemotórax Lesão de vasos intercostais ou artéria mamária interna (vasos de baixa pressão) - O sangramento é auto-limitado Clínica ● MV diminuído ● Macicez à percussão Melhor exame ● V < 300 mL - RX perfil ● V > 300 mL - Pode ser visto em ambas as incidências do RX Conduta - Drenagem em selo d água Hemotórax Maciço Lesão de vasos de alta pressão Definição - Drenagem inicial > 1500 mL (>⅓ do volume sanguíneo do paciente) ou constante > 200-300 mL/h nas próximas 2 a 4 horas Necessidade persistente de transfusão (paciente que não estabiliza) Clínica ● Choque ● MV ausente ● Macicez à percussão ● Jugulares colabadas (hipovolemia) - Jugulares distendidas podem ser vistas no hemopneumotórax Conduta - Toracotomia + cristaloides + transfusão, pode usar autotransfusão (quando tiver o dispositivo adequado) Contusão Miocárdica Observado em 33% dos pacientes com trauma fechado do tórax Principal causa - Acidentes automobilísticos (50% dos casos) VD é a câmara mais afetada - É a câmara mais anteriorizada Quadro clínico ● Sinais indiretos - Fratura de esterno ou de arcos costais superiores ● Hipotensão + Aumento da PVC (disfunção sistólica de VD) ● Alteração da motilidade miocárdica no Ecocardiograma ● Alterações no ECG - Extrassístoles múltiplas, taquicardia sinusal, FA, bloqueio de ramo (mais comum do lado direito), alteracao do segmento ST Conduta ● Medicações antiarrítmicas - Tratar arritmias ● Melhorar a função de VD - drogas inotrópicas, infusão de volume Tamponamento Cardíaco Acúmulo de líquido no saco pericárdico (150-200 mL) - Ventrículos não conseguem relaxar Clínico ● Tríade de Beck: ○ Turgência jugular ○ Hipotensão ○ Hipofonese de bulha ● Congestão pulmonar ● Pulso paradoxal - Redução da PAS ao final da inspiração ● Sinal de Kussmaul - Aumento da pressão venosa durante a inspiração Diagnóstico - Clínica + FAST Conduta Imediata - Pericardiocentese (15 a 20 mL) Conduta definitiva - Toracotomia + reparo da lesão Lesão de Aorta Morte em 80% dos casos A lesão ocorre geralmente ao nível do ligamento arterioso Os 20% dos pacientes que não morrem no momento do trauma tem o sangramento contido pelos tecidos periaórticos pleurais ou túnica adventícia ainda integra Clínica - Pobreza de achados clínicos ● Pulso “normal” (pode não estar tão normal por conta da hipotensão) em membros superiores e diminuído nos membros inferiores Achados radiográficos ● Alargamento do mediastino ● Perda do contorno aórtico ● Desvio da traqueia para direita ● Desvio da sonda nasogástrica para a direita ● Derrame extrapleural apical ● Densidade retrocardíaca ● Fratura de primeiro e segundo arco costal ● Depressão do brônquio fonte esquerdo e elevação do direito Diagnóstico ● Angio-TC (exame mais realizado na prática) ● Aortografia (padrão ouro) Tratamento ● Tratar primeiro as outras lesões ● Manter a FC < 80 e PAM 60-70 mmHg - Betabloqueador de ação rápida (pode-se associar um bloqueador do canal de cálcio, como a nicardipina) ● Toracotomia ou reparo endovascular Trauma do Diafragma Mais comum lesões penetrantes (6:1) Lesões penetrantes ● O comprometimento diafragmático pode passar despercebido - Diagnóstico tardio por conta de hernia diafragmática ● Quando suspeitar - Trauma penetrante entre o mamilo e a margem costal ● Investigação ○ Lavado peritoneal nas feridas penetrantes no epigastro ○ Videotoracoscopia - Para indivíduos com hemotórax ou pneumotórax ○ Videolaparoscopia - Lesão na transição toracoabdominal Lesão fechada - Decorrente de aumento súbito na pressão intra-abdominal Conduta ● Redução de hérnia por laparotomia ● Rafia do diafragma Referência Medcurso2022 - Cirurgia - Volume 1
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