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Unidade 4 Livro Didático Digital Daniele Melo de Oliveira Gestão de Riscos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora DANIELE MELO DE OLIVEIRA A AUTORA Daniele Melo de Oliveira Olá! Meu nome é Daniele Melo de Oliveira. Sou formada em Administração de Empresas, possuo especializações nas áreas de Gestão de Negócios Empresariais, Gestão Educacional, Logística Empresarial e da Qualidade. Sou Mestre em Ciência, tecnologia e Sociedade, pelo Instituto Federal do Paraná. Atualmente atuo como docente na Federação das Indústrias do Estado do Paraná. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Gestão de Riscos e a Administração Pública .................................. 10 Gestão de Riscos no Meio Jurídico ...................................................... 21 O Gerenciamento de Riscos na Área da Saúde ..............................30 Gestão de Riscos no Ambiente corporativo .....................................40 Gestão de Riscos 7 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 04 Gestão de Riscos8 INTRODUÇÃO As atividades que envolvem a gestão de riscos devem ser coordenadas e controladas para contribuir com a missão e os objetivos da organização. A gestão de riscos principalmente deve ocorrer para que se evitem a materialização de situações inoportunas que afetem toda ou uma parte da organização. Tomando por base a potencialidade dos problemas que venham a ocorrer, o aprendizado é uma atividade que deve ser constante tanto para as organizações privadas quanto as públicas dentre os gestores de riscos. Você já pensou quantas vezes nesse mês parou para aprender algo que possa lhe ajudar na resolução de situações de conflito pessoal, organizacional ou até mesmo emergencial? Pois é, a resolução de riscos envolve disposição para aprendizagem, a qual se dará pelo fruto da observação pontual dos fatores de risco. A partir desse momento será possível a organização de pessoas afins, emocionalmente disponíveis e tecnicamente preparadas em prol da gestão de riscos e resolução das suas consequências. Havendo aprendizado para os riscos será possível identificar claramente os obstáculos existentes para a tomada de decisões quanto o que precisa ser feito, solucionando assim os riscos e seus efeitos. Vale ressaltar que historicamente o homem é resistente a mudanças, ainda que elas lhes tragam benefícios, às alterações de um ambiente, produto ou processo geram situações de desconforto. Independente do risco a ser gerenciado haverá obstáculos a serem superados no processo, sejam eles humanos, materiais ou técnicos. Um dos grandes desafios da gestão seja no ambiente público, privado ou jurídico é desenvolver a previsibilidade dos riscos. Lembrando que uma das funções da administração é o planejamento Achou interessante? Ao longo das unidades você vai aprender muito mais sobre gestão de riscos. Vamos lá! Gestão de Riscos 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a gestão de riscos na administração pública. 2. Avaliar o impacto da gestão de riscos no meio jurídico. 3. Debater o efeito da gestão de riscos na área da saúde. 4. Discutir a utilidade da gestão de riscos no ambiente corporativo. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Gestão de Riscos10 Gestão de Riscos e a Administração Pública INTRODUÇÃO: Caro aluno, ao término deste capítulo você será capaz de compreender as premissas da administração pública, da formação dos três principais poderes: legislativo, executivo e judiciário, bem como identificar os riscos inerentes às suas atividades nos diversos segmentos. O direito administrativo é o ramo do direito público que visa reduzir os riscos regulando as ações de pessoas físicas e jurídicas que interagem com o serviço público e prezam pelo bom relacionamento entre as partes e pelo atendimento ao cidadão com presteza e qualidade. A gestão de riscos faz- se necessária no setor público, pois as atividades interagem com recursos financeiros advindos do próprio cidadão. Para iniciar os estudos de gestão de riscos na administração pública, vamos retomar um pouco de história, atentando para o período do absolutismo. Esse modelo de poder nasceu da complexidade da economia e do Estado. Nessa época o rei centralizava o poder e detinha toda ordem sobre o povo, ou seja, essa figura de autoridade pública possuía o direito de mandar e desmandar na população. Para muitas classes o rei era visto até mesmo como um tirano, sobre o qual devia- se subjugar indiscutível obediência. Com a expansão das atividades de navegação, sobretudo na Europa, para a conquista de novos territórios há o aparecimento de novas classes sociais, dentre elas os profissionais liberais que contribuíram para o desenvolvimento urbano. Essa classe une-se a realeza auxiliando-a nas atividades administrativas públicas, ou seja, do Estado. Diante dessa realidade, os profissionais liberais que se estruturavam nos centros urbanos após a política de cercamento dos campos, típica do período final da Idade Média, passaram a desempenhar importantes cargos na Gestão de Riscos 11 administração do Estado, como o Conselheiro, Secretário de Estado, colaboradores ou cobradores de impostos que sustentavam essa nova estrutura estatal. Evidentemente, toda essa complexa estrutura, apta a permitir a expansão territorial, era controlada pelo Rei e seus colaboradores mais próximos. (ASSIS, 2016, p. 3) Em 1748 Charles de Montesquieu propõe a separação de poderes, também conhecida na literatura como a teoria da tripartição dos poderes. Essa teoria dizia que o poder central do Rei deveria ser dividido em três poderes: o legislativo, o executivo e o judiciário. Ao primeiro corresponderia o Poder de fazer as leis; ao segundo a prerrogativa de julgar as demandas e conflitos entre particulares, e ao terceiro, a aplicação das leis e resoluções geradas pelo segundo, bem como resolução das “ações prontas”, devendo “sempre se ater ao que está disposto na lei” (MONTESQUIEU, 1987, p. 172). Com a evolução do Estado Moderno, surge a necessidade de regulação entre os particulares e o Estado consolidando os estudos de Direito. A gestão pública do Direito administrativo tem como objetivo estudar os órgãos eagentes que interajam com o serviço público a fim de cooperar com os objetivos do Estado, minimizando os riscos que interagem com todas as suas atividades em especial nos que interferem diretamente na população. IMPORTANTE: Na administração pública estão inseridas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Todas elas possuem personalidade jurídica própria. Atualmente a Constituição Federal dispõe, no artigo 2º, a divisão de poderes que atua diretamente na vida dos cidadãos brasileiros: são Gestão de Riscos12 poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o legislativo o executivo e o judiciário. A figura 1 remete aos direitos divididos entre os três grandes poderes: legislativo, executivo e judiciário, base da administração pública. Figura 1 - Três poderes Fonte: @pixabay Com a divisão dos poderes, há diversas atividades que envolvem a administração pública. Nelas, a gestão de riscos estuda os efeitos das incertezas para com os objetivos dessas instituições, zelando pelo atendimento dos cidadãos que pagam impostos e precisam receber do Governo Federal, Estados ou municípios prestação de serviços tangíveis e intangíveis. A gestão de riscos pública faz parte de uma grande estrutura organizacional administrativa que está atrelada a uma governança superior que demanda atividades proativas e reativas aos riscos. Para o crescimento de uma organização seja ela do segmento público ou particular é necessário que sejam definidas estratégias para a gestão de riscos. Para o sucesso das ações definidas é de suma https://pixabay.com/pt/illustrations/médico-on-line-médica-bate-papo-5282547/ Gestão de Riscos 13 importância que todos os envolvidos no processo, colaboradores e fornecedores, conheçam a estrutura pública organizacional. A finalidade de um organograma é definir com perfeita ordem a função que desempenha cada setor da organização, garantido a agilidade na identificação dos responsáveis, assim como, dos departamentos existentes na empresa. Para Lacombe (2012), função é uma posição definida na estrutura organizacional, a qual cabe um conjunto de responsabilidades afins e relacionamentos específicos e coerentes com sua finalidade, ao passo que cargo é um conjunto de funções de mesma natureza de trabalho, de requisitos em nível de dificuldades semelhantes e com responsabilidades em comum. Portanto, tornar a estrutura organizacional transparente é fundamental no processo da gestão pública. O desenho organizacional constitui uma das prioridades da administração: delinear a estrutura da empresa de modo a contribuir decisivamente para o alcance dos objetivos organizacionais. Esta é a principal função da estrutura organizacional. (CHIAVENATO, 1994, p. 334) O serviço público envolve tudo aquilo que o Estado tem o dever de fornecer à população tais como: saúde, educação e segurança. Os serviços e saúde envolvem desde os atendimentos básicos de consulta, exames e vacinas até os mais complexos emergenciais de internamento do cidadão. Na educação, envolve desde o acesso à creche até o atendimento ao ensino fundamental e regular. Os serviços de segurança envolvem as atividades dos profissionais da guarda municipal e policiais nas esferas militar e federal. Administrar os riscos envolve atividades humanas, no gerenciamento de pessoas para que os objetivos sejam atingidos. Este gestor administrará também os recursos que possui para atingir os objetivos da empresa. “O termo “gerência” tem sido aplicado geralmente como sinônimo de administração, ou de quem faz administração, seja nas empresas ou em organizações” (CHIAVENATO, 1994, p. 499). Conceituar cargo na gestão pública é uma tarefa abrangente, pois para isso, é preciso tomar como base a legislação de contratação, Gestão de Riscos14 bem como de algumas noções fundamentais como tarefa, atribuição e função. A tarefa consiste em atividades individuais executadas pelo titular do cargo. A atribuição caracteriza-se por ser uma atividade individual, executada pelo titular do cargo, mas que está ligada a cargos que envolvem atividades diferenciadas. A função refere-se ao conjunto de tarefas que são executadas, de forma sistemática, pelo ocupante do cargo. Então podemos dizer que o cargo, integra o conjunto de funções com uma posição definida na estrutura organizacional, isto é, no organograma da empresa. Para Chiavenato (1994, p. 334) “o desenho organizacional constitui uma das prioridades da administração: delinear a estrutura da empresa de modo a contribuir decisivamente para o alcance dos objetivos organizacionais. Esta é a principal função da estrutura organizacional.” A figura 2 remete a necessidade de estrutura organizacional para o desenvolvimento das atividades de administração pública. Figura 2 – estrutura organizacional Fonte: @pixabay https://pixabay.com/pt/illustrations/binóculo-pesquisa-consulte-achar-1015265/ Gestão de Riscos 15 A estrutura de um organograma é o sinônimo da representação gráfica da empresa. Funciona como a planta da corporação. O organograma é um desenho feito em forma de gráficos para definir a forma hierárquica de uma organização pública ou privada. Quando o organograma é bem estruturado, permite aos colaboradores saberem exatamente as funções dentro da organização. O termo servidor público deriva de servir. Nesse caso aplica- se a palavra serviço como um sinônimo. O serviço público engloba os profissionais, servidores públicos que prestam serviços à Administração pública, após idôneo processo de seleção, descartando os riscos de fraudes. A contratação de servidores públicos pode ocorrer por três tipos de regime: • Regime estatutário – estabelecido pela Constituição Federal de 1988 artigo 41, em que o servidor após cumprir com requisitos predeterminados pode adquirir estabilidade de emprego. • Regime Celetista – tem como fundamento a consolidação das leis do trabalho CLT. • Regime jurídico especial. Em 2016 houve o estabelecimento da instrução normativa visando sistematizar como a gestão de riscos deve acontecer no setor público. A instrução normativa MP/CGU N° 01 de 2016, estabeleceu no artigo 1º que: “Os órgãos e entidades do Poder Executivo federal deverão adotar medidas para a sistematização de práticas relacionadas à gestão de riscos, aos controles internos, e à governança.” Desde os primórdios das organizações estatais a gestão de riscos é considerada uma função de suma importância no setor público. Ela passou a ser estudada com mais ênfase a partir do decreto lei nº 200, de 1967, ou seja, há mais de cinquenta anos há perspectiva de trabalho abordando a temática de riscos no setor público. No intuito de mitigar tais falhas e aprimorar a capacidade de entrega governamental, na proposta de encaminhamento apontam-se oportunidades de aprimoramento em atividades- Gestão de Riscos16 chave do Estado, notadamente, no arcabouço de planejamento e orçamento e na capacidade de articulação, monitoramento e avaliação da coerência do conjunto de programas e ações governamentais. Aprimoramento esse que será monitorado pelo TCU em ações de controle futuras. (TCU, 2017) As consequências de não se trabalhar com gestão de riscos são inerentes à impossibilidade de quantificação e qualificação dos esforços empreendidos para atingir os objetivos dos órgãos públicos. Constantemente as organizações são questionadas pela sociedade civil e empresarial quanto à entrega de produtos e serviços, bem como a mensuração de produtividade. A figura 3 remete à necessidade de equilíbrio dos esforços organizacionais para a entrega de produtos e serviços. Figura 3 – esforços x entrega de produtos ou serviços Fonte: Elaborado pela autora. Gestão de Riscos 17 Não se pode desconsiderar as dificuldades que os gestores e colaboradores do setor público enfrentam para desenvolver suas atribuiçõesde rotina e administrar os riscos inerentes a ela. Muitos inclusive sentem medo e temem pela sua própria vida, é o caso dos profissionais da saúde da rede pública e de educação no Brasil. “Mais de 60% dos profissionais da saúde não se sente preparado ou não soube responder se está preparado para atuar em meio à pandemia de Covid-19” (LOTTA et al., 2020, p. 2). Segundo o Conass, foi realizada pesquisa a partir de dados obtidos pela Fundação Getúlio Vargas, sobre os equipamentos de proteção individual EPIs, fornecidos aos profissionais da saúde durante o combate à pandemia de Covid-19 no Brasil, no período de 5 de abril e 1º de maio de 2020. Os dados obtidos são: Dos médicos pesquisados: 17,4% não responderam, 25,6% consideraram as condições dos equipamentos más/péssimas e 39,7% dos entrevistados consideraram boa. Dos profissionais de enfermagem: 17,6% não responderam, 37,7% consideraram as condições dos equipamentos más/péssimas e 37,7% dos entrevistados consideraram boa. ACS e ACE: 26% não responderam, 27,5% consideraram as condições dos equipamentos más/péssimas e 36,3% dos entrevistados consideraram boa. Dos demais profissionais: 34,1% não responderam, 45,5% consideraram as condições dos equipamentos más/péssimas e 45,5% dos entrevistados consideraram boa. NOTA: ACS e ACE são agentes comunitários de saúde e de combate às endemias Gestão de Riscos18 A pandemia do Coronavírus é o maior desafio contemporâneo. Nesse cenário, ganha papel estratégico a atuação dos profissionais da área da saúde. Em países como a França e a Itália, manifestações de apreço pelos serviços prestados por tais burocratas acontecia quase que diariamente. Já em outros casos, temos relatos de profissionais que foram agredidos por compartilharem o transporte público, por pessoas que estavam com medo de serem contaminadas. Aqui no Brasil, a agressão a profissionais da saúde se deu em contexto ainda mais complexo, durante uma manifestação desses profissionais por melhores condições de trabalho. (LOTTA et al., 2020, p. 3) Na gestão pública a administração de riscos acaba sendo uma autodefesa dentre os profissionais, pois uma vez mensurado e avaliado os riscos de determinada atividade, é possível a descrição de como as pessoas e setores responsáveis se prepararam para determinada situação. Muitos servidores públicos acabam ficando desmotivados devido à não implementação de situações de melhoria das suas atividades, devido a inúmeros aspectos dentre eles culturais. O setor de compras públicas é pioneiro na gestão de riscos na administração pública, devido à necessidade de cumprimento da legislação para com as contratações e compras de materiais diversos, as quais devem obrigatoriamente apresentar uma análise prévia de riscos. A lei 8.666 de 21 de junho de 1993 regulamenta as formas de licitação, compras, locações que envolvem a esfera pública. Art. 1º Esta lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta lei, além dos órgãos da Administração Direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e Gestão de Riscos 19 demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, estados, Distrito Federal e municípios. (BRASIL, 1993) As compras públicas por licitações podem ocorrer pelas vias de pregão, carta convite, concorrência, tomada de preços e registro de preços. Há ainda os casos de dispensa de licitação autorizado em casos de calamidade pública. Os princípios constitucionais administrativos são regras que visam diminuir os riscos nas atividades públicas. Eles são embasados pelo artigo 37 da Constituição Federal. • Princípio da legalidade – é a base que garante que todos os conflitos sejam resolvidos pela lei (art. 5º II, art. 37, caput e sistema tributário). • Princípio da isonomia – de igualdade, que dispõe que todos os cidadãos devem ser tratados da mesma forma. • Princípio da moralidade – visa garantir a integridade e o cumprimento das regras da boa administração no serviço público. Boas práticas têm sido aplicadas, tais como a formulação de mapas de riscos dentro dos projetos, no exercício dos riscos antes de alocar esforços físicos, materiais e financeiros num projeto. Reuniões de orientação na apresentação de notas e informações para toda a equipe de trabalho são de extrema relevância na gestão de riscos sejam eles na área pública, de saúde jurídica ou corporativa, organizacional. Uma das principais preocupações do gerenciamento de riscos no setor público é ele se tornar um processo inoperante, que não funcione. Caso isso ocorra toda uma comunidade poderá ser prejudicada. Gestão de Riscos20 RESUMINDO: Cada vez mais as empresas têm buscado sistemas de informação e metodologias de gestão para minimizar e até mesmo evitar que os riscos se materializem. Para as organizações que compõem a esfera pública essa preocupação é ainda maior, pois envolve recursos públicos provenientes dos impostos e demais contribuições do cidadão, os quais devem obrigatoriamente ser bem administrados. Os profissionais da gestão pública buscam praticar da melhor forma suas atividades, cumprindo com a legislação para que não haja riscos de erros ou má condutas por desvios. Nesse sentido os estudos de gerenciamento de riscos são de extrema importância para todas as esferas das organizações. Gestão de Riscos 21 Gestão de Riscos no Meio Jurídico INTRODUÇÃO: Caro aluno, de uma forma geral todos os setores de uma empresa possuem interações com o ambiente jurídico. É preciso que um profissional reconheça que o exercício de qualquer prática profissional seja ela de recursos humanos, departamento financeiro, de compras, de direito empresarial, logística, produção dentre outras áreas de conhecimento incidirão regras jurídicas para as quais existem riscos no exercício de suas atividades.. Desde o momento do nosso nascimento adquirimos direitos e deveres jurídicos com a regularização dos documentos legais tais como certidão de nascimento e RG (registro geral de identificação), CPF (cadastro de pessoa física), carteira de vacinação. Mas o exercício do ato civil pelo indivíduo ocorrerá a partir do momento em que ele adquirir conhecimento do ambiente jurídico que o circunda, com a convicção dos seus direitos e deveres. IMPORTANTE: A palavra direito vem do latim directum que significa dirigir, andar em linha reta. A capacidade jurídica ocorrerá a partir do momento em que houver consciência do cidadão e isso independe do gênero ou idade, mas está condicionada à sua disposição em obter conhecimento da legislação, bem como de seus direitos e deveres. O conhecimento pode ser definido como uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para Gestão de Riscos22 avaliação e incorporação de novas experiências e informações. (DAVENPORT; PRUSAK, 1999, p. 6) A capacidade civil do homem inicia com a maioridade aos 18 anos de idade completos, a partir desse momento aumentam os riscos do meio jurídico voltados à pessoa física portadora de um CPF. Há também as pessoas consideradas incapazes juridicamente, essa incapacidade pode ser plena ou absoluta. Nesse caso o cidadão precisa de outro que tome decisões jurídicas por ele, pois há muitos riscos envolvidos relativos à sua incapacidade de decisão. Esses riscos podem abranger a sua vida financeira, a vida de terceiros ou até mesmo o perigo da sua própria vida. O quadro 1 exemplifica a classificação jurídica dos capazes, absolutamente incapazes e relativamente incapazes. Quadro 1- Classificação dacapacidade jurídica Classificação jurídica Descrição Capazes Maiores de 18 anos Absolutamente incapazes Menores de 16 anos ou os que por alguma causa transitória de enfermidade grave, não podem tomar decisões. Relativamente incapazes Maiores de 16 anos e menores de 18 anos ou cidadãos que se encontrem com algum problema de saúde tais como vícios tóxicos. Fonte: Coleto e Albano, 2010 (Adaptado). IMPORTANTE: Os absolutamente incapazes não podem participar de atos jurídicos. Todavia é possível um cidadão antecipar a plenitude da sua capacidade jurídica através da solicitação de emancipação por escritura pública em cartório. Com a emancipação é possível que os relativamente Gestão de Riscos 23 incapazes adquiram a plenitude da sua capacidade jurídica antes dos dezoito anos de idade, habilitando-o aos atos e riscos jurídicos da vida civil (BRASIL, ARTIGO 5º DO CÓDIGO CIVIL). A figura 5 remete a solicitação e emancipação pelo cidadão. Figura 5 - cidadão Fonte: @pixabay Por sua vez a pessoa jurídica, constituída de CNPJ pode praticar atos civis, correndo riscos, por atos praticados fora da legislação, respondendo por eles na representatividade de uma empresa. A pessoa jurídica existe a partir do momento da inscrição nos respectivos órgãos competentes tais como cartórios e juntas comerciais. (art. 45 do Código Civil) https://pixabay.com/pt/vectors/balanças-amarela-pesar-justiça-30251/ Gestão de Riscos24 IMPORTANTE: o registro da empresa para obtenção do CNPJ junto à receita federal ocorre após a emissão do NIRE e é feito exclusivamente através da Internet, no site da receita federal por meio do download de um programa específico. Não havendo a devida regularização da pessoa jurídica ela está em situação irregular, despersonificada. Conforme o Código Civil brasileiro as pessoas jurídicas de direito classificam-se em: associação, sociedade e fundação. • Conforme artigo 53 do Código Civil as associações são entidades de Direito Privado formadas por pessoas com o mesmo objetivo econômico. • As sociedades são pessoas jurídicas formadas por contrato social com objetivos em comum (artigo 982 do código civil). • As fundações são patrimônios personificados (artigo 62 do código civil). A extinção da pessoa jurídica se dará pela dissolução administrativa entre os sócios dos acordos e contratos firmados legalmente. Outros riscos que envolvem o meio jurídico referem-se às atividades econômicas das pessoas jurídicas, inerentes a gestão de tributos. A emissão da nota fiscal, por exemplo, é um documento de natureza obrigatória, mesmo para pequenas compras, sendo utilizada como garantia de um produto ou serviço. Através dela geram-se os impostos recolhidos para o país. De acordo com art. 3° do CTN (JUSBRASIL, 1966), tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Gestão de Riscos 25 IMPORTANTE: Os tributos originam-se do artigo 3º do código tributário. Para Groppelli e Nikbakht (2011, p. 27), “é essencial que o gestor tenha conhecimento tributário para calcular o impacto das alíquotas dos impostos sobre as decisões financeiras. Sem esses entendimentos não será possível decidir com presteza sobre os investimentos e outras situações relacionadas a financiamento ou investimentos necessários para a gestão da empresa”. Obrigação jurídica é a relação na qual o indivíduo tem o dever de prestar contas ao Estado, exercitando o ato financeiro de pagamento. Cabe à União, Estados e Municípios criar taxas na forma de impostos na expectativa de melhoria da vida do cidadão. O quadro 2 descreve os principais impostos federais. Quadro 2 – Impostos federais Imposto Descrição II Imposto de Importação. IE Imposto de Exportação. IR Imposto de Renda. IPI Imposto sobre produtos industrializados. IOF Imposto sobre operações financeiras. ITR Imposto sobre propriedade territorial rural. Fonte: Coleto e Albano, 2010 (Adaptado). Gestão de Riscos26 O quadro 3 descreve os principais impostos estaduais. Quadro 3 – Impostos estaduais Imposto Descrição ICMS Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços de transportes. ITCMD Imposto sobre a transmissão “Causa mortis” e doação, de quaisquer bens ou direitos. IPVA Imposto sobre a propriedade de veículos automotores. Fonte: Coleto e Albano, 2010 (Adaptado). O quadro 4 descreve os principais impostos municipais. Quadro 4 – Impostos municipais Imposto Descrição IPTU Imposto sobre propriedade territorial urbana ITBI Imposto sobre transmissão “intervivos” ISS Imposto sobre serviços Fonte: Coleto e Albano, 2010 (Adaptado). A modalidade de impostos baseado no simples nacional proporciona a microempresa a possibilidade de cumprir com seus deveres legais com alíquotas diferenciadas. Nos últimos anos essa modalidade vem sendo bastante praticada pelos empresários, devido às suas características de auxílio ao pequeno empreendedor. Este subsídio contribui com os novos empreendedores a se manterem em dia com as regularidades fiscais, levando em consideração todas as dificuldades de um novo negócio, diminuindo os riscos da não tributação e inadimplência com os poderes do estado de direito. As atividades econômicas tributáveis no Brasil estão divididas de acordo com a atividade executada pelo empreendimento e área de conhecimento, ficando em um mesmo setor instituições que produzam Gestão de Riscos 27 bens ou prestem serviços de uma mesma classe. Atualmente as atividades econômicas estão divididas em três setores: • O setor primário compreende as atividades ligadas à natureza, como a agricultura, a silvicultura, a pesca, a pecuária, a caça ou as indústrias de extrativismo mineral. • O setor secundário engloba as atividades industriais transformadoras, a construção ou produção de energia. • O terciário engloba o comércio, serviços tais como o turismo, os transportes, as atividades financeiras, dentre outros. A figura 6 remete a divisão das atividades econômicas em primária, secundária e terciária. Cada uma delas possui características específicas quanto à atuação. Figura 6 – atividades econômicas Fonte: Elaborado pela autora. Gestão de Riscos28 Cada empresa a partir do seu ramo de atividade estruturará as bases legais e jurídicas de seu negócio, dentre elas a financeira com a formação do fluxo de caixa. Nesse documento são registradas as entradas e saídas financeiras e pode ser gerenciada semanalmente ou mensalmente, conforme o volume das suas operações. O quadro 5 exemplifica algumas entradas e saídas de um fluxo de caixa. Quadro 5 - entradas e saídas do fluxo de caixa Entradas Saídas Recebimento de boletos Pagamento de fornecedores Liquidação de cheques recebidos Pagamento de funcionários Fonte: Coleto e Albano, 2010 (Adaptado). Cada empresa pode gerenciar seu fluxo de caixa de acordo com as tecnologias disponíveis, o importante é a sua existência e o uso correto. A partir desse documento a contabilidade irá estruturar o DRE – Demonstrativo de resultados. Não havendo o fluxo de informações, organização e idoneidade dos números a empresa corre riscos por estar fora da legalidade, além do gerenciamento financeiro incorreto. O controle financeiro de uma empresa, além de organizar as contas, irá evitar a inadimplência e os riscos jurídicos inerentes a ela tais como o protesto e em casos mais graves o pedido de falência. IMPORTANTE: A natureza legal do cheque refere-se à emissão de pagamento a vista. Segundo Groppelli e Nikbakht (2010, p. 348), o DRE tem o propósito de auxiliar os administradores no desenvolvimento de um planejamento consistente, localizando pontos fracos e alocando fundos e recursos para, Gestão de Riscos 29 a partir dessa análise, adotar medidas cabíveis para manteruma melhoria contínua. RESUMINDO: É através das atividades de negócio, de comércio e serviços que se formam as relações econômicas de natureza jurídica num país. Na constituição dos direitos e deveres legais estão os riscos de gestão empresarial que devem ser administrados, tais como o enquadramento tributário e o recolhimento de impostos. Gestão de Riscos30 O Gerenciamento de Riscos na Área da Saúde INTRODUÇÃO: Caro aluno, você sabia que o gerenciamento na área da saúde envolve profissionais das mais diversas áreas de conhecimento? Isso mesmo! A responsabilidade da administração eficaz nessa área envolve médicos, enfermeiros, biólogos, administradores, contadores, dentre outros profissionais que estejam ligados a clínicas, hospitais e demais ambientes de saúde. Esses profissionais devem estar atualizados quanto aos aspectos jurídicos que envolvem a área da saúde, evitando a materialização de riscos à saúde bem como de problemas legais por falhas nos processos de atendimento aos usuários que porventura venham a se sentir lesados pelos aspectos do seu atendimento ou de falta de informação. Tudo que envolve esse setor tão importante dentro da sociedade. Na história da medicina os primórdios de gerenciamento de riscos na área da saúde eram feitos à beira do leito do paciente. Em meados do século XVIII muda-se o foco dos cuidados com a saúde do caráter individual para o coletivo no advento dos locais de cuidados com a saúde, atualmente conhecidos como hospitais. Nesse momento os profissionais de saúde expandem seus conhecimentos pela oportunidade de observação coletiva. No período do Brasil império, com a instalação da família real portuguesa a presença de profissionais técnicos em saúde era escassa e ocasionava grandes riscos à população europeia que interagia com os povos indígenas na formação do povo brasileiro. Os médicos vinham da Europa ao Brasil em raras ocasiões ou a população econômica abastada deslocava-se aos países europeus para o tratamento. Na ausência dos médicos a população contava com a ajuda e conhecimento dos curandeiros, barbeiros e boticários. Gestão de Riscos 31 Com a necessidade de formação de profissionais especializados para o atendimento local as primeiras escolas em saúde no Brasil são: a Escola Anátomocirúrgica e Médica da Bahia e a Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. O gerenciamento de riscos na área de saúde vem dos conceitos de vigilância sanitária que significa estar atento, cuidar do ser humano e do ambiente que o circunda, interferindo positivamente na sua saúde e no bem-estar. A prestação de serviços em saúde por sua vez sofre interferência de agentes públicos e sociais. Nesse aspecto a materialização de riscos pode consolidar-se pela não realização de serviços aos cidadãos com eficácia, interferindo na sua qualidade de vida e bem-estar. A figura 7 remete aos serviços na área da saúde que requerem a gestão de riscos. Figura 7 – Gestão da saúde Fonte: @pixabay https://pixabay.com/pt/vectors/ajuda-m%C3%A9dica-o-m%C3%A9dico-tratamento-1724288/ Gestão de Riscos32 IMPORTANTE: Os riscos na área de saúde significam a possibilidade de um possível dano ou de situações de vulnerabilidade. A relação entre o gerenciamento de riscos na área da saúde para a promoção da qualidade de vida, do bem-estar e da saúde é compreendida pelo homem na forma de gestão há pouco tempo. - apresentamos um histórico resumido em forma de linha do tempo. Quadro 6 – Histórico da gestão de riscos no mundo e no Brasil Período Descrição Década de sessenta Houve a campanha para a erradicação da varíola no Brasil; Em 1958 Na 42º Conferência Internacional do Trabalho define-se a necessidade de organização de serviços médicos nas empresas; Em 1968 Ocorreu a 21º assembleia mundial de saúde, onde foram discutidas ações de vigilância à saúde; Em 1972 Com a portaria nº 3.237, no Brasil, há a regulamentação dos serviços médicos de higiene e de segurança; Em 1990 Houve a implantação do SUS no Brasil, sistema único de saúde, visando o atendimento organizado dos serviços de saúde à população; Em 2003 O Ministério da Saúde criou o SVS- secretaria de vigilância em saúde; Em 2009 A portaria nº 3252 instituiu a vigilância em saúde nos aspectos: sanitários, ambiental, epidemiológica de saúde ao trabalhador e de promoção à saúde Em 2013 Institui-se aa portaria nº 1.378 de 2013 Fonte: Fundação Nacional da Saúde, 2017 (Adaptado). Gestão de Riscos 33 Qualquer que seja a atividade profissional sempre haverá algum tipo de risco, mas o que difere uma gestão de saúde bem sucedida de outra aventureira, cercada de incertezas são as políticas que levam a saúde e segurança. Nesse sentido as políticas públicas brasileiras vêm evoluído para atingir a máxima qualidade. A vigilância em saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. (BRASIL, 2013) Todos os órgãos e instituições de saúde possuem um ponto em comum que é a gestão de riscos pois atuam com fatores determinantes ou agravantes de riscos. O quadro 7 descreve os principais riscos de acordo com as áreas de vigilância. Quadro 7 – Vigilância versus riscos Vigilância Riscos Sanitária Alimentos, medicamentos, serviços de laboratório. Epidemiológica Doenças causadas por vetores, comportamentos humanos ou falta de higienização. Ambiental De poluição do ar, água e solo. Fonte: Barbosa, 2011 (Adaptado). IMPORTANTE: A vigilância em saúde busca se preparar para fatos e eventos inesperados que causem mal à saúde. Gestão de Riscos34 A prevenção de riscos na área de saúde é uma atividade de suma importância para proporcionar segurança aos usuários dos diversos sistemas distribuídos pelo país, bem como das instituições provedoras de tratamento, tais como consultórios, ambulatórios, clínicas, hospitais ou unidades de saúde. Devido à implementação de meios de comunicação, informação e educação os usuários estão cada vez mais cientes e críticos quanto aos serviços que envolvem a área de saúde e de que forma devem ser gerenciados. A evolução da medicina traz tratamentos cada vez mais complexos para os usuários, as instituições que promoverem os atendimentos, devem estar aptas e organizadas do ponto de vista administrativo para os atendimentos. Os princípios fundamentais do código de ética médica no artigo 2º dispõe: “o alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor da sua capacidade profissional.” Nesse sentido é de suma importância a implementação de ferramentas de gerenciamento de riscos nos ambientes de saúde. Esse gerenciamento deve abordar desde os riscos biológicos até os riscos jurídicos por passivos trabalhistas, tributários ou por pedidos de indenizações de cunho moral ou de responsabilidade civil dos profissionais de saúde como dentistas, médicos e enfermeiros. A prestação de serviços com qualidade, pode vir a eximir as instituições de saúde de problemas jurídicos. Cada vez mais essas instituições devem investir no treinamento de pessoas, diminuindo assim a incidência de riscos. IMPORTANTE: Muitas instituições de saúde buscam a melhoria por meio da certificação de qualidade para minimizar a ocorrência de riscos. A portaria de nº 2.349 de 14 de setembro de 2017, aprovou a classificação de riscos quanto aos agentes biológicos, em consonância Gestão de Riscos 35 com a comissão de biossegurança do Ministério da Saúde. A portaria estabelece que a gestão de riscos deve ser atualizada a cada dois anos ou em situações de epidemia e pandemias, ou outras situações especiais.A diversidade de riscos inerentes aos processos industriais que envolvem o uso de matérias – primas utilizadas na transformação de bens em produtos acabados implica na geração de inúmeros riscos à saúde humana. A química divide as substâncias químicas em orgânicas, com compostos à base de carbono e inorgânicas que envolvem os compostos minerais. Cada um desses grupos se subdivide em outros com características químicas específicas de acordo com o comportamento de reação ao entrar em contato com o ser humano. Os diversos agentes químicos entram em contato com o homem podendo ingressar no organismo, causando riscos à saúde de diversas formas, dentre elas: por inalação, absorção cutânea ou ingestão. IMPORTANTE: a NR 15 apresenta uma lista de atividades de trabalho que envolvem riscos à saúde humana por agentes biológicos. O Ministério da Saúde a partir da norma regulamentadora NR 9 estabelece que a divisão dos principais riscos na área de saúde em quatro principais partes (químicos, físico, biológicos e ergonômicos) para as quais cabem subdivisões conforme o desenvolvimento de atividades ocupacionais. A partir da classificação de riscos da área de saúde é possível desenvolver o trabalho de contenção, ou seja, o necessário para evitar que os riscos se materializem no contato dos profissionais de saúde como por exemplo os agentes microbiológicos. Segundo Burmester e Morais (2014, p. 126, 127 e 128), os principais riscos assistenciais na área de gestão de saúde, envolvem as esferas psicossocial, por reações orgânicas a medicamentos e de quedas. Cada um desses riscos requer conhecimento técnico dos profissionais das diversas áreas da saúde que irão interagir com o paciente. Gestão de Riscos36 A figura 8 remete as decisões a serem tomadas pelos profissionais da área de saúde para a gestão de riscos. Figura 8 – Decisões versus profissional Fonte: @pixabay Todos os profissionais da saúde devem receber treinamento pelo empregador quanto aos riscos inerentes a sua atividade profissional. Os riscos podem estar presentes em todos os ambientes de saúde tanto para o profissional quanto para o cidadão que está sendo atendido. Os riscos podem estar presentes desde a retirada de um paciente da maca que pode lesionar o corpo do de ambos, até a coleta de exames para análises laboratoriais. O trabalho do gestor de riscos na área de saúde envolve estudos dentro da legislação como da Norma Regulamentadora (NR 9), no desenvolvimento de programas de riscos ambientais para tornas as atividades profissionais menos arriscadas, de forma que os riscos não se materializem a nenhuma das partes. A norma regulamentadora NR 9 estabelece que: • Devem ser desenvolvidos programas de antecipação e reconhecimento de riscos. • Devem ser estabelecidas metas de prioridade para o tratamento e controle de riscos. http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publica Gestão de Riscos 37 • Devem ser avaliados os riscos de exposição aos diversos agentes danosos à saúde nos ambientes profissionais. • Devem ser registrados e divulgados todos os riscos à saúde identificados nos ambientes. IMPORTANTE: A gestão de prevenção aos riscos deve ser estipulada periodicamente. O quadro 8 descreve alguns riscos assistenciais gerenciados diariamente pelos profissionais da área da saúde em exercício. Quadro 8 – Riscos assistenciais Risco Paciente Psicoemocional Agitado. Excessivamente exigente. Com histórico ou evidência de dependência química; Paciente confuso por alterações súbitas de comportamento e humor, amnésia, dentre outros. Por reações orgânicas e medicamentos Com histórico de alergia a medicamentos e/ou alimentos. Fonte: Burmester e Morais, 2014 (Adaptado). Parafraseando os mesmos autores os riscos de queda envolvem o histórico de tonturas dos pacientes e diagnósticos de déficit neurológicos. A prática diária dos processos de assistência no hospital conduz, pela frequência de determinadas ações, ao alcance da estatística prevista para eventual falha. Assim, se determinado procedimento tem previsão estatística de ocorrência em torno de 1%, ao se aproximar o centésimo caso, se a ocorrência ainda Gestão de Riscos38 não se tiver efetivado, é recomendável redobrar o cuidado. (BURMESTER; MORAIS 2014, p. 126) O quadro 9 descreve a classificação de riscos recomendadas pela NR 9. Quadro 9 – Classificação dos riscos Classe Classificação Descrição Risco 1 Baixo risco de comunicação individual e comunitário. Geralmente não causam doenças ao homem. Exemplo: lactobacillus, leveduras de cervejas, dentre outros inerentes a alimentação. Risco 2 Moderado risco individual e limitado risco para a comunidade. Para a contaminação comunitária os agentes de risco 2 necessitam de vetores. Exemplos: Bordetella pertussis (bactéria causadora da coqueluche). Escherichia coli (bactéria causadora de infecções urinárias). Risco 3 Alto risco individual e moderado risco a comunidade. A transmissão pode ocorrer por via aérea. Exemplos: Bacillus anthracis. Coronavírus. HIV. Risco 4 Alto risco individual e para a comunidade. Os agentes biológicos possuem alto poder de transmissibilidade, para cujas não há profilaxia efetiva. Exemplos: Ebolavírus, vírus da varíola. Fonte: Barbosa, 2011 (Adaptado). Gestão de Riscos 39 IMPORTANTE: O artigo 1ª da portaria nº 25 aprova o texto da norma regulamentadora NR 9 estabelecendo os elementos de riscos à saúde para a devida gestão. Trabalhos físicos pesados, posturas incorretas e posições incômodas podem ocasionar riscos à saúde, além de provocar o mal-estar geral por cansaço, dores musculares e fraquezas em geral. A monotonia, ritmos excessivos, trabalhos em turnos prolongados e repetitividade também provocam o desconforto e cansaço ao homem e pode ocasionar diversos problemas de saúde desde gastrites, úlceras, hipertensão arterial, até doenças nervosas causadas por tensão, medo e ansiedade. Os riscos à saúde causados pelos inúmeros fatores ambientais e de estruturas por inadequações de espaço físico e de máquinas e equipamentos devem ser gerenciados com responsabilidade e precisão. Cabe ao empregador prestar apoio técnico aos profissionais que interagem com os serviços de saúde. O conhecimento para a melhoria das atividades desses profissionais é possível pelo apoio jurídico da organização, pelo setor de recursos humanos nas áreas de assistência social e psicologia, pelos centros de informações tecnológicas e pelo desenvolvimento seguro de projetos em produtos e serviços. Os gestores públicos vigentes devem gerenciar através de políticas públicas os riscos à saúde tanto para os cidadãos usuários, quanto para os profissionais de saúde. RESUMINDO: As modificações da rotina de vida e trabalho da sociedade moderna trazem para os profissionais de saúde a necessidade da gestão de riscos de forma mais intensa, profissionalizada e regulamentada. São inúmeros os riscos inerentes à saúde humana podendo ocorrer nas suas atividades sociais e profissionais os quais devem ser classificados para o correto tratamento. Gestão de Riscos40 Gestão de Riscos no Ambiente corporativo INTRODUÇÃO: Caro aluno, você já parou para pensar como a modernização e a aceleração do crescimento econômico no último século provocaram mudanças em todos os ramos de negócio? A mídia veicula todos os dias centenas de propagandas ofertando uma variedade de produtos e serviços, principalmente de caráter tecnológico para todas as faixas etárias da população. Na expectativa do planejamento de lançamentos rápidos de produtos e serviços no mercado, com o auxílio de ferramentas de marketing, tais como: publicidade, propaganda e promoção o ambiente de negócios torna-se arriscado e incerto. Para diminuir os riscos no ambiente corporativo, principalmente nos investimentos financeiros a administração propõe ferramentas de gestãocomo o plano de negócios.. E então? Curioso para aprender sobre essa ferramenta de gestão de riscos? Vamos lá! Continue conosco! Nos ambientes corporativos os gestores precisam planejar suas ações antecipadamente diminuindo assim os riscos do negócio não dar certo. A ideia do gestor olhar para o futuro, remete a possibilidade de modificação do ambiente, materiais e pessoas que de alguma forma impossibilitem o atingimento dos objetivos organizacionais. Não há discussão sobre o fato de que as organizações assim como os indivíduos têm responsabilidades sociais, à medida que seu comportamento afeta outras pessoas e, querendo elas ou não, há pessoas e grupos dispostos a cobrar essas responsabilidades por meio do ativismo político, da empresa, da legislação e da atuação nos parlamentos. (MAXIMIANO, 2011, p. 393) Gestão de Riscos 41 A figura 9 remete a necessidade de olhar para o futuro, a longo prazo pelo gestor. Figura 9 – visão de futuro Fonte: @pixabay Os riscos dos ambientes corporativos são ainda mais significativos se considerarmos que grande parte das variáveis dos ambientes internos e externos que circundam as empresas não são visíveis. Dessa forma, os riscos são desde o planejamento inadequado do layout até a falta de provisão de recursos financeiros, ocasionando a perda da produtividade e em alguns casos o encerramento das atividades de negócio. O ponto crucial de qualquer empreendimento é o dinheiro. O empreendedor deve calcular o montante necessário para iniciar um negócio – o investimento inicial. O valor pode determinar se o empreendedor tem condições de começar o negócio ou não. O outro cálculo importante é o do retorno do investimento. A análise do mercado deve revelar qual o potencial de receitas e o tempo necessário para a recuperação do investimento. Investir, especialmente muito dinheiro, em atividades que proporcionam pouco retorno e demoram anos para proporcionar a recuperação do capital inicial pode ser uma decisão errada. (MAXIMIANO, 2011 p. 373) Com o plano de negócios é possível a identificação dos recursos necessários sob todas as ópticas da administração, desde a análise de mercado do ponto de vista marketing até a análise financeira para a https://pixabay.com/pt/vectors/cidadão-ícone-icônico-1294856/ Gestão de Riscos42 alocação do capital social. Para Neto (2009, p. 14) “A definição de capital social é bastante ampla, dependendo do enfoque que a análise de tal evento adota”. IMPORTANTE: Capital social são os recursos financeiros investido na empresa pelos sócios. A figura 10 remete ao capital social, dinheiro investido pelos sócios no negócio]]. Figura 10 - Recursos financeiros Fonte: @pixabay O plano de negócios é um instrumento de gestão de riscos utilizado para planejar novos empreendimentos ou quaisquer tipos de projetos, minimizando as chances de os objetivos traçados não serem alcançados. Essa ferramenta traduz-se num documento de linguagem escrita apresentando o futuro de um empreendimento ou projeto. https://pixabay.com/pt/illustrations/dinheiro-euro-lucro-moeda-1015277/ Gestão de Riscos 43 O plano de negócios funciona como um mapa do tesouro. Entretanto, esse mapa tem algumas peculiaridades. Para construí-lo deve ser seguido alguns passos específicos, mais nem sempre é possível encontrar um pote de ouro no final do arco-íris. Aliás, essa é a verdadeira função do plano de negócios: possibilita ao empreendedor que tenha uma noção antecipada dos resultados que sua empresa pode alcançar. (GONÇALVES, 2011, p. 26) Os principais aspectos mensurados no plano de negócio referem- se aos riscos do produto, vendas, faturamento mercado, investimentos e necessidades de financiamento. A figura 11 remete aos aspectos abordados no plano de negócio. Figura 11 - Recursos financeiros Fonte: Elaborado pela autora. Quando bem elaborado o plano de negócios facilita diversos aspectos para a tomada de decisões diminuindo os riscos de gestão, como por exemplo, a visualização de possibilidades de empréstimos ou financiamentos, junto a instituições financeiras, bem como a adesão Gestão de Riscos44 de novos sócios e investidores. Com o plano é possível mostrar, de forma detalhada como a empresa deve atuar no mercado delimitando a ideia central de produtos e/ou serviços que serão oferecidos. Auxilia na identificação do público-alvo e das concorrências direta e indireta. Propõe um melhor posicionamento da empresa no mercado, projetando o seu crescimento na contabilização do volume de vendas, num melhor direcionamento das políticas internas da organização para gerir os colaboradores e fornecedores. • Produto: reprodução teórica do produto, permitindo o agrupamento de suas características ou classificações. • Mercado: permite o dimensionamento do mercado a ser explorado, bem como das possibilidades de oferta e demanda. • Investimento: auxilia com cálculos prévios dos valores que devem ser investidos no negócio. • Necessidades de financiamento: é a representação da distância dos valores monetários para se realizar um negócio e o que a empresa realmente tem disponível no momento presente. A partir desses resultados é possível o gestor buscar financiamentos diminuindo os riscos financeiros tais como de juros abusivos. IMPORTANTE: outros aspectos podem ser abordados no plano de negócios, tais como documentações jurídicas, aspectos operacionais como layout e necessidade de mão de obra. No plano de negócios é possível que sejam inseridas informações técnicas e financeiras do ambiente corporativo. O plano é um mapa que norteará os gestores, e que deverá ser atualizado constantemente, para que possa cumprir sua finalidade de orientar todos os envolvidos na gestão sobre os ambientes internos e externos. Ele demonstrará aos gestores e Gestão de Riscos 45 possíveis investidores as vantagens e os riscos do empreendimento, para que se possa definir pela continuidade ou mudanças necessárias. Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de cometê- los no mercado. (ROSA, 2013, p. 15) Com um plano de negócios bem estruturado é possível ordenar as alternativas existentes e ver quais são as soluções mais adequadas para minimizar os riscos do mercado. Para aqueles que trabalharem estrategicamente, este documento torna-se uma vantagem competitiva dentre os concorrentes. Segundo pesquisas realizadas pelo SEBRAE as principais causas de mortalidade das empresas são: • Falta de planejamento dos gestores. • Os gestores não negociaram prazos com os fornecedores. • A empresa não obteve empréstimos com bancos. • O empreendedor não realizou capacitação sobre gestão de negócios. • A empresa não investiu em capacitação de mão de obra. • Não houve aperfeiçoamento de produtos. • Não houve atualização de gestão. • A empresa não acompanhou as despesas e receitas com rigor. • Os produtos não tinham diferencial. Gestão de Riscos46 O SEBRAE ainda aponta as principais dificuldades enfrentadas pelo primeiro ano de atividades das empresas no Brasil no período de 2011 a 2012. Figura 12 – Sobrevivência das empresas no Brasil segundo o Sebrae 2016 Fonte: https://datasebrae.com.br/sobrevivencia-das-empresas/#taxa Não existe uma estrutura rígida e específica para desenvolver o plano de negócios, porém é necessário o preenchimento de requisitos básicos que façam com que o entendimento sobre o todo seja possível. No plano de negócios também devem constar a missão, visão e valores organizacionais, a forma jurídica da empresa e seu enquadramento tributário (sociedade limitada, por cotas, microempreendedor individual). Para Kotler e Keller, (2006, p. 43):” Asmelhores declarações de missão são aquelas guiadas por uma visão, uma espécie de sonho impossível que proporciona a empresa um direcionamento para os próximos 10 a 20 anos”. É necessária também a composição do capital social (valores despendidos pelo(s) sócio(s) para o início do projeto, e quais serão as fontes de recursos para que esta possa se manter (por recursos próprios, terceiros, empréstimos ou financiamentos). Quando bem elaborado o plano facilita, por exemplo, a visualização de possibilidades de empréstimos ou financiamentos, junto de instituições de fomento, bem como a adesão de novos sócios e investidores. Nele é possível mostrar, de forma detalhada, qual será a área de atuação; delimitar a ideia central Gestão de Riscos 47 de produtos e/ou serviços que serão oferecidos; identificar o público- alvo e a concorrência; posicionar-se no mercado; projetar o crescimento; contabilizar o volume de vendas; e estabelecer políticas para gerir os colaboradores e fornecedores. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos?! O mundo encontra-se numa era de competição entre os setores da economia. Identifica-se diariamente uma corrida para com projetos e novas ideias de negócio, afinal o mercado consumidor espera por inovação. Com isso os riscos de projeto na abertura de novos negócios e do gerenciamento das suas atividades para a gestão sustentável é um grande desafio. Para diminuir os riscos de frustração na perda de recursos materiais, financeiros e de esforço de pessoas os estudos de administração propõe metodologias de gestão tais como o plano de negócios. Gestão de Riscos48 REFERÊNCIAS ANDRADE, T. Para entender relações públicas. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001. ASSIS, G. B. L. O absolutismo e sua influência na formação do Estado brasileiro. Revista dos Tribunais. RTVOL. 969. Julho, ...............2016. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_ divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_ bol_2006/RTrib_n.969.03.PDF. Acesso em: 26 jul. 2020. BARBOSA, R. A. A. Segurança do trabalho. 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