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Clinica Grandes - completo

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Dia 02/02
Relembrando
PARÂMETROS BOVINOS EQUINOS CAPRINOS OVINOS
FC 60-80 28-40 95-120 90-115
FR 10-30 8-16 20-30 20-30
TEMPERATURA 37,8-39,2 37,5-38,5 38,5-40 38,5-40,5
MOVIMENTOS
RUMINAIS(5min)
7-12 --------- 6-12 7-14
MOVIMENTOS
INTESTINAIS
----------- ATONIA( - )
HIPOMOTILIDADE(+)
NORMOMOTILIDADE(
++)
HIPERMOTILIDADE(++
+)
--------- -----------
Revisão de Exame Clínico
Para diferenciarmos os caprinos dos ovinos temos que olhar a cauda. Os caprinos possuem a cauda para cima, enquanto os ovinos
possuem a cauda para baixo. Outra forma é que o bode possui a “barba” enquanto a ovelha não possui.
Em grandes animais nunca devemos chamar o proprietário, o peão ou o produtor de tutor, devemos chamar de proprietário.
Caso clínico: uma égua que chegou com cólica e tomou um banho de amitraz. Amitraz não pode ser utilizado para equinos pois
estes podem se intoxicar, causando sinais neurológicos ou levando a distúrbios gastrointestinais, principalmente a diminuição da
motilidade. Nesse caso, provavelmente a cólica dessa égua é em decorrência da pulverização de amitraz que fez com que a
motilidade do intestino diminuísse.
Nunca devemos pular as etapas dos exames clínicos.
→As etapas do exame clínico são:
• Identificação do animal
• Anamnese
• Exame físico
➢ Geral: atitude, comportamento, nutrição, hidratação, parâmetros
➢ Específico: exame do(s) sistema (s) envolvido(s)
• Exames complementares
• Diagnostico(s)
• Prognóstico: uma vaca de produção de leite ao apresentar uma mastite, a gente vai sugerir a amputação do quarto
mamário. Para o proprietário é importante saber se vai compensar ou não para a produção.
• Tratamento
→Material básico para o exame clínico:
• Papel e caneta
• Estetoscópio
• Termômetro
• Martelo e plexímetro
• Luvas
• Lanterna
• Frascos para amostras
• Material para contenção
→Identificação do animal:
• Espécie
• Raça
• Sexo
• Idade
• Pelagem
• Peso
• Origem
• Informações do proprietário
→Anamnese:
• Principal recurso para o diagnóstico
• Depende do tipo de informante
• Semelhante à do pediatra humano
• Não é um processo passivo
• Proprietário omite informações
• Nunca devemos colocar o entrevistado em situação indelicada (temos que ser neutros)
• Não usar terminologia médica
• Perguntar Quando? Como? Onde?
• Obter os verdadeiros fatos
• Fonte e confiabilidade
• Queixa principal
➢ Manifestação imediata
➢ Repetir expressões
➢ Muitas vezes não representa o distúrbio principal
• História da doença atual (HDA):
➢ Alterações recentes
➢ Obedecer a cronologia
➢ Quando começou a observar?
➢ Gradativo ou súbito?
➢ Sazonal? : muitas doenças são sazonais ex: habronemose (popularmente chamada de ferida de verão, visto que
no verão tem mais moscas)
➢ Mudou a alimentação? : um animal que estava no pasto e foi para o confinamento precisa de uma adaptação da
dieta, não podemos mudar a dieta bruscamente.
➢ Foi medicado? : qual medicamento foi utilizado pelo proprietário
• Comportamento dos órgãos
• História médica pregressa
• História ambiental e de manejo
• História familiar ou de rebanho
→Exame Físico Geral
Depois de fazermos uma ampla anamnese, tentando abranger o máximo de informações possíveis, teremos mais informações
sobre o paciente. O exame físico geral deve ser organizado, para que a gente não esqueça nenhuma etapa do exame e da
avaliação.
• Inspeção: A primeira coisa a ser realizada no exame físico geral é a inspeção do animal, onde vamos observar o animal
como um todo, seu comportamento, entre outras coisas. Depois de inspecionarmos o animal de longe, o ideal é a gente
avaliar ele de perto, observando os membros, se há aumento de volume, etc. Na inspeção a gente não deve tocar no
animal. A inspeção deve ser realizada em um local iluminado, onde avaliaremos a postura, o comportamento, a
locomoção, a condição corpórea a forma abdominal, etc. Após observarmos, devemos descrever apenar o que vemos.
Os aumentos de volume são facilmente observados.
➢ Nível de Consciência: é um parâmetro subjetivo.
▪ Ausente: quando ausente temos um paciente em coma.
▪ Diminuída
▪ Normal
▪ Aumentada
➢ Reação à estímulos: por exemplo, se chegarmos próximo a um equino e batermos palma, e ele apresentar uma
reação aumentada, como a pálpebra ir “na nuca”, ocorrer um prolapso de terceira pálpebra, é uma reação
praticamente patognomônica de tétano.
➢ Postura: observamos se há alguma alteração na postura como uma ptose labial, ptose palpebral, observamos se
um membro está mais flexionado do que o outro, etc.
➢ Estado nutricional: a escala de score corporal vai de 1 a 5, tendo entre eles os números quebrados (1,5; 2,5; 3,5
e 4,5). Para gado de corte essa classificação de score passa a ser de 1 a 9. Nos equinos esse score corporal
também vai de 1 a 9, do cavalo muito magro até o cavalo obeso. Evitar os termos “bom” e “ruim”.
• Palpação: Se na inspeção visualizarmos um amento de volume, podemos passar para a palpação, palpando esse aumento
de volume para ver a consistência, textura, espessura, temperatura, elasticidade, sensibilidade, se cede à pressão ou
não, se é firme, etc. A palpação pode ser direta (utilizando a mão) e indireta (quando é utilizado alguma ferramenta,
como a pinça de casco, onde pressionamos o casco do animal com a pinça e observamos se o animal responde a
estímulos dolorosos ou não).
➢ Consistências: quando tem Godet positivo, é um edema.
▪ Mole: tecido adiposo.
▪ Firme: fígado, músculo.
▪ Dura: ossos.
▪ Pastosa: edema.
▪ Flutuante: ascite.
▪ Crepitante: gás, ar.
• Exame da pele: A pele é o espelho da saúde, do estado de hidratação, etc. Se o animal está com uma dieta pobre, o pelo
dele vai estar opaco, quebradiço, etc. No exame da pele a gente consegue ver o estado de hidratação do animal através
do teste de turgor cutâneo, que normalmente é realizado no pescoço, mas também podemos fazer na pálpebra,
principalmente em animais mais jovens (já que eles têm a pele mais solta e pode acabar enganando, pode ser realizado
o teste na pálpebra).
• Exame das mucosas: Devemos seguir uma sequência lógica, começando da cabeça e indo em direção a cauda, finalizando
com a aferição de temperatura. As principais mucosas avaliadas são a oral, palpebral e nas fêmeas, a vulvar. Nos
equinos a gente ainda avalia a nasal. Nos bovinos a mucosa oral é difícil por dois motivos, o primeiro é o fato deles não
deixarem a gente avaliar a cabeça sem que estejam amarrados, e o segundo é pelo fato de terem a mucosa
pigmentada, dificultando ver a coloração da mucosa em si. Halos endotoxêmicos são halos arroxeados que aparecem
no contorno dos dentes dos equinos, e isso nos mostra que ele está em um choque endotoxêmicos. Além disso, a
mucosa nos mostra se o animal está anêmico ou não.
Denominação Coloração Significado Causas
Pálida Esbranquiçada Anemia Ecto/Endoparasitas
Desidratação
Congesta/Hiperêmica Avermelhada Aumento permeabilidade
vascular
Inflamação
Infecção
Febre
Cianótica Azulada Deficiência de troca gasosa ICC
Edema pulmonar
Choque
Desidratação
Ictérica Amarelada Hémolise I.V.
Lesão Hepática
Obstrução biliar
Babesiose
Anaplasmose
Hepatite
Estado biliar
O método Famacha é um método para vermos o grau de infecção principalmente pelo Haemonchus contortus
(parasita de abomaso espoliador de sangue). De acordo com o grau do animal (vemos na cartela), concluímos
se precisamos ou não vermifugar o animal. Esse método funciona em locais onde o haemonchus é um
problema, porém se o animal estiver infectado por trichostrongylus ou por cooperia, não vai ter esse grau
anêmico, ou seja o Famacha dá um falso negativo, pois por mais que o animal não estivesse infectado por
haemonchus, ele pode estar infectado por esses outros vermes, e com isso o produtor não vermifuga, porque
de acordo com a cartela, não precisa vermifugar.
Nessa cartelinha trás informações muito importantes. De acordo com a coloração da mucosa, a gente deve
pensar nas causas que estão levando o animal a ficar com a mucosa dessa cor.
• Sistema Linfático: compreende o baço, linfonodo e vasoslinfáticos. Sempre temos que avaliar os linfonodos
bilateralmente. Os linfonodos mais fáceis de palpar em ruminantes são: pré-escapular e pré-crural, mas em animais
muito gordos, também será difícil palpar.
Os linfonodos de cabeça (submandibular, parotídeo, retrofaríngeo)
são palpáveis também, mas vai depender do comportamento do
animal, se for um animal muito bravo, não vamos conseguir palpar.
Os bovinos demandam uma contenção bem feita.
Já nos equinos os linfonodos de cabeça são os mais fáceis de palpar
e o pré-escapular e o pré-crural são um pouco mais difíceis, porque
os equinos têm uma musculatura muito desenvolvida, o que
dificulta. Apenas em algumas situações são palpáveis.
• Frequência Cardíaca:
Animal Bovino Equino Caprino Ovino
FC 60-80 28-40 95-120 90-115
• Frequência respiratória:
Animal Bovino Equino Caprino Ovino
FR 10-30 8-16 20-30 20-30
• Movimentos ruminais:
Aqui faremos uma avaliação básica da parte digestiva. Nessa etapa do exame
físico geral a gente avalia se há presença de movimentos ruminais. Em dois
minutos conseguimos auscultar de 2 a 3 movimentos ruminais.
Depois de auscultarmos os movimentos ruminais, temos que identificar por
meio da auscultação se tem ruídos de crepitação e rolamento.
• Sons intestinais:
Quadrantes:
Um dos principais pontos de compactação é a flexura pélvica porque ela é
como se fosse um “cotovelo” que vem do colo ventral, que é mais amplo,
faz um movimento contra a gravidade e vai para uma estrutura que tem
um lúmen menor e por isso ocorre muito a compactação nos equinos. Não
é o único local, mas é um dos principais pontos de compactação nos
equinos.
Na auscultação ventral a gente ausculta o cólon maior, tanto dorsal
quanto ventral, pois é muito difícil de separar os sons deles.
Obs: enquanto a vaca tem o rúmem do lado esquerdo, o cavalo tem o ceco
do lado direito.
• Termometria clínica: avaliamos a temperatura do animal. Infecções geralmente cursam com hipertermia, febre e por isso
devemos avaliar a temperatura, e sempre com o termômetro, nunca com a mão. Quando formos medir a temperatura,
ao introduzirmos o termômetro, devemos deslocá-lo um pouco para o lado, para que ele tenha contato com a parede
da mucosa do reto do animal e devemos soltar a cauda do animal enquanto aferimos a temperatura, para evitar a
entrada de ar e ter uma possível alteração da temperatura local. Inflamações da ampola retal podem levar a um
aumento da temperatura, que não condiz com a hipertermia, mas sim com uma inflamação local.
➢ Sinais cardiais da inflamação
▪ Dor
▪ Calor
▪ Rubor/Vermelhidão
▪ Tumor/Aumento de volume local
▪ Perda de função local: ocorre quando a inflamação se cronifica.
➢ Erro na aferição da temperatura
▪ Introdução superficial
▪ Defecação e enema recente
▪ Penetração de ar: cauda erguida.
▪ Processos patológicos locais
➢ Variações fisiológicas: na parte da manhã é esperado uma temperatura menor do animal, por ser um horário
mais fresco do que a parte da tarde (variação nictemeral).
▪ Ingestão de alimentos
▪ Ingestão de água fria
▪ Idade
▪ Estado nutricional
▪ Temperatura ambiente
▪ Esforço físico
• Temperatura retal:
Animal Bovino
Bovino
Equino
Equino
Caprino
Caprino
Ovino
Ovino
jovem
adulto
jovem
adulto
jovem
adulto
jovem
adulto
Temperatura 38,5-39,5 37,8-39,2 37,2-38,9 37,5-38,5 38,8-40,2 38,6-40 39-40 38,5-40
• Olfação: auxilia muito no diagnóstico, por exemplo, uma vaca com cetose tem cheiro de acetona. • Exames
complementares: Em grandes animais sempre temos que lembrar que as vezes não tem facilidade para realizar esses
exames e algumas vezes o proprietário tem restrições financeiras. Para vermos se o equino tem alteração hepática,
devemos pedir a enzima AST no bioquímico. A ALT não é nada específica para grandes animais, mas para pequenos é
importante pedir. O problema da AST é que ela está presente em muitos lugares, exemplo, se o cavalo passou por um
processo de hemólise, vai ter AST, porque na hemácia tem AST, logo pode estar aumentada devido a uma hemólise e não
necessariamente devido a uma lesão hepática. O fígado para grandes animais é mais complexo, devemos associas AST, GGG,
FA, albumina, etc. Outros exames são os raspados de pele por exemplo.
• Erros de diagnóstico: acontecem por alguns fatores, cerca de 85% do diagnóstico é dado em cima da anamnese e do exame
físico geral. 15% do diagnóstico depende realmente de um exame complementar.
➢ Anamnese incompleta: precisa ser profunda e ampla.
➢ Exame superficial
➢ Avaliação premeditada: temos que ter calma na inspeção e seguir as etapas.
➢ Domínio insuficiente
➢ Impulso precipitado
Aula CG1 09/02
Cólica em Equinos
Separamos a cólica em cólica verdadeira e cólica falsa ou não verdadeira, sendo que a cólica verdadeira é aquela que vem do
trato gastrointestinal e cólica não verdadeira é oriunda de outros órgãos. Semelhança entre as duas são os mesmos sinais
clínicos, no atendimento do paciente com a cólica ou abdome agudo temos que diferenciar de onde vem essa dor através do
exame clínico. Hepatite, peritonite, obstrução uretral, problema no trato genital, abcesso intra-abdominal e torção uterina pode
originar a dor no animal. Dados de até 90% das cólicas em animais a pasto resolve na clínica, ou seja, o cavalo solto a pasto pode
sim ter cólica, o proprietário e tratador não vê e não precisa de nenhuma intervenção médica. Os 10% restante é o que chega
necessitando de atendimento clínico ou cirúrgico. Quais são os fatores de riscos que aumenta a incidência de cólica? Cavalo
gosta muito de rotina, quando a uma quebra dessa rotina o cavalo pode dar a cólica, manejo alimentar mudança na alimentação,
atividade física (cavalo faz atividade física sem ter um preparo), infestação parasitaria gastrointestinal dos cavalos pode causar
a cólica, exemplo o Parascaris equorum faz com que exista uma obstrução do alimento e acúmulo de gás no local e o animal
começa a apresentar a dor, tendo sinais clínicos da cólica. Fatores como sexo e idade dos animais tem a ver, sendo que o sexo
tem a haver com por exemplo a fêmea através da torção uterina e no macho possui uma hernia chama de inguinoscrotal
quando parte do intestino encarcera dentro do anel inguinal. Já na idade animais novos não conseguem eliminar o mecônio
assim gerando uma retenção por motivos de ressecamento apresentando sinais de cólica.
O estômago possui a cárdia bem desenvolvida faz com que o cavalo não vomite, a passagem do alimento é somente de sentido
oral para aboral não conseguindo ter o sentindo reverso. Além disso o estômago tem outra particularidade, têm uma capacidade
menor em relação restante do TGI.
O intestino delgado é muito comprido e fixo por rede de vasos, sendo comum acontecer torção de intestino delgado. O ceco é
um saco cegos, o alimento entre pela válvula ileocecal e tem que sair pela válvula ceco-cólica, sendo outra particularidade para
o cavalo ter cólica. A flexura pélvica é outra particularidade, ela é solta e possui diminuição do lúmen, o alimento vai passando
de colón ventral para o colón dorsal no meio possui a flexura pélvica que o ponte de menor lúmen. Posteriormente tem o colón
transverso e colón menor ali ocorrer a passagem de alimento indo e voltando fazendo a formação de Cíbalas que é as próprias
fezes, comum de ocorrer a formação de fecalomas e enterólitos gerando uma obstrução.
Etiologia da cólica pode ser por obstrução simples, exemplos por compactação de estômago e de colón maior. Obstrução por
estrangulamento é quando existe uma torção, o infarto sem estrangulamento é quando parasitas Strongylus vulgaris migram
para vasos do mesentérico e diminui ou sessa a irrigação sanguínea da porção do intestino. Infecção por exemplo uma enterite,
colite, peritonite ou uma ulceração causa cólica.
A parte esquerda do colón é solto, a flexura pélvica está fora da cavidade, na imagem a porção sacolada porção ventral por
compactação simples de colón maior sem comprometimento de vasos.
→Classificação da cólica de acordo com a duração• Aguda: de 24-36 h nesse momento é que o veterinário tem que intervir, maior chance de sobrevivência. • Crônica: acima
de 36 h, dependendo da causa o animal nem chega nesse tempo, torção de delgado muito difícil sobreviver às 36 h.
• Recorrente: é quando o animal apresenta várias cólicas no ano, precisa investigar o motivo dessa cólica.
→Sinais clínicos
• Inquietação ou depressão
• Rolar, cavar o chão, levantar-se repetidamente, olhar para o flanco e escoicear abdômen.
• Diminuição ou perda do apetite
• Sudorese por dor
• Mímica de urinar e defecar
• Ausência de defecar por mais de 24 horas
• Dor por espasmos o motilidade incoordenada
• Distensão do intestino
• Dor isquêmica
• Estiramento do mesentério devido a deslocamento, compactação ou estrangulamento intestinal
→Classificação da cólica
• Leve: quando o animal cava o chão e fica um pouco inquieto e olha para o flanco, geralmente está relacionada com
obstrução simples por compactação.
• Moderada: deitar-se e levantar com frequência, rolar no chão, decúbito dorsal e esternal, escoicear e posição de micção
muito relacionada a vontade de defecar fazendo força para defecar, geralmente relacionada a distensão intestinal na
porção delgada por líquido ou gás, isquemia regional, obstrução por tronco mesentérico ou ramo íleo-ceco-cólico.
• Severa: todos os sinais clínicos da leve e da moderada, dor intensa com sudorese e hiperpneia (aceleração e intensificação
dos movimentos respiratórios), geralmente grande comprometimento vascular, grande distensão intestinal líquido ou
gasosa, trações e tensões mesentérica.
→Erros de abordagem em cólica
• Não sondar o animal: A sondagem nasogástrica é feita por causa das particularidades anatômicas, a cárdia bem
desenvolvida e não tem o centro do vômito. Serve como tratamento e diagnóstico. Tratamento por causa que está
desobstruindo o estômago, lavagem gástrica e hidratação enteral em caso de compactação o volume de água chegará
muito mais fácil para ser desfeito. Já como diagnóstico a característica do líquido podendo ser líquido estomacal ou
intestinal, o cheiro do conteúdo do estômago é diferente do cheiro do conteúdo intestinal, podemos avaliar o pH do
líquido, sendo que pH de conteúdo estomacal é ácido enquanto o conteúdo intestinal é mais básico.
• Mascarar dor do animal com remédios: a admiração de algum anti-inflamatório, o problema disso é que o animal vai
chegar com sinais clínico mascarado, um animal com dor severa apresentando uma dor leve. Dificultando o
diagnóstico, atrapalha a evolução do caso e camufla os sinais clínicos desse paciente.
• Não aferir os parâmetros vitais do paciente: Não tem como atender um animal sem saber a frequência respiratória e
cardíaca, sem aferir a temperatura retal, TPC, avaliar as mucosas, grau de desidratação. Tem que ter monitoração do
paciente em hora em hora tem que avaliar. Em caso de cólica a FC está aumentada, FR aumentada, motilidade intestinal
ausente ou aumentada (em caso de cólica espasmódica).
• Palpação retal: Serve apenas auxílio no diagnóstico, introduzir a mão no reto do animal com cuidado e não tem que fazer
grandes movimentos lá dentro. Constatada alça deslocada não deve ser posicionada na palpação, logo a palpação retal
não é tratamento. Estruturas acessadas na palpação lado esquerdo flexura pélvica, cólon dorsal e ventral, o ligamento
nefro esplênico, o bordo caudal do baço, o rim esquerdo e cólon menor. Encarceramento nefro esplênico onde a
flexura pélvica passa por cima do rim e do baço, ficando preso no ligamento nefro esplênico. No lado direito é palpado
somente o ceco. Se na palpação for sentida a presença de intestino delgado é indicativo de cirurgia.
• Não colocar o animal na fluidoterapia e aplicar diurético: Um cavalo que tem uma compactação de cólon, o corpo do
animal joga o líquido do animal dentro do intestino para desfazer a massa compactada, o animal tende a ficar
desidratado e começa a fazer a mímica de micção e de forma errônea aplicam diurético no animal acarretando a piora
na desidratação piorando o quadro clínico do animal. O animal apresenta uma hipovolemia, diminuição da
concentração de O2 tecidual, aumento do metabolismo anaeróbico e gera a acidose. Tem que entrar com uma
correção nessa acidose. Possui vários tipos de fluido disponíveis, cloreto de sódico, ringer lactato ou até mesmo um
plasma, que é um coloide, usado quando por exemplo um paciente está com a proteína baixa.
• Não fazer exames complementares : Fazer exames rápidos como hematócrito, proteína total e uma paracentese.
Hematócrito/VG vai nos mostrar se o animal esta anêmico ou desidratado, mas no caso de cólica vai mostrar a
desidratação. A paracentese que é a coleta do líquido peritoneal, é feita através da tricotomia da região da linha alba,
faz uma antissepsia, faz um botão anestésico, faz um pequeno corte na linha alba e com uma cânula mamaria e com
uma agulha romba faz uma coleta do líquido peritoneal.
CASO CLÍNICO 1: Uma égua de 3 anos, gestante de 10 meses, égua primípara, presente motilidade intestinal, frequência
respiratória e cardíaca aumentada, exames laboratoriais normais, exceto liquido peritoneal, os sinais clínicos todo de cólica porém
houve uma torção uterina, ela foi pra mesa de cirurgia para fazer laparotomia exploratória como diagnóstico. O quadro dela não
estava melhorando, porém, estava defecando e com motilidade intestinal mas o sinais clínicos eram de cólica e havia uma
suspeita de torção uterina por ser uma égua nova e primípara, foi feito a laparotomia e constatado uma torção uterina, tratando
assim de uma cólica falsa mas como sinais clínicos de uma cólica verdadeira. Foi feita a cessaria dessa paciente e infelizmente o
potro não sobreviveu, o potro tinha 10 meses de gestão, os cascos não estavam desenvolvidos e ele ainda ficou 2 dias no
oxigênio.
CASO CLÍNICO 2: Macho, 8 anos, com motilidade intestinal ausente, frequência respiratória e cardíaca normal, estado de
depressão, TPC 3s, mucosas congestas, exame laboratorial leucocitose neutrofilia. Ele não está apresentando dor, mas com
infecção grave e com líquido peritoneal alterado, o rompeu onde estava distendido e a dor aliviou no momento, porém, vai
desenvolver uma infecção. Na paracentese não era para vir fezes, mas quando foi feita teve a presença de fezes, houve uma
ruptura de cólon ventral. O animal que estava com muita dor ele entra no estado depressão porque o foco de dor que existia não
tem mais. O prognostico do paciente desfavorável ou sombrio é indicado a eutanásia.
Reconhecer precocemente o paciente que é cirúrgico e não segura o paciente na clínica. É muito melhor levar o paciente clínico
para cirurgia usando a laparotomia como diagnóstico do que segurar o paciente cirúrgico e piorar o quadro geral dele e atrasar
ele para cirurgia e não tem mais jeito é ter que sacrificar o animal.
A tabela mostra através de conta, existindo um número, que ao passar esse número é um paciente cirúrgico e se não passar o
paciente é clínico. Na cólica vai sempre existir erro, mas como estudo e entender a fisiologia, anatomia e com a prática isso faz
com que diminui o número de erro na abordagem do animal com cólica. Condutas como dar ao animal coca cola quente no nariz,
batida, terra de formigueiro, cachaça, colocar a mangueira no reto do animal, não resolve o problema do animal.
Fluidoterapia
Na hora de fazer a fluidoterapia venosa em grandes animais, trabalhamos com a “torneira aberta”, devido ao volume de fluido
que vamos utilizar. Sempre que formos calcular a fluidoterapia em 24h para um paciente, temos que calcular três coisas: Vr, Vm
e Vpc
Cálculo de
hidratação para o Picolino: Como o ele está com diarreia ele tem uma perda contínua. O cálculo de perda contínua é um dos
mais chatos porque existem diversas modalidades de calcular. O outro método de cálculo do volume de perda
contínua, é ficar atrás do animal com diarreia e coleta as fezes dele durante 1h, com isso basta multiplicarmos a quantidade
que ele está defecando por hora,por 24h e aí teremos o volume que o animal perde em um dia.
• Peso: 970kg
• Desidratação: 10% Total de fluido que foi preciso • Quadro de diarreia
Cálculo: Vr= 970Kg X 10% = 97L de reposição
Vm= 970Kg X 50 = 48,5L de manutenção diária Vr + Vm + Vpc= 97L + 48,5L + 48,5L = 194L de fluido em 24h. Vpc= 970Kg
X 50ml/Kg = 48,5L perdas
Supondo que 1L de fluido custe 7 reais, temos um total de 1.358 reais para bancar o animal 1 dia na fluidoterapia. Na grande
maioria das vezes o proprietário não quer pagar esse valor quando se trata de animais de grande porte. Existe um artigo que diz
que dependendo da causa da desidratação do paciente, pode utilizar fluido oral, basta passar uma sonda e injetar a fluido. Essa
fluido é composta pela diluição de cloreto de sódio, cloreto de potássio, acetato de cálcio, entre outros componentes que
transformarão essa solução oral em acidificante, alcalinizante ou neutra, dependendo do que colocarmos. Além disso, essa
solução serve para trabalharmos com reposição, desequilíbrio hídrico e eletrolítico desse paciente, e com isso, a fluido fica muito
mais barata. Mas temos que saber da causa dessa desidratação, por exemplo, se a desidratação for por um deslocamento de
abomaso, não adianta fazer a fluido sem antes corrigir esse deslocamento, pois ela não irá passar e não será absorvida. Um
cavalo com cólica não tem perda contínua, então no cálculo desse animal, não teríamos o Vpc.
Cálculo da velocidade da administração: A velocidade que deve ser administrado o Vr é de 4h a 6h. 97L/4h
= 24,25L ou 24.250 ml/h→ 24.250 ml/60min = 404 ml/min→ 404 ml/60segundos = 6,7 ml/seg
6,7 ml X 20 = 134 gotas por segundo (impossível contar essa quantidade em um segundo, por isso utiliza-se a torneira aberta,
que mesmo assim não chega nessa quantidade). Se fizermos o Vr em 4h, o Vm e o Vpc devem ser feitos em 20 horas, a fim de
fechar em 24h (1 dia), visto que a fluidoterapia é para 24 horas.
Se pegarmos os 97L que sobraram (Vm + Vpc) e dividirmos pelas 20h restantes no dia, teremos:
97L/20h=4,85L/h ou 4.850ml/h→ 4.850ml/60min= 81ml/min→ 81ml/ 60seg= 1,3ml/seg→ 1,3ml X 20 = 27 gotas/seg
Quando formos calcular fluidoterapia para grandes animais, é comum dar números altos, se dar número baixo, ex 2L, significa
que o cálculo está errado.
Para animais adultos muitas vezes usa-se torneira aberta, fluxo contínuo, 2 cateteres e em alguns equinos muito desidratados,
utilizamos um em cada jugular com uma torneira de três vias para hidratar ao máximo esse paciente.
Cálculo bezerro: animal jovem tem mais água dentro do corpo do que um animal adulto, utiliza 80ml/kg/dia na manutenção é
comum.
• Peso = 50kg
• Desidratação = 10%
• Quadro de diarreia
Cálculo: Vr = 50kg X 10% = 5L
Vm = 50kg X 80 = 4L Vr + Vm + Vpc = 5 + 4 + 2,5 = 11,5L
Vpc = 50 X 50 = 2,5 L
Cálculo da velocidade: 5L/4h = 1,25L ou 1.250ml/Kg
1.250ml/60min = 20,8ml/min
20,8ml/60seg = 0,34ml/seg
0,34 X 20 = 7 gotas/s (nesse caso, é possível contar 7 gotas e por isso aqui não vamos utilizar a torneira aberta. Não é fácil
contar, mas dá). No bezerro dá para ter um controle maior da fluidoterapia do que em um animal adulto, pois no animal adulto
é mais difícil.
Equilíbrio Hídrico-Eletrolítico e Ácido-Básico
Nos equinos é muito comum quadros de acidose metabólica. A diarreia e a cólica causam quadros de acidose metabólica, onde
usaremos ringer lactato para fazer a reposição hídrica. Porém, em ruminantes em geral, principalmente os bovinos, é mais
comum quadros de alcalose metabólica, então uma fluido com ringer lactato não é a melhor opção, pois existem outras opções
que seriam melhores.
→Água
Elemento mais importante para a vida no planeta, cerca de 71% da superfície terrestre. Dê toda essa água, 96,8% está no oceano,
tornando-se inviável para o nosso consumo. Apenas 3,5% da água no planeta é água doce, sendo que desses 3,5%; 1,74% está nas
geleiras polares; 1,72% nas geleiras continentais e aquíferos; apenas 0,04% dessa água está viável para a gente, localizando-se nos
lagos, solo, atmosfera, represas, rios e nos seres vivos.
Os seres humanos são constituídos por 70 a 80% de água. O nosso peso é em torno de 60% de água, ou seja, se uma pessoa pesa
100kg, ela tem 60kg de água e é nessa água que ocorre a maior parte das reações químicas, transporte de metabólitos,etc. A água
é extremamente importante para que tudo ocorra de uma forma adequada. Os jovens têm mais quantidade de água no
organismo (70% a 80%), e é por isso que nos cálculos a gente usou 50ml/kg/dia para manutenção nos adultos e 80ml/kg/dia para
jovens.
Na gordura não tem água, ou seja, animais gordos tem menos água no corpo quando comparados a animais que estão no peso
ideal. A água não fica solta no nosso organismo, ela fica em compartimentos como o líquido intracelular que é onde fica a maior
parte da nossa água. A maior parte da nossa água está dentro da célula, no líquido intracelular e não nos vasos sanguíneos. 2/3
da água total está dentro das células, que corresponde a 40% do peso corporal.
O líquido extracelular compreende 1/3 da água do nosso corpo. O líquido extracelular abrange líquido intersticial, líquido
sinovial, líquor e ¼ desse líquido extracelular está no plasma. Dentre as funções da água podemos citar: transporte de
nutrientes, gases, remoção dos metabolitos, regulação da temperatura corporal, lubrificação da articulação, ficar nas cavidades
servindo de proteção, etc.
→Equilíbrio Hídrico
O equilíbrio dessa água ocorre pelo ganho e pela perda, tudo precisa ter equilíbrio. Se perdermos mais do que ingerimos, a gente
desidrata, ficando em déficit. Os ganhos de líquido vêm da ingestão da própria água (55%), ingestão de alimentos (30%) e do
próprio metabolismo celular (15%) que tem produção de água. As perdas de água normais são: respiração e evaporação (38%),
urina (57%), fezes (5%) e leite (?). uma vaca leiteira que produz 80 kg de leite por dia, ela perde quase que 80L de água por dia, e
é por isso que para ter uma boa produção de leite, o animal tem que ter acesso a uma água de qualidade e em abundância.
O equilíbrio entre o que está no tecido e o que está no vaso só ocorre devido as pressões osmóticas e hidrostáticas. Na parte
arterial do vaso, normalmente o líquido sai devido à pressão hidrostática ser maior e com isso manda o líquido para fora. Já na
parte venosa, essa pressão hidrostática diminui e a pressão osmótica dentro do capilar, atrai essa água de volta, fazendo com
que ocorra um equilíbrio entre o que está no vaso sanguíneo e o que está no tecido, graças ao equilíbrio das pressões. Isso
explica o porque que um dos sinais clínicos de um paciente desidratado é estar com o turgor cutâneo diminuído, pelo fato de que
o vaso está sugando água do tecido porque está saindo água do vaso para o intestino em um quadro diarreico por exemplo. No
momento em que esses vasos puxam água da célula e a gente puxa a pele, essa pele demora mais a voltar pois ela tem pouco ou
nenhum líquido dentro.
→Rotatividade de água
Para a manutenção da homeostasia, existe uma quantidade de água que devemos tomar, que é de 50 a 100 ml/kg. Para animais
adultos deve ser de 50ml/kg, mas é claro que uma vaca leiteira precisa de mais do que isso de água. Para animais jovens deve ser
de 80ml/kg. Obs: quando a gente bebe cerveja, tem um bloqueio neuronal de ADH e com isso a pessoa urina muito.
O que leva o animal a procurar água para beber?
Existe a perda normal de água, que causa um déficit de água corporal, que ativa o centro da sede no hipotálamo e o animal vai
tomar água. Além disso, o aumento da osmolaridade sanguínea é percebido pelos osmorreceptores (presentes nas artérias), que
fazem com que ocorra a liberação de ADH, que age no rim, fazendo com que ocorra a retenção de água nesse órgão.
O outro mecanismo é o sistema renina angiotensina aldosterona. Quando corre uma diminuição da pressão arterial, as células
justaglomerulares (presentes no rim) percebem a diminuição no volume de sangue que está chegando no rim. Quandoo volume
sanguíneo está baixo, elas se ativam e liberam a renina. Essa renina vai para a corrente sanguínea. No sangue tem o
angiotensinogênio e no momento em que a renina encontra o angiotensinogênio, ela converte ele para angiotensina 1, que
continua circulando no sangue. Ao chegar no pulmão, essa angiotensina 1 encontra a ECA (enzima conversora de angiotensina 1).
A ECA converte a angiotensina 1 em angiotensina 2 (que já tem um efeito nos vasos). A angiotensina 2 volta para a corrente
sanguínea e quando chega na adrenal, ele ativa a liberação de aldosterona. A aldosterona é liberada no sangue e ao chegar no
rim, a aldosterona aumenta a retenção de sódio pelos túbulos contorcidos e como o sódio atrai água, ocorre a absorção de água e
com isso aumenta o volume de líquido dentro dos vasos.
→Equilíbrio Eletrolítico
No líquido extracelular temos o Na, o Cl e um pouco de
HCO3. Com isso, temos um íon positivo, que é o sódio
(Na+), temos o Cl que é o negativo (Cl-), a fim de fazer o
equilíbrio entre o positivo e o negativo, e temos o HCO3
que também é negativo, ou seja, é necessário o cloro e
bicarbonato para equilibrar com o sódio.
No líquido intracelular temos o potássio presente em
altas concentrações, temos os fosfatos e magnésio. O
fosfato e o magnésio são negativos e o potássio é
positivo, e juntos eles mantêm o equilíbrio hidroeletrolítico entre as cargas do que está no sangue. Quem faz a regulação desses
minerais é o rim. O rim é o órgão responsável pela manutenção diária do balanço líquido, osmolaridade e composição
eletrolítica.
Clínica de grandes 02/03/21
→Equilíbrio Ácido - Básico
• Manutenção do pH: A manutenção do pH ocorre através de substâncias do sangue que fazem o controle desse pH. O ideal é
que o pH não varie muito, não saindo da faixa de 7,35-7,45, porque quando se altera o pH você altera ionização de
elementos, atividades de enzimas, integridades de membranas, por isso é tão bem regulado o pH do organismo do
animal.
➢ pH 7,4: função celular ótima.
➢ pH 7,35-7,45: uma das as variações corpóreas melhor reguladas.
➢ pH 7-7,8: limite vital, abaixo dessa margem é considerado fatal.
• Substâncias amortecedoras
➢ Tampões
▪ Sistema ácido carbônico e bicarbonato: esses trabalham para fazer essa manutenção através da captação
de íons H+ formando ácido carbônico ou eliminando íons H+.
▪ Sistema fosfato: que faz a captação e eliminação dos íons H+.
➢ Anfóteras: pode atuar como ácido ou base
▪ Proteínas: como albumina
▪ Hemoglobina
Desiquilíbrio Hídrico-eletrolítico e ácido -básico
→Desidratação
Síndrome resultante de ingestão insuficiente de água ou perda excessiva e não compensada de água corporal.
• Patogenia
➢ Diminuição dos níveis de líquido tecidual: O mais comum é ter perda excessiva e não é compensada.➢
Redução do conteúdo líquido do sangue: normalmente os quadros de desidratações cursa com alterações do pH.
➢ Leva a acidose ou alcalose metabólicas
▪ Alcalose Metabólica: mais comum em ruminantes.
o Deslocamento de abomaso: a saída de líquido do abomaso (estômago verdadeiro) está
comprometida, logo não está se hidratando direito, ele bebe água mas não se hidrata
causando alcalose metabólica. O abomaso secreta HCl logo o animal está perdendo íons H+ e
Cl.
o Indigestão vagal: o abomaso secreta HCl, só que ele não vai para o intestino delgado ou um
volume pequeno para ser absorvido, não possui uma reposição no sangue e só está perdendo
para luz do órgão e está diminuído a quantidade no sangue.
▪ Acidose Metabólica: mais comum nas outras espécies.
Os distúrbios que causam desidratação em ruminantes (exceto a diarreia, comum em animais jovens) cursam com uma alcalose
metabólica. O cavalo que está com cólica já pensamos em desidratação de 10% em um grau moderado.
• Sinais
➢ Diminuição de turgor de pele: pregueamento da pele, pele seca e enrugada. Tomar cuidado que animais mais
velhos a elasticidade da pele já é diminuída.
➢ Retração de globo ocular (enoftalmia): em bezerros é o mais fidedigno para calcular o grau de desidratação de
acordo com a retração em milímetro, conseguindo estimar o grau de desidratação.
➢ Muflo seco
➢ Mucosas ressecadas
➢ TPC aumentado: E difícil fazer um TPC em bovinos porque eles têm a mucosa pigmentada
➢ Oliguria: diminuição do volume urinário
➢ Urina mais concentrada
• Patologia Clínica
➢ Aumento VG/Hematócrito e na PTN plasmática total
➢ VG/Hematócrito
▪ Varia de acordo com a idade e espécie
▪ Anemia: contração esplênica
Desidratação acida de 12% já é considerado gravíssima e o quadro clínico é difícil de recuperar.
→Acidose metabólica
Processo caracterizado por um ganho primário de H+ ou perda de base do LEC (líquido extracelular).
• Etiologia
➢ Excessiva perda de base
▪ Diarreia
▪ Insuficiência renal: quando não reabsorve bicarbonato
▪ Cólica: diminuição do volume plasmático, diminuição de perfusão de oxigênio e o uso de glicose para
produção de energia anaeróbica gerando lactato que causa uma acidose metabólica
➢ Acúmulos de ácidos endógenos ou exógenos
▪ Choque
▪ Endotoxemia
▪ Exercício intenso
➢ Mista
• Sinais clínicos
➢ Depressão
➢ Fraqueza
➢ Decúbito
➢ Aumento da frequência respiratória para eliminar CO2 e diminuir a quantidade de ácido carbônico.
• Patologia clínica
➢ Diminuição de pH
➢ Diminuição de bicarbonato: porque é a primeira reserva que o organismo usa para equilibrar o quadro acidose
metabólica
➢ Diminuição da pCO2: na hemogasometria.
→Alcalose Metabólica
• Etiologia
➢ Aumento na absorção de bases: não é muito comum
➢ Excesso de perda de ácido: mais comum
▪ Duodeno-jejunite proximal: causa de cólicas em equinos
▪ Refluxo gástrico
▪ Dilatação ou torção abomasal
➢ Déficit de O2
➢ Outros
▪ Furosemide
▪ Sudorese
• Sinais clínicos
➢ Respiração lenta e superficial: para ter maior concentração de CO2 para formar mais ácido carbônico e tentar
compensar o quadro de alcalose através da acidificação do sangue.
➢ Tremores musculares e tetania
• Patologia clínica
➢ Aumento do pH
➢ Aumento de bicarbonato
➢ Aumento da PCO2.
Na acidose metabólica o bicarbonato está diminuído porque está sendo utilizado para tentar compensar e neutralizar o pH e na
alcalose o bicarbonato está aumentado porque está mais dissociado para formar o ácido carbônico. Na acidose respiratória vai
ter o aumento de CO2 e na alcalose vai ter a diminuição
Tipo de fluído
→Soluções Cristalóides
• Soluções Isotônicas: Possui a mesma concentração osmolar do plasma, se distribuem igualmente através dos líquidos
extracelular e intracelular, por isso é a solução mais utilizada.
➢ Glicose 5%
➢ Ringer com Lactato
➢ Soro Fisiológico
• Soluções Hipotônicas: possui menor concentração osmolar que a concentração plasmática, leva a desvio de líquido
extracelular para o líquido intracelular, isso pode levar a intoxicação hídrica. Não tem na rotina.➢ NaCl 0,45%
• Soluções Hipertônicas: possui maior concentração osmolar que o plasma, leva o desvio de líquido intracelular para
líquido extracelular e isso pode levar a desidratação celular. Indicado quando tem choque hipovolêmico.➢ NaCl 7,5%:
usamos para expandir o volume plasmático de maneira mais rápida. O animal vai estar desidratado, faz a solução
hipertônica o efeito é temporário de 2 h, ela faz uma expansão rápida do volume plasmático para tirar o animal do
risco, porque o sangue está muito viscoso, não está circulando adequadamente. Ao mesmo tempo temos que fazer
uma fluidoterapia com solução cristaloide isotônica, para quando for terminar o efeito da solução hipertônica, o
sangue já esteja expandido e consiga a começar a hidratar as células do animal para repor o que desidratou do tecido
do animal.
→Soluções coloides
Não são muito comuns de utilizar, por terem alto custo e precisam ser administradas em grandes quantidades.
• Contém solutos de maior peso molecular (proteínas e polímeros): as proteínas têm um peso molecular alto então desloca
água do líquido intracelular e intersticial para o líquido extracelular, faz expansão do volume plasmático e correçãode
hipotensão.
• Possuem atividade osmótica significativa e são hipertônicos
• Utilizado para expansão de volume plasmático e correção da hipotensão
• Podem levar a insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar
• Exemplos de soluções coloides
➢ Plasma: se fizermos uma transfusão de plasma ele vai atrair líquido para dentro do vaso do animal. Plasma
utilizamos mais em quadro de hipoproteinemia, falha de imunidade passiva. Para obtenção de plasma em
ruminantes é complexo, mas para equino é fácil.
➢ Dextrano➢ Hetamido
Podem interferir na coagulação
sanguínea
O tipo de solução em ser utilizada depende do estado de saúde do animal, condição do proprietário, o tipo de desidratação que o
animal tem, do distúrbio eletrolítico e ácido -básico que o animal está apresentando, vai depender muito do quadro do paciente.
A maioria das soluções são alcalinizante e não acidificante.
→Bicarbonato de Sódio
• Utilizar em déficits acima de 10 mEq
• Bicarbonato abaixo de 15mEq e ph menor que 7,2: Para ter maior cuidado na administração, vamos calcular o volume que
é para ser feito, fazer a metade do volume, reavaliar o animal e se precisar da outra metade em 12 a 24 horas depois
sem correr o risco de transformar uma acidose em uma alcalose.
Suponha que o animal pesando 400Kg, esteja com um déficit de bicarbonato de 10.
Déficit de base (DB)= 25 – HCO2→ 25 – 10 = 15
Déficit de base em mEq= DB X 0,3 X peso→ 15 X 0,3 X 400 = 1.800 mEq de bicarbonato
1g solução de bicarbonato de sódio----------12 meq.
Y---------------------------------------------------1.800 mEq
Y= 150g de bicarbonato de sódio.
Considerando que a concentração de solução de bicarbonato disponível é de 5%.
5g de bicarbonato de sódio-------------------100ml
150g de bicarbonato de sódio----------------W
W= 3.000 ml ou 3L
Aplicamos 1,5L, reavalia o paciente em 12 horas, e vejo se preciso aplicar os outros 1,5L, muitas vezes o organismo do animal se
recupera sozinho.
Fluidoterapia em Grandes Animais
→Objetivos
• Restaurar e manter a hidratação desse meu paciente: mantendo a pressão de perfusão.
• Restaurar e manter a osmolaridade
• Corrigir desiquilíbrios eletrolítico/ácido- básico.
→Quando precisa ser realizado?
• Desidratação/ingestão diminuídas
• Incapacidade de ingestão
• Doenças gastrointestinais que necessitam de hidratação aumentada
• Doenças que resultam em perdas de fluídos/eletrólitos
• Doenças que requerem glicose/eletrólitos
→Parâmetros utilizados
• Quantidade de fluído: Para calcular a quantidade em que meu paciente precisa, eu vou determinar os 3 volumes,
reposição, manutenção diária e perdas contínuas (pode ou não depender do quadro em que levou a desidratação).
Calcular o volume da desidratação e de acordo com os sinais clínicos, estimar o grau de desidratação desse paciente. 8%,
10% e 12% respectivo leve, moderado e severo grau de desidratação. Reposição muito rápido pode causar edema
pulmonar, jogando o fluído fora por excreção, gerando desperdício. Isso em 24h.
➢ Quantidade pré-estabelecidas
▪ Manutenção: 50-100ml/kg/dia.
▪ Adulto: 50ml/kg/dia.
▪ Neonato/Jovens: 60-80ml/kg/dia
➢ Desidratação: perda de água corporal, precisa avaliar o animal pela clínica, exames laboratoriais e suas
limitações.
➢ Estimativa de perdas contínuas: é bom mensurar o quanto o animal está perdendo em 1h.
▪ Diarreia: 50ml/kg.
▪ Refluxo: 40ml/kg.
▪ Diarreia + Refluxo: 60ml/kg.
➢ Velocidade da administração: dependendo do volume que o animal perdeu em 24h não tem como fazer isso
rapidamente, pois é muito líquido para fazer num período de tempo curto. Numa veia canulada consegue fazer
5L/h em grandes.
▪ Reposição: o ideal é fazer em 4h. ▪
Manutenção:16-22h
▪ Perdas contínuas: 16-22h
Desidratou por 24h, precisa repor isso. Então faz
uma reposição em 4h, sobrou 20h para repor ainda,
então soma os valores do cálculo de manutenção e
perdas diárias e divide pelo número de horas
restantes.
1)Bovino gir de 5 anos, pesando 500kg está com diarreia. Sua temperatura é 38,9, com FC de 85bpm e FR de 32 mpm, TPC 3,
turgor de pele 3s, mucosas secas, deprimido. Exames constatando HT/VG 45% e PTN 7,5g/dL.
Manutenção= 50ml X peso→ 50ml X 500= 25L
Desidratação= 0,08 ou 0,10 X peso→ 0,08 X 500= 40L ou 0,1 X 500= 50L Total em 24h= 25 + 40 + 25= 90 L Perdas
contínuas= 50ml X peso→ 50ml X 500= 25L Total em 24h= 25 + 50 + 25= 100 L
2)Equino quarto de milha de 8 anos, pesando 400kg está com cólica. Sua temperatura é 38,5; com FC de 60bpm e FR de
32mpm, TPC 3, turgor de pele 3s, mucosas secas, deprimido. Exames constatando HT/VG 55%, PTN 8,0g/dL, creatinina
3,3mg/dL. Refluxo gástrico e sondagem.
Manutenção= 50ml X 400= 20L
Desidratação= 0,1 X 400= 40L Total em 24h= 20 + 40 + 1,6= 76L
Perdas contínuas= 40ml X 400 = 1,6L
• Tipo de fluido
• Via de administração
➢ Intravenosa: usada em emergências onde precisa de grande volume em pouco tempo. Problema é custo,
precisa de cateter, técnica, soluções esterilizadas a escolha do cateter leva em consideração o tamanho do
animal, matéria.
▪ Veia
o Veia Jugular: mais utilizada.
o Veia Cefálica: é utilizada em cavalo quando a jugular estiver ruim o problema é que o cavalo
pode tirar com facilidade.
o Veia Torácica Lateral: pode ser utilizada, mas não é corriqueiro.
o Veia Auricular: em bovinos, pois não tem que ficar travando a cabeça.
o Veia Intramamária: problema que o coice arranca tudo.
▪ Cateter: tricotomia, antissepsia para não acarretar flebite e sepse. Precisa monitorar pelo menos 1 vez
ao dia, heparinizar o cateter em medicações que tem aplicação dia sim dia não. Solução fisiológica que
colocamos heparina 0,1% limpa o cateter para prevenir o coagulo e se formar ele solta mais rápido,
cateter não é para coletar sangue, colocamos sempre no sentido da veia do animal, não pode deixar
aberto o cateter
o Duração: 48-72 h no máximo, porque influencia a formação de trombo.
➢ Subcutânea: não utiliza solução glicosada, absorção mais lenta, volume limitado em neonatos.➢ Oral: barata,
não estéril. Tem limitação de volume, pois causa dilatação gástrica e o animal sente desconforto. Bovino 20 litros
de 2-4L/h e equino 6-8L/h
▪ Soluções isso/hipotônicas: podendo ser preparos comerciais ou caseiros.
▪ Bicarbonato
o Interferir no abomaso na coagulação de renina(leite)
o Alcalinizar o abomaso favorecendo a colonização de bactérias.
o Fornecer 30-60min após amamentação: Em caso de animais que ingere leite ainda pode usar o
acetato de sódio (solução alcalinizante) ou intercalar bicarbonato com o leite em uma hora
• Taxa de administração.
➢ Intravenosa
▪ Restabelecimento do fluxo renal: 20-40ml/kg na primeira hora e 10-20ml/kg nas demais horas ▪
Choque: 40-80ml/kg/h
➢ Subcutânea
▪ 1-5ml/kg/4-6h
➢ Oral
▪ Bovinos: 20L/2-4h
▪ Equinos: 6-8L/30-60min
Fluidoterapia é um tratamento de suporte, a doença primaria que provoca distúrbios de fluidos, eletrólitos e de equilíbrio
ácido- básico deve ser diagnosticada e tratada adequadamente.
O objetivo da terapia hídrica e eletrolítica é corrigir desidratação excessiva e/ou desequilíbrio eletrolítico
Clínica de Grandes Animais 09/03/2021
Transfusão de Sangue e Derivados
Diferentemente dos pequenos animais, na transfusão de sangue dos grandes animais adultos, é necessário muito mais do que
apenas uma bolsa de sangue. Cerca de 8% do nosso peso é de sangue. A transfusão não é necessariamente do sangue total, é
possível transfundir o plasma, podemos usar papa de hemácias etc. Na rotina clínica da veterinária, utilizar papa de hemácias não
é tão comum, mas podemos utilizar.
Obs: temos que decorar essa fórmula acima! Na prova terá uma questão de transfusão e ele não coloca essa fórmula na prova.
→História da Transfusão
O primeiro relato da ocorrência de uma transfusão de sangue, foi no século XV, e envolve a igreja católica. O Papa da época estava
mal e resolveram tentar fazer uma transfusão de sangue no papa. Para isso, eles pegaram três meninos de 10 anos, coletaram o
sangue desses três meninos e transfundiram no papa, mas todos os 4 morreram, porqueeles tiraram muito mais sangue dos
meninos do que poderia tirar. E o papa morreu porque eles pegaram sangue de vários doadores, e isso deve ser evitado, porque
quando tem mais de um doador, a chance de ter uma reação transfusional é maior. Por isso que quando um animal vai doar
sangue, é preferível que ele tenha mais de 30kg, para que seja possível completar a bolsa inteira com o sangue de apenas um
animal. No século XVII, Jean Baptiste Denis começou a fazer transfusões heterólogas porém, muita gente morreu com essas
transfusões. A transfusão heteróloga consistia na transfusão entre espécies diferentes, ou seja, ele utilizava sangue de animais
para transfundir no ser humano. Jean acreditava que essa transfusão heteróloga era algo bom porque o sangue dos animais tinha
menos contaminações por vícios e paixões, tinha menos distúrbios mentais, e com isso, ele acreditava ser possível purificar as
pessoas através da transfusão com sangue de animais, e obviamente deu errado. A transfusão heteróloga foi proibida em diversos
países da Europa.
No século XVIII, alguns pesquisadores começaram a fazer transfusões homologas com animais, e perceberam que o resultado era
positivo. E foi aí que as transfusões começaram a funcionar e a salvar vidas. No século XIX, James Blundell fez a primeira
transfusão em humanos, foi feita em uma paciente que teve hemorragia pós-parto, ele coletou o sangue dele e colocou na
paciente e deu certo.
→Componentes do Sangue:
Na transfusão de sangue total, transfundimos os elementos figurados (os que conseguimos ver), como: eritrócitos (transporte
de O2), os leucócitos (defesa do organismo) e as plaquetas (coagulação). Porém, na transfusão também tem a parte plasmática,
onde transfundimos os elementos que não conseguimos ver ou não conseguimos ver tão facilmente, como: anticorpos(não são
tão fáceis de serem vistos no esfregaço), nutrientes, contaminantes, etc. Na transfusão, fazemos a transferência de tudo que
pode haver no sangue do animal doador para o sangue do animal receptor e não somente do que queremos, principalmente
quando utilizamos o sangue total desse animal.
No sangue, temos os elementos figurados(45%) que são
as células que temos no sangue e temos o plasma(55%)
que têm substâncias que não enxergamos de maneira
adequada. Os elementos figurados representam 45% do
teor do sangue do animal, ou seja, se o animal tem 10L
de sangue, 4,5L, são de elementos figurados (hemácias,
leucócitos, plaquetas), enquanto os outros 5,5L vai ser a
parte plasmática do sangue. Isso é importante para
quando falarmos de transfusão de plasma. Os leucócitos
representam 0,1% do total de células que tem no
sangue. As hemácias é o “grosso” dos elementos
figurados, que representam 95,1% dos elementos
figurados. As plaquetas representam 4,8% dos
elementos figurados.
92% do plasma é água. No plasma temos as proteínas (albuminas, anticorpos, hormônios, fibrinogênio, globulinas), temos os
gases(nitrogênio, oxigênio, gás carbônico), temos os metabólitos do organismo do animal, tem eletrólitos(sódio, cálcio, potássio,
magnésio) e nutrientes e vitaminas.
Tipos de Transfusão
→Sangue Fresco total
Usamos corriqueiramente, é o mais utilizado. Chamamos de fresco (sangue fresco total) porque normalmente coletamos de um
animal e já transfundimos para outro. Ao coletarmos o sangue total fresco, podemos ter as frações dele: podemos pegar esse
sangue e centrifugar, e assim obteremos o plasma. Dependendo do tempo que demorou para termos o plasma, podemos ter ou
o plasma fresco congelado, menos de 6h (tem um pouco mais de elementos da cascata da coagulação) ou o plasma congelado,
mais que 6h, que vai funcionar para a mesma coisa. Se centrifugarmos ou deixarmos decantando e separarmos, teremos a papa
de hemácias, que consiste em um concentrado de células vermelhas que por gravidade decantam, utilizada em um animal que
está com a anemia muito intensa. O plasma rico em plaquetas tem uma utilização muito mais especifica, como por exemplo
para tendinite, pois ele tem fatores que vão ajudar na recuperação do tendão do animal.
Ele é colhido em no máximo 4h e faremos a transfusão dele ou obteremos suas frações. No sangue fresco total, temos o total
de elementos que tem no sangue desse animal: hemácias, leucócitos, plaquetas, plasma, todos os fatores de coagulação,
proteínas.
• Colheita: Para fazer a coleta do sangue total do animal, utilizamos as bolsas contendo anticoagulantes. As principais bolsas
que utilizamos, são as de humano.
➢ Bolsas que tem o CPDA-1: nessa bolsa tem citrato e fosfato (tampão), tem dextrose, adenina (síntese de ATP),
tem ácido cítrico, que impede mudanças de coloração.
➢ Bolsas que tem ACD: ácido cítrico, citrato de sódio, dextrose.
Essas duas bolsas acima podemos estocar, ou seja, se coletarmos o sangue agora, podemos guardá-los na geladeira para ficar 21
a 28 dias estocado sem que haja nenhum problema quando for utilizar de novo.
➢ Bolsas com citrato de sódio➢ Bolsas com heparina
Caso não tenhamos uma das bolsas acima, mas temos
heparina, podemos fazer uma diluição e utilizar. Porém,
se utilizarmos o citrato de sódio ou a heparina, temos
que utilizar assim que for coletado, não tem como
armazenar. Além disso, é pior para obter as frações. Por
isso que normalmente trabalhamos com bolsas
humanas.
• Estocar: Se coletarmos o sangue fresco total nas bolsas que tem o princípio CPDA-1 ou ACD, podemos estocar esse sangue.
Devemos guardar esse sangue na geladeira, em uma temperatura de 1 a 6° C, isso porque ao diminuirmos a
temperatura, a gente diminui o metabolismo das células que estão lá dentro e com isso vai ter menos compostos
prejudiciais para o animal que receberá o sangue depois.
➢ Equino: 21-28 dias.
➢ Bovino: 30 dias.
Não congelamos bolsa de sangue total, se congelarmos, vai ocorrer a hemólise na hora que descongelarmos o sangue pois as
hemácias vão romper, e se essas hemácias rompidas forem transfundidas para outro animal, elas não terão função nenhuma
no animal, sendo prejudicial. Porém, se separarmos o plasma dessa bolsa de sangue total, podemos congelá-lo, e ele pode ficar
armazenado por anos e ainda assim, tem efetividade adequada para o animal. Os componentes desse sangue total são:
hemácias, proteínas, fatores de coagulação estáveis (fibrinogênio). Se o animal for hepatopata, a gente evita usar essas bolsas
que estão guardadas há muito tempo porque começa a ter metabolismo de células e uma produção maior de amônia e a
amônia precisa ser convertida em ureia no fígado, pois a amônia é toxica para o animal. Porém, se o animal estiver com problema
hepático, não tem essa conversão e podemos causar uma intoxicação por amônia nesse animal.
• Separação: Se coletarmos a bolsa e não usarmos, devemos guardar na geladeira ou podemos fazer a centrifugação, existem
centrifugas especiais para fazer a centrifugação dessas bolsas de sangue. Após a centrifugação, pegamos o plasma e
congelamos. Na centrifugação, fazemos a separação dos componentes. Após a centrifugação ou sedimentação, teremos
o plasma e a papa de hemácias.
→Papa de Hemácias
Na imagem ao lado temos uma bolsa depois de ser centrifugada, onde foi retirado o plasma e as plaquetas,
sobrando só as hemácias (células vermelhas) dentro dela. A papa de hemácia pode ser utilizada em um
animal que tem anemia muito severa e que o volume de sangue que precisa ser utilizado para chegar no
volume de sangue necessário é muito maior do que podemos administrar. A campo não dá para utilizar a
papa de hemácias, isso porque o tempo necessário para o sangue decantar na geladeira, ou seja, sem
centrifugar, é muito grande, por exemplo, o sangue do bovino demora muito mais de 48h para decantar na
geladeira (sem centrifugar), podendo chegar a 6 dias (para uma decantação adequada), e nesse tempo um
animal que precisa da papa de hemácias já faleceu. O sangue de cavalo para decantar sem centrifugar é mais
rápido quando comparado ao de bovinos, demora cerca de 6h a 8h para decantar, mas demora,e a gente não pode ficar
esperando para utilizar. Por isso que na rotina de grandes animais, a papa de hemácias não é tão utilizada, mas é um
componente interessante e que pode ser utilizado quando já se tem em mãos.
• Utilização da papa de hemácias: vai precisar diluir essa bolsa, não pode usar esse conteúdo grosso da foto acima.➢ 30-40
mL de papa de hemácias, administra 10mL de solução salina 0,9% morna (solução fisiológica): Além disso iremos
suspender a bolsa novamente porque o líquido grosso é difícil de descer.
➢ Não utilizar o ringer lactato: porque tem cálcio e isso vai atrapalhar nos fatores anticoagulantes.
➢ Não utilizar a glicose: porque ela pode causar hemólise.
→Plasma
Depois da separação, o que mais utilizamos e nos preocupamos em guardar é o plasma. O plasma pode ser obtido por
centrifugação ou por decantação na geladeira. A centrifugação acelera o processo de separação. O sangue dos equinos demora
cerca de 6h a 8h para decantar na geladeira, enquanto o dos bovinos demora cerca de 5 a 6 dias. Para poder fazer a decantação,
temos que guardar a bolsa na geladeira, em uma temperatura de 4 a 6°C na posição vertical.
• Plasma fresco congelado: separação deve ser feita em menos de 6h.
➢ Todos os fatores de coagulação
➢ Proteínas plasmáticas
➢ Imunoglobulinas
➢ Validade de 1 ano na temperatura de -18°C
• Plasma congelado (plasma normal): a separação é feita após 6h, ocorre a
➢ Perda de alguns fatores de coagulação: Esses fatores de coagulação são dependentes de vitamina k e são: fator
II, fator VII, fator IX e fator X.
➢ Imunoglobulinas
Quando estamos no campo ou na rotina, não tem muita diferença usar o plasma fresco ou o plasma congelado, porque quando
pensamos em transfusão de plasma, não pensamos nos fatores de coagulação. É raro ter problema de coagulação em grandes
animais. Quando pensamos em plasma, pensamos em albumina e anticorpos. Utilizamos muito o plasma em potros e bezerro
que não mamaram o colostro. Como depois de um tempo não tem mais a absorção de colostro no intestino, a gente aplica o
plasma para fazer uma transferência de imunidade passiva nesse animal. Também podemos fazer essa transfusão de plasma
em animais que estão com hipoproteinemia intensa, que ocorre em animais com verminose por exemplo. Esse animal com
verminose não tem necessariamente uma anemia, mas ele pode ter uma hipoproteinemia dependendo do parasita que está
infectando esse animal. Se for um trichostrongylus, eles não causam grandes perdas de hemácias, mas eles tiram bastante
proteína, sendo uma causa de hipoproteinemia nesse paciente.
→Indicações para fazer Transfusão de Sangue no Animal
• Transfusão de Sangue Total: Se formos usar o sangue total para transfusão, teremos como objetivo reexpandir o volume
sanguíneo/plasmático e recuperar hemácias para ajudar na oxigenação dos tecidos. Quando utilizamos o sangue total,
pensamos principalmente nas hemácias, além de reexpandir o volume.
➢ Indicações: Para indicar uma transfusão, não podemos apenas nos basear no VG, devemos fazer uma avaliação
clínica também. Normalmente quando o animal tem um quadro anêmico, ele apresenta: aumento da
frequência cardíaca, aumento da frequência respiratória, diminuição da temperatura (extremidades frias,
porque está circulando menos sangue), fraqueza, apatia, mucosas pálidas, etc. A gente avalia os sinais clínicos
e conclui se o animal precisa ou não de transfusão. Pode acontecer de termos um paciente que está com o VG
12% e está clinicamente bem, se recuperando, comendo, e talvez não precise de uma transfusão. E pode
acontecer de um animal que está com o VG 13% que está muito mal, não está comendo, está apático e ele
precisa de transfusão, enquanto o de VG 12 não precisa, pós está comendo e se recuperando.
▪ Hemorragia aguda intensa: é quando o VG do animal está de 15 a 20%, antes de realizarmos a
transfusão, temos que parar o quadro hemorrágico, mas como houve a perda muito rápida de um
volume muito grande de sangue, a gente pode pensar em uma transfusão mesmo com o VG do animal
não estando tão baixo.
▪ Perda menos aguda: é aquele animal que vem ficando debilitado no recorrer dos dias, a gente já pensa
que o VG desse animal está entre 10 e 15%, ou seja, quando o VG está abaixo de 15%, a gente já deve
pensar que pode ser um paciente que necessite de transfusão.
▪ Perdas crônicas: é quando o animal tem uma doença que está há semanas/meses levando o animal a
um quadro anêmico, a gente pensa em uma transfusão se o VG desse animal estiver abaixo de 10%.
Quando o VG está abaixo de 10%, é mais difícil do animal sobreviver.
➢ Efeito Transitório: Como dito, nas anemias crônicas, temos que pensar se faremos a transfusão ou não, ou se
vamos usar apenas para VG abaixo de 10%, isso é porque a meia vida da hemácia transfundida é extremamente
curta. A meia vida da hemácia que um paciente
recebeu da transfusão sanguínea vai ser de no
máximo uma semana. Em torno de 70% das hemácias
vão ser destruídas até 6 dias pós transfusão. Para
ruminantes é um pouco menos, mas na média, as
hemácias funcionam por até 5 dias.
Mesmo as hemácias durando pouco tempo, ainda sim
fazemos a transfusão para dar tempo de tratarmos a causa base da anemia (ex: hemoparasitose) e porque ao
fazermos a transfusão, a gente dá um descanso para a medula (que estava jogando hemácias jovens
constantemente na circulação para tentar repor o que estava sendo perdido), pois damos um suporte para
manter uma oxigenação e um volume plasmático adequado, para que o animal se recupere nesses cinco dias.
Então, apesar das hemácias transfundidas durarem pouco tempo na circulação, a transfusão é muito
importante. Se a anemia for arregenerativa, ou a gente faz a medula voltar a funcionar com eritropoietina ou
não tem jeito, porque não podemos ficar fazendo várias transfusões no animal, pois o risco de ter uma reação
transfusional na segunda transfusão é grande, e é por isso que na segunda transfusão, nós não usamos o
mesmo doador da primeira, porém, pode ser que o segundo doador tenha o mesmo tipo sanguíneo do primeiro
doador e aí a chance de ter uma reação transfusional e piorar o quadro do animal é grande, uma vez que na
reação vai ter hemólise, vai ter geração de metabolitos agressivos para o rim e para o fígado, por isso que
devemos ter cuidado.
• Transfusão de Papas de Hemácias: Ao fazermos uma transfusão de papa de hemácias, transfundimos apenas os
eritrócitos/hemácias, não vai ter porção de volume plasmático. Além disso, é feita com o objetivo de melhorar o déficit
de oxigênio aos tecidos
➢ Indicações: Usaremos a transfusão de papa de hemácias, em anemias onde só tem destruição de hemácias, mas
é raro utilizarmos a papa de hemácias, por isso não devemos nos preocupar com ela.
• Transfusão de Plasma: Ao fazermos uma transfusão de plasma, temos como objetivo expandir o volume plasmático
circulante do animal, o plasma pode ser utilizado como um coloide, porque ele vai atrair água para o vaso, fazendo a
expansão do volume plasmático, além do volume de líquido que colocamos ali dentro, e fornecer constituintes do
plasma (principalmente proteínas e as imunoglobulinas -albumina e gamaglobulinas-).
➢ Indicações
▪ Paciente com hipoproteinemia: Para bovinos, utilizaremos a transfusão de plasma quando a proteína
deles estiver abaixo de 3 e para equinos abaixo de 4
▪ Pacientes com falha de transferência de imunidade passiva: fornecer imunidade especifica (administra
um plasma hiperimune a algo, ex: imune a Escherichia coli, no animal, onde fornecemos uma
imunidade especifica para ele) e quando há distúrbios de hemostasia, que é raro de acontecer.
→Tipos Sanguíneos
• Equinos: Existem dois tipos sanguíneos para equinos que são os piores. Existem lugares que trabalham com tipagem
sanguínea, eles sabem o tipo sanguíneo dos animais que estão lá. Os tipos sanguíneos que são considerados problemas
são Aa e Qa, por serem potencialmente imunogênicos. Quando pegamos os 7 sistemas de sangue dos equinos (A, C, D,
K, P, Q e U) ecruzamos entre eles, dá quase 400.000 tipos sanguíneos existentes. Para achar um doador perfeito é
muito difícil, por isso que reação transfusional nos grandes animais, principalmente na primeira transfusão, é baixo. A
isoeritrólise ocorre como se fosse nos humanos onde a mãe tem o fator Rh- e tem um filho Rh+, ou seja, ela gera
anticorpos contra o filho. Pode ser que aconteça de uma gestação anterior principalmente, onde tem um
descolamento de placenta e ter contato entre as hemácias do potro e a da mãe, fazendo com que ela gere anticorpo.
Ou então, esse
contato pode acontecer na hora do parto, fazendo com que a mãe gere anticorpos. Se esse contato acontecer na hora
do parto, para a gestação atual não tem problema, porque até gerar os anticorpos, demora dias e não sairia no
colostro (que é mamado pelo potro horas depois dele nascer), porem, para a próxima gestação, se for utilizado o
mesmo garanhão, pode ocorrer a isoeritrólise na hora que ela for amamentar o potro, uma vez que no colostro, vai ser
transferido anticorpos contra o próprio tipo sanguíneo do potro.
• Bovinos: possuem 13 grupos
• Ovinos: possuem 7 grupos
• Caprinos: possuem 5 grupos
• Suínos: possuem 15 grupos
As hemácias dos grandes animais possuem pouca hemolisina, que é uma proteína que age para a formação de anticorpo
quando fazemos uma transfusão. Temos que ter cuidado a partir da segunda transfusão, principalmente se ela for depois de 7
dias, como por exemplo em um animal com anemia arregenerativa onde vamos transfundir mais sangue, porque a chance de ter
reação transfusional é muito maior, uma vez que o tempo entre entrar em contato com o antígeno e gerar anticorpos que sejam
adequados, é de no mínimo 7 dias, logo, a partir desse tempo, o receptor pode ter gerado uma concentração de anticorpos alta
que vai causar hemólise das hemácias do doador.
→Escolha do doador
Para escolhermos o animal doador, ele deve ter um score corporal bom, deve ser um animal saldável. Além disso, temos que
escolher um animal mais dócil, para que seja possível coletar o sangue, uma vez que essa coleta é feita pela jugular. Como dito,
antes de escolher o doador, temos que pensar no animal que será esse doador. Para isso, escolheremos um animal que tenha o
peso corporal maior que o do receptor, para que não seja necessário coletar sangue de vários animais, uma vez que a chance de
ter reação com um é muito menor do que ter reação com quatro animais por exemplo. Além disso, é preciso que o animal seja
adulto, tenha uma boa condição corporal, que esteja sadio, se possível é bom fazer um VG e PT do animal doador para sabermos
o nível de proteína e do hematócrito do animal. Além disso, se não fizermos o VG, fica difícil de calcular o volume que temos
que administrar para chegarmos ao valor que queremos, podendo atrapalhar nos cálculos. Porém, a campo nem sempre temos
o VG disponível para calcular o volume de sangue que temos que transfundir. Se o doador for um parente do receptor, a chance
de ter compatibilidade sanguínea é muito maior (ex: mãe com potro -se não tiver tido um quadro de isoeritrólise, irmão do
receptor, etc, a chance de ser do mesmo tipo sanguíneo é maior). Além disso, é necessário que o doador seja um animal calmo e
sem muita gordura, porque assim facilita a coleta. Normalmente retiramos do doador em torno de 20 a 25% da volemia dele, ou
seja, do que ele tem de sangue. Ex: se for um animal que tem 1L de sangue, podemos tirar 200mL de sangue dele. Se retirarmos
mais do que isso, podemos causar um distúrbio nesses animais, e é por isso que existe um peso base para um ser humano doar.
Normalmente, trabalhamos com 20% da volemia e não com 25%. Esses 20% da volemia, equivalem próximo a 2% do peso em
sangue do animal (2% exatos do peso, seria se retirássemos 25% de sangue).
• Equinos: O doador deve ter mais de 450kg, normalmente para equinos pegamos os machos, porque com as fêmeas, corre
o risco da isoeritrólise neonatal, ela pode ter anticorpo contra o fator sanguíneo do receptor. Se formos utilizar fêmeas,
vamos usar uma fêmea nulípara, que é uma fêmea que nunca pariu, porque assim, a chance de ter anticorpos contra as
hemácias de um potro é muito menor. O ideal é que o doador tenha o teste de anemia infecciosa equina e de mormo
negativos, mas nem todo lugar faz esse controle antes de fazer a transfusão. Se no lugar que vamos pegar os doadores
tem tipagem sanguínea, não devemos pegar os equinos que tenham tipagem sanguínea dos grupos mais
imunogênicos: Aa e Qa. Após a transfusão, temos que dar um descanso de pelo menos 30 dias para ele, ou seja, não
coletar sangue dele para realizar outra transfusão em menos de 30 dias.
• Ruminantes: O doador deve ser livre de brucelose, IBR, BVDV, leucose (doença viral), anaplasmose, babesiose (é raro ter
um animal que não tenha esses dois últimos agentes da tristeza parasitaria -anaplasmose e babesiose-) • Pequenos
ruminantes: Devemos escolher animais de porte maior, pois assim conseguimos retirar mais sangue e com isso evitamos
misturar sangue de muitos animais, sendo só o sangue de um único doador.
→Colheita de Sangue
Na hora de coletarmos o sangue, temos que fazer a tricotomia e a antissepsia. A coleta deve ser feita na jugular, pois é o melhor
vaso para fazer a coleta (mais calibroso) em grandes animais. Temos que usar bolsas com anticoagulante e fazer movimentos de
homogeneização da bolsa na hora que estamos coletando para que o anticoagulante entre em contato com o sangue. Depois de
coletarmos, temos que comprimir a jugular com o intuito de prevenir o sangramento, visto que a agulha 40 X 16 é bem
“agressiva”.
→Teste de Compatibilidade
O ideal é que se faça teste de compatibilidade sempre que formos fazer uma transfusão de sangue, mas na clínica de grandes
animais, principalmente a campo, isso é muito difícil de ser feito, principalmente a campo, porque é algo que demanda
estrutura.
O ideal é que sempre se faça uma prova de reação cruzada entre os possíveis doadores com o receptor para ver se tem
anticorpo no sangue do doador que possa reagir com o do receptor, pois muitas vezes o proprietário fala que o cavalo não fez
nenhuma transfusão anteriormente, mas na verdade ele já comprou o cavalo adulto e não sabe do histórico dele. Ao fazermos o
teste, veremos se tem aglutinação das hemácias ou hemólise. Se o teste der positivo, não utilizamos o doador para o receptor.
Temos que fazer a prova de reação cruzada.
• Prova de Reação Cruzada
➢ Teste de compatibilidade maior: nele a gente pega as hemácias do doador com o soro do receptor. Esse é o
teste principal, ele é feito para saber se o receptor tem anticorpos contra o animal que será o doador. Como
dito, esse é o teste principal, ou seja, se tivermos que escolher qual fazer, devemos escolher esse, mas o certo
mesmo é fazer tanto esse quanto o menor.
➢ Teste de compatibilidade menor: ele é feito para saber se o animal que está doando o sangue tem no seu
plasma, anticorpos contra as hemácias do receptor. Esses anticorpos estão presentes em uma quantidade
menor porque as vezes o animal doador já recebeu uma transfusão anteriormente e gerou anticorpos contra as
hemácias do mesmo tipo sanguíneo que o receptor tem. Com isso, se o sangue desse doador for transfundido
para o receptor, ocorrera uma hemólise no animal que já está anêmico, podendo agravar ainda mais.
Ao lado temos o passo a passo de como fazer os dois testes, não
precisamos decorar isso. Se formos fazer o teste certinho, seguindo
esse passo a passo, é necessário um laboratório, pelo fato de ter que
centrifugar, fazer lavagem da papa de hemácias e depois temos que
ver no microscópio. Por isso que a campo é raro fazer esse tipo de
teste. Normalmente a campo as pessoas pegam uma gota de sangue
do doador e uma gota do plasma do receptor. Feito isso, joga uma
sobre a outra e observa se vai ocorrer alguma hemólise. Não é o ideal
fazer isso, porque as quantidades estão fora do ideal da receita, mas já
é uma forma de fazer. Na provade reação cruzada vamos ver se tem
hemólise ou se tem aglutinação, tanto macroscópica (olhamos no
tubinho), quanto microscópica (colocamos uma gota no microscópio
e vemos se teve aglutinação de hemácias). Caso não tenha reação na
prova não quer dizer que necessariamente não vai ter uma reação na
transfusão de sangue. Isso porque existem vários tipos de reação e
não somente a imunomediada (antígeno e anticorpo) que é a que vemos nesse teste, mas esse teste já nos dá uma luz
mostrando que muito provavelmente o sangue vai ser adequado para a transfusão.
→Volume para Transfusão
• Sangue total: A maneira mais adequada para trabalhar com transfusão de sangue é calculando o volume que precisamos
transfundir.
➢ (0,08 X peso do receptor) : volemia do receptor
➢ VG desejado: nos que escolhemos o VG que queremos (mas o prof falou que não vale a pena colocarmos 40 pois
o volume sanguíneo que precisaremos é extremamente alto e as hemácias duram pouco tempo. Quando
trabalhamos com VG desejado, a gente trabalha normalmente com o VG de no máximo 20, porque nesse valor
já tem o reestabelecimento das funções vitais do animal e já ajuda ele a se recuperar. Nos grandes animais
trabalhamos com o VG desejado de 18 a 20)
Para utilizarmos essa fórmula, precisaremos do VG de ambos os animais, do que está recebendo e do que está doando. Só
podemos administrar no paciente de 20 a 25% da volemia dele, ou seja, se o animal tem 8 litros de volemia (8 litros de sangue) e
pesa 100kg. Supondo que nos cálculos que fizemos, deu que precisaríamos transfundir 4 litros de sangue para esse animal. Essa
quantidade é muito alta, é muito volume de sangue para transfundir e não podemos fazer isso, podemos transfundir no máximo
2 litros de sangue (25% de 8 litros). Se transfundirmos mais, ocorrerá uma sobrecarga vascular nesse animal e é por isso que no
VG desejado não pode ser muito alto. Quanto a velocidade de infusão, temos que tomar cuidado nos 15 primeiros minutos. Nos
15 primeiros minutos a transfusão tem que ocorrer de forma muito lenta, pois é nesses 15 primeiros minutos que a maior parte
das reações transfusionais acontecem. Nos primeiros 15 minutos, trabalharemos com uma velocidade de administração em
torno de 1ml/kg/hora. Quando trabalhamos com cavalos de 400kg, a gente trabalha em gotas, cerca de 1 a 2 gotas por segundo,
ou seja, é uma velocidade lenta. Depois que passar os 15 primeiros minutos e o animal não apresentou nenhuma reação
transfusional, aí sim podemos trabalhar com velocidades maiores, de 5-10ml/kg/hora.
Resumindo, em um animal adulto veremos que vai virar quase uma torneira aberta no momento em que começarmos a trabalhar
com 10ml/kg/hora. O tempo da transfusão, a partir do momento que começamos a transfundir a primeira gota de sangue no
receptor, até acabar a última gota de sangue que calculamos, não pode passar de 4h. Se passar de 4h de tempo de transfusão,
aumenta o risco de ter reações, e por isso trabalhamos com no máximo 4h de transfusão.
Ex: Ovino de 70Kg, com VG de 5%, deseja VG de 20%. O doador ovino tem VG de 38%
Volume sangue total = (0,08 X peso receptor) X (VG desejado – VG receptor)
VG doador
V= (0,08 X 70) X (20-5) =2,21L Deu um valor alto (2,21L) porque seria um caso extremo, onde o VG do receptor está muito 38
baixo, está 5%.
Volemia (20%) =(00,8 X peso receptor X 0,2) Porém esse animal só pode receber 1,12L, com isso não podemos fazer 2,21 L
Volemia receptor= 1,12L nesse animal, é quase o dobro do volume permitido para administrarmos. Então na hora da
transfusão, quando chegasse em 1,2L pararia de administrar.
Em uma anemia próxima da realidade, o VG desejado de 18 a 20, é alcançável, mas se desejássemos um VG maior, 30 por
exemplo, o volume sanguíneo para administrarmos, seria muito maior do que podemos transfundir para o animal e é por isso
que trabalhamos com um VG realista, onde o VG desejável fica entre 18 e 20, mas podemos trabalhar com o volume que
quisermos, pois ao fazer a conta da quantidade de sangue que podemos transfundir no animal, veremos que não poderemos
administrar todo o sangue (quando trabalhamos com números maiores que 20 no VG desejável).
• Papa de Hemácias: Uma opção para o ovino na questão anterior, seria trabalhar com a papa de hemácias porque na papa
de hemácias, fazemos a mesma equação e dividimos ela por 2, uma vez que os elementos figurados (as hemácias) são
quase a metade do volume do sangue, e é por isso que dividimos por 2. Na equação da papa de hemácias, a gente
utiliza metade do volume que calculamos no sangue total e diluímos ele para administrar para o animal. Então, uma
opção para um animal que precisa de muita hemácia, como o animal da questão anterior que estava com o VG 5%, seria
trabalhar com a papa de hemácias, mas aí já foge da realidade do campo, pois a campo não temos como trabalhar com
papa de hemácias.
•
Plasma: O que muda na equação do plasma é a constante. Os elementos figurados são 45% e a parte plasmática do sangue
equivale a 55% do volume total. Logo, ao invés de trabalharmos com 8% da volemia, trabalharemos com a constante de
0,05, que é o volume de plasma que o animal tem. Essa constante mudou porque agora estamos trabalhando com o
plasma.
➢ 0,05 (5%) X peso do receptor (kg) = volume plasmático
Quanto a velocidade de infusão, quando trabalhamos com plasma, essa velocidade é um pouco maior do que quando
trabalhamos com sangue total. Nos 10 primeiros minutos, apesar de não ter reação transfusional, a gente também faz um
pouco devagar, em uma velocidade de 5ml/kg/hora. Passados esses 10 minutos, a gente pode chegar até 20ml/kg/hora sem
problema nenhum na hora de administrar o plasma para o animal, é quase uma torneira aberta também.
→Preparo para Transfusão
Quando formos transfundir, temos que preparar a bolsa. Para isso, se for uma bolsa de estoque, que está refrigerada, temos que
aquecer (22 – 37°C). Se formos utilizar uma bolsa que acabamos de coletar, na maioria das vezes não precisamos nos preocupar
com a temperatura. Mas sempre devemos fazer a transfusão com a bolsa na temperatura ideal, porque
se a bolsa estiver muito gelada, a gente pode causar uma hipotermia no animal receptor e se ela estiver
muito quente (se aquecermos demais a que tiramos da geladeira), a gente pode destruir fatores de
coagulação, pode haver precipitação do fibrinogênio e das proteínas, hemólise, e por isso que temos
que aquecer em banho maria até alcançar uma temperatura de 22 a 37°C. A transfusão é feita pela
jugular do animal, utilizando um cateter. Na hora que vamos tirar o sangue do animal doador, nos
utilizamos uma agulha, mas na hora de transfundir usamos um cateter. Além disso, trabalhamos com um
equipo com filtro, como vemos na figura ao lado. Trabalhamos com o equipo com filtro porque apesar
de ter anticoagulante na bolsa, pode formar coágulos e não podemos jogar um trombo dentro do
animal que está recebendo o sangue. O filtro desse equipo, serve justamente para isso, para filtrar
qualquer coágulo que tenha se formado dentro da bolsa, visto que ela ficou muito tempo parada, evitando assim o
comprometimento da saúde do receptor. Como vimos anteriormente, 20 gotas equivalem a 1mL.
→Reações adversas
As reações podem ser não imunológicas ou imunológicas.
➢ Sobrecarga vascular: Se fizermos um volume muito alto da transfusão, excedendo os 20%, pode ocorrer essa
reação não imunológica de sobrecarga vascular. E por isso temos que tomar cuidado com o volume que
administramos no animal.
▪ Sinais clínicos da sobrecarga vascular: tosse e dispneia, pois vai dar edema pulmonar nesse paciente. ▪
Tratamento: interrompemos a transfusão se ainda não tiver acabado e podemos administrar diuréticos
(furosemida) para diminuir o volume plasmático do animal
➢ Agentes infecciosos (contaminação bacteriana): As bolsas de sangue são um meio de cultivo excelente, se já
houver uma contaminação antes de colocarmos na geladeira. O animal pode ter uma reação que não será
momentânea, mas sim daqui a alguns

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