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Histórico do Behaviorismo e Terapia Comportamental Análise do Comportamento no Brasil Todorov e Hanna (2010) Behaviorismo e Análise do Comportamento A Análise do Comportamento não é uma área da psicologia, como é a Psicologia Hospitalar, Clínica ou Jurídica; é uma maneira de estudar o objeto da Psicologia, entendido na Análise do Comportamento como sendo o comportamento (i.e., interações resposta-ambiente). Behaviorismo e Análise do Comportamento A Análise do Comportamento interessa-se principalmente pelo ser humano mas estuda também interações envolvendo outros animais sempre que houver algum motivo para supor que tais estudos possam ajudar no esclarecimento de interações ser humano- ambiente. A filosofia da Análise do Comportamento é o Behaviorismo Radical, que é uma posição behaviorista assumida por Skinner. Tipos de behaviorismo A mente e os eventos mentais não existem. METODOLÓGICOMETAFÍSICO ANALÍTICO Enunciados que se referem à mente ou a eventos mentais são enunciados acerca do comportamento. Se a mente ou os eventos mentais existem, não devem ser estudados pela ciência. Características da posição Behaviorista Radical Características da posição behaviorista assumida por Skinner: ● Há ordem e regularidade no comportamento; ● A observação da ordem e da regularidade no comportamento permite que façamos uma previsão de como alguém se comportará em determinadas circunstâncias e que nos comportemos de acordo com nossas previsões. O estudo científico do comportamento demonstra relações entre respostas e circunstâncias de forma precisa, fortalecendo a posição de Skinner. Para entender Análise do Comportamento Premissas de Skinner que ajudam a entender a Análise do Comportamento: ● O ser humano age sobre o mundo, modificando-o, e por sua vez sendo modificado pelas consequências de suas ações; ● A Psicologia é o estudo da interação entre atividades do organismo (resposta) e ambiente (estímulos); ● Um estímulo não pode ser definido independentemente de uma resposta nem uma resposta independentemente de um estímulo; ● Não são descartadas quaisquer fontes de informação. Método usado na Análise Experimental do Comportamento A Análise Experimental do Comportamento aperfeiçoou métodos de estudo para questões tradicionais da psicologia, sendo esses caracterizados por: ● Estudo intensivo do comportamento individual; ● Controle do ambiente experimental; ● Uso de uma resposta repetitiva que produz pouco efeito imediato no ambiente; ● Controle do comportamento; ● Observação e registro das respostas; ● Programação de estímulos e registro de eventos automáticos. Para além da Análise Experimental do Comportamento: o método A Análise do Comportamento (ciência do comportamento) inclui: ● Análise Experimental do Comportamento de animais humanos e não-humanos; ● Análise conceitual; ● Análises funcionais não experimentais (identificação de variáveis dependentes e independentes); ● Observações casuais, clínicas, controladas em instituições, controladas em laboratório. Mau uso da ciência Eventualmente, questões ideológicas são confundidas com caracterizações da pesquisa e aplicação da Análise do Comportamento, especialmente quando o aspecto ideológico não é explicitado. A ideologia dominante de cada sociedade dirige os esforços de pesquisa e de aplicação. Quando questões ideológicas não são explicitadas e analisadas, corremos o risco de confundir a Análise do Comportamento com características ideológicas de uma determinada sociedade. Relembrando Comportamento Operante ESTÍMULO ANTECEDENTE ESTÍMULO CONSEQUENTERESPOSTA Ambiente O conceito de ambiente é decomposto, apenas como um recurso de análise, em: ● Histórico; ● Biológico; ● Físico; ● Social. Atividades do organismo As respostas também podem ser entendidas em diferentes graus de complexidade, a depender da relação que elas têm com o ambiente. Os conceitos de resposta e estímulo são interdependentes. Um não pode ser definido sem referência ao outro. “Os conceitos de…resposta e estímulo, são interdependentes. Um não pode ser definido sem referência ao outro.” Todorov (1981) apud Todorov e Hanna (2010) Análises Funcionais Identificação de variáveis dependentes e independentes e de processos de interação em comportamento humano. Análises Funcionais Para identificar relações funcionais e as condições em que ocorrem (variáveis de contexto), se utiliza o conceito de contingência como instrumento. Contingências são regras que especificam relações entre respostas e eventos ambientais. As contingências são as definições das variáveis independentes na análise experimental do comportamento. Contingência O enunciado de uma contingência é expresso em afirmações do tipo "Se"…."Então"... Contingência respondente RESPOSTAESTÍMULO ANTECEDENTE SE… ENTÃO… Contingência operante ESTÍMULO ANTECEDENTE ESTÍMULO CONSEQUENTERESPOSTA SE… ENTÃO… História da Análise do Comportamento no Brasil Marcos históricos ● 1947: primeiro curso de Psicologia da América Latina, em Bogotá, Colombia; ● 1958: primeiros cursos de psicologia do Brasil, na PUC-RJ e na USP; ● 1961: Fred Keller, psicólogo estadunidense, veio ao Brasil para ensinar Análise do Comportamento na USP. Teve como professores assistentes Carolina Bori e Rodolpho Azzi. Marcos históricos ● 1964: início do curso de psicologia da Universidade de Brasília (UnB), implantado por Keller, Bori, Azzi, entre outros. ● 1965: com a ditadura militar, nove professores, de diversos departamentos, foram demitidos por motivos políticos, incluindo Azzi. Em protesto, 90% do corpo docente da UnB se demitiu. O grupo original de Keller e Bori se dissolveu mas o semestre introdutório em Análise do Comportamento planejado por essa equipe deixa resquícios em quase todos os cursos de Psicologia até hoje. Formação em Análise do Comportamento no Brasil Centros de formação ● O primeiro centro de formação em Análise do comportamento no brasil foi a UnB, sob comando de Carolina Bori; ● A partir de 1970: surge o maior centro de formação em análise do Comportamento do Brasil, na USP, comandado por Carolina Bori; ● Anos 90: se consolidam os cursos de Análise do Comportamento na PUC-SP, UFSCar, UFPA, UFSC e UEL. O papel de Carolina Bori Graças aos esforços de Carolina Bori, diversos cursos de graduação incluem em seus currículos o conteúdo de psicologia como ciência natural, preocupação com observação sistemática e métodos de investigação científica, demonstrações de manipulação de variáveis ambientais e seus efeitos sobre o comportamento. Atualidade A Análise do Comportamento permanece na formação de alunos de graduação em psicologia mas em algumas universidades os progressos obtidos por analistas do comportamento - em psicologia do esporte, social, da saúde, etc. - não são acessados pelos alunos, que só tem contato com a Análise do Comportamento em uma ou duas disciplinas durante o curso. Atualidade Desde a vinda de Keller ao Brasil, o grupo de analistas do comportamento cresceu muito e há encontros para debater os avanços dessa linguagem da Psicologia em todo o território nacional. Temática de produções científicas Foram produzidas pesquisas em diversas áreas, tais como: ● Cultura; ● Controle aversivo; ● Comportamento simbólico; ● Escolhas; ● Variabilidade comportamental; ● Autocontrole. parei aqui O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário internacional das terapias comportamentais: um panorama histórico Leonardi (2015) Prática baseada em evidências A criação do modelo comportamental de intervenção clínica seguiu a estratégia de extrapolar princípios validados empiricamente na pesquisa básica para a resolução de problemas aplicados. Os pioneiros da terapia comportamental entendiam que qualquer intervenção psicológica deveria partir do entendimento científico dos processos comportamentaisbásicos. Marcos históricos ● Início do século XX: os fisiólogos Pavlov e Bechterev investigaram o processo de condicionamento respondente. Nessa época, todos os comportamentos eram explicados pelo conceito de reflexo. Marcos históricos ● 1920: "o caso do pequeno Albert" (Watson e Rayner) para demonstrar como a reação de medo a um determinado estímulo pode ser construída por meio de condicionamento respondente; ● 1924: Jones, aluna de Watson, tentou diminuir o medo de uma criança de diversas formas mas só conseguiu por meio de condicionamento direto (pareamento entre estímulos temido e prazeroso) e imitação social (exposição ao estímulo temido em parceria com uma criança que não tem medo daquele estímulo). Marcos históricos ● 1953: primeira vez em que foi utilizada a expressão "terapia comportamental". Nos EUA, diversas práticas foram agrupadas sob esse rótulo sem que tivessem afinidades filosóficas, metodológicas e conceituais; ● Último quarto do século XX: surgimento de uma prática clínica exclusivamente brasileira, a terapia analítico-comportamental (TAC). Para compreender a diversidade da prática clínica dos analistas do comportamento, é necessário entender a história da terapia comportamental. Marcos históricos Entre as décadas de 30 e 50: enquanto procedimento terapêuticos baseados no condicionamento respondente estavam sendo desenvolvidos, Skinner dedicava-se ao estudo do comportamento operante com animais não humanos, descobrindo processos comportamentais básicos tais como reforçamento e discriminação. Na primeira metade do século XX, parte dos terapeutas comportamentais aplicavam procedimentos acerca do condicionamento respondente para tratar ansiedade, enquanto outra parte aplicava princípios operantes para modificar a frequência de comportamentos específicos. Marcos históricos Décadas de 1950 e 1960: o estudo do condicionamento operante foi estendido para o comportamento humano. O objetivo desses estudos era avaliar se os processos básicos descobertos na pesquisa animal serviriam também para explicar o comportamento humano. Nessa época, as pesquisas não tinham necessariamente relevância social. Marcos históricos Pesquisadores comprovaram que a explicação do comportamento humano é similar àquela dos comportamentos de ratos e pombos. 1960: depois que técnicas de condicionamento operante produziram mudanças nos comportamentos de seres humanos, formou-se uma nova área de pesquisa: a Análise do Comportamento Aplicada. Áreas da ABA Análise do Comportamento Aplicada, em inglês Applied Behavior Analysis, se refere a dois campos: ● Pesquisa aplicada: princípios comportamentais são usados para produzir conhecimento sobre procedimentos de modificação de comportamentos humanos socialmente relevantes; ● Prestação de serviços: o conhecimento científico oriundo das pesquisas experimental e aplicada é aplicado para prevenir e remediar problemas comportamentais humanos. Dimensões da ABA Critérios para uma pesquisa em análise do comportamento aplicada (Baer, Wolf e Risley, 1968): ● Aplicada: os comportamentos envolvidos devem ser socialmente relevantes e a análise deve levar em consideração mudanças a curto e longo prazos, tanto para o indivíduo quanto para o grupo social; ● Comportamental: a pesquisa deve estar comprometida com aquilo que o indivíduo faz e não apenas com o que ele relata fazer; portanto o comportamento deve ser observado e medido em suas propriedades. Dimensões da ABA ● Analítica: deve-se identificar relações de dependência entre as respostas do indivíduo, os contextos em que ocorrem (eventos antecedentes) e seus efeitos no mundo (eventos consequentes); ● Tecnológica: a aplicação deve ser descrita operacionalmente, de forma detalhada, permitindo que qualquer pesquisador da área consiga replicar o procedimento; ● Conceitual: a coleta e a análise dos dados devem ser embasadas nos pressupostos filosóficos do behaviorismo radical e nos princípios teóricos e metodológicos da análise do comportamento. Dimensões da ABA ● Eficaz: a aplicação deve alterar o comportamento para melhor, e quem avalia essa mudança é o próprio participante e seu grupo, e não o pesquisador; ● Generalizável: a mudança comportamental deve persistir ao longo do tempo e em diversos ambientes. Marcos históricos Final da década de 1960, nos EUA: terapeutas entusiasmados eficácia comprovada do modelo comportamental começaram a demonstrar interesse por questões subjetivas que geralmente levam alguém a procurar atendimento psicológico. Esses terapeutas, entretanto, ficaram insatisfeitos com a teoria de base behaviorista radical, que naquele momento havia começado a adentrar na pesquisa sobre seres humanos, propiciou a inserção de novas técnicas e teorias no campo da terapia comportamental. Marcos históricos Final dos anos 1960, nos EUA: A adoção de um ecletismo teórico no campo de terapia comportamental foi identificada por alguns clínicos dos EUA como a melhor alternativa. Nesse contexto, surgiram vários modelos de terapia comportamental, as terapias cognitivas, que tinham pouca conexão com a psicologia experimental. Nesse sentido, os terapeutas comportamentais cognitivos não estavam aplicando princípios previamente testados. Marcos históricos Décadas de 1970 e 1980, nos EUA: formaram-se teorias e técnicas que abandonaram quase completamente, na prática clínica, os princípios teóricos, conceituais e filosóficos da análise do comportamento. Na mesma época, se acumulavam evidências da eficácia da análise do comportamento aplicada. Marcos históricos Fim dos anos 1980, nos EUA: a prática das terapias comportamentais se dividia em: (1) ambientes institucionais com pacientes com problemas severos, nos quais atuavam analistas do comportamento; e (2) consultórios, nos quais atuavam psicólogos cognitivo-comportamentais. Marcos históricos Início da década de 1990, nos EUA: analistas do comportamento buscaram desenvolver um modelo de psicoterapia consistente com os pressupostos da análise do comportamento, o que culminou na Análise do Comportamento Clínica (CBA, do inglês clinical behavior analysis). Análise do Comportamento Clínica (CBA) A CBA abarca diversas modalidades terapêuticas, às vezes referidas como terapias comportamentais de terceira onda. Há uma discussão sobre se essas modalidades são fundamentadas na filosofia, conceito, método e empirismo próprios da Análise do Comportamento. Relação entre prática clínica e formação em análise do comportamento no Brasil Marcos históricos 1961: Análise do Comportamento é introduzida no Brasil por Fred Keller. Marcos históricos 1969: A primeira turma da universidade católica de Campinas manifestou interesse em aplicar os princípios da Análise do Comportamento à clínica. Depois de se formar, essa turma abriu a primeira clínica do Brasil com tratamentos embasados na Análise do Comportamento. Marcos históricos 1969: alunos da PUC-SP começaram a solicitar aulas sobre intervenção analítico-comportamental. Essa solicitação foi atendida. Marcos históricos ● 1953: primeira vez em que foi utilizada a expressão "terapia comportamental". Nos EUA, diversas práticas foram agrupadas sob esse rótulo sem que tivessem afinidades filosóficas, metodológicas e conceituais; ● Último quarto do século XX: surgimento de uma prática clínica exclusivamente brasileira, a terapia analítico-comportamental (TAC). Terapia analítico-comportamental (TAC) Sem terem modelos para a prática clínica ou experiência - pois os analistas do comportamento estrangeiros trabalhavam em instituições com pacientes severamente comprometidos - os terapeutas brasileiros responsáveis pelo surgimento da TAC transpuseram os princípios da Análise do Comportamento para o ambiente de consultório, criando uma modalidade de psicoterapia de base behaviorista radical. Isso ocorreu antes de as terapias cognitivas se tornarem conhecidas e praticadasno Brasil. Terapia analítico-comportamental (TAC) Ano 2001: foi cunhada a terminologia terapia analítico- comportamental para uniformizar o nome da prática clínica de base Skinneriana que vinha sendo praticada no Brasil desde a década de 1970. O termo TAC é desconhecido no resto do mundo, o que dificulta o diálogo entre as diversas modalidades de terapia comportamental já desenvolvidas. Referências LEONARDI, Jan Luiz. O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário internacional das terapias comportamentais: um panorama histórico. Perspectivas em análise do comportamento, v. 6, n. 2, p. 119-131, 2015. TODOROV, J. C.; HANNA, E. S. Análise do Comportamento no Brasil. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 26, n. especial, p. 143-153, 2010.
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