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UC9 - Processo de Envelhecimento 1 � UC9 - Processo de Envelhecimento Bárbara Carvalho Reis | med fap Tutoria 01: Alterações do Envelhecimento e o Estatuto do Idoso Conhecer os princípios do Estatuto do Idoso Disposições Preliminares Esse estatuto regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos; O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que se trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação da sua saúde física e mental e seu aperfeioamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. A garantia de propriedade compreende: atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção do idoso; UC9 - Processo de Envelhecimento 2 viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convivío do idoso com as demais gerações; priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atrendimento asilar, exceto dos que não possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008). Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017) Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso. Direitos Fundamentais Capítulo I – Do Direito à Vida ̵ Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade ̵ Capítulo III – Dos Alimentos ̵ Capítulo IV – Do Direito à Saúde Capítulo V – Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer ̵ Capítulo VI – Da Profissionalização e do Trabalho ̵ Capítulo VII – Da Previdência Social ̵ Capítulo VIII – Da Assistência Social ̵ Capítulo IX – Da Habitação ̵ Capítulo X – Do Transporte http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11765.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13466.htm#art2 UC9 - Processo de Envelhecimento 3 Compreender os aspectos biopsicossociais envolvidos com o processo de envelhecimento Senescência ou senectude x Senilidade Senescência: resulta do somatório de alterações orgânicas, funcionais ou psicológicas próprias do envelhecimento nromal. Senilidade: modificações determinadas por afecções que frequentemete acometem a pessoa idosa. É, por vezes, extremamente difícil. O limite entre os dois não é preciso e apresenta zonas de transição frequentes, que dificultam a discriminação. Nos idosos portadores de múltiplas doenças, somam-se os efeitos das alterações fisiológicas próprias do envelhecimento normal e os decorrentes de modificações funcionais produzidas pela presença de doenças concomitantes. O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou idoso (resultado final) constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados. O envelhecimento pode ser dar de forma primária ou secundária: primário: presente em todas as pessoas, geneticamente determinado o pré- programado; secundário: resulta de influências e varia entre os indivíduos; decorrente de fatores cronológicos, geográficos e culturais. Se esses fatores não forem considerados, as diferenças encontradas entre grupos de pacientes podem ser erroenamente atribuídas ao envelhecimento primário. Sexualidade: A sociedade tem uma visão que a prática sexual na terceira idade ainda transcorre nos moldes de que a pessoa quando alcança a fase da velhice deixa de ser sexual, resultando na concepção de que idosos são pessoas assexuais. A atividade sexual para o idoso deve ser compreendida partindo do princípio de que ela se compõe da totalidade deste indivíduo, devendo ser considerado no seu sentido holístico, portanto, não somente fator biológico, como também biopsicossociocultural. UC9 - Processo de Envelhecimento 4 Considerando a sexualidade em sua denominação, deve-se compreender e esclarecer aos idosos que mesmo na ausência de parceiro, a busca pelo prazer pode ser alcançada por outras formas e que sua identidade sexual não se estabelece pela presença do outro. Os fatores que podem interferir na expressão da sexualidade ou no ato sexual transcorrem pelos aspectos individuais, fisiológicos e sociais, e apesar das limitações que podem ocorrer na velhice, a satisfação sexual ainda pode permanecer. As dificuldades na aceitação da sexualidade nessa fase podem partir tanto pela ausência de informação como no entendimento que a sexualidade esteja restrita a genitalidade, concepção essa que existe entre os idosos e sociedade. Outro aspecto considerado principalmente pelas idosas, refere-se à beleza corporal, ligada à juventude e que em virtude do avanço da idade não se sentem atraentes para terem relação sexual. A presença fixa do parceiro é referida como aspecto positivo para continuidade das relações. Problemas de redução da libido. Dispareunia e disfunção erétil. Aumento ou prevenção de IST. Infantilização Familiares e profissionais de saúde tratam idosos como criança, desconsiderando suas escolhas e opniões, retirando a autonomia e excluindo-os de conversas importantes. A infantilização do idoso é um mal que pode fazer com que os idosos se sintam diminuídos e tenham sua autoestima severamente afetada. "Na medida em que minimizamos sua autoconfiança e sua autoestima, o idoso é levado a ter um olhar sobre si mesmo como alguém frágil e incapaz" Pela ótica da psicanálise, a infantilização é uma fonte de violência que gera traumas e conflitos perigosos, que, destruindo a autoconfiança, apressa o declínio geral do idoso. "A infantilização coloca uma barreira entre o idoso e o mundo, como se este estivesse regredindo de importância enquanto sujeito. Isso traz consequências drásticas na saúde física também." "Quando se infantiliza o idoso, se está promovendo a autonomia ou a dependência dele? Muitas vezes a intenção de proteger o idoso pode ser um excesso de cuidado UC9 - Processo de Envelhecimento 5 que tira a sua independência. A perda da autonomia afeta a autoestima, a autoconfiança e prejudica o desenvolvimento da pessoa. Ao infantilizar uma pessoa idosa estamos ocultamente praticando uma violência contra ela, que vai de desencontro ao Estatuto do Idoso quando diz “é obrigação da sociedade, família e Instituição assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na constituição e nas leis”. Limite entre carinho e infantilização: Tratar com carinho é permitir, mesmo com dificuldades, que a pessoa possa exercer sua autonomia e independência (quando possível). Auxiliar e não fazer por ele, é carinho. Respeitar suasvontades e decisões é carinho. Chamar de mãezinha, paizinho, vozinha é carinho. Não permitir que a pessoa idosa realize suas atividades, tome suas decisões, participe de atividades e seja chamada por qualquer adjetivo pejorativo que não seu nome é violência emocional. Luto e depressão (melancolia) O luto corresponde a uma reação normal à perda de um ente querido ou de uma abstração que o substitua, como a pátria ou um ideal, por exemplo. Considera-se normal e se acompanha sem perturbá-lo. Em ambos os casos encontramos o mesmo sentimento doloroso, a perda de interesse pelo mundo exterior, a inibição de toda produtividade e investimento, e a incapacidade de amar; mas, no caso da melancolia, observamos, além dessas características, sentimentos de culpa, autocensura e expectativa de punição. O sujeito que atravessa um episódio depressivo tem uma imagem desvalorizada de si, que está relacionada com a sua imagem ideal de si mesmo. O idoso em condição de fragilidade poderá sucumbir a um episódio depressivo pela falta de apoio, de amor, em suma, da escassez de trocas relacionais, ou seja, pela falta de diálogo com o seu entorno. Dessa forma, a sociedade contribui para a reclusão do idoso. Sendo assim, o idoso se isola porque acontece um duplo encerramento: por um lado, o idoso se fecha cada vez mais no seu mundo porque não encontra estímulos externos e, por outro lado, a sociedade não se comunica mais com o idoso, o que também provoca o seu retraimento (Gotter, 2009). O idoso precisa que algo se interponha ante a morte anunciada, que um projeto – que necessariamente se localiza no futuro – alimente a UC9 - Processo de Envelhecimento 6 sua libido. Na depressão, não existe nenhuma representação que marque a ideia de futuro, a não ser a morte. Faz parte da consulta geriátrica a abordagem dos temas: finitude e diretivas antecipadas de vontade. Não é necessário um diagnóstico de uma doença ameaçadora para que esse assunto seja tratado. Por meio da documentação das diretivas antecipadas da vontade, ele informa seus objetivos de vida em que possíveis cenários não gostaria que sua vida fosse prolongada de modo artificial, as preferências de tratamento no fim da vida e qual é a escolha dos seus representantes para os cuidados com a saúde (a pessoa que toma decisões sobre a saúde caso o paciente não tenha condições). Baixa adaptação ao meio O idoso passa por muitas alterações fisiológicas e o ambiente que o idoso irá viver deve estar adaptado para tais alterações. Além disso as sociedades ocidentais possuem preconceitos que dificultam a vida dos idosos, como: 1. “Os valores dos idosos são antiquados e inferiores”: isso pode levar a baixa adaptação ao meio em que circunda ele. 2. “Os idosos são menos habilidosos para fazer julgamentos e críticas”: isso pode levar a baixa adaptação deles em relação ao meio que ele vive, como se o que ele disser não tenha relevância ou consideração naquele meio. 3. “Ele tem menor valor que os jovens e por isso precisam de menor atenção”: 4. “A capacidade de desfrutar dos prazeres da vida diminuem a medida que você envelhece”: Perda de Autonomia Autonomia: capacidade de tomada de decisão. Independência: capacidade de realizar algo com seus próprios meios. Autonomia: É o estado de ser capaz de estabelecer e seguir suas próprias regras, e diz que, para um idoso, a autonomia é mais útil que a independência como um objetivo global, pois pode ser restaurada por completo, mesmo quando o indivíduo continua UC9 - Processo de Envelhecimento 7 dependente. Assim, uma senhora com fratura do colo do fêmur, que ficou restrita a uma cadeira de rodas, poderá exercer sua autonomia, apesar de não ser totalmente independente. Status Funcional - Escalas: Atividades básicas de vida diária (ABVD) avaliadas pela Escala de Katz UC9 - Processo de Envelhecimento 8 Descrever os mecanismos bioquímicos e celulares relacionados ao processo de envelhecimento (teorias estocásticas e sistêmicas) Mecanismos bioquímicos e moleculares do envelhecimento Um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deteriorização de um organismo maduro, próprio a todos os membros da espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte. UC9 - Processo de Envelhecimento 9 Teorias Estocásticas A segunda lei da termodinâmica afirma que, do ponto de vista da mecânica estatística, os processos físicos e químicos tendem a um aumento da desordem ou de sua entropia. UC9 - Processo de Envelhecimento 10 Assim como qualquer outra estrutura física, todas as células estão submetidas às leis da termodinâmica. De maneira semelhante a uma gota de soluto em um solvente, a tendência natural é a gota difundir-se no meio. Ao se espalhar no solvente, ela não pode mais se organizar, aumentando a desordem do sistema e fazendo com que a entropia da solução aumente. As estruturas celulares são capazes de transformar a energia absorvida do ambiente e, em seguida, modificar este meio distribuindo calor e outras formas de energia. Todas as células, guardadas as devidas proporções, são instáveis do ponto de vista termodinâmico. Sua organização intrínseca está submetida a um contínuo e ininterrupto processo de diversos “ataques” aleatórios – estocásticos – que podem causar, em cada unidade, uma degradação. As teorias de cunho estocástico sugerem que fenômenos diversos oriundos dessa desordem promoveriam erros em diversos segmentos orgânicos, provocando um declínio fisiológico e estrutural progressivo. Dano Oxidativo e Radicais Livres Apesar de ser essencial para a manutenção da vida aeróbica, o oxigênio é capaz de causar danos por oxidação, ou seja, retirar elétrons de substâncias inorgânicas ou mesmo moléculas orgânicas como DNA, pt e lipídios, causando instabilidade celular. As espécies reativas de oxigênio são geradas de forma fisiológica, e aproximadamente 90% delas são produzidas por mitocôndrias no processo de fosforilação oxidativa. Em situações de falta de mecanismos contrarrefuladores, a célula entra em desequilíbrio. A teoria do dano oxidativo foi proposta por Denham Harman em 1957. Ela postula que o envelhecimento seria consequente aos efeitos deletérios das espécies reativas de oxigênio nas organelas citoplasmáticas. As evidências que dão subsídios a essa teoria vêm de experimentos com animais. O aumento da expectativa de vida em moscas transgênicas com expressão de moléculas antioxidantes indica que, através de tais enzimas, Drosophilas são capazes de viver até 40% ou mais do que indivíduos normais. Da mesma forma, a extensão da expectativa de vida do C. Elegans commoléculas sintéticas que mimetizam catalases antioxidantes retardam seu envelhecimento. De forma bastante clara os agentes oxidantes limitam a longevidade destes pequenos animais; entretanto, para a espécie humana, não existem evidências claramente expressas da associação desse fenômeno com o envelhecimento. UC9 - Processo de Envelhecimento 11 Entre as enzimas antioxidantes, estão superóxido desmutase (SOD) e catalase (CAT), que são responsáveis pela degradação do radical superóxido e do H2O2, respectivamente. Pode-se postular que, se determinado organismo possui abundância de tais enzimas, em teoria, seria mais longevo. Contudo, isso não é observado em algumas situações na espécie humana. Apesar de possuírem uma cópia extra do gene da SOD, e essa cópia ser capaz de duplicar a degradação do radical superóxido, os portadores da síndrome de Down não têm sobrevida maior. Nessa situação a degradação do superóxido produz o H2O2, que, no organismo de tais indivíduos, não possui CAT suficiente para sua eliminação. O que algumas dessas observações podem indicar é que a cascata metabólica funciona em equilíbrio uníssono, e a teoria não pode ser claramente provada ou negada por um único experimento. A teoria de radicais livres é tambémdividida em hipóteses associadas, especialmente no papel desempenhado por algumas organelas citoplasmáticas e nos tipos de danos sob algumas moléculas durante o envelhecimento. Mutações no DNA mitocondrial acelerariam as lesões oriundas dos radicais livres através da introdução de componentes enzimáticos na cadeia de transporte de elétrons na crista mitocondrial. Hipóteses também sugerem que os radicais livres promovem oxidação de proteínas que se acumulam nas células e, uma vez que elas têm reduzida capacidade de degradação, causam, a longo prazo, disfunções moleculares e falência da célula. Essa teoria recebe particular atenção por parte da ciência devido a seu alto potencial de intervenção. Inúmeras patologias estão associadas a elevadas taxas de oxidação. Investigação com idosos frágeis mostra que a redução de moléculas antioxidantes nesses organismos está diretamente associada a umrisco mais elevado da condição. As principais restrições a essa teoria estão relacionadas com os resultados contraditórios de experimentos genéticos, especialmente em camundongos. A utilização de modificações nas expressões gênicas com a produção de maior quantidade de antioxidantes não trouxe a esses animais alterações claras da expectativa de vida, tornando conflitantes seus resultados. Teorias Sistêmicas do Envelhecimento UC9 - Processo de Envelhecimento 12 Tentam agrupar o processo de envelhecimento de maneira encadeada e organizada. Para esse conjunto, o envelhecimento estaria relacionado com o declínio dos sistemas orgânicos desencadeado pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e intracelular do ser vivente com o ambiente que ele vive. Não são deterministas. Entender a importância do atendimento humanizado ao idoso O tratamento humanizado influência de forma positiva e direta na relação entre profissional da saúde e o paciente idoso, sendo que o idoso, diante todos os problemas, dependências e doenças instaladas são mais suscetíveis e necessitam de mais cuidado e dedicação da parte do profissional, principalmente pela questão emocional, tornando os mais carentes e necessitados de atenção. Quando o idoso recebe o atendimento que espera ou que esse atendimento supere suas expectativas, levando em consideração que este atendimento humanizado, não terá influência de fatores sociais, econômicos e culturais, sendo frisado que este idoso merece um bom atendimento, independentemente de quais quer esses fatores, ele terá prazer em estar em contato com esse profissional, tornando esse contato mais próximo e afetivo conforme o estatuto do idoso. o O atendimento humanizado deve levar em consideração os costumes e particularidades do paciente. o Exige boa comunicação com o idoso. o Deve se dar de duas maneiras: para o idoso e para o cuidador. o É importante incentivar a autonomia do idoso. o Os pacientes idosos dão importância de serem tratados com respeito e afeto. o Atendimento baseado em valores de empatia e solidariedade. o O estatuto do idoso em seu artigo 18 coloca que “as instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para tratamento do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores e grupos de autoajuda”, sendo assim, necessário um preparo e qualificação profissional para que esse atendimento seja prestado de forma correta e eficaz. o Adesão e colaboração dos familiares para ocorrer as consultas e de modo humanizado. UC9 - Processo de Envelhecimento 13 o Política Humaniza SUS – 2003: processo de humanização incluído e reforçado constantemente. Depende de uma equipe inter e multidisciplinar humanizada, e não somente um profissional. o Chamar o paciente pelo nome inclui o processo de humanização. o A humanização começa com o respeito com o paciente. É o tratar o paciente como alguém único e com particularidades. o Além disso, o diálogo simples é necessário. o Olhar o paciente como um todo é importante. o OPAS – qualquer atividade e promoção para a saúde do idoso deve incluir os campos biológicos, psicossociais, político e legal. Tutoria 02: Hábitos de Vida e Consequências Respiratórias no Envelhecimento Compreender como os hábitos de vida e fatores ambientais interferem no processo de envelhecimento humano e aparelho respiratório UC9 - Processo de Envelhecimento 14 Prática corporal/Atividade Física Inatividade física - um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crônicas, associadas a dieta inadequada e o usodo fumo; Estilo de vida moderno - maior parte do tempo livre em atividades sedentárias. Reduz o risco de doenças cardiovasculares e progressão de diabetes tipo II; diminui 50% o risco de progressão de diabetes tipo II; Estratégia de combate a depressão, eleva auto-estima, melhora o convívio em sociedade. As atividades mais comuns envolvem: caminhada, ciclismo ou o simples pedalar da bicicleta, natação, hidroginástica, dança, ioga, Tai Chi Chuan*, Lian Gong**, entre outras. A caminhada merece maior destaque, por ser acessível a todos e não requer habilidade especializada ou aprendizagem. Recomenda-se andar em locais planos, UC9 - Processo de Envelhecimento 15 prestando atenção à temperaturas extremas (muito elevadas ou muito baixas) e umidade muito baixa, nesses casos, ingerir maior quantidade de líquidos. Os idosos são acometidos pela perca de função e força muscular 2% por ano; para reverter esse quadro é necessário a prática de exercícios. Baixa vitamina D (diminui a densidade óssea) e quedas causando luxações, traumas e lesões; Programa ideal para prescrevermos para a atividade física: Aeróbico: 30 min com intensidade moderada 5x por semana - de acordo com as condições de cada indivíduo; ou 20 min de atividade alta 3x por semana. Resistência: 2x por semana Alongamento: 10 min de alongamento dos grandes grupos musculares nos dias de aeróbicos e resistência. Equilíbrio e mobilidade: 2 a 5x por semana. Alimentação: Fator de risco ou de proteção; Ao envelhecer, perde-se a capacidade de anti-oxidação e anti-inflamatório e através de alguns alimentos esse efeito é minimizado; Batata doce reduz o risco de Alzheimer e banana o de AVC; Alimentação como fator negativo: dieta rica em gordura, sal, pobre e verduras e vegetais, combinado com hábito sedentário; aumentam o risco de problemas cardiovasculares, diabetes, artrite e outras doenças crônicas (que é o grupo que mais acomete as pessoas idosas); O estudo DASH demonstrou que as dietas ricas em frutas, vegetais e produtos com pouca gordura saturada e colesterol são capazes de reduzir o peso e os níveis de pressão arterial emhipertensos e normotensos, portanto úteis na prevenção primária e secundária de hipertensão. Causas de má alimentação: acesso aos alimentos; dificuldade de mastigar e engolir; diminuição do sentido da gustação: preferem alimentos mais ricos em gorduras e mais salgados e temperados. Dificuldade de comprar e preparar a comida. UC9 - Processo de Envelhecimento 16 Imunosenescência: sistema imune declina com o processo de envelhecimento. Necessidade de alimentos ricos em vitamina C; evitar carne vermelha e enlatados, substituir por carne branca e diminuir o sal; 3 a 5 porções de frutas diárias - rico em fibras e vitaminas; Gorduras trans e saturadas aumentam o risco de AVC, doenças cardiovasculares e mortalidade substituir grãos refinados por integrais, não exceder a quantidade de sódio indicada; não exceder 6g de sal por dia ´´uma colherzinha de chá´´ tomar no mínimo 1,5-2L de água por dia para idosos sem restrição hídrica (ex.: na diálise) Dieta mediterrânea: A dieta mediterrânea é um tipo de alimentação saudável que prioriza o consumo de alimentos frescos e naturais, baseando-se nos sabores e tradições da região mediterrânea, o que traz benefícios para a saúde de uma forma geral, além de diminuir o risco de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças degenerativas. Esse tipo de alimentação inclui azeite de oliva, frutas,vegetais, legumes, cereais integrais, sementes, frutos secos e peixes, sendo também importante evitar o consumo de alimentos industrializados nocivos para a saúde, como salsichas, salgados, alimentos congelados e pré-prontos. Tabagismo e Álcool: A taxa de mortalidade cardiovascular e por todas as outras causas foram 2x maior em tabagistas ativos do que em não fumantes. Indicação do consumo de álcool diário: Uma taça de vinho puro (seco ou suave) (150 ml) e destilados (álcool) (50ml) e cerveja (250ml) para pessoas com comorbidades; Imunização como prevenção de doenças comuns em idosos UC9 - Processo de Envelhecimento 17 Principais vacinas: influenza, pneumocócicas, COVID-19 de acordo com a campanha atual, herpes zoster, tríplice bacteriana do adulto, hepatites, febre amarela, meningocócicas conjugadas, tríplice viral. Obs1.: influenza e pneumocócica são importantes para desfechos favoráveis diminuindo a mortalidade da população idosa por problemas respiratórios. !!!!!!!! Obs2.: realização de consultas de rotinas em idosos faz parte da prevenção secundária: rastreio de neoplasias, alterações sensoriais, doenças metabólicas, osteoporose, hipertensão, entre outras. Respiratório: A principal mudança é a progressiva redução dos riscos intervestebrais com desenvolvimento de cifose; Com alteração no ângulo da coluna, tem mudanças no ângulo de inserção das fibras musculares. Problemas na complascência; Perda de função e força muscular; Volume expiratório em um segundo e capacidade vital dminuída. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: doença previnível pois sua principal causa é o tabagismo, mas podem existir fatores ocupacionais. Traz limitação crônica e progressiva do fluxo de ar, devido a partículas que entram no aparelho respiratório. Tempo de latência de 20 a 30 anos. Pneumonia: principais motivos: AVE, má higiene, xeroftalmia, depressão imunológica. Pneumonite: inflamação aguda, de natureza infecciosa ou não, localizada no parênquima pulmonar. Quando há infecção, seja ela bacteriana, viral ou fúngica, convencionou-se chamar o quadro de pneumonia. A resposta química inflamatória pulmonar tanto da pneumonite quanto da pneumonia resultam em sinais e sintomas semelhantes (febre, taquipneia, tosse, alterações respiratórias e infiltrados nas imagens radiológicas). A progressão do quadro clínico é que irá contribuir para a distinção sobre estas duas entidades. UC9 - Processo de Envelhecimento 18 Entender como as relações sociais são importantes para a saúde e senescência Se engajar em relacionamentos e atividades significativas é um dos fatores determinantes para o envelhecimento bem-sucedido e que as relações sociais são importantes contribuições para o bem-estar subjetivo e para a saúde percebida ao longo da velhice. Em comparação com idosos de épocas anteriores, os idosos dos tempos atuais precisam ajustar suas expectativas e rotinas diante da menor presença de familiares para oferecer suporte social. Em função disso, os idosos tendem a buscar mais oportunidades de se envolver em atividades e amizades extrafamiliares. Outro fenômeno contemporâneo ao envelhecimento populacional é a revolução digital, caracterizada pelo uso crescente de tecnologias e ferramentas digitais que trazem novos paradigmas para se pensar nas relações sociais. Utilizam as redes sociais. Avaliações negativas sobre avaliações sociais apresentam maior chance de problemas de saúde; Idosos sem uma rede de apoio se veem como mais doentes. O tamanho da rede social não é importante (quantidade); mas sim a frequência e qualidade da relação; Auxilia na motivação com o cuidado com a saúde, fluxo de informações, melhora funções fisiológicas (neuroendócrino, hormonal); diminui estresse; Violência doméstica contra os idosos; papel do médico em identificar que o idoso sofre algum tipo de abuso e denunciar; Os maiores índices de moradores de rua são homens e idosos; a família abandona depois de eles pararem de sustentar a própria casa e de aparecer comorbidades. A interação social pode vir também do trabalho; leis que garantem a estabilidade do idoso sem nenhuma discriminação do trabalho. Inclusão digital: melhorou a interação social dos idosos; ele passa a se sentir mais útil; possibilidade da reinserção do mercado de trabalho. O idoso se sente incapaz de manusear as redes. UC9 - Processo de Envelhecimento 19 Os idosos poderiam auxiliar e serem auxiliados a superar sentimentos de solidão e superar sentimentos de controle e auto eficácia. Desafio para o idoso na inclusão digital: capacidade funcional, dificuldade de acompanhar as inovações, ser mais influenciável. Entender o perfil epidemiológico (prevalência e incidência) das ISTs na população idosa Epidemia de HIV e AIDS teve um grande avanço e é um problema de saúde pública; Segundo o IBGE, o grupo populacional com 60 anos ou mais representa 8,6% da população em geral: cerca de 15 milhões de pessoas. A incidência de aids entre as pessoas idosas está em torno de 2,1%, sendo a relação sexual a forma predominante de infecção pelo HIV. Mas há uma crescente evidência de que esse grupo está se infectando cada vez mais não só pelo HIV, mas também, por outras doenças sexualmente transmissíveis como sífilis, gonorréia, etc. Maior prevalência no sexo masculino; O aumento da taxa epidemiológica também tem como causa o aumento da qualidade de vida, onde conseguem perdurar mais a vida sexual e as relações. Segundo uma pesquisa realizada por FERREIRA et al., 2019, ocorreu 25,32% de IST em idosos sendo os homens mais afetados, a IST mais prevalente foi a hepatite C (10,73%), depois a hepatite B (8,58%) e sífilis (7,73%). A infecção de hepatite C ocorre geralmente de forma parenteral, com risco maior para pessoas que receberam transfusão de sangue antes do ano de 1993 quando a segurança desse processo era duvidosa, usuários de substâncias ilícitas injetáveis também correm riscos, no entanto a maior quantidade de casos dessa doença foi confirmada em idosos, essa doença muitas vezes evolui e não apresenta sintomas, sendo diagnóstica quando o individuo se encontra mais velho. Referente a hepatite B apesar de existir vacina muitos idosos não foram imunizados, a hepatite B pode ser transmitida de forma oral, sexual e parenteral e pode se tornar crônica. Já a sífilis é uma doença sistémica com evolução crônica, evidencia-se que uma doença como a sífilis que é uma IST que apresenta úlceras aumenta o risco de HIV. UC9 - Processo de Envelhecimento 20 Tutoria 03: Doenças Crônicas e Prognóstico das Doenças Cardiovasculares do Idoso Identificar a prevalência da HAS no idoso e seus riscos cardiovasculares A HA é o principal fator de risco (FR) modificável para morbidade e mortalidade cardiovascular, mesmo nas idades mais avançadas. Dados Epidemiológicos Globais As DCV são a principal causa de morte, hospitalizações e atendimentos ambulatoriais em todo o mundo, inclusive em países em desenvolvimento como o Brasil. Globalmente, em 2010, a prevalência de HA (≥140/90 mmHg e/ou em uso de medicação anti-hipertensiva) foi de 31,0%, sendo maior entre homens (31,9%) do que entre as mulheres (30,1%). 31 % : em média 36 milhões de pessoas Um estudo de tendência mundial da PA entre 1975-2015, que avaliou 19,1 milhões de adultos, mostrou que em 2015 o número estimado de adultos com HA era de 1,13 bilhões, sendo 597 milhões de homens e 529 milhões de mulheres, indicando um aumento de 90% no número de pessoas com HA, principalmente nos países de baixa e média rendas. O estudo mostrou que a prevalência de HA diminuiu nos países de alta renda e em alguns de média, enquanto nos países de baixa renda aumentou ou se manteve constante. Os fatores implicados nesse incremento seriam o envelhecimento da população e a maior exposição aos outros fatores de risco, como ingestão elevada de sódio e baixa de potássio, além do sedentarismo. Definição: Apesar de “polifarmácia” ser um termo constantemente utilizado na práticaclínica, seu conceito ainda não é consensual, envolvendo várias definições diferentes. Polifarmácia pode ser definida como: “uso de 5 ou mais medicamentos”, “uso de pelo menos um medicamento potencialmente inapropriado” ou ainda “mais medicamentos usados do que clinicamente indicados”. Na maioria dos estudos, o primeiro conceito de “vários medicamentos (5 ou mais) sendo usados de forma concomitante” é o mais utilizado. Prevalência de HA no Brasil UC9 - Processo de Envelhecimento 21 Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, 21,4% (IC 95% 20,8- 22,0) dos adultos brasileiros autorrelataram HA, enquanto, considerando as medidas de PA aferidas e uso de medicação anti-hipertensiva, o percentual de adultos com PA maior ou igual que 140 por 90 mmHg chegou a 32,3% (IC 95% 31,7- 33,0). Detectou-se que a prevalência de HA foi maior entre homens, além de, como esperado, aumentar com a idade por todos os critérios, chegando a 71,7% para os indivíduos acima de 70 anos. Fatores de maior prevalência: Sexo: Em faixas etárias mais jovens, a PA é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. Assim, na sexta década de vida, a PA entre as mulheres costuma ser mais elevada e a prevalência de HA, maior. Em ambos os sexos, a frequência de HA aumenta com a idade, alcançando 61,5% e 68,0% na faixa etária de 65 anos ou mais, em homens e mulheres, respectivamente. Obs: A progesterona é responsável pela elasticidade dos vasos. Futuramente com a sua diminuição faz com que as fibras de elastina sejam substituídas por F. colágenas. Fazendo assim aumentar a RT dos vasos. Raça: Existe uma maior prevalência na raça negra do que nas pessoas de raça branca. 60% entre os brancos e 61% entres os negros (em indivíduos >60 anos) Definir a polifarmácia e identificar as consequências na saúde do idoso Causas: aumento da expectativa de vida e dos portadores de doenças crônicas que demandam de assistência contínua, onde os medicamentos tem um influente papel. Consequências: O uso de vários medicamentos pode causar problemas tais como o aumento do risco do uso de medicamentos inadequados (incluindo interações medicamentosas e duplicação de terapia), a não adesão ao tratamento e a ocorrência de efeitos adversos; UC9 - Processo de Envelhecimento 22 Reação adversa; interação medicamentosa; medicação inapropriada para o idoso. Interações medicamentosas: podem sem classificadas em duas categorias: sinérgica, quando os efeitos combinados dos dois medicamentos são maiores que a soma dos efeitos individuais; e antagônica, quando o efeito resultante é menor que a combinação dos efeitos dos dois medicamentos isolados ou quando a interação resulta em anulação parcial ou completa das propriedades farmacológicas de cada medicamento”. Pacientes idosos apresentam maior risco de interações medicamentosas devido as alterações fisiológicas inerentes a idade, reações atípicas a fármacos, prescrições inadequadas e não observância adequada dos esquemas terapêuticos que podem contribuir para a maior toxicidade medicamentosa no idoso. Iatrogenia: Consideram-se como afecções iatrogênicas aquelas decorrentes da intervenção do médico e/ou de seus auxiliares, seja ela certa ou errada, justificada ou não, mas da qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente. Cascata iatrogênica: situação em que o efeito adverso de um fármaco é interpretado incorretamente como nova condição médica que exige nova prescrição, sendo o paciente exposto ao risco de desenvolver efeitos prejudiciais adicionais relacionados ao tratamento potencialmente desnecessário. Reação adversa: A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “reação adversa a medicamento” (RAM) como “qualquer efeito prejudicial ou indesejado que se manifeste UC9 - Processo de Envelhecimento 23 após a administração do medicamento, em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade” Critério Beers-Fick A versão mais atual do critério de Beers-Fick foi publicada em 2012 e é dividida em três listas. A primeira contém 34 medicamentos ou classes de medicamentos que devem ser evitados por idosos, seus potenciais riscos e algumas de suas dosagens. A segunda contém os medicamentos que devem ser evitados considerando o diagnóstico e a terceira contém 14 medicamentos ou classes de medicamentos que devem ser usados com cautela. Critério Stopp-Start UC9 - Processo de Envelhecimento 24 65 itens, subdivididos em cinco sistemas fisiológicos, com o objetivo de simplificar o processo de revisão da medicação do doente. Na identificação dos critérios consideraram-se interações farmacológicas, contraindicações, precauções e duplicações terapêuticas. Entender as competências da equipe multidisciplinar envolvidas na saúde do idoso Atribuições Comuns a todos os Profissionais da Equipe a) Planejar, programar e realizar as ações que envolvem a atenção à saúde da pessoa idosa em sua área de abrangência, conforme orientação deste Caderno. b) Identificar e acompanhar pessoas idosas frágeis ou em processo de fragilização. c) Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação em Saúde - Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) - e outros para planejar, programar e avaliar as ações relativas à saúde da pessoa idosa. d) Conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos das pessoas idosas, de suas famílias e da comunidade. e) Acolher a pessoas idosas de forma humanizada, na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos com ética, compromisso e respeito. f) Prestar atenção contíua às necessidades de saúde da pessoa idosa, articulada com os demais níveis de atenção, com vistas ao cuidado longitudinal – ao longo do tempo. g) Preencher, entregar e atualizar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, conforme Manual de Preenchimento específico. h) Realizar e participar das atividades de educação permanente relativas à saúde da pessoa idosa. i) Desenvolver ações educativas relativas à saúde da pessoa idosa, de acordo com o planejamento da equipe. Atribuições do Agente Comunitário de Saúde – ACS a) Cadastrar todas as pessoas idosas de sua micro-área e manter o cadastro atualizado. b) Preencher, entregar e atualizar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, conforme seu Manual de Preenchimento específico UC9 - Processo de Envelhecimento 25 c) Identificar e encaminhar o idoso frágil à Unidade de Saúde. d) Realizar visitas domiciliares às pessoas idosas conforme planejamento assistencial, dando prioridade às frágeis ou em processo de fragilização. e) Buscar a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à Unidade, mantendo a equipe informada, principalmente, a respeito dos idosos frágeis. f) Estar em contato permanente com as famílias. g) Avaliar condições de risco de quedas observáveis no domicílio Atribuições do Médico a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Realizar consulta, incluindo a avaliação multidimensional rápida e instrumentos complementares, se necessário, avaliar quadro clínico e emitir diagnóstico; c) Prescrever tratamento medicamentoso, quando necessário. d) Solicitar exames complementares, quando necessário. e) Realizar assistência domiciliar, quando necessário. f) Encaminhar, quando necessário, a pessoa idosa à serviços de referências de média e alta complexidade, respeitando fluxos de referência e contra-referência locais e mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento. g) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos. h) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador a identificação de sinais e/ou sintomas que requeriam atendimento de saúde imediato. i) Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar referente à atenção à pessoa idosa. Atribuições do Enfermeiro a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Realizar assistência domiciliar,quando necessário. c) Realizar consulta de enfermagem, incluindo a avaliação multidimensional rápida e instrumentos complementares, se necessário, solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposições legais da profissão. d) Supervisionar e coordenar o trabalho dos ACS e da equipe de enfermagem. e) Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais UC9 - Processo de Envelhecimento 26 profissionais da equipe. f) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos. Atribuições do Auxiliar/Técnico de Enfermagem a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos. c) Participar das atividades de assistência básica, realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e quando indicado, ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários Atribuição do Dentista a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Realizar consulta, avaliar quadro clínico, emitindo diagnóstico e realizar tratamento restaurador, quando necessário. c) Solicitar exames complementares, quando necessário. d) Realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal, incluindo atendimento de urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais. e) Prescrever medicamentos e outras orientações na conformidade dos diagnósticos efetuados. f) Realizar assistência domiciliar, quando necessário. g) Supervisionar e coordenar o trabalho do auxiliar de consultório dentário e do técnico de higiene dental. h) Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador sobre a importância da higienização da boca e da prótese; i) Encaminhar, quando necessário, a pessoa idosa a serviços de referências de média e alta complexidade em saúde bucal, respeitando fluxos de referência e contrareferência locais e mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento. Atribuição do Técnico de Higiene Dental (THD) a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador sobre a importância da higienização da boca, próteses e na presença de qualquer anormalidade comunicar a UC9 - Processo de Envelhecimento 27 equipe de saúde. c) Desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde bucal. d) Apoiar as atividades dos auxiliar de consultório dentário e dos ACS. e) Realizar atividades de educação permanente referente à atenção à pessoa idosa, junto aos demais profissionais da equipe. Atribuição do Auxiliar de Consultório Dentário (ACD) a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal. c) Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal da pessoa idosa junto aos demais profissionais da equipe. d) Apoiar as atividades dos ACS Distinguir os sinais e sintomas da depressão geriátrica 5 ou mais dos seguintes sintomas presentes por pelo menos 2 semanas e que representam mudanças no funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos 1 os sintomas é: (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer; humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias por observação subjetiva ou realizadas por terceiros; acentuada diminuição do prazer ou desinteresse em todas os quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicados pelo relato subjetivos ou observação feita por terceiros) perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta (ex.: alteração de mais de 5% do peso corporal em 1 mês) ou aumento ou diminuição de apetite quase todos os dias; insônia ou hipersonia todos os dias; agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outros, não é apenas sensação subjetiva de inquietação ou de estar mais lento); fadiga e perda de energia quase todos os dias sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por UC9 - Processo de Envelhecimento 28 estar doente); capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo feito por outros); pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem plano específico, ou tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes. A depressão em idosos apresenta menos humor depressivo e mais anedonia (perda da satisfação e do interesse em realizar as atividades do dia), mais sintomas somáticos do que psicológicos, maior frequência de associação com doença física e/ou cerebral e presença de maior déficit cognitivo e disfunção executiva. UC9 - Processo de Envelhecimento 29 Tutoria 04: Risco de Quedas em Idosos e Fatores Associados a Expectativa de Vida e Longevidade Identificar os cuidados e fatores de risco de quedas em idosos Definição: evento não intencional com contato direto com o chão; toda queda gera uma incapacidade de correção em tempo hábil. Epidemiologia: 30% dos idosos caem a cada ano. A probabilidade de quedas aumenta em 3x em indivíduos que já sofreram quedas anteriores. UC9 - Processo de Envelhecimento 30 Os fatores íntrisecos são alterações fisiológicas. ex.: idade (+80), sexo feminino, imobilidade, quedas precedentes, equilíbrio diminuído, amrcha lenta, fraqueza muscular dos mmii e mmss; baixa aptião física; polifarmácia; alterações sensoriais, vestibulares e visuais. Os fatores extrínsecos são os comportamentos e atividades: ambientes inseguros e mal iluminados e todas as alterações de ´´risco ambiental´´ do quadro acima. A queda tem um impacto direto sobre quadril e punho tem maior probabilidade de resultar em fraturas nos idosos Compreender as alterações fisiológicas morfofuncionais do sistema músculo- esquelético durante o processo de envelhecimento Osso UC9 - Processo de Envelhecimento 31 O tecido ósseo vive em constante remodelação; a sua formação se dá pelos osteoblastos e a reabsorção pelos osteoclastos. Nas 2 primeiras décadas de vida predomina-se a formação e há um incremento progressivo da massa óssea; após a soldura das epífises, persiste ainda um predomínio construtivo, mas em menor ritmo. O ser humano alcança sua maior massa óssea na 4º década de vida: ´´pico de massa óssea´´. A partir daí, estabiliza-se a taxa de formação, enquanto a de reabsorção aumenta; por consequinte, passa a ocorrer perda progressiva, absoluta, da massa óssea: ´´osteopenia fisiológica´´. Muitos consideram que tal pico ocorre aproximadamente até os 25 anos, uma vez que daí até os 35 o incremento é muito pequeno. Admite-se que 80% da massa óssea seja alcançada próximo aos 18 anos de idade. Embora muito saibamos sobre as BMU (unidades multicelulares ósseas) cada vez fica mais evidente que quaisquer considerações sobre o “osso” devam levar em conta o esqueleto apendicular e o esqueleto axial, o osso cortical e o osso trabecular (este último tem uma atividade metabólica cerca de 8 vezes maior que a do osso cortical), a “maturação” do esqueleto pela ação dos hormônios sexuais e o papel do estrógeno em ambos os sexos, dentre outras. A atrofia óssea não se faz de modo homogêneo; pois, antes dos 50 anos, perde-se, sobretudo, o osso trabecular (principalmente as de menor importância estrutural); após isso, perde-se o osso cortical (lamelas de menor importância na superfície endosteal). A cada 7 a 10 anos, renovamos todo nosso esqueleto. A perda de massa óssea por involução ocorre sobretudo na mulher pós menopausada (a falta do freio estrogênico libera a velocidade dos osteoclastos) e no homem velho. Isso trata-se de um fenômeno relacionado à idade que acomete ambos os sexos e tem como mecanismo predominante a menor formação óssea,em um contexto no qual sobressaem o paratormônio e a vitamina D. Os idosos são potencialmente vulneráveis a um balanço cálcico negativo e à osteopenia/osteoporose em decorrência da hipovitaminose D. Obtemos vitamina D por meio de uma adequada alimentação e principalmente pela produção endógena da pele sob exposição solar. Dependendo do tempo de exposição solar e do grau de pigmentação da pele, mais da 80% dessa vitamina poderá ser sintetizada a partir do 7-desidrocolesterol da pele. Todavia, muitos fatores contribuem UC9 - Processo de Envelhecimento 32 para não termos tal “rendimento” na velhice – dentre eles institucionalização, menor mobilidade, uso de vários agasalhos, menor exposição voluntária ao sol, maior tempo em interiores etc. Significativamente, acresça-se a isso o fato de a pele envelhecida, sob idêntica exposição solar, produzir menor quantidade de vitamina D do que a pele do adulto jovem Sabe-se que o envelhecimento traz consigo menor produção da 1α-hidroxilase renal, enzima responsável pela introdução da segunda hidroxila no 25(OH)D, originando o calcitriol, sua forma mais ativa (1,25 (OH)2D). Por conseguinte, os idosos, tendo uma reduzida produção endógena do calcitriol, passam a depender mais das fontes alimentares. Entretanto, o que se observa é que, anos de uma monotonia alimentar quase sempre parca no consumo de alimentos ricos em vitamina D – e que são poucos – acabam por estabelecer, com frequência, os déficits encontrados na velhice. Destaque-se ainda que há associação direta entre déficits dessa vitamina, condições de fraqueza muscular e depressão na velhice, além de se discutirem cada vez mais suas ações não relacionadas ao metabolismo osteomineral, uma vez que seus receptores estão presentes em várias células/tecidos de diferentes órgãos (fígado, estômago, intestino, rins, músculos, tireoide, alvéolos pulmonares, mamas e neurônios cerebrais, entre outros). Sabe-se hoje que níveis inadequados de vitamina D têm alta prevalência na velhice, mesmo em países tropicais, como o Brasil Músculo Esquelético O músculo esquelético é a maior massa tecidual do corpo humano. Com o envelhecimento, há uma diminuição lenta e progressiva da massa muscular, sendo o tecido nobre paulatinamente substituído por colágeno e gordura; ela diminui aprox. 50% (dos 20 aos 90 anos) ou 40% (dos 30 aos 80). Tal perda tem sido demonstrada: pela excreção da creatinina urinária, que reflete o conteúdo de creatina nos músculos e na massa muscular total. pela tomografia computadorizada, pela qual se obsrva que, após os 30 anos de idade, diminui a secção transversal dos músculos, há maior densidade muscular e maior conteúdo gorduroso intramuscular (alterações que são mais pronunciadas na mulher). UC9 - Processo de Envelhecimento 33 histologicamente detecta-se uma atrofia muscular à custa de uma perda gradativa e seletiva das fibras esqueléticas (o número de fibras musculares no velho é aproximadamente 20% menor do que no adulto, sendo o declínio mais acentuado em fibras musculares do tipo II que, de uma média de 60% emadultos sedentários, vai para menos de 30% após os 80 anos). Tal declínio está diretamente relacionado à diminuição da força muscular, acarretada pelo envelhecimento. Observou-se que a força de quadríceps aumenta progressivamente até os 30 anos, começa a declinar após os 50 anos e diminui acentuadamente após os 70 anos. Dados longitudinais indicam que a força muscular diminui ± 15% por década até a 6 a ou a 7 a década e aproximadamente 30% após esse período. Há relação inversa entre a força muscular e a velocidade de deambulação em ambos os sexos. Já a capacidade oxidativa do sistema musculoesquelético, pelo menos até a 7 a década de vida, está preservada. É a esse declínio muscular idade-relacionado que chamamos de sarcopenia, termo que denota o complexo processo do envelhecimento muscular associado a diminuições da massa, da força e da velocidade de contração muscular. A etiologia da sarcopenia é multifatorial, envolvendo alterações no metabolismo do músculo, alterações endócrinas e fatores nutricionais, mitocondriais e genéticos. Recentemente demonstrou-se em camundongos que a sarcopenia está associada a mitocôndrias morfologicamente alteradas e disfuncionais decorrentes de uma reduzida mitofagia. Tais resultados, além de acrescentar subsídios à teoria mitocondrial- lisossomal do envelhecimento dos tecidos pós-mitóticos de longa vida, corroboram as duas principais estratégias não farmacológicas (restrição calórica e treinamento muscular, ambas condições que sabidamente melhoram a função mitocondrial) para minorar a sarcopenia. O grau de sarcopenia não é o mesmo para diferentes músculos e varia amplamente entre os indivíduos. O mais significativo é saber que o declínio muscular idaderelacionado é mais evidente nos membros inferiores do que nos superiores, haja vista a importância daqueles para o equilíbrio, a ortostase e a marcha dos idosos. Estima-se que, após os 60 anos, a prevalência da sarcopenia seja da ordem de 30%, UC9 - Processo de Envelhecimento 34 aumentando progressivamente com o envelhecimento. A partir dos 75 anos, o grau de sarcopenia é um dos indicadores da chance de sobrevivência do indivíduo. O envelhecimento está associado a uma diminuição da altura, do peso e do índice de massa corpórea (IMC). Vários estudos têm demonstrado que o NADIR (IMC associado à menor mortalidade relativa) é maior no idoso do que no adulto. Na velhice, a massa muscular relaciona-se à força e esta, por sua vez, à capacidade funcional do indivíduo. A sarcopenia, desenvolvendo-se por décadas, progressivamente diminui a capacitação física, acabando por comprometer as atividades da vida diária e de relacionamento, por aumentar o risco de quedas, levando, por fim, a um estado de dependência cada vez mais grave. A sarcopenia contribui para outras alterações idade-associadas como, por exemplo, menor densidade óssea, menor sensibilidade à insulina e menor capacidade aeróbica. Longevos e velhos fragilizados têmmenor musculatura esquelética – fruto do desuso, de doenças, da subnutrição e dos efeitos acumulativos da idade. Daí a necessidade de se traçarem estratégias para a manutenção da massa muscular com o envelhecimento. Em indivíduos sedentários, a massa magra é a principal consumidora de energia e, portanto, sua diminuição pelo envelhecimento faz com que sejam menores as necessidades energéticas. Assim, é fato que a força muscular, a área de secção transversal do músculo e a relação entre ambas diminuem com o envelhecimento; todavia, essas alterações quantitativas só explicam parcialmente a perda de força idaderelacionada, uma vez que se tem demonstrado que algumas alterações fenotípicas presentes no músculo senescente estão relacionadas com transcrição gênica alterada. A musculatura esquelética do velho produz menos força e desenvolve suas funções mecânicas commais “lentidão”, dado que a excitabilidade do músculo e da junção mioneural está diminuída; há contração duradoura, relaxamento lento e aumento da fatigabilidade. A diminuição da força muscular na cintura pélvica e nos extensores dos quadris resulta em maior dificuldade para a impulsão e o levantarse; ao mesmo tempo, a diminuição da força da mão e do tríceps torna mais difícil o eventual uso de bengalas. Todavia, nem a reduzida demanda muscular, tampouco a perda de função associada, são situações inevitáveis do envelhecimento, uma vez que podem ser minimizadas e até revertidas com o condicionamento físico. Assim, exercícios mantidos durante a vida UC9 - Processo de Envelhecimento 35 podem evitar em grande parte as deficiências musculares idade-relacionadas: exercícios aeróbicos melhoram a capacidade funcional e reduzem o risco de se desenvolver o diabetes tipo 2 na velhice; exercícios de resistência aumentam a massa muscular no idoso de ambos os sexos, minimizando, e mesmo revertendo, a síndrome de fragilidade física presentenos mais longevos. Fechando o ciclo saúde-nutrição-atividade física, resta dizer que uma ingestão proteica diária inadequada resulta em maior perda de massa muscular. Cada vez mais se reconhece a deterioração de funçõesm mitocondriais (genéticas, bioquímicas e bioenergéticas) na gênese de alterações fenotípicas associadas ao envelhecimento normal (Cortopassi e Wong, 1999). Mutações deletérias no genoma mitocondrial acumulam-se exponencialmente com o envelhecimento de nervos e músculos, nos quais se detecta perda de fibras e atrofia; há aumento exponencial no número de fibras deficientes em citocromo-oxidase a partir da 4 a década de vida. O estresse oxidativo, reduzindo a permeabilidade da membrana mitocondrial, tem sido responsabilizado pela liberação do citocromo C e pela iniciação da apoptose. As mutações do DNA mitocondrial têm sido ligadas a transtornos como convulsões, acidente vascular encefálico, atrofia óptica, neuropatia, miopatia, cardiomiopatia, surdez neurossensorial e diabetes melito; também têm um papel importante no processo de envelhecimento e em doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer. Urge reconhecermos as síndromes clínicas sugestivas de disfunções mitocondriais. A razão das fibras musculares dos tipos I e II altera-se com o envelhecimento; todavia, isso não se traduz em uma enfermidade muscular incapacitante. Por outro lado, a conhecida diminuição da resistência muscular com a idade, em situações estressantes (doença aguda, por exemplo), pode ser causa de rápido descondicionamento, o que vem a exigir maior atenção e uma intervenção mais pronta em idosos, sob o risco de maior imobilidade, menor estabilidade postural, quedas etc. No transcorrer da vida ocorremalterações na cinemática e na cinética da marcha, mas é principalmente após os 70 anos que tais alterações passam a ter significado clínico. Há alterações posturais, como cifose, redução da lordose lombar e desenvolvimento de valgismo nos quadris, com alargamento da base de apoio. A marcha do idoso difere da do adulto entre outros UC9 - Processo de Envelhecimento 36 fatores, pelo menor comprimento dos passos, pela menor extensão dos joelhos, por menor força na flexão plantar dos tornozelos e por menor velocidade dos passos. Emuma avaliação clínica – reconhecendo que o envelhecimento traz consigo um decréscimo na informação sensorial (propriocepção, visão etc.), um retardo nas respostas e outras limitações musculoesqueléticas (aqui discutidas) – podemos constatar que cerca da metade dos longevos (≥ 85 anos) relatam não ter dificuldade para a marcha; também é possível reconhecer em ± 20% deles o que poderíamos chamar de transtorno senil (idiopático) da marcha. Infelizmente muitos adultos e idosos aceitam os transtornos da marcha e a diminuição da mobilidade como mudanças “normais” do envelhecimento. Nesse contexto estamos muito mais no campo das patologias a serem identificadas e tratadas do que em uma zona de penumbra. Em idosos, o estudo da relação entre força e performance física não é linear; daí decorre, emindivíduos “fortes”, a não correlação entre força dos membros inferiores e velocidade da marcha, ao contrário dos “fracos”, nos quais é nítida tal associação. Assim, pequenas alterações na capacitação fisiológica podem ter efeitos marcantes no desempenho de indivíduos fragilizados. Ressalte-se que a menor capacidade de trabalho muscular é um dos primeiros sinais da velhice, afetando em última instância a capacidade laboral, a atividade motora e a adaptabilidade ao ambiente; por outro lado, os exercícios, melhorando a função muscular, reduzem a frequência de quedas, contribuindo assimpara a manutenção da independência e de melhor qualidade de vida para os idosos. Atualmente aceitamos que o envelhecimento muscular resulta de alterações no equilíbrio entre o potencial miogênico e a atividade fibrótica, uma vez que o músculo senescente apresenta reduzida capacidade de reparo/regeneração, vindo a tornar-se progressivamente fibrótico. Entre as bases do fenômeno observa-se grande redução na expressão da sintase do óxido nítrico (Samengo et al., 2012) e sabe-se que, no músculo jovem, altos níveis de óxido nítrico aumentam o número das células satélites (= população específica de células estaminais presentes no músculo totalmente diferenciado) que inibem a extravasão de leucócitos para o músculo. UC9 - Processo de Envelhecimento 37 Viu-se que a diminuição na produção do óxido nítrico durante o envelhecimento muscular possibilita um aumento dos macrófragos anti-inflamatórios M2a (são macrófagos ativados por citocinas para o fenótipo M2 e, em sequência, M2a), o que vem promover ainda mais a fibrose. Demonstrou-se que a mudança dos macrófagos musculares para o fenótipo M2a é fortemente influenciada pela idade das células hematopoéticas das quais provêm. Tudo indica que a fibrose no músculo senescente seja consequência de um estado de inflamação crônica de baixo grau e que células, de diferentes linhagens, possam interagir na regulação de tal fenômeno. No estudo da fisiopatologia da sarcopenia Basu et al. (2002) mostraram que alterações na síntese de proteínas musculares contráteis explicam algumas características clínicas da sarcopenia, notadamente a perda de força e o fatigamento precoce. Já Yarasheski et al. (2002) demostraram que a expressão do fator de crescimento e de diferenciação miostatina – que suprime o crescimento muscular – correlaciona-se negativamente à massa corpórea magra, enquanto o envelhecimento está diretamente associado a maior expressão da miostatina. Em outras palavras, a miostatina sérica é um marcador biológico da sarcopenia. Em sequência, Gannon et al. demonstraram que marcantes alterações idade- relacionadas ocorrem nas cadeias leves da miosina (MLC); identificaram, ainda, um extraordinário aumento da isoforma MLC2 do tipo lento, restrito às fibras musculares senescentes, além de confirmarem o processo de transformação de fibras rápidas para lentas durante o envelhecimento celular. Esses dados sugerem a isoforma MLC2 lenta como um possível marcador para o tipo de fibra muscular da sarcopenia. Por fim, embora se reconheça que a sarcopenia não seja intrinsecamente irreversível com o envelhecimento, não tem sido possível demonstrar que os exercícios físicos per se possam preveni-la, sobretudo nos indivíduos com 70 anos ou mais. Por outro lado, há dados promissores sobre uma terapia gênica humana que evite seus efeitos (consegue-se assim um aumento da massa muscular sem exercícios!). Entender como a viuvez interfere na qualidade de vida e longevidade do idoso UC9 - Processo de Envelhecimento 38 O aumento progressivo da população idosa também aumenta o número de viúvos; esse processo de viuvez interfere diretamente na qualidade de vida. a) o grupo de viúvos está entre os grupos de maior fragilidade entre os idosos comunitários; b) viúvos idosos buscam o serviço de emergência médica com mais frequência por baixa satisfação com a vida, situação econômica ruim, más condições de saúde autoreferida, limitação funcional, e acidente vascular cerebral; c) a perda do cônjuge aumenta o risco de pessoas idosas receberem tratamento psiquiátrico, tanto para condições psiquiátricas graves e menores; d) viúvos têm significativamente mais sintomas depressivos e mais pontos na escala de luto; e) homens idosos em luto parecem ter maior dificuldade de superar o fardo transitório ligado à viuvez; f) o efeito da viuvez pode mudar de uma cultura para outra e foram documentados sintomas pós-luto em viúvas Ijaw na Nigéria; g) a viuvez é evento ambiental específico que afeta sintomas depressivos, e esta dinâmica ambiental pode perpetuar o aumento de sintomas depressivos ao longo do tempo; h) viúvos com idades diferentes dos cônjuges têm a saúde mental pior do que pessoas casadas, mas eles não parecem ser mais desfavorecidos em termos de saúde física; i) idosos viúvos têm maioresíndices de mortalidade; j) os fatores psicossociais, as circunstâncias socioeconômicas, ser do sexo masculino, ter idade mais avançada, funcionamento físico precário e expressar alívio sobre a morte do cônjuge são preditores de mortalidade de idosos viúvos; k) os fatores de risco psicossociais para a mortalidade após o falecimento reduz ao longo do tempo; l) contextos estruturais que oferecem oportunidades para interagir com os outros, favorecendo novos compromissos sociais, podem ser potenciais modificadores do efeito viuvez na mortalidade. UC9 - Processo de Envelhecimento 39 Conhecer as redes de saúde e de interação social para cuidados do idoso Redes de saúde O cuidado à pessoa idosa compreende diversos atores: idoso, família, cuidador (se existente), comunidade e equipes de atenção à saúde, que atuam de forma inter- relacionada no desempenho das atividades de atenção às demandas identificadas por meio de relações interpessoais. É preciso valorizar e criar, além dos espaços de discussão da própria equipe, outros espaços em que possam ser incluídos os outros atores envolvidos na rede social de cuidado do idoso. O trabalho em grupo é uma realidade no cotidiano das equipes de Atenção Básica/Saúde da Família que desenvolveram grupos de hipertensão, diabetes, puericultura e de gestantes. Grande parte das equipes que trabalham com as atividades de grupos considera que os idosos estão incluídos nos grupos de hipertensão e diabetes, fato que reforça o tratamento do envelhecimento natural como doença, o que não é verídico. Destaca-se o papel fundamental da socialização obtida em qualquer trabalho em grupo, o que por si só, pode representar novas perspectivas para a pessoa idosa (dependendo de sua situação familiar e comunitária), além de maior aceitação na sociedade. Faz-se necessário uma maior reflexão das equipes de saúde de Atenção Básica/Saúde da Família sobre o trabalho em grupo, para poder utilizá-lo de forma mais reflexiva e efetiva. Redes de Interação Social O suporte social serve como proteção contra estresse em idosos Conjunto hierarquizado de pessoas que mantém entre si de relações de dar e receber Principal função: dar e receber apoio social, manter a identidade social, criar novos laços, possibilita sentimentos de cuidados e valorização. As características das redes sociais são determinadas por fatores culturais, sociodemográficos e individuais, porem certas características das redes sociais parecem ser comuns aos idosos de diversas culturas. UC9 - Processo de Envelhecimento 40 As mulheres possuem um maior tendência para desenvolver relações sociais; As mídias sociais favorecem a interação social; oferecem ao idoso possibilidade de se engajar em relações significativas, além de construírem canais para obtenção e provimento de suporte social a familiares e amigos. Reconhecer a necessidade de adequação da atenção em saúde em relação ao idoso Organização Mundial de Saúde propôs, em 2002, um projeto denominado “Towards Age-friendly Primary Health Care”, cuja proposta é adaptar os serviços de atenção básica para atender adequadamente às pessoas idosas, tendo como objetivo principal a sensibilização e a educação no cuidado primário em saúde, de acordo com as necessidades específicas dessa população. São 3 áreas de atuação previstas nesse projeto: Informação, Educação, Comunicação e Treinamento: por meio do treinamento busca-se melhorar a formação e as atitudes dos profissionais de saúde de modo que possam avaliar e tratar as condições que afligem pessoas idosas fornecendo ferramentas e fortalecendo-as na direção de um envelhecimento saudável; Sistema de Gestão da Assistência de Saúde: organização da gestão do serviço da Atenção Básica, de acordo com as necessidades das pessoas idosas; Adequação do ambiente físico: tornando-o mais acessível para as pessoas que possuam alguma limitação funcional Na Atenção Básica espera-se oferecer à pessoa idosa e à sua rede de suporte social, incluindo familiares e cuidadores (quando existente), uma atenção humanizada com orientação, acompanhamento e apoio domiciliar, com respeito às culturas locais, às diversidades do envelhecer e à diminuição das barreiras arquitetônicas de forma a facilitar o acesso conforme proposto no Manual de Estrutura Física, do Ministério da Saúde, 2006. A adoção de intervenções que criem ambientes de apoio e promovam opções saudáveis são importantes em todos os estágios da vida e influenciarão o envelhecimento ativo; UC9 - Processo de Envelhecimento 41 Urgência de desenvolver programas de formação de cuidadores para lidar com pessoas idosas com problemas mentais e sua família. Tutoria 05: Diabetes Mellitus na Saúde do Idoso e o Cuidado na Medicina Paliativa Descrever as adaptações morfofuncionais geniturinárias normais decorrentes do processo de envelhecimento humano masculino Modificações Morfológicas: O rim sofre modificação no seu peso, que é de 50 g no nascimento e que, na fase adulta, varia de 230 a 250 g, proporcionalmente à área corporal do indivíduo. A partir da quarta década, inicia-se o processo de envelhecimento renal, com diminuição do seu peso, que pode chegar a cerca de 180 g, redução da área de filtração glomerular e, consequentemente, das suas funções fisiológicas, o que se detecta universalmente pela medida do ritmo de filtração glomerular, em geral quantificada na clínica pela depuração da creatinina endógena. A dicotomia da embriologia renal com referência à origem do córtex e da medula também está representada na evolução do envelhecimento renal, em que a medula é relativamente preservada, em contraposição à progressiva perda das estruturas corticais. Essas perdas são heterogêneas das estruturas renais e podem condicionar graus diferentes de atrofia, esclerose e hiperplasia de vasos, glomérulos, túbulos e interstício renal. A consequência desse fenômeno de alterações heterogêneas é uma perda funcional que não leva à plena falência do órgão. Conhecidos os efeitos, o modo como o envelhecimento se processa do ponto de vista biológico ainda é um assunto do campo da especulação. Algumas observações têm incluído insulin-like growth factor 1 (IGF-1) (Chou et al., 1997), apoptose, plasminogen activator factor 1 (PAF-1), epidermal growth factor (EGF) e alterações dos processos oxidativos como prováveis mediadores dessas alterações. Vasos Renais: Por serem intensamente vascularizados, os rins recebem cerca de 25% do débito cardíaco por minuto, que circula principalmente pelo córtex, para o processo de filtração glomerular. Esse é o ponto de partida da ação fisiológica renal, que promove UC9 - Processo de Envelhecimento 42 depuração sanguínea de substâncias originárias do metabolismo e a manutenção do meio interno, por meio da regulação do equilíbrio hidreletrolítico e acidobásico. A partir dos 40 anos, todos os vasos renais sofrem progressiva esclerose (Barton, 2005), levando a uma diminuição de seu lúmen, com consequentes modificações no fluxo laminar do sangue, o que facilita a deposição lipídica na parede vascular. Isso propicia a substituição de células musculares por depósitos de colágeno, o que causa a diminuição da sua elasticidade. Essas modificações vasculares parecem ser importantes na diminuição do peso dos rins, tanto em animais de experimentação como no ser humano. Em trabalho recentemente publicado, comparando-se vasos renais de jovens e idosos com base em critério de escores para as alterações, as diferenças arteriais foram observadas predominantemente nos vasos intrarrenais (artérias interlobulares e arqueadas). Além dessas alterações, os idosos, mesmo nos estágios iniciais da insuficiência renal crônica, podem apresentar alterações vasculares envolvendo mecanismos de lesão do tipo inflamatório e também disfunção endotelial. Glomérulos: O número de glomérulos à época do nascimento varia entre 800 mil e 1 milhão, divididos entre os de localização cortical e justamedular, que têm característicasfuncionais distintas. Esse número de glomérulos mantém-se constante até a quarta década, quando se inicia o processo de envelhecimento renal; a partir daí, há uma progressiva redução dessas estruturas, alcançando na sétima década cerca de 1/3 do número de glomérulos iniciais. Além da redução em número e volume, os glomérulos sofrem processos de modificações estruturais, envolvendo mudança da expressão de genes que levam à expansão das células mesangiais e a um acentuado espessamento da membrana basal por mecanismos inflamatórios, associado a alterações bioquímicas da mesma. A deterioração glomerular deve-se a estímulos extrínsecos e intrínsecos que podem limitar o número de replicação celular causada por encurtamento telomérico. A principal consequência dessas alterações é a diminuição da área de filtração e da permeabilidade glomerular, o que proporciona a diminuição do ritmo de filtração glomerular. UC9 - Processo de Envelhecimento 43 O aspecto histológico do rim senil exibe um padrão heterogêneo de comprometimento na evolução nas estruturas glomerulares, com diversos graus de acometimento: pode haver algumas unidades esclerosadas, outras hialinizadas, alguns glomérulos hipertrofiados e glomérulos de aspecto normal de permeio. Uma outra característica da ação do tempo sobre os glomérulos é a distinta evolução que sofrem os glomérulos corticais e medulares, o que foi evidenciado no clássico trabalho de Takazakura et al. (1972), a partir de estudos microangiográficos. Resumidamente, os glomérulos corticais sofrem uma evolução para atrofia e desaparecimento completo, com perda total do polo vascular, desaparecendo, assim, ambas as estruturas, enquanto nos glomérulos justamedulares ocorre o desaparecimento do glomérulo, sem a perda dos segmentos das arteríolas aferentes e eferentes que dão origem a um shunt vascular. Túbulos e interstício Após o nascimento, mantém-se o processo de expansão e maturação dos túbulos renais, que, a partir da quarta década, passam a sofrer o processo contrário, com diminuição do seu comprimento e volume, provavelmente em decorrência de isquemia. Como consequência, há uma substituição por tecido conjuntivo sem grandes sinais inflamatórios associados. Tais alterações ocorrem antes do processo degenerativo que sofrem os glomérulos; portanto, esses dois processos parecem ser independentes. Notam-se também modificações nas alças de Henle, principalmente, por diminuição do seu comprimento. Com relação ao interstício, novamente se observam diferentes comportamentos entre o interstício cortical e o medular. No primeiro, o aumento do tecido conectivo não é tão marcante quanto na medula, onde também ocorre acentuado depósito gorduroso. Nos estudos realizados pelos modernos métodos de diagnóstico por imagem, como a ultrassonografia e a tomografia axial computadorizada, foram identificadas essas alterações anatômicas dos rins dos idosos, o que possibilitou a criação de critérios para a representação daquelas alterações e facilitou a avaliação clínica do envelhecimento renal. Ureter: UC9 - Processo de Envelhecimento 44 Tem sido relatada maior contratilidade, que, provavelmente, estaria associada a uma expansão da sua camada muscular em relação às outras camadas desse órgão. A resposta de relaxamento ureteral é menor com emprego de betabloqueadores, provavelmente relacionada a uma diminuição na concentração de monofosfato de adenosina cíclico (cAMP), ocorrendo, ao contrário, um aumento do relaxamento quando do emprego de nitroprussiato de sódio como estímulo, fato provavelmente associado ao aumento das concentrações de monofosfato de guanosina cíclico (cGMP). Modificações relacionadas à idade em relação ao conteúdo dos seus eletrólitos, constatando aumento de ferro e sulfato e diminuição das concentrações de cálcio, ao contrário do observado na maioria dos órgãos. Bexiga: Órgão responsável pelo armazenamento da urina produzida pelo rim e por seu esvaziamento para o meio exterior, a bexiga é submetida, no envelhecimento, a alterações próprias do órgão e extravesicais, que podem levar a uma exteriorização clínica, cujas repercussões ultrapassam a esfera biológica do indivíduo, podendo promover inúmeras limitações nos campos psíquico, social e profissional da pessoa idosa. O envelhecimento da bexiga pode resultar no desarranjo do delicado equilíbrio entre os músculos estriados (voluntários) e liso (autônomo), controlado pela ação simpática, responsável pelo relaxamento e pela capacidade de armazenamento vesical, e o parassimpático, com ação predominante na contração da bexiga e expulsão da urina. Alterações histológicas observadas sob microscopia eletrônica nas três camadas do detrusor e consequente hiperatividade do mesmo, e pela progressiva esclerose dos vasa-vasorum, cuja consequência é a denervação da bexiga. Um fator extravesical, como o processo de atrofia cerebral, pode, também, ser responsável por alterações na função da bexiga, de forma temporária ou definitiva. Aspectos do envelhecimento diferenciado entre os sexos: A origem embriológica comum de bexiga, uretra, ureter e trato genital responde, na mulher, a estímulo estrogênico, cujo declínio de produção que acompanha o UC9 - Processo de Envelhecimento 45 climatério pode trazer consequências fisiológicas, participando como facilitador do aparecimento, por exemplo, de infecções urinárias Nos homens, em associação aos processos degenerativos próprios, a bexiga está vulnerável, principalmente, ao aumento prostático e à consequente acentuação do prejuízo aos processos primários do seu envelhecimento. Envelhecimento da uretra Órgão pouco comprometido pelo envelhecimento, a uretra apresenta entre as mulheres uma diminuição da pressão uretral máxima e do comprimento funcional. Nos homens, o comprometimento principal é o extrínseco, promovido pela hipertrofia prostática. Modificações Fisiológicas Em decorrência das modificações estruturais observadas com o envelhecimento renal, haverá algumas modificações funcionais que podem ser atribuídas ao denominado envelhecimento bem-sucedido, já que, apesar dessas perdas, são preservadas tanto as funções de equilíbrio do meio interno que é mantido em níveis de normalidade fisiológica, quanto as funções excretoras e endócrinas do rim. Desse equilíbrio resulta a preservação do metabolismo celular. Como citado anteriormente, as modificações funcionais são diretamente proporcionais à redução das medidas renais. Essas perdas do envelhecimento não são homogêneas, classificando os idosos em três categorias: de acentuada redução da filtração glomerular, de situação intermediária e sem comprometimento nessa função renal. Em trabalhos recentes de comparação do curso da evolução do ritmo de filtração glomerular (RFG) entre uma população idosa urbana americana e outra de ameríndios de uma tribo de uma ilha do Panamá, cujo consumo de proteínas é baixo, não se observou nessas populações nítida tendência para aumento da pressão arterial, bem como não houve influência dos fenômenos alimentares e de urbanização, como participantes únicos no envelhecimento renal. Merecem atenção os resultados de um trabalho comparativo entre rins de doadores jovens e velhos para transplante renal que foram submetidos a biopsia e estudos UC9 - Processo de Envelhecimento 46 fisiológicos com determinação da pressão oncótica, permeabilidade e área de filtração glomerular (clearance de creatinina; CC representa a filtração glomerular). Os autores concluíram que a filtração é comprometida pela redução do número de glomérulos funcionantes. Principal teste para avaliação da função renal: creatinina urinária/depuração de creatinina; depois disso, avalia-se o CCC. Fluxo Sanguíneo Renal Os estudos sobre o fluxo sanguíneo renal (FSR) com o emprego do para-amino- hipurato evidenciaram uma diminuição do aporte de sangue, com redução de cerca de 700 ml/min medidos em adultos jovens, para próximo de 300 ml/min entre
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