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Direto ao Ponto Injuria Renal Aguda (IRA). Saiba a definicao, classificacao, manifestacao, diagnosticos e tratamento

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Especialidades médicas • nefrologia
Direto ao Ponto: Injúria Renal
Aguda (IRA)
4 anos atrás • Comentar • por Amanda Rodrigues
• 17,764 Visualizações
4.5(28)
Direto ao Ponto: Injúria Renal Aguda
(IRA)
A Injúria Renal Aguda, mais conhecida como InsuOciência
Renal Aguda (IRA) é uma síndrome caracterizada por
perda abrupta da função renal, geralmente acompanhada
por oligúria, e fortemente associada com aumento de
morbidade e de mortalidade do paciente, em curto e longo
prazo, além de desenvolvimento subsequente de Doença
Renal Crônica (DRC).
As estimativas da incidência da IRA variam de acordo com
a população estudada e com os parâmetros utilizados
para seu diagnóstico. Estudos epidemiológicos apontam a
incidência de IRA no ambiente hospitalar entre 1,9% e
7%. Quando consideradas os pacientes internados em
UTI, 5% a 20% dos pacientes desenvolvem IRA.
DEFINIÇÃO:
As Diretrizes do KDIGO (Clinical Practice Guideline for
Acute Kidney Injury) deOnem IRA como: um aumento da
creatinina sérica ≥ 0,3 mg/ dl em 48 horas; ou um
aumento da creatinina sérica ≥ 1,5 vezes o valor basal,
conhecido ou presumido, como tendo ocorrido nos últimos
7 dias; ou um volume urinário < 0,5 ml/kg/h por 6 horas.
CLASSIFICAÇÃO:
1. IRA Pré-renal: ocorre como uma resposta Osiológica do
rim à diminuição na perfusão sanguínea renal, geralmente
ocasionada por quadros que cursam com hipovolemia
(sangramentos, diarreia, sepse, insuOciência cardíaca,
hepatopatia). A IRA pré-renal é a causa mais comum de
IRA. Geralmente reversível e sem representação
histológica, porém, pode progredir para necrose tubular
aguda (NTA) isquêmica se não for tratada
adequadamente.
2. IRA Renal: pode ter origem isquêmica ou nefrotóxica
(rabdomiólise, mieloma, drogas nefrotóxicas). A principal
causa de IRA renal é a NTA que, em conjunto com a IRA
pré-renal, é responsável por aproximadamente 75% dos
casos de IRA. A sua patogênese envolve alterações do
endotélio, com consequente vasoconstrição, resultando
em alteração de sua função e morte celular, tanto por
necrose quanto apoptose.
3. IRA Pós-renal: ocorre em consequência da obstrução
das vias urinárias em qualquer nível extra-renal (pelve,
ureteres, bexiga e uretra) como, por exemplo, ocasionada
por cálculo ureteral, hiperplasia prostática ou neoplasias.
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA:
A IRA é habitualmente acompanhada por redução de
diurese. A oligúria é deOnida como diurese inferior a 400
ml/24h e pode anteceder as alterações dos marcadores
laboratoriais. Quando há manutenção da diurese a
despeito da perda de função, denominamos a IRA como
não-oligúrica (comum na NTA nefrotóxica). A instalação
súbita de anúria, deOnida como diurese inferior a 50
ml/24h, é incomum e sugere a ocorrência de obstrução
pós-renal total, trombose arterial bilateral, trombose
venosa bilateral ou necrose cortical.
O quadro clínico da IRA é muito variável. Praticamente
todos os órgãos e sistemas do organismo podem ser
acometidos como consequência de uremia, hipervolemia
ou distúrbios hidroeletrolíticos.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico etiológico da IRA é essencialmente clínico,
mas alguns exames complementares são úteis na
diferenciação entre as diferentes etiologias possíveis. 
Dentre os mais importantes, encontram-se o exame de
urina com análise de sedimento urinário, o cálculo das
frações de excreção de sódio e ureia, os exames de
imagem (USG renal, Doppler artérias renais, tomograOa
computadorizada) e a biópsia renal (indicada em casos de
IRA de etiologia incerta, suspeita de glomerulonefrites,
nefrite intersticial e em casos de IRA prolongada –
deOnida como a não-recuperação da função renal dentro
de 4 a 6 semanas após o diagnóstico, sem que ocorram
novos insultos renais nesse período).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA IRA
BASEADO EM ÍNDICES URINÁRIOS:
IRA pré-renal IRA renal (exemplo: NTA) 
Relação U/Cr* > 40:1 < 40:1 
UNa (mEq/l) * < 20 > 20 
FENa (%)* < 1 > 1 
FEUréia (%)* < 35 > 50 
Osmolalidade U (mOsm/kg) > 500 250-500 
Densidade urinária > 1.020 1.010-1.020 
Sedimento urinário Cilindros hialinos Cilindros granulares 
Relação U/Cr = relação uréia/creatinina séricas; UNa=
sódio urinário; FENa= fração de excreção do sódio;
FEUréia= fração de excreção da uréia.
TRATAMENTO:
O melhor tratamento da IRA é a sua prevenção. Essas
medidas baseiam-se na manutenção da volemia,
otimização de débito cardíaco e não-utilização de drogas
nefrotóxicas.
A prescrição médica deve ser revista constantemente e a
administração de drogas nefrotóxicas evitada sempre que
possível. A dose de todas as medicações prescritas deve
ser corrigida de acordo com a taxa de Oltração glomerular
medida ou calculada (equação de Cockcroft-Gault,
MDRD).
Quando o uso de drogas nefrotóxicas é indispensável,
devemos corrigir a dose de acordo com a função renal do
paciente. Algumas drogas podem ter sua concentração
plasmática monitorizada.
IRA pré-renal:
O tratamento consiste basicamente na reposição volêmica,
na otimização hemodinâmica e nas medidas gerais citadas
acima.
IRA pós-renal:
Deve ser tratada com o procedimento desobstrutivo
adequado, o qual deve ser realizado rapidamente. A IRA é,
em geral, prontamente reversível quando a desobstrução
é feita em horas a poucos dias. Entretanto, obstruções
prolongadas, de semanas a meses, podem determinar
lesão crônica, de caráter irreversível.
IRA renal: 
O tratamento depende da etiologia. O tratamento de
vasculites e glomerulopatias é complexo e baseia-se no
uso de imunossupressores e corticosteroides. Em casos de
Nefrite intersticial aguda, além da suspensão da droga
causadora, a administração de corticosteroide pode ser
útil.
Terapia de Reposição Renal:
Apesar de ainda haver muita discussão na literatura, para
a IRA ainda não existe consenso sobre o momento ideal
para o início da diálise, o melhor método dialítico a ser
utilizado e a dose de diálise a ser administrada. Ainda
assim, sabemos que o procedimento dialítico não deve ser
iniciado tardiamente, quando as complicações urêmicas e
congestivas já estão avançadas, expondo o paciente a
riscos desnecessários. As indicações clássicas para o início
de diálise são: edema pulmonar não responsivo a
tratamento conservador; hipercalemia não responsiva a
tratamento conservador; acidose metabólica não
responsiva a tratamento conservador; uremia sintomática
(encefalopatia e pericardite).
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Amanda Rodrigues
- Formada em medicina pela Universidade Estácio de Sá.
- Residência em Clínica médica pela UNIRIO (Hospital
Gaffree Guinle)
- Residência em Cardiologia pelo Instituto Nacional de
Cardiologia /INC
- Residência em EcocardiograOa pelo IECAC
- Título de especialista em cardiologia pela sociedade
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