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RESENHA DO LIVRO

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São Luís, 13 de março de 2021. 
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA 
Centro de Ciências Tecnológicas - CCT 
Curso de Formação de Oficiais CBMMA - Bacharelado Em Segurança Pública e do Trabalho 
Disciplina: Leitura e Produção Textual 
Docente: Mayalu Félix 
Discente: Luana dos Anjos Oliveira / 1° período / 2020.2 / Matrícula: 20200066574 
 
ORWELL, George. A Revolução dos Bichos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 
 
RESENHA DO LIVRO “A REVOLUÇÃO DOS BICHOS” 
 
O autor conhecido por George Orwell fica conhecido por suas obras e textos fazerem 
críticas a períodos históricos e sistemas políticos da época. Tal fato se deu por vivenciar na pele 
que o socialismo que ele idealizava e defendia estava longe de ser o que a população estava 
vivendo. A partir disso, a Revolução dos Bichos no contexto em que foi escrito, em 1945, por 
esse autor, apesar de socialista, apresenta uma crítica satírica ao regime instituído pela Revolu-
ção Russa na antiga União Soviética, bem como as práticas do ditador Stálin que apesar de 
pregarem a igualdade, foram completamente distorcidos ao se revelarem ditaduras cruéis que 
favoreciam poucos em detrimento de muitos. 
 
 De forma caricata e repleta de metáforas, uma vez que a censura fora implantada na 
época, o livro não é um ataque ao socialismo em si, mas sim ao totalitarismo. Mesmo assim as 
críticas apresentadas eram bem claras, desmascarando os líderes desse regime e mostrando 
como usavam da linguagem para realizar ou impor mudanças aos outros bichos. No que con-
cerne a linguagem do livro, esta é simples e com a presença do discurso direto, que aponta 
fidelidade na fala das personagens. A ideia de utilizar os bichos como atuantes da cena política, 
traz à tona a questão de animalização dos homens. 
 
A história retrata a vida dos animais de fazenda da Granja do Solar, onde eles e os seres 
humanos conviviam em uma suposta harmonia. No entanto, os bichos, liderados pelo porco 
Major, são alertados para a incompetência do proprietário, e rotula os humanos com explora-
dores que precisavam ser expulsos para uma revolução. Nesse contexto, o autor faz uma alego-
ria a Karl Marx, representando seus ideais comunistas e libertários por meio do discurso desse 
animal. 
Dando certo tal plano, os bichos agora governam juntos por uma fazenda mais igualitá-
ria. No entanto, ao longo da leitura, percebe-se que os espertos porcos, logo assumem o co-
mando e gradualmente transformam sua supremacia em ditadura, ofuscando tudo aquilo de que 
os animais queriam se livrar. O discurso igualitário do início logo foi sendo substituído por falas 
autoritárias, sendo justificadas por um grau conhecimento maior que o dos outros. O fato é que 
a revolução aconteceu, em contrapartida, a igualdade não fora alcançada e, assim como na vida 
real, o idealismo deu lugar a estratificação de classes. 
 
Nesse aspecto, além de remeter ao egoísmo, autoritarismo, corrupção que há em rela-
ções humanas, sejam elas políticas ou sociais, os personagens também lembram características 
de personagens históricos, novamente por meio de alegorias, o autor representa Trotisky como 
Bola-de-Neve e Stalin como Napoleão, buscando derrubar a autocracia Russa. O governo do 
czar Nicolau II, sendo análogo a gestão do Sr. Jones, o que não era a contento da população. 
Além deles, os cavalos representando o proletariado, sem acesso a informação, acreditam em 
tudo que é falado, sendo Sansão encarnação irracional do mito criado em torno de Stakhanov, 
o mais famoso trabalhador soviético empenhado e dedicado. Já os cachorros funcionam como 
a KGB (a polícia secreta soviética), não permitindo dissensão nem oposição ao poder cen-
tral. Além disso, os personagens restantes mostram sua alienação ao fato de agirem como se 
não notassem as mudanças que estavam acontecendo. 
 
Além das alegorias com os nomes, cria-se, também, uma com os sete mandamentos da 
bíblia, surgindo os sete mandamentos do animalismo, a princípio criados para nortear a Revo-
lução e ditar regras de convivência, no decorrer da história vão sendo mudados para melhor 
atender os desejos dos líderes. Tal cenário, só se dissolve ao final do livro, uma vez que os 
próprios animais não conseguem mais reconhecer a diferença entre um humano e dos porcos 
líderes da revolução, mais uma vez metaforizando o povo que possui memória curta. 
 
A narrativa permite mostrar como o ser humano pode corromper-se e como o totalita-
rismo e a opressão aprisionam as mentes até para o questionamento mínimo. Isso, associado à 
falta de alfabetização e conhecimento, mantém os animais ainda mais limitados sendo sujeitos 
a manipulação. Além disso, embora faça alusões diretas a uma época especifica, a fábula pode 
ser comparada com qualquer revolução onde os mais fracos tomam o poder sendo logo em 
seguida corrompidos por ele, com a prática de intervenções diretas e inflexíveis pelos gover-
nantes e a apática ignorância de seus dominados.