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Resenha- A Revolução dos Bichos
Numa alegoria a corrupção do poder na União Soviética comandada por seu líder, Josef Stalin, o escritor George Orwell escreveu "A Revolução dos Bichos" em que o filme foi baseado. A obra narra à história do fazendeiro Jones, um homem cruel que explora seus animais. Revoltados com seu proprietário, eles se organizam em seu lar e os bichos passam a controlar o lugar, decretando uma série de novas regras.
A sociedade pós-revolucionária da fazenda dos bichos reproduzia a estrutura hierárquica e a dinâmica da antiga dominação humana. Em vez de uma revolução social, houve apenas a troca dos ocupantes humanos por ocupantes animais (os porcos) para a liderança. As regras iniciais foram então sendo adaptadas às conveniências dos que tomaram o poder. Assim, os preceitos revolucionários iniciais viraram o que eles precisavam pra justificar o que estavam fazendo;
“Nenhum animal dormirá em cama” virou “Nenhum animal dormirá em cama com lençóis”.
“Nenhum animal beberá álcool” virou “Nenhum animal beberá álcool em excesso”.
“Nenhum animal matará outro animal” virou “Nenhum animal matará outro animal sem motivo”.
“Todos os animais são iguais” virou “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”.
Bobbio (1986) traz com uma definição mínima de democracia, que é: 
“Afirmo preliminares que o único modo de se chegar a um acordo quando se fala de democracia, entendida como contraposta a todas as formas de governo autocrático, é o de considerá-la caracterizada por um conjunto de regras que estabelece quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos”. (P.18)
Sendo assim, presente nos primeiros minutos do filme com a reunião dos animais, estes discutindo seus problemas, e em conjunto tomando decisões e analisando o que fazer guiados pelo sábio major. Porém ao decorrer da história após a morte do major e ascensão de Napoleão, este por sua vez decide que apenas ele têm a capacidade de tomar decisões.
Nesse sentido, Bobbio (1986) traz o termo da tecnocracia como oposto da democracia:
“A democracia sustenta-se sobre a hipótese de que todos podem decidir a respeito de tudo. A tecnocracia, ao contrário, pretende que sejam convocados para decidir apenas aqueles poucos que detêm conhecimentos específicos”. (p.34)
Está definição se encaixa nas diretrizes apresentadas no filme, os porcos escolhem e decidem, apenas eles têm o conhecimento necessário para liderar. Na cena (em torno dos 40 minutos ) em que os animais se perguntam onde está o leite e as maças, os porcos dizem que para o bem de todos eles comam e bebem o leite, os animais permitem pois não querem a volta dos terríveis humanos.
 	É possível construir uma ponte dos acontecimentos do filme e a tipologia moderna das formas de poder apresentadas por Bobbio em dicionário da política (1992), em que distingue três classes, sendo elas: o poder econômico, o poder ideológico e o poder politico. O econômico pode ser definido como o que se vale da posse de certos bens, representado na cena em torno dos 53 minutos, em que o fazendeiro escuta o porco falar, e neste momento diz que se falam também podem negociar mesmo sendo animais.
Já o poder ideológico se baseia na influência das ideias, presenciada no contexto de todo o filme. Por exemplo, nas mudanças dos mandamentos que Snowball escreveu de acordo com o pensamento do major, estas mudanças se apropriaram do que os animais achavam justo (ideais do major) e mudaram para tornar a vida dos porcos privilegiada. E o poder político se baseia na posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a força física, apresentada pelas cenas de perseguição daqueles que eram contrários à liderança de Napoleão.
A Revolução que se deu por ideia de Major, tinha por princípio básico a igualdade. Depois da Revolução, a fazenda passou a se chamar fazenda dos Bichos, e quem a administrava era Snowball, que seguia os princípios do Animalismo sempre se considerando igual a todos, não tendo privilégios devido à sua condição. 
Depois, Napoleão consegue expulsar o Snowball da fazenda, tornando-se o único líder e passou a desrespeitar os ideais que firmavam as ideias animalistas. Napoleão já ocupava a casa do Sr. Jones, bebia álcool, vestia as roupas do ex-dono, andava sobre duas patas e convivia com seres humanos, enfim, agia em benefício próprio, instalando um regime totalitário, dominando e hostilizando os demais animais, considerados seres inferiores e sem direitos.
Em respeito ao sentido que possa possuir a política, Hannah Arendt (2006) diz ser a liberdade. Sendo assim, que sentido existe na política deste regime de Napoleão?
 Napoleão entra em contato com os homens para com eles negociar, comprar, vender, basicamente para acumular riquezas graças ao trabalho dos animais, verdadeiros empregados mal remunerados, ajudando o "patrão" a ter capital. A situação fica mais crítica do que quando Jones era o dono da fazenda porque, mais do que nunca, os direitos dos animais foram violados de forma cruel e tendo consequências gravíssimas como a morte de alguns, o desaparecimento de outros e muita tortura. 
O Senhor Jones explorava o trabalho animal em benefício próprio, para acumular capital. Em troca dos serviços prestados, ele pagava com a alimentação, que nem sempre era boa e suficiente. Temos aí o retrato de uma sociedade capitalista, quem mais trabalha é quem menos ganha. E o porco Napoleão fez exatamente o mesmo em parceria com os humanos, tornando a vida dos animais piores do que antes, tendo mais trabalho e menos comida.
O filme é um clássico que por meio de 1 hora e 31 minutos crítica duramente os regimes totalitários, relacionando os personagens com os acontecimentos da revolução russa como já foi dito. Embora o filme faça alusões diretas a uma época especifica, a história pode ser comparada com qualquer revolução onde os mais fracos tomam o poder sendo logo em seguida corrompidos por ele, conseguindo chamar atenção para interpretações para a sociedade e seus processos.
O Major, sábio e respeitado porco, representa Karl Marx espalhando os seus ideais igualitários entre os animais da fazenda. Snowball e Napoleão lideram o levante dos bichos após a morte do Major. Napoleão, em representação de Stalin, é partidário do totalitarismo e não permite a custa de força e opressão, nenhuma oposição a sua autoridade. Já Snowball acaba por ter um destino análogo ao de Trótski, tornando-se o grande "inimigo da revolução". Os porcos levaram à fazenda a ruína, um governo que não valoriza a força dos trabalhadores está condenado ao fracasso, como representando nos últimos momentos com a queda dos líderes poucos sobraram, mas ainda há esperança para o futuro.
 A Revolução dos Bichos é de extrema importância para entendermos o funcionamento de sociedades comandadas por diferentes tipos de governo, além de mostrar de forma genial a ambição do "sonho do poder. O longa é muito cativante, com uma linguagem de fácil compreensão, possuindo uma versão em animação e live-action. É uma sátira muito inteligente, sua simplicidade traz consigo um ar de questionamento muito forte e é, acima de tudo, um convite a termos um olhar mais crítico não somente sobre a política que regeu há tempos na URSS, mas também sobre a nossa dos tempos de hoje.
BIBLIOGRAFIA
https://www.youtube.com/watch?v=2ygQBkmMfqY&t=407s
ARENDT, Hannah. O que é política? Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006.
BOBBIO, Nobert. Dicionário de Política. Brasília: Editora da UNB, 1992.
BOBBIO, Norberto. O Futuro da democracia – em defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986

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