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Vict�ria K. L. Card�so Insuficiência renal aguda Introdução Definição: é uma síndrome que cursa com redução súbita da filtração glomerular, com consequente retenção de compostos nitrogenados (uréia e creatinina) e (geralmente) redução do volume urinário. ● IRA = ○ Aumento da creatinina em 0,3 mg/dl em 48h e/ou ○ Aumento da creatinina basal em 50%. e/ou ○ Redução do débito urinário < 0,5 ml/Kq/h em 6h. ● Valor de referência de Creatinina: 1 mg/dl. ● Principais etiologias da IRA: sepse e choque séptico. ● IRA severa leva a diálise. ● A IRA pode ser reversível. ● Nova nomenclatura para Lesão Renal Aguda (LRA) e não mais Insuficiência Renal Aguda. ● 5% dos casos podem evoluir para doença renal crônica (DRC). ○ Principalmente quando a IRA é por picada de cobra ou por aborto séptico → há necrose cortical, em vez de necrose tubular. ● O curso de aumento da creatinina não segue um padrão linear em relação a diminuição da TFG, pois segue um padrão exponencial. ○ Ex: creatinina em 2 (valor dobrado) = TFG em 50%. ○ O importante é saber que quando a creatinina sai de 1 (VR) para 2 (o dobro), a TFG caiu pela metade. Fatores de risco - comorbidades: ● Imunossuprimidos → câncer e HIV. ● DPOC. ● IC. ● Cardiopatas. ● Covid complicado. ● Diabetes. ● Hipertensão. Epidemiologia: ● Ocorre mais em pacientes mais velhos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Maior prevalência no sexo masculino. ● Geralmente os pacientes têm doenças associadas. ● Comum em gravemente enfermos na UTI. ● Há associação com falência de órgãos. ● Mais frequente complicação = sepse. ● IRA severa = diálise. ● Possui alta mortalidade. Curso da doença: 1. Rins normais. 2. Risco para IRA. 3. Dano renal. 4. Diminuição da TFG. 5. Falência renal. Categorias Categoria Pré-renal: 60% dos casos ● São apenas alterações hemodinâmicas e vasculares, não tem lesão renal e tubular propriamente dita. ● Sinais associados: há redução do fluxo plasmático renal → hipotensão arterial e hipovolemia. ○ A hipovolemia pode ser por perdas do trato gastrointestinal (diarréia) ou por perdas extra renais (choque - hemorragias, queimaduras…). Categoria Renal: 35% dos casos. ● Há lesão renal propriamente dita. ○ Principal etiologia: necrose tubular aguda. ● Consequências do hipofluxo renal: ○ Ativação do sistema renina - angiotensina - aldosterona: retenção de sódio, para aumentar o volume arterial efetivo e liberar potássio. ○ Ativação do sistema simpático - vasoconstrição protetora. ○ Liberação de ADH - diminui o volume urinário. ● Regiões acometidas: ○ Parênquima dos vasos sanguíneos → por trombose arterial, trombose venosa. ○ Glomérulos → por lesões renais agudas rapidamente progressivas = vasculites (lúpus, poliarterite nodosa, wegner, goodpasture…) ○ Túbulos → por necrose tubular aguda. ○ Interstício (mesângio) → por doenças agudas de nefrite - nefrotoxicidade de contraste, nefrotoxicidade antibióticas @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so (vancomicina e aminoglicosídeos) e antifúngicas (vancomicina B). ● Principais causas: ○ Nefrite intersticial - 10%. ○ Necrose tubular aguda (NTA) - 85% → 50% isquêmica e 35% tóxica. ○ Glomerulonefrite - 5%. Categoria Pós-renal: 5% dos casos. ● São lesões secundárias à obstrução intra ou extra renais. ● Causas mais comuns: cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal. Classificações RIFLE: classificação que define três classes de gravidade da IRA → Risco, Injúria e Falência. Além disso, foi associada à mortalidade conforme a gravidade da IRA. ● Risk - RISCO → critérios: ○ Aumento de creatinina sérica (SCr) em 1,5x. ○ Diminuição da TFG > 25%. ○ Diurese < 0,5 ml/Kq/h em 6h. ● Injury - INJÚRIA → critérios: ○ Aumento de creatinina sérica em 2x. ○ diminuição da TFG > 50%. ○ Diurese < 0,5 ml/Kq/h em 12h. ● Failure - FALÊNCIA → critérios: ○ Aumento de creatinina sérica em 3x ou SCr > 4 mg/dl. ○ Diminuição da TFG > 75%. ○ Diurese < 0,3 ml/Kq/h em 24h ou anúria em 24h. ● Lost - PERDA DA FUNÇÃO RENAL → critério: ○ Perda completa da função renal por > 4 semanas. ● End-stage - ESTÁGIO FINAL DA DOENÇA RENAL → critério: ○ Necessidade de diálise por > 3 meses. AKIN: Acute Kidney Injury Network. ● Estágio 1: risco → classificações: (corresponde ao R do Rifle) ○ Aumento da creatinina > 0,3 mg/dl ou em 1,5-2x do valor basal, em 48h. ○ Diurese < 0,5 ml/Kq/h em 6h. ● Estágio 2: lesão renal → classificações: (corresponde ao I do rIfle) @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Aumento da creatinina > 2-3x do valor basal. ○ Diurese < 0,5 ml/Kq/h em 12h. ● Estágio 3: falência renal → classificações: (corresponde ao F do riFle) ○ Aumento da creatinina > 3x do valor basal. ○ Diurese < 0,3 ml/Kq/h em 24h ou anúria por 12h. KDIGO: ● Estágio 1: ○ Aumento da creatinina > 0,3 mg/dl ou em 1,5-1,9x do valor basal, em 48h. ○ Diurese < 0,5 ml/kg/h por 6–12h. ● Estágio 2: ○ Aumento da creatinina 2-2,9x do valor basal. ○ Diurese < 0,5 ml/kg/h por 12h. ● Estágio 3: ○ Aumento da creatinina > 3x do valor basal ou Cr basal > 4 mg/dl ou necessidade de terapia substitutiva renal. ○ Diurese < 0,3 ml/kg/h por 24h ou anúria por 12h. RIFLE/AKIN/KDIGO: ● Estágio 1: diurese < 0,5 ml/kg/h em 6-12h. ● Estágio 2: diurese < 0,5 ml/kg/h em 24h ou anúria em 12h. ● Estágio 3: diurese < 0,3 ml/kg/h em 24h ou anúria em 12h. Fisiopatogenia e fases da IRA Agressões: ● Alterações hormonais. ○ Causam vasoconstrição, que geral anormalidades hemodinâmicas glomerulares. ● Injúria vascular. ● Alterações intersticiais. ● Injúria tubular → cursa com obstrução tubular e anormalidades hemodinâmicas e glomerulares. Fases da IRA: ● Fase oligúrica: ○ Instalação: agressão ○ Manutenção: 10-30 dias de evolução + complicações. ○ Recuperação: aumento progressivo da diurese e poliúria. ● Fase não oligúrica: ○ Ausência de subfases. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Tem menor incidência de complicações e melhor prognóstico. ○ A recuperação é mais rápida. Diagnóstico Marcadores clássicos da função renal na IRA: ● Principais: uréia e creatinina. ○ São marcadores não ideais e com limitações. ■ A creatinina possui um gráfico exponencial e não linear. ○ Não refletem as alterações em tempo renal da função renal. ● Fatores que podem alterar/influenciar na creatinina: (pode haver atraso no diagnóstico por conta disso) ○ Massa muscular - pacientes desnutridos não tem creatinina muito elevada. ○ Idade. ○ Dieta. ○ Edema - volume de distribuição. ○ Infecção. ○ Drogas. ● Biomarcadores na IRA: (NÃO SERÁ COBRADO EM PROVA) ○ Diagnóstico precoce: Cyst C e NGAL. ○ Diagnóstico diferencial: Cyst C, IL-18 e KIM-1. ○ Estratificação de risco para diálise ou morte: NAG, KIM-1 e IL-18. Diagnóstico diferencial entre IRA pré-renal e necrose tubular aguda: ● IRA pré-renal: alteração funcional hemodinâmica → túbulo íntegro. ○ Urina: normal. ○ Osmolaridade urinária: > 500 → concentrada. ○ Osmolaridade urinária plasmática: > 1. ○ Sódio urinário: < 20. ○ Fração de excreção de Na: < 1%. ○ Fraç. excreção de Uréia: < 35%. ● Necrose tubular aguda: lesão tubular → perda do mecanismo de concentração e de diluição urinária. ○ Urina: cilindros granulosos e epiteliais. ○ Osmolaridade urinária: < 350 → próximo da osmolaridade do plasma (280). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Osmolaridade urinária plasmática: < 1. ○ Sódio urinário: > 20. ○ Fração de excreção de Na: > 1% → haverá diminuição da reabsorção de sódio. ○ Fraç. excreção de uréia: > 35. EAS: ● Necrose tubular aguda (NTA): presença de células epiteliais, fragmentos celulares, cilindros granulosos, hematúria, leucocitúria e proteínas leves. ○ A ausência de alterações não exclui a NTA. ○ Leucocitúria com eosinofilúria sugerem NTI. ● Reação em fita positiva para sangue com poucas hemácias sugere hemoglobinúria e mioglobinúria. ○ Sugere rabdomiólise. Diagnóstico por imagem - US com doppler: ● Procedimento de escolha, podendo ser precoce. ○ Se não tiver hidronefrose, não é IRA obstrutiva. ● Principalindicação: excluir obstrução vascular e pós-renal → excluir IRA pós renal. ● Faz avaliação do tamanho renal e avalia o parênquima renal. Prevenção e tratamento pré-dialítico Estratégia não farmacológica - Tratamento conservador e de prevenção: 3H + O ● Hidratação. ● Hemodinâmica → manter PAM > 65 mmHg. ○ PAM < 65 é preditor de diálise. ● Hematócrito (avaliação). ● Oxigenação → manter > 92% (nessa saturação, já há perfusão de rim). ● (+ evitar drogas nefrotóxicas). Estratégia farmacológica: ● Nutrição e tratamento da anemia, caso existente. ● Tratamento da acidose e da hipercalemia. ● Evitar sangramento gastrointestinal. ● Cuidado com diuréticos e com peptídeos natriuréticos. ○ A furosemida mostrou um aumento de mortalidade porque, ao aumentar o débito urinário, há alteração nas classificações (RIFLE, AKIN e KDIGO), o que @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so mascara a real gravidade e necessidade de diálise. ● Dopamina. ● Controle glicêmico. Critério ABC - variáveis indicadoras divididas em três domínios - Água + Bioquímica + Clínica: ● Água: ○ Calcular o débito urinário e o balanço hídrico diariamente. ○ Melhor ponto de corte: 780 ml. ● Bioquímica: (dosar diariamente) ○ Uréia. ○ Creatinina. ○ Potássio. ○ Fosfato. ○ Lactato. ○ Bicarbonato e pH. ■ Critério de diálise. ● Contexto clínico: ○ Índices de gravidade (gerais e renais). ○ Escore simplificado de falências orgânicas concomitantes. Indicações clássicas de diálise: ● 1 preditor de pior parâmetro, em classificação 3, já indica AUTOMATICAMENTE a diálise. ● Hipervolemia refratária ao tratamento clínico. ● Hiperpotassemia (hipercalemia). ● Acidose metabólica. ● Pericardite urêmica. ● Sintomas urêmicos → náuseas, vômitos, febre, hematêmese, melena, sonolência, torpor, coma urêmico… Obs: método dialítico não melhora a mortalidade na IRA, o que melhora, por exemplo, é uma membrana do capilar da diálise mais biocompatível. Fármacos: ● Dopamina = placebo. ● É usado em lesão renal precoce. ● Dose: 2 µg/ Kg/min. Obs: a melhor forma de tratamento é a prevenção e a medida clínica que altera a mortalidade é o diagnóstico precoce. @p�sitivamed
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